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Química Geral e Experimental II Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dr.ª Solange de Fátima Azevedo Dias Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Química Ambiental • Introdução; • O Ambiente; • Composição da Atmosfera; • Oceanos; • Problemas Ambientais nos Oceanos; • Água Doce no Mundo; • Lençóis Freáticos; • Contaminação de Águas de Represas por Hormônio Feminino; • Ciclo Global da Água; • Química Verde. · Conhecer os fundamentos de química ambiental e a importância da química verde. OBJETIVO DE APRENDIZADO Química Ambiental Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Química Ambiental Introdução Sabemos como as reações químicas têm papel fundamental na vida de todos os seres vivos e não vivos do Planeta. É com reações químicas que quase tudo o que se conhece no Universo, acontece. As vidas animal e vegetal são formadas e mantidas às custas de inúmeras reações químicas. Assim, a química ambiental é uma divisão da Química que se preocupa, principalmente, em saber como as transformações químicas interferem no meio ambiente, suas atuações, causas e consequências. Fundamentalmente, a química ambiental estuda os impactos ambientais decor- rentes da ação humana em consequência da produção química industrial, da agri- cultura e pecuária, bem como a de origem natural, como é o caso da emanação de gases de origem vulcânica ou da emanação de gases de animais. O Ambiente Na história recente, a Terra tem sofrido mudanças, tanto benéficas quanto malé- ficas, em virtude da necessidade de uma enorme produção de alimentos e produtos de consumo industrial e doméstico. A preocupação com o bem-estar do Planeta é antiga, mas não tem sido suficiente para promover ações que realmente façam diferença impactante na vida saudável da Terra. O ser humano já conseguiu poluir até camadas longínquas em torno do mundo, o que é atualmente conhecido como lixo espacial, que são restos não mais utilizáveis de foguetes, satélites antigos sem funcionamento etc. A figura 1 ilustra como atualmente está o entorno da Terra com a grande quantidade desse tipo de lixo, por meio de imagens cedidas pela National Aeronautics and Space Administration (Nasa), mostrando que esse tipo de lixo se move ao redor da Terra e, a qualquer momento, pode desabar sobre o Planeta. Estima-se que mais de 750 mil fragmentos maiores que 1 centímetro cor- respondem a esse tipo de lixo. Figura 1 – Lixo espacial em volta da Terra Fonte: iStock/Getty Images 8 9 A quantidade de outros tipos de lixo ao longo do mundo, genericamente chama- dos de urbano, é maior que 1,5 milhão de toneladas – somente nas referidas áreas urbanas. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a metade desse valor é produzida pelos trinta países mais ricos do Planeta, e o Brasil faz parte dessa es- tatística. Observe na Figura 2 o Brasil, os países da América Central e da América do Norte e os campeões das Américas, os Estados Unidos da América (EUA); e, na Figura 3, o ranking mundial de produção de lixo: Figura 2 – Países campeões na fabricação de lixo urbano (os mais vermelhos são os que mais produzem lixo urbano) Fonte: Adaptado de elpais.com Figura 3 – Ranking mundial de produtores de lixo urbano Fonte: ABRELPE 9 UNIDADE Química Ambiental Os países ricos produzem lixo e as classes mais pobres sobrevivem do qual. A Figura 4 ilustra que até animais se utilizam de lixo para garantir a própria sobrevivência; enquanto a Figura 5 mostra como são as condições sub-humanas da população pobre na Índia, em que as pessoas vasculham um amontoado de lixo a fim de encontrarem algo que possa ser comercializado e resultar em algum dinheiro para a própria sobrevivência ou, até mesmo, algum alimento que esteja em condições, ainda que precárias, para ser consumido e produzir energia para a manutenção de suas vidas. Figura 4 – Gaivotas sobrevoando lixo Fonte: iStock/Getty Images Figura 5 – Lixão na Índia Fonte: iStock/Getty Images 10 11 No Brasil não é muito diferente, afinal, existem ainda muitos lixões em grandes cidades, em locais inapropriados e manejados de forma indevida, poluindo os len- çóis freáticos com chorume – a porção líquida que escorre dos lixos. Os problemas ambientais causados por esses lixões são inúmeros: o lixo urbano é composto de sólidos orgânicos, inorgânicos, materiais de uso hospitalar descartados clandesti- namente – a Lei impõe um tratamento adequado, em geral, incineração ao lixo infectocontagioso – e os resíduos sólidos de origem industrial. Assim, o tratamento inadequado desses resíduos propicia a sua reutilização por pessoas que sobrevivem do fruto da venda de alguns tipos de resíduos, tais como do lixo contendo alumínio, ferro, vidro, papelão e, atualmente e em grandes quantidades, todo tipo de rejeitos de aparelhos eletrônicos. A utilização de restos de alimentos para consumo doméstico causa inúmeras do- enças na população; ademais, o lixo urbano provoca incontáveis males ambientais ao solo, aos lençóis freáticos, rios, lagos, oceanos e à atmosfera – com a incinera- ção descontrolada. A Figura 6 ilustra um dos muitos lixões em cidades brasileiras: Figura 6 – Lixão no Brasil Fonte: iStock/Getty Images 11 UNIDADE Química Ambiental Composição da Atmosfera Não é somente de contaminantes gerados a partir do lixo sólido que se contami- na o meio ambiente. Gases exalados para a atmosfera terrestre que degradam a ca- mada de ozônio também são considerados meios de poluição. O ozônio (O3) filtra a radiação ultravioleta proveniente do Sol, que é nociva aos seres humanos, sendo o excesso de tempo de exposição da pele a esses raios a principal causa de câncer de pele em seres humanos. A Figura 7 ilustra as camadas da atmosfera terrestre: Figura 7 – Camadas da Terra Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images A troposfera é a camada imaginária onde vivem todos os seres vivos e circulam as aeronaves comerciais. Na estratosfera circulam os caças, ou seja, aviões super- sônicos que necessitam de menos atrito com o ar para o trânsito de alta velocidade; é onde está a camada de ozônio e onde se lançam os balões meteorológicos. Já na mesosfera trafegam as ondas de rádio e os raios cósmicos. Encontramosna ter- mosfera as naves em órbita e satélites. E a última camada, a exosfera, é onde figura a formação da aurora boreal, que é a emissão de luz em decorrência da entrada de partículas carregadas eletricamente e próximas aos polos. Oxigênio (O2) e Nitrogênio (N2) são os gases mais abundantes na atmosfera, onde há também, mas em significativa menor proporção, vapor d’água, gases nobres e Gás Carbônico (CO2). Alguns gases estão em pequenas quantidades, mas 12 13 são suficientes para causar, indiretamente, danos à vida, como é o caso do gás carbônico oriundo de queimadas, fornos industriais, da queima de combustíveis etc. A camada de Ozônio (O3), que nos protege da radiação ultravioleta, encontra-se em uma altitude de 90 km da superfície da Terra. É formada pela exposição do O2 aos raios solares, deixando oxigênio livre para a reação com moléculas de O2 e posterior formação do O3. O2 (g) → 2 O(g) O(g) + O2 (g) → 1 O3 (g) As moléculas de O3 ficam concentradas entre 20 e 35 km de altitude. Dependendo da altitude em que se encontra – na troposfera –, o O3 não atua como protetor solar e passa a ser um poluente conjuntamente com CO, CO2, CH4 e NO. O ozônio é formado também na queima de combustíveis em carros e irrita o aparelho respiratório, principalmente de crianças. Observe na Figura 8 a concentração de ozônio na estratosfera: 1010 10 0 20 30 40 50 60 70 1011 Concentração de ozônio (moléculas/cm³) Al tit ud e ( km ) Es tra to sfe ra 1012 1013 Figura 8 – Concentração de O3 na estratosfera Fonte: Adaptado de Brown, 2014 Contudo, se a camada de ozônio diminuir significativamente, os raios Ultravioleta (UV) atingirão a superfície da Terra, causando danos à vida terrestre e nos mares. Existe o conhecido buraco na camada de ozônio, que já teve a extensão de 800 km, mantendo-se como motivo de preocupação, de forma que é monitorado continuamente por agências espaciais tais como a Nasa. A figura a seguir ilustra a evolução do buraco na camada de ozônio, o qual está localizado, principalmente, sobre a Antártica. Evolução do buraco na camada de ozônio: https://goo.gl/rVSqte Ex pl or 13 UNIDADE Química Ambiental A responsabilidade pela depleção da camada de ozônio é atribuída ao cloro dos Clorofluorcarbonetos (CFC). Os CFC são usados como propelentes em latas de aerossol – gás no estado líquido –, cuja função é fornecer pressão suficiente para enviar ao ar, em forma de minúsculas partículas, o líquido de desodorantes, cremes de barbear, inseticidas, tintas etc., tal como mostra a figura a seguir. Os CFC são gases utilizados em refrigeração, concentrando CFCI3 e CF2CI2; mas atualmente está em amplo desuso, em decorrência de ações de proteção am- biental para tentar o restabelecimento da camada de ozônio. A princípio, não causam males, isto é, no momento em que são lançados próximos à superfície terrestre; porém, ao subirem e se dissiparem nas camadas mais elevadas da atmos- fera, sofrem fotodissociação e, por fim, reagem com o O3 da camada, destruindo-a. Lata de aerossol vista em corte, apresentando o seu interior: https://goo.gl/tvKaJ4 Ex pl or Os CFC foram utilizados amplamente por longo período. Após a descoberta da depleção na camada de ozônio, na década de 1970, e com a descoberta dos pro- blemas causados pelos CFC, na década de 1980, foram paulatinamente substituí- dos pelo Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), os quais, segundo os estudos realizados até então, não provocam reações na camada de ozônio. Oceanos Os oceanos são formados por água salgada e ocupam 71% da crosta terrestre. Recebem os seguintes nomes: Pacífico, Atlântico, Índico, Glacial Ártico e Glacial Antártico. Além dos oceanos, existem, no Planeta, mares, canais e golfos. Os mares apresentam uma extensão menor que oceanos e comumente for- mam interligações entre os quais. Todos têm grande importância para a manu- tenção da vida na Terra, pois interferem no clima, principalmente na ocorrência de chuvas e nevoeiros. Os nomes dados aos oceanos referem-se às respectivas regiões onde se localizam, a mitos e a outras características. O Pacífico é o oceano mais calmo para se navegar e o maior em extensão e profundidade, além de ser o menos estudado, justamente por causa de sua profun- didade, que chega a ser maior que 30.000 metros. O Atlântico é o segundo em extensão e seu nome tem origem em Atlas, divindade mitológica; suas águas são as mais salgadas dos cinco oceanos. O Índico é um importante meio de transporte de mercadorias, principalmente no escoamento comercial do petróleo que é pro- duzido no Golfo Pérsico e Indonésia e provê a produção de frutos do mar da Ásia. O oceano Antártico consegue rodear o Planeta com poucas águas salgadas (20%, apenas), sendo utilizado para pesquisas marinhas, inclusive pelo Brasil, entre ou- tros países – França, Nova Zelândia, África do Sul, Estados Unidos, Rússia etc. O 14 15 Ártico também não é muito salgado, sendo utilizado intensamente para pesca e ao transporte marítimo, pois as suas águas são extremamente geladas, apresentando condições propícias ao crescimento de variedades de peixes de grande valor co- mercial – o Quadro 1 ilustra os oceanos e as suas respectivas localizações na Terra. A quantidade de sais dissolvidos na água salgada define a salinidade dos mares e oceanos, de modo que dependerá da quantidade, em gramas, de sais secos em um litro de água. Quadro 1 – Oceanos Oceanos Continentes Oceano Pacífi co Separa as Américas da Ásia e da Oceania. Oceano Atlântico Separa as Américas da Europa, Ásia (Eirásia) e África. Oceano Índico Banha a parte sul da Ásia e separa a África da Oceania Oceano Glacial Ártico Banha o Polo Norte, na faixa norte da América do Norte e da Eurásia. Oceano Glacial Antártico Banha a Antártica, sendo este oceano, em algumas classificações, considerado uma extensão dos oceanos Pacífico, Atlântico e Índico. Fonte: planeta-terra.info/oceanos-e-mares.html Importante! Quando ouvir oceano, não pense apenas em água salgada, ou somente na presença de NaCL. Para tanto, veja, no Quadro 2, os inúmeros sais existentes nos oceanos. Importante! Quadro 2 – Quantidade de sais nas águas salgadas Constituinte iônico Salinidade Concentração (M) Cloreto, CL- 19,35 0,55 Sódio, Na+ 10,76 0,47 Sulfato, SO4 2- 2,71 0,028 Magnésio, Mg2+ 1,29 0,054 Cálcio, Ca2+ 0,412 0,010 Potássio, K+ 0,40 0,010 Dióxido de carbono* 0,106 2,3 × 10-3 Brometo, Br- 0,067 8,3 × 10-4 Ácido bórico, H3BO3 0,027 4,3 × 10 -4 Estrôncio, Sr2+ 0,0079 9,1 × 10-5 Fluoreto, F- 0,0013 7,0 × 10-5 *CO2 está presente na água do mar como HCO3 - e CO3 2- Fonte: Brown, 2014 15 UNIDADE Química Ambiental Problemas Ambientais nos Oceanos Os maiores problemas ambientais em mares e oceanos são oriundos de: · Depósitos inadequados de resíduos sólidos e líquidos urbanos; · Excesso de turistas em épocas sazonais; · Despejos industriais; e · Resíduos de navegação comercial e de turismo descartados nos mares e oceanos. Por questões estratégicas, os grandes centros urbanos do mundo se localizam próximos ao litoral, causando grande impacto ambiental nessas áreas. Por apre- sentarem grandes possibilidades de meios de transporte, muitos territórios litorâne- os são extremamente populosos e os detritos de esgoto doméstico e de indústrias fazem parte da contribuição humana na degradação de áreas marítimas. Outro contribuinte para a degradação são os desastres com petroleiros e plataformas ma- rítimas com vazamento de petróleo ao mar. Tais desastres têm causado problemas de todas as ordens, principalmente com consequências à fauna das águas atingidas. Água Doce no Mundo É considerada água doce aquela que possuir até 1% de sal. Em nosso planeta, o teor chega a 2,5% em média; no entanto, deste percentual, 1,8% está congelado em geleiras, restando apenas 0,7% ao consumo humano – correspondendo a cerca de 10,7 milhões de quilômetros cúbicos. A quantidade de água no mundo é desigual em relação à distribuição entre pa-íses e atinge principalmente as nações muito pobres, tais como as africanas. Isso é decorrência do crescimento populacional, da poluição, da falta de programas de sustentabilidade, do crescimento econômico e financeiro desenfreado dos países ricos que impactam nas economias de nações pobres. Há quase total ausência de agricultura irrigada, um crescente aumento da fome e das doenças provocadas pela falta de saneamento básico. Os problemas naturais, como a seca permanente, são também os causadores de muitas mortes em várias nações. No Brasil, as precipitações de chuvas são em demasia nas fozes dos rios Amazonas e Tocantins, locais que possuem pequenas densidades demográficas. Em contrapartida, a impermeabilização de solo nas grandes cidades da região Sudeste leva a enchentes, causando muitos danos à população, então por excesso de água – em oposição ao caso africano. Distribuição de água no Planeta: https://goo.gl/7bK5SJ e https://goo.gl/8j7RBa Ex pl or 16 17 Lençóis Freáticos Sempre que as águas naturais subterrâneas se acumulam entre as várias camadas de rochas e a superfície da camada mais externa do solo, recebem o nome de Lençóis Freáticos (LF) – observe a Figura 9, que ilustra onde se localizam os LF. Essas águas são muito importantes para a preservação das nascentes dos rios, pois se acumulam em profundidades maiores que a dos rios. Acreditava-se que a poluição do solo e das águas demoraria a afetar as partes subterrâneas do solo, os LF; no entanto, estudos demonstram que inúmeros agentes poluidores já conseguem chegar a camadas mais profundas, atingindo os LF. Os diferentes tipos de agentes poluidores são: · Escavação de poços artesianos; · Agrotóxicos utilizados em lavouras; · Chorume de lixões irregulares; · Coliformes fecais; · Decomposição de substâncias orgânicas e inorgânicas de cemitérios; · Metais oriundos de empresas (AL, Cr, Cd, Mn, Ba e Pb); · Benzeno e outros compostos constituintes da gasolina, por ocorrência de vazamentos de tanques de armazenamento em refi narias e distribuidoras; · Resíduos líquidos de curtumes; · Resíduos de mineradoras; · Fossas irregulares; · Salmonela; e · Nanopartículas provenientes do uso de medicamentos e cosméticos. Alguns estudos atuais indicam que ar, água, solo e alimentos podem ser conta- minados por nanopartículas – um nanômetro (nm) é igual a 1 × 10-9 m –, que são partículas extremamente pequenas. As nanopartículas, além de microscópicas, têm energia superficial muito elevada e, em tese, são de fácil contaminação humana através da pele, sendo absorvidas por vários órgãos. Os órgãos comprovadamente afetados são os dos sistemas respiratório e circu- latório. Tais minúsculas partículas estariam em produtos à base de Ag, C, Ti, Si e Zn. Os produtos existentes no mundo que utilizam esse tipo de tecnologia são oriundos da indústria farmacêutica, vestuário, para utilização em casa, construção civil, para jardinagem, automotivos, alimentos, eletrônicos, entre outros. Dessa forma, pode-se também poluir os LF, pois tais produtos podem chegar às camadas mais profundas do solo. 17 UNIDADE Química Ambiental A descontaminação dos agentes poluidores pode se dar, ironicamente, a partir da síntese de nanopartículas polimetálicas, causando a degradação de diferentes classes de poluentes, como os agroquímicos e fármacos contidos em águas e a descontaminação de pigmentos coloridos utilizados em tingimento de tecidos na indústria têxtil. Leia a reportagem disponível em: https://goo.gl/TmkXs2, sobre uma nova tecnologia para a descontaminação ambiental. Outra pesquisa, desta vez realizada com nanocristais semicondutores fluorescentes de Sulfeto de Zinco (ZnS), material derivado do esqueleto externo de crustáceos como camarões, caranguejos e siris, são utilizados para degradar pigmentos orgânicos contaminantes, usualmente encontrados em águas industriais – leia sobre em: https://goo.gl/zHKPYT e https://goo.gl/nAqeqk Ex pl or Contaminação de Águas de Represas por Hormônio Feminino Quando se consome fármacos para qualquer tipo de doença ou reposição hormonal, alguns resíduos após a metabolização pelo corpo humano podem pro- duzir resíduos que, dispersos na urina ou fezes, podem contaminar as águas de rios e lagos. Esse tipo de contaminante é chamado de emergente, que pode contagiar as águas em quantidades extremamente pequenas – concentração de nanogramas por litro. Tal concentração, contudo, pode causar problemas para toda a cadeia alimentar. Estudos indicam que já foram encontrados peixes feminizados e a formação de óvulos em animais masculinos, fatos que se dão em decorrência da contaminação das águas de rios, lagos e represas, após o contágio ao estrogênio usado em pílu- las anticoncepcionais – tal fato é gravíssimo do ponto de vista da preservação de algumas espécies. Outro problema é o excesso de antibióticos dissolvidos nas águas, causando maior resistência a bactérias e às doenças provocadas pelas quais. Busque estudos de grupos de pesquisadores, afinal, mesmo em outros países a nanotecnologia é relativamente nova, carecendo de estudos contínuos para chegarmos a algumas conclusões, soluções e legislações aos problemas de poluição provocados pelas nanopartículas. Por exemplo, leia o artigo disponível em: https://goo.gl/dBPrGf Ex pl or 18 19 Ciclo Global da Água Quando os raios de sol atingem os oceanos, a água no estado líquido passa ao estado gasoso, sendo condensada em forma de nuvens. As gotinhas de vapor de água podem sofrer cristalização e voltar ao solo como granizo ou água líquida, tal como mostra a Figura 9: Figura 9 – Ciclo global da água no Planeta Fonte: Adaptado de Brown, 2014 O ciclo da água pode ser iniciado com a evaporação das águas dos oceanos que, com as correntes de ar, são levadas para camadas mais altas e, portanto, mais frias. Como os vapores de água se condensam formando água líquida, precipitam-se em forma de chuvas. Com o movimento das correntes de ar, as chuvas são carregadas para várias partes e acabam sendo levadas para rios que, por sua vez, desembocam nos mares. Dependendo da região, tais chuvas vão aos aquíferos e lá ficam armazenadas por muito tempo – que pode corresponder a diversos anos ou até milênios, tal como mostra a Figura 10. E o ciclo continua! 19 UNIDADE Química Ambiental Aquífero con�nado Aquífero con�nado Séculos Anos Dias Anos Dias Milênios Camada con�nada Camada con�nada Lençol freático Corrente Figura 10 – A água nos aquíferos Química Verde O termo Química Verde (QV) foi originalmente utilizado em 1991, nos Esta- dos Unidos, quando foi publicada uma lei que indicava a prevenção de poluição naquele país. À época, foi definida como: “O desenvolvimento de produtos quí- micos e processos que buscam a redução ou eliminação do uso e da geração de substâncias perigosas”. Para essa redução de poluição, foram definidos alguns objetivos: · Aumento do uso de catalizadores em automóveis, diminuindo a poluição; · Desenvolvimento de processos químicos mais seguros; · Diminuição de poluição de todos os tipos; · Diminuição de produção de reagentes químicos; · Diminuição de produtos tóxicos; · Diminuição de resíduos; · Diminuição do uso de produtos industrializados; · Diminuição da produção de materiais com fontes não renováveis; · Melhora na eficiência das reações químicas; · Redução do consumo de água; · Uso racional de energia. 20 21 Ademais, um popular exemplo brasileiro de ação em QV é a produção de biodisel, a qual reduz em: · 20% a emissão de enxofre; · 9,8% a produção de anidrido carbônico; · 35% a produção de hidrocarbonetos poluentes; · 55% a produção de material sólido no ar; · 78 a 100% a emissão dos gases causadores do efeito estufa; · Integralmente a produção de derivados de enxofre e hidrocarbonetos aromáticos. Outra vantagem do biodiesel é a utilização de óleos sujos que, ao passarem pelo processo de purificação para serem usadosna produção do combustível, diminuem o consumo de óleos virgens, como ilustra a figura a seguir: Ciclo do biodiesel: https://goo.gl/2ktmeJ Ex pl or Vejamos agora a produção de etanol como combustível, afinal, por ser uma fonte de energia renovável, é considerada QV. O Brasil é o maior produtor e consumidor de etanol do mundo, o que faz com que diminua significativamente o uso do petróleo – sendo este um grande poluidor do ar. A utilização do etanol como combustível diminui em 55% o uso de gasolina – a Figura 11 ilustra as fases da produção de etanol no Brasil: Cana-de- açúcar-verde Torna-se etanol Torna-se açucar Fermentação Precipitação Caldo-de- cana Bagaço Queima Transforma-se em energia Figura 11 – Fases de produção de etanol no Brasil Seguindo em mais um exemplo de QV, o polímero utilizado na fabricação de inúmeros produtos plásticos é produzido em várias partes do mundo, porém, a partir de derivados de petróleo. 21 UNIDADE Química Ambiental O Brasil já fabrica “plástico verde”, que é o polietileno obtido a partir do álcool etílico – etanol – da cana-de-açúcar, ou seja, por meio de uma fonte renovável. A primeira empresa a produzir esse tipo de polímero foi a Braskem, que já fechou contrato para a produção de plástico à Lego, além de sacos de lixo do mesmo produto para incontáveis clientes. A figura a seguir ilustra as diferenças entre produzir polímeros verdes e derivados de petróleo: Diferenças na produção de polímeros a partir de cana-de-açúcar e petróleo: https://goo.gl/gcv2BH Ex pl or Constata-se que o Brasil está de parabéns por todas as iniciativas de produzir QV! 22 23 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Físico-Química – fundamentos ATKINS, P. Físico-Química – fundamentos. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003. Físico-Química: para as Ciências Químicas e Biológicas CHANG, R. Físico-Química: para as Ciências Químicas e Biológicas. São Paulo: McGraw-Hill, 2010. Química total COVRE, G. J. Química total. São Paulo: FDT, 2001. Química e reações químicas KOTZ, J. C.; TREICHEL, P. Química e reações químicas. v. 1-2. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. Química, um curso universitário MAHAN, B. M.; MYERS, R. J. Química, um curso universitário. Trad. Koiti Araki; Deni- se de Oliveira Silva; Flávio Massao Matsumoto. 4. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1995. Físico-Química MOORE, W. J. Físico-Química. v. 1. [S.l.: s.n., 20--?]. Práticas de físico-química RANGEL, R. N. Práticas de físico-química. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Edgard Blücher, 2006. Química Nova REVISTA Química Nova, 2010, 2013, 2016. Química geral RUSSEL, J. B. Química geral. v. 1-2. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 1994. 23 UNIDADE Química Ambiental Referências ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. Porto Alegre, RS: Bookman, 2001. BROWN, L. B. Química, a Ciência central. São Paulo: Pearson, 2014. CASTELLAN, G. W. Fundamentos de Físico-Química. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1986. MASTERTON, W. L.; SLOWINSKI, E. J.; STANITSKI, C. L. Princípios de Química. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1990. RUSSEL, J. B. Química geral. v. 1-2. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 1994. 24
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