Prévia do material em texto
CONTABILIDADE AVANÇADA CONTABILIDADE AVANÇADAORGANIZADORES CRYSTIAN BÍSCARO; RAYANNE SILVA BARBOSA ORGANIZADORES CRYSTIAN BÍSCARO; RAYANNE SILVA BARBOSA Contabilidade avançada GRUPO SER EDUCACIONAL Ao mesmo tempo que promove um espírito crítico sobre os fatos e atos administrativos e contábeis, esta obra oferece ao estudante das Ciências Contábeis métodos avançados utilizados por essa ciência que buscam contribuir para seu desenvolvimento técnico. O conteúdo é didático e oferece os principais aspectos que devem ser estudados na Contabilidade Avançada, como assuntos relacionados às participações societárias; técnicas contábeis; avaliação de investimentos; e, por �m, tópicos de contabilidade societária. As eliminações contábeis e os lucros não realizados serão tratados aqui, bem como esclareceremos o que são itens monetários e não monetários e quais os principais ajustes que são realizados na contabilidade diante de certos even- tos. Você vai se inteirar dos métodos de avaliação de investimentos, como o método do custo, do valor justo e da equivalência patrimonial, e de que maneira fazer provisões para perdas em investimentos. Verá ainda os tipos de combinação de negócios, como fusão, cisão, incorporação e aqui- sição/alienação de controle e as diferenças entre as formas de encerramento de uma sociedade empresária serão também amplamente abordados. Agora é com você! Bons estudos! gente criando futuro I SBN 9788522129720 9 788522 129720 > C M Y CM MY CY CMY K CONTABILIDADE AVANÇADA Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Diretor de EAD: Enzo Moreira Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes Coordenadora educacional: Pamela Marques Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi Bíscaro, Crystian. Contabilidade avançada / Crystian Bíscaro; Rayanne Silva Barbosa – São Paulo: Cengage, 2020. Bibliografia. ISBN 9788522129720 1. Ciências contábeis 2. Contabilidade avançada 3. Barbosa, Rayanne Silva. Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 E-mail: sereducacional@sereducacional.com “É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da democracia com a ampliação da escolaridade. Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer- lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no contexto da sociedade.” Janguiê Diniz PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL Autoria Chrystian Bíscaro Graduado em ciências contábeis pela Universidade Estadual de Londrina, pós graduado em controladoria e finanças pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná e mestrando em Administração com ênfase em Gestão e Sustentabilidade pela Universidade Estadual de Londrina. Atualmente é consultor de empresas nas áreas de finanças, contabilidade e gestão estratégica. Também ministra cursos e treinamentos sobre análise de balanços e controladoria. Rayanne Silva Barbosa Graduada em Ciências Contábeis, mestra em Contabilidade e Controladoria e doutoranda em Controladoria pela Universidade Federal de Uberlândia. Já ministrou aulas presenciais e EaD nas áreas de Contabilidade de Custos, Análise das Demonstrações Contábeis, Teoria da Contabilidade, Auditoria e Orçamento Empresarial. Também é graduada em Tradução. SUMÁRIO Prefácio .................................................................................................................................................8 UNIDADE 1 - Participações societárias ...........................................................................................9 Introdução.............................................................................................................................................10 1 Noções preliminares .......................................................................................................................... 11 2 Fundamentos legais e princípios contábeis ....................................................................................... 14 3 Eliminações contábeis ........................................................................................................................ 17 4 Participação minoritária ..................................................................................................................... 22 5 Lucros não realizados ......................................................................................................................... 23 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ................................................................................................................27 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................30 GABARITOS ...................................................................................................................................31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................32 UNIDADE 2 - Técnicas contábeis .....................................................................................................35 Introdução.............................................................................................................................................36 1 Órgãos regulamentadores .................................................................................................................. 37 2. Técnicas e taxas de conversão ........................................................................................................... 42 3. Itens monetários e não monetários .................................................................................................. 46 4. Principais ajustes ............................................................................................................................... 47 5 Ganhos e perdas ................................................................................................................................ 51 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ................................................................................................................54 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................57 GABARITOS ...................................................................................................................................58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................59 UNIDADE 3 - Avaliação de investimentos .......................................................................................61Introdução.............................................................................................................................................62 1 Investimentos ..................................................................................................................................... 63 2 Avaliação de investimentos: método do custo .................................................................................. 66 3 Avaliação de investimentos: método do valor justo .......................................................................... 67 4 Avaliação de investimentos: método da equivalência patrimonial ....................................................70 5 Participações societárias .................................................................................................................... 73 6 Provisão para perdas em investimento .............................................................................................. 78 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ................................................................................................................81 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................83 GABARITOS ...................................................................................................................................84 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................85 UNIDADE 4 - Tópicos de contabilidade societária ...........................................................................87 Introdução.............................................................................................................................................88 1 Juros sobre capital próprio ................................................................................................................. 89 2 Combinação de negócios ................................................................................................................... 99 3 Encerramento de sociedades ............................................................................................................. 101 4 Postulados ambientais ....................................................................................................................... 104 5 Legislação societária e legislação fiscal/tributária ............................................................................. 106 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ................................................................................................................109 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................111 GABARITOS ...................................................................................................................................112 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................113 Este livro trata da Contabilidade Avançada e apresenta os conceitos dessa importante área para controle das contas das organizações públicas e privadas, em linguagem fácil e repleto de exemplos aplicáveis. Na unidade 1 serão apresentados os regimes contábeis existentes e os grupos de contas que compõem o plano de contas. O modo de contabilizar fatos típicos da contabilidade pública e os exemplos práticos de plano de contas e da escrituração contábil também será claramente explicado. Os principais assuntos relacionados às demonstrações contábeis aplicadas à área pública serão discutidos na unidade 2, ao mesmo tempo em que lista pronunciamentos aplicados à área pública, que visam tornar as demonstrações mais transparentes. Aqui também será explicado o controle do patrimônio das entidades do setor público. Já na unidade 3, o balanço patrimonial na contabilidade pública será detalhado, explicando as regras e preceitos que são estabelecidos em normativos contábeis e na própria legislação brasileira. O passo a passo da realização do levantamento de um balanço patrimonial será mostrado nesta unidade também. Como se calcula a remuneração por juros sobre capital próprio e como se faz os lançamentos contábeis dessa forma de provento são alguns dos itens abordados na unidade 4. Os tipos de combinação de negócios como fusão, cisão, incorporação e aquisição/alienação de controle, além das diferenças entre as formas de encerramento de uma sociedade empresária, como falência, dissolução, liquidação e extinção e os aspectos contábeis desses processos, serão detalhados também. Por fim, os postulados ambientais, que fazem parte do escopo dos princípios de Contabilidade e são considerados como os pressupostos básicos para o exercício da contabilidade são mostrados embasados pelas leis que regula essa matéria. Bons estudos! PREFÁCIO UNIDADE 1 Participações societárias Olá, Você está na unidade Participações Societárias. Conheça aqui os conceitos de sociedades coligadas, controladas, ágio, deságio, participação minoritária, avaliação de investimentos, entre outros. Entenda, ainda, os fundamentos legais que direcionam os trabalhos do profissional de contabilidade, bem como a importância de se conhecer os princípios contábeis para o pleno exercício da profissão. Aprenda técnicas fundamentais relacionadas à consolidação das demonstrações contábeis, como as eliminações contábeis, os lucros não realizados e o tratamento dado aos acionistas minoritários. Conheça, também, algumas das principais normas que orientam as práticas contábeis, bem como os órgãos responsáveis pelas publicações desses documentos. Bons estudos! Introdução 11 1 NOÇÕES PRELIMINARES Para que possamos iniciar, serão apresentados conceitos e métodos avançados utilizados pela ciência contábil que buscam contribuir para o desenvolvimento técnico do estudante, ao mesmo tempo em que o proporciona espírito crítico sobre os fatos e atos administrativos e contábeis. O entendimento dessas informações se faz necessário diante do cenário globalizado que se percebe atualmente, pois o profissional da área contábil, detentor dos conhecimentos práticos e das legislações que regem o mundo empresarial, é peça fundamental de orientação para as entidades de qualquer setor da economia. Cabe lembrar ainda que a ciência contábil é uma ciência social aplicada, o que significa dizer que ela depende, analisa, apura e registra fatos das ações humanas. Essas ações, diante do cenário econômico global, tornam-se cada vez mais complexas, pois não existem fronteiras para as atividades comerciais, visto que, em apenas um instante, é possível efetuar uma transação comercial para um país localizado em outro continente, no qual a legislação pode ser totalmente diferente da do país de origem, com regras e políticas distintas, moeda muitas vezes válida apenas para aquela região, e diversas outras dissemelhanças que podem dificultar a padronização dos registros contábeis. Figura 1 - Comércio globalizado Fonte: EM Karuna, Shutterstock, 2020. 1.1 Desafios para o profissional de contabilidade Além do que já foi abordado, quando se pensa apenas no ambiente nacional, existem também outros desafios para o profissional de contabilidade. Todos os setores da economia são muito dinâmicos e se movimentam de uma forma exponencial. Como exemplo, podemos encontrar hoje duas empresas concorrentes, as quais amanhã podem se agrupar e formar uma nova empresa ou novo grupo empresarial; ou, ainda, é possível que uma empresa decida investir em uma outra 12 companhia, ou seja, adquira uma parcela do seu capital social. Variações monetárias, ganho ou perda nos investimentos, conversão dos relatórios contábeis para moeda estrangeira, entre outros aspectos, necessitam ser apurados e contabilizados tempestivamente. Isso, aliás, é um dos princípios da contabilidade, o chamado Princípioda Oportunidade, o qual entende que os processos de mensuração e apresentação dos elementos patrimoniais devem ser feitos de forma íntegra e oportuna, conforme determinado na Resolução CFC n. 1.282/2010. E, então, podemos perceber que o conhecimento dos conceitos, das legislações e dos órgãos reguladores que disciplinam esses assuntos, alinhado à técnica contábil, é imprescindível para o contador do futuro. Algumas noções preliminares tornam-se necessárias para que se possa aprofundar com segurança neste assunto tão complexo e ao mesmo tempo estimulante. Agora, vamos analisar alguns dos principais conteúdo desta disciplina. Inicialmente é importante que o profissional contábil sempre saiba qual a entidade que regulamenta, disciplina e orienta sobre os temas que serão abordados. A fundamentação legal e os princípios técnicos serão explorados de maneira detalhada adiante. Por isso, observe o nome de alguns órgãos, com cuja nomenclatura você já deve se acostumar desde já: Comissão de Valores Mobiliários (CVM); Conselho Federal de Contabilidade (CFC); Banco Central do Brasil (BACEN); Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON) e Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). A função de cada um e as normas que eles editam também serão abordados no próximo tópico. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 1.2 Conceitos básicos Quando se fala em investimentos em empresas, ou, em outras palavras, participações societárias, é comum que alguns termos apareçam. Portanto, para o profissional de contabilidade, a clareza desses conceitos contribui para que o exercício da profissão seja realizado com maior zelo, rigor e competência técnica. Vamos observar algum desses termos: 13 Coligadas O artigo 243, da Lei n. 6.404/76 dispõe que “são coligadas as sociedades nas quais a investidora tenha influência significativa”. Vale ressaltar que, de acordo com a referida lei, entendemos por influência significativa “quando a investidora detém ou exerce o poder de participar nas decisões das políticas financeira ou operacional da investida, sem controlá-la” e, também, ressaltamos que “é presumida influência significativa quando a investidora for titular de 20% (vinte por cento) ou mais do capital votante da investida, sem controlá-la” (BRASIL, 1976). Ágio Significa o ganho, ou seja, a diferença para mais entre o custo de aquisição de um determinado investimento (exemplo: participação societária) em detrimento do valor patrimonial desse mesmo investimento em determinado período (ALMEIDA, 1997; FRANÇA, 2010). É necessário compreender, neste momento, que o valor patrimonial representa o valor efetivo do patrimônio da sociedade investida, o qual pode ser maior ou menor do que aquele existente quando foi realizado o investimento (participação societária). Deságio Por dedução, esse termo reflete o oposto do ágio, abordado anteriormente. Portanto, o deságio reflete a perda, a diferença para menos entre o custo de aquisição de um determinado investimento em detrimento do seu valor patrimonial. Dividendos São uma parcela dos lucros destinados à distribuição aos acionistas de uma sociedade anônima. Os dividendos propostos (conta contábil do passivo circulante) são equivalentes aos lucros a pagar (conta contábil do passivo circulante). Por questões de terminologia, o que nas sociedades anônimas é chamado de dividendos, nas sociedades limitadas chama-se lucros. É importante salientar que existem regras muito bem definidas, também estabelecidas pela Lei n. 6.404/76, que devem ser seguidas no que diz respeito aos dividendos. Participação Minoritária Sempre que uma empresa controlada não tiver 100% de seu controle exercido por uma controladora, fatalmente haverá a existência da figura dos acionistas minoritários (FRANÇA, 2010). No Balanço Patrimonial, essa conta figurará no Passivo antes do Patrimônio Líquido, evidenciando assim que aquela é uma obrigação com capital de terceiros. 14 Avaliação de Investimentos Quando uma empresa decide investir a longo prazo (participação societária) em outra companhia, esse investimento deve ser mensurado e contabilizado para que assim os demonstrativos contábeis possam ser apresentados em consonância com as regras determinadas. Essa mensuração pode ser chamada de avaliação de investimentos, que, conforme o tipo de participação nas sociedades empresariais, pode ser adotadas técnicas diferentes. Entre as principais técnicas de avaliação de investimentos encontra-se o método de custo e o método de equivalência patrimonial (ALMEIDA, 1997). Após essa breve explanação sobre o conteúdo, esperamos ampliar a sua perspectiva e aprofundar mais alguns conceitos, além de exemplificar alguns modos de contabilização. Buscamos, com isso, oferecer uma experiência prática e elucidar possíveis questões que ainda possam não estar esclarecidas. 2 FUNDAMENTOS LEGAIS E PRINCÍPIOS CONTÁBEIS Conforme foi abordado anteriormente, é parte fundamental ao trabalho do profissional contábil o conhecimento das legislações, dos órgãos reguladores, dos princípios contábeis que norteiam as contabilizações, enfim, de todo o embasamento técnico que fornece suporte para as suas atividades. Dessa forma, comentaremos na sequência os principais fundamentos legais e princípios contábeis que devem orientar os trabalhos de qualquer profissional da contabilidade envolvido com tópicos avançados. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 15 2.1 Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976 Conhecida também como lei das sociedades por ações, essa extensa lei disciplina diversos aspectos das sociedades por ações, sendo que, para muitos assuntos, os conceitos estabelecidos nela têm sido estendidos para outros tipos de sociedade, como as sociedades por quotas de responsabilidade limitada. Dentre alguns capítulos importantes está o capítulo 18, que determina regras sobre a transformação, a incorporação, a fusão e a cisão de sociedades empresariais. Já o capítulo 20, por sua vez, trata sobre as sociedades coligadas, controladoras e controladas, e pode ser considerado verdadeiramente um roteiro esclarecedor sobre o tratamento e as regras que devem ser aplicados. Entre os principais pontos destacamos o conceito de cada tipo de sociedade investida (coligada ou controlada), a abordagem sobre a responsabilidade dos administradores, a forma de apresentação das demonstrações financeiras e as notas explicativas, a avaliação dos investimentos e a consolidação das demonstrações contábeis. Como percebemos é uma lei de grande importância. Todavia, é necessário que tenhamos em mente que ela foi formulada no ano de 1976, e, por isso, é natural que já tenha sofrido algumas alterações. Dentre as atualizações mais relevantes, destacamos a Lei n. 11.638/2007 e a Lei n. 11.941/2009. 2.2 Pronunciamento técnico CPC 18 (R2) O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi criado no ano de 2005 e é composto por sete entidades que se uniram com o intuito de emitir documentos técnicos contábeis sobre a forma de proceder diante de múltiplas situações. A sua criação foi legitimada por meio da Resolução CFC n. 1.055/05. As entidades que o compõem são: Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec Nacional), B3 Brasil Bolsa Balcão, Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) e Entidades representativas de investidores do mercado de capitais. O objetivo do CPC é: o estudo, o preparo e a emissão de documentos técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. (CONSELHOFEDERAL DE CONTABILIDADE, 2005, on-line) O CPC 18 estabelece a contabilização de investimentos em coligadas e em controladas e, além disso, define os critérios para que se aplique o método da equivalência patrimonial quando se fizer necessária a contabilização de investimentos em coligadas, em controladas e em 16 empreendimentos controlados em conjunto, também conhecidos como joint ventures (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2012a). 2.3 Pronunciamento técnico CPC 36 (R3) O CPC 36 tem por objetivo estabelecer diretrizes para elaborar e apresentar as demonstrações contábeis consolidadas quando a empresa controla uma ou mais entidades (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2012b). É um importante documento técnico que busca facilitar a compreensão dos usuários externos da contabilidade, uma vez que as demonstrações estarão de certa forma sintetizadas. 2.4 Instrução CVM 247, de 27 de março de 1996 A Comissão de Valores Mobiliários também contribuiu para o aprofundamento e consolidação dos critérios a serem adotados, no quesito de avaliação de investimentos em sociedades coligadas e controladas e de procedimentos para a elaboração e divulgação das demonstrações contábeis consolidadas. Isso ocorre porque é exatamente essa a base do texto da Instrução CVM 247/96, e, ao analisarmos o documento, percebemos que sempre existe uma preocupação das entidades regulamentadoras em respeitar o pleno atendimento aos Princípios Fundamentais de Contabilidade. Por isso, uma vez mais, vale ressaltar que os princípios contábeis devem orientar todo profissional da área e juntamente com demais dispositivos técnicos formam a base de um trabalho técnico, criterioso e fundamentado. 2.5 Resolução CFC n. 1.295, de 17 de setembro de 2010 O Conselho Federal de Contabilidade editou a Resolução n. 1.295/2010, tratando de um assunto pouco abordado por outras entidades. Ela se refere ao efeito das mudanças nas taxas de câmbio e a como se dá o processo de conversão das demonstrações contábeis. Destacamos, a seguir, um dos objetivos extraído na íntegra dessa resolução: Uma entidade pode manter atividades em moeda estrangeira de duas formas. Ela pode ter transações em moedas estrangeiras ou pode ter operações no exterior. Adicionalmente, a entidade pode apresentar suas demonstrações contábeis em uma moeda estrangeira. O objetivo desta Norma é orientar acerca de como incluir transações em moeda estrangeira e operações no exterior nas demonstrações contábeis da entidade e como converter demonstrações contábeis para moeda de apresentação. (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2010, on-line) 2.6 Norma brasileira de contabilidade ITG 09, de 21 de novembro de 2014 Essa norma atualizou diversas outras editadas anteriormente pelo CFC. Isso foi necessário porque era importante explanar as orientações e interpretações relacionadas às demonstrações contábeis individuais, demonstrações separadas, demonstrações consolidadas e à aplicação 17 do método de equivalência patrimonial. Diante de seu caráter orientador, essa norma tem diversos exemplos práticos de contabilização e apresentação das demonstrações contábeis para esclarecer os pontos técnicos e teóricos ali relacionados. Outros assuntos relevantes abordados são: investimentos em controladas e ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), expectativa de lucros futuros, lucros não realizados, perda de controle e alterações na participação em empresa controlada, entre outros (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2014). 2.7 Normas brasileiras de contabilidade – aspectos gerais Neste momento é possível que possa haver dúvidas sobre qual norma ou legislação deve ser adotada diante das situações que ocorrem no dia a dia do profissional de contabilidade, bem como sobre a sua ampla variedade de legislações. É importante saber sobretudo que a Lei n. 6.404/76 – e suas alterações – é a regra geral e deve ser seguida prioritariamente. Ao mesmo tempo, é preciso buscar orientação técnica nas normas específicas editadas principalmente pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), pois esse é o órgão superior que determina a maneira pela qual serão realizados e confeccionados os trabalhos e peças contábeis. Percebemos também que muitas normas editadas pelo CFC estão correlacionadas a outras regras de órgãos distintos, de modo especial com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e também o International Financial Reporting Standards (IFRS), que, traduzido para o português, significa Normas Internacionais de Contabilidade, ou ainda, Normas Internacionais para Relatórios Financeiros. A fundação IFRS é uma organização criada para desenvolver uma padronização mundial de informações contábeis de alta qualidade, para que assim possam ser compreensíveis, aplicáveis e aceitos globalmente todos os padrões contábeis internacionais (INTERNATIONAL FINANCIAL REPORTING STANDARDS, 2017). 3 ELIMINAÇÕES CONTÁBEIS Após passar pelos conceitos iniciais e aprender sobre as normas que devem ser aplicadas nos assuntos avançados de contabilidade, é necessário que haja o aprofundamento sobre o assunto, FIQUE DE OLHO O CFC disponibiliza em seu endereço eletrônico uma relação com todas as normas contábeis completas, no qual ele indica o número da norma técnica, o nome da norma (que descreve o assunto abordado), e ainda faz correlações com os números das normas que tratam sobre o mesmo assunto tanto no CPC quanto no IFRS. O documento pode ser acessado por meio do link: https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/normas-completas/ 18 além do exemplo prático de algumas situações. Assim, abordaremos as eliminações contábeis. As eliminações são necessárias em decorrência da consolidação das demonstrações contábeis. De acordo com Padoveze (1997, p. 198), a “consolidação de balanços é a técnica contábil de aglutinarmos o patrimônio e os resultados de um conglomerado de empresas que tem o mesmo controle societário e administrativo”. Recordemos o conceito de empresa controlada definida conforme a Lei n. 6.404/76 quando diz que “considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, [...] é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores” (BRASIL, 1976). Logo, uma pergunta que devemos fazer é: como devem ser apresentados os relatórios contábeis consolidados, uma vez que existem lançamentos contábeis nas empresas controladas e nas controladoras que podem confundir, ou melhor dizendo, deixar incompreensível alguns relatórios quando estiverem unificados? Figura 2 - Análise de Relatórios Fonte: Portrait Images Asia by Nonwarit, Shuterstock, 2020. 3.1 Entendimento das eliminações contábeis Quando existe um grupo econômico formado por empresas controladas e controladoras, é natural que haja transações comerciais entre essas empresas. Como exemplo, podemos imaginar a Empresa Alpha e a Empresa Beta, respectivamente empresa controladora e controlada. Nenhum impedimento legal existe para que a Empresa Beta, hipoteticamente, preste serviços para receber a prazo da Empresa Alpha, desde que os serviços a serem realizados pela Empresa Beta estejam de acordo com o seu objeto social (atividades econômicas). 19 Sendo assim, no Balanço Patrimonial (BP) da Empresa Beta, o valor correspondente aos serviços a receber figurará em um grupo de contas no Ativo Circulante. Bem como no BP da Empresa Alpha, os serviços tomados a pagar estarão evidenciados em um grupo no Passivo Circulante. Porém, por ocasião da consolidação do BP, momento em que os demonstrativos das duas empresas serão aglutinados, a conta a receber de uma empresa será anulada pela conta a pagar da outra. Esse é o conceito básico que deve ser compreendido quando se trata do tema das eliminações contábeis. Borges (2016) deixa seu entendimento sobre essa questão da seguinte forma: Nos casos de demonstrações financeiras consolidadas que incluam partesrelacionadas, não são todos os saldos e transações que serão divulgados, visto que grande parte será eliminada no processo de consolidação. Em outras palavras, não é permissivo, nem mesmo racional a inclusão de valores relativos a operações comerciais oriundos de dentro de um mesmo grupo econômico, ilustrado pelas demonstrações financeiras consolidadas. (BORGES, 2016, p. 38) 3.2 Consolidação das demonstrações contábeis Voltando ao conceito de consolidação, Almeida (1997, p. 31) traz a seguinte definição: “a consolidação tem por objetivo apresentar demonstrações financeiras de duas ou mais sociedades como se fossem uma única entidade”. A necessidade da consolidação também está prevista na Instrução CVM n. 247/96 que exige que três demonstrações financeiras sejam consolidadas para as companhias de capital aberto: o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício e a Demonstração do Fluxo de Caixa. Para fundamentar o exemplo prático que será apresentado em sequência, destaca-se na íntegra os artigos 24 e 28 da Instrução CVM n. 247/96, na parte que trata especificamente sobre as eliminações por ocasião da consolidação dos demonstrativos: Art. 24. Para a elaboração das demonstrações contábeis consolidadas, a investidora deverá observar, além do disposto no artigo 10, os seguintes procedimentos: I - excluir os saldos de quaisquer contas ativas e passivas, decorrentes de transações entre as sociedades incluídas na consolidação; II - eliminar o lucro não realizado que esteja incluído no resultado ou no patrimônio líquido da controladora e correspondido por inclusão no balanço patrimonial da controlada. III - eliminar do resultado os encargos de tributos correspondentes ao lucro não realizado, apresentando-os no ativo circulante/realizável a longo prazo - tributos diferidos, no balanço patrimonial consolidado. Art. 28. Para a elaboração da demonstração consolidada do resultado do exercício a 20 investidora deverá: II - excluir todas as receitas e despesas decorrentes de negócios entre a investidora e as sociedades controladas, bem como entre estas. Consideremos uma situação em que uma empresa controlada pertença integralmente à empresa controladora. A consolidação, neste caso, consiste em somar os valores constantes nos ativos, passivos e contas de resultado das duas companhias. Porém, é necessário eliminar o investimento (que constará na contabilidade da controladora) e o patrimônio líquido (que constará na contabilidade da controlada), bem como eliminar as possíveis receitas de equivalência patrimonial (que constará na contabilidade da controladora) uma vez que tal resultado estará evidenciado no resultado incorrido da controlada, através de suas receitas, despesas e custos. Exemplo Considere os seguintes fatos contábeis: a) A controladora adquiriu integralmente o capital social da empresa controlada em 1 de janeiro de 202X, pelo valor de $ 500, que se refere ao valor do patrimônio líquido da controlada. b) A controlada teve um lucro de $ 40 em 202X e os dividendos propostos foram de $ 30 em 31 de dezembro de 202X. Na contabilidade da controladora, os lançamentos relativos a esses fatos foram realizados da seguinte maneira: Quadro 1 - Lançamentos de fatos contábeis Fonte: Elaborado pelo autor, 2020. 21 Para fins didáticos, apresentamos a seguir o balancete de verificação das partidas dobradas contendo os saldos das contas contábeis após os registros anteriores. Antes de tudo, é importante recordar o conceito de balancete de verificação, esse instrumento contábil algumas vezes entendido como simples ou desnecessário mas que, na realidade, além de detectar possíveis erros de lançamentos, é muito importante para a tomada de decisão: O balancete de verificação tem como base o método das partidas dobradas [...]. Portanto, somando-se todos os débitos, por um lado, e todos os créditos, por outro, o total de ambos será sempre o mesmo. Assim, deve-se verificar se os lançamentos a débito e a crédito foram realizados adequadamente ou não. (MARION, 2009, p. 162) Figura 3 - Balancete de Verificação para consolidação exercício 31/12/202X Fonte: Fonte: ALMEIDA, 1997 (Adaptado). Para compreendermos melhor esse balancete, é necessário que observemos alguns pontos. Conforme as orientações técnicas destacadas anteriormente, é possível perceber que a conta Dividendos a receber que constava na contabilidade da empresa controladora foi eliminada no momento da consolidação. Isso ocorreu porque o valor de $ 30 dessa conta foi compensado com a conta contábil “Dividendos a pagar” constante no balancete da controlada. Por sua vez, o valor de $ 510, que figura na conta de “Investimentos”, também foi eliminado em contrapartida com o patrimônio líquido da controlada ($ 470), juntamente com a conta “Receita de equivalência patrimonial” ($ 40). Dessa forma, atendendo ao disposto na Instrução CVM 247/96, foram realizadas as eliminações 22 cabíveis. Então, as demais contas contábeis entre controladora e controlada foram somadas e demonstrada conforme as duas últimas colunas da tabela, que evidenciam o Demonstrativo de Resultado do Exercício e o Balanço Patrimonial consolidados. 4 PARTICIPAÇÃO MINORITÁRIA Quando uma empresa não é controlada integralmente, há a figura dos acionistas minoritários, os quais podem ser considerados proprietários da empresa controlada. A maior diferença dessa classe de acionistas é que eles não exercem o controle da empresa, e, por isso, algumas vezes podemos encontrar nos registros contábeis, para identificá-los, a nomenclatura “participações de não controladores”. 4.1 Apresentação dos acionistas minoritários no balanço Conforme afirma Almeida (1997), quando existe participação minoritária, o modo de proceder em relação à consolidação dos demonstrativos contábeis é diferente em comparação com a consolidação de uma entidade controlada integralmente por uma controladora. A definição que o autor aponta sintetiza bem a forma de mensuração e apresentação dos relatórios: A participação dos acionistas minoritários no patrimônio líquido da controlada deve ser incluída em grupo específico de contas do balanço patrimonial consolidado, imediatamente antes do patrimônio líquido. Por outro lado, a participação dos acionistas minoritários no resultado da controlada é apresentada na penúltima linha da demonstração consolidada de resultado, antes de se chegar ao lucro ou prejuízo líquido final consolidado. (ALMEIDA, 1997, p. 34) Na realidade, essa orientação fornecida por Almeida (1997, p. 34) está em conformidade com o que diz o artigo 25 da Instrução CVM 247/96. Vejamos: “a participação dos acionistas não controladores, no patrimônio líquido das sociedades controladas, deverá ser destacada em grupo isolado, no balanço patrimonial consolidado, imediatamente antes do patrimônio líquido”. Em síntese, quando houver a participação minoritária em uma empresa controlada, na ocasião da consolidação das demonstrações contábeis, tanto o valor que representa a obrigação com essa parcela dos acionistas (passivo), quanto a quantia correspondente à distribuição de resultados (DRE) continuarão sendo demonstrados na consolidação, sem que ocorra nenhuma eliminação. 4.2 Proteção aos acionistas minoritários É importante considerar também que os acionistas minoritários têm algumas proteções para que não haja desvantagens por força de ações tomadas pelos controladores (majoritários). Em especial destacamos o parágrafo 1º do artigo 202 da Lei n. 6.404/76, que possui a seguinte redação: 23 § 1º O estatuto poderá estabelecer o dividendo como porcentagem do lucro ou do capital social, ou fixar outros critérios para determiná-lo, desde que sejam regulados com precisão e minúcia e não sujeitem os acionistas minoritários ao arbítrio dos órgãos de administração ou da maioria. (BRASIL, 1976, on-line) Gelbcke et al. (2018), ressaltam que na legislação anterior à Lei n. 6.404/76, os acionistas minoritários estavam sujeitosàs decisões dos acionistas majoritários (controladores), pois eles, na maioria das vezes, têm maior representatividade nas Assembleias Gerais deliberativas. Por esse motivo, foi criada a figura do Dividendo Obrigatório, a fim de garantir uma parcela de lucro – mínima, porém garantidora –, para os acionistas não controladores (minoritários). 5 LUCROS NÃO REALIZADOS É comum, quando uma empresa é controlada por outras, que existam transações comerciais entre as empresas de um mesmo grupo. São as operações conhecidas como intercompanhias (intercompany). Santos e Machado (2005) explicam o conceito de lucros não realizados a partir dessas transações: Quando ocorre a transação de venda de ativos entre as controladas e coligadas e entre elas e a investidora e se esses ativos ainda não tiverem sido revendidos para terceiros até a data do encerramento do exercício, considera-se que o resultado dessa venda não foi realizado, pois houve uma transação apenas doméstica (intercompanhias), não havendo, portanto, resultado econômico na análise do grupo. Esse resultado será considerado realizado somente quando esses ativos forem revendidos a terceiros. Assim, enquanto permanecer no balanço da controladora, considera-se que o Lucro não foi Realizado. (SANTOS; MACHADO, 2005, p. 10) O conceito é fácil de ser compreendido, considerando que uma companhia, por si só, não pode gerar receitas e despesas para ela mesma, a não ser através de uma operação com terceiros. Levando em conta que, nas demonstrações contábeis consolidadas, a ideia é justamente a de apresentar os resultados de um grupo econômico, não faz sentido que transações entre as partes desse mesmo grupo sejam considerados para fins de apresentação aos acionistas. FIQUE DE OLHO Para saber mais sobre algumas proteções previstas na legislação que expressam determinados direitos para os acionistas minoritários, ou em outras palavras, os não controladores, leia na íntegra os artigos n. 117, 161, 215, 254 e 276 da Lei n. 6.404/76. 24 No mesmo sentido, Almeida (1997, p. 41) complementa o conceito dizendo que “as transações comerciais entre controladora e controlada devem ser eliminadas das demonstrações financeiras consolidadas. Essas transações envolvem geralmente prestações de serviços e vendas de imobilizados e estoques”. Vale ressaltar, também, que eventuais tributos, relacionados aos lucros não realizados deverão ser eliminados do resultado consolidado e, para fins de ajustes contábeis, deverão figurar no ativo circulante ou não circulante no balanço consolidado. Em complemento, também cabe destacar que, quando ocorre prejuízo em transações intercompanhias, ele não deve ser eliminado. Essa orientação está determinada no artigo 9°, parágrafo 2º, da Instrução CVM 247/96: “os prejuízos decorrentes de transações com a investidora, coligadas e controladas não devem ser eliminados no cálculo da equivalência patrimonial”. Também no mesmo sentido, encontramos o artigo 248 da Lei n. 6.404/76, o qual disciplina que “[...] no valor de patrimônio líquido não serão computados os resultados não realizados decorrentes de negócios com a companhia, ou com outras sociedades coligadas à companhia, ou por ela controladas”. Alguns exemplos dos impactos das transações intercompanhias na consolidação dos demonstrativos contábeis se fazem necessários para ampliar a perspectiva de aprendizagem. 5.1 Venda de ativo imobilizado não depreciável Quando ocorre a venda com lucro, de um ativo imobilizado não depreciável – por exemplo, um terreno – a consequência, e provavelmente o principal motivo para que seja realizada a sua eliminação no momento da consolidação é que, para a empresa que compra esse ativo, ele estará sendo superavaliado (pois foi vendido um ativo com lucro), e para a empresa que vende, existe um resultado econômico (lucro), o qual, na realidade, não foi observado efetivamente quando se considera o conglomerado econômico (consolidado). 25 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 5.2 Venda de ativo imobilizado depreciável Seguindo o princípio que verificamos anteriormente, quando ocorre a venda com lucro, de um ativo imobilizado no qual já ocorreu parte da depreciação, a empresa compradora deve depreciar a quantidade de períodos restantes. Porém, a inconformidade, nesse caso, quando se considera o grupo consolidado, é que uma vez que o bem está sendo vendido com lucro, ele será contabilizado na empresa compradora com valor maior do que estava na empresa vendedora e, consequentemente, o valor de sua depreciação mensal também será maior, desde que seja considerada a mesma taxa de depreciação e a quantidade de períodos a serem depreciados proporcionais. Logo, teremos um aumento na despesa de depreciação dentro do mesmo grupo, sem que se tenha efetivamente incorporado um novo bem imobilizado. 5.3 Venda de estoques Na mesma linha, quando uma das empresas do grupo, seja controlada ou controladora, efetuarem vendas de seus estoques, o resultado dessas operações deverá ser excluído. Também não é difícil de se compreender o motivo da eliminação, que é necessária pois, se os bens continuam em estoque no grupo que abrange as controladas, controladoras e/ou coligadas, não é prudente – e tampouco retrata a realidade – manter o registro dessas operações no consolidado. 5.4 Prestação de serviços Quando ocorre a prestação de serviços intercompanhias, também é preciso eliminar os resultados dos lançamentos contábeis na ocasião da consolidação. A contabilização geralmente envolverá, para a empresa que prestou serviços, um lançamento a débito em uma conta do ativo circulante (contas a receber) e a crédito em uma conta de receita. Para a empresa que adquiriu 26 os serviços, por sua vez, representará um lançamento a débito em conta no grupo de despesas com serviços e um lançamento a crédito em uma conta do passivo, geralmente contas a pagar. Quando consolidados, esses lançamentos devem ser eliminados, pois, na realidade, eles de certa forma anularão um ao outro. Todavia, tecnicamente é necessário a eliminação de cada item específico, pois, gerencialmente, a eliminação de cada valor em suas respectivas contas contábeis é de particular importância para a correta análise dos índices gerenciais. Enfim, é sempre recomendável que o profissional contábil esteja atento às legislações atualizadas que envolvem os fatos a serem contabilizados. O cuidado com a avaliação patrimonial, consolidação dos demonstrativos contábeis e as eliminações necessárias, devem fazer parte do escopo do contador do futuro. 27 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer as noções e conceitos preliminares que envolvem as participações societárias, tais como coligadas, controladas, ágio e deságio; • compreender os fundamentos legais e princípios contábeis que regem as ações dos profissionais de contabilidade e conhecer alguns órgãos como CFC, CPC, CVM e IRFS; • aprender sobre as eliminações contábeis e visualizar na prática como se apresentam essas eliminações no balanço e no resultado consolidado; • estudar sobre as participações minoritárias e como elas devem ser evidenciadas no balanço; • conhecer o conceito de lucros não realizados, bem como averiguar algumas das principais transações com essa característica. PARA RESUMIR AALMEIDA, M. C. Contabilidade Avançada: textos, exemplos e exercícios resolvidos. São Paulo: Atlas, 1997. BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações. Brasília, DF: Congresso Nacional, 1976. Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ l6404compilada.htm. Acesso em: 3 fev. 2020. ______. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Brasília, DF: Congresso Nacional, 2007. Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm.Acesso em: 3 fev. 2020. ______. Lei n. 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tributária federal rela- tiva ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão nos casos em que especifica; institui regime tributário de transição e dá outras providências. Brasília, DF: Congresso Nacional, 2009. Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007- 2010/2009/Lei/L11941.htm. Acesso em: 3 fev. 2020. BORGES, V. A. Contabilidade societária I. Rio de Janeiro: SESES, 2016. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC n. 1.055/05, de 7 de ou- tubro de 2005. Cria o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – (CPC), e dá outras providencias. Brasília: CFC, 2005. Disponível em: static.cpc.aatb.com.br/Imagens/ Res_1055.pdf?_ga=2.228442196.890734238.1578755296-505715103.1578755296&_ ga=2.228442196.890734238.1578755296-505715103.1578755296. Acesso em: 3 fev. 2020. ______. Resolução CFC n. 1.295/10, de 17 de setembro de 2010. Aprova a NBC TG 02 – Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contá- beis. Brasília: CFC, 2010. Disponível em: cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codi- go=2010/001295. Acesso em: 3 fev. 2020. ______. Norma brasileira de contabilidade – ITG 09, de 21 de novembro de 2014. Dispõe sobre as demonstrações contábeis individuais, demonstrações separadas, demonstra- ções consolidadas e aplicação do método de equivalência patrimonial. Brasília: CFC, 2014. Disponível em: cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?codigo=2014/ITG09. Aces- so em: 3 fev. 2020. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Instrução CVM n. 247, de 27 de março de 1996. Dispõe sobre a avaliação de investimentos em sociedades coligadas e controladas e sobre os procedimentos para elaboração e divulgação das demonstrações contábeis consolidadas, para o pleno atendimento aos Princípios Fundamentais de Contabilidade e dá outras providências. Brasília: CVM, 1996. Disponível em: .cvm.gov.br/legislacao/ins- trucoes/inst247.html. Acesso em: 3 fev. 2020. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico CPC 18 (R2), de 13 de dezembro de 2012. Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendi- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS mento Controlado em Conjunto. Brasília: CPC, 2012a. Disponível em: cpc.org.br/CPC/Do- cumentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=49. Acesso em: 3 fev. 2020. FRANÇA, G. A. Contabilidade Avançada. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010. GELBCKE, E. R.; SANTOS, A. dos; IUDÍCIBUS, S. de; MARTINS, E. Manual de Contabilidade Societária: aplicável a todas as sociedades: de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. INTERNATIONAL FINANCIAL REPORTING STANDARDS. Who we are. Londres: IFRS, 2017. Disponível em:ifrs.org/about-us/who-we-are/. Acesso em: 3 fev. 2020. MARION, J. C. Contabilidade básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contá- bil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997. SANTOS, A. dos; MACHADO, I. M. Investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial - erro na contabilização de dividendos quando existem lucros não realizados. Revista Contabilidade & Finanças, São Paulo, v. 16, n. 39. p. 7-19, 2005. UNIDADE 2 Técnicas contábeis Você está na unidade Técnicas Contábeis. Conheça aqui os principais órgãos regulamentadores nacionais e internacionais da profissão contábil. Entenda, ainda, as técnicas utilizadas e quais taxas de conversão devem ser adotadas quando uma entidade possui atividades no exterior. Aprenda, além disso, o que são itens monetários e não monetários, bem como os principais ajustes que são realizados na contabilidade diante de certos eventos. Conheça também os procedimentos que devem ser adotados quando a entidade reconhece ganhos ou perdas em suas transações. Bons estudos! Introdução 33 1 ÓRGÃOS REGULAMENTADORES A contabilidade é uma ciência social aplicada, e a definição sintética de Ribeiro (2002, p. 14) esclarece que ela “permite, através de suas técnicas, manter um controle permanente do patrimônio da empresa”. Dentro dessa perspectiva, é necessário considerarmos que, para atingir adequadamente seus objetivos, o profissional de contabilidade saiba onde encontrar recursos e subsídios suficientes para que, assim, possa desempenhar e desenvolver as suas múltiplas atividades. Além disso, é imprescindível que ele entenda a estrutura dos órgãos regulamentadores de sua profissão a fim de que, de acordo com o porte, o ramo de negócio e a complexidade de cada operação, tenha a clareza da aplicabilidade das respectivas regulamentações. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) esclarece como o profissional contábil deve proceder em relação a aplicação das normas contábeis diante de tantos órgãos que emitem os seus diversos pareceres, pronunciamentos, entre outros documentos: A contabilidade, por ser uma ciência social, é única, independentemente do tamanho ou da natureza da entidade. Assim o registro de um ato ou fato administrativo não pode ser diferente em uma entidade pelo fato dela ser maior ou menor que outra entidade. O que pode ocorrer é a adoção de procedimentos específicos, no que se refere principalmente a critérios de avaliação, para determinadas entidades, entre outros motivos, em função do porte, da complexidade das operações e do ramo de negócios. Assim não há que se cogitar de contabilidade diferente, mas de procedimentos e controles mais simples ou sofisticados de acordo com o porte da entidade. Deve-se considerar o fato de que os Pronunciamentos, Interpretações e Orientações emanadas do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC não têm poder normativo. No caso específico dos profissionais de contabilidade, o poder normativo é configurado quando publicada a Norma Brasileira de Contabilidade – NBC, pelo Conselho Federal de Contabilidade. Assim, objetivamente as Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC, emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade são de aplicação compulsória por todos os profissionais, sejam eles responsáveis por grandes ou pequenas entidades (nestas incluídas as microempresas). (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, [201-], on-line) Dessa forma, fica evidente que, no que tange à aplicabilidade das normas contábeis, o órgão que tem autonomia e hierarquia para fazer valer as suas determinações é o Conselho Federal de Contabilidade, sendo que outras regulamentações, interpretações, orientações, bem como outros documentos, deverão estar em conformidade com alguma determinação do próprio CFC. Caso contrário, corre-se o risco de executar um trabalho fora dos padrões técnicos. Com esse entendimento, podemos seguir para apresentação dos principais órgãos regulamentadores, verificando suas finalidades e a abrangência da edição de seus documentos. Apresentaremos órgãos nacionais e internacionais, pois não podemos esquecer que, com a convergência da contabilidade em padrões internacionais, e com a globalização da economia, as fronteiras para o universo contábil deixaram de existir, o que faz todo sentido e está alinhado com a orientação do CFC, a qual retrata que “a contabilidade é uma ciência única”. 34 1.1 Órgãos regulamentadores nacionais Verificaremos, agora, os principais órgãos regulamentadores nacionais que têm relação com o profissional de contabilidade. É importante salientar que, muitas vezes, a depender do porte e ramo de atividade que o profissional esteja atuando, ele deverá atender às normas brasileira de contabilidade, em conjunto com determinações ou exigências específicas de certos órgãos fiscalizadores de algumas atividades, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou o Banco Central do Brasil (BACEN). O órgão máximo que determina as normas contábeis que deverão ser seguidas é o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) Trata-se de uma Autarquia Especial Corporativa e possui personalidade jurídica de direito público. O CFC foi criado e é regido por umalegislação específica: o Decreto-Lei n. 9.295/4, e, ainda, cabe salientar que esse órgão possui estrutura, organização e funcionamento regulamentados pela Resolução CFC n. 1.370/2011, a qual aprova o Regulamento Geral dos Conselhos de Contabilidade. Em relação à sua estrutura, o CFC é composto por um representante de cada estado e do Distrito Federal, totalizando, portanto, 27 conselheiros efetivos e seus respectivos suplentes. Dentre outras finalidades, e sempre considerando a legislação vigente, as suas principais atribuições estão relacionadas a fornecer orientações técnicas aos profissionais de contabilidade, normatizar os procedimentos contábeis a serem observados e fiscalizar o exercício da profissão contábil, a fim de averiguar se os critérios e regras estabelecidas estão sendo seguidos, o que garante a profissionalização e valorização do profissional contábil. Vale ressaltar que as fiscalizações são efetivadas por meio dos Conselhos Regionais de Contabilidade. O CFC é também o órgão, em última instância, que decide sobre recursos e defesas originadas e impostas pelos Conselhos Regionais. Além disso, ele também deve regular os princípios contábeis (que atualmente são sete), o cadastro de qualificação técnica (específico para contadores interessados em atuar como auditores e peritos) e os programas de educação continuada (que são obrigatórios para determinados profissionais da contabilidade, porém aberto e facultativo para todos). O CFC também é o órgão responsável pela edição e publicação das Normas Brasileiras de Contabilidade, que podem ser divididas em dois grupos: normas profissionais e normas técnicas. As normas profissionais dizem respeito às práticas que devem ser adotadas pelos profissionais de contabilidade (contadores, auditores, peritos, entre outros). Já as normas técnicas apresentam característica de instrução de procedimentos nas diversas esferas onde a contabilidade é aplicada (setor público, terceiro setor, microempresas etc.). Além do CFC, temos os Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs), que foram criados por meio do Decreto-Lei n. 9.295/46. Uma de suas principais atribuições está relacionada às ações de 35 fiscalização do exercício da profissão contábil. São esses órgãos que, dentro de sua abrangência estatual, atuam diretamente junto aos profissionais contábeis (pessoa física) e aos escritórios de prestação de serviços contábeis (pessoa jurídica). A fiscalização do CRC pode ter caráter preventivo ou punitivo. Nas ações de fiscalização preventiva, como o próprio nome sugere, o objetivo é divulgar e orientar os profissionais de contabilidade em relação às normas e princípios que regem a profissão contábil. Por outro lado, a dimensão punitiva é aplicada quando são encontrados pelos fiscais irregularidades ocorridas no exercício da profissão. Destacamos, ainda, algumas atribuições dos conselhos regionais que estão expressas no artigo 10 do Decreto-Lei n. 9.295/46, conforme segue: a) examinar reclamações a representações escritas acerca dos serviços de registro e das infrações dos dispositivos legais vigentes, relativos ao exercício da profissão de contabilista, decidindo a respeito; b) fiscalizar o exercício das profissões de contador, impedindo e punindo as infrações, e, bem assim, enviando às autoridades competentes minuciosos e documentados relatórios sobre fatos que apurarem, e cuja solução ou repressão não seja de sua alçada; c) publicar relatório anual de seus trabalhos e a relação dos profissionais registrados; d) elaborar a proposta de seu regimento interno, submetendo-o à aprovação do Conselho Federal de Contabilidade; e) representar ao Conselho Federal Contabilidade acerca de novas medidas necessárias, para regularidade do serviço e para fiscalização do exercício da profissão [...]. (BRASIL, 1946, on-line) Além do CFC e dos CRCs, diante da necessidade da convergência internacional das normas contábeis, da centralização na emissão dessas normas e, da representação e processos democráticos na elaboração dessas informações foi criado, no ano de 2005, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Ele é composto por sete entidades, que se uniram com o intuito de contribuir e atender a essas necessidades: Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec Nacional), B3 Brasil Bolsa Balcão, Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) e Entidades representativas de investidores do mercado de capitais. A criação do Comitê se deu por meio da Resolução CFC n. 1.055/05 que apresenta, como objetivo do CPC: O estudo, o preparo e a emissão de documentos técnicos sobre procedimentos de Contabilidade 36 e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2005, on-line) Os principais documentos que o CPC elabora e emite são Pronunciamentos, Interpretações, Orientações e Comunicados. Todos esses são documentos técnicos, e é importante destacar que todos os pronunciamentos sempre são submetidos a audiências públicas, sendo que as Orientações e Interpretações também poderão passar por esse mesmo tipo de processo. Um quarto órgão regulamentador que também deve ser destacado é a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ela é uma autarquia em regime especial, e está diretamente ligada ao Ministério da Economia, (até 31 de dezembro de 2018 foi chamada de Ministério da Fazenda). Criada em 7 de dezembro de 1976, pela Lei 6.385/76, possui personalidade jurídica e patrimônio próprios. Sua autoridade administrativa é independente, o que significa que ela não está subordinada a nenhum outro órgão governamental. No que tange à sua administração interna e estrutura de pessoal, a CVM garante a estabilidade de seus dirigentes, além de propiciar-lhes mandato fixo. Por fim, no que diz respeito às questões financeiras e orçamentárias, a entidade possui autonomia para deliberar de forma independente sobre tais quesitos. Os principais objetivos dessa entidade são os de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil. Vale lembrar que, de acordo com a Lei 10.198/2001, o conceito de valores mobiliários tornou-se mais genérico a fim de abranger todos os títulos que se enquadram nessa categoria. Desta forma o conceito está assim descrito: Constituem valores mobiliários, quando ofertados publicamente, os títulos ou contratos de investimento coletivo, que gerem direito de participação, de parceria ou de remuneração, inclusive resultante de prestação de serviços, cujos rendimentos advêm do esforço do empreendedor ou de terceiros. (BRASIL, 2001, on-line) Dentro de sua competência e atribuições que lhe são exigíveis, a CVM poderá examinar registros contábeis, livros e documentos de pessoas e/ou empresas sujeitas à sua fiscalização, além de intimá-las a prestar declarações ou esclarecimentos. Ela pode, ainda, solicitar informações a órgãos e empresas públicas, e possui poderes para determinar às companhias abertas a republicação de demonstrações financeiras e múltiplos dados. Outra entidade regulamentadora, que é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Economia, é o Banco Central (BACEN). O BACEN foi criado em 31 de dezembro de 1964, por meio da Lei n. 4.595. Dentre diversas competências e atribuições que lhe dizem respeito, a que mais chama a atenção para o profissional de contabilidade é a sua autoridade para realizar a organização, disciplina e fiscalização do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e do Sistema de Consórcio (BACEN, [2019]). Isso significa que asentidades subordinadas ao Sistema Financeiro Nacional, e ao Sistema 37 de Consórcio, deverão atender também eventuais regulamentos emitidos pelo BACEN. Destaca- se a Resolução n. 484/78 e suas alterações, que tratam sobre os procedimentos a serem adotados na avaliação e contabilização de investimentos em sociedades coligadas ou controladas, também se refere à questão das reavaliações e por fim estabelece a obrigatoriedade de auditoria externa para determinadas instituições (BACEN, 1978). Como percebemos, a normas contábeis a serem adotadas pelo profissional de contabilidade devem sempre estar em conformidade com a determinação do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Porém, de acordo com cada ramo de atividade e porte da empresa, podem existir outros órgãos que fiscalizem ou que exerçam fiscalizações dos mais diversos temas, inclusive no que tange aos aspectos contábeis. Sendo assim, além dessas entidades nacionais, destacam-se outros órgãos que podem ser de interesse do usuário da contabilidade e profissionais envolvidos: Receita Federal do Brasil (RFB), Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP). 1.2 Órgãos regulamentadores internacionais Desde o ano de 2007, quando ocorreram diversas mudanças na legislação brasileira com relação à convergência brasileira aos padrões internacionais de contabilidade, alguns órgãos regulamentadores internacionais começaram a ganhar destaque no cenário nacional. O International Accounting Standards Board (IASB), que, em português, significa “Conselho Internacional de Normas Contábeis”, é uma instituição internacional criada em 2001, com sede em Londres, que tem como objetivo estudar os padrões contábeis, publicar e promover as normas contábeis internacionais. Os pronunciamentos e normas emitidos pelo IASB são conhecidos pela sigla IFRS, que são as iniciais das palavras, em inglês, International Financial Reporting Standard, e que podemos traduzir como Normas Internacionais de Contabilidade, ou, ainda, Normas Internacionais para Relatórios Financeiros. Jochem (2013), esclarece que o modelo conhecido como IFRS está presente em mais de 140 países. Editado pelo Conselho Federal de Contabilidade, apresenta várias possibilidades de adoção por parte das empresas: • IFRS full (completo) é aquele que exige a adoção de todas as normas editadas (as NBC TGs). • IFRS para Pequenas e Médias Empresas (NBC TG 1000), para Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. Outro importante órgão regulamentador internacional é a International Federation of Accountants (IFAC), que pode ser chamada, em português, de “Federação Internacional de Contadores”. Esse é um órgão internacional da profissão contábil, cujo corpo é formado por mais 38 de 175 organizações associadas em 130 países, e representa quase três milhões de contadores profissionais. Seu objetivo principal está relacionado em atender o interesse dos membros associados, aumentando a relevância, a reputação e o valor da profissão contábil global. Também estabelece a promoção da adesão às normas profissionais de alta qualidade e contribui para o desenvolvimento das normas internacionais. Há, também, uma organização norte-americana, o Financial Accounting Standards Board (FASB), que tem como objetivo aumentar a comparabilidade internacional e a qualidade dos padrões contábeis utilizados nos Estados Unidos. O FASB, em português, “Conselho de Normas de Contabilidade Financeira”, também se propõe a emitir pronunciamentos contábeis válidos e visa a aperfeiçoar os procedimentos, conceitos e normas contábeis especialmente nos Estados Unidos. O interesse das normas publicadas por esse órgão para empresas no Brasil se deve ao fato de que as empresas brasileiras que negociam ações no mercado de capitais americano devem preparar ou adaptar suas demonstrações aos padrões FASB. Esses padrões são conhecidos através da sigla GAAP, que corresponde a Generally Accepted Accounting Principles, em português, “Princípios Contábeis Geralmente Aceitos”. 2. TÉCNICAS E TAXAS DE CONVERSÃO Uma empresa pode ter investimentos societários no exterior, seja por meio de uma filial ou de empresas controladas e coligadas. Naturalmente, os resultados financeiro-econômicos de uma empresa que possui tais investimentos, poderão sofrer alterações devido à influência na taxa de câmbio (GELBCKE et al, 2018). De acordo com Almeida (1997, p. 151), “a avaliação dos fatos registrados pela contabilidade em unidades monetárias é muito importante para demonstrar e homogeneizar os diversos itens do patrimônio das entidades”. Portanto, percebemos que entender os métodos e técnicas existentes para realizar a conversão das demonstrações contábeis é fundamental 2.1 Pronunciamento Técnico CPC 02 (R2) O CPC 02 (R2), aprovado em 2010, trata sobre os efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de demonstrações contábeis. Devido à sua constante atualização, principalmente para que as normas contábeis estejam alinhadas às normas internacionais emitidas pelo IASB, o CPC 02 já passou por duas revisões – identificadas pela letra “R” seguida do número “2” dentro dos parênteses, logo após o número do Pronunciamento Técnico CPC. Esse pronunciamento é muito utilizado, em especial porque foi aprovado por diversos outros órgãos reguladores, confirmando a sua coerência, abrangência e aplicabilidade. Os órgãos que manifestaram a sua aprovação foram CVM, CFC, ANS, SUSEP, ANEEL, ANTT e BACEN. 39 Algumas definições são necessárias para que se possa aprofundar nas questões técnicas. Tais definições encontram-se no início do Pronunciamento CPC 02 (R2): Taxa de fechamento É a taxa de câmbio à vista vigente ao término do período de reporte. Variação cambial É a diferença resultante da conversão de um número específico de unidades em uma moeda para outra moeda, a diferentes taxas cambiais. Taxa de câmbio É a relação de troca entre duas moedas. Valor justo É o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração. Moeda estrangeira É qualquer moeda diferente da moeda funcional da entidade. Entidade no exterior É uma entidade que pode ser controlada, coligada, empreendimento controlado em conjunto ou filial, sucursal ou agência de uma entidade que reporta informação, por meio da qual são desenvolvidas atividades que estão baseadas ou são conduzidas em um país ou em moeda diferente daquelas da entidade que reporta a informação. Moeda funcional É a moeda do ambiente econômico principal no qual a entidade opera. Grupo econômico É uma entidade controladora e todas as suas controladas. Itens monetários São unidades de moeda mantidas em caixa e ativos e passivos a serem recebidos ou pagos em 40 um número fixo ou determinado de unidades de moeda. Investimento líquido em entidade no exterior É o montante que representa o interesse (participação na maior parte das vezes) da entidade que reporta a informação nos ativos líquidos dessa entidade. Moeda de apresentação É a moeda na qual as demonstrações contábeis são apresentadas. Taxa de câmbio à vista É a taxa de câmbio normalmente utilizada para liquidação imediata das operações de câmbio. Desses conceitos, um dos mais relevantes é o da moeda funcional, pois essa definição irá impactar diretamente os cálculos e a apresentação das demonstrações contábeis. O CPC 02 (R2) esclarece que para uma entidade determinar sua moeda funcional deve considerar diversos fatores, entre eles a moeda que mais influencia os preços de bens e serviços, a moeda que mais influencia o valor de mão de obra e materiais e, ainda, a moeda na qual são normalmente acumulados valores recebidos de atividades operacionais. Uma vez que foi determinada a moeda funcional, ela não deve ser alterada, pois, caso contrário, perde- se a característica da comparabilidade das demonstrações contábeise, consequentemente, a qualidade das informações geradas diminuirá. 2.2 Conversão de contas patrimoniais e de resultado De maneira geral, a regra a ser adotada, conforme o item 39 do CPC 02 (R2), em relação ao procedimento de conversão das demonstrações contábeis diferenciam-se entre as contas patrimoniais (ativo e passivo) e as contas de resultado (receitas e despesas). FIQUE DE OLHO A Embraer S/A, com sede no Brasil, é um exemplo de empresa que utiliza o dólar dos Estados Unidos da América como moeda funcional. Essa decisão está esclarecida nas notas explicativas juntamente com os relatórios financeiros do terceiro trimestre de 2019. Além disso, outras práticas contábeis adotadas pela companhia são esclarecidas no relatório visando a transparência com os investidores. O documento pode ser acessado no link: https://ri.embraer.com.br/listresultados.aspx?idCanal=dwxMd7dcHTw/kwbNAc2ESQ== 41 O pronunciamento determina que os ativos e passivos devem ser convertidos utilizando-se a taxa de fechamento na data do respectivo balanço. Já para as receitas e despesas, a conversão deve considerar as taxas cambiais em vigor nas respectivas datas das transações. Por fim, as variações cambiais que ocorrerem referentes às conversões deverão ser reconhecidas em uma conta específica no patrimônio líquido da entidade, normalmente conhecida como “outros resultados abrangentes”. Vamos analisar, agora, um exemplo prático. Considere os seguintes fatos contábeis: No dia 31 de dezembro de 20X1, uma empresa brasileira decide investir US$ 28.000,00 em uma empresa nos Estados Unidos. Nesse dia, a taxa de câmbio era R$ 3,57, portanto, o desembolso em reais foi de R$ 100.000,00. Para fins didáticos, considere que a empresa dos Estados Unidos não realizou nenhuma operação durante o ano seguinte (20X2) e continuou com aqueles recursos (US$ 28.000,00) em seu caixa. Porém, no dia 31 de dezembro de 20X2 a taxa de câmbio era R$ 3,80, então, a empresa brasileira deve realizar a conversão do seu balanço patrimonial conforme a data da apuração em 31 de dezembro de 20X2. Tabela 1 - Balanço Patrimonial Fonte: Elaborada pelo autor, 2020. Observe que a variação cambial positiva, nesse caso, ficou evidenciada conforme determina o CPC 02 (R2), ou seja, em uma conta chamada Outros Resultados Abrangentes, que se encontra dentro do Patrimônio Líquido da empresa brasileira. Logo, percebemos que essa variação cambial, apesar de refletir um ganho para a entidade, não deve ser contabilizada como receita, mas sim diretamente no PL. 42 3. ITENS MONETÁRIOS E NÃO MONETÁRIOS No âmbito das normas contábeis, em especial o Pronunciamento CPC 02 (R2), existem regras específicas que deverão ser adotadas de acordo com os itens das demonstrações contábeis. Ou seja, a forma de conversão para a devida contabilização pode ser diferente, dependendo da característica do item. Esses itens classificam-se em duas categorias: itens monetários e itens não monetários. Itens monetários · Representam o direito a ser realizado ou uma obrigação a ser exigida em um número fixo ou determinável de unidades de moeda, como dinheiro em espécie no caixa, saldo das contas bancárias, contas a receber em dinheiro, contas a pagar em dinheiro etc. (BRAGA; SOARES, 2018; FIPECAFI, 1995). Itens não monetários Representam uma obrigação a pagar ou direito a receber, porém seus respectivos valores, num conceito mais simples, não necessariamente serão realizados em dinheiro, por exemplo: ativo imobilizado, estoques, adiantamento de clientes, despesas antecipadas, entre outros. 3.1 Itens monetários e não monetários em moeda estrangeira Quando uma entidade realiza uma transação em moeda estrangeira, o valor a ser considerado no momento da contabilização deve ser o da moeda funcional da entidade, convertida pela taxa de câmbio à vista entre a moeda funcional e a moeda estrangeira, na data da transação ocorrida. Porém, e em complemento ao que foi visto no tópico anterior, o CPC 02 (R2) estabelece alguns critérios que devem ser adotados quando da apresentação dos demonstrativos contábeis nas situações em que a empresa possui transações em moeda estrangeira. Esses critérios encontram- se no item 23 do pronunciamento: a) Os itens monetários em moeda estrangeira devem ser convertidos, usando-se a taxa de câmbio de fechamento; b) Os itens não monetários que são mensurados pelo custo histórico em moeda estrangeira devem ser convertidos, usando-se a taxa de câmbio vigente na data da transação; e c) Os itens não monetários que são mensurados pelo valor justo em moeda estrangeira devem ser convertidos, usando-se as taxas de câmbio vigentes nas datas em que o valor justo tiver sido mensurado. (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2010, on-line) 43 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 3.2 Registro pelo custo histórico e pelo valor justo Para a apresentação de demonstrativos contábeis em moeda estrangeira, vale ressaltar o conceito de registro pelo custo histórico e o registro de custo pelo valor justo. O custo a valor justo é uma forma de mensuração de determinado item patrimonial baseado em valores de mercado. O CPC 46, em seu Apêndice A, define valor justo como sendo o “preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração” (GELBCKE et al., 2018). Por sua vez, encontramos em Martins (2003, p. 21) uma definição simples e ao mesmo tempo clara sobre o conceito do registro pelo custo histórico, qual seja “os ativos são registrados contabilmente por seu valor original de entrada, ou seja, histórico”. 4. PRINCIPAIS AJUSTES No decorrer das práticas contábeis diárias, ocorrem inúmeros fatos e atos administrativos que são registrados pela contabilidade, e que posteriormente merecem tratamento técnico apropriado para que se possa garantir o atendimento dos princípios contábeis fundamentais e a convergência dos relatórios contábeis adequados às normas internacionais. Esses tratamentos técnicos, na maioria dos casos, são conhecidos como ajustes. 44 Figura 1 - Ajustes contábeis Fonte: Simone van den Berg, Sutterstock, 2020. 4.1 Ajuste a valor presente O termo ajuste a valor presente remete aos termos e cálculos financeiros nos quais ocorrem operações matemáticas para se converter, em uma data atual, um valor que irá ocorrer em data futura, utilizando-se, para isso, uma determinada taxa de desconto. Nesse sentido, o conceito de ajuste a valor presente ganha respaldo. Normalmente, nas operações com a exigência de recebimento ou pagamento a longo prazo, há incidência de juros. O grande desafio para os profissionais de contabilidade estava justamente em retratar, por meio das demonstrações contábeis, informações em uma data atual referente a um evento que aconteceria no futuro (cobrança com juros, por exemplo). Isso, de certa forma, parecia não estar adequado à realidade da entidade e, consequentemente, poderia colocar em risco as avaliações oriundas dos diversos usuários da contabilidade. Por meio da Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007, ficou estabelecido o desconto a valor presente para contas a pagar e receber de longo prazo, e, conforme situações específicas, também pode ser aplicado para as contas de curto prazo (GELBCKE et al., 2018). O CPC 12, que foi aprovado e divulgado em 2008, e que trata exclusivamente sobre o Ajuste a Valor Presente, 45 define de forma sintética o conceito de valor presente como sendo “a estimativa do valor corrente de um fluxo de caixa futuro”. A contabilização do ajuste a valor presente deve ocorrer no exato momento em que a transação principal que originou o lançamento for reconhecida. Hipoteticamente será demonstrada uma sequência de contabilização para melhor compreensão: Vamos a um exemplo prático: Considere uma empresa que realizou uma venda a longo prazo no montante de R$ 20.000,00, sendo que o valor da mercadoria vendida é R$19.000,00 e os juros embutidos na venda foram de R$ 1.000,00. A contabilização ocorrerá da seguinte maneira: Débito – Contas a receber longo prazo (ativo não circulante) R$ 20.000,00 Crédito – Receita bruta de vendas (conta de resultado) R$ 20.000,00 O lançamento anterior é o lançamento tradicional. A seguir, observe o lançamento relativo ao ajuste a valor presente: Débito – Receita bruta de vendas (conta de resultado) R$ 1.000,00 Crédito – AVP – receita financeira a apropriar (redutora do contas a receber LP) R$ 1.000,00 Após esse lançamento, a empresa deve realizar a apropriação da receita financeira, conforme a quantidade de períodos em que o faturamento foi realizado. Para exemplificar, considere que o valor mensal a ser apropriado será de R$ 100,00. Logo, o lançamento contábil da apropriação figurará no livro diário da empresa da seguinte forma: Débito – AVP – receita financeira a apropriar (redutora do contas a receber LP) R$ 100,00 Crédito – Receita Financeira (conta de resultado) R$ 100,00 Por se tratar de uma operação comercial, a conta contábil Receita Financeira poderá ser representada na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) como uma receita operacional. 4.2 Ajuste de exercícios anteriores A necessidade do ajuste de exercícios anteriores ocorre quando, após o encerramento de determinado período, são identificados erros ou situações específicas que foram relativas ao exercício já encerrado e que por isso não existe a possibilidade de realizar uma correção ou lançamento retroativo. Gelbcke et al. (2018) descrevem esse conceito da seguinte maneira: 46 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: A Lei das Sociedades por Ações determina que se contabilizem diretamente na conta de Lucros Acumulados, sem transitar pela Demonstração do Resultado do Exercício, os Ajustes de Exercícios Anteriores decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subsequentes. (GELBCKE et al., 2018, p. 614) Dessa forma, quando houver a necessidade desse tipo de ajuste, devemos utilizar transitoriamente uma conta do Patrimônio Líquido chamada Ajustes de Exercícios Anteriores e, assim que forem finalizados os lançamentos, o saldo dessa conta deve ser diretamente transferido para Lucros ou Prejuízos Acumulados, também no Patrimônio Líquido. A contrapartida em relação ao lançamento do ajuste deverá ser aquela correspondente ao erro identificado. Por exemplo, uma empresa identifica a necessidade de corrigir o saldo da conta contábil de fornecedores a pagar. Logo, no primeiro lançamento as contas a serem utilizadas serão Fornecedores a Pagar e Ajustes de Exercícios Anteriores, e, posteriormente, será utilizada a conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados. 4.3 Ajustes de avaliação patrimonial O ajuste de avaliação patrimonial encontra seu embasamento na Lei n. 11.638/07, que entende que deverão ser computadas em uma conta contábil localizada no Patrimônio Líquido, chamada Ajustes de Avaliação Patrimonial, as contrapartidas, sejam essas de aumento ou diminuição, de valores de itens do ativo e passivo, em consequência de avaliação a valor justo (vide o final do tópico Itens Monetários e Não Monetários). As situações mais comuns de utilização dessa conta contábil estão em registrar as variações de preços de contratos financeiros ou então as diferenças de um ativo ou passivo avaliadas pelo o valor de mercado (valor justo) 47 Vale ressaltar que, conforme determina o Decreto n. 9.580, de 22 de novembro de 2018, para fins de apuração do lucro real, a contrapartida do Ajuste de Avaliação Patrimonial não será considerada: O ganho decorrente de avaliação de ativo ou passivo com base no valor justo não será computado para fins de determinação do lucro real desde que o aumento no valor do ativo ou a redução no valor do passivo seja evidenciado contabilmente em subconta vinculada ao ativo ou ao passivo (BRASIL, 2018, art. 388, on-line). 5 GANHOS E PERDAS É natural que, durante as suas atividades empresariais, determinada entidade apure ganho ou perda em algumas transações. Abordaremos alguns dos principais ganhos ou perdas que podem incorrer e verificaremos qual procedimento deve ser adotado pelo profissional de contabilidade. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: FIQUE DE OLHO Muitas vezes, os conceitos de Ganho e Perda podem ser confundidos, respectivamente, com Receita e Despesa. É importante destacar, porém, que enquanto as receitas e despesas normalmente são previsíveis e estão de acordo com as atividades preponderantes de uma empresa, os ganhos e perdas têm a característica de serem imprevisíveis, e normalmente não estão relacionados diretamente com as atividades principais da entidade. 48 5.1 Ganho ou perda na alienação de imobilizado Quando existe a alienação de um bem do ativo imobilizado, devemos apurar e contabilizar a devida baixa do bem, segundo os critérios estabelecidos na NBC TG 27 (R4) emitida pelo CFC em 24 de novembro de 2017 (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, [201-]). Primeiramente, é importante ampliarmos o conceito de alienação. Muitas vezes, a alienação é entendida como sinônimo de venda, mas, na realidade, seu conceito abrange outras situações como o arrendamento financeiro ou doação. Sendo assim, sempre que houver uma alienação de um bem do ativo imobilizado, o ganho ou a perda deve ser evidenciado na contabilidade. Em relação a determinação do valor do ganho ou perda, o item 71 na NBC TG 27(R4) dispõe que “os ganhos ou perdas decorrentes da baixa de um item do ativo imobilizado devem ser determinados pela diferença entre o valor líquido da alienação, se houver, e o valor contábil do item” (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, [201-]). Por valor contábil do item, devemos entender o valor remanescente dele após a depreciação proporcional até a data da alienação, se houver. 5.2 Ganho ou perda nas variações cambiais de investimentos no exterior De acordo com o Pronunciamento CPC 02 (R2) (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2010), quando advirem operações como venda, liquidação, reembolso de capital ou abandono de investimentos em empresa investida no exterior, a investidora deverá adotar a realização do ganho ou perda nas variações cambiais desses investimentos, que anteriormente estariam registrados no Patrimônio Líquido. Em outras palavras, isso significa dizer que a empresa investidora deverá contabilizar proporcionalmente, a variação cambial que já estiver figurada no Patrimônio Líquido para uma conta de resultado. Isso se explica porque, na realidade, no momento de uma venda ou liquidação, por exemplo, a entidade estará efetivamente realizando aquela transação e, então, de acordo com o regime de competência, deve ser reconhecido como resultado. 5.3 Ganho por compra vantajosa (goodwill) O ganho por compra vantajosa, também conhecido como goodwill, ou também descrito como ágio por rentabilidade futura, tem a sua definição no CPC 15 (R1), como “um ativo que representa benefícios econômicos futuros resultantes dos ativos adquiridos em combinação de negócios, os quais não são individualmente identificados e separadamente reconhecidos” (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2011). Gelbcke et al. (2018) ainda descrevem, com base no mesmo pronunciamento, que a entidade que adquire a participação de outra, deve reconhecer em sua contabilidade o goodwill, determinado pela diferença entre: 49 1) o valor justo da contraprestação transferida em troca do controle da adquirida somado ao valor das participações de não controladores na adquirida e, se houver, ao valor justo de alguma participação preexistente do adquirente na adquirida; e 2) o valor justo líquido dos ativos identificáveis adquiridos dos passivos assumidos. (GELBCKE et al., 2018, p. 1415) 5.4 Redução ao valor recuperável(impairment) Impairment é uma palavra inglesa que significa imparidade, ou trazendo para a linguagem contábil, podemos traduzir como deterioração. Trata-se de um procedimento que as entidades devem adotar para testar e analisar o valor de recuperação de seus ativos. Segundo Gelbcke et al. (2018): O § 3 o do art. 183 da Lei n. 6.404/76 determina que a companhia deverá efetuar periodicamente análise sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado e no intangível, a fim de que sejam registradas as perdas de valor do capital aplicado quando houver decisão de interromper os empreendimentos ou atividades a que se destinavam ou quando comprovado que não poderão produzir resultados suficientes para recuperação desse valor. (GELBCKE, et al., 2018, p. 785) É provável que outros procedimentos contábeis tenham se originado desse teste, que não é novo. A conhecida Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) é uma delas. Diversas normas podem ser adotadas em conjunto e que terão por objetivo o registro dos ativos de uma empresa ao seu valor de recuperação. O Pronunciamento CPC 01 (R1), que trata sobre Redução ao Valor Recuperável de Ativos, é atualmente o mais aceito e por esse motivo, destaca-se a sua determinação de que: [...] se os ativos estiverem avaliados por valor superior ao valor recuperável por meio do uso ou da venda, a entidade deverá reduzi-los a seu valor recuperável, reconhecendo no resultado a perda referente a essa desvalorização. (GELBCKE et al., 2018, p.785) 50 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer os principais órgãos regulamentadores da profissão contábil e, em espe- cial, entender qual deles emite documentos de caráter normativo; • compreender o mecanismo que deve ser adotado para a conversão das demonstra- ções contábeis quando uma empresa realiza transações em moeda estrangeira; • aprender sobre os itens monetários e não monetários, bem como as formas funda- mentais de registro desses itens; • estudar e conhecer os principais ajustes que são realizados na contabilidade para fins de padronização dos demonstrativos; • conhecer os ganhos e perdas mais comuns encontrados nas atividades diárias das empresas e como devem ser reconhecidos tais resultados na contabilidade. PARA RESUMIR ALMEIDA, M. C. Contabilidade Avançada: textos, exemplos e exercícios resolvidos. São Paulo: Atlas, 1997. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Resolução n. 484, de 28 de junho de 1978. Baixar o Regulamento anexo, aplicável às instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central, que disciplina os procedimentos a serem adotados na avaliação e contabilização [...]. Brasília: BACEN, 1978. Disponível em: bcb. gov.br/pre/normativos/busca/downloadNormativo.asp?arquivo=/Lists/Normativos/ Attachments/40669/Res_0484_v2_L.pdf. Acesso em: 18 jan. 2020. ______. Regimento interno do Banco Central do Brasil. Brasília: BACEN, [2019]. Disponível em: bcb.gov.br/content/acessoinformacao/Documents/regimento_interno/ RegimentoInterno.pdf. Acesso em: 18 jan. 2020. BRAGA, J. P.; SOARES, P. A. Contabilidade Avançada. Salvador: UFBA, 2018. BRASIL. Decreto-Lei n. 9.295, de 27 de maio de 1946. Cria o Conselho Federal de Contabilidade, define as atribuições do Contador e do Guarda-livros, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: planalto.gov.br/ ccivil_03/Decreto-Lei/Del9295.htm. Acesso em: 26 jan. 2020. ______. Lei n. 4595, de 31 de dezembro de 1964. Dispõe sobre a Política e as Instituições Monetárias, Bancárias e Creditícias. Cria o Conselho Monetário Nacional e dá outras providências. Brasília, DF: Congresso Nacional, 1964. Disponível em: planalto.gov.br/ ccivil_03/LEIS/L4595.htm. Acesso em: 5 fev. 2020. ______. Lei n. 10.198, de 14 de fevereiro de 2001. Dispõe sobre a regulação, fiscalização e supervisão dos mercados de títulos ou contratos de investimento coletivo, e dá outras providências. Brasília, DF: Congresso Nacional, 2001. Disponível em: planalto.gov.br/ ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10198.htm. Acesso em: 26 jan. 2020. ______. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Brasília, DF: Congresso Nacional, 2007. Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 5 fev. 2020. ______. Decreto n. 9.580, de 22 de novembro de 2018. Regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Brasília, DF: Presidência da República, 2018. Disponível em: planalto. gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9580.htm. Acesso em: 26 jan. 2020. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico CPC 02 (R2), de 7 de outubro de 2010. Efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de demonstrações contábeis. Brasília, DF: CPC, 2010. Disponível em: cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/ Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=9. Acesso em: 19 jan. 2020. ______. Pronunciamento Técnico CPC 15 (R1), de 4 de agosto de 2011. Combinação de Negócios. Brasília, DF: CPC, 2011. Disponível em: cpc.org.br/CPC/Documentos- Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=46. Acesso em: 5 fev. 2020. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC n. 1.055/05, de 7 de outubro de 2005. Cria o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – (CPC), e dá outras providencias. Brasília, DF: CFC, 2005. Disponível em: static.cpc.aatb.com.br/Imagens/ Res_1055.pdf?_ga=2.228442196.890734238.1578755296-505715103.1578755296&_ ga=2.228442196.890734238.1578755296-505715103.1578755296. Acesso em: 11 jan. 2020. ______. Norma brasileira de contabilidade, NBC TG 27 (R4), de 24 de novembro de 2017. Altera a NBC TG 27 (R3) que dispõe sobre ativo imobilizado. Brasília, DF: CFC, 2017. Disponível em: cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2017/ NBCTG27(R4)&arquivo=NBCTG27(R4).doc. Acesso em: 19 jan. 2020. ______. Normas Brasileiras de Contabilidade. Brasília, DF: CFC, [201-]. Disponível em: cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/normas-completas/. Acesso em: 18 jan. 2020. FIPECAFI. Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras. Aprendendo contabilidade em moeda constante. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1995. GELBCKE, E. R.; SANTOS, A. dos; IUDÍCIBUS, S. de; MARTINS, E.. Manual de Contabilidade Societária: aplicável a todas as sociedades: de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. JOCHEM, L. IFRS: As normas internacionais de contabilidade. Hortolândia: Foco Editorial, 2013. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003. RIBEIRO, O. M. Contabilidade básica fácil. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. UNIDADE 3 Avaliação de investimentos Introdução Você está na unidade Avaliação de investimentos. Conheça aqui o conceito de investimento e aprenda quais são os tipos de investimentos. Entenda, com detalhes, os métodos de avaliação de investimentos, como o método do custo, método do valor justo e o método da equivalência patrimonial. Compreenda, ainda, como os investimentos são contabilizadas em cada um dos métodos de avaliação. Aprenda quais são os tipos de participações societárias, como identificar as participações de coligada, controlada e empreendimento controlado em conjunto e saiba a diferença de aquisição por ágio e deságio. Por fim, estude sobre como fazer provisões para perdas em investimentos. Bons estudos! 55 1 INVESTIMENTOS Para compreender quais os métodos podem ser utilizados para a avaliação de investimentos, é necessário, primeiramente, entender o conceito de investimento e os tipos de investimentos que podem ser classificados nesse grupo do Balanço Patrimonial. 1.1 Conceito de investimentos O termo investimentoé definido por Ribeiro (2014, on-line) como a “aplicação de recursos financeiros (dinheiro) em instrumentos financeiros que possa gerar fluxos de caixa futuros para a empresa”. Uma empresa pode investir os seus recursos em títulos de créditos, valores mobiliários no mercado financeiro ou no mercado de capitais (Ribeiro, 2014, on-line). O que difere essas formas de investimentos é o tempo de aplicação de cada um, em outras palavras, é o prazo de vencimento do investimento. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: • Quando o investimento tem prazo de vencimento, ele será classificado no ativo circu- lante ou no grupo ativo realizável a longo prazo, do ativo não circulante (RIBEIRO, 2014). Nesse caso, são ativos destinados à negociação ou disponíveis para venda (GELBCKE et al., 2018). • Quando o investimento não tem prazo de vencimento, ou seja, é permanente, ele se classifica no grupo investimentos do ativo não circulante (RIBEIRO, 2014). Nesse grupo, são classificadas as participações permanentes em outras sociedades e outros investi- mentos permanentes (GELBCKE et al., 2018). O quadro seguinte ilustra os locais em que uma aplicação em investimento pode figurar dentro do Balanço Patrimonial de uma entidade. 56 Quadro 1 - Aplicação em investimento no Balanço Patrimonial Fonte: Elaborado pela autora, 2020 Sobre o grupo investimento, Marion (2018, p. 64) define que é composto de “aplicações de caráter permanente que geram rendimentos não necessários à manutenção da atividade principal da empresa”. Ou seja, são os itens que a empresa adquire para obter ganhos além das suas atividades usuais, dos quais não pretende se desfazer. A Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, dispõe no inciso III do art. 179, que se classificam como parte do grupo Investimento: As participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa. (BRASIL, 1976, on-line) 1.2 Tipos de investimentos permanentes Há alguns tipos de investimentos, que vamos analisar a seguir. Primeiramente, vamos verificar as participações permanentes em outras sociedades. Participações permanentes em outras sociedades As participações permanentes em outras sociedades (também chamados de participações societárias) são os investimentos feitos em controladas, coligadas e empreendimento com controle, com característica de aplicação de capital não especulativa ou temporária, isto é, FIQUE DE OLHO Gelbcke et al. (2018, p. 162) afirmam que o trecho “os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa” deve ser complementado com “e não classificáveis também no Realizável a Longo Prazo”, visto que o grupo Realizável a Longo Prazo pode incluir algumas formas de investimento temporários a longo prazo. 57 permanente (ALMEIDA, 2013; MARTINS et al., 2013). Essas participações podem ocorrer de forma voluntária ou por meio de incentivos fiscais. O investimento voluntário é o mais usual e, nesse caso, as empresas investem valores significativos, de forma voluntária, na aquisição de controle de outra companhia, com a expectativa de receber alguma forma de rentabilidade ou algum benefício operacional futuro (GELBCKE et al., 2018). O investimento visa a ampliar a atividade econômica da sociedade, ou diversificá-la (MARTINS et al., 2013). Quanto ao investimento por meio de incentivos fiscais, originam-se da destinação de parte do Imposto de Renda de empresas que utilizam o lucro real como forma de tributação (GELBCKE et al., 2018; MARTINS et al., 2013). Outros investimentos permanentes Os outros investimentos permanentes classificam as propriedades para investimento e outras formas de investimentos permanentes. Em relação às propriedades para investimento, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), por meio do Pronunciamento Técnico CPC 28 – Propriedade para Investimento, define que: Propriedade para investimento é a propriedade (terreno ou edifício – ou parte de edifício – ou ambos) mantida (pelo proprietário ou pelo arrendatário como ativo de direito de uso) para auferir aluguel ou para valorização do capital ou para ambas e, não, para: (a) uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços ou para finalidades administrativas; ou (b) venda no curso ordinário do negócio. (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009, on-line) Ou seja, são as propriedades que não são utilizadas na atividade principal da entidade. Gelbcke et al. (2018) instruem que as propriedades que compõem esse subgrupo de Investimentos devem ser registradas sob a rubrica Propriedades para Investimento. Em relação aos outros investimentos permanentes, Martins et al. (2013) indicam que são os outros ativos que a empresa pretende manter por tempo indefinido e que não se relacionam com a atividade principal da empresa, por exemplo, obras de arte. Para integrar o Balanço Patrimonial de uma entidade, os investimentos precisam ser avaliados conforme algum dos métodos definidos pela Lei n. 6.404/76, a citar: método do custo, método do valor justo ou método da equivalência patrimonial (BRASIL, 1976). 58 2 AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS: MÉTODO DO CUSTO Um dos métodos de avaliação de investimento, definidos pela Lei n. 6.404/76, é o método do custo (BRASIL, 1976). Ribeiro (2014) define que o método do custo avalia o item considerando os valores originais da transação. Segundo Gelbcke et al. (2018), o método de avaliação pelo custo é aplicado para as participações em outras empresas e para as propriedades para investimento. Martins et al. (2013) explicam que esse método será utilizado apenas nos casos em que o método da equivalência patrimonial não puder ser aplicado e quando o método de avaliação pelo valor justo não puder ser mensurado de forma confiável. Para compreender o uso desse método, apresentaremos as formas de mensuração dos investimentos que são avaliados pelo método do custo e, posteriormente, os investimentos que requerem essa forma de avaliação. 2.1 Avaliação pelo método do custo A avaliação (ou mensuração) de um investimento deve ocorrer em dois momentos: inicial e subsequente. A mensuração inicial corresponde ao momento da integralização do investimento no patrimônio da entidade; já a mensuração subsequente, acontece no momento que os resultados são apurados para a elaboração das Demonstrações Contábeis (RIBEIRO, 2014). A mensuração inicial considera que o valor de entrada do item é o mesmo que foi registrado no documento que comprova a integralização do investimento no patrimônio da entidade, acrescido dos custos de transação (RIBEIRO, 2014). A mensuração subsequente, que acontece no final do exercício social, considera que os investimentos: [...] serão avaliados pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para perdas prováveis na realização do seu valor, quando essa perda estiver comprovada como permanente e que não será modificado em razão do recebimento, sem custo para a companhia, de ações ou quotas bonificadas. (RIBEIRO, 2014, on-line) Além disso, é importante lembrarmos que o art. 183 da Lei n. 6.404/76, no inciso III, estabelece que o registro do investimento deve ser o menor entre o custo e o valor de realização. 2.2 Investimentos avaliados pelo método do custo A Lei n. 6.404/76 (BRASIL, 1976) dispõe, no art. 183, que todos os investimentos classificados em algum grupo do ativo circulante, ou nos grupos ativo realizável a longo prazo e investimentos 59 do ativo não circulante, devem ser avaliados pelo método do custo, exceto por aqueles que estão sujeitos pelo método do valor justo ou pelo método da equivalência patrimonial. Ao verificar os incisos I, III e IV, do que o art. 183, observamos o seguinte: I - as aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos, e em direitos e títulos de créditos, classificados no ativo circulanteou no realizável a longo prazo: [...] b) pelo valor de custo de aquisição ou valor de emissão, atualizado conforme disposições legais ou contratuais, ajustado ao valor provável de realização, quando este for inferior, no caso das demais aplicações e os direitos e títulos de crédito; III - os investimentos em participação no capital social de outras sociedades, [...], pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para perdas prováveis na realização do seu valor, quando essa perda estiver comprovada como permanente, e que não será modificado em razão do recebimento, sem custo para a companhia, de ações ou quotas bonificadas; IV - os demais investimentos, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para atender às perdas prováveis na realização do seu valor, ou para redução do custo de aquisição ao valor de mercado, quando este for inferior [...] (BRASIL, 1976, art. 183, on-line) Verificamos que os incisos instruem a deduzir as prováveis perdas advindas do valor de realização do custo. Ribeiro (2014, on-line) salienta que essas perdas só são reconhecidas nos títulos de participação no capital social de outras sociedades, que não sejam “coligadas, controladas ou em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sobre o controle comum” (avaliadas pelo método da equivalência patrimonial) quando comprovado que a perda é permanente. 3 AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS: MÉTODO DO VALOR JUSTO Outro método de avaliação de investimento, definidos pela Lei n. 6.404/76, é pelo valor justo (Brasil, 1976). A Norma Brasileira de Contabilidade TG 46, no item 9, define valor justo como “o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração” (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2017b, on-line) ou seja, o valor de mercado. Dessa forma, o método do valor justo avalia o valor do investimento pelo valor de mercado. Para compreender melhor como é esse método, primeiro, explicitaremos as formas de mensuração inicial e subsequente para os investimentos que devem ser avaliados pelo método do valor justo. Depois, elencaremos quais são esses investimentos 60 3.1 Avaliação pelo método do valor justo Assim como no método de avalição pelo valor do custo, a avaliação pelo método do valor justo deve acontecer no momento da integralização do item no balanço patrimonial e, posteriormente, no momento de apuração das demonstrações contábeis (GELBCKE, 2018; RIBEIRO, 2014). A avaliação inicial do investimento pelo método do valor justo deve considerar o valor de aquisição somado ao valor de transação, o que pode coincidir com a avaliação pelo método do custo. O exemplo a seguir descreve uma situação de mensuração inicial pelo método do valor justo. Exemplo A sociedade Galvão S.A., no dia 22 de maio de x1, adquiriu um lote de ações representativas de parte do capital da sociedade Marte S.A., pagando a importância de $ 400.000. Essas ações estavam cotadas no mercado de capitais. No momento da aquisição, a sociedade Galvão S.A., investidora, teve gastos, dentre outros, com corretagens e emolumentos, no valor de $ 10.000. A investidora adquiriu tais títulos com intenção especulativa, isto é, com a pretensão de vendê-los em curto prazo, classificando-os no grupo dos Investimentos Temporários a Curto Prazo, do Ativo Circulante. Contabilização: Débito na conta Ações da Sociedade Marte S.A. (ativo circulante), no valor de $ 410.000 Crédito na conta Caixa (ativo circulante) no valor de $ 410.000 Já a mensuração subsequente pode apresentar duas situações: valor justo maior que o custo ou valor justo menor que o custo. • Quando o valor justo é maior que o custo, a empresa investidora incorre em ganho. Exemplo Quando chegamos a 31/12/x1, após cotação do mercado, o lote de ações da sociedade Marte S.A. apresenta o valor justo igual a $ 500.000. Nesse caso, a sociedade Galvão S.A. teve um ganho de $ 90.000 ($ 500.000 da cotação de mercado menos $ 410.000 da avaliação inicial), pelo fato de o valor justo ser maior que o valor de custo. 61 Contabilização: Débito na conta Ações da Sociedade Marte S.A. (ativo circulante) no valor de $ 90.000 Crédito na conta Ajuste de avaliação patrimonial (patrimônio líquido) no valor de $ 90.000 • Quando o valor justo é menor que o custo, a empresa investidora incorre em perda. Exemplo Agora, vamos supor que, em 31/12/x1, após cotação no mercado ativo, o valor justo do lote de ações da sociedade Marte S.A., tenha sido igual a $ 360.000 (e não mais $ 500.000, como no exemplo anterior). Nesse caso, a sociedade Galvão S.A. teve uma perda de $ 50.000 ($ 360.000 da cotação de mercado menos $ 410.000 da avaliação inicial) pelo fato de o valor justo ser menor que o valor de custo. Contabilização: Débito na conta Ajuste de avaliação patrimonial (patrimônio líquido) no valor de $ 50.000 Crédito na cota Ações da Sociedade Marte S.A. (ativo circulante) no valor de $ 50.000 Os valores alocados na conta Ajuste de avaliação patrimonial permanecem nela até que o investimento seja vendido (ganho) ou alienado ou quando o valor justo se igualar ou superar o custo (perda), somente após isso é que o valor será transferido para o resultado do exercício (RIBEIRO, 2014). 3.2 Investimentos avaliados pelo método do valor justo O inciso I do art. 183 da Lei n. 6.404/76 (BRASIL, 1976, on-line) dispõe que “as aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos, e em direitos e títulos de créditos, classificados no ativo circulante ou no realizável a longo prazo [...] quando se tratar de aplicações destinadas à negociação ou disponíveis para venda” devem ser avaliados pelo método do valor justo. Outro investimento a ser avaliado pelo método do valor justo, são as Propriedades para investimentos, que estão alojadas no grupo Investimentos do ativo não circulante, conforme instruído pelo CPC 28 (2009). Entretanto, a empresa pode optar por avaliar pelo método do custo, desde que apresente o valor justo do investimento nas notas explicativas e reconheça periodicamente a depreciação do item (GELBCKE et al., 2018). As empresas podem optar também por utilizar métodos diferentes na avaliação dos itens que compõe a conta. 62 Martins et al. (2013) e Gelbcke et al. (2018) salientam que as empresas podem mudar o método de avaliação da propriedade para investimento, porém essa mudança deve ser fundamentada, justificada e se manter constante ao longo dos anos. 4 AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS: MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL O terceiro método de avaliação de investimentos definido pela Lei n. 6.404/76, é o da equivalência patrimonial (BRASIL, 1976). A NBC TG 18 (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2017a, on-line) define que o método da equivalência patrimonial é “o método de contabilização por meio do qual o investimento é inicialmente reconhecido pelo custo e, a partir daí, é ajustado para refletir a alteração pós- aquisição na participação do investidor sobre os ativos líquidos da investida”. Para compreender esse método de avaliação, abordaremos de que maneira o investimento é mensurado, inicialmente e em momento subsequente. Em seguida, apresentaremos os tipos de investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial. 4.1 Avaliação pelo método da equivalência patrimonial Do mesmo modo que o método de avalição pelo valor do custo e pelo valor justo, o método da equivalência patrimonial também avalia o investimento, quando ele ingressa no patrimônio e em momento subsequente (GELBCKE, 2018; RIBEIRO, 2014). Nesse caso, a avaliação inicial é feita pelo método do custo (RIBEIRO, 2014). Já a avaliação subsequente, feita ao final do período para apuração das Demonstrações Contábeis, apresenta alguns cálculos variados, conforme o exemplo, que apresentaremos a seguir. Exemplo Em 31/12/x1, o Balanço Patrimonial da Companhia Ímpar apresenta, no subgrupo Investimentos do ativo não circulante, um investimentono valor de $ 480.000 no capital da Companhia Par. Esse investimento corresponde a uma participação de 40% que a Companhia Ímpar tem no capital da Companhia Par, sua coligada. 63 Em 31/12/x2, a Companhia Par apresenta as seguintes contas e valores no seu Balanço Patrimonial: Tabela 1 - Balanço Patrimonial Companhia Par Fonte: Elaborada pela autora, 2020. Pelo fato de a Companhia Par (investida) ser coligada da Companhia Ímpar (investidora), quando ela apura seus resultados, a investidora deve, também, atualizar os seus investimentos. Nesse caso, em 31/12/x2, a Companhia Ímpar deve atualizar o valor do seu investimento em Par, para que o valor do investimento constante do subgrupo Investimento do Ativo Não Circulante de Ímpar equivalha a 40% do Patrimônio Líquido de Par. O cálculo para fins de atualização do investimento deve ser feito da seguinte forma: Percentual correspondente da participação que Companhia Ímpar tem do capital da Par: 40% de $ 1.800.000 = $ 720.000 O resultado desse cálculo corresponde ao valor atualizado do investimento da Companhia Ímpar na Par. Ou seja, o valor do investimento a ser apresentado no Balanço Patrimonial da investidora é de $ 720.000 Para apurar o valor da variação no Balanço Patrimonial de Ímpar, faremos: 64 Tabela 2 - Variação do balanço patrimonial da companhia Ímpar Fonte: Elaborada pela autora, 2020. Contabilização: Débito em Investimentos na Coligada Par (Investimentos) no valor de $ 240.000 Crédito em Receitas de Participações Societárias Avaliadas pelo método da equivalência patrimonial (Resultado do exercício) no valor de $ 240.000. Ao aplicar o método da equivalência patrimonial, a investidora deve verificar se a investida efetuou a contabilização de dividendos a distribuir. O exemplo seguinte demonstra o que fazer nessa situação. Exemplo Suponhamos que a Companhia Par, coligada, tenha apurado lucro líquido de $ 1.600.000 no final de x2, tendo distribuído aos acionistas $ 1.000.000 e mantido $ 600.000 na conta Reservas de Lucros do Patrimônio Líquido. Apuração em 31/12/x2, referente à receita em decorrência do método da equivalência patrimonial: 40% de $ 1.600.000 = $ 640.000 Contabilização: Débito em Investimentos na Coligada Par (Investimentos) no valor de $ 640.000 Crédito em Receitas de Participações Societárias Avaliadas pelo método da equivalência patrimonial (Resultado do exercício) no valor de $ 640.000 Vamos supor Companhia Par, no exercício de x3, tenha pagado os dividendos em dinheiro, cabendo a investidora Ímpar o valor de $ 400.000. Apuração em x3, referente ao recebimento de dividendos: 65 40% de $ 1.000.000 = $ 400.000 Débito em Banco conta movimento (ativo circulante) no valor de $ 400.000 Crédito na conta Dividendos recebidos de Investimento na Coligada (Investimentos) no valor de $ 400.000 4.2 Investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial A Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007 (BRASIL, 2007), assevera que devem ser avaliados pelo método da equivalência patrimonial os investimentos: Em sociedades coligadas sobre cuja administração tenha influência significativa, ou de que participe com 20% (vinte por cento) ou mais do capital votante. Em controladas. Em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Considerando isso, é importante lembrarmos que o método da equivalência patrimonial visa a atualizar os “valores dos investimentos feitos em coligadas ou em controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum, com base na variação ocorrida no Patrimônio Líquido dessas sociedades” (RIBEIRO, 2014). 5 PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS Os investimentos em participações societárias são regulados pelo CPC 18 (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2012a), que trata, especificamente, do investimento em 66 coligada, em controlada e em empreendimento controlado em conjunto. Para compreender, em detalhes, o que são participações societárias, apresentaremos as definições de cada um desses tipos de investimentos e, em seguida, abordaremos os investimentos feitos por ágio e deságio. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 5.1 Sociedades coligadas O CPC 18 (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2012a) define “coligada” como “a entidade sobre a qual o investidor tem influência significativa”. Essa influência, segundo o art. 243, parágrafo 4 e 5, da Lei n. 6.404/76 (BRASIL, 1976), existe quando “a investidora detém ou exerce o poder de participar nas decisões das políticas financeira ou operacional da investida, sem controlá-la” e é presumida “quando a investidora for titular de 20% (vinte por cento) ou mais do capital votante da investida, sem controlá-la” (BRASIL, 1976). Porém, a legislação não define o tipo de sociedades que podem se tornar coligadas, portanto, pode haver coligação entre sociedades por ações, limitadas ou outro tipo. Gelbcke et al. (2018) chamam atenção para o fato de que a definição de coligada não menciona nada sobre participações indiretas, o que leva a entender que quando há a predominância da essência sobre a forma, a participação indireta não desqualifica a situação de coligada. Gelbcke et al. (2018) ainda explicam que o presumido, abordado pela Lei n. 6.404/76, pode ser refutado, conforme apresentado no exemplo seguinte. Exemplo Uma empresa pode ter 5% do capital votante de outra companhia e concluir (e poder provar) que possui influência significativa, considerando sua relação de propriedade em conjunto com outras 67 evidências de influência. Ou ainda, uma empresa pode possuir 25% do capital votante de outra companhia e concluir (e provar) que não possui influência significativa, dado que não participa nem tem condições de participar do processo decisório de sua investida (principalmente se não for uma S.A.). (GELBCKE et al., 2018, p. 181) 5.2 Sociedade controladas e controladoras Além disso, o parágrafo 2°, do art. 243, da Lei n. 6.404/76 (BRASIL, 1976) define que controlada é “a sociedade na qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores”. Para verificar se a sociedade controla a outra, o CPC 36 (2012) indica avaliar se possui: a) poder sobre a investida; (b) exposição a, ou direitos sobre, retornos variáveis decorrentes de seu envolvimento com a investida; e (c) a capacidade de utilizar seu poder sobre a investida para afetar o valor de seus retornos. (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2012b, on-line) Caso cumpra com todos os requisitos, a sociedade tem controle sobre a investida. Sobre esse controle, Adriano (2018) explica que ele pode é exercido de forma direta ou indireta, dependendo da forma de participação no capital volante. O controle direto acontece quando uma empresa controla 50 % do capital volante da outra, ou seja, ela é proprietária de mais da metade do capital. Já o controle indireto acontece quando uma empresa controla uma outra empresa utilizando a sua controlada como intermédio. Exemplos Controle direto A Cia A possui 70% do capital volante da Sociedade B. A Cia A (controladora) controla diretamente da Sociedade B (controlada). Controle indireto A Cia A possui 70% do capital volante da Sociedade B e a Sociedade B possui 60% do capital volante da Empresa C. A Cia A controla diretamente a Sociedade B que controla diretamente a Empresa C. Indiretamente a Cia A controla a Empresa C, por controlar diretamente a Sociedade B que controla diretamente a Empresa C. 68 5.3 Empreendimento controlado em conjunto Segundo o CPC 18 (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2012a), empreendimento controlado em conjunto, ou joint venture, “é um acordo conjunto por meio do qual as partes, que detêm o controle em conjunto do acordo contratual, têm direitos sobre os ativos líquidosdesse acordo”. Gelbcke et al. (2018) especulam que essa prática visa a acumular capital e ampliar as atividades econômicas das empresas, ao mesmo tempo que divide os riscos do negócio. O controle de um empreendimento compartilhado é definido no contrato social, no estatuto ou no documento firmado entre os sócios (MARTINS et al., 2013). Para que haja controle conjunto, dois ou mais sócios precisam acordar sobre as decisões e compartilhar, visto que o controle é divido entre eles (GELBCKE et al., 2018). O empreendimento controlado em conjunto é uma empresa como qualquer outra, tendo ela que desenvolver atividades e operações econômicas para se manter competitiva no mercado (MARTINS et al., 2013; GELBCKE et al., 2018). Para isso, ela precisa ser administrada por profissionais que visem o interesse dos sócios. Exemplo A Sociedade A tem controle de 50% do capital da Cia B e a Empresa C controla os outros 50% do capital da Cia B. Dessa forma, a Sociedade A e a Empresa C controlam em conjunto a Cia B. 5.4 Aquisição com ágio e deságio Ágio e deságio são a diferença entre o valor do patrimônio líquido e o valor pago na aquisição de um investimento em participação societária. Podemos entender que ágio é o valor que se paga a mais no momento da aquisição e que deságio é o valor que se paga a menos (GELBCKE et al., 2018; RIBEIRO, 2014). Ribeiro (2013) explica que é raro uma combinação de negócios apresentar deságio. I - valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; II - valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos FIQUE DE OLHO O controle indireto só acontece entre sociedades controladoras e controlada. Essa forma de controle não se estabelece entre empresas coligadas. A Empresa D é coligada direta da Empresa F, que, por sua vez, é coligada direta da Empresa G, isso não indica que as Empresas D e G sejam coligadas diretas. Para isso acontecer, a Empresa D tem que ter influência significativa do capital volante da empresa G. 69 exercícios futuros; III - fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. (BRASIL, 2016) O ágio e o deságio apresentam formas de contabilização distintas. Os exemplos, a seguir, apresentam as diferenças entre eles. Exemplos Ágio A Cia X adquire 40% de ações do capital social da Cia Y por R$ 400.000. O Balanço Patrimonial da Cia Y em 31/12 apresenta os seguintes valores no Patrimônio A Coordenação Geral da Tributação da Receita Federal do Brasil explica que a contabilização do ágio e deságio deve indicar o: Tabela 3 - Balanço patrimonial da Cia Y Fonte: Elaborada pela autora, 2020 Após o investimento, a Cia X possui 40% do capital da Cia Y, ou seja, ela é dona de 40% do total do patrimônio líquido da Cia Y. O valor contábil do investimento é de: 40% de R$ 900.000 = R$ 360.000 Esse valor é menor que o valor de aquisição do investimento (R$ 400.000). Então, a diferença entre eles representa um ágio desembolsado na aquisição das ações. R$ 400.000 menos R$ 360.000 = R$ 40.000 (ágio) Contabilização: Débito em Participações Societárias na Cia Y (Investimentos) no valor contábil de R$ 360.000 70 Débito em Ágio na Aquisição de Investimentos Cia Y (Investimentos) no valor da diferença de R$ 40.000 Crédito na conta disponível (ativo circulante) no valor de R$ 400.000 Deságio Tendo como base as informações do exemplo anterior, mas considerando que a Cia X tenha adquirido as ações do capital social da Cia Y por R$ 310.000. O valor contábil do investimento continua sendo de R$ 360.000 (40% de R$ 900.000). O que muda é que o valor pago pelo investimento é menor que o seu valor contábil. Então, a diferença entre eles representa um deságio desembolsado na aquisição das ações. R$ 310.000 menos R$ 360.000 = R$ 50.000 (deságio) Contabilização: Débito em Participações Societárias na Cia Y (Investimentos) no valor contábil de R$ 360.000 Crédito em Deságio na Aquisição de Investimentos Cia Y (Investimentos) no valor da diferença de R$ 50.000 Crédito na conta disponível (ativo circulante) no valor de R$ 310.000 6 PROVISÃO PARA PERDAS EM INVESTIMENTO Lima e Guimarães (2009) discorrem que todos os investimentos: podem estar sujeitos a perdas, totais ou parciais, decorrentes de eventos como: falência ou concordata de uma empresa investida; desvalorização permanente de quotas ou ações; abandono de projetos de investimentos já concretizados, entre outros. (LIMA; GUIMARÃES, 2009, p. 117) Dessa forma, quando a empresa investida (coligada ou controlada) apresentar perdas de difícil ou improvável recuperação é necessário a constituição de uma conta de provisão para perdas em investimos (CABRAL, 2017). Essa provisão tem natureza devedora que, quando concretizada, irá reduzir o valor do investimento ao qual está atribuída e afetar negativamente o resultado da empresa, mas caso a perda não se confirme, deve ser feita a “reversão dos valores não utilizados como variação ativa, o que afetara o resultado positivamente” (LIMA; GUIMARÃES, 2009, p. 117). A contabilização desse tipo de provisão tem a seguinte configuração, de acordo com Lima e 71 Guimarães (2009): Do Registro da Constituição da Provisão Débito em Provisões para Perdas em Investimentos. Crédito em Provisão para Perdas em Investimentos. Do Registro da Utilização da Provisão Débito em Provisão para Perdas em Investimentos. Crédito em Investimentos. Do Registro da Reversão da Provisão Débito em Provisão para Perdas em Investimentos. Crédito em Reversão de Provisão para Perdas em Investimentos. O exemplo, a seguir, mostra como realizar a contabilização de provisão para perdas em investimento. Exemplo A Empresa J, investida da Empresa K, sofreu desvalorização de suas ações. Prevendo essa situação a Empresa K provisionou perdas de R$ 3.000 para esse investimento. Contabilização: Débito em Provisões para Perdas em Investimentos (resultado) no valor de R$ 3.000. Crédito em Provisão para Perdas em Participações Societárias na Empresa J (Investimentos) no valor de R$ 3.000. No fechamento do balanço, as ações da empresa J teve uma perda efetiva de apenas R$ 1.000. Dessa forma, a Empresa K deve utilizar o valor correspondente ao da perda constituído na revisão e fazer a reversão da diferença (R$ 2.000). Contabilização: Utilização da provisão Débito em Provisão para Perdas em Participações Societárias na Empresa J (Investimentos) 72 no valor de R$ 1.000. Crédito em Participações Societárias na Empresa J (Investimentos) no valor de R$ 1.000. Reversão da provisão Débito em Provisão para Perdas em Participações Societárias na Empresa J (Investimentos) no valor de R$ 2.000. Crédito em Reversão de Provisão para Perdas em Investimentos (resultado) no valor de R$ 2.000. 73 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • onhecer o método de avalição de investimentos pelo custo; • analisar o método de avaliação de investimentos pelo valor justo; • entender sobre o método de avalição de investimentos pela equivalência patrimonial; • estudar os tipos de participações societárias e quando ocorre ágio e deságio em aquisição dessas participações; • aprender como provisionar perdas em investimento. PARA RESUMIR ADRIANO, S. Contabilidade geral. 4. ed. Salvador: Juspodivm, 2018. ALMEIDA, M. C. Contabilidade avançada. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013. BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Brasília, DF: Congresso Nacional, 1976. Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ l6404consol.htm. Acesso em: 29 jan. 2020. ______. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei n. 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Brasília, DF: Congresso Nacional, 2007. Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm.Acesso em: 29 jan. 2020. ______. Coordenação Geral da Tributação. Solução de Consulta n. 3, de 22 de janeiro de 2016. Imposto sobre a renda de pessoa jurídica - IRPJ. Brasília, DF: Receita Federal do Brasil, 2016. Disponível em: normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/consulta. actionfacetsExistentes=&orgaosSelecionados CABRAL, Z. Contabilidade geral para concursos públicos. [s. l.]: Clube de Autores, 2017. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico CPC 28 - Propriedade para Investimento. Brasília, DF: CPC, 2009. Disponível em: static.cpc.aatb. com.br/Documentos/320_CPC_28_rev%2014.pdf. Acesso em: 29 jan. 2020. ______. Pronunciamento Técnico CPC 18 (R2) - Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendimento Controlado em Conjunto. Brasília, DF: CPC, 2012a Disponível em: static.cpc.aatb.com.br/Documentos/263_CPC_18_(R2)_rev%2013.pdf. Acesso em: 29 jan. 2020. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas Gerais de Contabilidade. NBC TG 18 (R3) – Investimento em coligada, em controlada e em empreendimento controlado em conjunto. Brasília, DF: CFC, 2017a. Disponível em: cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/ NBCTG18(R3).pdf. Acesso em: 30 jan. 2020. ______. Normas Gerais de Contabilidade. NBC TG 46 (R2) – Mensuração do Valor Justo. Brasília, DF: CFC, 2017b. Disponível em: cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG46(R2).pdf. Acesso em: 30 jan. 2020. GELBCKE, E. R.; SANTOS, A. dos; IUDÍCIBUS, S. de; MARTINS, E. Manual de contabilidade REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS societária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. LIMA, D. V. de; GUIMARÃES, O. G. Contabilidade aplicada aos regimes próprios de previdência social. Brasília: MPS, 2009. (Coleção Previdência Social, Série Estudos, v. 29). MARION, J. C. Contabilidade básica. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2018. MARTINS, E.; GELBCKE, E. R.; SANTOS, A. dos; IUDÍCIBUS, S. de. Manual de contabilidade societária. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013. RIBEIRO, O. M. Contabilidade intermediária. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. [E-book]. ______. Contabilidade avançada. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. [E-book].Selecionados=72&lblTiposAtosSelecionados=SC&tipoAtoFacet= &siglaOrgaoFacet=&anoAtoFacet=&termo Busca=&numero_ato=&tipoData=2&dt_inicio. Acesso em: 29 jan. 2020. UNIDADE 4 Tópicos de contabilidade societária Você está na unidade Tópicos de contabilidade societária. Conheça aqui o que é o e como se calcula a remuneração por juros sobre capital próprio, além de como fazer os lançamentos contábeis dessa forma de provento. Aprenda sobre os tipos de combinação de negócios, como fusão, cisão, incorporação e aquisição/alienação de controle. Entenda as diferenças entre as formas de encerramento de uma sociedade empresária: falência, dissolução, liquidação e extinção; e quais os aspectos contábeis desses processos. Compreenda os postulados ambientais: entidade e continuidade. Conheça, ainda, sobre a legislação societária e legislação fiscal/tributária. Bons estudos! Introdução 79 1 JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO Apresentaremos a conceituação de juros sobre capital próprio, a forma como esses juros devem ser calculados – com apresentação de três situações exemplos distintas –, e o como essa forma de remuneração dos acionistas e sócios deve ser contabilizada. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 1.1 Conceituação A remuneração dos acionistas e sócios pode ser feita de duas formas: dividendos e juros sobre capital próprio (RIOS; MARION, 2019). Os autores explicam que a remuneração por dividendos consiste na distribuição de parte do lucro da empresa como proventos para os acionistas e sócios (RIOS; MARION, 2019). Essa distribuição é feita considerando um percentual, definido em estatuto, que é aplicado sobre o lucro e repartido entre os interessados (ASSAF NETO, 2014; 2015; RIOS; MARION, 2019). Por sua vez, a remuneração por juros sobre capital próprio consiste na distribuição do valor resultante de um percentual aplicado sobre o patrimônio líquido da empresa (ASSAF NETO, 2014; 2015; RIOS; MARION, 2019). Rios e Marion (2019) explicam que a diferença entre as duas formas de proventos está no fato de que a remuneração por dividendos é tributada (por advir do lucro) e a empresa paga os impostos de renda e contribuição pelos acionistas e sócios. Na remuneração por juros sobre capital próprio, por sua vez, os impostos devem ser tributados pelas pessoas físicas que a recebem (ASSAF NETO, 2014; 2015; RIOS; MARION, 2019). Isso acontece pelo fato de essa modalidade de pagamento de proventos ser considerada pela empresa como despesa financeira que é “dedutível no cálculo do imposto de renda e da contribuição social” (RIOS; MARION, 2019, p. 160). 80 Os juros sobre capital próprio devem seguir as normas impostas pela Lei n. 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996), pela Deliberação 683, de 30 de agosto de 2012, da Comissão de Valores Mobiliários (COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS, 2012) e pela Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil n. 1.700, de 14 de março de 2017 (BRASIL, 2017). Os juros sobre capital próprio devem seguir as normas impostas pela Lei n. 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996), pela Deliberação 683, de 30 de agosto de 2012, da Comissão de Valores Mobiliários (COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS, 2012) e pela Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil n. 1.700, de 14 de março de 2017 (BRASIL, 2017). A seguir, falaremos mais sobre a temática juros sobre capital próprio. Primeiramente, apresentaremos a forma de calcular e os efeitos sobre o resultado da empresa, depois, sobre como devem ser feitos os lançamentos contábeis dessa forma de remuneração. 1.2 Cálculo de juros sobre capital próprio Antes de calcular a o valor da remuneração por juros sobre capital próprio, é necessário observar algumas condições e limitações. Rios e Marion (2019) elencam as seguintes condições: a. deverão existir lucros, computados antes da dedução dos juros, ou lucros acumulados em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados; b. que os juros sejam registrados como despesa financeira; c. que os juros sejam pagos ou creditados de maneira individualizada para os sócios ou acionistas; d. que os juros fiquem limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). (RIOS; MARION, 2019, p. 161) As limitações ficam a cargo do montante a ser pago aos acionistas e sócios. A Instrução Normativa n. 1.700/17 (BRASIL, 2017) dispõe no art. 75 que o valor máximo dos juros sobre capital próprio, passíveis de dedução como despesa operacional, limita-se ao menor valor entre: I. o valor resultante da aplicação da TJLP sobre o total do patrimônio líquido; II. o maior valor entre: 50% do lucro líquido do exercício ou 50% da soma das reservas de FIQUE DE OLHO Empresas, para obter mais investimentos e crescer, costumam utilizar a prática de “represar” lucros, o que diminui os dividendos distribuídos aos acionistas ou sócios. Como forma de compensação, as empresas oferecem a remuneração por juros sobre capital próprio (RIOS; MARION, 2019). 81 lucros e lucros acumulados. Para o cálculo do total do patrimônio líquido, não deve ser considerado o saldo da conta Reserva de reavaliação e nem o da conta Ajuste de avaliação patrimonial – elas só podem ser consideradas se integrarem à base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social (RIOS; MARION, 2019). O lucro líquido do exercício deve ser aquele antes da dedução do Imposto de Renda e do próprio juro e após da dedução da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (BRASIL, 2017). As situações seguintes foram adaptadas dos exemplos apresentados por Rios e Marion (2019) e elas ilustram como os juros sobre capital próprio devem ser calculados em três casos diferentes. Situação 1 – juros sobre capital próprio, constituído pela TJLP A Cia A apresenta a seguinte composição de patrimônio líquido em 31/12/X1: Tabela 1 - Patrimônio Líquido da CompanhiaA Fonte: Elaborada pela autora, 2020. a) o valor dos juros pela TJLP: Patrimônio Líquido x taxa TJLP = $ 990.000 × 12% = $ 118.800 b) o valor dos juros pela legislação: 50% do lucro líquido do exercício (após a CSLL) Primeiramente, é necessário calcular o valor da CSLL provisória: 82 Figura 1 - Cálculo da CSLL provisória da Companhia A Fonte: Elaborada pela autora, 2020. Depois calcular 50% do valor encontrado: $ 728.000 x 50% = R$ 364.000 c) o valor dos juros pela legislação: 50% da soma de lucros acumulados e de reservas de lucros A Cia A apresenta o saldo de $ 200.000 na conta Reservas de lucros. $ 200.000 x 50% = $ 100.000 A legislação indica verificar qual o maior valor entre os encontrados nos cálculos dos itens b e c: b) $ 364.000 (50% do lucro líquido do exercício - após a CSLL) c) $ 100.000 (50% da soma de lucros acumulados e de reservas de lucros) O maior entre eles é o encontrado em b, no valor de $ 364.000. O próximo passo é verificar qual o menor valor entre o encontrado no cálculo do item a e o que foi identificado como maior entre os itens b e c (passo anterior): a) $ 118.800 (TJLP) b) $ 364.000 (50% do lucro líquido do exercício - após a CSLL) Entre os dois, o menor valor é o do item a. Portanto, é esse que deve ser utilizado para fins de dedução do imposto de renda e da contribuição social. A DRE da Cia A, em 31/12/X2, fica da seguinte forma: 83 Figura 2 - DRE da Companhia A Fonte: Elaborada pela autora, 2020. Situação 2 – juros sobre capital próprio, constituído pelo maior entre: 50% do lucro líquido do exercício ou 50% da soma das reservas de lucros e lucros acumulados A Cia B apresenta a seguinte composição de patrimônio líquido em 31/12/X1: Tabela 2 - Patrimônio líquido da Companhia B Fonte: Elaborada pela autora, 2020. O Lucro do período antes da CSSL foi de $ 900.000. A TJLP é de 15%. a) o valor dos juros pela TJLP: 84 Patrimônio Líquido x taxa TJLP = $ 2.950.000 × 15% = $ 442.500 b) o valor dos juros pela legislação: 50% do lucro líquido do exercício (após a CSLL) Primeiro é necessário calcular o valor da CSLL provisória: Figura 3 - Cálculo da CSLL provisória da Companhia B Fonte: Elaborada pela autora, 2020. Depois, calcular 50% do valor encontrado: $ 819.000 x 50% = R$ 409.500 c) o valor dos juros pela legislação: 50% da soma de lucros acumulados e de reservas de lucros A Cia B apresenta o saldo de $ 350.000 na conta Reservas de lucros. $ 350.000 x 50% = $ 175.000 A legislação indica verificar qual o maior valor entre os encontrados nos cálculos dos itens b e c: b) $ 409.500 (50% do lucro líquido do exercício - após a CSLL) c) $ 175.000 (50% da soma de lucros acumulados e de reservas de lucros) O maior entre eles é o encontrado em b, no valor de $ 409.500. O próximo passo é verificar qual o menor valor entre o encontrado no cálculo do item a e o que foi identificado como maior entre os itens b e c (passo anterior): a) $ 442.500 (TJLP) b) $ 409.500 (50% do lucro líquido do exercício - após a CSLL) Entre os dois, o menor valor é o do item b. Portanto, é esse que deve ser utilizado para fins de dedução do imposto de renda e da contribuição social. A DRE da Cia B, em 31/12/X2, fica da seguinte forma: 85 Tabela 3 - DRE da Companhia B Fonte: Elaborada pela autora, 2020. Situação 3 – juros sobre capital próprio constituído após ajuste do patrimônio líquido A Cia C apresenta a seguinte composição de patrimônio líquido em 31/12/X1: Tabela 4 - Patrimônio Líquido da Companhia C Fonte: Elaborada pela autora, 2020. Como apresentado anteriormente, as contas Reserva de reavaliação e Ajuste de avaliação patrimonial não integram a soma total do patrimônio líquido, então excluindo-as, o patrimônio líquido ajustado da Cia C é: 86 Tabela 5 - Patrimônio Líquido ajustado da Companhia C Fonte: Elaborada pela autora, 2020. O Lucro do período antes da CSSL foi de $ 8.500.000. A TJLP é de 8%. a) o valor dos juros pela TJLP: Patrimônio Líquido x taxa TJLP = $ 5.900.000 × 8% = $ 472.000 b) o valor dos juros pela legislação: 50% do lucro líquido do exercício (após a CSLL) Primeiro é necessário calcular o valor da CSLL provisória: Tabela 6 - CSLL provisória da Companhia C Fonte: Elaborada pela autora, 2020. Depois calcular 50% do valor encontrado: $ 7.735.000 x 50% = R$ 3.867.500 c) o valor dos juros pela legislação: 50% da soma de lucros acumulados e de reservas de lucros A Cia C apresenta o saldo de $ 600.000 na conta Reservas de lucros. $ 600.000 x 50% = $ 300.000 A legislação indica verificar qual o maior valor entre os encontrados nos cálculos dos itens b e c: b) $ 3.867.500 (50% do lucro líquido do exercício - após a CSLL) 87 c) $ 600.000 (50% da soma de lucros acumulados e de reservas de lucros) O maior entre eles é o encontrado em b, no valor de $ 3.867.500. O próximo passo é verificar qual o menor valor entre o encontrado no cálculo do item a e o que foi identificado como maior entre os itens b e c (passo anterior): a) $ 472.000 (TJLP) b) $ 3.867.500 (50% da soma de lucros acumulados e de reservas de lucros) Entre os dois, o menor valor é o do item a. Portanto, é esse que deve ser utilizado para fins de dedução do imposto de renda e da contribuição social. A DRE da Cia B, em 31/12/X2, fica da seguinte forma: Tabela 7 - DRE da Companhia B Fonte: Elaborada pela autora, 2020. Após o cálculo dos juros sobre capital próprio, a empresa deve fazer os lançamentos contábeis. Veremos, agora, sobre essas formas de contabilização. 88 1.3 Contabilização Tendo calculado o valor dos juros sobre capital próprio, a empresa deve repassar essa remuneração aos acionistas e sócios. A contabilização dessa transação acontece da seguinte forma: • Débito na conta Despesas financeiras: juros sobre capital próprio (resultado do exercício), no valor calculado. • Crédito na conta Juros sobre capital próprio a pagar: acionista/sócio (passivo circulante), no valor correspondente. A transação contábil de crédito na conta Juros sobre capital próprio a pagar deve ser repetida para cada acionista e sócio que for receber no valor destinado para ele, até que a soma de todos os créditos corresponda ao valor do débito. Apesar de os juros sobre capital próprio serem considerados como despesa financeira pela empresa (RIOS; MARION, 2019), no momento da distribuição desse valor aos acionistas e sócios, é necessário efetuar a retenção do imposto de renda na fonte, conforme instrução da Comissão de Valores Mobiliários (COMISS]AO DE VALORES MOBILIÁRIOS, 2012). O valor a ser retido corresponde a 15% do valor da remuneração (GELBCKE et al., 2018). A contabilização dessa retenção deve ser feita da seguinte forma: Débito na conta Juros sobre capital próprio a pagar – acionista/sócio (passivo circulante), no valor do imposto de renda retido na fonte. Crédito na conta Imposto de renda retido na fonte a recolher (passivo circulante), no valor correspondente. De forma resumida, a contabilização dessas duas transações pode ser apresentada da seguinte forma: • Débito na conta Despesas financeiras: juros sobre capital próprio (resultado do exercício), no valor calculado. • Crédito na conta Juros sobre capital próprio a pagar: acionista/sócio (passivo circulante), no valor correspondente. Crédito na conta Imposto de renda retido na fonte a recolher (passivo circulante), no valor correspondente. 89 2 COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS Para entender o que uma combinação de negócios, devemos, primeiramente, estudar o conceito dessa modalidade de negociação para que, depois, possamos compreender as diferenças entre os tipos de combinação de negócios possíveis. 2.1 Conceituação A combinação de negócios pode ser compreendida como “uma operação ou um evento em que se adquire o controle de um negócio” (RIOS; MARION, 2019, p. 87). Essa forma de negociação é regulamentada pelo Pronunciamento Técnico CPC 15 – Combinação de Negócios (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2011). Esse pronunciamento estabelece os princípiose exigências que o adquirente de uma combinação de negócios deve reconhecer e mensurar: (a) [...], em suas demonstrações contábeis, os ativos identificáveis adquiridos, os passivos assumidos e as participações societárias de não controladores na adquirida; e (b) [...] o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill adquirido) advindo da combinação de negócios ou o ganho proveniente de compra vantajosa. (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2011, on-line) Além de determinar “quais as informações que devem ser divulgadas para possibilitar que os usuários das demonstrações contábeis avaliem a natureza e os efeitos financeiros da combinação de negócios” (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2011, on-line). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 2.2 Tipos de combinação de negócios A combinação de negócios acontece de várias formas diferentes: fusão, cisão, incorporação e 90 aquisição/alienação de controle. Vejamos as definições de cada uma dessas quatro formas. Fusão “Operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar uma sociedade nova que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações” (BRASIL, 1976b, Art. 228, on-line). Exemplo: Empresa A se funde a Empresa B para formar a Empresa C, ou seja, a Empresa C passa a existir no lugar das Empresas A e B, que deixam de existir. Cisão “Operação pela qual a companhia transfere parcelas de seu patrimônio para uma ou mais sociedades constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão” (BRASIL, 1976b, Art. 229, on-line). Exemplo: Cisão total: Empresa A transfere todo seu capital para as Empresa B e Empresa C, deixando de existir. Cisão parcial: Empresa A transfere parte do seu capital entre as Empresa B e Empresa C, e mantém uma fatia para si. Incorporação “É a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra que lhes sucede em todos os direitos eobrigações” (BRASIL, 1976b, Art. 227, on-line). Exemplo: Empresa A incorpora a Empresa B, que deixa de existir. Aquisição/alienação de controle “Operação pela qual uma determinada pessoa, física ou jurídica, adquire o controle de uma empresa” (RIOS; MARION, 2019, p. 88). Exemplo: Empresa A adquire o controle da Empresa B de modo a tomar todas as decisões pelas duas empresas, porém a Empresa B não deixa de existir. Para que essas combinações de negócios aconteçam, devem ser observados os dispositivos legais que as regulam, sendo eles a Instrução CVM n. 319, de 3 de dezembro de 1999, e a Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS, 1999; BRASIL, 1976b). 91 Para que essas combinações de negócios aconteçam, devem ser observados os dispositivos legais que as regulam, sendo eles a Instrução CVM n. 319, de 3 de dezembro de 1999, e a Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS, 1999; BRASIL, 1976b). Essas combinações de negócios podem resultar, em algum momento, no encerramento definitivo das atividades das empresas que estão envolvidas nessa forma de negociação. Abordaremos, a seguir, de que maneira acontece essa questão e falaremos, também, sobre os aspectos contábeis dessa situação. 3 ENCERRAMENTO DE SOCIEDADES Para compreender como o processo de encerramento de sociedades acontecem, devemos, primeiramente, entender quais são as formas que isso pode acontecer, quais sejam, falência, dissolução, liquidação e extinção. Depois, é necessário conhecer quais são os aspectos contábeis inerentes a esse processo. 3.1 Falência Falência de uma empresa ocorre quando ela não consegue quitar os seus débitos, ou seja, ela incorre em insolvência (FREITAS, 2012; REIS et al., 2016). Os fatores que levam uma empresa a decretar falência, segundo Reis et al. (2016), são, dentre outros: • crise financeira; • falta de fluxo de caixa; • crise patrimonial; • falta de patrimônio suficiente para arcar com seus débitos. 92 Figura 4 - Somente a justiça brasileira pode decretar a falência de uma sociedade empresária Fonte: dokurose, Shutterstock, 2020. A Lei n. 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, expõe que somente a justiça pode decretar falência de uma sociedade empresária (BRASIL, 2005). O art. 73 dessa mesma lei prevê as circunstâncias que o juiz decretará falência de uma entidade, sendo elas: I – por deliberação da assembleia-geral de credores [...]; II – pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo [...] [estipulado pela] Lei; III – quando houver sido rejeitado o plano de recuperação [...]; IV – por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação [...]. (BRASIL, 2005, on-line) 3.2 Dissolução, liquidação e extinção Lei n. 6.404/76 (BRASIL, 1976b) apresenta os casos em que as empresas, ao encerrar suas atividades, precisam proceder com a dissolução, liquidação e extinção. Veremos, então, com mais detalhes, cada um desses casos. Dissolução A Lei n. 6.404/76 apresenta, no art. 206, que uma companhia pode se dissolver de três formas: de pleno direito, por decisão judicial ou “por decisão de autoridade administrativa competente, nos casos e na forma prevista em lei especial”. A dissolução de pleno direito (número I), segundo o art. 206 da referida, acontece: 93 a) pelo término do prazo de duração; b) nos casos previstos no estatuto; c) por deliberação da assembleia-geral […]; d) pela existência de 1 (um) único acionista, verificada em assembleia-geral ordinária, se o mínimo de 2 (dois) não for reconstituído até à do ano seguinte [...]; e) pela extinção, na forma da lei, da autorização para funcionar. (BRASIL, 1976b, on-line) Ainda de acordo com o mesmo art. 206, a dissolução por decisão judicial (número II) ocorre: a) quando anulada a sua constituição, em ação proposta por qualquer acionista; b) quando provado que não pode preencher o seu fim, em ação proposta por acionistas que representem 5% (cinco por cento) ou mais do capital social; c) em caso de falência, na forma prevista na respectiva lei. (BRASIL, 1976b, on-line) Liquidação A mesma Lei n. 6.404/76 apresenta que a liquidação pode ocorrer por meio órgãos da companhia ou de forma judicial. O art. 208 explica que: Silenciando o estatuto, compete à assembleia-geral, nos casos do número I do artigo 206 [de pleno direito], determinar o modo de liquidação e nomear o liquidante e o conselho fiscal que devam funcionar durante o período de liquidação. § 1º A companhia que tiver conselho de administração poderá mantê-lo, competindo-lhe nomear o liquidante; o funcionamento do conselho fiscal será permanente ou a pedido de acionistas, conforme dispuser o estatuto. § 2º O liquidante poderá ser destituído, a qualquer tempo, pelo órgão que o tiver nomeado. (BRASIL, 1976b, on-line) O art. 209 da lei n. 6.404/76 versa, que a liquidação judicial ocorre: Além dos casos previstos no número II do artigo 206 [por decisão judicial], a liquidação será processada judicialmente: I. a pedido de qualquer acionista, se os administradores ou a maioria de acionistas deixarem de promover a liquidação, ou a ela se opuserem, nos casos do número I [de pleno direito] do artigo 206; II. a requerimento do Ministério Público, à vista de comunicação da autoridade competente, se a companhia, nos 30 (trinta) dias subsequentes à dissolução, não iniciar a liquidação ou, se após iniciá-la, a interromper por mais de 15 (quinze) dias [...]. 94 Parágrafo único. Na liquidação judicial será observado o disposto na lei processual, devendo o liquidante ser nomeado pelo juiz. (BRASIL, 1976b, on-line) Extinção Ainda por meio da lei n. 6.404/76, especificamente no artigo 219, sabemos que uma companhia se extingue em dois casos: “pelo encerramento da liquidação” ou “pela incorporação ou fusão, e pela cisão com versão de todo o patrimônio em outras sociedades” (BRASIL, 1976b, on-line). Com isso, entendemos que a extinção é o processo final do processo deencerramento das atividades de uma empresa. Em um primeiro momento, ela ocorre com o encerramento de uma companhia, ou seja, ela irá dissolver sua sociedade empresária. Após a dissolução, a entidade precisa realizar os seus ativos e cumprir com suas obrigações, por meio da liquidação. Tudo isso pode ser confirmado pelo disposto do art. 207 da Lei n. 6.404/76, que afirma que “a companhia dissolvida conserva a personalidade jurídica, até a extinção, com o fim de proceder à liquidação” (BRASIL, 1976b, on-line). 3.3 Aspectos contábeis Ao proceder com a dissolução e liquidação, a companhia precisa se ater à alguns procedimentos contábeis. Reis et al. (2016) elencam que os passos a serem tomados por essas sociedades são: levantar o Balanço Patrimonial da sociedade a ser dissolvida, apurando-se, assim, a situação real do estabelecimento; encerrar os livros da sociedade em dissolução, baixando-se todos os valores ativos e passivos, transferindo-os para a mesma sociedade em liquidação. Assim estará dissolvida a sociedade; proceder à abertura dos livros da sociedade em liquidação, a qual receberá por transferência os valores ativos e passivos da sociedade dissolvida; proceder os registros correspondentes à liquidação (realização do ativo e pagamento das obrigações); apurar o resultado da liquidação; encerrar os livros da sociedade em liquidação, efetuando as respectivas partilhas. (REIS et al., 2016, p. 26) 4 POSTULADOS AMBIENTAIS Os postulados ambientais fazem parte do escopo dos princípios de Contabilidade e são 95 considerados como os “pressupostos básicos para o exercício da Contabilidade” (IUDÍCIBUS; MARION; FARIA, 2018, p. 73). São dois os postulados ambientais: o postulado da entidade e o postulado da continuidade. Eles estão conceituados e exemplificados a seguir. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 4.1 Postulado da entidade Iudícibus, Marion e Faria (2018) explicam que o postulado da entidade, chamado por eles de princípio da entidade, é o ponto de partida do arcabouço estrutural da contabilidade, e é a partir dele que a lógica contábil se estabelece. Para compreender esse postulado, é necessário conceituarmos entidade contábil. Iudícibus (2015) define entidade contábil como: [...] qualquer indivíduo, empresa, grupo de empresas ou entidades, setor ou divisão, desde que efetue atividade econômica, e que seja tão importante, a critério dos stakeholders (segmentos de pessoas interessadas, como acionistas, donos, credores, empregados etc.), que justifique um relatório separado e individualizado de receitas e despesas, de investimentos e de retornos, de metas e de realizações. (IUDÍCIBUS, 2015, p. 34) FIQUE DE OLHO Os Princípios da Contabilidade (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2010) – outrora conhecidos como Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos e, depois, de Princípios Fundamentais da Contabilidade pela Resolução CFC n. 750/93 (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 1993) – foram modificados pela NBC TSP de 2016 (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2016) e incluídos na Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro. 96 A entidade contábil, portanto, é a junção de patrimônios de pessoas físicas e jurídicas para formar uma terceira pessoa jurídica (IUDÍCIBUS, 2015; IUDÍCIBUS; MARION; FARIA, 2018). Dessa forma, o postulado da entidade visa a separar os patrimônios das entidades, isso significa que os patrimônios dos sócios (entidade) não se confundem com o patrimônio da companhia (outra entidade) e o de uma companhia não se confunde com o de outra. Iudícibus, Marion e Faria (2018) reproduzem um exemplo clássico que o autor Robert Anthony concebeu sobre o postulado da entidade: O famoso autor Robert Anthony apresenta um exemplo que sempre é bom reproduzir. Um casal mora num sobrado, na parte alta do mesmo. No nível da rua, exerce pequena atividade comercial. As contas de água, luz, telefone etc. vêm para o sobrado como um todo. O princípio da Entidade manda que se faça um esforço para verificar, se necessário por critérios de rateio, qual parte das despesas que vieram numa conta só, indiscriminada, deve ser apropriada à entidade que exerce a atividade comercial e qual à entidade familiar. (IUDÍCIBUS; MARION; FARIA, 2018, p. 74) Esse exemplo, como percebemos, reforça a premissa do postulado da entidade, de que não se deve confundir o patrimônio dos sócios com o patrimônio da própria entidade. 4.2 Postulado da continuidade O Pronunciamento Técnico CPC 00 (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2019) denomina o postulado da continuidade como premissa de continuidade operacional, porém essa diferença de nomenclatura não modifica a sua natureza. O CPC 00, no item 3.9, apresenta que: As demonstrações contábeis são normalmente elaboradas com base na suposição de que a entidade que reporta está em continuidade operacional e continuará em operação no futuro previsível. Assim, presume-se que a entidade não tem a intenção nem a necessidade de entrar em liquidação ou deixar de negociar [...] (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2019, on-line) Compreendemos, assim, que a empresa aplica as normas contábeis para elaboração das suas demonstrações contábeis, com o pressuposto de que a entidade continuará em operação por um longo período. Quando a empresa apresenta um histórico de prejuízos constantes associados à perda de competitividade de mercado, e sua substância econômica decai, ela pode entrar em descontinuidade, ou seja, ela contempla o postulado da continuidade (GELBCKE et al., 2018; IUDÍCIBUS; MARION; FARIA, 2018). 5 LEGISLAÇÃO SOCIETÁRIA E LEGISLAÇÃO FISCAL/ TRIBUTÁRIA É importante, também, que nos aprofundemos na evolução da legislação societária no Brasil 97 dos anos de 1940 aos dias atuais. Abordaremos, também, a legislação fiscal/tributária no país, bem como reflexo que a internacionalização da contabilidade teve sobre ela. 5.1 Legislação societária A legislação societária, segundo Cintra e Soares (2014, p. 3), “é aquela que traz preceitos para a contabilização dos atos e fatos ocorridos no dia a dia das empresas”. Ao longo dos anos, as leis que tratam da contabilidade evoluíram e trouxeram muitas mudanças na forma de se fazer contabilidade no país. Observemos, agora, um resumo das principais leis que permitiram a evolução da legislação societária brasileira, a partir da o século XX. Decreto-lei n. 9.295, de 27 de maio de 1946 (BRASIL, 1946) Determinou a criação do Conselho Federal de Contabilidade e dos Conselhos Regionais de Contabilidade por todo território nacional. Lei n. 6.385, de 7 de dezembro de 1976 (BRASIL, 1976a) Criou a Comissão de Valores Mobiliários. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (BRASIL, 1976b) – Lei das S.A. Instituiu a forma como as Sociedades por Ações divulgavam seus resultados. Resolução CFC n. 750, de 29 de dezembro de 1993 (CFC, 1993) Revogou a Resolução CFC n. 529/81 e passou a chamar os Princípios Fundamentais de Contabilidade de Princípios de Contabilidade. Lei n. 9.457, de 5 de maio de 1997 (BRASIL, 1997) Alterou dispositivos da Lei n. 6.404/76 e da Lei n. 6.385/76. Lei n. 10.303, de 31 de outubro de 2001 (BRASIL, 2001) Alterou e acrescentou dispositivos na Lei n. 6.404/76 e na Lei n. 6.385/76. Resolução CFC n. 1.055, de 7 de outubro de 2005 (CFC, 2005) Criou o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). 98 Lei n. 11.638, de 18 de dezembro de 2007 (BRASIL, 2007) Reformulou a Lei n. 6.404/76 e a Lei n. 6.385/76 com o objetivo de harmonizar a lei societária brasileira com as práticas internacionais de contabilidade. Lei 11.941, de 27 de maio de 2009 (BRASIL, 2009) Alterou a legislação tributária federal após reformulação aprovada pela Lei n. 11.638/07. Lei n. 12.249, de 11 de junho de 2010 (BRASIL, 2010) Conferiu competência normativa ao CFC. Dentre todas as leis apresentas, a Lei n. 11.638/07 merece maior destaque, pois foi ela que tornou realidade a convergência das normas brasileiras de contabilidade para normas internacionais. Essa Lei estabeleceuque as normas emitidas pela CVM devem seguir os padrões internacionais (BRASIL, 2007). Destaca-se também que os Pronunciamentos Técnicos do CPC apresentam documentos que convergem as normas nacionais com as Normas Internacionais de Contabilidade (International Financial Reporting Standards - IFRS) emitidas pelo órgão internacional de contabilidade, o International Accounting Standards Board (IASB) (GELBCKE et al., 2018). 5.2 Legislação fiscal/tributária Tendo em vista que a legislação fiscal é “aquela regida pelo governo do país, para garantir a arrecadação de tributos que suprem as despesas do governo e também convertê-los em benefícios à população” (CINTRA; SOARES, 2014, p. 5). Entendemos que, assim como a legislação societária, a legislação fiscal/tributária sofreu modificações ao longo dos anos para atender as demandas governamentais. O destaque da evolução da legislação tributária está nos anos de 1960. Gomes (1979, p. 100) apresenta que os acréscimos feitos nas legislações dessa década trouxeram “maiores controles fiscais e contábeis, tanto para órgãos públicos como para empresas particulares”. O autor destaca que os principais acréscimos foram: Lei Orçamentária (Lei n. 4.320/64), Lei de Reforma Bancária (Lei n. 4.595/64), Lei do Mercado de Capitais (Lei n. 4.728/965) e Reforma Administrativa (Decreto-lei n. 200/67). Nos dias atuais, devido à convergência da contabilidade com as IFRS, foi aprovada a lei n. 12.973, de 13 de maio de 2014, que, segundo Silva et al. (2014), foi elaborada visando a alterar e proteger o sistema tributário do país do novo padrão internacional de contabilidade, visto que o sistema antigo sofreria com essa nova forma de contabilização (SILVA et al., 2014). 99 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • aprender o que é, como calcular e contabilizar a remuneração por juros de capital próprio; • estudar os tipos de combinação de negócios; • compreender quais as formas de encerramento de sociedades; • entender os conceitos dos postulados ambientais; • conhecer sobre legislação societária e legislação fiscal/tributária. PARA RESUMIR ______. Lei n. 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários. Brasília, DF: Congresso Nacional, 1976a. Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6385.htm. Acesso em: 6 fev. 2020. ______. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Brasília, DF: Congresso Nacional, 1976b. Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ l6404consol.htm. Acesso em: 6 fev. 2020. ______. Lei n. 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Dispõe sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o processo administrativo de consulta e dá outras providências. Brasília, DF: Congresso Nacional, 1996. Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9430.htm. Acesso em: 6 fev. 2020. ______. Lei n. 9.457, de 5 de maio de 1997. Altera dispositivos da Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que dispõe sobre as sociedades por ações e da Lei n. 6.385, de 7 de dezembro de 1976, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários. Brasília, DF: Presidência da República, 1997. Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9457.htm. Acesso em: 6 fev. 2020. ______. Lei n. 10.303, de 31 de outubro de 2001. Altera e acrescenta dispositivos na Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que dispõe sobre as Sociedades por Ações, e na Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários. Brasília, DF: Congresso Nacional, 2001. Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10303.htm. Acesso em: 6 fev. 2020. ______. Lei n. 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Brasília, DF: Congresso Nacional, 2005. Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004- 2006/2005/Lei/L11101.htm. Acesso em: 6 fev. 2020. ______. Lei n. 11.638, de 18 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Brasília, DF: Congresso Nacional, 2007. Disponível em: .planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 6 fev. 2020. ______. Lei 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão nos casos em que especifica; institui regime tributário de transição [...]. Brasília, DF: Congresso Nacional, REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 2009. Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm. Acesso em: 6 fev. 2020. ______. Lei n. 12.249, de 11 de junho de 2010. Institui o Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento de Infraestrutura da Indústria Petrolífera nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste – REPENEC [...]. Brasília, DF: Congresso Nacional, 2010. Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12249.htm. Acesso em: 6 fev. 2020. ______. Instrução Normativa RFB n. 1700, de 14 de março de 2017. Dispõe sobre a determinação e o pagamento do imposto sobre a renda e da contribuição social sobre o lucro líquido das pessoas jurídicas e disciplina o tratamento tributário da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins no que se refere às alterações introduzidas pela Lei n. 12.973, de 13 de maio de 2014. Brasília, DF: Receita Federal do Brasil, 2017. Disponível em: normas. receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=81268&visao=anotado. Acesso em: 6 fev. 2020. CINTRA, J. P. F.; SOARES, R. P. Legislação fiscal vs Societária: um estudo do imobilizado. Diálogos em Contabilidade: teoria e prática, Franca, v. 1, n. 2, p. 1-16, jan./dez. 2014. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Instrução CVM n. 319, de 3 de dezembro de 1999. Dispõe sobre as operações de incorporação, fusão e cisão envolvendo companhia aberta. Brasília, DF: CVM, 2012. Disponível www.cvm.gov.br/legislacao/instrucoes/ inst319.html. Acesso em: 6 fev. 2020. ______. Deliberação CVM n. 683, de 30 de agosto de 2012. Aprova a Interpretação Técnica ICPC 08(R1) do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, que trata da contabilização da proposta de pagamento de dividendos. Brasília, DF: CVM, 2012. Disponível em: cvm. gov.br/export/sites/cvm/legislacao/deliberacoes/anexos/0600/deli683.pdf. Acesso em: 6 fev. 2020. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico CPC 15 (R1) - Combinação de Negócios. Brasília, DF: CPC, 2011. Disponível em: static.cpc.aatb.com. br/Documentos/235_CPC_15_R1_rev%2014.pdf. Acesso em: 6 fev. 2020. ______. Pronunciamento Técnico CPC 00 (R2) - Estrutura conceitual para relatório financeiro. Brasília, DF: CPC, 2019. Disponível em: static.cpc.aatb.com.br/ Documentos/573_CPC00(R2).pdf. Acesso em: 6 fev. 2020. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC n. 529, de 23 de outubro de 1981. Aprova Princípios Fundamentais de Contabilidade. Norma NBC – T 1. Brasília, DF: CFC, 1981. ______. Resolução CFC n. 1.282, de 2 de junho de 2010. Atualiza e consolida dispositivos da Resolução CFC n.º 750/93, que dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade. Brasília, DF: CFC, 2010. Disponível em: cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/ RES_1282.pdf. Acesso em: 6 fev. 2020. ______. NBC TSP Estrutura Conceitual, de 23 de setembro de 2016. Aprova a NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do Setor Público. Brasília, DF: CFC, 2016. Disponível em: cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTSPEC.pdf. Acesso em: 6 fev. 2020. FREITAS, P. T. C. Efeitos da sentença de falência quanto às pessoas do falido e do sócio. Revista Acadêmica da Escola Superior do MinistérioPúblico do Ceará, Fortaleza, ano 6, n. 1, p. 1-19, jan./jul. 2012. Disponível em: tmp.mpce.mp.br/esmp/publicacoes/ edi001_2012/artigos/14_Pedro.Thiago.Costa.de.Freitas.pdf. Acesso em: 6 fev. 2020. GELBCKE, E. R.; SANTOS, A. dos; IUDÍCIBUS, S. de; MARTINS, E. Manual de contabilidade societária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. GOMES, J. S. A profissão contábil no Brasil - uma visão crítica. Rev. Adm. Empres., Rio de Janeiro, v. 19, n. 2, p. 99-106, mai./jun. 1979. Disponível em: scielo.br/pdf/rae/v19n2/ v19n2a07.pdf. Acesso em: 6 fev. 2020. IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. ______; MARION, J. C.; FARIA, A. C. de. Introdução à teoria da contabilidade: para graduação. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2018. REIS, A. C. M. de O.; BARBOSA, L. G.; CAROBA, M. C.; GOMES, R. A.; CARVALHO, S. G. A contabilidade e a gestão de negócios: criação (contrato social, viabilidade econômica) e extinção (dissolução, liquidação, arquivamentos dos atos extintivos) de sociedades empresariais: aspectos legais, societários, contábeis, fiscais e tributários. 2016. 60 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Contábeis) - Curso de Ciências Contábeis, Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2016. RIOS, R. P.; MARION, J. C. Contabilidade avançada: de acordo com as normas brasileiras de contabilidade (NBC) e normas internacionais de contabilidade (IFRS). São Paulo: Atlas, 2019. SILVA, C. L. P. M. da; SANTOS, M. A. C. dos; KOGA, G. H.; BARBOSA, R. A. C. Tributação e IFRS no Brasil: Alterações na Legislação do IRPJ, da CSLL, do Pis/Pasep e da Cofins, trazidas pela Lei n. 12.973/2014. Revista da Receita Federal: estudos tributários e aduaneiros, Brasília, v. 1, p. 393-422, 2014. Neste livro, vamos tratar da Contabilidade Avançada com uma linguagem fácil e didática, apresentando exemplos práticos e demonstrando fatos típicos da contabilidade. Abordaremos também o plano de contas, os regimes contábeis, o sistema contábil e suas classificações, o funcionamento das contas contábeis tanto no setor privado como no público Estudaremos os tipos de combinação de negócios, as formas de encerramento de sociedades e os conceitos dos postulados ambientais. Para finalizar, falaremos sobre a legislação societária e a fiscal/tributária. Um livro fundamental para a compreensão do tema e se preparar para a continuação de sua formação. Capa E-Book_Contabilidade Avançada_CENGAGE_V2.pdf E-Book Completo_Contabilidade Avançada_CENGAGE_V2.pdf