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unidade 5

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Química Geral e 
Experimental II
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Dr.ª Solange de Fátima Azevedo Dias
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Química Ambiental
• Introdução;
• O Ambiente;
• Composição da Atmosfera;
• Oceanos;
• Problemas Ambientais nos Oceanos;
• Água Doce no Mundo;
• Lençóis Freáticos;
• Contaminação de Águas de Represas por Hormônio Feminino;
• Ciclo Global da Água;
• Química Verde.
 · Conhecer os fundamentos de química ambiental e a importância da 
química verde.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Química Ambiental
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Química Ambiental
Introdução
Sabemos como as reações químicas têm papel fundamental na vida de todos os 
seres vivos e não vivos do Planeta. É com reações químicas que quase tudo o que se 
conhece no Universo, acontece. As vidas animal e vegetal são formadas e mantidas 
às custas de inúmeras reações químicas. Assim, a química ambiental é uma divisão 
da Química que se preocupa, principalmente, em saber como as transformações 
químicas interferem no meio ambiente, suas atuações, causas e consequências.
Fundamentalmente, a química ambiental estuda os impactos ambientais decor-
rentes da ação humana em consequência da produção química industrial, da agri-
cultura e pecuária, bem como a de origem natural, como é o caso da emanação de 
gases de origem vulcânica ou da emanação de gases de animais.
O Ambiente
Na história recente, a Terra tem sofrido mudanças, tanto benéficas quanto malé-
ficas, em virtude da necessidade de uma enorme produção de alimentos e produtos 
de consumo industrial e doméstico. A preocupação com o bem-estar do Planeta 
é antiga, mas não tem sido suficiente para promover ações que realmente façam 
diferença impactante na vida saudável da Terra. O ser humano já conseguiu poluir 
até camadas longínquas em torno do mundo, o que é atualmente conhecido como 
lixo espacial, que são restos não mais utilizáveis de foguetes, satélites antigos sem 
funcionamento etc. A figura 1 ilustra como atualmente está o entorno da Terra 
com a grande quantidade desse tipo de lixo, por meio de imagens cedidas pela 
National Aeronautics and Space Administration (Nasa), mostrando que esse tipo 
de lixo se move ao redor da Terra e, a qualquer momento, pode desabar sobre o 
Planeta. Estima-se que mais de 750 mil fragmentos maiores que 1 centímetro cor-
respondem a esse tipo de lixo. 
Figura 1 – Lixo espacial em volta da Terra
Fonte: iStock/Getty Images
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A quantidade de outros tipos de lixo ao longo do mundo, genericamente chama-
dos de urbano, é maior que 1,5 milhão de toneladas – somente nas referidas áreas 
urbanas. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a metade desse valor 
é produzida pelos trinta países mais ricos do Planeta, e o Brasil faz parte dessa es-
tatística. Observe na Figura 2 o Brasil, os países da América Central e da América 
do Norte e os campeões das Américas, os Estados Unidos da América (EUA); e, na 
Figura 3, o ranking mundial de produção de lixo:
Figura 2 – Países campeões na fabricação de lixo urbano
(os mais vermelhos são os que mais produzem lixo urbano)
Fonte: Adaptado de elpais.com
Figura 3 – Ranking mundial de produtores de lixo urbano
Fonte: ABRELPE
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UNIDADE Química Ambiental
Os países ricos produzem lixo e as classes mais pobres sobrevivem do qual. 
A Figura 4 ilustra que até animais se utilizam de lixo para garantir a própria 
sobrevivência; enquanto a Figura 5 mostra como são as condições sub-humanas 
da população pobre na Índia, em que as pessoas vasculham um amontoado de 
lixo a fim de encontrarem algo que possa ser comercializado e resultar em algum 
dinheiro para a própria sobrevivência ou, até mesmo, algum alimento que esteja 
em condições, ainda que precárias, para ser consumido e produzir energia para a 
manutenção de suas vidas.
Figura 4 – Gaivotas sobrevoando lixo
Fonte: iStock/Getty Images
Figura 5 – Lixão na Índia
Fonte: iStock/Getty Images
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No Brasil não é muito diferente, afinal, existem ainda muitos lixões em grandes 
cidades, em locais inapropriados e manejados de forma indevida, poluindo os len-
çóis freáticos com chorume – a porção líquida que escorre dos lixos. Os problemas 
ambientais causados por esses lixões são inúmeros: o lixo urbano é composto de 
sólidos orgânicos, inorgânicos, materiais de uso hospitalar descartados clandesti-
namente – a Lei impõe um tratamento adequado, em geral, incineração ao lixo 
infectocontagioso – e os resíduos sólidos de origem industrial. Assim, o tratamento 
inadequado desses resíduos propicia a sua reutilização por pessoas que sobrevivem 
do fruto da venda de alguns tipos de resíduos, tais como do lixo contendo alumínio, 
ferro, vidro, papelão e, atualmente e em grandes quantidades, todo tipo de rejeitos 
de aparelhos eletrônicos.
A utilização de restos de alimentos para consumo doméstico causa inúmeras do-
enças na população; ademais, o lixo urbano provoca incontáveis males ambientais 
ao solo, aos lençóis freáticos, rios, lagos, oceanos e à atmosfera – com a incinera-
ção descontrolada. A Figura 6 ilustra um dos muitos lixões em cidades brasileiras:
Figura 6 – Lixão no Brasil
Fonte: iStock/Getty Images
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UNIDADE Química Ambiental
Composição da Atmosfera
Não é somente de contaminantes gerados a partir do lixo sólido que se contami-
na o meio ambiente. Gases exalados para a atmosfera terrestre que degradam a ca-
mada de ozônio também são considerados meios de poluição. O ozônio (O3) filtra 
a radiação ultravioleta proveniente do Sol, que é nociva aos seres humanos, sendo 
o excesso de tempo de exposição da pele a esses raios a principal causa de câncer 
de pele em seres humanos. A Figura 7 ilustra as camadas da atmosfera terrestre:
Figura 7 – Camadas da Terra
Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images
A troposfera é a camada imaginária onde vivem todos os seres vivos e circulam 
as aeronaves comerciais. Na estratosfera circulam os caças, ou seja, aviões super-
sônicos que necessitam de menos atrito com o ar para o trânsito de alta velocidade; 
é onde está a camada de ozônio e onde se lançam os balões meteorológicos. Já 
na mesosfera trafegam as ondas de rádio e os raios cósmicos. Encontramosna ter-
mosfera as naves em órbita e satélites. E a última camada, a exosfera, é onde figura 
a formação da aurora boreal, que é a emissão de luz em decorrência da entrada de 
partículas carregadas eletricamente e próximas aos polos.
Oxigênio (O2) e Nitrogênio (N2) são os gases mais abundantes na atmosfera, 
onde há também, mas em significativa menor proporção, vapor d’água, gases 
nobres e Gás Carbônico (CO2). Alguns gases estão em pequenas quantidades, mas 
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são suficientes para causar, indiretamente, danos à vida, como é o caso do gás 
carbônico oriundo de queimadas, fornos industriais, da queima de combustíveis etc.
A camada de Ozônio (O3), que nos protege da radiação ultravioleta, encontra-se 
em uma altitude de 90 km da superfície da Terra. É formada pela exposição do 
O2 aos raios solares, deixando oxigênio livre para a reação com moléculas de O2 e 
posterior formação do O3.
O2 (g) → 2 O(g)
O(g) + O2 (g) → 1 O3 (g)
As moléculas de O3 ficam concentradas entre 20 e 35 km de altitude. 
Dependendo da altitude em que se encontra – na troposfera –, o O3 não atua como 
protetor solar e passa a ser um poluente conjuntamente com CO, CO2, CH4 e NO.
O ozônio é formado também na queima de combustíveis em carros e irrita o aparelho 
respiratório, principalmente de crianças. Observe na Figura 8 a concentração de 
ozônio na estratosfera:
1010
10
0
20
30
40
50
60
70
1011
Concentração de ozônio (moléculas/cm³)
Al
tit
ud
e (
km
)
Es
tra
to
sfe
ra
1012 1013
Figura 8 – Concentração de O3 na estratosfera
Fonte: Adaptado de Brown, 2014
Contudo, se a camada de ozônio diminuir significativamente, os raios Ultravioleta 
(UV) atingirão a superfície da Terra, causando danos à vida terrestre e nos mares.
Existe o conhecido buraco na camada de ozônio, que já teve a extensão de 
800 km, mantendo-se como motivo de preocupação, de forma que é monitorado 
continuamente por agências espaciais tais como a Nasa. A figura a seguir ilustra a 
evolução do buraco na camada de ozônio, o qual está localizado, principalmente, 
sobre a Antártica.
Evolução do buraco na camada de ozônio: https://goo.gl/rVSqte
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UNIDADE Química Ambiental
A responsabilidade pela depleção da camada de ozônio é atribuída ao cloro dos 
Clorofluorcarbonetos (CFC). Os CFC são usados como propelentes em latas de 
aerossol – gás no estado líquido –, cuja função é fornecer pressão suficiente para 
enviar ao ar, em forma de minúsculas partículas, o líquido de desodorantes, cremes 
de barbear, inseticidas, tintas etc., tal como mostra a figura a seguir.
Os CFC são gases utilizados em refrigeração, concentrando CFCI3 e CF2CI2; 
mas atualmente está em amplo desuso, em decorrência de ações de proteção am-
biental para tentar o restabelecimento da camada de ozônio. A princípio, não 
causam males, isto é, no momento em que são lançados próximos à superfície 
terrestre; porém, ao subirem e se dissiparem nas camadas mais elevadas da atmos-
fera, sofrem fotodissociação e, por fim, reagem com o O3 da camada, destruindo-a.
Lata de aerossol vista em corte, apresentando o seu interior: https://goo.gl/tvKaJ4 
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Os CFC foram utilizados amplamente por longo período. Após a descoberta da 
depleção na camada de ozônio, na década de 1970, e com a descoberta dos pro-
blemas causados pelos CFC, na década de 1980, foram paulatinamente substituí-
dos pelo Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), os quais, segundo os estudos realizados 
até então, não provocam reações na camada de ozônio.
Oceanos
Os oceanos são formados por água salgada e ocupam 71% da crosta terrestre. 
Recebem os seguintes nomes: Pacífico, Atlântico, Índico, Glacial Ártico e Glacial 
Antártico. Além dos oceanos, existem, no Planeta, mares, canais e golfos. 
Os mares apresentam uma extensão menor que oceanos e comumente for-
mam interligações entre os quais. Todos têm grande importância para a manu-
tenção da vida na Terra, pois interferem no clima, principalmente na ocorrência 
de chuvas e nevoeiros.
Os nomes dados aos oceanos referem-se às respectivas regiões onde se localizam, 
a mitos e a outras características.
O Pacífico é o oceano mais calmo para se navegar e o maior em extensão e 
profundidade, além de ser o menos estudado, justamente por causa de sua profun-
didade, que chega a ser maior que 30.000 metros. O Atlântico é o segundo em 
extensão e seu nome tem origem em Atlas, divindade mitológica; suas águas são 
as mais salgadas dos cinco oceanos. O Índico é um importante meio de transporte 
de mercadorias, principalmente no escoamento comercial do petróleo que é pro-
duzido no Golfo Pérsico e Indonésia e provê a produção de frutos do mar da Ásia. 
O oceano Antártico consegue rodear o Planeta com poucas águas salgadas (20%, 
apenas), sendo utilizado para pesquisas marinhas, inclusive pelo Brasil, entre ou-
tros países – França, Nova Zelândia, África do Sul, Estados Unidos, Rússia etc. O 
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Ártico também não é muito salgado, sendo utilizado intensamente para pesca e ao 
transporte marítimo, pois as suas águas são extremamente geladas, apresentando 
condições propícias ao crescimento de variedades de peixes de grande valor co-
mercial – o Quadro 1 ilustra os oceanos e as suas respectivas localizações na Terra. 
A quantidade de sais dissolvidos na água salgada define a salinidade dos mares 
e oceanos, de modo que dependerá da quantidade, em gramas, de sais secos em 
um litro de água.
Quadro 1 – Oceanos
Oceanos Continentes
Oceano Pacífi co Separa as Américas da Ásia e da Oceania.
Oceano Atlântico Separa as Américas da Europa, Ásia (Eirásia) e África.
Oceano Índico Banha a parte sul da Ásia e separa a África da Oceania
Oceano Glacial Ártico Banha o Polo Norte, na faixa norte da América do Norte e da Eurásia.
Oceano Glacial Antártico
Banha a Antártica, sendo este 
oceano, em algumas classificações, 
considerado uma extensão dos 
oceanos Pacífico, Atlântico e Índico.
Fonte: planeta-terra.info/oceanos-e-mares.html
Importante!
Quando ouvir oceano, não pense apenas em água salgada, ou somente na presença de 
NaCL. Para tanto, veja, no Quadro 2, os inúmeros sais existentes nos oceanos.
Importante!
Quadro 2 – Quantidade de sais nas águas salgadas
Constituinte iônico Salinidade Concentração (M)
Cloreto, CL- 19,35 0,55
Sódio, Na+ 10,76 0,47
Sulfato, SO4
2- 2,71 0,028
Magnésio, Mg2+ 1,29 0,054
Cálcio, Ca2+ 0,412 0,010
Potássio, K+ 0,40 0,010
Dióxido de carbono* 0,106 2,3 × 10-3
Brometo, Br- 0,067 8,3 × 10-4
Ácido bórico, H3BO3 0,027 4,3 × 10
-4
Estrôncio, Sr2+ 0,0079 9,1 × 10-5
Fluoreto, F- 0,0013 7,0 × 10-5
*CO2 está presente na água do mar como HCO3
- e CO3
2-
Fonte: Brown, 2014
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UNIDADE Química Ambiental
Problemas Ambientais nos Oceanos
Os maiores problemas ambientais em mares e oceanos são oriundos de:
 · Depósitos inadequados de resíduos sólidos e líquidos urbanos;
 · Excesso de turistas em épocas sazonais;
 · Despejos industriais; e
 · Resíduos de navegação comercial e de turismo descartados nos mares 
e oceanos.
Por questões estratégicas, os grandes centros urbanos do mundo se localizam 
próximos ao litoral, causando grande impacto ambiental nessas áreas. Por apre-
sentarem grandes possibilidades de meios de transporte, muitos territórios litorâne-
os são extremamente populosos e os detritos de esgoto doméstico e de indústrias 
fazem parte da contribuição humana na degradação de áreas marítimas. Outro 
contribuinte para a degradação são os desastres com petroleiros e plataformas ma-
rítimas com vazamento de petróleo ao mar. Tais desastres têm causado problemas 
de todas as ordens, principalmente com consequências à fauna das águas atingidas.
Água Doce no Mundo
É considerada água doce aquela que possuir até 1% de sal.
Em nosso planeta, o teor chega a 2,5% em média; no entanto, deste percentual, 
1,8% está congelado em geleiras, restando apenas 0,7% ao consumo humano – 
correspondendo a cerca de 10,7 milhões de quilômetros cúbicos.
A quantidade de água no mundo é desigual em relação à distribuição entre pa-íses e atinge principalmente as nações muito pobres, tais como as africanas. Isso 
é decorrência do crescimento populacional, da poluição, da falta de programas de 
sustentabilidade, do crescimento econômico e financeiro desenfreado dos países 
ricos que impactam nas economias de nações pobres. Há quase total ausência de 
agricultura irrigada, um crescente aumento da fome e das doenças provocadas pela 
falta de saneamento básico. Os problemas naturais, como a seca permanente, são 
também os causadores de muitas mortes em várias nações.
No Brasil, as precipitações de chuvas são em demasia nas fozes dos rios 
Amazonas e Tocantins, locais que possuem pequenas densidades demográficas. 
Em contrapartida, a impermeabilização de solo nas grandes cidades da região 
Sudeste leva a enchentes, causando muitos danos à população, então por excesso 
de água – em oposição ao caso africano.
Distribuição de água no Planeta: https://goo.gl/7bK5SJ e https://goo.gl/8j7RBa
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Lençóis Freáticos
Sempre que as águas naturais subterrâneas se acumulam entre as várias camadas 
de rochas e a superfície da camada mais externa do solo, recebem o nome de 
Lençóis Freáticos (LF) – observe a Figura 9, que ilustra onde se localizam os LF. 
Essas águas são muito importantes para a preservação das nascentes dos rios, pois 
se acumulam em profundidades maiores que a dos rios.
Acreditava-se que a poluição do solo e das águas demoraria a afetar as partes 
subterrâneas do solo, os LF; no entanto, estudos demonstram que inúmeros agentes 
poluidores já conseguem chegar a camadas mais profundas, atingindo os LF.
Os diferentes tipos de agentes poluidores são: 
 · Escavação de poços artesianos; 
 · Agrotóxicos utilizados em lavouras; 
 · Chorume de lixões irregulares; 
 · Coliformes fecais; 
 · Decomposição de substâncias orgânicas e inorgânicas de cemitérios; 
 · Metais oriundos de empresas (AL, Cr, Cd, Mn, Ba e Pb); 
 · Benzeno e outros compostos constituintes da gasolina, por ocorrência de 
vazamentos de tanques de armazenamento em refi narias e distribuidoras; 
 · Resíduos líquidos de curtumes; 
 · Resíduos de mineradoras; 
 · Fossas irregulares;
 · Salmonela; e 
 · Nanopartículas provenientes do uso de medicamentos e cosméticos.  
Alguns estudos atuais indicam que ar, água, solo e alimentos podem ser conta-
minados por nanopartículas – um nanômetro (nm) é igual a 1 × 10-9 m –, que são 
partículas extremamente pequenas. As nanopartículas, além de microscópicas, têm 
energia superficial muito elevada e, em tese, são de fácil contaminação humana 
através da pele, sendo absorvidas por vários órgãos.
Os órgãos comprovadamente afetados são os dos sistemas respiratório e circu-
latório. Tais minúsculas partículas estariam em produtos à base de Ag, C, Ti, Si 
e Zn. Os produtos existentes no mundo que utilizam esse tipo de tecnologia são 
oriundos da indústria farmacêutica, vestuário, para utilização em casa, construção 
civil, para jardinagem, automotivos, alimentos, eletrônicos, entre outros. Dessa 
forma, pode-se também poluir os LF, pois tais produtos podem chegar às camadas 
mais profundas do solo.
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UNIDADE Química Ambiental
A descontaminação dos agentes poluidores pode se dar, ironicamente, a partir 
da síntese de nanopartículas polimetálicas, causando a degradação de diferentes 
classes de poluentes, como os agroquímicos e fármacos contidos em águas e a 
descontaminação de pigmentos coloridos utilizados em tingimento de tecidos na 
indústria têxtil.
Leia a reportagem disponível em: https://goo.gl/TmkXs2, sobre uma nova tecnologia para 
a descontaminação ambiental. Outra pesquisa, desta vez realizada com nanocristais 
semicondutores fluorescentes de Sulfeto de Zinco (ZnS), material derivado do esqueleto 
externo de crustáceos como camarões, caranguejos e siris, são utilizados para degradar 
pigmentos orgânicos contaminantes, usualmente encontrados em águas industriais – 
leia sobre em: https://goo.gl/zHKPYT e https://goo.gl/nAqeqk
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Contaminação de Águas de Represas 
por Hormônio Feminino
Quando se consome fármacos para qualquer tipo de doença ou reposição 
hormonal, alguns resíduos após a metabolização pelo corpo humano podem pro-
duzir resíduos que, dispersos na urina ou fezes, podem contaminar as águas de 
rios e lagos. Esse tipo de contaminante é chamado de emergente, que pode 
contagiar as águas em quantidades extremamente pequenas – concentração de 
nanogramas por litro. Tal concentração, contudo, pode causar problemas para 
toda a cadeia alimentar.
Estudos indicam que já foram encontrados peixes feminizados e a formação de 
óvulos em animais masculinos, fatos que se dão em decorrência da contaminação 
das águas de rios, lagos e represas, após o contágio ao estrogênio usado em pílu-
las anticoncepcionais – tal fato é gravíssimo do ponto de vista da preservação de 
algumas espécies.
Outro problema é o excesso de antibióticos dissolvidos nas águas, causando 
maior resistência a bactérias e às doenças provocadas pelas quais.
Busque estudos de grupos de pesquisadores, afinal, mesmo em outros países a 
nanotecnologia é relativamente nova, carecendo de estudos contínuos para chegarmos 
a algumas conclusões, soluções e legislações aos problemas de poluição provocados 
pelas nanopartículas. Por exemplo, leia o artigo disponível em: https://goo.gl/dBPrGf
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Ciclo Global da Água
Quando os raios de sol atingem os oceanos, a água no estado líquido passa ao 
estado gasoso, sendo condensada em forma de nuvens. As gotinhas de vapor de 
água podem sofrer cristalização e voltar ao solo como granizo ou água líquida, tal 
como mostra a Figura 9:
Figura 9 – Ciclo global da água no Planeta
Fonte: Adaptado de Brown, 2014
O ciclo da água pode ser iniciado com a evaporação das águas dos oceanos que, 
com as correntes de ar, são levadas para camadas mais altas e, portanto, mais frias. 
Como os vapores de água se condensam formando água líquida, precipitam-se em 
forma de chuvas.
Com o movimento das correntes de ar, as chuvas são carregadas para várias 
partes e acabam sendo levadas para rios que, por sua vez, desembocam nos mares. 
Dependendo da região, tais chuvas vão aos aquíferos e lá ficam armazenadas por 
muito tempo – que pode corresponder a diversos anos ou até milênios, tal como 
mostra a Figura 10. E o ciclo continua!
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UNIDADE Química Ambiental
Aquífero con�nado
Aquífero con�nado Séculos
Anos
Dias
Anos Dias
Milênios
Camada con�nada
Camada con�nada
Lençol freático
Corrente
Figura 10 – A água nos aquíferos
Química Verde
O termo Química Verde (QV) foi originalmente utilizado em 1991, nos Esta-
dos Unidos, quando foi publicada uma lei que indicava a prevenção de poluição 
naquele país. À época, foi definida como: “O desenvolvimento de produtos quí-
micos e processos que buscam a redução ou eliminação do uso e da geração de 
substâncias perigosas”.
Para essa redução de poluição, foram definidos alguns objetivos:
 · Aumento do uso de catalizadores em automóveis, diminuindo a poluição;
 · Desenvolvimento de processos químicos mais seguros;
 · Diminuição de poluição de todos os tipos;
 · Diminuição de produção de reagentes químicos;
 · Diminuição de produtos tóxicos;
 · Diminuição de resíduos;
 · Diminuição do uso de produtos industrializados;
 · Diminuição da produção de materiais com fontes não renováveis;
 · Melhora na eficiência das reações químicas;
 · Redução do consumo de água;
 · Uso racional de energia.
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Ademais, um popular exemplo brasileiro de ação em QV é a produção de 
biodisel, a qual reduz em:
 · 20% a emissão de enxofre;
 · 9,8% a produção de anidrido carbônico;
 · 35% a produção de hidrocarbonetos poluentes;
 · 55% a produção de material sólido no ar;
 · 78 a 100% a emissão dos gases causadores do efeito estufa;
 · Integralmente a produção de derivados de enxofre e hidrocarbonetos 
aromáticos.
Outra vantagem do biodiesel é a utilização de óleos sujos que, ao passarem pelo 
processo de purificação para serem usadosna produção do combustível, diminuem 
o consumo de óleos virgens, como ilustra a figura a seguir:
Ciclo do biodiesel: https://goo.gl/2ktmeJ
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Vejamos agora a produção de etanol como combustível, afinal, por ser uma 
fonte de energia renovável, é considerada QV.
O Brasil é o maior produtor e consumidor de etanol do mundo, o que faz com 
que diminua significativamente o uso do petróleo – sendo este um grande poluidor 
do ar. A utilização do etanol como combustível diminui em 55% o uso de gasolina 
– a Figura 11 ilustra as fases da produção de etanol no Brasil:
Cana-de-
açúcar-verde
Torna-se
etanol 
Torna-se
açucar
Fermentação Precipitação
Caldo-de-
cana
Bagaço
Queima
Transforma-se
em energia
Figura 11 – Fases de produção de etanol no Brasil
Seguindo em mais um exemplo de QV, o polímero utilizado na fabricação de 
inúmeros produtos plásticos é produzido em várias partes do mundo, porém, a 
partir de derivados de petróleo.
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UNIDADE Química Ambiental
O Brasil já fabrica “plástico verde”, que é o polietileno obtido a partir do álcool 
etílico – etanol – da cana-de-açúcar, ou seja, por meio de uma fonte renovável. A 
primeira empresa a produzir esse tipo de polímero foi a Braskem, que já fechou 
contrato para a produção de plástico à Lego, além de sacos de lixo do mesmo 
produto para incontáveis clientes. A figura a seguir ilustra as diferenças entre 
produzir polímeros verdes e derivados de petróleo:
Diferenças na produção de polímeros a partir de cana-de-açúcar e petróleo: 
https://goo.gl/gcv2BH
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Constata-se que o Brasil está de parabéns por todas as iniciativas de produzir QV!
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Físico-Química – fundamentos
ATKINS, P. Físico-Química – fundamentos. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003.
Físico-Química: para as Ciências Químicas e Biológicas
CHANG, R. Físico-Química: para as Ciências Químicas e Biológicas. São Paulo:
McGraw-Hill, 2010.
Química total
COVRE, G. J. Química total. São Paulo: FDT, 2001. 
Química e reações químicas
KOTZ, J. C.; TREICHEL, P. Química e reações químicas. v. 1-2. 4. ed. Rio de Janeiro: 
LTC, 2002.
Química, um curso universitário
MAHAN, B. M.; MYERS, R. J. Química, um curso universitário. Trad. Koiti Araki; Deni-
se de Oliveira Silva; Flávio Massao Matsumoto. 4. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1995.
Físico-Química
MOORE, W. J. Físico-Química. v. 1. [S.l.: s.n., 20--?].
Práticas de físico-química
RANGEL, R. N. Práticas de físico-química. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Edgard 
Blücher, 2006.
Química Nova
REVISTA Química Nova, 2010, 2013, 2016.
Química geral
RUSSEL, J. B. Química geral. v. 1-2. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 1994.
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UNIDADE Química Ambiental
Referências
ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química: questionando a vida moderna e 
o meio ambiente. Porto Alegre, RS: Bookman, 2001.
BROWN, L. B. Química, a Ciência central. São Paulo: Pearson, 2014.
CASTELLAN, G. W. Fundamentos de Físico-Química. 3. ed. Rio de Janeiro: 
LTC, 1986.
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