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3. Controle de Jornada

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Direito do Trabalho | Maria Eduarda Q. Andrade 
 
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A duração do trabalho é a base, entretanto, deve haver 
uma limitação da jornada. 
 
 Trata-se de uma conquista do empregado. 
 
Dever do empregador fiscalizar: poder diretivo. 
 
Art. 74 da CLT: O horário de trabalho será anotado em 
registro de empregados. 
 
 Controle de jornada e registro de ponto; 
 
Antes da Lei da Liberdade Econômica: obrigatório para 
estabelecimento com mais de 10 empregados. 
 
Nova redação do art. 74, § 2º da CLT: passou a ser 
exigido apenas estabelecimentos com mais de 20 
empregados. 
 
 TORNANDO OBRIGATÓRIO O REGISTRO DA 
JORNADA. 
 
Art. 74, § 2º da CLT: Para os estabelecimentos com 
mais de 20 (vinte) trabalhadores será obrigatória a 
anotação da hora de entrada e de saída, em registro 
manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções 
expedidas pela Secretaria Especial de Previdência e 
Trabalho do Ministério da Economia, permitida a pré-
assinalação do período de repouso. 
 
Essa Lei da Liberdade Econômica: Lei 13.874/2019 
modificará a Súmula 338, I do TST 
 
Súmula nº 338 do TST: 
 
I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 
(dez) 20 (vinte) empregados o registro da jornada de 
trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-
apresentação injustificada dos controles de frequência 
gera presunção relativa de veracidade da jornada de 
trabalho, a qual pode ser elidida por prova em 
contrário. (ex-Súmula nº 338 – alterada pela Res. 
121/2003, DJ 21.11.2003). 
 
Qual a importância de se registrar a jornada? 
 
Se não houver anotação da jornada, quando o 
empregado ajuizar uma ação trabalhista, haverá a 
 
 
 
 
presunção de veracidade dos fatos alegados pelo 
autor. E caberá ao empregador comprovar o contrário. 
Ou seja, inverte o ônus da prova. 
 
 Presunção Relativa: 
 
Presume-se verdade o que o autor estará alegando, 
caso o empregador não tenha como comprovar a 
verdade real. 
 
 A presunção é relativa, logo pode ser 
invalidada mediante prova em contrário. 
 
O empregador pode comprovar que o trabalhador 
prestava serviços externos incompatível com a fixação 
do horário de trabalho, conforme artigo 62, CLT. 
 
Ou que comprovar que não apresentou por motivo de 
força maior, como por exemplo enchente, incêndio... 
 
 Não gera presunção relativa os fatos que não 
parecem verossímeis segundo o que 
ordinariamente acontece: ou fatos impossíveis 
ou poucos prováveis- artigo 844, §4º, IV da CLT. 
 
Seria por exemplo o empregado que tendo trabalhado 
por 24 horas, sem um único intervalo durante quatro 
anos – mesmo diante da ausência dos cartões, não 
haverá presunção de veracidade nas declarações do 
empregado. 
 
 Empregado doméstico 
 
O artigo 12 da LC 150/15 afirma que é obrigado o 
registro de horário de trabalhado do empregado 
doméstico por qualquer meio manual mecânico ou 
eletrônico, desde que idôneo. 
 
 Isso se justifica porque inexistindo a anotação 
na jornada, estará diante duma prova diabólica 
que é impossível ou muito difícil de ser 
realizada. 
 
Tanto para o empregado, que as pessoas frequentam a 
residência pertencem ao círculo social do empregador, 
o que impediria de ser testemunha. E para o 
empregador também, pois as testemunhas serão em 
regra suspeitas. 
 Controle de Jornada 
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Essa mesma obrigatoriedade deve ser importada ao 
motorista profissional, artigo 2º, V, b da Lei 13.103 de 
2015 que estabelece o direito dos motoristas 
empregados de ter jornada de trabalho controlada e 
registrada de maneira fidedigna mediante anotação 
em diário de bordo, papeleta ou ficha de trabalho 
externo, ou sistema e meios eletrônicos instalados nos 
veículos, a critério do empregador; 
 
Modalidades de registro de pontos: 
 
Pode ser por registro manual, mecânico ou eletrônico. 
Logo, é possível qualquer meio para registro de ponto. 
 
Marco Regulatório Trabalhista Infralegal e Registro de 
ponto (art. 31 do Decreto 10.854/2021- ato interno do 
Ministério do Trabalho e Previdência Social): 
 
Dentre os diversos temas regulamentados pelo Marco 
Regulatório, o Registro eletrônico de ponto também 
constou do ato normativo. 
 
 Registro eletrônico de controle de jornada (art. 
31): será realizado por meio de sistemas e 
equipamentos que atendem aos requisitos 
técnicos e impeçam o cometimento de 
fraudes. 
 Amplia essa possibilidade de registro, desde 
que não haja fraudes. 
 
Tal marco regulatório abriu a possibilidade de 
QUALQUER meio de registro de pontos, entretanto, há 
3 exceções: 
 
Registro eletrônico, devem registrar fielmente as 
marcações e não permitir: 
 
a) A alteração ou eliminação dos dados 
registrados; 
b) Restrições de horário às marcações de ponto; 
e 
c) Marcações automáticas de pontos como 
horário predeterminado ou contratual. 
(Jornada contratual: 7h as 17h e já vem 
anotado). 
 
O que muda com o Decreto? O Registro Eletrônico de 
Ponto era regulamentado pelas Portarias 1.510/2009 e 
373/2011, ambas do Ministério do Trabalho. Esses 
diplomas traziam diversos requisitos para a validade do 
registro eletrônico. 
 
Com o novo Decreto, amplia-se a possibilidade de uso 
de outros aparelhos para registro desde que atendam 
às disposições normativas como não permitir a 
alteração ou eliminação dos dados, o registro fiel da 
jornada, dentre outros. 
 
Importante: O Decreto permite o registro de ponto por 
exceção e a pré-assinalação do período de repouso. 
(Contrassenso) 
 
 Cartões de ponto britânicos: 
 
É quando no registro de pontos está com horas 
certinhas! O empregado todos os dias, entra 
exatamente às 8 horas e sai às 18 horas. 
 
Súmula 338, III do TST: Os cartões de ponto que 
demonstram horários de entrada e saída uniformes 
são inválidos como meio de prova, invertendo-se o 
ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser 
do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se 
dele não se desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 
11.08.2003). 
 
 Nesse caso prevalece o horário indicado pelo 
empregado na petição inicial, caso o 
empregador não se desincumba por outro 
meio de prova, pois da mesma forma a 
presunção é relativa. 
 
 Registro de ponto por exceção: 
 
A Lei nº 13.874/2019 passou a permitir o registro de 
ponto por exceção, no artigo 74, §4º da CLT, firmado 
mediante acordo individual ou instrumento coletivo de 
trabalho. 
 
 Somente serão anotadas as exceções na 
jornada, como faltas, horas extras, intervalos 
diferentes. 
 É a inversão da lógica do registro de ponto. 
 
Art. 74, § 4º, CLT: Fica permitida a utilização de registro 
de ponto por exceção à jornada regular de trabalho, 
mediante acordo individual escrito, convenção coletiva 
ou acordo coletivo de trabalho 
 
TST: já havia decidido pela validade dessa modalidade 
de registro desde que prevista em acordo ou 
convenção coletiva de trabalho (Processo nº TST-ARR-
80700-33.2007.5.02.0261. Rel. Min. Caputo Bastos. 
Data de julgamento: 26/10/2018). 
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Caso o empregador junte os cartões de ponto que 
contenha exceções, ou seja, que aparentemente seja 
anotado com regularidade, as marcações realizadas 
terão presunção relativa de veracidade, podendo ser 
afastadas por outras provas. 
 
 Nesse caso, o ônus da prova será do 
empregado que deverá demonstrar a 
invalidade dos cartões juntados. 
 
Pode acontecer, porém, do cartão de ponto não 
apresentar nenhuma exceção, o que significa que o 
empregado não realizou hora extra. Na prática, o 
cartão constará todos os dias “sem exceção”. 
 
Duas correntes: 
 
1. Ônus do empregado: demonstrar que os 
cartões não estão corretos. 
 
2. Será do empregador pela mesma lógica dos 
cartões britânicos. (Por exemplo: anotado que 
sempre fez 1 hora extra por dia, todos os dias). 
Valerá a jornada da inicial, caso a empresa não 
demonstre a correta jornada do obreiro. 
 
 
São aquele que não possuem o controle de jornada, 
portanto, para eles não há de se
falar em horas extras. 
 
O art. 62 da CLT dispõe quem não são abrangidos por 
esse controle de jornada, são eles: 
 
 Empregados que exercem atividades externas, 
incompatível com a fiscalização; 
 Gerentes com poderes de gestão; 
 Teletrabalhador. 
 
1. Atividade externa – art. 62, I da CLT 
 
Aos empregados que exercem atividade externa 
incompatível com a fixação de horário de trabalho, não 
há limite de 8 horas de trabalho. 
 
 Portanto, não terão direito a horas extras, 
adicional noturno e intervalos. 
 
Exemplo: biólogo na selva, onde não é possível o 
controle de jornada. 
 
Via de regra, o empregador não consegue controlar a 
jornada de um trabalhador que exerce atividade 
externa, pois não tem como saber com precisão quais 
são os momentos em que ele está efetivamente 
trabalhando. 
 
Em função disso, não há como saber qual é a jornada 
ordinária desse trabalhador. 
 
 Entretanto, essa presunção é apenas relativa, 
pois sucumbe mediante prova em contrário. 
 
Se o empregador possuir meios para controlar a 
jornada do empregado que trabalha externamente, 
então a situação muda completamente, pois é possível 
determinar qual é a jornada ordinária desse 
empregado e, portanto, se houve a realização de 
jornada extraordinária. 
 
Não há controle de jornada diante da 
IMPOSSIBILIDADE de fiscalização. Se fiscalizado ou 
controlado o horário de trabalho, por qualquer meio, o 
trabalhador terá direito à limitação da jornada, e 
portanto, poderá verificar o labor extraordinário. 
 
Importante: Cuidado com o motorista profissional: 
 
O motorista exerce uma atividade externa, mas a CLT 
define preceitos que tratam do motorista profissional. 
Portanto, há sim um controle de jornada! 
 
CLT, art. 235-A. Os preceitos especiais desta Seção 
aplicam-se ao motorista profissional empregado: 
 
I – de transporte rodoviário coletivo de passageiros; 
 
II – de transporte rodoviário de cargas. 
 
Ao tratar desses dois profissionais, a CLT fixou uma 
jornada diária de trabalho: 
 
Art. 235-C. A jornada diária de trabalho do motorista 
profissional será de 8 (oito) horas, admitindo- -se a sua 
prorrogação por até 2 (duas) horas extraordinárias ou, 
mediante previsão em convenção ou acordo coletivo, 
por até 4 (quatro) horas extraordinárias. 
 
§ 1º Será considerado como trabalho efetivo o tempo 
em que o motorista empregado estiver à disposição do 
empregador, excluídos os intervalos para refeição, 
repouso e descanso e o tempo de espera. 
 
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Além disso, também é importante observar os 
seguintes dispositivos da CLT: 
 
 Art. 235-D. (...) § 6º Em situações excepcionais de 
inobservância justificada do limite de jornada de que 
trata o art. 235-C, devidamente registradas, e desde 
que não se comprometa a segurança rodoviária, a 
duração da jornada de trabalho do motorista 
profissional empregado poderá ser elevada pelo tempo 
necessário até o veículo chegar a um local seguro ou ao 
seu destino. 
 
Art. 235-F. Convenção e acordo coletivo poderão 
prever jornada especial de 12 (doze) horas de trabalho 
por 36 (trinta e seis) horas de descanso para o trabalho 
do motorista profissional empregado em regime de 
compensação. 
 
2. Gerentes com poderes de gestão – art. 62, II da 
CLT 
 
Art. 62. Não são abrangidos pelo regime previsto neste 
capítulo: (...) 
 
 II – os gerentes, assim considerados os exercentes de 
cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito 
do disposto neste artigo, os diretores e chefes de 
departamento ou filial. 
 
Parágrafo único. O regime previsto neste capítulo será 
aplicável aos empregados mencionados no inciso II 
deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, 
compreendendo a gratificação de função, se houver, 
for inferior ao valor do respectivo salário efetivo 
acrescido de 40% (quarenta por cento). 
 
Ou seja, se receber menos que os 40% deve ser 
enquadrado no controle de jornada. 
 
Assim, os gerentes, diretores e chefes de 
departamento ou filial não terão direito a receber 
horas extras em virtude de não possuir jornada 
controlada, isso se estiverem presentes dois requisitos: 
 
1) Exercer cargos de gestão; e 
2) Perceber salário diferenciado para esse cargo 
de gestão (pelo menos 40% a mais que o 
salário efetivo). 
 
Importante: o empregado gerente não terá limitação de 
jornada somente se exercer efetivamente poderes de 
gestão. Poder de gestão compreende os poderes 
próprios do empregador, com a capacidade de decidir 
o funcionamento e futuro da empresa. 
 
 Em resumo: poderes de gestão seria a figura do 
próprio empregador. Logo, o gerente geral da 
agência não terá direito ao recebimento de 
horas extras pela realização de cursos pela 
internet e a distância fora do horário de 
trabalho. 
 
Se apenas um desses requisitos estiver presente, então 
será desconsiderado o enquadramento dessa pessoa 
que ocupa cargo de confiança no art. 62, II da CLT e será 
admitido que esse empregado tem direito a receber 
horas extras. 
 
Ao mesmo passo, mesmo que esse empregado cumpra 
os dois requisitos acima, caso a empresa para o qual 
trabalhe faça o controle de sua jornada, então terá 
direito de receber as horas extras que realizar. 
 
 É por esse motivo que se trata de uma 
presunção relativa, de que ele não tem jornada 
controlada. 
 
Importante: Números de subordinados é irrelevante 
para a configuração de cargo de gestão. 
 
Por exemplo: o empregado que tem mais de 50 
subordinados, mas que recebe ordens de um superior 
hierárquico, que determina suas ações e decisões, não 
exerce cargo de gestão. 
 
 Ausência de fiscalização de horário: portanto, 
esses empregados devem ter ampla liberdade 
nos horários de chegada, saída, etc. 
 
Para os gerentes com poderes de gestão não há o 
limite de 8 hrs, logo não terão direito a horas extras, 
adicional noturno e intervalos. 
 
 Direito ao DSR: em 17/11/2016, o TST decidiu 
que o empregado que exerce cargo de gestão 
e não está submetido ao controle de jornada 
deve ter assegurados o gozo do repouso 
semanal e da folga em feriados. 
 
Caso o empregado não usufrua desse direito ou não 
haja folga compensatória, deve receber remuneração 
em dobro dos dias trabalhados. Não deve confundir o 
não pagamento de horas extras, com o gozo do DSR. 
 
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 Desvirtuamento do cargo de gestão: direito ao 
recebimento de horas extras pelo trabalhador 
e submete o empregador às multas pela 
fiscalização do trabalho. 
 
Assume relevante papel a atuação do MPT, no tocante 
à tutela inibitória, para impedir que as empresas 
voltem a realizar novas violações ao direito 
constitucional de limitação de jornada de trabalho. 
 
Importante: não confundir o gerente geral com o 
gerente de agência! Assunto já visto quanto aos 
bancários. 
 
Por esse motivo, temos a súmula 287 do TST: 
 
A jornada de trabalho do empregado de banco gerente 
de agência é regida pelo art. 224, § 2º, da CLT. Quanto 
ao gerente-geral de agência bancária, presume-se o 
exercício de encargo de gestão, aplicando-se-lhe o art. 
62 da CLT. 
 
3. Teletrabalho (art. 62, III, da CLT): 
 
Art. 62. Não são abrangidos pelo regime previsto neste 
capítulo: 
(...) 
 
 III – os empregados em regime de teletrabalho. 
 
*Estará em outro pdf. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTUDO DE CASO: 
Todos os integrantes da família "Labor" trabalham no 
maior estabelecimento de uma grande rede de 
supermercados. O pai, Tony Labor, trabalha no estoque 
da Câmara Fria. A mãe, Francisca Labor, trabalha no 
setor de Recursos Humanos como digitadora. O filho 
mais velho, Jorge Labor, é agente de vendas e trabalha 
visitando clientes externos. Jorge sempre vê seus 
familiares no início da jornada, pois, é nesse momento, 
que recebe do supermercado o roteiro de visitas do dia 
e, no final do expediente, quando deve 
obrigatoriamente cadastrar relatório do percurso em 
reunião diária com seu gerente. A filhado meio, 
Eugênia Labor,
é mãe de um bebê de 5 (cinco) meses e 
trabalha como supervisora. Por fim, o filho mais novo, 
Virgílio Labor, trabalha como vigilante do 
Supermercado, com jornada diferenciada de "12×36". 
Todos os dias, a família se reúne para almoçar no 
refeitório do supermercado durante o intervalo 
intrajornada, comum a todos, das 11:30 às 12:00 hs. 
Virgílio, sempre que sua escala permite, participa desse 
almoço. Pergunta-se: algum deles, enquadraria no 
artigo 62 da CLT? 
 
Resposta: Dos empregados listados, o que parecia se 
encaixar no artigo 62 da CLT, que exclui a 
obrigatoriedade do controle de jornada seria Jorge 
Labor, mas seu trabalho é compatível com a fixação de 
jornada. Assim, nenhum dos trabalhadores 
mencionados se encaixariam no artigo 62 da CLT.

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