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Disciplina: Gerenciamento de Riscos Ambientais e Biossegurança Aula 2: Perigo e Risco Apresentação Na aula passada, iniciamos nossos estudos de Gerenciamento de Riscos analisando as principais definições e, especialmente, a importância na implementação das melhores formas de se atuar na sua eliminação ou minimização, quando possível. Para isso, estudamos as metodologias ou ferramentas de controle, como What If, Hazzop, Árvore de Falhas, entre outras, que serão muito abordadas em nossa disciplina. Agora, já podemos ampliar nossos entendimentos tratando de um tema extremamente importante no gerenciamento: perigos x riscos. Afinal, com tantas definições e conceituações, é possível que ocorram equívocos. Logo, esta aula vai lhe proporcionar ampla e total visão para que você não tenha nenhuma dúvida nestes enquadramentos. Objetivos Diferenciar fonte de risco e exposição ao perigo; Reconhecer a importância dos índices de riscos para garantir a implementação de medidas de controles individuais e coletivas em um processo; Identificar os riscos ambientais, ou seja, aqueles relacionados ao meio ambiente do trabalho, e sua relação com os demais riscos operacionais, para que possam propor medidas de sua eliminação na fonte. Definições de perigo e risco PERIGO RISCO Uma ou mais condições, físicas ou químicas, com potencial para causar danos às pessoas, à propriedade, ao meio ambiente ou a combinação desses. (SERPA, 2001) PERIGO Já Galvão Filho & Newman (2001) definem o termo perigo como a situação (incêndio, explosão ou vazamento de substâncias tóxicas) que ameaça a existência de uma pessoa ou a integridade física de instalações e edificações. Alternativamente, pode também ser definida como sendo as condições de uma variável com potencial para causar danos ou lesões. Veja outras definições: Perigo é uma condição ou um conjunto de circunstâncias que têm o potencial de causar ou contribuir para uma lesão ou morte. (SANDERS e MCCORMICK, 1993, p. 675) Um perigo é um agente químico, biológico ou físico (incluindo-se a radiação eletromagnética) ou um conjunto de condições que apresentam uma fonte de risco mas não o risco em si. (KOLLURU, 1996, p. 113) Perigo é a situação que contém uma fonte de energia ou de fatores fisiológicos e de comportamento/conduta que, quando não controlados, conduzem a eventos/ocorrências prejudiciais/nocivas. (SHINAR, GURION e FLASCHER, 1991, p. 1095, apud. GRIMALDI e SIMONDS, 1984, p. 236) Medida de perda econômica, de danos à vida humana e/ou de impactos ambientais, resultante da combinação entre a frequência de ocorrência e a magnitude das perdas ou danos (consequências). (SERPA, 2001) RISCO Galvão Filho & Newman (2001) preferem definir o termo risco como a possibilidade de ocorrência de um perigo. O risco está sempre associado à chance de acontecer um evento indesejado; assim, deve-se entender que o perigo é uma propriedade intrínseca de uma situação, ser ou coisa, e não pode ser controlado ou reduzido. Por outro lado, o risco sempre pode ser gerenciado, atuando-se na sua frequência de ocorrência, nas consequências ou em ambas. Dessa forma, o risco pode ser expresso como uma função desses dois fatores, conforme apresentado na equação que segue: Onde: R = risco f = frequência de ocorrência C = consequências (perdas e/ou danos) A experiência demonstra que os grandes acidentes são normalmente ocasionados por eventos com baixa frequência de ocorrência, causando, no entanto, consequências bastante relevantes. O risco pode ainda ser definido através das seguintes expressões: 1 Combinação da incerteza e do dano 2 Razão entre o perigo e as medidas de segurança 3 Combinação entre evento, probabilidade e consequências Veja mais algumas opções segundo outros estudiosos do assunto: Risco é a probabilidade ou chance de lesão ou morte. (SANDERS e MCCORMICK, 1993, p. 675) É uma função da natureza do perigo, acessibilidade ou acesso de contato (potencial de exposição), características da população exposta (receptores), a probabilidade de ocorrência e a magnitude da exposição e das consequências (...). (KOLLURU, 1996, p. 110) (…) Resultado medido do efeito potencial do perigo. (SHINAR, GURION e FLASCHER,1991, p. 1095) Exemplo Tomemos como exemplo uma máquina rotativa operando sem proteção. Ela é uma fonte de perigo. O risco aparece com a aproximação do trabalhador ou qualquer outra pessoa, pois eles estão se expondo àquele perigo. Se não houver aproximação do trabalhador não haverá risco de qualquer dano sobre ele. O mesmo acontece com uma superfície quente. Ela é uma fonte de perigo. Enquanto não houver aproximação de trabalhadores à superfície quente não há nenhum risco de acidente. Porém, no momento em que há essa aproximação, aumenta-se a exposição e o trabalhador fica sob risco. Perigo relacionado ao trabalho Segurança Química ONU - GHS Do ponto de vista da Higiene Ocupacional o perigo pode ser: ✔ Falta de risco no local de trabalho; ✔ Circunstância que gera risco á segurança e saúde do trabalhador; ✔ Situação capaz de causar um dano; ✔ Capacidade intrínseca de um agente (químico, físico, biológico, mecânico social... ) com potencial para causar um tipo particular de efeito (à saúde ou meio ambiente). O perigo ou fonte de risco é um aspecto ou elemento material ou imaterial, situação ou contexto do trabalho que, de forma isolada ou combinada, tem o potencial intrínseco de dar origem a riscos à saúde e segurança no trabalho. Também pode ser definido como o conjunto de propriedades inerentes a um processo, que, em determinada condição, possa causar efeitos adversos à saúde ou ao meio ambiente, dependendo do grau de exposição. Perigo, portanto, pode ser qualquer coisa potencialmente causadora de danos. Veja os tipos e seus exemplos: Materiais Substâncias perigosas/tóxicas (solventes, ácidos, álcalis, metais, gases, plásticos, resinas, material particulado sólido, perfurocortantes etc.). Equipamentos Partes móveis sem dispositivo de proteção ou condições de uso (defeituoso, má conservação, impróprio para o serviço, uso incorreto, guarda local inseguro e inadequado). Ambientes de trabalho Áreas de local de trabalho muito quentes, frias, empoeiradas, sujas, ruidosas e escuras, com presença de gases, vapores, fumos etc. Postos de trabalhos inadequados ergonomicamente. Trabalhadores Falta ou insuficiência de capacitação, inexistência de políticas de segurança, fadiga, uso de drogas e álcool, pressão no trabalho, assédio moral, carga de trabalho excessiva etc. Sistema de trabalho Fatores relacionados aos sistemas de trabalho (conteúdo e organização do trabalho, gerenciamento, cultura organizacional). Risco relacionado ao trabalho Risco ocupacional é uma: ✔ Probabilidade da ocorrência de danos á saúde (ou meio ambiente); ✔ Possibilidade elevada; ou reduzida, de alguém sofrer danos provocados pelo perigo; ✔ Está sempre associado á exposição a algum perigo. Trata-se, portanto, da possibilidade de consequências negativas ou danos para a saúde e integridade física ou moral do trabalhador, relacionados ao trabalho. O nível de risco é determinado pela combinação da severidade dos possíveis danos e da probabilidade ou chance de sua ocorrência. Perigo x Risco Altura → Queda Superfície quente → Queimadura Tanque de combustível → Explosão Antecipar o risco é analisar e identificar o perigo. Tempo de contrato com o perigo (período de tempo durante o qual o trabalhador fica em contato com o agente de risco). Intensidade o que ocorre o contato (concentração do agente agressivo no ambiente de trabalho). Natureza do agente (capacidade agressiva sobre determinadas condições). A exposição ao risco pode ser, simplificadamente, classificada como: Exposição crônica Exposição a doses menores por um período de tempo maior, longa duração. Quando aplicado a materiais que podem ser inalados ou absorvidos através da pele, refere-se a períodosprolongados ou repetitivos de exposição de duração medida em dias, meses ou anos. Quando aplicado a materiais que são ingeridos, será referido como doses repetitivas com períodos de dias, meses ou anos. O termo crônico não se refere ao grau (mais severo) dos sintomas, mas se importará com a implicação de exposições ou doses que podem ser relativamente perigosas. Exposição aguda É a exposição “de curta duração”. Quando aplicado para materiais que podem ser inalados ou absorvidos através da pele, será referido como uma simples exposição de duração medida em segundos, minutos ou horas. Quando aplicado a materiais que são ingeridos, será referido comumente como uma considerável quantidade ou dose. Classificação dos Riscos Ambientais Divididos em classes específicas, os riscos ambientais podem ser: ✔ Físicos; ✔ Químicos; ✔ Biológicos; ✔ Ergonômico; ✔ Mecânicos (ou de acidentes). As duas últimas categorias, embora não contempladas pela NR 9, que trata do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, devem ser observadas da mesma maneira, já que o objetivo principal é garantir a segurança de toda a equipe. A seguir, veja a descrição detalhada de cada uma das categorias: RISCOS FÍSICOS São aqueles que se referem às características físicas do ambiente, ligadas a fontes de energia, como, por exemplo, vibrações, ruídos excessivos, temperatura extrema, pressão anormal, radiação, tanto nas formas ionizantes quanto não ionizantes, e alterações sonoras, como o ultrassom e o infrassom. RISCOS QUÍMICOS São os produtos, substâncias ou ainda compostos químicos que estão sujeitos à absorção por parte do organismo, seja através do contato direto, pelas vias respiratórias ou ainda ingeridos, como gases ou vapores, névoas, fumaça ou poeira. RISCOS BIOLÓGICOS São as diferentes formas de micro-organismos aos quais os colaboradores possam estar expostos, e cujo contato se dá através da pele, da ingestão ou ainda pelas vias respiratórias, como fungos, bactérias, protozoários, vírus ou parasitas. RISCOS ERGONÔMICOS São os riscos de natureza física ou psicológica, causados pela não adequação do ambiente de trabalho às limitações fisiológicas dos indivíduos, como sobrecarga de peso, intenso esforço físico, postura inadequada, jornada excessiva de trabalho, exigência de produtividade desproporcional, trabalho noturno, repetição de movimentos, entre outros fatores que causam estresse físico ou mental. RISCOS DE ACIDENTES OU MECÂNICOS São os agentes de riscos relacionados a máquinas, equipamentos e outros elementos que podem causar dano e também através da incidência. Dentre eles, ausência de equipamento de proteção, ferramentas com defeito ou inadequadas, risco de explosão ou incêndio, luminosidade inadequada, armazenamento e estocagem inadequados, animais peçonhentos, entre outros fatores que aumentem o risco de acidentes. Índice de Risco Em geral, o estudo de risco se constitui nas seguintes fases: 1 Identificação das fontes de perigo 2 Estimativa da dose resposta 3 Estimativa da exposição 4 Caracterização do risco Costuma-se também manter o estudo de risco separado do gerenciamento de risco uma vez que este último acaba envolvendo considerações sobre dados de risco, assim como informações políticas, sociais, técnicas e econômico- financeiras, todas elas importantes para o desenvolvimento de opções alternativas para o equacionamento dos riscos envolvidos. Deve-se também tomar cuidado para que a fase de estudos/caracterização do risco esteja terminada para que, só após, se inicie a fase de gerenciamento do problema, sob pena de se ter implicações econômicas e políticas alterando sua direção e conclusões. Atenção O problema pode piorar se a fase de estudo/caracterização demorar demais (5 a 10 anos) até o início das primeiras ações concretas na fase de gerenciamento. Durante esse período, podemos ter mudança de consultorias, de exigências de governo e novas estruturas políticas das agências ambientais etc. Medida, Índices e Indicadores de Risco As medidas ou indicadores de risco para fontes de perigo na segurança (processos, ambientes de trabalho, comunidades) são: Fatalidades Danos sobre a saúde Invalidez Perdas econômicas Na área de risco para saúde humana, são expressos em termos de câncer e doenças não cancerígenas tais como efeitos na reprodução humana, trato respiratório, circulatório e neurológico. Os riscos também podem ser expressos como: Individual Probabilidade de dano ou doença no caso de indivíduos altamente expostos em uma população (Um risco de câncer individual de 10-6 ou 1E-6 significa, por exemplo, um incremento de chance em um milhão de desenvolver câncer da exposição a uma fonte de perigo no mesmo nível de uma vida inteira de 70 anos). Populacional Estimativa da incidência no total da população que é potencialmente exposta. Aceitabilidade do Risco Se formos seguir o princípio do risco zero, nenhum risco seria tolerado, não interessando quão pequeno fosse ou quais os benefícios para a sociedade. Na prática, entretanto, nós não vivemos em um mundo livre de riscos. Haverá sempre um risco de fundo para fontes naturais e um pequeno risco será preferível se um risco maior puder ser evitado. Exemplo Suponha a toxicidade de um aditivo de alimento usado para prevenir a sua deterioração versus o risco do alimento ser envenenado pela toxicidade do aditivo. Outro exemplo seria o risco de usarmos raio X para diagnóstico precoce de câncer versus o risco de dano ao tecido exposto ao raio X ou até câncer. Índice de Riscos e o Meio Ambiente Considerando a diversidade, complexidade e escopo dos problemas ambientais de hoje em dia e, mais ainda, a dificuldade dos Governos Federal e Estadual (Agências Estaduais de Meio Ambiente) em analisar, conceber e implantar planos, programas e projetos que valorizem os poucos recursos ainda disponíveis para as áreas ambientais (incluindo aqui o saneamento ambiental: água, esgoto, resíduos, habitação etc.), a ferramenta da gestão e gerenciamento de risco se mostra como uma saída extraordinária para a manutenção da belíssima biodiversidade de recursos naturais brasileiros, invejados internacionalmente e mal reconhecidos por nós. Essencialmente, as políticas nacionais e estaduais relacionadas com o meio ambiente precisam se tornar mais integradas e mais focadas em oportunidades para a melhoria ambiental do que tem sido no passado. Cada problema ambiental apresenta alguma possibilidade de dano à saúde humana, à ecologia, ao sistema econômico ou à qualidade da vida humana, o gerenciamento do risco ambiental tem comprovadamente reduzido eficazmente esses riscos ambientais e valorizados os recursos públicos nele investidos Objetivamente, o conceito, as terminologias e as metodologias analíticas têm ajudado a equacionar discussões disparatadas com linguagens práticas e simples, tanto para comunidades, Ministério Público, Governanças Corporativas, Agências Ambientais e quanto para profissionais da área ambiental, promovendo visão única, comprometimentos, intencionalidades e alinhamento para obtenção de realizações nunca antes vistas (Breakthrough results). Isso significa propiciar à nossa nação políticas e diretrizes ambientais de forma consistente e sistemática. Atividade 1. Para a Estimativa dos Riscos e sua avaliação, deve-se considerar os seguintes fatores: a) A severidade de lesões potenciais e a probabilidade de suas ocorrências. b) Apenas a severidade e a natureza das lesões críticas ou potenciais. c) A origem dos danos e suas consequências maiores. d) A relação entre efeito e frequência no caso de avaliações quantitativas. e) Apenas as questões relacionadas à probabilidade de sua ocorrência. 2. A probabilidade de ocorrência inclui dois fatores: a) A estimativa dos custos e o tempo da intercorrência da perda. b) A frequência de exposição e a probabilidade da lesão. c) A frequência do risco e a avaliação do custeio previdenciário. d) O controlede perdas de forma geral não limitando este processo. e) As avaliações preliminares dos riscos gerenciais. 3. Em relação à frequência da exposição, deveremos considerar: a) Exposição frequente é aquela que ocorre uma vez ao dia. b) Exposição ocasional ocorre somente uma vez por semana. c) Chamamos de exposição rara aquela que somente ocorre uma vez ao ano. d) Exposição frequente é aquela em que a exposição ao risco ocorre várias vezes ao dia. e) Exposição ocasional tem o mesmo enquadramento da frequente. Referências ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Normas relativas à prevenção e combate a incêndios e explosões. ARAÚJO e LIMA, Júlio C. de & LOPES, João C. G. Estudos de Perigos e Operabilidade (Hazards and Operability Studies). Curso de Engenharia da Confiabilidade. IBP - Instituto Brasileiro de Petróleo, 1994. BRITO, Osias Santana. Gestão de riscos: uma abordagem orientada a riscos operacionais. São Paulo: Savaiva, 2007. OLIVEIRA, Maria Cecília de. HazOp - Análise de Perigos e Operabilidade. Curso Técnicas de Análise de Risco. CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. São Paulo, 1993. Próximos Passos A evolução da Legislação Ambiental no Brasil; Questão dos crimes ambientais; Política Nacional do Meio Ambiente e seus reflexos no gerenciamento dos riscos. Explore mais Não deixe de visitar os sites a seguir. Eles contêm informações relevantes e complementares sobre o tema que acabamos de estudar. Risco X Perigo <https://www.youtube.com/watch?v=P0Y2nt0YFkw> ; Diferença entre “RISCO” e “PERIGO” <https://www.youtube.com/watch?v=dxBWY_YMGyQ> .
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