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Sumário PRINCÍPIOS DE PROCESSO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL ............................................................ 1 INAFASTABILIDADE DA TUTELA JURISDICIONAL ........................................................................... 2 DEVIDO PROCESSO LEGAL .............................. 2 AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO ................. 3 PRINCÍPIO DA IGUALDADE DAS PARTES ......... 4 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE ............................ 5 ASSISTÊNCIA JURÍDICA GRATUITA .................... 5 PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL E PROMOTOR NATURAL ............................................................ 6 PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS ........................................................... 7 PRINCÍPIO DO PRAZO RAZOÁVEL DE DURAÇÃO DO PROCESSO .............................. 8 DIREITO CONSTITUCIONAL À PROVA LÍCITA ... 8 PRISÃO POR DÍVIDAS ........................................ 9 REFERÊNCIAS ..................................................... 9 PRINCÍPIOS DE PROCESSO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL ➢ Art. 5º, da CF/88 elenca de forma expressa uma relação de princípios constitucionais processuais ➢ PRINCÍPIOS = diretrizes gerais/mandamentos que ordenam o ordenamento jurídico, e interpretam as demais normas ➔ Elpídio Donizete (2020), compreende que com o neoconstitucionalismo grande parte dos princípios processuais foram elevados à direitos fundamentais, tornando-se assim, direitos fundamentais processuais ➢ A positivação de vários princípios processuais na CF, decorre diretamente da necessidade de se efetivar ou materializar determinadas garantias constitucionais ➢ DIREITO PROCESSUAL = ramo do direito público que dispõe sobre os melhores instrumentos para solucionar as ameaças e lesões do direito ➔ É sistematizado por princípios gerais – constitucionais – e por princípios específicos disciplinados pela lei infraconstitucional, mas também subordinados à CF ➢ Há autores (como Nelson Nery Junior) que diferenciam as expressões “Direito processual constitucional” e “Direito constitucional processual”. (DONIZETE, 2020, p. 118) ➔ Direito processual constitucional = estudo da jurisdição constitucional (controle de constitucionalidade) ➔ Direito constitucional processual = estudo de princípios e regras da CF que disciplinam o processo ➢ No entanto, parte majoritária da doutrina entende que a dicotomia entre tais expressões é algo superado, uma vez que o neoconstitucionalismo conferiu aos princípios status de norma, além de que, com seu advento o ordenamento jurídico passou a gravitar em torno do texto constitucional ➢ Dessa forma, o direito constitucional processual nada mais é que o estudo do processo, a partir dos princípios, garantias e remédios constitucionais contidos na CF ➢ Salienta-se, que por causa da natureza Dirigente da CF/88, todos os ramos do direito estão subordinados a ela ➢ Princípios constitucionais do processo = garantias mínimas para o exercício da jurisdição ➔ O fato de estarem dispostos na CF faz com que sejam guias para a interpretação de textos infraconstitucionais, demonstra sua importância, bem como, garantem SEMINÁRIO – 16/03/2023 ANA BEATRIZ DE SOUSA GOMES sua estabilidade e permanência no sistema processual ➢ Dessa forma, a seguir estudaremos os princípios constitucionais do processo INAFASTABILIDADE DA TUTELA JURISDICIONAL ➢ OU Direito de ação ou tutela jurisdicional/princípio da inafastabilidade da jurisdição ➢ Encontra tutela no Art. 5º, XXXV, da CF e Art. 3º, do CPC ➢ OBJETIVO = assegurar a todos o direito a tutela jurisdicional/acesso à jurisdição ➔ É exercido por meio do direito de ação ➢ Princípio inerente à jurisdição ➢ Não garante o mero ingresso no Poder Judiciário, mas a satisfação adequada da pretensão jurisdicional ➢ Esse princípio determina que o Poder Judiciário: aceite as pretensões em juízo, sejam processadas e julgadas ➢ Órgão jurisdicional não pode delegar ou se recusar de exercer sua função ➔ Mesmo que não exista norma geral e abstrata que trate sobre o direito material em discussão ➢ Tal princípio não impede que haja a verificação dos requisitos processuais, pois não limitam o acesso ao judiciário, mas regulamentam o ingresso das partes ao processo ➢ Além disso, em virtude da demanda exacerbada de processo no judiciário, é recomendável a aferição do interesse processual da parte com mais rigor ➢ O individuo poderá ingressar com demanda judicial independente de ter utilizado ou cessado a via administrativa ➔ Nesse sentido, STF entendeu que no caso de pedidos de concessão de 1 “Recurso extraordinário. Repercussão geral. Prévio requerimento administrativo e interesse em agir. 1. A instituição de condições para o regular exercício do direito de ação é compatível com o art. 5º, XXXV, da Constituição. Para se caracterizar a presença de interesse em agir, é preciso haver necessidade de ir a juízo. 2. A concessão de benefícios previdenciários depende de requerimento do interessado, não se caracterizando ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação e indeferimento pelo INSS, ou se excedido o prazo legal para sua análise. É bem de ver, no entanto, que a exigência de prévio requerimento não se confunde com o exaurimento das vias administrativas. 3. A exigência de prévio requerimento administrativo não deve prevalecer quando o benefício previdenciário deve ter o prévio exaurimento da via administrativa1 ➢ Em virtude desse princípio, que há previsão da garantia da assistência jurídica gratuita e paridade de armas entre as partes, tendo como intuito garantir a efetividade ao acesso à justiça ➢ No âmbito desse princípio, já houve a discussão se a arbitragem violaria ou não o referido princípio, uma vez que tal instituto veda que a mesma lide seja discutida no judiciário, entretanto, o STF entendeu que a arbitragem não viola o princípio em questão, visto que essa, apenas é aplicada quando escolhida pelas partes (STF, SE 5.206 AgRg, Tribunal Pleno, j. 12-12-2001, DJ 30-4-2004). DEVIDO PROCESSO LEGAL ➢ BASE LEGAL = Art. 5º, LIV, da CF ➢ Assegura que as formalidades previstas em lei sejam respeitadas, ou seja, garante que todo cidadão, que figure como parte de uma demanda, o direito a uma tramitação legal e regular do processo ➢ Observância de garantias processuais mínimas para se atinja a tutela pretendida ➢ “regido por garantias mínimas de meios e de resultado, com emprego instrumental técnico-processual adequado e conducente a uma tutela adequada e efetiva” – (DINAMARCO, 2004. p. 247) ➢ Além da dignidade da pessoa humana, o devido processo legal, também pode ser caracterizado como um princípio regente, visto que, todos os demais princípios e garantias fundamentais processuais se originam desse princípio entendimento da Administração for notória e reiteradamentecontrário à postulação do segurado. 4. Na hipótese de pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício anteriormente concedido, considerando que o INSS tem o dever legal de conceder a prestação mais vantajosa possível, o pedido poderá ser formulado diretamente em juízo – salvo se depender da análise de matéria de fato ainda não levada ao conhecimento da Administração –, uma vez que, nesses casos, a conduta do INSS já configura o não acolhimento ao menos tácito da pretensão. [...]” (RE 631.240/MG, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, j. 03.09.2014). ➢ A doutrina entende que há manifestação do devido processo legal com o procedimento regular, a impossibilidade de utilizar no processo prova obtida por meio ilícito, a publicidade dos atos processuais, garantia do contraditório, postulados do juiz natural ➢ Do texto do Art. 5, LIV, da CF, têm-se a abordagem desse princípio em um sentidogenérico e amplo ➢ O devido processo legal apresenta duas dimensões: material e formal • MATERIAL/SUBSTANCIAL ➢ BASE LEGAL = Art. 5º, LIV, e art. 3º, I, da CF ➢ Manifesta-se em todos os campos do direito em seu aspecto substancial ➢ No direito administrativo, por exemplo, esse princípio manifesta-se através do exercício do poder de polícia ➢ Na sua dimensão material, o devido processo legal abrange a exigência e garantia de que as normas sejam adequadas, razoáveis, proporcionais e equilibradas ➢ Desse princípio é extraído dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade ➢ É uma forma de controlar o conteúdo das decisões judiciais e das leis ➔ É limite à discricionaridade do legislador, administrador e do julgador ➢ Em decorrência desse princípio, que todas os atos infraconstitucionais quando injustos, irrazoáveis ou desproporcionais, poderão ser declarados inconstitucionais através do controle difuso ou concentrado ➢ Todas as leis e atos do poder publico deve observar a razoabilidade e proporcionalidade ➢ Princípio da proporcionalidade se relaciona diretamente com a razoabilidade ➢ Quanto a origem da razoabilidade no ordenamento jurídico brasileiro, têm-se duas correntes: 1- Influência da doutrina norte- americana, logo, a razoabilidade decorre d devido processo legal material 2- Esse princípio está implícito, sendo ele decorrente do Estado de direito ➢ Atualmente o STF adota a primeira corrente ➢ Antes da CF de 1988, o STF não aplicava o princípio em comento, vindo a aplicá-lo somente após a vigência da referida CF, considerando que o direito deve ter conteúdo justo • SENTIDO FORMAL/PROCESSSUAL ➢ Direito de processar e ser processado de acordo com o que a lei estabelece ➢ Observância das Garantias fundamentais estabelecidas pela CF ➢ Decorre da paridade de armas, contraditório, ampla defesa, entre outras garantias processuais AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO ➢ BASE LEGAL = Art. 5º, LV, da CF e Art. 9º, do CPC ➢ Decorrem do devido processo legal ➢ Diferentemente das constituições anteriores que restringiam a aplicação desses princípios à apenas a espera criminal, a CF/88 conferiu a esses sentido mais amplo, fazendo ate mesmo menção expressa à sua aplicação no âmbito dos processos administrativos ➢ Estão expressos no Art. 2º, da Li 9.784/1999 que regula o processo administrativo no âmbito da administração publica federal ➔ Todo e qualquer processo instaurado no âmbito da administração pública deve assegurar o contraditório e ampla defesa ➢ Na esfera judicial, seja no âmbito do processo penal ou civil esses princípios devem ser assegurados, contudo, conforme são aplicados ganham feições diferenciadas ➔ EX: PPROOCESSO PENAL = quando a liberdade do indivíduo é colocada em risco, a importância desses princípios é potencializada – independente da vontade do réu o estado deve garantir sua defesa nomeando defensor dativo, assim como, caso o juiz considere que a defesa do acusado apresente um déficit, esse pode considerar o réu indefeso, nomeando outro defensor ➔ PROCESSO CIVIL = possuem menor amplitude, configuram apenas ônus processuais – basta que seja assegurado a parte a ciência de todas as alegações e provas produzidas pela parte contrária e seja permitida a ampla produção e alegação de provas – sendo que não querendo a parte exercer seu direito, não cabe ao magistrado suprir sua inércia ➢ Importante destacar, que esse princípio é aplicado também nas relações particulares ➔ Apesar de a CF omitir como seria a eficácia dos direitos fundamentais entre particulares, a dignidade da pessoa humana (possui função fundamentadora e interpretativa) acaba por supri-la ➔ Direitos fundamentais não se vinculam apenas as relações em que entidades públicas participam, mas também aos particulares • CONTRADITÓRIO ➢ Garante a faculdade da parte (acusados em geral) em um processo judicial ou administrativo, se manifestar sobre todas as alegações e provas produzidas pela parte contrária ➢ Necessidade de que ambas as partes sejam tratadas de forma igual em um processo • AMPLA DEFESA ➢ Confere à parte a possibilidade de alegar e produzir provas que considerar útil e essencial à sua plena defesa ➢ Em decorrência desse princípio, deve ser garantido ao réu o seu direito à citação valida no processo, nomeação de defensor público em processos criminais quando não puder pagar e regular intimação para os atos processuais PRINCÍPIO DA IGUALDADE DAS PARTES ➢ BASE LEGAL = Art. 5º, “caput” e I, da CF ➢ TODOS são iguais perante a lei ➢ Não é um princípio constitucional processual propriamente dito, entretanto repercute em todo o processo ➢ PROCESSO CIVIL = as partes devem receber tratamento idêntico do juiz ➢ Nelson Nery júnior (2017), define esse princípio como “Dar tratamento isonômico às partes significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades.” ➢ Dar tratamento isonômico as partes, não significa dar tratamento igual a elas, mas sim que através de um tratamento distinto elas estejam “em pé” de igualdade ➔ EX: Consumidor e fornecedor → Art. 4º, I, do CDC entende que na relação de consumo o consumidor é a parte mais fraca, então para gerar uma isonomia real entre as partes, o Art. 6º, VIII, do mesmo diploma legal, adota a inversão do ônus da prova como um mecanismo para igualar as partes. ➔ Trata o desigual de forma desigual, buscando que ao final ambos estejam no mesmo patamar - EQUIDADE ➢ Portanto, quando a discriminação realizada pelo dispositivo legal, desigualar os desiguais corretamente, sendo justa, não será inconstitucional, mas quando ela tratar de forma desigual os iguais, essa será considera inconstitucional • BENEFÍCIO DE PRAZO ➢ Muito se discute se o benefício do prazo em dobro para quaisquer manifestações processuais, concedido às pessoas jurídicas de direito público, ao MP e a defensoria pública violaria o princípio da isonomia ➢ Principal objetivo da isonomia é promover a equidade ➢ Esse benefício vem para efetivar o princípio da isonomia ➢ A fazenda publica, o MP e a defensoria pública, ao contrário de um litigante comum, esses possuem um interesse maior ➔ Fazenda pública = defende direitos públicos, toda a coletividade, ou seja, direitos metaindividuais ➔ MP = defende interesses públicos, sociais e individuais indisponíveis ➔ Defensoria pública = possui status semelhante ao MP, bem como, tem como deveres a promoção dos direitos humanos e a defesa de direitos individuais e coletivos ➢ Tal benefício também é aplicado aos litisconsortes com advogados diferentes, visto a dificuldade para os litisconsortes praticarem atos no processo PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE ➢ BASE LEGAL = Art. 5º, LX2, e Art. 93, IX, ambos da CF ➢ Todos os atos dos juízes e tribunais devem ser públicos ➢ Publicidade permite que ao julgar os recursos os órgãos superiores tenham acesso ao processo, bem como, as partes e órgãos de controle interno e externo do poder judiciário realizem controle dos atos e omissões eventualmente praticados ➢ Em relação ao princípio da publicidade e o conhecimento pelas partes e seus advogados, sobre os atos praticados pelo poder judiciário, esse princípio demonstra ser uma consequência lógica dos princípios do devido processo legal, contraditório e ampla defesa ➔ A parte somente conseguira defender- se efetivamente se tiver ciência dos atos praticados ➢ As partes e seus advogados têm acesso irrestrito aos autos ➔ Esse direito está preconizado também no Art.189, §1º, do CPC ➢ Com relação a publicidade dos atos e decisões judiciais como a exteriorização do direito público a informação,esse pode sofrer restrições quando tal informação atingir interesse social ou intimidade da pessoa ➢ O Art. 11, parágrafo único, e Art. 368, ambos do CPC, determina que todos as audiências e julgamentos sejam públicos, exceto, no casos de segredo de justiça 2 “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”. (BRASIL, 1988) ➔ Quando há segredo de justiça, a publicidade restringe-se as partes, seus advogados, defensores públicos ou MP ➢ Publicidade e processo arbitral = pode ser sigiloso, não é obrigatório dar publicidade aos atos ➔ Isso se dá, pois, o processo arbitral não é exercido por órgão estatal, bem como, seus titulares são pessoas capazes e seu objeto envolve direitos disponíveis ➔ Nelson Nery Junior, explana que o “Sigilo arbitral é a concretização do direito fundamental à preservação da intimidade” ASSISTÊNCIA JURÍDICA GRATUITA ➢ BASE LEGAL = Art. 5º, LXXIV, da CF ➢ A assistência jurídica gratuita se consubstancia na inafastabilidade da tutela jurisdicional ➢ Assegura aos hipossuficientes/necessitados assistência jurídica gratuira ➢ Diferentemente da CF anterior, a assistência jurídica gratuita tem um conceito mais abrangente, a qual abarca a consultoria e atividade jurídica extrajudicial de forma geral ➔ OU SEJA, ao dizer que a assistência jurídica será integral, quer dizer que não se restringirá ao auxílio do necessitado em demandas judiciais ➢ Assistência legal aos necessitados, prestando informações, assim como, propondo ações e defendendo o necessitado nas ações em que figure como réu ➢ Assistência jurídica gratuita não se confunde com a gratuidade de justiça ➔ Assistência jurídica gratuita = defesa do hipossuficiente ➔ Gratuidade de justiça = isenção legal de custas, despesas processuais - está expressa no CPC ➢ Apesar das diferenças entre a assistência jurídica gratuita e a gratuidade de justiça, essa segunda, serve como um reforço a garantia constitucional de assistência jurídica gratuita, uma vez que facilita o acesso à justiça PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL E PROMOTOR NATURAL • JUIZ NATURAL ➢ BASE LEGAL = ➢ Importância = garantia do estado de direito, manutenção da imparcialidade do juiz na aplicação da atividade jurisdicional (defende e protege o interesse social e público geral) ➢ A CF imperial de 1824 já adotava esse princípio ➔ A qual garantia a inexistência de foros privilegiados para as causas cíveis e criminais ➢ Na CF/88 esse princípio aplica-se indistintamente ao processo civil, penal e ao administrativo ➢ Nelson Nery Junior, entende que a garantia do juiz natural é tridimensional 1- Proibição da existência de tribunal de exceção ➔ Art. 5º, XXXVII, da CF 2- Direito de todo sujeito de se submeter a julgamento presidido por juiz competente ➔ Art. 5º, LIII, da CF 3- juiz deve ser imparcial ➢ juiz deve ser pré-constituído, competente e imparcial ➢ a pré-constituição é extremamente necessária para a garantia da imparcialidade do juiz ➢ não é correto falar que o juiz natural é somente aquele determinado pela competência territorial – juiz natural abrange a competência territorial ou material o Tribunal de exceção ➢ tribunal designado ou criado, seja por deliberação legislativa ou não, para atuar em determinado caso concreto ou individual – ou seja, dotado de parcialidade, com o objetivo de beneficiar ou prejudicar alguém ➔ Irrelevante a existência prévia do tribunal ➔ Não importa se o caso já ocorreu ou não ➢ Juiz natural = previsto abstratamente ➢ A proibição de tribunais de exceção não abrange as justiças especializadas ➢ Juizados especiais = não viola o princípio do juiz natural quando possui previsão antes de ocorrer o fato a ser julgado, bem como, julga matéria específica prevista na lei ➢ Não se confunde com prerrogativa de foro ➔ Prerrogativa de foro a lei beneficia um individuo em razão do interesse público geral existente – não caracteriza um privilégio ➔ EX: Ações de alimentos – foro é a residência doo alimentando; separação judicial – foro da residência da mulher ➢ O presente princípio se aplica também ao processo administrativo ➔ Qualquer que seja a matéria a ser julgada, o julgador devera ter sido pré- constituído na forma da lei e ser imparcial ➔ Não é raro ver na administração publica a violação do presente princípio com a criação de comissões sindicantes ou processantes constituídas após a ocorrência do fato – o que caracteriza tribunal de exceção • PROMOTOR NATURAL ➢ BASE LEGAL = Art. 128, §5º, I, “b”, da CF e regimentos estaduais do MP ➔ MPSP = LOMP-SP 220, II) ➢ Surgiu com as proposições doutrinarias que tinham como objetivo a limitação do poder de designação do procurador- geral de justiça, ou seja, vedar a designação pura e simples, arbitraria do procurador-geral de justiça, sendo assim, o promotor de justiça possuiria a atribuição própria ➢ Tal princípio teve sua consagração com a legislação constitucional paulista, em •Aplicável indistintamente ao processo Civil, Penal e Adminisstrativo • Juiz deve ser PPRÉ-CONSTITUIDO por meio de leis gerais • garantia da imparcialidade do juiz • competencia dos juizes fixada a ppartir de criterios objetivos JUIZ NATURAL seu Art. 46, II (redação dada ela EC 33 de 30/06/1982), que garantia ao promotor de justiça a inamovibilidade ➢ Art. 129, I, da CF, conferiu ao MP a titularidade exclusiva da ação penal pública ➔ Antes o juiz e o delegado tinham legitimidade de iniciar a ação penal mediante portaria ➔ tal exclusividade prestigia a tese de que apenas um órgão imparcial pode tutelar em juízo o interesse e direitos públicos da comunidade ➢ Garantia constitucional que o jurisdicionado tem de ver-se processado e julgado pelas autoridades competentes estabelecidas pela lei ➢ LOGO, veda que o Procurador geral de justiça realize designações discricionária de promotores ➢ O princípio do promotor natural foi reconhecido pelo STF no sistema constitucional brasileiro no julgamento do HC 67759, de relatoria do Min Celso de Mello ➢ Protege tanto o membro MP, assegurando-lhe o exercício pleno e independente de seu ofício, assim como, a coletividade, uma vez que reconhece o direito de apenas promotor designado a partir de critérios abstratos e pré- determinados estabelecidos na lei ➢ Esse princípio fundamenta-se nas clausulas de independência funcional e da inamovibilidade dos membros da instituição ➢ Limita o poder do procurador geral de justiça ➢ Nery Junior, elucida que para o cumprimento do presente principio deve observar 4 requisitos: 1- Promotor de justiça devidamente investido no cargo 2- Existência de um órgão de execução 3- Atribuições do órgão definidas em lei 4- Lotação do promotor no órgão de execução por titularidade e inamovibilidade, exceto pelas hipóteses de substituição e remoção ➢ No MP os cargos devem ser: ➔ Fixos ➔ Específicos 3 É inquestionável que a exigência de fundamentação das decisões judiciais, mais do que expressiva imposição consagrada e positivada pela nova ordem constitucional (art. 93, IX), reflete uma poderosa garantia contra eventuais excessos do Estado-Juiz, pois, ao torná-la elemento ➔ Atribuições e funções previamente estabelecidas em lei ➢ Promotor deve ser pré-constituído antes da existência do fato objeto da pretensão jurisdicional ➢ Esse princípio se aplica também ao processo administrativo ➔ Acusador administrativo = autoridade que dá início à sindicância ou processo administrativo, membros da comissão sindicante ou processante ➔ Tem que ser pré-constituídos na forma da lei, competentes e imparciais PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO DASDECISÕES JUDICIAIS ➢ BASE LEGAL = Art. 93, IX, da CF ➔ “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;” ➢ Decorre do devido processo legal ➢ Trata da exigência de que todas as decisões judiciais sejam devidamente fundamentadas ➔ Essa exigência é consequência lógica do estado democrático de direito – pois permite o efetivo controle de que as decisões proferidas pelo magistrado não são arbitrárias ➢ Apesar de ser um dos princípios que devem ser observados na elaboração do estatuto da magistratura, o STF proferiu entendimento de que esse princípio é norma de eficácia plena, ou seja, pode ser imediatamente aplicada sem que dependa de edição de norma infraconstitucional3 ➢ Se uma decisão judicial proferida não observar a exigência do referido artigo, essa será ilegítima, e, consequentemente, nula imprescindível e essencial dos atos sentenciais, quis o ordenamento jurídico erigi-la como fator de limitação dos poderes deferidos aos magistrados e Tribunais (Habeas Corpus n. 68.202, rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 6-11-90, DJ de 15-3-91). ➢ Não abrange apenas as decisões interlocutórias, mas também as sentenças e acórdãos ➢ A necessidade de fundamentação das decisões também está presente em diversas normas infraconstitucionais ➔ EX: Art. 489, II, do CPC – que dispõe sobre os elementos essenciais da sentença → se não houver fundamentação adequada cabe embargos de declaração PRINCÍPIO DO PRAZO RAZOÁVEL DE DURAÇÃO DO PROCESSO ➢ BASE LEGAL = Art. 5º, LXXVIII, da CF ➔ “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação” ➢ Essa garantia foi inserida na CF através da Emenda Constitucional nº 45 de 2004 – muitas normas constitucionais e infraconstitucionais foram editadas para trazer maior celeridade nos processos ➔ EX: atividade jurisdicional ininterrupta (Art. 93, XII, da CF); distribuição imediata de processos (Art. 93, XV, da CF); criação de juizados especiais federais (Art. 98, §2º, da CF); possibilidade de o STF editar sumulas vinculantes em relação aos demais órgãos doo poder judiciário e administração pública direta e indireta da união, estados, distrito federal e municípios (Art. 103-A, da CF); demonstração por parte do recorrente, de existência de repercussão geral no recurso extraordinário, como condição para admitir o recurso (Art. 102, §3º, da CF) ➢ A duração razoável do processo pode ser extraído do devido processo legal, contudo, o tratamento de tal princípio em dispositivo próprio faz com que sua importância e garantia aumente ➢ PROCESSSO ADMINISTRATIVO = Art. 49, da Lei 9.784/1999, definiu que após a conclusão dos processos, a administração tem prazo de 30 dias para proferir decisão; Art. 42, definiu que os pareceres sejam emitidos no prazo de 15 dias. ➢ PROCESSO CIVIL = Art. 1048, do CPC confere aos processes que figurem como partes idosos, portadores de doença grave e no caso aplicação do ECA, PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO; Art. 12, do CPC, estabelece que a ordem de julgamento será a cronológica de conclusão ➔ Judiciário deve dar preferência de tramitação e julgamento aos processos mais antigos ➔ Da leitura do Art. 4º e 6º, do CPC, vê-se a celeridade processual é imposta ao juiz e as partes do processo ➔ Inclusive, o Art. 80, do CPC, prevê condenação por litigância de má-fé, a prática de qualquer ato considerado manifestamente protelatório ➢ O remédio constitucional adequado para garantir a celeridade/duração razoável do processo judicial ou administrativo, é o MANDADO DE SEGURANÇA ➔ O Art. 5º, da Lei 12.016/2009, prevê que no âmbito judicial, a impetração do MS está condicionada ao esgotamento dos recursos judiciais aptos para evitar o dano DIREITO CONSTITUCIONAL À PROVA LÍCITA ➢ Art. 5º, LVI, da CF – “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos” ➢ Art. 369, do CPC – “As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.” ➢ Decorre do princípio do devido processo legal ➢ PROVA ILÍCITA = prova produzida que ofende os princípios e regras constitucionais e legais – prova obtida por meios ilícitos ➔ Será NULA ➔ EX: interceptação telefônica realizada sem obedecer as regras expressas no Art. 5º, XII, da CF – realizada sem a previa autorização da autoridade policial ➔ EX2: provas obtidas através de tortura – ofende o Art. 5º, III, da CF ➔ EX3: provas obtidas através da violação do domicílio – inobservância do princípio da inviolabilidade do domicilio, presente no Art. 5º, XI, da CF ➢ STF considera que as provas apesar de regulares, mas produzidas em decorrência de uma prova nula, são ilegais ➔ Adota a teoria da arvore envenenada PRISÃO POR DÍVIDAS ➢ BASE LEGAL = Art. 5º, LXVII, da CF ➢ A CF veda a prisão em decorrência de dívidas, salvo nos casos do devedor de pensão alimentícia ➢ É uma prisão civil ➔ PRISÃO CIVIL = objetivo é fazer com que o devedor cumpra com sua obrigação ➔ PRISÃO CRIMINAL = objetivo é de punir o PENSÃO ALIMENTÍCIA ➢ Obrigação existente quando há vínculos familiares ➔ EX: entre pais e filhos ➢ Ocorre quando não há o pagamento de 3 prestações ➢ Prisão tem um prazo de 3 meses ➢ Objetivo = fazer com que o devedor pague a dívida para com seu ente familiar ➢ O fato de ser preso não exime o devedor de quitar sua obrigação ➔ Depois de posto em liberdade, ainda deve pagar o valor devido ➔ Se pagar antes doo prazo da prisão findar, também será posto em liberdade antes o DEPOSITÁRIO INFIEL ➢ É aquele em que um terceiro, em confiança, lhe entrega determinado bem para que esse o guarde, mas que, injustificadamente, não restitui o bem ao seu proprietário ➢ STF, através da Súmula Vinculante nº25, afastou a possibilidade de prisão nesse caso, isso porque, a Convenção Americana sobre os Direitos Humanos, a qual o Brasil é signatário, dispõe que ninguém deve ter sua liberdade restringida em virtude de dívidas REFERÊNCIAS BONÍCIO, Marcelo José. Princípios do processo no novo Código de Processo Civil. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 145 a 174. Dantas, Paulo Roberto de Figueiredo. Direito processual constitucional. 8. ed. São Paulo : Saraiva Educação, 2018. DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. São Paulo: Malheiros, 2004. Donizetti, Elpídio. Curso de direito processual civil. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2020. FERREIRA, Olavo Augusto Vianna. Sistema Constitucional das Crises: restrições a direitos fundamentais. São Paulo: Método, 2009, p. 142 a 158. ________. O devido processo legal substantivo e o Supremo Tribunal Federal nos 15 anos da Constituição Federal. Revista Jurídica Virtual da Presidência da República vol. 5, n. 59, Abr/Abr 2004, site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/ Rev_59/artigos/Art_Olavo.htm . _________. MARQUES, Nemércio Rodrigues. EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E A APLICAÇÃO DE PENALIDADE AO CONDÔMINO. Revista Forense (Impresso), v. 418, p. 225-245, 2013. _________. Guilherme Siqueira de Castro . Mandado de Injunção. 1ª. ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 38 a 42. NERY JÚNIOR, Nelson. Princípios de processona Constituição Federal. 13ª ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017, p. 131 a 226. SILVA, Virgílio Afonso da. O proporcional e o razoável. Revista dos Tribunais, v. 798
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