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Universidade de Brasília Faculdade de Educação Física Bacharelado em Educação Física RAPHAEL LOPES OLEGÁRIO ANSIEDADE E FATORES ASSOCIADOS EM ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM RESPOSTA AO ENSINO REMOTO EMERGENCIAL DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19: UMA INVESTIGAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA MONOGRAFIA Brasília - DF 2022 RAPHAEL LOPES OLEGÁRIO ANSIEDADE E FATORES ASSOCIADOS EM ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM RESPOSTA AO ENSINO REMOTO EMERGENCIAL DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19: UMA INVESTIGAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel em Educação Física, sob orientação da Profa. Dra. Rosana Amaro. Brasília - DF 2022 Ficha catalográfica elaborada automaticamente, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a) La Lopes Olegário, Raphael Ansiedade e fatores associados em acadêmicos de Educação Física em resposta ao Ensino Remoto Emergencial durante a pandemia de COVID-19: uma investigação teórico-empírica / Raphael Lopes Olegário; orientador Rosana Amaro. -- Brasília, 2022. 59 p. Monografia (Graduação - Educação Física) -- Universidade de Brasília, 2022. 1. Ensino Remoto. 2. Ansiedade. 3. Educação Online. 4. COVID-19. I. Amaro, Rosana, orient. II. Título. RAPHAEL LOPES OLEGÁRIO ANSIEDADE E FATORES ASSOCIADOS EM ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM RESPOSTA AO ENSINO REMOTO EMERGENCIAL DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19: UMA INVESTIGAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA BANCA EXAMINADORA Profa. Dra. Rosana Amaro (Orientadora) Faculdade de Educação Física Universidade de Brasília Profa. Dra. Cláudia Goulart Faculdade de Educação Física Universidade de Brasília Prof. Dr. Renato Bastos Faculdade de Educação Física Universidade de Brasília Brasília - DF 2022 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais que, desde cedo, me ensinaram o valor incomensurável da educação. AGRADECIMENTOS A Universidade de Brasília, seu corpo docente, direção e administração que oportunizaram a janela que hoje vislumbro um horizonte superior, eivado pela acendrada confiança no mérito e ética aqui presentes. A minha orientadora Profa. Dra. Rosana Amaro, por todos os valiosos ensinamentos ao longo de minha trajetória de formação acadêmica e profissional, assim como pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos. A Profa. Dra. Cláudia Goulart e Prof. Dr. Renato Bastos, que sempre me ajudaram e orientaram com sua vasta experiência e conhecimentos, com ensinamos valiosos que contribuem muito com a minha trajetória. A colega Cinthya Costa, pelo incentivo e suporte com as perguntas presentes no instrumento de pesquisa em campo deste manuscrito. Aos meus pais e familiares por sempre me incentivarem ao longo de minha jornada e por acreditarem que eu seria capaz de superar os obstáculos que a vida me apresentou desde o início. A todos aqueles que, direta ou indiretamente, fizeram parte da minha jornada e contribuíram com minha formação acadêmica e profissional. Muito obrigado! RL Olegário “Just give the brain the information and it will figure it out.” David Eagleman – Neurocientista RESUMO OLEGÁRIO, Raphael Lopes. Ansiedade e fatores associados em acadêmicos de Educação Física em resposta ao Ensino Remoto Emergencial durante a pandemia de COVID-19: Uma investigação teórico-prática. 59 f. Trabalho de Conclusão de Curso. (Bacharelado em Educação Física) — Graduação em Educação Física. Faculdade de Educação Física, Universidade de Brasília, Brasília, 2022. Este estudo se apresenta no contexto da adoção do Ensino Remoto Emergencial (ERE) pelas instituições de educação formal do Ensino Superior em decorrência da pandemia de COVID- 19, e teve como objetivo investigar a relação da ansiedade desencadeada devido a adoção do ERE na formação de acadêmicos de Educação Física (EF). Buscou-se com os objetivos específicos: esquematizar fatores do ERE desencadeadores de ansiedade relatados pela literatura científica, avaliar possíveis fatores do ERE que podem ter desencadeado quadros de ansiedade e avaliar impactos do ERE na formação de acadêmicos de EF. A fundamentação teórica se embasou em um modelo em tríade contemplando três perspectivas teórico- investigativas (digital-educacional, motivacional e da subjetividade). Referente ao delineamento metodológico, trata-se de um estudo quali-quantitativo e exploratório com abordagem teórico-empírica quanto aos meios de investigação com divisão metodológica em três etapas (levantamento bibliográfico, coleta de dados e análise correlacional). Para o recorte populacional teórico foram acadêmicos do Ensino Superior e para o recorte amostral empírico foram acadêmicos de EF. A investigação teórica resultou em ∑n = 12 estudos e a investigação empírica resultou na participação de ∑n = 46 estudantes. Para o tratamento e análise dos dados recorreu-se a extração de dados com síntese qualitativa em desfechos específicos para investigação teórica e representação gráfica, descritiva e correlacional para investigação empírica. A partir dos dados, os fatores relacionais com maiores predominâncias foram: ausência de contato face-a-face, dificuldade de ambiente adequado para estudo, pouca interação entre aluno e professor e dificuldade de adaptação metodológica, para investigação empírica e ausência de aulas práticas, falta de interação, dificuldade de interações e problemas de conexão, além de predominância alta de respondentes em perguntas que relacionavam sentimentos de nervosismo/estresse/irritações e pensamentos de incapacidade, para investigação empírica. Nesse sentido, acredita-se que a partir das resultantes obtidas nesse estudo é necessário garantir e priorizar a saúde física e mental dos estudantes universitários durante e após o período pandêmico. Dessa forma novas estratégias são necessárias para garantir a saúde mental dos estudantes universitários, assim como há necessidade de desenvolver e aprimorar ambientes ERE no ensino superior. Palavras-chave: Ensino Remoto. Ansiedade. Educação Online. COVID-19. ABSTRACT OLEGÁRIO, Raphael Lopes. Anxiety and associated factors in Physical Education students in response to Emergency Remote Teaching during the COVID-19 pandemic: A theoretical-practical investigation. 59 p. Undergraduate Thesis. (Bachelor of Physical Education) — Undergraduate in Physical Education. Faculty of Physical Education, University of Brasília, Brasília, 2022. This study is presented in the context of the adoption of Emergency Remote Teaching (ERE) by formal higher education institutions as a result of the COVID-19 pandemic, and aimed to investigate the relationship of anxiety triggered due to the adoption of ERE in the training of students. Physical Education (PE) students. The specific objectives were: to outline the ERE factors that trigger anxiety reported by the scientific literature, to evaluate possible ERE factors that may have triggered anxiety and to evaluate the ERE impacts on the education of PE students. The theoretical foundation was based on a triad model contemplating three theoretical- investigative perspectives (digital-educational, motivational and subjectivity). Regarding the methodological design, it is a qualitative-quantitative and exploratory study with a theoretical- empirical approach regarding the means of investigation with methodological division into three stages (bibliographic survey, data collection and correlational analysis). The theoretical population cut washigher education academics and the empirical sample cut was PE academics. The theoretical investigation resulted in ∑n = 12 studies and the empirical investigation resulted in the participation of ∑n = 46 students. For data processing and analysis, data extraction was used with qualitative synthesis in specific outcomes for theoretical investigation and graphic, descriptive and correlational representation for empirical investigation. Based on the data, the most predominant relational factors were: lack of face-to-face contact, difficulty in having an adequate environment for study, little interaction between student and teacher and difficulty in methodological adaptation, for empirical investigation and absence of practical classes, lack of interaction, difficulty in interactions and connection problems, in addition to a high predominance of respondents in questions that related feelings of nervousness/stress/irritations and thoughts of incapacity, for empirical investigation. In this sense, it is believed that based on the results obtained in this study, it is necessary to guarantee and prioritize the physical and mental health of university students during and after the pandemic period. Thus, new strategies are needed to ensure the mental health of university students, as there is a need to develop and improve ERE environments in higher education. Keywords: Remote Teaching. Anxiety. Online Education. COVID-19. RESUMEN OLEGÁRIO, Raphael Lopes. Ansiedad y factores asociados en estudiantes de Educación Física en respuesta a la Enseñanza Remota de Emergencia durante la pandemia del COVID-19: Una investigación teórico-práctica. 59 p. Trabajo de Finalización de Curso. (Bachillerato en Educación Física) — Grado en Educación Física. Facultad de Educación Física, Universidad de Brasilia, Brasilia, 2022. Este estudio se presenta en el contexto de la adopción de la Enseñanza a Distancia de Emergencia (ERE) por parte de las instituciones formales de educación superior como resultado de la pandemia de COVID-19, y tuvo como objetivo investigar la relación de ansiedad desencadenada por la adopción de la ERE en la formación. de los estudiantes Académicos de Educación Física (PE). Los objetivos específicos fueron: perfilar los factores ERE desencadenantes de ansiedad reportados por la literatura científica, evaluar posibles factores ERE desencadenantes de ansiedad y evaluar los impactos de los ERE en la educación de los estudiantes de EF. La fundamentación teórica se basó en un modelo de tríada que contempla tres perspectivas teórico-investigativas (digital-educativa, motivacional y subjetividad). En cuanto al diseño metodológico, se trata de un estudio cualitativo-cuantitativo y exploratorio con enfoque teórico-empírico en cuanto a los medios de investigación con división metodológica en tres etapas (relevamiento bibliográfico, recolección de datos y análisis correlacional). El corte de la población teórica fue académicos de educación superior y el corte de la muestra empírica fue académicos de educación física. La investigación teórica resultó en ∑n = 12 estudios y la investigación empírica resultó en la participación de ∑n = 46 estudiantes. Para el procesamiento y análisis de datos se utilizó la extracción de datos con síntesis cualitativa en resultados específicos para la investigación teórica y representación gráfica, descriptiva y correlacional para la investigación empírica. Con base en los datos, los factores relacionales más predominantes fueron: falta de contacto presencial, dificultad para tener un ambiente adecuado para el estudio, poca interacción entre estudiante y docente y dificultad en la adaptación metodológica, para la investigación empírica y ausencia de clases prácticas. , falta de interacción, dificultad en las interacciones y problemas de conexión, además de un alto predominio de encuestados en preguntas que relacionaban sentimientos de nerviosismo/estrés/irritaciones y pensamientos de incapacidad, para la investigación empírica. En ese sentido, se cree que a partir de los resultados obtenidos en este estudio es necesario garantizar y priorizar la salud física y mental de los universitarios durante y después del período de pandemia. Por lo tanto, se necesitan nuevas estrategias para garantizar la salud mental de los estudiantes universitarios, ya que existe la necesidad de desarrollar y mejorar los entornos ERE en la educación superior. Palabras-clave: Aprendizaje Remoto. Ansiedad. Educación en línea. COVID-19. LISTA DE GRÁFICO GRÁFICO 1 — PROPORÇÃO DE ADULTOS QUE RELATAM SINTOMAS DE ANSIEDADE E/OU TRANSTORNO DEPRESSIVO DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 ................................... 2 GRÁFICO 2— DEDICAÇÃO INTEGRAL AO CURSO OU DEDICAÇÃO ACRESCIDA COM ROTINA DE TRABALHO ......................................................................................................................... 11 GRÁFICO 3— AMBIENTE DOMÉSTICO COMO FATOR DIFICULTADOR PARA ACOMPANHAMENTO DAS DEMANDAS ACADÊMICAS ......................................................... 11 GRÁFICO 4— AMBIENTE DOMÉSTICO COMO FATOR DIFICULTADOR PARA ACOMPANHAMENTO DAS DEMANDAS ACADÊMICAS ......................................................... 12 GRÁFICO 5 — FATORES DIFICULTADORES DO ERE E PERCENTUAL DE RESPONDENTES ...... 12 GRÁFICO 6 — ANSIEDADE AUTO REFERIDA DURANTE O ACOMPANHAMENTO DAS AULAS ONLINE .............................................................................................................................. 13 GRÁFICO 7 — ANSIEDADE AUTO REFERIDA MOTIVADAS PELO ERE ..................................... 13 GRÁFICO 8— DESENCADEAMENTO DE ANSIEDADE AUTO-REFERIDA MOTIVADA PELO ERE14 GRÁFICO 9 — IDENTIFICAÇÃO COMO PESSOA ANSIOSA ......................................................... 14 GRÁFICO 10 — ANSIEDADE AUTO REFERIDO DURANTE O ERE A PARTIR DE PERGUNTAS ESPECÍFICAS ...................................................................................................................... 15 LISTA DE QUADRO QUADRO 1— MAPA DESCRITIVO DA PESQUISA ......................................................................... 3 QUADRO 2 — DESCRITORES UTILIZADOS PARA BUSCA DE ESTUDAS NAS BASES DE DADOS ELETRÔNICAS ...................................................................................................................... 5 QUADRO 3— EXTRAÇÃO DE DADOS RELEVANTES NOS ESTUDOS SELECIONADOS ................... 9 QUADRO 4 — DESCRIÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DO MODELO EM TRÍADE............... 16 QUADRO 5 — TESSITURA TEÓRICO-INVESTIGATIVA REFERENTE A PRIMEIRA ETAPA .......... 18 QUADRO 6 — TESSITURA TEÓRICO-INVESTIGATIVA REFERENTE A SEGUNDA ETAPA ........... 21 QUADRO 7 — TESSITURA TEÓRICO-INVESTIGATIVA REFERENTE A TERCEIRA ETAPA .......... 22 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1— ALGORITMO METODOLÓGICO .............................................................................. 4 FIGURA 2 —FLUXOGRAMA DE SELEÇÃO DE ESTUDOS ATRAVÉS DAS BASES DE DADOS ELETRÔNICAS ...................................................................................................................... 8 FIGURA 3 — TRÍADE DE PERSPECTIVAS TEÓRICO-INVESTIGATIVAS ..................................... 16 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA (DADOS DEMOGRÁFICOS GERAIS) .................. 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CID Classificação Internacional de Doenças COVID-19 Coronavírus-19 OMS Organização Mundial de Saúde SARS-CoV Severe Acute Respiratory Syndrome CoronavirusSUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1 MÉTODOS ............................................................................................................................................ 4 Primeira etapa metodológica ............................................................................................................ 5 Segunda etapa metodológica ............................................................................................................ 6 Terceira etapa metodológica ............................................................................................................ 6 RESULTADOS ...................................................................................................................................... 8 Primeira etapa resultante ................................................................................................................. 8 Segunda etapa resultante ................................................................................................................ 10 Dados demográficos gerais ........................................................................................................... 10 Dados sobre o ERE ....................................................................................................................... 11 Dados sobre ansiedade ................................................................................................................. 13 Terceira etapa resultante ................................................................................................................ 15 DISCUSSÃO ........................................................................................................................................ 16 Primeira etapa discursiva ............................................................................................................... 17 Perspectiva digital-educacional ..................................................................................................... 17 Perspectiva motivacional ............................................................................................................... 17 Perspectiva da subjetividade ......................................................................................................... 18 Tessitura teórico-investigativa da primeira etapa .......................................................................... 18 Segunda etapa discursiva................................................................................................................ 19 Perspectiva digital-educacional ..................................................................................................... 19 Perspectiva motivacional ............................................................................................................... 20 Perspectiva da subjetividade ......................................................................................................... 20 Tessitura teórico-investigativa da segunda etapa .......................................................................... 21 Terceira etapa discursiva................................................................................................................ 21 Perspectiva digital-educacional ..................................................................................................... 21 Perspectiva motivacional ............................................................................................................... 22 Perspectiva da subjetividade ......................................................................................................... 22 Tessitura teórico-investigativa da terceira etapa ........................................................................... 22 CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 23 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 25 APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ........................ 29 APÊNDICE B – ESTUDOS SELECIONADOS – PRIMEIRA ETAPA ........................................ 30 APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO ................................................................................................... 31 1 INTRODUÇÃO A pandemia de COVID-19 causada pelo betacoronavírus (β-CoVs) SARS-CoV-2, altamente patogênico com origem zoonótica e alto potencial de proliferação em humanos (HU et al., 2021), vem produzindo repercussões não apenas de ordem epidemiológica em escala global, mas também repercussões e impactos psicoemocionais em acadêmicos que se encontram em formação acadêmica inicial (i.e., Ensino Superior) no Brasil e no mundo. O período pandêmico afetou a vida de consideráveis setores da sociedade, pois as pessoas foram solicitadas a se colocar em quarentena e/ou isolamento profilático em suas residências para impedir a propagação do vírus, em especial, para aqueles indivíduos com determinadas enfermidades e comorbidades (e.g., imunossuprimidos) pertencentes a grupos de risco para agravamento de quadros sintomatológicos em decorrência do contágio pelo COVID-19, se caracterizando como um recorte temporal sem precedentes na história recente das epidemias (CHATURVEDI; VISHWAKARMA; SINGH, 2021). Além disso, o bloqueio teve sérias implicações na saúde mental, resultando em quadros clínicos psiquiátricos, incluindo transtornos depressivos (leve [CID 11 - 6A70.0] e moderado [CID 10 - 6A70.1]) e de ansiedade [CID 11 - MB24.3] (OMS, 2022; SUNG et al., 2021). Diversas atividades acadêmicas foram adaptadas para uma modalidade remota de ensino com implementação em muitas instituições públicas e privadas de educação formal no Brasil durante a pandemia, como forma de diminuir os contatos entre os alunos e, consequentemente, diminuir a taxa de transmissão da doença, mantendo aulas e demais atividades educacionais em funcionamento. Formalmente, o ensino remoto emergencial (ERE) [...] é uma mudança temporária do ensino instrucional para um modo alternativo devido a circunstâncias de crise que envolve o uso de soluções totalmente remotas para instrução que, de outra forma, seriam ministradas presencialmente ou de maneira híbrida (ERLAM et al., 2021, p.3). Em outra perspectiva, o ERE pode ser definido como [...] uma certa mudança temporária repentina do ensino instrucional para um modo de ensino online como resultado de uma imensa catástrofe, ao contrário dos cursos online que são inicialmente planejados e projetados para serem ministrados em formato virtual ( MOHMMED et al., 2020, p.2). Esta modalidade de ensino requer circunstâncias diferentes das condições usuais, pois os gestores acadêmicos e demais profissionais da área não estavam preparados em termos de infraestrutura técnica, desenvolvimento profissional e habilidades tecnológicas (MISIRLI; ERGULEC, 2021). Acrescido a isto, alguns estudantes tiveram dificuldades na adaptação a esta nova modalidade de ensino, gerando quadros de ansiedade em graus variados devido às limitações frente as demandas acadêmicas. Em síntese, a ansiedade é um estado psicológico, fisiológico e comportamental presente em animais e humanos por uma ameaça ao bem-estar ou à sobrevivência, real ou potencial, sendo caracterizada por aumento da excitação, expectativa, ativação autonômica, neuroendócrina e padrões de comportamento específicos (STEIMER, 2002). A função dessas 2 mudanças é facilitar o enfrentamento em uma situação adversa ou inesperada. Embora a ansiedade seja uma reação adaptativa natural, ela pode se tornar patológica e interferir na capacidade de lidar com sucesso comvários desafios e/ou eventos estressantes, e até mesmo alterar a condição corporal (e.g., formação de úlceras gástricas)(KALIN, 2020). Durante a pandemia, o predomínio de ansiedade e depressão aumentou consideravelmente para muitos adultos jovens (i.e., 20 ≥ I ≥ 24 | I = idade (anos)) devido a fatores como fechamento de universidades, transição para trabalho remoto e perda de renda ou emprego. Uma análise da Fundação KFF (PANCHAL et al., 2021) a partir de dados da Household Pulse Survey (PERLIS et al., 2020), com recorte amostral oriundo dos Estados Unidos, apontou que durante a pandemia, uma grande parcela de adultos jovens relatou sintomas de ansiedade e /ou transtorno depressivo (56%) em dezembro de 2020 – em comparação com adultos mais velhos (i.e., I > 25 | I = idade (anos)) (Gráfico 1). Gráfico 1 — Proporção de adultos que relatam sintomas de ansiedade e/ou transtorno depressivo durante a pandemia de COVID-19 Fonte: U. S. Census Bureau, Household Pulse Survey (2020) com adaptações. A partir disso, esse estudo se justifica pela necessidade de avaliar os efeitos da adoção do ERE em parâmetros relacionados a quadros clínicos, nosso enfoque se desdobrará em quadros de ansiedade desencadeada pelas demandas acadêmicas em uma população específica, em nosso caso, estudantes que se encontram em formação inicial no curso de Educação Física. Em função da justificativa supracitada, nossa pesquisa busca investigar e correlacionar a literatura científica, a relação da ansiedade desencadeada devido a adoção do ERE na formação de estudantes de Educação Física. A seguir, apresentamos um mapa de nossa pesquisa (Quadro 1), com intuito de clarificar a problemática, os objetivos e a metodologia adotada deste manuscrito. 56.2 48.9 39.1 29.3 0 10 20 30 40 50 60 18 ≥ I ≥ 24 25 ≥ I ≥ 49 50 ≥ I ≥ 64 I ≥ 65 N ú m er o d e re sp o n d en te s (% ) Grupos etários Sintomas de ansiedade e/ou depressão durante a pandemia 3 Quadro 1— Mapa descritivo da pesquisa ENSINO REMOTO EMERGÊNCIAL E ANSIEDADE Problema de pesquisa Quais os possíveis fatores do ERE que desencadearam quadros de ansiedade em acadêmicos do ensino superior em Educação Física? Objetivo geral Investigar a relação da ansiedade desencadeada devido a adoção do ERE na formação de acadêmicos do ensino superior em Educação Física. Objetivos específicos 1. Esquematizar fatores do ERE desencadeadores de ansiedade relatados pela literatura científica nacional e internacional em acadêmicos do ensino superior; 2. Avaliar possíveis fatores do ERE que podem ter desencadeado quadros de ansiedade em acadêmicos do ensino superior em Educação Física; 3. Avaliar impactos do ERE na formação de acadêmicos do ensino superior em Educação Física. Metodologia Estudo quali-quantitativo e exploratório com abordagem teórico-empírica quanto aos meios de investigação com divisão metodológica em três etapas: 1. Levantamento bibliográfico; 2. Coleta de dados; 3. Análise correlacional. Referencial Teórico Propomos um modelo em tríade contemplando três perspectivas teórico- investigativas, a saber: 1. Perspectiva digital-educacional 2. Perspectiva motivacional 3. Perspectiva da subjetividade Elaborado pelo autor Olegário (2022) 4 MÉTODOS Trata-se de um estudo quali-quantitativo e exploratório com uma abordagem teórico- empírica quanto aos meios de investigação. Saunders et al. (2009) explica que o objetivo da pesquisa exploratória é descobrir “o que está acontecendo”, “buscar novos insights” e “avaliar fenômenos sob uma nova luz” (SAUNDERS; LEWIS; THORNHILL, 2009). No intuito de abranger uma investigação teórico-empírica, este estudo foi dividido em três etapas conforme algoritmo metodológico (Figura 1). Figura 1— Algoritmo metodológico Fonte: Elaborado pelo autor Olegário (2022). 5 Primeira etapa metodológica Levantamento bibliográfico integrativo a partir de uma breve revisão de literatura. A consideração da literatura relevante anterior é essencial para vários campos de pesquisa, entretanto, para que uma revisão da literatura se torne uma metodologia de pesquisa apropriada, é necessário seguir as etapas adequadas e tomar medidas para garantir que a revisão seja exata, precisa e confiável (SNYDER, 2019). Para os propósitos desta etapa, definiu a seguinte pergunta de pesquisa: “Quais fatores desencadearam quadros de ansiedade em estudantes devido a adoção do ERE ?”. Para identificação da literatura, realizou-se uma busca a partir das bases de dados eletrônicas: Pubmed/MEDLINE (NATIONAL LIBRARY OF MEDICINE, 2022) e Web of Science (CLARIVATE, 2022). Interfaces diferentes requerem sintaxes diferentes, o conjunto especial de regras e símbolos exclusivos para cada banco de dados que definem como uma pesquisa construída corretamente opera, os componentes de sintaxe comuns incluem o uso de parênteses e operadores booleanos como “AND”, “OR” e “NOT”, que estão disponíveis em todas as interfaces principais (BRAMER et al., 2018). Desta forma, os seguintes descritores foram utilizados, em inglês, com associação por meio dos operadores booleanos (Quadro 2): Quadro 2 — Descritores utilizados para busca de estudas nas bases de dados eletrônicas Vocabulário controlado Descritores Mesh1 ‘angst’, ‘nervousness’, ‘anxiousness’, ‘distance learning’, ‘online education’ DeCS2 ‘anxiety disorders’, ‘distance education’ Livre ‘anxiety’, ‘remote’, ‘remote teaching’ Fonte: Elaborado pelo autor Olegário (2022). No intuito de contemplar a literatura mais recente, a abrangência temporal limitou-se aos últimos três anos anteriores a publicação deste manuscrito (y = ano | y ⸦ [2019, 2021]). Os seguintes critérios de elegibilidade (inclusão) foram aplicados: a) Estudos empíricos que apresentem dados relativos a população amostral de estudantes de ensino superior; b) Estudos empíricos que apresentem fatores desencadeadores de ansiedade devido à adoção do ERE; c) Estudos com delineamento teórico, desde que apresentem dados primários/secundários fundamentados em abordagens empíricas. Para análise de dados, no intuito de permitir a organização, seleção e extração de dados dos estudos relevantes utilizou-se o gerenciador de bibliografias, open-source, software Mendeley Desktop (versão 2.61.1). Para categorização das informações utilizou-se uma 1 MeSH (Medical Subject Headings) são palavras-chave padronizadas utilizadas para pesquisar no banco de dados MeSH. A maioria dos artigos na base de dados PubMed (mais de 90%) opera através de termos MeSH para fornecer informações sobre o conteúdo dos artigos (NATIONAL LIBRARY OF MEDICINE, 2022). 2 DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) é um vocabulário controlado que utiliza descritores/títulos para indexar artigos científicos e outros documentos da área biomédica (CLARIVATE, 2022). 6 planilha excel (Microsoft Excel – Windows 2016) pré-elaborada constando: Autores, Ano, País e Fatores Relacionais3. Segunda etapa metodológica Coleta de dados em campo a partir de questionário (formulário eletrônico) em versão online. A abordagem de pesquisa online oferece conveniência de várias maneiras (e.g., o participante pode responder em um horário conveniente; pode levar o tempo que precisar para responder as perguntas). Questionários online são capazes de prover diversidade de perguntas (e.g., perguntas dicotômicas, múltipla escolha, escalas), pular perguntas irrelevantes para subgrupos na amostra e até coletar perguntas abertas (qualitativa) através de uma caixa de texto livre (REGMI et al., 2016). Para os propósitos dessa etapa, adotamos uma amostragem não probabilística e não aleatória com recorte amostral composto por estudantes universitários oriundos do curso de bachareladoe/ou licenciatura em Educação Física da Faculdade de Educação Física na Universidade de Brasília. Como instrumento, construímos um questionário dividido em 5 seções através da ferramenta gratuita open-source Google Forms (GOOGLE, 2022). As seções contemplaram perguntas gerais para obtenção de dados descritivos (i.e., sexo, idade, habilitação profissional, semestre, dentre outros), questões sobre o ERE e questões sobre ansiedade, todas em caráter objetivo. Para a seção referente ao ERE, nos embasamos em questionário previamente elaborado e validado por estudantes da própria instituição, para a seção de ansiedade nos embasamos na Escala de Estresse Percebido (BAIK et al., 2019), em ambos os casos, realizamos adaptações das perguntas. A fim de obter feedbacks a respeito de nosso estudo, na última seção, disponibilizamos um espaço (dissertativo) opcional para obtenção de comentários pelo participante da pesquisa. É válido mencionar que para participação na pesquisa, todos os respondentes concordaram eletronicamente em participar do estudo a partir do termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice A) constando dados informativos a respeito do tipo de pesquisa, finalidade, objetivo e responsáveis pelo estudo. Além disso, não houve identificação dos participantes (i.e., participação anônima). Para análise dos dados obtidos e caracterização da amostra, utilizou-se recursos estatísticos descritivos. Gráficos e dados estruturados foram fornecidos como output da ferramenta Google forms, os dados de interesse foram acessados e organizados a fim de permitir a melhor visualização das informações relevantes para esse estudo. Adicionalmente, a tabulação dos dados completos foi obtida e inserida através de uma planilha excel (Microsoft Excel – Windows 2016). Terceira etapa metodológica Análise estatística de caráter correlacional entre variáveis pré-definidas. Para o cálculo da correlação utilizamos o software estatístico open-source R em sua versão na interface R studio (versão 1.4.1717). Para análise utilizamos o coeficiente de correlação por postos de Kendall. A correlação de Kendall (τ de Kendall.) é uma medida da associação entre duas variáveis e um dos testes não paramétricos mais utilizados de dependência entre duas variáveis (VAN DOORN et al., 2018). O τ de Kendall expressa dependência em termos de 3 Fatores relacionais desencadeadores de ansiedade em acadêmicos do ensino superior. 7 monotonicidade em vez de linearidade e, portanto, é invariante sob transformações de preservação de rank da escala de medição (VAN DOORN et al., 2018). Para análise, consideramos duas associações a partir das respostas obtidos em perguntas presentes no formulário empírico proposto: 1) [Variável 1] “Como você considera o seu aproveitamento em relação aos conteúdos aprendidos durante o Ensino Remoto?” e [Variável 2] “Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você se sentiu nervoso(a) ou estressado(a) ?” 2) [Variável 1] “Como você classifica o seu rendimento acadêmico durante o ensino remoto?” e [Variável 2] “Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você se sentiu nervoso(a) ou estressado(a) ?” Não existe consenso claro sobre o a interpretação do poder da correlação, mas existem algumas recomendações. Cohen (1992) sugere os seguintes tamanhos de efeito: τ = 0,10 -> correlação fraca; τ = 0,30 -> correlação moderada e τ = 0,50 -> correlação forte. 8 RESULTADOS A seguir apresentamos as resultantes deste estudo teórico-empírico com distinção entre a primeira etapa, relativa ao levantamento bibliográfico; seguida a segunda etapa, relativa a coleta de dados e da terceira etapa, referente a análise correlacional. Primeira etapa resultante A partir da busca de estudos nas bases eletrônicas, obtiveram-se em um primeiro momento ∑n = 124 estudos [Pubmed/MEDLINE] e e ∑n = 52 estudos [Web of Science]. Após aplicação de filtros de pesquisa (os filtros são estratégias de pesquisa testadas e comprovadas que ajudam a restringir a pesquisa (BEALE et al., 2014)) e remoção de duplicatas (i.e., estudos repetidos), obtiveram-se ∑n = 21 estudos [Pubmed/MEDLINE] e ∑n = 11 estudos [Web of Science]. Após classificação através de consulta ao resumo e leitura completa, obtivemos ∑n = 12 estudos finais. Um fluxograma é apresentado na figura 2, contemplando a seleção de estudos através da busca nas bases eletrônicas. Figura 2 —Fluxograma de seleção de estudos através das bases de dados eletrônicas. Fonte: Elaborado pelo autor Olegário (2022) Adicionalmente, apresenta-se no Quadro 3 a extração de dados relevantes presentes nos estudos finais, anteriormente mencionados. Para o desfecho de dados relevantes, considerou- se fatores relacionais negativos associados ao ERE relatados nos estudos pela amostra de estudantes que pode ter contribuído para o desenvolvimento de quadros clínicos de ansiedade e estresse. Pubmed/MEDLINE (∑n = 124) ∑n = 21 ∑n = 11 Web of Science (∑n = 52) ∑n = 11 ∑n =1 9 Quadro 3— Extração de dados relevantes nos estudos selecionados Autores Ano País Fatores Relacionais Erlam et al. 2021 Nova Zelândia Ausência de orientações sobre o ensino/aprendizagem remotos, pouca qualidade de materiais didáticos produzidos e ausência de experiências mais imersivas. Iglesias-Prada et al. 2021 Espanha Ausência de aulas práticas laboratoriais. Huang 2020 China Ausência de contato face-a-face, pouca interação entre aluno e professor, dificuldade de adaptação metodológica, ausência de aulas práticas laboratoriais e dificuldade de ambiente adequado para estudo. Fossa et al. 2020 Brasil Ausência de contato face-a-face. Zagkos et al. 2022 Grécia Ausência de equipamentos tecnológicos e dificuldades financeiras. Juriševič et al. 2021 Eslovênia Dificuldade de ambiente adequado para estudo e dificuldade de adaptação metodológica. Sebbani et al. 2021 Marrocos Dificuldades financeiras, dificuldade de ambiente adequado para estudo, ausência de equipamentos tecnológicos, pouca interação entre aluno e professor e problemas técnicos de conexão. Meda 2021 Emirados Árabes Ausência de equipamentos tecnológicos, problemas técnicos de conexão, pouca interação entre aluno e professor e pressão em demandas acadêmicas. Cahyadi et al. 2021 Indonésia Ausência de equipamentos tecnológicos e problemas técnicos de conexão. Gonzalez et al. 2022 Noruega Ausência de experiências mais imersivas e dificuldade de adaptação metodológica. Resch et al. 2022 Áustria Ausência de contato face-a-face, ausência de interação entre colegas e pouca interação entre aluno e professor. Paula et al. 2021 Brasil Ausência de aulas práticas laboratoriais, dificuldade de ambiente adequado para estudo e pouca interação entre aluno e professor. Fonte: Elaborado pelo autor com referência nos dados do trabalho de conclusão de curso “Ansiedade e fatores associados em acadêmicos de Educação Física em resposta ao ensino remoto emergencial durante a pandemia de covid-19: uma investigação teórico-empírica” Olegário (2022). Nota: Os fatores relacionais supracitados se referem ao modelo de ERE adotado em comparação ao ensino presencial. 10 Segunda etapa resultante Dados demográficos gerais A partir dos dados obtidos por meio da coleta em campo através de formulário online proposto, obtivemos um total de ∑n = 46 respondentes. Relativo ao gênero e a idade, houve maior adesão por parte do público masculino (56,6 %) com idade compreendida entre 21 a 30 anos (i.e., 21 ≥ I ≥ 30 | I = Idade (anos)). Houve maior número de participantes oriundos da habilitação profissional (Educação Física) em licenciatura (60,9%) em comparação ao bacharelado (39,1%). A Tabela 1 apresenta os principais dadosdemográficos obtidos. Tabela 1 – Caracterização da amostra (dados demográficos gerais) Fonte: Elaborado pelo autor com referência nos dados do trabalho de conclusão de curso “Ansiedade e fatores associados em acadêmicos de Educação Física em resposta ao ensino remoto emergencial durante a pandemia de covid-19: uma investigação teórico-empírica” Olegário (2022). n % Gênero Feminino 18 39,1 Masculino 26 56,5 Outro Idade (I) 2 4,3 I ≤ 20 12 26,1 21 ≥ I ≥ 30 29 63,0 31 ≥ I ≥ 40 4 8,7 41 ≥ I ≥ 50 0 0 I > 51 1 2,2 Habilitação Bacharelado 18 39,1 Licenciatura 28 60,9 11 Dados sobre o ERE Houve pouca diferença referente a dedicação apenas ao curso universitário e a dedicação ao curso acrescida de rotina de trabalho, 52,0% (~52%) dos respondentes relataram terem trabalhado e estudado durante o período de ERE, enquanto 47,8% (~48%) apenas estudaram (Gráfico 2). No entanto é elevado o número de estudantes que estiveram em dupla jornada, o que contribui para a ocorrência da ansiedade e do estresse. Gráfico 2— Dedicação integral ao curso ou dedicação acrescida com rotina de trabalho Fonte: Elaborado pelo autor com referência nos dados do trabalho de conclusão de curso “Ansiedade e fatores associados em acadêmicos de Educação Física em resposta ao ensino remoto emergencial durante a pandemia de covid-19: uma investigação teórico-empírica” Olegário (2022). Relativo a influência do ambiente doméstico para o acompanhamento das aulas, houve uma diferença considerável entre respondentes que acreditam que o ambiente doméstico foi um fator dificultador 69,6% (~70%) em oposição a negativa 30,4% (~30%) (Gráfico 3). Gráfico 3— Ambiente doméstico como fator dificultador para acompanhamento das demandas acadêmicas Fonte: Elaborado pelo autor com referência nos dados do trabalho de conclusão de curso “Ansiedade e fatores associados em acadêmicos de Educação Física em resposta ao ensino remoto emergencial durante a pandemia de covid-19: uma investigação teórico-empírica” Olegário (2022). 70% 30% AMBIENTE DOMÉSTICO COMO FATOR DIFICULTADOR Sim Não 48% 52% DEDICAÇÃO AO CURSO Dedicação somente ao curso universitário Dedicação ao curso universitário e trabalho 12 Em relação a adaptação ao ERE e o Rendimento Acadêmico, houve predominância de concordâncias intermediárias (i.e., “bom”), equivalendo a 34,8% (~35%) para adaptação ao ERE e 32,6 % (~33%) para rendimento acadêmico (Gráfico 4). Gráfico 4— Ambiente doméstico como fator dificultador para acompanhamento das demandas acadêmicas Fonte: Elaborado pelo autor com referência nos dados do trabalho de conclusão de curso “Ansiedade e fatores associados em acadêmicos de Educação Física em resposta ao ensino remoto emergencial durante a pandemia de covid-19: uma investigação teórico-empírica” Olegário (2022). Relativo aos fatores negativos considerados como dificultadores do ERE, houve maior predominância referente a ausência de aulas práticas 87%, falta de interação 69,6% (~70%), dificuldade de concentração 67,4% (~67%) e problemas de conexão 65,2% (~65%) (Gráfico 5). Gráfico 5 — Fatores dificultadores do ERE e percentual de respondentes Fonte: Elaborado pelo autor com referência nos dados do trabalho de conclusão de curso “Ansiedade e fatores associados em acadêmicos de Educação Física em resposta ao ensino remoto emergencial durante a pandemia de covid-19: uma investigação teórico-empírica” Olegário (2022). 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Ruim Razoável Bom Ótimo ExcelenteN ú m er o d e re sp o n d en te s (% ) Escala de concordância Relação entre adaptação ao ERE e Rendimento Acadêmico Adaptação ao ERE Rendimento acadêmico no ERE 87 69.6 67.4 65.2 56.5 54.3 50 43.5 39.1 10.9 Ausência de aulas práticas Dificuldade de concentração Excesso de horas em frente ao computador Falta de local adequado Dificuldade com recursos tecnológicos 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Número de respondentes (%) Fatores dificultadores do ERE 13 Dados sobre ansiedade Referente a ansiedade auto referida ao longo do acompanhamento das aulas online, houve predominância de respondentes 71,7% (~70%) em oposição a negativa 30,4% (~30%) (Gráfico 6). Gráfico 6 — Ansiedade auto referida durante o acompanhamento das aulas online Fonte: Elaborado pelo autor com referência nos dados do trabalho de conclusão de curso “Ansiedade e fatores associados em acadêmicos de Educação Física em resposta ao ensino remoto emergencial durante a pandemia de covid-19: uma investigação teórico-empírica” Olegário (2022). Relativo a ansiedade auto referida motivada pela adoção do ERE, houve predominância de respondentes 61,9% (~62%) em oposição a negativa 38,1% (~38%) (Gráfico 7). Gráfico 7 — Ansiedade auto referida motivadas pelo ERE Fonte: Elaborado pelo autor com referência nos dados do trabalho de conclusão de curso “Ansiedade e fatores associados em acadêmicos de Educação Física em resposta ao ensino remoto emergencial durante a pandemia de covid-19: uma investigação teórico-empírica” Olegário (2022). 70% 30% ANSIEDADE DURANTE AS AULAS Sim Não 62% 38% ANSIEDADE DEVIDO AO ERE Sim Não 14 Em outra perspectiva vista em uma escala de concordância, houve predominância de concordância intermediária-superior (i.e., “concordo”), equivalendo a 43.5% (~43%) a respeito do desencadeamento de ansiedade auto-referida devido ao ERE (Gráfico 8). Gráfico 8— Desencadeamento de ansiedade auto-referida motivada pelo ERE Fonte: Elaborado pelo autor com referência nos dados do trabalho de conclusão de curso “Ansiedade e fatores associados em acadêmicos de Educação Física em resposta ao ensino remoto emergencial durante a pandemia de covid-19: uma investigação teórico-empírica” Olegário (2022). Relativo a identificação auto referida como pessoa ansiosa, houve predominância de respondentes 63 % em oposição a negativa 37% (Gráfico 9). Gráfico 9 — Identificação como pessoa ansiosa Fonte: Elaborado pelo autor com referência nos dados do trabalho de conclusão de curso “Ansiedade e fatores associados em acadêmicos de Educação Física em resposta ao ensino remoto emergencial durante a pandemia de covid-19: uma investigação teórico-empírica” Olegário (2022). 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Discordo totalmente Discordo Não concordo, nem discordo Concordo Concordo totalmente N ú m er o d e re sp o n d en te s (% ) Escala de concordância Ansiedade motivada pelo ERE 63% 37% ANSIEDADE AUTO REFERIDA Sim Não 15 A partir de perguntas adaptadas da escala de estresse percebido (BAIK et al., 2019), houve maior predominância de respondentes na escala de concordância intermediária-superior (i.e., “quase sempre”) em todas as perguntas: [1] = 30,4% (~30%), [2] = 41,3% (~41%), [3] = 30,4% (~30%), [4] = 39,1% (~39%) e [5] = 43,5% (~43%). Em relação a concordância intermediária (i.e., “ás vezes”), houve predominância em quatro perguntas: [1] = 41,3% (~41%), [2] = 30,4% (~30%), [3] = 47,8% (~48%) e [5] = 28,3% (~28%). Relativo a concordância superior (i.e., “sempre”) houve predominância em apenas uma pergunta: [4] = 39,1% (~39%) (Gráfico 10). Gráfico 10 — Ansiedade auto referido durante o ERE a partir de perguntas específicas Fonte: Elaborado pelo autor com referência nos dados do trabalho de conclusão de curso “Ansiedade e fatores associados em acadêmicos de Educação Física em resposta ao ensino remoto emergencial durante a pandemia de covid-19: uma investigação teórico-empírica” Olegário (2022). Nota: [1] “Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você se sentiu nervoso(a) ou estressado(a) ?”, [2] “Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você percebeu que não poderia lidar com todas as coisas que você tinha para fazer ?” , [3] “Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você foi capaz de controlar as irritaçõesem sua vida ?”, [4] “Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você percebeu que estava pensando nas coisas que tinha para fazer ?” e [5] “Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você sentiu que as dificuldades estavam se acumulando tanto que você não poderia superá-las ?”. Terceira etapa resultante A partir da análise correlacional obtivemos: 1) Primeira análise entre “Como você considera o seu aproveitamento em relação aos conteúdos aprendidos durante o Ensino Remoto?” e “Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você se sentiu nervoso(a) ou estressado(a)”, [τ-Kendall = -0.3791658]. 2) Segunda análise entre “Como você classifica o seu rendimento acadêmico durante o ensino remoto?” e “Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você se sentiu nervoso(a) ou estressado(a) ?”, [t-Kendall = -0.3783358]. 0 20 40 60 80 100 120 [1] [2] [3] [4] [5] N Ú M ER O D E R ES P O N D EN TE S (% ) PERGUNTAS Ansiedade auto referida durante o ERE Nunca Quase nunca Às vezes Quase sempre Sempre 16 DISCUSSÃO Para a discussão dos achados deste estudo, propomos um modelo em tríade contemplando três perspectivas teórico-investigativas (Figura 3). Figura 3 — Tríade de perspectivas teórico-investigativas Fonte: Elaborado pelo autor Olegário (2022). O modelo em tríade proposto tem como objetivo ampliar a argumentação dos achados para corroborar com fatores relatados na literatura científica. No Quadro 4 apresentamos uma breve descrição para essa seção. Quadro 4 — Descrição e fundamentação teórica do modelo em tríade Perspectiva Descrição Digital-educacional Perspectiva centrada em aspectos relacionados as tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) e sua relação com a educação. Motivacional Perspectiva centrada em aspectos motivacionais (extrínsecos e intrínsecos). Subjetividade Perspectiva centrada em aspectos da subjetividade e complexidade humana. Fonte: Elaborado pelo autor Olegário (2022). A seguir, discorremos os achados supracitados neste manuscrito em cada uma das três etapas consideradas com associação ao modelo em tríade seguida de uma tessitura teórico- investigativa de cada uma das etapas. Perspectiva digital- educacional Perspectiva da subjetividade Perspectiva motivacional 17 Primeira etapa discursiva A partir da busca de estudos nas bases eletrônicas, obtivemos ∑n = 12 trabalhos empíricos que forneceram dados relativos a fatores relacionais negativos associados ao ERE que podem ter contribuído para quadros de ansiedade e estresse em estudantes. Os estudos selecionados permitiram a identificação de um panorama internacional, apenas dois estudos são de origem brasileira e os demais possuem origem em países distintos. Dentre os fatores relacionais com maiores predominâncias encontram-se: ausência de contato face-a-face, dificuldade de ambiente adequado para estudo, pouca interação entre aluno e professor e dificuldade de adaptação metodológica. Perspectiva digital-educacional O ensino online e a educação a distância (EaD) baseada em TDIC tem sido considerada uma estratégia global eficaz de ensino e aprendizagem empregadas antes da pandemia do COVID-19, pois docentes de várias áreas do conhecimento reconhecem a relevância e o papel social do EaD como dispositivo de acesso ao ensino superior e como mecanismo para promover a formação profissional de excelência (AMARO, 2015; KARAKOSE, 2021). No entanto, com o ensino presencial em grande parte ou totalmente suspenso devido às restrições impostas pelos governos nacionais em resposta à pandemia, o ERE foi introduzido por muitos países de forma rápida e inigualável (KARAKOSE, 2021). A partir disso, a adoção do ERE como estratégia para o ensino desafiou os educadores a adaptar suas práticas pedagógicas e utilizar a tecnologia para alcançar os estudantes remotamente, assim como, foi necessário a adaptação dos estudantes a novas metodologias de ensino com ferramentas digitais variadas. Entretanto, apesar da tecnologia ser uma ferramenta que vem facilitando o cotidiano da sociedade em diversos setores, especificamente na área da educação (BATES, 2017), é necessário que haja treinamento e qualificação para o uso dos equipamentos, pois a falta de treinamento e qualificação acarreta dificuldades no manuseio e na realização de configurações necessárias inerentes a estes tipos de equipamentos, impactando muitas vezes no processo pedagógico e de aprendizagem em ambos os lados (i.e., docentes e discentes) (SANTOS; FERNANDES NETO, 2021). Perspectiva motivacional A motivação é um termo usado para descrever processos, tanto de iniciativa quanto racionais, pelos quais os indivíduos procuram satisfazer os impulsos básicos, necessidades percebidas e objetivos pessoais, que desencadeiam o comportamento humano (JORGE; MÉNDEZ, 2021). É fato que a motivação intrínseca4 e certas formas de motivação extrínseca5 aumentam o nível motivacional (como uma absorção mais fácil de informação para a execução de tarefas) e consequentemente levam a um resultado positivo. Por outro lado, os níveis baixos de motivação (regulação externa) correspondem a uma má adaptação dos níveis cognitivos, 4 A motivação intrínseca é a motivação para fazer algo por si mesmo, pelo puro prazer de uma tarefa. Sentimentos de autodeterminação, controle e satisfação há muito estão ligados a um estado intrinsecamente motivado (HENNESSEY et al., 2015). 5 A motivação extrínseca é a motivação para fazer algo para atingir algum objetivo externo ou atender a alguma restrição imposta externamente (HENNESSEY et al., 2015). 18 afetivos e de respostas comportamentais, como, por exemplo, a alta ansiedade e falta de persistência (GOULART, 2007). Nessa perspectiva, estudantes que estão tendo acesso ao conteúdo de aula (síncrono ou assíncrono) remotamente podem enfrentar certas dificuldades de adaptação metodológica e tecnológica, pois é esperado que esses estudantes acessem informações e interajam com colegas e professores por meio de dispositivos e aplicativos. No entanto, deve-se considerar que nem todos os alunos são qualificados em TDIC e a não adaptação, e consequentemente, o não acompanhamento das aulas pode causar ansiedade, desmotivação e alguns elementos extras com os quais os professores teriam que lidar (HERNÁNDEZ; FLÓREZ, 2020). Perspectiva da subjetividade Com base nas obras de Edgar Morin6, a corporeidade/subjetividade 7é uma formulação teórico-conceitual que, ao mesmo tempo que busca indicar a especificidade da subjetividade humana, está indissociavelmente alicerçada por noções teórico-conceituais relacionadas ao mundo físico (physis) e ao mundo antropossocial (JOÃO, 2020; JOÃO; RIBEIRO, 2019). Adicionalmente, a subjetividade humana se apresenta comunicando-se e expressando-se na visibilidade do corpo e na realidade concreta do mundo. A este movimento expressivo e comunicativo se denomina o "revestimento do corpo de significações humanas", ou subjetivação, fora do qual não há nem consciência "humana", nem mesmo "corpo humano" (DENTZ, 2008). Dessa forma, a subjetividade está relacionada ao espaço íntimo do indivíduo, a tudo que ocorre em nosso “mundo interno” (e.g., pensamentos, emoções, aflições) com o qual se relaciona com o nosso “mundo externo” (e.g., quando expressamos a nossa opinião a partir de nossa experiência pessoal). Como essa subjetividade está suscetível a experiências anteriores, quando um indivíduo se encontra exposto a notícias relacionadas ao COVID-19, experimenta sintomas e pensamentos relacionados ao COVID-19. Já no âmbito acadêmico, o estresse devido a demandas acadêmicas, insatisfação institucional e medo de ser infectado pelo COVID-19 podem estar associados ao surgimento de quadros sintomatológicos de transtornos de ansiedade (SARASJÄRVI et al., 2022). Tessiturateórico-investigativa da primeira etapa Quadro 5 — Tessitura teórico-investigativa referente a primeira etapa A recorrência de determinados fatores relacionais negativos presentes nos estudos considerados para essa etapa demonstra elementos associados a certas limitações de natureza técnico-digital presentes no ERE, é fato que essa mudança repentina do ensino presencial para o remoto trouxe desafios para docentes e discentes de vários cursos de graduação em torno do mundo. Acrescido a isso, a pouca interatividade física por um longo período 6 Para Morin, no pensamento derivado do cartesianismo, opera-se no método para se gerar as teorias e explicações da realidade, já na complexidade, opera-se na realidade para se criar métodos e teorias (CORREA; LORIERI, 2010). 7 A partir da premissa do pensamento complexo, proposto por Morin, a subjetividade inclui necessariamente a corporeidade. 19 temporal dos envolvidos impacta no domínio psicológico, influenciando no processo de aprendizagem dos estudantes devido a desmotivação, além de poder desencadear quadros de depressão e ansiedade. Por fim, os dados obtidos na literatura seguem um padrão, mesmo sendo estudos desenvolvidos em países diferentes, em sua grande maioria apresentam uma preocupação de gestores acadêmicos e professores no impacto do ERE na aprendizagem dos estudantes, assim como, sua adaptação a modalidade de ensino inserida no contexto pandêmico em termos de saúde mental. Fonte: Elaborado pelo autor Olegário (2022). Segunda etapa discursiva A partir das resultantes desta etapa, obtivemos um panorama geral a respeito de uma população bastante específica (i.e., graduandos em Educação Física). Houve maior predomínio de participantes com faixa etária compreendida entre 21 a 30 anos de idade, geralmente os indivíduos desse recorte etário se encontram em fase de formação acadêmica e profissional. Houve maior participação de indivíduos oriundos da habilitação em licenciatura em comparação ao bacharelado, talvez isso se justifique devido a maior quantidade de estudantes que se identificam com o sexo masculino na instituição. A partir dos dados empíricos obtidos, relativo ao ERE houve maior predominância de respondentes que consideram o ambiente doméstico como um fator negativo para o acompanhamento das aulas, entretanto, foi relatado em proporção moderada a adaptação ao ERE com influência também moderada em relação ao rendimento acadêmico geral. Isso mostra que apesar das dificuldades encontradas no ambiente doméstico pelos acadêmicos, houve um bom processo de adaptação as novas rotinas remotas impostas devido ao período pandêmico. Dentre os fatores dificultadores relatados com maior predominância encontram-se: A ausência de aulas práticas, falta de interação, dificuldade de interações e problemas de conexão. Em relação aos dados obtidos referentes a ansiedade, houve maior predominância de respondentes em relação a ansiedade auto referida durante as aulas online e a consideração do desencadeamento de ansiedade em decorrência do ERE. Entretanto, é válido considerar que parte destes participantes já se consideravam indivíduos ansiosos. Adicionalmente, houve predominância alta em relação a respondentes de perguntas que relacionavam sentimentos de nervosismo/estresse/irritações e pensamentos de incapacidade, implicando em características comuns de quadros de ansiedade. Perspectiva digital-educacional A educação online tem sido tradicionalmente vista como um caminho alternativo, particularmente adequado para alunos adultos que procuram oportunidades de ensino superior, entretanto, com o surgimento da pandemia de COVID-19, foi exigido que educadores e alunos em todos os níveis de ensino se adaptassem rapidamente aos cursos virtuais (LOCKEE, 2021). Para tanto, a educação online não se caracterizada como uma evolução ou nova geração da modalidade de EaD (AMARO, 2015), pois já existia muito antes da adoção do ERE. O domínio de tecnologias tem favorecido consideravelmente acadêmicos no atual momento, muitas dessas tecnologias estão sendo utilizadas por docentes no ERE (e.g. ferramentas de videoconferências – Google Meet, Microsoft Teams). A partir disso, é fato que 20 o número de matrículas de alunos no ensino online vem aumentando nos últimos anos e os alunos da Geração Z8 agora estão matriculados no ensino superior, inclusive em cursos da área da saúde e educação (CHUNTA; SHELLENBARGER; CHICCA, 2021). Perspectiva motivacional Um dos grandes desafios enfrentados por quem atua na educação é motivar os alunos a aprender frente a diversas situações. Não é incomum alunos desinteressados ou apáticos, que fazem o mínimo esforço para realizar atividades acadêmicas, que apresentam pouco interesse em aprofundar seu nível de conhecimento ou, ainda, demonstram maior preocupação com as notas e com a obtenção de certificações do que com o aprendizado em si, e isso têm sido foco de preocupação compartilhada por estudiosos da área (BELUCE; DE OLIVEIRA, 2015). Devido à crise de saúde em decorrência da pandemia, educadores e alunos ficaram com sentimentos de incerteza e os cursos online neste contexto foram implementados em um curto prazo. Em tal clima de imprevisibilidade em torno do ensino online, naturalmente surgiram muitas dúvidas quanto à sua eficácia, seu impacto nos professores e alunos (MEŞE; SEVILEN; INFO, 2021). Como o ponto central do entendimento dos processos motivacionais consiste em compreender quais os motivos e intenções que levam um indivíduo a persistir no aprendizado e a tentar melhorar seu rendimento, avaliar estes processos em acadêmicos no ERE é importante, pois a motivação extrínseca e intrínseca de estudantes tem sido menor na educação online quando comparada à educação presencial, este fato pode ter relação devido à falta de interação com colegas e professores , como por exemplo, o motivo pelo qual os alunos estão menos motivados em cursos online (GOULART, 2007; MEŞE; SEVILEN; INFO, 2021). Perspectiva da subjetividade O fechamento das universidades causado pela pandemia desencadeou desafios significativos para os sistemas educacionais responderem às necessidades de grupos de alunos vulneráveis, cuja aprendizagem e bem-estar tendem a ser os mais impactados (OECD, 2020). As práticas mais comuns para promover a equidade e a inclusão têm sido a distribuição de dispositivos eletrônicos com conexão à internet em áreas pobres ou remotas, a distribuição de refeições gratuitas para os alunos elegíveis, o apoio financeiro (de emergência ou em continuidade aos esquemas de ajuda existentes) para estudantes e seus famílias e, em menor grau, a disponibilidade de recursos educacionais multilíngues (OECD, 2020). Estudos sobre afetividade no campo da psicologia sócio-histórica fortalecem o papel da subjetividade nos estudos sobre a desigualdade social. Na perspectiva materialista histórico- dialética, não apenas a afetividade, mas também a atividade, a linguagem e a consciência contribuem para a compreensão do processo dialético de inclusão/exclusão social (DE CASTRO-SILVA; IANNI; FORTE, 2021). 8 Geração que corresponde à idealização e nascimento da World Wide Web, nascidos entre meados de 1990 e 1995 e com pouco mais de 20 anos. Estão hiperconectados e diretamente ligados a tecnologia, emergem com uma nova forma de agir, pensar e conduzir sua vida pessoal e profissional (RECH; VIÊRA; ANSCHAU, 2017). 21 Tessitura teórico-investigativa da segunda etapa Quadro 6 — Tessitura teórico-investigativa referente a segunda etapa A investigação empírica permitiu a identificação de fatores relacionais negativos importantes no grupo amostral em questão (graduandos em Educação Física) que estão de acordo com o panoramamundial, obtido através dos dados presentes no levantamento bibliográfico inicial (primeira etapa). Adicionalmente, os dados relativos à ansiedade expressaram fatores que foram desencadeadores de ansiedade no grupo amostral em decorrência do ERE. Para tanto, apesar nas limitações do ERE, os acadêmicos apresentaram bom manuseio das TDIC, esse fato pode estar relacionado a maior vivência tecnológica dessa geração. Ainda sobre limitações, por tratar-se de um curso de graduação com atividades, em sua grande maioria, de natureza prática, foi relatado percentual considerável de preocupação quanto a falta de aulas práticas. Relativo à ansiedade, houveram dados de considerável predominância, para ansiedade auto referida. Talvez isso se justifique pelos diversos fatores presentes no contexto pandêmico que incluem elementos extra-acadêmicos (i.e., que não estão associados a acontecimentos vinculados a universidade). O nível de estresse, ansiedade e aflição tem sido alto em universitários de acordo com a literatura, e a partir de nossos dados, observamos que acadêmicos de Educação Física também se enquadram neste grupo. Fonte: Elaborado pelo autor Olegário (2022). Terceira etapa discursiva A partir das resultantes obtidas na correlação entre as variáveis da primeira análise (“Como você considera o seu aproveitamento em relação aos conteúdos aprendidos durante o Ensino Remoto?” e “Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você se sentiu nervoso(a) ou estressado(a)”) e da segunda análise (“Como você classifica o seu rendimento acadêmico durante o ensino remoto?” e “Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você se sentiu nervoso(a) ou estressado(a) ?”) foi possível identificar um correlação moderada em ambos os casos. Os valores negativos indicam que o aumento de uma variável implica no decréscimo de outra. Perspectiva digital-educacional Adentrando-se no contexto da cultura digital, as novas gerações lidam com demasiada intimidade com as tecnologias digitais, a chamada geração interativa (AMARO, 2015). Entretanto, em uma perspectiva psicológica, a ansiedade gerada frente as variadas demandas online são vistas como uma apreensão em adquirir conhecimento devido ao uso da internet. A partir disso, as principais preocupações com a ansiedade online são os aspectos humanos do uso da internet, conectividade, troca de conhecimento e uso físico dos dispositivos, dessa forma é importante avaliar a ansiedade durante o aprendizado online para iniciar o suporte ativo e melhorar as experiências de aprendizado futuras (ELSHAMI et al., 2021). Para tanto, há uma 22 infinidade de fatores que explicam como os estudantes universitários podem enfrentar dificuldades e limitações específicas por meio do e-learning e, assim, colocá-los em uma experiência de aprendizado estressante (FAWAZ; SAMAHA, 2021). Perspectiva motivacional A aprendizagem online depende muito da capacidade dos alunos de se sentir parte do processo de aprendizagem, muitas vezes direcionados a metas pré-estabelecidas, iniciando e sustentando comunicações multimodais significativas e desenvolvendo compreensão conceitual e epistêmica por meio do envolvimento ativo com recursos digitais (CHIU et al., 2017). A própria orientação às metas é um importante construto para entender a motivação dentro de um contexto acadêmico (GOULART, 2007), pois a motivação acadêmica dos alunos, ou as razões para se engajar em uma tarefa, é um importante preditor de sucesso acadêmico que tem sido pouco investigado no espaço de aprendizagem online (FRANCIS; WORMINGTON; HULLEMAN, 2019) Perspectiva da subjetividade Experimentar e entender a pandemia global pode abrir novas possibilidades de investigação, inclusive em possíveis impactos dos conceitos de corporeidade/subjetividade do indivíduo e de subjetividade social em diferentes cenários sociais (JOÃO; RIBEIRO, 2019). A crise aumentou nossa consciência do que já sabíamos, do que afastamos e do que se tornou invisível em nossa escolarização e educação convencionais. A consciência da vulnerabilidade humana, mortalidade e perda, que se cristaliza em um momento de crise, é realmente parte da vida, mas dificilmente uma parte orgânica da educação cotidiana em sala de aula (POINDEXTER; SMITH; WANG, 2021). Tessitura teórico-investigativa da terceira etapa Quadro 7 — Tessitura teórico-investigativa referente a terceira etapa A partir da correlação, obtemos uma associação entre as variáveis consideradas com impacto moderado. Isto está de acordo com os nossos levantamentos teórico-empíricos, pois fatores relacionais relatados em referência ao ERE demostraram um impacto em quadros sintomatológicos de ansiedade. A partir dessa resultante, é possível identificar a necessidade emergente de possíveis intervenções que possam tornar o processo de ensino e aprendizagem adaptado as necessidades dos estudantes de forma a não influenciar negativamente em questões de ordem psicológicas. Fonte: Elaborado pelo autor Olegário (2022). 23 CONCLUSÃO Nossa pesquisa buscou "Investigar a relação da ansiedade desencadeada devido a adoção do ERE na formação de acadêmicos do ensino superior em Educação Física.", assim foi formulo a questão de pesquisa " Quais os possíveis fatores do ERE que desencadearam quadros de ansiedade em acadêmicos do ensino superior em Educação Física?". De forma adicional, este estudo se apoiou em três objetivos específicos que serão discutidos ao longo dessa sessão apresentando a síntese das principais conclusões. A principal motivação para essa investigação se deu em decorrência da familiaridade e proximidade com o assunto, assim como envolvimento profissional e acadêmico. A pesquisa se embasou em um modelo em tríade contemplando três perspectivas teórico-investigativas (digital-educacional, motivacional e da subjetividade). Isso permitiu uma análise em esferas diferentes que foram integradas em uma tessitura teórico-investigativa final, ampliando a análise e discussão de fatores importantes que foram objetivos desse estudo. Referente ao delineamento metodológico adotado, recorremos a um estudo quali- quantitativo e exploratório com abordagem teórico-empírica quanto aos meios de investigação com divisão metodológica em três etapas (levantamento bibliográfico, coleta de dados e análise correlacional). Essa divisão permitiu o embasamento teórico necessário para análise e comparação dos achados da segunda e terceira etapas. Além disso, a separação do estudo em tópicos direcionais permite a melhor compreensão dos dados obtidos. Quanto ao objetivo geral deste estudo, obtivemos fatores relacionais negativos associados ao desenvolvimento de quadros de transtorno de ansiedade, tanto por meio da investigação teórica que abrangeu universitários de diversos cursos de graduação, quanto na investigação empírica que se restringiu a estudantes de graduação em Educação Física. As características relacionadas aos quadros sintomatológicos auto relatados pelos acadêmicos estão de acordo com a Classificação Internacional de Doenças referente a transtornos de ansiedade [CID 11 - MB24.3] (OMS, 2022; SUNG et al., 2021). Referente ao primeiro objetivo específico “Esquematizar fatores do ERE desencadeadores de ansiedade relatados pela literatura científica nacional e internacional em acadêmicos do ensino superior”, obtivemos um levantamento internacional importante para identificação de fatores relacionais negativos presentes no ERE. Dentre os fatores relacionais com maiores predominâncias relatados, encontram-se: ausência de contato face-a- face, dificuldade de ambiente adequado para estudo, pouca interação entre aluno e professor e dificuldade de adaptação metodológica. Relativo ao segundo objetivo específico “Avaliar possíveis fatores do ERE que podem ter desencadeado quadros de ansiedade em acadêmicos do ensino superiorem Educação Física”, obtivemos dados empíricos que apontam uma predominância de ansiedade auto referida em acadêmicos de Educação Física em decorrência do ERE. Além disso, houve predominância alta em relação a respondentes de perguntas que relacionavam sentimentos de nervosismo/estresse/irritações e pensamentos de incapacidade, implicando em características comuns de quadros de ansiedade, também presentes na Classificação Internacional de Doenças supracitada acima mencionada. Por fim, no terceiro objetivo específico “Avaliar impactos do ERE na formação de acadêmicos do ensino superior em Educação Física”, obtivemos dados teóricos e empíricos que mostraram que o ERE pode ter impactado no processo de ensino e aprendizagem em estudantes do ensino superior. Entretanto, é válido ressaltar, que a partir da investigação empírica, os estudantes apresentaram bom domínio no uso e manuseio das TDIC. 24 Referente a investigação teórica, este estudo apresentou limitações quanto a sistematização metodológica para abrangência maior da perspectiva investigada. Limitamos a busca em apenas duas bases eletrônicas e especificamos dados específicos como elementos a serem extraídos dos estudos considerados. Sugere-se para futuros estudos a adoção de um número maior de bases de dados. Referente a investigação empírica, este estudo apresentou uma amostra muito pequena, não podendo ser considerado uma amostra representativa da população em questão. Além disto, para o questionário adotado, não adotamos um modelo já padronizado e validado em perspectiva clínica. Sugere-se para estudos futuros a ampliação da amostra e adoção de instrumentos clínicos validados para a população brasileira. 25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARO, Rosana. Docência Online Na Educação Superior. 2015. 267 f. - Universidade de Brasília, [s. l.], 2015. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/20664. BAIK, Sharon H et al. Reliability and validity of the Perceived Stress Scale-10 in Hispanic Americans with English or Spanish language preference. Journal of health psychology, [s. l.], v. 24, n. 5, p. 628–639, 2019. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28810432. BATES, Tony. Educar na era digital: design, ensino e aprendizagem. 1. ed. São Paulo: Artesanato Educacional, 2017. E-book. Disponível em: http://www.abed.org.br/arquivos/Educar_na_Era_Digital.pdf. BEALE, Sophie et al. 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Este formulário se refere a um breve questionário de pesquisa direcionado a estudantes de Educação Física da Universidade de Brasília, dividido em três seções, com questões objetivas (previsão máxima de preenchimento: 8 minutos). Não se preocupe, não há necessidade de se identificar. Por favor, sinta-se à vontade para responder às questões. A sua participação é muito importante para nós! * No manual informativo sobre ansiedade da ABRATA (2011), a ansiedade pode ser uma reação normal e natural frente aos estímulos desestabilizadores ou que atemorizam as pessoas. Desde já, agradecemos! Estudante: Raphael Olegário Orientação: Profa Rosana Amaro *Required 19/04/2022, 10:16 Ensino Remoto e Ansiedade* https://docs.google.com/forms/d/1wIUL8ByNJMbuavmuID-hyXRmWLUK52ELlPpvimHUNPM/edit 2/11 1. Mark only one oval. Sim Não Questões gerais 2. Mark only one oval. Masculino Feminino Outro 3. Mark only one oval. Licenciatura Bacharelado Você concorda em participar da pesquisa ? * Com qual gênero você se identifica ? * Qual a sua habilitação ? * Insira a sua habilitação profissional (Educação Física). 19/04/2022, 10:16 Ensino Remoto e Ansiedade* https://docs.google.com/forms/d/1wIUL8ByNJMbuavmuID-hyXRmWLUK52ELlPpvimHUNPM/edit 3/11 4. Mark only one oval. 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º Superior ao 10º 5. Mark only one oval. Até 20 anos. Entre 20 e 30 anos. Entre 31 e 40 anos. Entre 41 e 50 anos. Mais de 51 anos. Questões sobre o Ensino Remoto Emergencial 6. Mark only one oval. Sim Não Em qual semestre você se encontra ? * Qual a sua faixa de idade ? * Você sabe a diferença entre Ensino Remoto Emergencial (ERE) e Educação a Distância (EaD)? * 19/04/2022, 10:16 Ensino Remoto e Ansiedade* https://docs.google.com/forms/d/1wIUL8ByNJMbuavmuID-hyXRmWLUK52ELlPpvimHUNPM/edit 4/11 7. Mark only one oval. Apenas estudei. Estudei e trabalhei. 8. Mark only one oval. 1 2 3 4 5 9. Mark only one oval. Sim Não 10. Mark only one oval. Facilitadores Dificultadores Durante o período de Ensino Remoto, você trabalhou? * Como você classifica sua adaptação ao Ensino Remoto? * (1) Ruim (2) Razoável (3) Bom (4) Ótimo (5) Excelente Você considera oambiente doméstico um dificultador de sua aprendizagem ? * Você considera que o Ensino Remoto apresenta mais aspectos facilitadores ou dificultadores no processo de aprendizagem? * 19/04/2022, 10:16 Ensino Remoto e Ansiedade* https://docs.google.com/forms/d/1wIUL8ByNJMbuavmuID-hyXRmWLUK52ELlPpvimHUNPM/edit 5/11 11. Tick all that apply. Flexibilidade de horário Mais tempo para estudar e realizar as atividades Possibilidade de rever as aulas quando quiser Possibilidade de pegar mais disciplinas Possibilidade de trabalhar sem atrapalhar a faculdade Facilidade para pegar matérias em outros departamentos Possibilidade de ter palestras com convidados de fora da UnB, ou até mesmo de Brasília, durante as aulas Não precisar pegar transporte público para ir até a faculdade Aprendizagem de novas ferramentas tecnológicas 12. Tick all that apply. Muitas atividades, provas e trabalhos Falta das aulas práticas em algumas disciplinas Precisar ficar por muitas horas sentado de frente ao computador assistindo as aulas Dificuldade para acompanhar as aulas síncronas Problemas de conexão Dificuldade de acessar as plataformas (aprender, teams, zoom, etc.) Falta de um local adequado para assistir as aulas Falta de aparelho individual (celular, notebook, tablet) para acompanhar a aula Falta de interação social Dificuldade de concentração 13. Mark only one oval. 1 2 3 4 5 Selecione os aspectos que considera facilitadores do Ensino Remoto: * Selecione os aspectos que considera dificultadores do Ensino Remoto: * Quanto você considera que o Ensino Remoto impactou na sua formação? * (1) Nem um pouco (2) Pouco (3) Mais ou menos (4) Consideravelmente (5) Muito 19/04/2022, 10:16 Ensino Remoto e Ansiedade* https://docs.google.com/forms/d/1wIUL8ByNJMbuavmuID-hyXRmWLUK52ELlPpvimHUNPM/edit 6/11 14. Mark only one oval. Positivos Negativos 15. Mark only one oval. 1 2 3 4 5 16. Mark only one oval. 1 2 3 4 5 Questões sobre a ansiedade 17. Mark only one oval. Sim Não Você considera que esses impactos foram mais positivos ou negativos em sua formação acadêmica ? * Como você classifica o seu rendimento acadêmico durante o ensino remoto? * (1) Ruim (2) Razoável (3) Bom (4) Ótimo (5) Excelente Como você considera o seu aproveitamento em relação aos conteúdos aprendidos durante o Ensino Remoto? * (1) Ruim (2) Razoável (3) Bom (4) Ótimo (5) Excelente Independente do Ensino Remoto, você já sentiu que teve o seu rendimento acadêmico prejudicado anteriormente devido a ansiedade ? * 19/04/2022, 10:16 Ensino Remoto e Ansiedade* https://docs.google.com/forms/d/1wIUL8ByNJMbuavmuID-hyXRmWLUK52ELlPpvimHUNPM/edit 7/11 18. Mark only one oval. 1 2 3 4 5 19. Mark only one oval. Sim Não 20. Mark only one oval. 1 2 3 4 5 21. Mark only one oval. 1 2 3 4 5 Você acredita que o ensino remoto desencadeou algum processo de ansiedade ? * (1) Discordo totalmente (2) Discordo (3) Não concordo, nem discordo (4) Concordo (5) Concordo totalmente Você já se sentiu ansioso ao participar das aulas online ? * Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você ficou chateado(a) por algo que aconteceu inesperadamente durante as atividades assíncronas e/ou aulas online ? * (1) Nunca (2) Quase nunca (3) Ás vezes (4) Quase sempre (5) Sempre Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você se sentiu nervoso(a) ou estressado(a) ? * (1) Nunca (2) Quase nunca (3) Ás vezes (4) Quase sempre (5) Sempre 19/04/2022, 10:16 Ensino Remoto e Ansiedade* https://docs.google.com/forms/d/1wIUL8ByNJMbuavmuID-hyXRmWLUK52ELlPpvimHUNPM/edit 8/11 22. Mark only one oval. 1 2 3 4 5 23. Mark only one oval. 1 2 3 4 5 24. Mark only one oval. 1 2 3 4 5 Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você sentiu que estava lidando de forma eficaz com as mudanças importantes que estavam acontecendo em sua vida ? * (1) Nunca (2) Quase nunca (3) Ás vezes (4) Quase sempre (5) Sempre Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você sentiu que as coisas estavam ocorrendo à sua maneira (do seu jeito) ? * (1) Nunca (2) Quase nunca (3) Ás vezes (4) Quase sempre (5) Sempre Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você percebeu que não poderia lidar com todas as coisas que você tinha para fazer ? * (1) Nunca (2) Quase nunca (3) Ás vezes (4) Quase sempre (5) Sempre 19/04/2022, 10:16 Ensino Remoto e Ansiedade* https://docs.google.com/forms/d/1wIUL8ByNJMbuavmuID-hyXRmWLUK52ELlPpvimHUNPM/edit 9/11 25. Mark only one oval. 1 2 3 4 5 26. Mark only one oval. 1 2 3 4 5 27. Mark only one oval. 1 2 3 4 5 28. Mark only one oval. 1 2 3 4 5 Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você foi capaz de controlar as irritações em sua vida ? * (1) Nunca (2) Quase nunca (3) Ás vezes (4) Quase sempre (5) Sempre Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você se irritou por coisas que aconteceram e estavam fora de seu controle ? * (1) Nunca (2) Quase nunca (3) Ás vezes (4) Quase sempre (5) Sempre Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você percebeu que estava pensando nas coisas que tinha para fazer ? * (1) Nunca (2) Quase nunca (3) Ás vezes (4) Quase sempre (5) Sempre Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você foi capaz de controlar a maneira como gasta o seu tempo dedicado nas disciplinas ? * (1) Nunca (2) Quase nunca (3) Ás vezes (4) Quase sempre (5) Sempre 19/04/2022, 10:16 Ensino Remoto e Ansiedade* https://docs.google.com/forms/d/1wIUL8ByNJMbuavmuID-hyXRmWLUK52ELlPpvimHUNPM/edit 10/11 29. Mark only one oval. 1 2 3 4 5 30. Mark only one oval. Sim Não 31. Mark only one oval. Sim Não 32. This content is neither created nor endorsed by Google. Durante o Ensino Remoto, quantas vezes você sentiu que as dificuldades estavam se acumulando tanto que você não poderia superá-las ? * (1) Nunca (2) Quase nunca (3) Ás vezes (4) Quase sempre (5) Sempre Você já teve sintomas de ansiedade motivados pela adoção do Ensino Remoto ? * Você se considera uma pessoa ansiosa ? * Gostaria de acrescentar algum ponto que não foi questionado, mas que considera relevante para o estudo ? 19/04/2022, 10:16 Ensino Remoto e Ansiedade* https://docs.google.com/forms/d/1wIUL8ByNJMbuavmuID-hyXRmWLUK52ELlPpvimHUNPM/edit 11/11 Forms