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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE CEILÂNDIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM TERAPIA OCUPACIONAL JOSSYANE CAMPOS COSTA OS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO DE TERAPIA OCUPACIONAL DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA: UMA ANÁLISE DE 2018 A 2020 Brasília - DF Outubro - 2021 JOSSYANE CAMPOS COSTA A PRODUÇÃO CIENTÍFICA DOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO DE ALUNOS DO CURSO DE TERAPIA OCUPACIONAL DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade de Brasília – Faculdade de Ceilândia como requisito final para obtenção do título de Bacharel em Terapia Ocupacional Professor Orientador: Profa. Dra. Ioneide de Oliveira Campos Brasília – DF Outubro - 2021 Ficha Catalográfica (Biblioteca) JOSSYANE CAMPOS COSTA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade de Brasília - Faculdade de Ceilândia como requisito final para obtenção do título de Bacharel em Terapia Ocupacional. Data da aprovação: DD/MM/AAAA __________________________________________ Ioneide de Oliveira Campos - Orientador(a) Doutora em Psicologia Clínica e Cultura Professor(a) da Faculdade de Ceilândia (FCE/UnB) _________________________________________ Magno Nunes Farias – Banca examinadora Doutor em Educação Professor(a) da Faculdade de Ceilândia (FCE/UnB) DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus familiares, à minha companheira e amigos que estiveram juntos comigo nessa trajetória... AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus professores de Terapia Ocupacional por todos os ensinamentos, pela dedicação, pelo compartilhamento de vivências e pelo amadurecimento que me fizeram obter nesses últimos anos. Em especial, a minha orientadora Ioneide Campos por toda a paciência ao longo desses últimos meses. Agradeço também a minha companheira Monique, que esteve do meu lado em todos os momentos, que me ajudou, me apoiou, me deu forças para continuar e me ouviu nos momentos que mais precisei. Aos meus pais, por todo o cuidado, amor e preocupação. E aos meus irmãos que me ensinam a ser uma pessoa melhor todos os dias. Obrigado por me amarem mesmo na ausência. Aos amigos que a UnB FCE me proporcionou, que fizeram essa árdua trajetória se tornar algo leve e colorido. Obrigada pela companhia, pelas risadas, pela força e pelos momentos juntos. EPÍGRAFE “Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso – nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro." (Clarice Lispector) RESUMO No Brasil, tem sido crescente as demandas para a realização de pesquisas e produção científica em terapia ocupacional. O trabalho de conclusão de curso como meio necessário para a obtenção do título de Terapeuta Ocupacional possui muitas características e pode abranger muitos formatos. Como produção intelectual do alunato, revela-se as diversas nuances, áreas e interesses e por isso, para o acompanhamento periódico do que se produz, como se produz, e a finalidade do que é produzido, é importante um mecanismo para mapear e identificar para onde apontam estas produções. O presente trabalho teve como objetivo conhecer a produção científica dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) de Terapia Ocupacional da Faculdade de Ceilândia - Universidade de Brasília, realizados entre 2018 e 2020. Esta pesquisa é documental, exploratória e retrospectiva. Foram pesquisados os TCCs disponíveis no repositório institucional da Biblioteca Central da Universidade de Brasília, considerando-se as seguintes variáveis: ano de entrega, título do TCC, população alvo e temática ou áreas contempladas. Estes dados foram sistematizados por meio de planilhas e gráficos e discutidos, de acordo com a literatura da área. Foram encontrados 83 TCCs, a população alvo predominante foi adultos, o tipo de pesquisa mais encontrado foi a abordagem qualitativa e a área mais abordada foi a saúde mental. Palavras-chave: Trabalho de Conclusão de Curso; Graduação; Terapia Ocupacional. ABSTRACT In Brazil, has been growing the demands to the conducting scientific research and production in Occupational Therapy. The final paper as a necessary means for obtaining the title of Occupational Therapist has many characteristics and may encompass a lot of formats. Such as the student’s intellectual production, are revealed the various nuances, areas and interests and therefore, for the periodic monitoring of what is produced, how it is produced, and the purpose of what is produced, is necessary a mechanism to map and to identify where those productions are pointed to. The aim of this work was to know the scientific production in the Final Papers of Occupational Therapy at the Faculdade de Ceilândia – Universidade de Brasília, carried out between 2018 and 2020. This research is documentary, exploratory and retrospective. The Final Papers were searched in the institutional repository of the Biblioteca Central da Universidade de Brasília, considering the following variables: delivery year, title of the Final Paper, target population and theme or area of knowledge. These data were systematized through spreadsheets and graphics, and discussed according to the literature of the area. 83 Final Papers were found, the predominant target population was adults, the most found type of research was the qualitative approach, and the most addressed area was mental health. Key-words: Final Papers; Graduation; Occupational Therapy. LISTA DE ILUSTRAÇÕES (Figuras, gráficos, quadros) Gráfico 1 – Ano de publicação.................................................................................................21 Gráfico 2 – População alvo......................................................................................................23 Gráfico 3 – Tipos de pesquisas................................................................................................24 Gráfico 4 – Áreas de interesse.................................................................................................26 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS TCC Trabalho de conclusão de curso FCE Faculdade de Ceilândia UnB Universidade de Brasília ONU Organização das Nações Unidas OIT Organização Internacional do Trabalho OMS Organização Mundial de Saúde UNESCO Organização para a Educação, Ciência e Cultura CETTO Comissão de Especialistas de Ensino de Terapia Ocupacional DCN Diretrizes Curriculares Nacionais REUNI Reestruturação e Expansão das Universidades Federais PDE Plano de Desenvolvimento da Educação IFES Instituições Federais de Ensino Superior BDM Biblioteca Digital da Produção Intelectual Discente da Universidade de Brasília SIB-UNB Sistema de Bibliotecas da Universidade de Brasília SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................13 1.1 JUSTIFICATIVA........................................................................................................... 15 2 OBJETIVOS................................................................................................................... 17 2.1 OBJETIVOS GERAIS................................................................................................... 17 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................ 17 3 METODOLOGIA........................................................................................................... 18 3.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO.............................................................183.2 ANÁLISE DE DADOS................................................................................................... 18 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................... 19 4.1 ANO DE PUBLICAÇÃO DOS TCCS........................................................................... 19 4.2 POPULAÇÃO ALVO .................................................................................................... 21 4.3 TIPOS DE PESQUISAS ................................................................................................ 22 4.4 ÁREAS DE INTERESSE .............................................................................................. 23 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 26 6 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 27 14 1 INTRODUÇÃO Os primeiros relatos históricos da Terapia Ocupacional centram-se na América do Norte, no início do século XX, com a oferta de cursos de formação. Na Europa, a formação profissional teve início com cursos de curta duração e sua institucionalização se deu de forma dispersa, também na primeira metade do século XX (SOARES, 2007). Durante a década de 1950, foram estruturados os primeiros cursos técnicos de terapia ocupacional no Brasil, nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, início esse que se deu por meio do Movimento Internacional de Reabilitação, desencadeado pelos países envolvidos nas duas guerras mundiais e despertado pelo número de veteranos incapacitados pós-guerra. Este movimento resultou das ações da Organização das Nações Unidas (ONU), Organização Internacional do Trabalho (OIT), Organização Mundial de Saúde (OMS) e Organização para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e assumiu como estratégia a implantação de um Centro de Reabilitação localizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (SOARES, 2007). No Brasil, entidades e instituições também implantaram pequenos programas de reabilitação “para acidentados de trabalho, pacientes crônicos, deficientes sensoriais e físicos, com assessoria de consultores da ONU” (SOARES, 1991, p. 72). Ao longo do processo de implantação dos vários cursos no Brasil, foram elaborados padrões mínimos para formação em terapia ocupacional, os quais revistos em 1998 e 2002 (MENDEZ; HARRIS, 1998). Em 1954, foi elaborada a primeira versão, um documento em reconhecimento da necessidade de se estabelecer orientações para a formação e capacitação através de processos de educação formal de terapeutas ocupacionais que fossem aceitos internacionalmente (MENDEZ, HARRY, 1998). A Comissão de Especialistas de Ensino de Terapia Ocupacional (CETTO), apresentou, no final de 1998, à SESu/MEC uma primeira versão: “Proposta de Normatização de Diretrizes Curriculares” para os cursos de Terapia Ocupacional, resultado de um processo de discussão e formulação democrática entre os docentes terapeutas ocupacionais no Brasil. As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o Ensino em Terapia Ocupacional é um documento norteador a nível nacional e federal, aprovada em 19 de fevereiro de 2002, por meio da resolução N° 2/2006, definem que o processo de formação deve capacitar o aluno para o exercício profissional em todas as suas dimensões, no campo clínico-terapêutico e preventivo das práticas de terapia ocupacional (BRASIL, 2002). 15 Vale destacar que a alteração de 2002, propôs padrões mínimos na área e foi construída a partir de três principais aspectos relacionados: o profissional, a sociedade como um todo e o aspecto educacional. Nessa ordem, o primeiro diz respeito à promoção da prática da pesquisa como um padrão de qualidade para a execução da terapia ocupacional; o segundo expõe a necessidade de maior visibilidade sobre as possíveis contribuições da terapia ocupacional para a saúde e previdência das comunidades a níveis local, nacional e internacional, onde estas devem auxiliar nas expectativas de qualidade de vida e bem-estar social das pessoas; já o terceiro prevê a garantia da manutenção de diretrizes e padrões comuns mundialmente (HAHN; LOPES, 2003). A formação do terapeuta ocupacional tem se modificado nos últimos anos, deslocando- se de uma formação de profissionais especialistas em tratar doenças e intervir em processos incapacitantes em partes do corpo, para um tachado perfil profissional outro, baseado na formação do terapeuta ocupacional, de forma a integrar o contexto das atuais políticas públicas de saúde, de assistência social, de trabalho e educação, promovendo a inserção dos profissionais em todos os cenários de atuação (FURLAN, et al. 2014). Na perspectiva da pesquisa, Lopes et al. (2010), as demandas para a realização de pesquisas e produção científica em terapia ocupacional têm sido crescentes no cenário brasileiro, devido ao crescimento de vagas públicas no ensino superior e, à existência de 3 programas de pós-graduação stricto sensu integrando a denominada Área 21 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, que agrega programas de mestrado acadêmico, mestrado profissional e doutorado nas áreas de Educação Física, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Não podemos deixar de citar os Encontros Nacionais de Docentes de Terapia Ocupacional e o Seminários de Pesquisa, que acontecem desde o ano de 1996, que têm representado importante espaço de debates e reflexões sobre a complexidade da formação do terapeuta ocupacional e debates coletivos e significativos sobre as pesquisas e divulgação do conhecimento de Terapia Ocupacional (LOPES et al. 2010). Alguns autores mencionam a dificuldade do desenvolvimento e crescimento da profissão no quesito produção científica (LOPES et al., 2010; OLIVER, 2008). Desse modo, é relevante pontuar que, embora existam diversos problemas que dificultam o crescimento das pesquisas em terapia ocupacional no Brasil, não podemos negar que uma forma de fortalecer a pesquisa em Terapia Ocupacional é gerar conhecimento por meio das publicações em periódicos nacionais e internacionais, e isso tem sido crescente na profissão (OLIVER, 2008). Para esta autora, a despeito das atividades de pesquisa estarem mais vinculadas à docência e ao 16 pequeno número de profissionais graduados em terapia ocupacional, percebe-se a ampliação e repercussão das preocupações com a formação para a pesquisa desde a graduação. Esta pesquisa insere-se em um contexto do curso de graduação de terapia ocupacional da Universidade de Brasília (UnB) – Faculdade de Ceilândia (FCE), curso de terapia ocupacional da região Centro-Oeste do Brasil. Teve origem no Plano de Expansão da referida Universidade, decorrente do Programa Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI, destinado especificamente às universidades federais, como uma das ações consubstanciadas pelo Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado pelo MEC em 2007 (BRASIL, 2007). Sem sombra de dúvidas, o programa oportunizou a expansão da formação em Terapia Ocupacional para estados que antes não tinham a formação ou que tiveram cursos fechados. Verifica-se, então, a ampliação do número na oferta de vagas em Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), decorrentes da ampliação e democratização do ensino superior pelo programa REUNI (RENETO, 2021). Atualmente no Brasil, existem 34 cursos de graduação em Terapia Ocupacional em funcionamento, entende-se que desde a criação do primeiro curso de graduação na Universidade de São Paulo (USP) em 1958, haveria, em hipótese, o crescimento de 1,48 cursos de graduação em Terapia Ocupacional por ano. O que seria, matematicamente, ter atualmente 62 cursos de graduação. Contudo, não se pode negar ossignificativos avanços na oferta do ensino graduado em Terapia Ocupacional, sobretudo após o marco do programa REUNI (RENETO, 2021). O curso de terapia ocupacional da FCE nasceu de uma proposta inovadora, construída coletivamente em conjunto com a implantação de outros cursos da área da saúde (enfermagem, farmácia, fisioterapia e saúde coletiva). Valoriza a formação focada em cenários de prática profissional que atenda às atuais políticas públicas de saúde, de assistência social, de trabalho e de educação, promovendo a inclusão social, contribuindo com a evolução e melhor contextualização do terapeuta ocupacional enquanto profissional de saúde (FURLAN, et al. 2014). Desse modo, o objetivo desse estudo consiste em caracterizar a produção científica dos trabalhos de conclusão de curso da graduação em terapia ocupacional defendidos na Universidade de Brasília, na Faculdade de Ceilândia, e conhecer as principais temáticas das áreas pesquisadas, as especialidades e a população-alvo envolvida. 1.1 JUSTIFICATIVA 17 A avaliação da qualidade acadêmica de um cientista é possível através de sua produção científica. Os resultados da pesquisa científica representam a contribuição de um pesquisador, que é utilizada para estimar a sua autoridade, crédito e valor e como medida para avaliar o seu reconhecimento ou sua reputação junto à comunidade científica. (MUGNAINI, 2006). A elaboração de um TCC oportuniza a iniciação ao meio científico, a partir da investigação, escolha de um problema e elaboração de soluções, consolidação do conhecimento adquirido ao longo do curso, e é ainda um incentivo à pós-graduação (MARINHO; ALMEIDA; PELOSI, 2011). Elaborar a pesquisa de TCC é uma exigência para concluir a formação em Terapia Ocupacional na UnB, de acordo com o Projeto Pedagógico do Curso na Universidade de Brasília. Um estudo científico pode ter resultados esperados ou não, positivos ou negativos em relação a determinada demanda. Os resultados serão sempre válidos se forem utilizados os métodos adequados de realização e de análise (GUEDES; GUEDES, 2012). Ainda, a monografia tem a oportunidade de consolidar um processo de produção de conhecimento dos alunos e dos docentes (PÁDUA; PALM, 2000). Dois estudos de caracterização de monografias de terapia ocupacional foram encontrados até agora, o primeiro na Universidade de Brasília, chamado “Caracterização da Produção Científica em Monografias do Curso de Terapia Ocupacional da UnB“ (BRASIL, 2016) e um artigo na Universidade do Rio de Janeiro, chamado ”Caracterização dos trabalhos de conclusão de curso da graduação em terapia ocupacional de uma universidade pública“ (ZANCOA et al., 2019), os estudos mostram a importância de um dispositivo que possibilite um panorama das pesquisas realizadas e demonstra que o conhecimento científico produzido pode contribuir para o crescimento e fortalecimento da terapia ocupacional e que há uma extrema importância em dar continuidade nestes estudos sobre produções científicas para que possa identificar progressos, lacunas e apontar as mudanças necessárias. O estudo de Brasil (2016), conduzido com a finalidade de analisar os TCCs de Terapia Ocupacional da Faculdade de Ceilândia/Universidade de Brasília, é a única sistematização da produção científica no curso de Terapia Ocupacional da FCE. Assim, analisar os TCCs de um curso é uma importante contribuição para a ciência, à medida que elaborar um levantamento dessas pesquisas nos ajuda a conhecer o caminho que apontam estas produções. Além de ter o potencial de contribuir com um panorama das pesquisas desenvolvidas por aquele grupo, assim como avaliar aspectos como o tipo de pesquisa mais comumente utilizada, as áreas pesquisadas e o desfecho do trabalho com a divulgação em eventos ou revistas científicas (ZANCO et al., 2019). 18 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVOS GERAIS Caracterizar a produção científica dos TCCs de terapia ocupacional da FCE da Universidade de Brasília. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Identificar a quantidade de TCCs publicados por ano. Identificar a população alvo dos estudos apresentados. Identificar os tipos de pesquisas utilizados nos TCCs. Identificar as linhas ou assuntos de pesquisas. 19 3 METODOLOGIA Esta pesquisa é exploratória e descritiva. De acordo com Gil (2008), a pesquisa exploratória proporciona maior familiaridade com o problema e a descritiva descreve a as características de determinadas populações ou fenômenos. 3.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO Os critérios adotados para a inclusão dos estudos foram: publicações de TCCs entre os anos de 2018 a 2020, pois juntando a quantidade de tccs daria um número razoável para poder analisar, tendo em vista que estamos em um semestre mais curto devido a covid-19, totalizando 6 semestres, os TCCs devem estar disponíveis na BDM e que sejam do curso de terapia ocupacional da UnB. Como critério de exclusão, foi determinado que serão excluídos os anos anteriores a 2018 e o ano de 2021, pois ainda não foram postados na BDM. 3.2 ANÁLISE DE DADOS Após organizar e sistematizar as informações, foi realizada uma leitura inicial e posteriormente a leitura seletiva. Realizamos a leitura inicial de todos os títulos, palavras-chave e resumos. Na fase seguinte, a leitura foi realizada, no sentido de identificar as principais temáticas das áreas pesquisadas, as metodologias presentes e a população-alvo envolvida. Estes dados foram sistematizados por meio de planilhas e gráficos e analisados, de acordo com a literatura da área. 20 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados e discussão foram apresentados por meio de gráficos, considerando os seguintes aspectos: quantitativo de TCCs publicados por ano; população-alvo; tipo de pesquisa e áreas temáticas. 4.1 ANO DE PUBLICAÇÃO DOS TCCS Os 83 trabalhos compreenderam a totalidade dos TCCs defendidos ao longo dos seis semestres. O maior número de publicação está no ano de 2018, representando 66% do total (55 trabalhos), em seguida está o ano de 2019, representando 28% do total (23 trabalhos) e por último o ano de 2020, correspondendo a 6% do total (5 trabalhos), representados no gráfico 1, a seguir: Gráfico 1: ano de apresentação. É importante considerar que no início do ano de 2020 tivemos a declaração do estado de pandemia em relação à Covid-19 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), gradativamente os estados brasileiros iniciaram a interdição das atividades e indicação de isolamento social. No primeiro semestre de 2020 foram suspensas as atividades até que se organizasse o ensino remoto e isso gerou um atraso no calendário dos semestres. Por esta razão, ocorreu um número menor do que o esperado de apresentações no ano de 2020. 21 Pelo número de TCCs defendidos e considerando o número de ingressantes a cada semestre, o número de defesas deveria ser de aproximadamente 50 TCCs por período, contudo, a média de trabalhos por semestre foi de 13,8, o que demonstra que pode ter ocorrido evasões, trancamentos ou ampliações do tempo de integralização do curso. Ainda assim, é importante pontuar que a evasão é um crescente fenômeno e gera desperdícios sociais, acadêmicos e econômicos e se constitui como um problema que impacta diretamente os sistemas educacionais (LOBO, 2017). Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP, 2009), além de acarretar desperdício financeiro, visto que a instituição educacional passa a se dedicar a um número inferior de estudantes em relação ao que estava preparada, a evasão estudantil se apresenta como indicativo de lacunas no processo de ensino e de ineficiência dos serviços prestados. Assim, a evasão estudantil no sistema superior é um problema nacional que afeta o resultado dos sistemas educacionais, para além disso, existem as diferentessituações como trancamento, transferência, desistência e extensão do tempo de integralização do curso que impactam no percentual obtido. Fatores pessoais relacionados com a escolha inicial, a não identificação com o curso, a escassez de recursos financeiros, o desconhecimento a respeito do curso, a falta de habilidade para o estudo, a dificuldade do discente em se adaptar às imposições dos professores e diferenças entre o ensino médio e superior são importantes elementos que se associam com a evasão e consequentemente com o baixo índice de apresentação de tccs (SILVA; BREGALDA, 2018), sendo uma hipótese que explica o cenário estudado no presente estudo. Uma pesquisa feita pela UnB (2016) com o propósito de contribuir para a efetividade da formação dos seus estudantes, realizou uma análise sobre as trajetórias dos alunos de graduação. Dentre os resultados obtidos, destaca-se que, devido à expansão universitária, a taxa anual de evasão subiu no ano de 2011 atingindo um patamar relativamente estável desde 2012. Atualmente, a taxa anual de evasão da UnB flutua em torno de 11%. Esse valor é melhor que a média das instituições brasileiras de ensino superior, que segundo o Instituto Lobo (2007) na última pesquisa estava em 22%. 4.2 POPULAÇÃO-ALVO Aqui fizemos a escolha de compreender a população alvo pelos ciclos de vida. A população alvo dos estudos apresentados ficou dividida da seguinte forma: em primeiro lugar os adultos, presente em 44% dos estudos, em sequência, idosos com 11%, adolescentes com 22 10%, crianças com 9% e em 25% dos estudos não foi especificado a população alvo envolvida. Alguns estudos apresentaram presença de ambos os atores, sendo eles, 5% adultos e idosos, 2% adolescentes e adultos, 1% crianças e idosos e 1% crianças e adultos. Para melhor entendimento do gráfico esses atores foram incluídos separadamente em apenas um gráfico, que está no gráfico 2 a seguir: Gráfico 2: população alvo É possível observar uma predominância de estudos e intervenções desenvolvidas com o público adulto, mostra-se que há uma grande proporção de pessoas debruçadas as questões vinculadas às situações de vulnerabilidade social, saúde mental e reabilitação, que em muitos estudos são representadas com essa população. O público idoso, uma vez que esse grupo populacional, que são numericamente importantes e crescentes na constituição demográfica brasileira, e que a cada vez mais vem crescendo as demandas nas camadas populares. Os trabalhos com foco em crianças estão ligados ao contexto hospitalar e em contrapartida, no público adolescente é encontrado questões vinculadas aos contextos sociais. Em 25% dos trabalhos não foi possível identificar a população alvo envolvida pois não estava especificado ou não foi possível observar mesmo com a leitura mais aprofundada dos TCCs. 4.3 TIPOS DE PESQUISAS 23 No que diz respeito a metodologia dos TCCs, predomina a abordagem qualitativa, sendo presente em 59% dos trabalhos, em seguida, revisão de literatura com percentual de 22%, a quantitativa com 12%, qualitativa-quantitativa 6% e cartilha 1%. A pesquisa qualitativa oferece três possibilidades de se realizar a pesquisa: a pesquisa documental, o estudo de caso e a etnografia (GODOY, 1995). Para Minayo (2013) o método qualitativo de pesquisa é entendido como aquele que se ocupa do nível subjetivo e relacional da realidade social e é tratado por meio da história, do universo, dos significados, dos motivos, das crenças, dos valores e das atitudes dos atores sociais. Segundo Polit et al. (2004), a pesquisa quantitativa, tem suas raízes no pensamento positivista lógico, tende a enfatizar o raciocínio dedutivo, as regras da lógica e os atributos mensuráveis da experiência humana. A revisão integrativa da literatura, para Mendes et al (2008) consiste na construção de uma análise ampla da literatura, contribuindo para discussões sobre métodos e resultados de pesquisas, assim como reflexões sobre a realização de futuros estudos. O propósito inicial deste método de pesquisa é obter um profundo entendimento de um determinado fenômeno baseando- se em estudos anteriores. Gráfico 3 – Tipos de pesquisa Para Mângia (2017), na última década, vem ocorrendo uma importante expansão e reconhecimento internacional das abordagens qualitativas, a multiplicidade de periódicos e campos de pesquisa, a sofisticação das metodologias e as suas novas exigências formais e critérios de qualidade, desafiam os pesquisadores nacionais da Terapia Ocupacional. O fácil acesso e abundância a fontes seguras propicia recursos para o amadurecimento de pesquisadores já experientes e para a formação consistente de jovens pesquisadores. 24 Ainda para Mangia (2017), os editores especialistas são unânimes em enfatizar a necessidade de aprimorar o desenvolvimento e a modelagem da pesquisa qualitativa e mostrar que esse desafio é coletivo e deve envolver múltiplos atores: pesquisadores, alunos e professores, além de profissionais voltados para a qualificação dos profissionais voltados para as práticas clínicas. A importância de detalhar as abordagens teóricas e como cada pesquisador as utiliza, a descrição detalhada do desenvolvimento de categorias que muitas vezes são identificadas como emergentes sem que o leitor seja capaz de entender como elas emergiram, entre outros fatores envolvidos na escrita da pesquisa, torna-se fundamental. O uso de metodologias bem articuladas e combinadas qualifica a pesquisa, e a cada vez mais tem sido adotada pelos pesquisadores. É possível dizer que as metodologias qualitativas ganharam muita relevância e destaque no campo da saúde, no entanto, é necessário o aprimoramento e cuidado cada vez mais atento com suas práticas, pois ainda há um longo caminho a percorrer em nosso cenário. Destaca-se que as pesquisas sobre Terapia Ocupacional mostram os estudos principalmente com a abordagem qualitativa, corroborando com este estudo, no entanto, o desafio se mostra mais forte se avaliarmos que, apesar do significativo aumento do volume de publicações e formação acadêmica dos pesquisadores, ainda temos um longo caminho pela frente para atingir um patamar satisfatório para as proposições de investigações qualitativas, desenhos e utilização mais rigorosa de suas metodologias (MÂNGIA, 2017) 4.4 ÁREAS DE INTERESSE No que diz respeito as áreas temáticas, os trabalhos foram classificados considerando os assuntos encontrados nos tccs, sendo as áreas/assuntos mais prevalentes: saúde mental 19%, cotidiano 10%, gerontologia 8%, contexto hospitalar, atenção básica, saúde funcional e questões étnico raciais 6%, arte, cultura e Terapia ocupacional e gênero e sexualidade 5%, redes sociais digitais, tecnologia assistiva, saúde do trabalhador, desenvolvimento infantil, contexto social e contexto familiar 4%, saúde do estudante e cuidados paliativos 2%, ensino superior e desempenho ocupacional 1%. 25 Gráfico 4: áreas de interesse No que concerne a áreas ou assuntos mais abordados, a saúde mental e cotidiano ganham forças nas pesquisas. É de importância pontuar que a política de saúde mental, no Brasil, tem buscado estabelecer uma nova perspectiva ética e política para entender experiências da loucura e gerar novas respostas para as necessidades complexas e multidimensionais que surgiram com a ruptura da tutela asilar (NICÁCIO, 2003). Partindo do consenso atual de que as variáveis para a obtenção de bons resultados nas intervenções em saúde mental estão mais conectadas a vida dos sujeitos do que à sua doença, é preciso refletir e compreender sobre suas trajetórias de vida e a qualidade dos serviços prestados, para que seja possível melhorar a qualidade de vida e estabelecer relações significativas e autônomas (SARACENO, 1999) Vale destacar que destes trabalhos encontrados na área desaúde mental, 1% diz respeito a saúde mental infanto-juvenil e 5% às questões relacionadas a saúde mental e gênero. Vicentin (2006), pontua e defende que as ações de atenção à criança e ao adolescente devem se dar de forma fundamentalmente ampliada, destaca que as crianças e os adolescentes com seus conflitos e sofrimentos atingem todo o campo social, apresentando desafios e questionamentos aos ideais adultos, envolvendo-os. As questões relacionadas a saúde mental e gênero estão diretamente ligadas a violência contra a mulher, que no Brasil, está ocupando a 5ª posição entre os países com maior índice de homicídios femininos dentre 84 países, com a taxa média anual de 4,8 assassinatos femininos em cada 100 mil mulheres, segundo o Mapa de Violência 2015 (WAISELFISZ, 2015). 26 No mais, corroborando com esta pesquisa, um estudo sobre os artigos publicados nos Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional e na Revista de Terapia Ocupacional da USP mostrou que a área da terapia ocupacional que teve mais artigos publicados, entre os anos 1990 e 2014, na Revista de Terapia Ocupacional da USP, foi a área da Saúde Mental (LOPES, 2016). Galheigo (2003) afirma que os valores mudarão de acordo com as diferentes culturas, mudarão ao longo da história e até serão diferentes em um determinado momento na mesma sociedade. Portanto, o que pode ser um problema para um grupo social não é um problema para outro. É por isso, que pesquisadores e profissionais devem se atentar para as mudanças encontradas em um determinado fenômeno. Questões relacionadas a saúde do idoso e envelhecimento estiveram em alta nos trabalhos apresentados, uma vez que o processo de envelhecimento é multidimensional, o terapeuta ocupacional deve desenvolver sua atuação com base nas diversas necessidades dos idosos assistidos. Almeida (2016) refere que complexidade desse processo implica na utilização pelo terapeuta ocupacional de abordagens direcionadas às necessidades de saúde e aos seus determinantes sociais, e que incluem cuidado em saúde mental diante de rupturas do cotidiano, combate ao isolamento social, atenção às questões referentes ao luto e finitude da vida, bem como abordagens para reduzir impactos no desempenho ocupacional e em papéis ocupacionais. O curso de Terapia Ocupacional graduou 304 terapeutas ocupacionais ao longo desses 13 anos de atividade na Universidade de Brasília, é importante destacar que o curso foi organizado a partir de uma concepção inovadora no que se refere à iniciação à pesquisa na graduação. As atividades de incentivo à pesquisa discente, tem como prioridade, a realização da monografia de conclusão, como exigência parcial para obtenção do título de graduação (PÁDUA; PALM, 2000). Os alunos que apresentarem essa publicação, contribuirão para a formação e melhoria do curso, em particular, pelo fato de constar na obra o nome do autor, o desenvolvimento original do estudo e a referência dos mecanismos institucionais oferecidos à pesquisa discente. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 27 Este estudo possibilitou um panorama dos trabalhos realizados pelos discentes do curso de Terapia Ocupacional na Universidade de Brasília dos anos de 2018 a 2020. Estudar a produção da Terapia Ocupacional permitiu mapear e observar a difusão de conhecimento a partir dos TCCs defendidos no curso de graduação. Os 83 trabalhos analisados eram majoritariamente pesquisas do tipo qualitativa. A área mais frequentemente estudada foi a de saúde mental, em trabalhos relacionados aos temas vivenciados pelos alunos em estágios, no âmbito universitário ou disciplinas. A população mais estuda foi a população adulta. É importante ressaltar que desde o início da Terapia Ocupacional o âmbito da saúde mental, por sua história, é um dos assuntos mais pesquisados, mas vale lembrar a importância de pesquisas em outros espaços que abrangem as áreas da terapia ocupacional para poder disseminar esse conhecimento. São muitos os desafios para os discentes e docentes e a atividade de pesquisa é uma responsabilidade não só do aluno como dos professores terapeutas ocupacionais que se dedicam à formação de novos profissionais. Apesar do curso ter duração de quatro anos, é possível perceber um contraste significativo na quantidade de trabalhos apresentados nos anos estudados. Sabe-se que existe um índice de evasão, trancamento e extensão do período de integralização do curso, mas não se sabe exatamente o porquê. Um mapeamento desses fatores e a construção de estratégias para a redução da evasão ou trancamento podem trazer uma maior valorização para o curso de terapia ocupacional na UnB. 28 6 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C; MÂNGIA, E. F. O processo de formalização e consolidação da Terapia Ocupacional no Brasil: percepções sobre o crescimento da produção científica na área. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo. 2005. Almeida, M. H. M. (2003). Validação do instrumento C.I.C.A.c: Classificação de Idosos quanto a Capacidade para o Autocuidado. Universidade de São Paulo, São Paulo. BRASIL, Ministério de Educação e Cultura. Resolução CNE/CES 6/2002. Brasília: Conselho Nacional de Educação, 2002. 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