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51 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 02 /1 5 AUDITORIA Unidade III 7 O RELATÓRIO (PARECER) DE AUDITORIA: REDAÇÃO, MODALIDADES E DESTINATÁRIOS A Resolução CFC nº 1.231/2009 aprovou a NBC‑TA 700 que trata da formação da opinião e emissão do relatório do auditor independente sobre as demonstrações financeiras. Essa norma aborda a responsabilidade do auditor em formar a sua opinião sobre as demonstrações financeiras e a forma e o conteúdo do relatório final emitido como fruto do trabalho de auditoria. Devido ao processo de convergência das normas brasileiras de contabilidade com as normas internacionais de contabilidade, a auditoria também está sendo convergida com os moldes das normas internacionais equivalentes, de modo que temos a nossa nomenclatura conforme essa adequação. Esse é o motivo pelo qual a norma NBC‑TA 700 apresenta o texto Formação de Opinião e Relatório do Auditor Independente. Contudo, esse relatório é aquele que chamamos de Parecer dos Auditores Independentes, no qual o auditor expressa a sua opinião sobre as demonstrações financeiras examinadas. Como foi dito, os resultados dos trabalhos de auditoria podem ser apresentados sob a forma de parecer de auditoria, quando da realização de auditorias sobre as demonstrações financeiras, ou sob a forma de relatórios amplos, que são mais adequados para a auditoria operacional, como demonstrado na figura anterior. Objetivamente, o relatório de auditoria deve expressar, de forma clara, se, na opinião do auditor, as demonstrações financeiras auditadas em todos os aspectos relevantes representam, adequadamente ou não, as posições – patrimonial e financeira, o resultado e as variações das operações ali expressas, consoante às disposições normativas na data do levantamento e ao período a que correspondem. Cabe ao auditor revisar e avaliar todas as conclusões obtidas como forma de suporte à emissão de seu parecer, o que implica a elaboração de uma opinião cabível e conveniente sobre as demonstrações. 7.1 Tipos de relatórios (pareceres) De acordo com a natureza de opinião, os relatórios classificam‑se em: • Relatório com opinião não modificada ou sem modificações (anterior parecer limpo ou sem ressalva). 52 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 02 /1 5 Unidade III É a opinião expressa pelo auditor quando ele conclui que as demonstrações contábeis são elaboradas, em todos os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável (os itens 35 e 36 da NBC‑TA 700 – Resolução CFC 1231/09 tratam das frases usadas para expressar essa opinião no caso da estrutura de apresentação adequada e da estrutura de conformidade, respectivamente). Relatórios de auditoria O relatório do auditor é a peça mais importante da auditoria realizada. Ele representa fase principal do trabalho do auditor, que é a comunicação dos resultados. Um relatório mal apresentado e que permita a contestação do auditado ou possibilita à direção da empresa fazer uma má avaliação de todo um trabalho efetuado, significa a desmoralização do valor da auditoria e, por fim, a desmoralização do próprio profissional. Já vimos situação em que, durante a fase de apuração dos fatos, o auditor era exímio conhecedor das técnicas e procedimentos da área onde atuava e, no entanto, na apresentação do relatório, conseguiu desmerecer todos os seus atributos técnicos, levando ao fracasso um excelente trabalho de campo. Não temos objetivo de aqui ensinar como fazer relatórios. Buscamos, através de conceitos já consagrados e pela própria experiência, trazer aos profissionais de auditoria, subsídios, que, em nosso entender, são abrangentes e podem ser enquadrados e observados na elaboração dos relatórios de auditoria, qualquer que seja a empresa. É através do relatório que o auditor vai mostrar o que foi examinado. É nesse momento que a direção da empresa e os envolvidos na execução das tarefas vão ser informados sobre o que pode ser melhorado. É fundamental, portanto, que todo o trabalho de auditoria seja previamente planejado e estruturado, com conclusões lógicas e eficientes. Essa responsabilidade cabe única e exclusivamente ao auditor, que deve ter a prudência de dizer as coisas certas, no momento certo. Muitas vezes, porém, o auditor desperdiça relatórios, apresentando os fatos de maneira desordenada e apresentando sugestões incompatíveis às soluções esperadas. Se o auditor conseguir fazer com que seu relatório seja facilmente compreendido por quem quer que leia, com toda certeza poderá assegurar‑se de que o seu “produto” vai ser aceito e que a alta direção da empresa saberá valorizar e apreciar o seu trabalho. 53 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 02 /1 5 AUDITORIA Finalidade • meio de informar o resultado de nossos trabalhos; • “produto” fornecido pelo auditor. Deve ser: • cuidadosamente imaginado; • adequadamente planejado; • bem‑escrito. Deve conter: • fatos constatados e de relevância; • sugestões e recomendações para melhoras efetivas; • procedimentos não observados; • comentários do auditado. Para o auditor será: • o atestado de que notou a anormalidade e a comunicou; • uma imposição à gerência para que corrija a situação ou explique por que não a corrige; • o relatório bem‑escrito reduz o tempo de estudo, entendimento e discussão pela gerência; • o contato do auditor com a alta administração deve causar boa impressão. Fonte: Portal... (s.d.). Observação Fique atento aos tipos de relatórios: relatórios finais sintéticos; relatórios finais analíticos; relatórios especiais; relatórios parciais; relatórios verbais. 54 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 02 /1 5 Unidade III Saiba mais Para inteirar‑se mais acerca desse tipo de relatório, consulte a citada Resolução CFC em: CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC‑TA 700 – Formação da opinião e emissão do relatório do auditor independente sobre as demonstrações contábeis. Brasília − DF, 2009. Disponível em: <http://www. cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2009/001231>. Acesso em: 27 jan. 2015. • Relatório com opinião modificada (anterior parecer com ressalva). Nesse documento, o objetivo do auditor é expressar claramente uma opinião modificada de forma apropriada sobre as demonstrações contábeis, que é necessária quando: — o auditor conclui, com base em evidência de auditoria obtida, que as demonstrações contábeis, como um todo, apresentam distorções relevantes; ou — o auditor não consegue obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para concluir que as demonstrações contábeis como um todo não apresentam distorções relevantes. Parecer dos auditores independentes Aos Acionistas, Conselheiros e Diretores da Entidade X Cidade − Estado 1. Examinamos os balanços patrimoniais (controladora e consolidado – quando aplicável) da Entidade X em 31 de dezembro de 2008 e de 2007, e as respectivas demonstrações do resultado. das mutações do patrimônio líquido. dos fluxos de caixa e do valor adicionado (quando aplicável). correspondentes aos exercícios findos naquelas datas. elaborados sob a responsabilidade de sua Administração. Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre essas demonstrações contábeis. 2. Nossos exames foram conduzidos de acordo com as normas de auditoria aplicáveis no Brasil e compreenderam: (a) o planejamento dos trabalhos. considerando a relevância dos saldos. o volume de transações e os sistemas contábil e de controles internos da Entidade; (b) a constatação, com base em testes. das evidências e dos registros que suportam os valores e as informações contábeis divulgados; e (c) a avaliação das práticas e das estimativas contábeis mais representativas adotadas pela Administração da Entidade. bem como da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto. 55 Re vi sã o: C arla - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 02 /1 5 AUDITORIA 3. Em nossa opinião. as demonstrações contábeis acima referidas representam adequadamente. em todos os aspectos relevantes. a posição patrimonial e financeira da Entidade X em 31 de dezembro de 2008 e de 2007. o resultado de suas operações, as mutações de seu patrimônio líquido. os seus fluxos de caixa e os valores adicionados (quando aplicável) nas operações referentes aos exercícios findos nessas datas. de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. LOCAL E DATA ASSINATURA Nome do auditor – Silvio Aparecido Crepaldi Contador − CRC‑MG 29.313 Nome da empresa de auditoria Registro cadastral no CRC Fonte: Crepaldi (2006). Parecer sem ressalva O parecer sem ressalva é emitido quando o auditor conclui, sobre todo aspectos relevantes, que: • as demonstrações contábeis foram preparadas de acordo com os princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade; e • há apropriada divulgação de todos os assuntos relevantes das demonstrações contábeis. O parecer sem ressalva implica afirmação de que tenha havido alterações em procedimentos contábeis, e os efeitos delas foram adequadamente determinados e revelados nas demonstrações contábeis. Nesses casos, não é requerida nenhuma referência no parecer. Parecer com ressalva O parecer com ressalva deve obedecer ao modelo do parecer sem ressalva modificado no parágrafo de opinião, com a utilização das expressões “exceto por”, “exceto quanto” ou “com exceção se”, referindo‑se aos efeitos do assunto objeto da res salva. Não é aceitável nenhuma outra expressão na redação desse tipo de parecer. No caso de limitação na extensão do trabalho, o parágrafo referente à extensão também será modificado para refletir tal circunstância. • Relatório com opinião modificada na condição de adverso. O auditor deve expressar uma opinião adversa quando, tendo obtido evidência de auditoria apropriada e suficiente, conclui que as distorções, individualmente ou em conjunto, são relevantes e generalizadas para as demonstrações contábeis. 56 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 02 /1 5 Unidade III Quando o auditor expressa uma opinião adversa, ele deve especificar no parágrafo da opinião que, em sua opinião, devido à relevância do(s) assunto(s) descrito(s) no parágrafo sobre a base para opinião adversa: — as demonstrações contábeis não estão apresentadas adequadamente (ou não apresentam uma visão verdadeira e justa), de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável quando o relatório é emitido de acordo com uma estrutura que tem como objetivo a apresentação adequada; ou — as demonstrações contábeis não foram elaboradas adequadamente, em todos os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável quando o relatório é emitido de acordo com a estrutura de conformidade. • Relatório com opinião modificada na condição de abstenção de opinião. O auditor deve abster‑se de expressar uma opinião quando não consegue sustentá‑la por evidência apropriada e suficiente de auditoria, assim como conclui que os possíveis efeitos de distorções não detectadas sobre as demonstrações contábeis, se houver, podem ser relevantes e generalizados. Deve abster‑se de expressar uma opinião quando, em circunstâncias extremamente raras envolvendo diversas incertezas, conclui que, independentemente de ter obtido evidência de auditoria apropriada e suficiente sobre cada uma das incertezas, não é possível expressar uma opinião sobre as demonstrações contábeis, devido à possível interação das incertezas e seu possível efeito cumulativo sobre essas demonstrações contábeis. Quando o auditor se abstém de expressar uma opinião devido à impossibilidade de obter evidência de auditoria apropriada e suficiente, ele deve especificar no parágrafo da opinião que: devido à relevância do(s) assunto(s) descrito(s) no parágrafo sobre a base para abstenção de opinião, não conseguiu obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para fundamentar sua opinião de auditoria e, consequentemente, não expressa opinião sobre as demonstrações contábeis. Observação A abstenção de opinião em relação às demonstrações contábeis não elimina a responsabilidade de o auditor mencionar, no parecer, qualquer desvio relevante que possa influenciar a decisão do usuário dessas demonstrações. Saiba mais Para saber mais, consulte toda a série das NBC‑TA 700 – Formação da opinião e emissão do relatório do auditor independente sobre as demonstrações contábeis: 57 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 02 /1 5 AUDITORIA CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resoluções, ementas e normas do CFC. [s.d.]. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/Default.aspx>. Acesso em: 11 fev. 2015. Quais sejam: Resolução CFC 1231/09 à NBC‑TA 700 – Formação da opinião e emissão do relatório do auditor independente; Resolução CFC 1232/09 à NBC‑TA 705 – Modificação na opinião do auditor independente; Resolução CFC 1233/09 à NBC‑TA 706 – Parágrafos de ênfase e parágrafos de outros assuntos; Resolução CFC 1234/09 à NBC‑TA 710 – Informações comparativas – valores correspondentes e demonstrações contábeis comparativas; Resolução CFC 1235/09 à NBC‑TA 720 – Responsabilidade do Auditor em Relação a outras informações incluídas em documentos que contenham demonstrações contábeis auditadas. 8 AS TOMADAS E PRESTAÇÕES DE CONTAS 8.1 Aspectos conceituais As tomadas e prestação de contas têm a função de verificar as informações prestadas pelos administradores das empresas públicas e privadas e analisar os atos e fatos da gestão. 8.2 Ciclos dos processos Os ciclos dos processos visam estabelecer metas, para que o controle externo possa delinear os fatos, realizando o julgamento das contas. 8.3 Julgamento das contas pelo controle externo O julgamento das contas pelo controle externo visa dar uma opinião que estabelece se tais contas estão ou não contabilizadas de acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade e os Princípios de Contabilidade. Julgamento profissional por parte do auditor é a aplicação do treinamento, conhecimento e experiência relevantes, dentro do contexto fornecido pelas normas de auditoria, contábeis e éticas, na tomada de decisões informadas a respeito dos cursos de ação apropriados nas circunstâncias do trabalho de auditoria. 58 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 02 /1 5 Unidade III Edição Extra de 10/Novembro/2010 Editorial: Fraude no Banco Panamericano A manchete do jornal O Estado de São Paulo de 10/11/2010, em sua primeira página, diz: “Banco Panamericano recebe R$ 2,5 bi para cobrir fraude”; “Rombo leva a Instituição de Silvio Santos, que tem a CEF como sócia, a buscar ajuda de fundo garantidor”. Explicamos melhor: o fundo garantidor mencionado é o FGC, Fundo Garantidor de Crédito, uma associação sem fins lucrativos, de direito privado, criada em 1995, para montar um sistema de garantias dos depósitos bancários no Brasil. Seu objetivo, segundo seu site é o de prestar garantia de créditos contra instituições associadas, nas hipóteses de: 1) decretação da intervenção, liquidação extrajudicial ou falência da associada; e 2) reconhecimento, pelo Banco Central do Brasil, do estado de insolvência da associada. Portanto, deve ter sido necessário o reconhecimento, pelo FGC, do estado de insolvência do Banco Panamericano, evidentemente através de um parecer formal do BCB, o Banco Central do Brasil. Curiosamente, A CEF – Caixa Econômica Federal – que é 100% da União e, portanto, dos brasileiros, adquiriu a aquisição de 49% das ações do Panamericano no final de 2009. De fato, diz o relatório do Panamericano referente às Demonstrações Financeiras de 30/ Junho/2010: “Em dezembro de 2009, a Silvio Santos Participações Ltda. Celebrou ou o contrato de compra e venda de ações coma Caixa Participações S.A. – Caixapar, subsidiária da Caixa Econômica Federal, pelo qual a Caixa passou a deter, indiretamente, participação equivalente a 35% do capital total (49% do capital votante) do Banco Panamericano S.A. A operação foi objeto de avaliação por parte do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), o qual aprovou a operação sem restrições em 02/07/10. Em 19 de julho de 2010, o Banco Central do Brasil também autorizou a operação de associação sem restrições. A aprovação do Banco Central, que ocorreu dentro dos prazos e expectativas previstos, permitirá ao Panamericano expandir projetos já em andamento como o financiamento imobiliário, o crédito consignado em conjunto com a Caixa e o credenciamento da rede do Panamericano como correspondente da Caixa. Novas iniciativas como o financiamento de carros novos, leasing, lançamento do seguro habitacional e de cartões pré‑pagos e híbridos também estão nos planos.” O parecer da Auditoria Deloitte é bastante claro e está transcrito a partir da mesma fonte da nota 2 abaixo: Nota 3. Em nossa opinião, as demonstrações financeiras referidas no parágrafo 1 representam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira, individual e consolidada, do Banco Panamericano S.A. em 30 de junho de 2010 e de 2009, o resultado de suas operações, os seus fluxos de caixa, as mutações de seu patrimônio líquido (controlador) e os valores adicionados nas operações correspondentes 59 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 02 /1 5 AUDITORIA aos semestres findos naquelas datas, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil aplicáveis às instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil. São Paulo, 12 de agosto de 2010, Deloitte Touche Tohmatsu Auditores Independentes, CRC nº 2 SP 011609/O‑8, José Barbosa da Silva Júnior, Contador CRC nº 1 SP 128132/O‑0. Como se deduz dos textos acima, a enorme falha do Banco se estende mais amplamente à toda diretoria do banco, ao seu conselho, ccionistas controladores, ao Comitê de Controles Internos e atinge também em cheio a Caixa, os seus trabalhos de due diligence, à empresa de auditoria, e até ao próprio Banco Central, que possivelmente foi quem descobriu os furos. Poderia ter descoberto antes da CEF entrar no negócio? Possivelmente. Somos nós, brasileiros, que vamos pagar esse furo, infelizmente. Onde estão os sistemas de controles internos, Basiléia I, Basiléia II, Sarbanes Oxley? Montados “para inglês ver”? Lastimável! Fonte: EFC (2010). Resumo Alguns autores, como Lopez (apud SÁ, 1998), entendem que a auditoria tem objetos básicos e secundários. Os primeiros seriam os da opinião da fidedignidade das demonstrações contábeis e até extracontábeis, e o segundo, relativo a matérias como os das descobertas de erros e fraudes, informações sobre o controle interno, assistência econômico‑financeira e outras. Geralmente, nas auditorias, que têm também a finalidade da apuração de erros e fraudes, ocorrem as revisões integrais dos documentos relativos à conta examinada e dos registros contábeis, confundindo‑se com a perícia contábil, que consiste num exame localizado de menor extensão. Quanto à relação da entidade auditada com o auditor, podemos classificar a auditoria da seguinte maneira: auditoria interna, externa e governamental. Muitas empresas entendem que o objeto principal de uma auditoria é apenas descobrir e proteger a empresa contra fraudes e evitar multas fiscais, esquecendo‑se da importância dos objetos básicos como da eficácia e eficiência. Assim, as alterações ocorridas nas contas e nas demonstrações financeiras são conhecimento e controle direto da empresa, e o conhecimento do auditor dessas transações é limitado àquele adquirido mediante seu exame. Consequentemente, a forma e a qualidade de apresentação dos dados nas demonstrações financeiras é responsabilidade da empresa. 60 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 02 /1 5 Unidade III O auditor deve fazer sugestões quanto à forma e ao conteúdo das demonstrações financeiras. Contudo, sua responsabilidade limita‑se à emissão do parecer sobre as demonstrações executadas. A auditoria governamental diverge da auditoria contábil quanto aos objetivos, mas se assemelham quanto aos procedimentos e às fontes de informações. De forma genérica, poderíamos atribuir a sua responsabilidade ao auditor fiscal e auditor interno das três esferas governamentais, federal, estadual e municipal. O auditor fiscal tem o objetivo de observar o cumprimento das obrigações tributárias, trabalhistas e sociais, ao examinar a situação de um contribuinte. Infelizmente, em diversas vezes, identifica um fato gerador do imposto, que é mantido oculto e de forma ilícita, com a finalidade do não pagamento do tributo. O auditor interno, ao realizar a auditoria das contas públicas ou a auditoria financeira e orçamentária, tem como finalidade principal o exame e o julgamento da legalidade das contas e das gestões administrativas. Ultimamente, devido a uma maior regulamentação das gestões e contas públicas, as irregularidades originadas por fraudes vêm aparecendo em maior grau em nossa mídia, o que requer cada vez mais uma maior especialização desses profissionais. Como podemos verificar, para não encontrarem dificuldades no exercício de suas funções, o auditor interno, o auditor independente, bem como o auditor fiscal, devem conhecer como se praticam as fraudes e os casos mais frequentes, ou seja, conforme Sá (1982, p. 16), “é necessário um auditor saber como analisar as possibilidades de ocorrência de fraudes, para identificar os seus indícios, sendo esse conhecimento, condição essencial para sua formação profissional”. Exercícios Questão 1. (Enade, 2006) A diretoria da Cia. Itacolomy, empresa do comércio varejista, com filiais em todo o Brasil, preocupada com a guarda e segurança de seus arquivos de dados, das informações que envolvem o processamento eletrônico e da perfeita reconstituição de relatórios e demonstrações contábeis, reúne‑se com a área responsável para estabelecer as normas e os procedimentos de segurança que deverão ser adotados em relação ao assunto. Qual é o procedimento que a empresa deve adotar para assegurar a recuperação de seus dados? 61 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 02 /1 5 AUDITORIA A) Cuidar para que existam cópias de segurança e centros de contingências de processamento de dados. B) Determinar que os procedimentos sistêmicos e os controles do sistema sejam de conhecimento restrito do departamento de informática da empresa. C) Criar um setor de armazenamento, de modo que todos os arquivos de dados estejam na sede da empresa. D) Permitir que os funcionários tenham acesso ilimitado aos sistemas de dados da empresa. E) Exigir que todos os documentos sejam guardados durante a existência da empresa. Resposta correta: alternativa A. Análise das alternativas A) Alternativa correta. Justificativa: providências relacionadas com a manutenção de cópias de segurança e a possibilidade de utilização de centros/locais alternativos em casos de contingências são providências bem adequadas para o tratamento da questão mencionada. B) Alternativa incorreta. Justificativa: a medida mencionada na alternativa, embora possa contribuir para uma maior confidencialidade, poderia ocasionar riscos significativos de segurança para os dados e as informações da empresa. C) Alternativa incorreta. Justificativa: essa medida coloca todas as condições de segurança em um único local, impedindo a reconstituição dos dados e das informações por centros de contingência de processamento de dados. D) Alternativa incorreta. Justificativa: trata‑se de uma medida que pode comprometer o sigilo e a segurança dos dados da empresa. E) Alternativa incorreta. Justificativa: essa medida costuma ser cara e ineficiente.Certamente, muitos documentos devem permanecer arquivados a partir de seus próprios originais, mas com o intuito de cobrir aspectos legais e fiscais, havendo, para isso, legislação emanada de vários órgãos públicos. 62 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 02 /1 5 Unidade III Questão 2. (Enade, 2006) Um auditor externo, em procedimento para confirmação dos passivos tributários e trabalhistas, solicita à empresa auditada que envie carta aos escritórios de advocacia contratados para confirmar a existência de processos, classificando‑os de acordo com o risco e a probabilidade de êxito em “possíveis, prováveis e remotos”. Qual a denominação desse procedimento? A) Constituição. B) Certificação. C) Constatação. D) Conciliação. E) Circularização. Resolução desta questão na plataforma. 63 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 02 /1 5 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. 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Acesso em: 12 fev. 2015. 67 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 02 /1 5 68 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 02 /1 5 Informações: www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000
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