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i UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL PUNÇÃO EM LAJES COGUMELO PROTENDIDAS COM PILARES DE EXTREMIDADE CARLOS EDUARDO LUNA DE MELO ORIENTADOR: GUILHERME SALES S. A. MELO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL PUBLICAÇÃO: E.DM-005 A/05 BRASÍLIA/DF: MARÇO – 2005 ii UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL PUNÇÃO EM LAJES COGUMELO PROTENDIDAS COM PILARES DE EXTREMIDADE ENG.º CARLOS EDUARDO LUNA DE MELO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, COMO PARTE DOS REQUISÍTOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL. APROVADA POR: _________________________________________________ Prof. Guilherme Sales S. de A. Melo (Orientador – Ph.D. – UnB) _______________________________________________ Prof. Yosiaki Nagato (Examinador Interno – D.Sc. – UnB) _________________________________________________ Prof. Dênio Ramam Carvalho de Oliveira (Examinador Externo – D.Sc. – UFPA) BRASÍLIA/DF, 23 DE MARÇO DE 2005 iii FICHA CATALOGRÁFICA MELO, CARLOS EDUARDO LUNA DE Punção em Lajes Cogumelo Protendidas com Pilares de Extremidade [Distrito Federal] 2005. xvi, 169p., 210 x 297 mm (ENC/FT/UnB, Mestre, Estruturas e Construção Civil, 2005). Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia. Departamento de Engenharia Civil e Ambiental. 1.Punção 2.Lajes Cogumelo 3.Protensão não aderente 4.Cordoalha Engraxada 5. Pilares de Extremidade I. ENC/FT/UnB II. Título (série) REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA MELO, C. E. L. (2005). Punção em Lajes Cogumelo Protendidas com Pilares de Extremidade. Dissertação de Mestrado em Estruturas e Construção Civil, Publicação E.DM-005 A/05, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 169p. CESSÃO DE DIREITOS AUTOR: Carlos Eduardo Luna de Melo TÍTULO: Punção em Lajes Cogumelo Protendidas com Pilares de Extremidade. GRAU: Mestre ANO: 2005 É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta dissertação de mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte dessa dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem autorização por escrito do autor. ____________________________________ Carlos Eduardo Luna de Melo Rua João Araripe, 120 - Apto 901 - Fátima 60.410-750 Fortaleza - CE - Brasil. iv “Comece logo a fazer, que o sentimento aparece, as coisas mudam fora e dentro de você. Intenção sem ação é ilusão. Ouse a fazer e o poder lhe será dado.” Dr. Lair Ribeiro Dedico este trabalho a minha mãe, Nilma e a Angélica, pelo amor e paciência. v AGRADECIMENTOS A DEUS, a luz que ilumina os meus passos, pela saúde, dom da vida e graças alcançadas; Aos meus pais, familiares e amigos, pelo incentivo e apoio à realização deste trabalho; Ao Professor Guilherme Sales S. de A. Melo, pela confiança, orientação segura, motivação e apoio constante para a realização deste trabalho; Ao Professor Paul Regan, pelas contribuições nos ensaios e pela troca constante de informações; Ao Professor Yosiaki Nagato, pela disponibilidade, paciência e importante auxílio no Laboratório de Estruturas; Ao Professor da graduação, Gulielmo Viana Dantas, pela motivação e incentivo em realizar atividades científicas; Ao amigo Ricardo Carvalho Silva, pela ajuda e apoio durante o mestrado; Aos colegas: Fábio, Ronaldson, Selênio, Neres, Nélvio, Vladimir e Washington, pelo convívio, ajuda nos programas MAPLE e SAP 2000 e auxílio nos ensaios das lajes; A Delane Palácio, pela ajuda nos momentos mais difíceis; Aos técnicos: Leonardo, Severino e Xavier, pela colaboração na realização dos ensaios; A Sra. Rejane e Sr. Barreira (Intergraf), pelas cópias desta dissertação; A UFG, pelo fornecimento das cunhas e cones de ancoragem para a protensão; À Impacto Protensão, pelo apoio na área de protensão e pelo fornecimento das cordoalhas; Ao CNPq, pelo suporte financeiro durante o período do Mestrado. vi RESUMO Foram ensaiadas 7 lajes cogumelo protendidas de 2000 x 1200 x 120 mm, com pilar de extremidade de seção quadrada, de 200 x 200 mm, com cabos não-aderentes com perfil curvo. O modelo experimental é do tipo local, simulando uma ligação laje cogumelo-pilar de extremidade. A principal variável do presente estudo foi a relação entre as cargas aplicadas, perpendicular (P1) e paralela (P2) à extremidade da laje, levando a relações M/V de 0,15 (laje L1) a 0,70 (laje L7), entre o momento fletor perpendicular à extremidade da laje (M), calculado na face interna do pilar, e a força cortante total na ligação laje-pilar (V). Resultados de cargas últimas e tipos de ruptura, fissuração, flechas, deformações do concreto, da armadura passiva e variação da força de protensão dos cabos são apresentados e analisados. Os resultados foram analisados também em comparação com as estimativas das normas ACI-318:2002, NBR 6118:2003, FIP:1998 e EC2:2002. Foram obtidas rupturas por punção, flexão/punção, flexão/punção/torção e flexão/torção, em função da variação da relação M/V atuante na laje. O FIP:1998 apresentou as estimativas menos conservadoras dentre as normas analisadas, seguido da NBR 6118:2003, que apresentaria estimativas um pouco menos conservadoras caso a parcela de compressão do concreto devido à protensão (Vcp) fosse incorporada à resistência da laje. O EC2:2002 apresentou as estimativas mais conservadores dentre as quatro normas estudadas, em função de considerar, ao contrário do FIP:1998 e da NBR 6118:2003, um limite para a parcela que leva em conta a resistência do concreto e taxa de armadura passiva (Vc). vii ABSTRACT Seven post-tensioned flat slabs, 2000 x 1200 x 120 mm, with square (200 x 200 mm) columns at the border, using curved unbonded tendons, were tested submitted to punching shear. It’s a local model simulating the connection between the column and the flat slab. The main variable of the study was the ratio between the applied loads, perpendicular (P1) and parallel to the border of the slab (P2), leading to ratios M/V from 0,15 (slab L1) to 0,70 (slab L7), between the bending moment perpendicular to the edge of the slab (M), taken at the column edge, and the total shear force at the connection (V). Results of ultimate loads and failure types, cracking, deflections, concrete and non prestressed reinforcement strains, and variation of the cables forces are presented and analyzed. The test results were also compared with the estimations from ACI-318:2002, NBR 6118:2003, FIP:1998 and EC2:2002. Ruptures by punching, bending / punching, bending / punching / torsion, and bending / torsion were obtained. FIP:1998 presented the least conservative estimates, followed by the NBR 6118:2003, that would present less conservatives estimates if the concrete compression component due to the prestress (Vcp) was incorporated to the slab resistance. EC2:2002 presented the most conservative estimates among the four codes studied, as it considers a limit for the component that takes into account the concrete resistance and the ratio of non prestressedreinforcement (Vc), opposite to is done by FIP:1998 and NBR 6118:2003. viii SUMÁRIO 1 - INTRODUÇÃO 1 1.1 - MOTIVAÇÃO DA PESQUISA 1 1.2 - OBJETIVOS E METODOLOGIA 2 1.3 - ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO 3 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5 2.1 - PESQUISAS REALIZADAS NO EXTERIOR 5 2.1.1 - Foutch, Gamble e Sunidja (1990) 5 2.1.2 - Gardner e Shao (1996) 9 2.1.3 - Gardner e Kallage (1998) 12 2.1.4 - Gardner e Sharifi (2000) 16 2.2 - PESQUISAS REALIZADAS NA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB 19 2.2.1 - Corrêa (2001) 19 2.2.2 - Alves (2002) 23 2.2.3 - Villaverde (2003) 24 2.2.4 - Silva (2005) 25 2.2.5 - Carvalho (2005) 25 2.3 - PRESCRIÇÕES NORMATIVAS 27 2.3.1 - ACI-318:2002 27 2.3.2 - NBR 6118:2003 31 2.3.3 - FIP:1998 (Fédération Internationale de la Précontrainte) 35 2.3.4 - EC2:2002 40 3 - PROGRAMA EXPERIMENTAL 43 3.1 - LAJES ENSAIADAS E ESQUEMA DE ENSAIO 43 3.2 - ARMADURAS 49 3.2.1 - Armadura passiva 49 3.2.2 - Armadura ativa 52 3.2.3 - Resumo das armaduras das lajes 53 3.3 - CARACTERÍZAÇÃO DOS MATERIAIS 54 3.3.1 - Concreto 54 3.3.2 - Armadura passiva 55 3.3.3 - Armadura ativa 55 3.4 - INSTRUMENTAÇÃO 56 3.4.1 - Instrumentação da armadura de flexão 56 3.4.2 - Instrumentação do concreto 58 3.4.3 - Instrumentação da armadura ativa 59 3.4.4 - Deslocamentos verticais e fissuras 61 3.5 - SISTEMA DE PROTENSÃO ADOTADO 63 3.6 - PROCEDIMENTO DE ENSAIO 66 3.6.1 - Protensão 66 3.6.2 - Carregamento até a ruptura 66 3.6.3 - Medição de deformações na armadura e no concreto 66 3.6.4 - Medição de deslocamentos verticais 68 ix 4 - RESULTADOS EXPERIMENTAIS – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE 69 4.1 - CONCRETO 69 4.1.1 - Módulo de Elasticidade do Concreto 70 4.1.2 - Resistência à Tração do Concreto 70 4.2 - ARMADURA 71 4.2.1 - Armadura Passiva 71 4.2.2 - Armadura Ativa 72 4.3 - PROTENSÃO INICIAL E PERDAS IMEDIATAS 73 4.4 - VARIAÇÃO DA PROTENSÃO NAS CORDOALHAS 82 4.5 - FISSURAÇÃO E CONE DE RUPTURA 88 4.6 - DEFORMAÇÕES DAS ARMADURAS 94 4.6.1 - Armadura de flexão 94 4.7 - DEFORMAÇÃO DO CONCRETO 99 4.8 - DESLOCAMENTOS VERTICAIS 104 4.9 - CARREGAMENTOS E MODOS DE RUPTURA 111 5 - ANÁLISE DOS RESULTADOS DA CARGA E MODO DE RUPTURA 117 5.1 - RESUMO DE DADOS E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 117 5.2 - COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS COM AS NORMAS 119 5.3 - COMPARAÇÃO ENTRE OS MODOS DE RUPTURA ESTIMADOS E OBTIDOS EXPERIMENTALMENTE 133 6 - CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 137 6.1 - CONCLUSÕES 137 6.1.1 - Comportamento das lajes 138 6.1.2 - Comparação com as normas 139 6.2 - SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 141 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 143 ANEXO A – EQUAÇÕES PARA O CÁLCULO DA PARCELA VP 147 ANEXO B – EXEMPLO DE CÁLCULO DE RESISTÊNCIA À PUNÇÃO 151 ANEXO C – CÁLCULO DO MÓDULO DE RESISTÊNCIA PLÁSTICA W1 166 ANEXO D – PERFIL DOS CABOS DAS LAJES ENSAIADAS 169 x LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 – Resultados dos ensaios – Foutch, Gamble e Sunidja (1990) 7 Tabela 2.2 – Comparação de resultados – Gardner e Shao (1996) 11 Tabela 2.3 – Comparação dos resultados experimentais – Gardner e Kallage (1998) 14 Tabela 2.4 – Comparação dos resultados com as equações do ACI 318:1995 – Gardner e Sharifi (2000) 18 Tabela 2.5 – Comparação dos resultados com a equação de Gardner e Kallage (1998) – Gardner e Sharifi (2000) 18 Tabela 2.6 – Resumo das Lajes – (Corrêa 2001) 22 Tabela 2.7 – Resumo dos resultados experimentais (Corrêa 2001) 23 Tabela 2.8 – Valores estabelecidos para K1 (NBR 6118:2003) 33 Tabela 2.9 – Determinação do coeficiente k (FIP:1998) 35 Tabela 3.1 – Relações P1/P2 utilizadas nos ensaios 44 Tabela 3.2 – Resumo das armaduras 53 Tabela 3.3 – Traço em peso do concreto utilizado 54 Tabela 3.4 – Dosagem para 1 m3 de concreto 54 Tabela 3.5 – Propriedades mecânicas exigidas da armadura passiva 55 Tabela 3.6 – Características de massa e seção da armadura passiva (fabricante) 55 Tabela 4.1 – Resultados experimentais do concreto 69 Tabela 4.2 – Características mecânicas da armadura passiva utilizada 72 Tabela 4.3 – Características das cordoalhas engraxadas 72 Tabela 4.4 – Forças de protensão nos cabos – Laje L1. 74 Tabela 4.5 – Forças de protensão nos cabos – Laje L2. 75 Tabela 4.6 – Forças de protensão nos cabos – Laje L3. 76 Tabela 4.7 – Forças de protensão nos cabos – Laje L4. 77 Tabela 4.8 – Forças de protensão nos cabos – Laje L5. 78 Tabela 4.9 – Forças de protensão nos cabos – Laje L6. 79 Tabela 4.10 – Forças de protensão nos cabos – Laje L7. 80 Tabela 4.11 – Resumo das perdas totais médias em cada direção 81 Tabela 4.12 – Variação da força de protensão – Cabos paralelos à extremidade 86 Tabela 4.13 – Variação da força de protensão – Cabos perpendiculares à extremidade 87 Tabela 4.14 – Variação da força de protensão – Cabos 2, 3, 4 e 5 87 Tabela 4.15 – Carga de fissuração de flexão visível e direção de propagação 89 Tabela 4.16 – Cargas de ruptura das lajes ensaiadas 111 Tabela 5.1 – Resumo dos resultados experimentais 117 Tabela 5.2 – Dados das lajes ensaiadas 118 Tabela 5.3 – Dados para o cálculo pelo FIP:1998 120 Tabela 5.4 – Relações M/V utilizadas 121 Tabela 5.5 – Cargas últimas de punção – Laje L1 122 Tabela 5.6 – Cargas últimas de punção – Laje L2 122 Tabela 5.7 – Cargas últimas de punção – Laje L3 123 Tabela 5.8 – Cargas últimas de punção – Laje L4 123 Tabela 5.9 – Cargas últimas de punção – Laje L5 124 Tabela 5.10 – Cargas últimas de punção – Laje L6 124 Tabela 5.11 – Cargas últimas de punção – Laje L7 125 Tabela 5.12 – Cargas últimas de punção pelo ACI-318: 2002 127 Tabela 5.13 – Cargas últimas de punção pelo ACI-318: 2002* 128 Tabela 5.14 – Cargas últimas de punção pelo FIP:1998 129 Tabela 5.15 – Cargas últimas de punção pelo EC2:2002 130 xi Tabela 5.16 – Cargas últimas de punção pela NBR 6118:2003 131 Tabela 5.17 – Valores de M/V para cada ensaio 134 Tabela 5.18 – Valores de VFlexão nas duas direções para cada relação P1/P2 134 Tabela 5.19 – Modo de ruptura estimado e de ensaio 136 xii LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 – Momento torçor na extremidade da laje – McGregor (1997) 2 Figura 2.1 – Esquema de Ensaio – Foutch, Gamble e Sunidja (1990) 5 Figura 2.2 – Arranjo das cordoalhas – Foutch, Gamble e Sunidja (1990) 6 Figura 2.3 – Esquema de Ensaio - Gardner e Shao (1996) 10 Figura 2.4 – Esquema de ensaio – Gardner e Kallage (1998) 13 Figura 2.5 – Perfil dos cabos de protensão – Gardner e Kallage (1998) 13 Figura 2.6 – Arranjo dos cabos e numeração dos pilares – Gardner e Sharifi (2000) 16 Figura 2.7 – Esquema de ensaio – Vista superior – Corrêa (2001) 20 Figura 2.8 – Esquema de ensaio – Vista lateral – Corrêa (2001) 20 Figura 2.9 – Detalhe das lajes – Corrêa (2001) 21 Figura 2.10 – Seção crítica e distribuição das tensões assumidas (ACI-318:2002) 28 Figura 2.11 – Determinação de Vp – Mitchell e Collins (1991) 29 Figura 2.12 – Perímetro crítico de punção (NBR 6118:2003) 31 Figura 2.13 – Representação da carga equilibrante (NBR 6118:2003) 33 Figura 2.14 – Perímetro de controle de punção (FIP:1998) 36 Figura 2.15 – Parcela da carga equilibrante (FIP:1990) 37 Figura 2.16 – Perímetro de controle de punção (EC2:2002) 41 Figura 3.1 – Detalhe das lajes ensaiadas 43 Figura 3.2 – Esquema de ensaio – Vista Lateral 45 Figura 3.3 – Esquema de ensaio 46 Figura 3.4 – Bomba elétrica utilizada 47 Figura 3.5 – Sistema de rótula utilizado para aplicação da carga P2 47 Figura 3.6 – Fixação do pilar ao pórtico de ensaios 48 Figura 3.7 – Detalhe da armadura passiva superior. 50 Figura 3.8 – Detalhe da armadura passiva inferior. 50 Figura 3.9 – Armadura passiva – Vista Lateral 51 Figura 3.10 – Traçado dos cabos de protensão e disposição das armaduras 51 Figura 3.11 – Traçado em planta dos cabos de protensão 52 Figura 3.12 – Perfil dos cabos poligonais na direção paralela à extremidade – Laje L1 53 Figura 3.13 – Perfil dos cabos perpendiculares à extremidade– Laje L1 53 Figura 3.14 – Extensômetro colado na barra de aço 56 Figura 3.15 – Extensômetro colado e protegido com ARALDITE 56 Figura 3.16 – Localização dos extensômetros 57 Figura 3.17 – Extensômetros na posição definitiva 57 Figura 3.18 – Localização dos extensômetros na face inferior do concreto 58 Figura 3.19 – Extensômetros colados na superfície inferior do concreto 59 Figura 3.20 – Instrumentação da armadura ativa 60 Figura 3.21 – Numeração e posicionamento das células de carga 60 Figura 3.22 – Numeração e posicionamento dos defletômetros 61 Figura 3.23 – Defletômetros na face superior da laje 61 Figura 3.24 – Fissuras iniciais na laje L4 62 Figura 3.25 – Marcação de fissuras após a ruptura da laje L4 62 Figura 3.26 – Detalhe da armadura e ancoragem ativa 63 Figura 3.27 – Sistema de protensão adotado – Villaverde (2003) 64 Figura 3.28 – Reprotensão e desprotensão do cabo 65 Figura 3.29 – Sistema de aquisição de dados utilizado 67 Figura 3.30 – Ensaio montado – Vista lateral 68 Figura 4.1 – Gráfico tensão x deformação. Armadura passiva - φ 6,3 mm 71 xiii Figura 4.2 – Gráfico tensão x deformação. Armadura passiva - φ 8,0 mm 72 Figura 4.3 – Força nos cabos versus tempo, em horas 73 Figura 4.4 – Forças de protensão nas cordoalhas – Laje L1. 74 Figura 4.5 – Forças de protensão nas cordoalhas – Laje L2. 75 Figura 4.6 – Forças de protensão nas cordoalhas – Laje L3. 76 Figura 4.7 – Forças de protensão nas cordoalhas – Laje L4. 77 Figura 4.8 – Forças de protensão nas cordoalhas – Laje L5. 78 Figura 4.9 – Forças de protensão nas cordoalhas – Laje L6. 79 Figura 4.10 – Forças de protensão nas cordoalhas – Laje L7. 80 Figura 4.11 – Variação das forças de protensão durante o ensaio – Laje L1. 82 Figura 4.12 – Variação das forças de protensão durante o ensaio – Laje L2. 83 Figura 4.13 – Variação das forças de protensão durante o ensaio – Laje L3. 83 Figura 4.14 – Variação das forças de protensão durante o ensaio – Laje L4. 84 Figura 4.15 – Variação das forças de protensão durante o ensaio – Laje L5. 84 Figura 4.16 – Variação das forças de protensão durante o ensaio – Laje L6. 85 Figura 4.17 – Variação das forças de protensão durante o ensaio – Laje L7. 85 Figura 4.18 – Mapeamento das fissuras e cone de ruptura – Laje L1 90 Figura 4.19 – Mapeamento das fissuras e cone de ruptura – Laje L2 90 Figura 4.20 – Mapeamento das fissuras e cone de ruptura – Laje L3 91 Figura 4.21 – Mapeamento das fissuras e cone de ruptura – Laje L4 91 Figura 4.22 – Mapeamento das fissuras e cone de ruptura – Laje L5 92 Figura 4.23 – Mapeamento das fissuras – Laje L6 92 Figura 4.24 – Mapeamento das fissuras – Laje L7 93 Figura 4.25 – Reação do pilar versus deformação nas armaduras de flexão – Laje L1 94 Figura 4.26 – Reação do pilar versus deformação nas armaduras de flexão – Laje L2 95 Figura 4.27 – Reação do pilar versus deformação nas armaduras de flexão – Laje L3 95 Figura 4.28 – Reação do pilar versus deformação nas armaduras de flexão – Laje L4 96 Figura 4.29 – Reação do pilar versus deformação nas armaduras de flexão – Laje L5 96 Figura 4.30 – Reação do pilar versus deformação nas armaduras de flexão – Laje L6 97 Figura 4.31 – Reação do pilar versus deformação nas armaduras de flexão – Laje L7 97 Figura 4.32 – Reação do pilar versus deformação no concreto – Laje L1 99 Figura 4.33 – Reação do pilar versus deformação no concreto – Laje L2 100 Figura 4.34 – Reação do pilar versus deformação no concreto – Laje L3 100 Figura 4.35 – Reação do pilar versus deformação no concreto – Laje L4 101 Figura 4.36 – Reação do pilar versus deformação no concreto – Laje L5 101 Figura 4.37 – Reação do pilar versus deformação no concreto – Laje L6 102 Figura 4.38 – Reação do pilar versus deformação no concreto – Laje L7 102 Figura 4.39 – Fissura de torção – Laje L6 103 Figura 4.40 – Reação do pilar versus flecha – Laje L1 104 Figura 4.41 – Reação do pilar versus flecha – Laje L2 105 Figura 4.42 – Reação do pilar versus flecha – Laje L3 105 Figura 4.43 – Reação do pilar versus flecha – Laje L4 106 Figura 4.44 – Reação do pilar versus flecha – Laje L5 106 Figura 4.45 – Reação do pilar versus flecha – Laje L6 107 Figura 4.46 – Reação do pilar versus flecha – Laje L7 107 Figura 4.47 – Deslocamentos da laje L1 108 Figura 4.48 – Deslocamentos da laje L7 108 Figura 4.49 – Reação do pilar versus flecha – Defletômetro 10 109 Figura 4.50 – Reação do pilar versus flecha – Defletômetro 11 109 Figura 4.51 – Reação do pilar versus flecha – Defletômetro 13 110 xiv Figura 4.52 – Ruptura da laje L1 112 Figura 4.53 – Ruptura da laje L2 113 Figura 4.54 – Ruptura da laje L3 113 Figura 4.55 – Ruptura da laje L4 114 Figura 4.56 – Ruptura da laje L5 114 Figura 4.57 – Ruptura da laje L6 115 Figura 4.58 – Ruptura da laje L7 – Fissuras de flexão e torção 115 Figura 4.59 – Ruptura da laje L7 – Fissuras de torção 116 Figura 5.1 – Discretização utilizada no programa SAP 2000 121 Figura 5.2 – Carga atuante versus carga resistente pelo ACI-318:2002 128 Figura 5.3 – Tensão atuante versus tensão resistente pelo ACI-318:2002* 129 Figura 5.4 – Tensão atuante versus tensão resistente pelo FIP:1998 130 Figura 5.5 – Tensão atuante versus tensão resistente pelo EC2:2002 131 Figura 5.6 – Tensão atuante versus tensão resistente pela NBR 6118:2003 132 Figura 5.7 – Equilíbrio das forças da seção da laje na ruptura por flexão 133 Figura 5.8 – Modo de ruptura estimado das lajes ensaiadas 135 xv LISTA DE SÍMBOLOS As - área da armadura passiva; Asp - área total da armadura de protensão em uma direção; bo - comprimento do perímetro de controle à d/2 da face do pilar definido pelo ACI- 318:2002; β coeficiente de majoração da carga atuante em uma laje cogumelo com transferência de momento entre a laje e o pilar; d - altura útil da armadura passiva; d (ACI) - Altura útil considerada para o ACI-318:2002; dp - altura útil dos cabos de protensão; f 'c - resistência a compressão de corpos de provas cilíndricos; fck - resistência característica da compressão de corpos de provas cilíndricos; fcm - resistência à compressão de corpos de provas cilíndricos; fpc - tensão média no plano da laje, devido as cargas de protensão iniciais; fyp - tensão convencional de escoamento da armadura de protensão; fys - tensão de escoamento da armadura passiva; h - altura da laje; m' - média dos momentos devido as cargas verticais aplicadas na laje, no alinhamento da face do pilar; m’pe - momento devido às excentricidades dos cabos devido à protensão; m’po - momento devido à compressão da superfície superior da laje promovido pela protensão; Mu - momento perpendicular à extremidade no momento da ruptura; P - força aplicada nos cabos de protensão por um macaco hidráulico de protensão; P0 - força no cabos de protensão após as perdas imediatas; Pi - força de protensão inicial aplicada pelo macaco hidráulico de protensão; PSd - valor de dimensionamento da força de punção atuante; PSd,eff - força efetiva de punção; Pu - carga de ruptura observada nos ensaios; Pc - carga de ruptura calculada; u1 - comprimento do perímetro de controle a 2d da face do pilar (FIP:1998, EC2:2001 e NBR 6118:2003); xvi u1* - comprimento do perímetro de controle reduzido a 2d da face do pilar (FIP:1998, EC2:2001 e NBR 6118:2003); uo - comprimento do perímetro do pilar; V - reação do apoio da laje para uma carga unitária aplicada na laje; Vn - resistência à punção calculada sem ponderação; Vc - parcela de Vn independente da protensão; Vcp - parcela de Vn dependente da tensão no plano devido a protensão; Vp - parcela de Vn dependente das componentes verticais das forças de protensão; VR,c - resistência de uma laje cogumelo de concreto armado; VRk - resistência característica do valor de VR; VRk,c - resistência característica do valor de VR,c; Vu - carga de ruptura experimental;ρ - taxa de armadura passiva; σcp - tensão média de compressão no plano; φ - Fator de redução da resistência nominal; 1 1 - INTRODUÇÃO 1.1 - MOTIVAÇÃO DA PESQUISA A solução em lajes cogumelo em concreto protendido vem sendo uma alternativa cada vez mais utilizada, pela simplicidade de execução, economia de material e diminuição da altura final da estrutura, possibilitando em muitos casos obter estruturas mais leves e com fundações mais econômicas. Outras vantagens que podem ser citadas: graças aos efeitos da protensão há a possibilidade de se obterem vãos maiores; redução das flechas em relação às lajes de concreto armado; valorização da estrutura esteticamente. A protensão influencia bastante a resistência de uma laje cogumelo, podendo a resistência variar de acordo com a força de protensão, a distribuição e o traçado dos cabos. Um dos fatores que exigem atenção em se tratando de lajes cogumelo em concreto armado ou protendido, é a possibilidade de ruptura da laje por punção. Entende-se por punção um tipo de ruptura transversal por cisalhamento em torno de carregamentos localizados, que ocorre de maneira brusca e que pode acarretar um colapso parcial ou total da estrutura. O fenômeno da punção é ainda mais complexo em lajes cogumelo com pilares de extremidade e de canto, devido à grande transferência de momento entre a laje e o pilar, fazendo com que a resistência da laje seja reduzida. Segundo MacGregor (1997), quando existe a transferência de momento entre a laje e o pilar, ou vice-versa, o comportamento é complexo, pois envolve combinações de tensões devidas à flexão, ao esforço cortante e ao momento de torção atuantes na porção da extremidade da laje que está ligada ao pilar, e dependendo do nível de concentração dessas tensões, diversos tipos de ruptura podem ser esperados. A Figura 1.1 esquerda mostra as ações em uma laje cogumelo com pilar de extremidade. Verifica-se que existem rotações diferentes em relação à extremidade da laje (Figura 1.1 direita), destacando o surgimento do momento torçor na extremidade da laje. 2 Diversos estudos em lajes cogumelo protendidas com pilares internos foram realizados, podendo ser citados os trabalhos de Shehata (1982), Regan (1985), Melges (2001), Corrêa (2001), Alves (2002), Ramos (2003), Villaverde (2003), Silva (2005) e Carvalho (2005). Porém, em se tratando de laje com pilar de extremidade ou de canto submetida à punção, existem poucos estudos relacionados com o assunto, podendo ser citados os trabalhos de Foutch, Gamble e Sunidja (1990), Gardner e Kallage (1998) e Gardner e Sharifi (2000), e somente com estudos teóricos e experimentais pode-se definir uma base sólida para a criação de uma teoria consistente para o caso de lajes com pilares de extremidade ou de canto submetidas à punção. A C B D A' B' A Aθ C θC Aθ Figura 1.1 – Momento torçor na extremidade da laje – McGregor (1997) 1.2 - OBJETIVOS E METODOLOGIA Esse trabalho dá continuidade aos estudos sobre punção em lajes cogumelo protendidas realizados por Corrêa (2001), Alves (2002), Villaverde (2003), Silva (2005) e Carvalho (2005) na Universidade de Brasília. O principal objetivo deste trabalho é contribuir para o melhor conhecimento do mecanismo de resistência à punção de lajes cogumelo protendidas com pilar de extremidade, sendo este o primeiro a ser realizado na Universidade de Brasília sobre o assunto. Os objetivos específicos deste trabalho são: 3 Analisar a influência da variação do momento fletor e do esforço cortante atuantes na ligação laje-pilar de extremidade, na resistência ao puncionamento da laje; • Verificar as contribuições das parcelas de compressão no plano (Vcp) e parcela da carga equilibrante ou vertical (Vp), na resistência à punção de uma laje cogumelo com pilar de extremidade; • Comparar os resultados experimentais obtidos com os estimados segundo as normas: ACI 318:2002, NBR 6118:2003, FIP:1998 e EC2:2002; • Verificar as restrições impostas pelo ACI 318:2002 e NBR 6118:2003 na contribuição da parcela da compressão no plano (Vcp) no cálculo da resistência da laje à punção. Para se atingir os objetivos propostos, a metodologia será a realização de ensaios de ruptura de 7 lajes com pilar de extremidade, protendidas com cabos não aderentes (cordoalhas engraxadas) e carregadas com diferentes relações entre o momento fletor e o esforço cortante atuantes na ligação laje-pilar. Esta série de ensaios faz parte do projeto de tese de doutorado do Eng. Vladimir Villaverde Barbán, em andamento na Universidade de Brasília. 1.3 - ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO Além deste Capítulo 1, este trabalho está estruturado da seguinte forma: O Capítulo 2 apresenta uma revisão bibliográfica na qual são descritos os trabalhos realizados recentemente em lajes de concreto armado e protendido com armadura não aderente, possuindo pilares de extremidade. Também são apresentadas quatro recomendações normativas para se estimar a resistência à punção de lajes cogumelo protendidas com pilares de extremidade. No Capítulo 3 é apresentado detalhadamente todo o programa experimental realizado, destacando os materiais e processos utilizados para a realização dos ensaios. 4 No Capítulo 4 são apresentados e analisados os resultados experimentais das lajes, tais como: propriedades dos materiais utilizados, protensão inicial, cargas e tipos de ruptura, variação da força de protensão nos cabos durante os ensaios, deformações da armadura passiva e do concreto, deslocamentos verticais, fissuração e inclinação das fissuras do cone de ruptura. O Capítulo 5 apresenta as comparações dos resultados experimentais da carga e do modo de ruptura das lajes com as estimativas segundo normas. No Capítulo 6 são apresentadas as conclusões desta pesquisa e sugestões para trabalhos futuros. As Referências Bibliográficas são apresentadas após o Capítulo 6, seguindo-se os Anexos, A, B ,C e D. O Anexo A apresenta o desenvolvimento das expressões para a determinação da parcela Vp. O Anexo B apresenta um exemplo resolvido e comentado do cálculo da resistência à punção da laje L5 pelas diferentes normas apresentadas no trabalho. O Anexo C apresenta o cálculo do módulo de resistência plástica da seção crítica W1, para pilares de extremidade, pois as normas não apresentam este desenvolvimento. O Anexo D apresenta os perfis dos cabos observados para todas as lajes. 5 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA São apresentadas neste capítulo as recentes pesquisas realizadas no exterior em punção em lajes cogumelo protendidas com pilares de extremidade, e as pesquisas realizadas na Universidade de Brasília na área de punção em lajes cogumelo protendidas. 2.1 - PESQUISAS REALIZADAS NO EXTERIOR 2.1.1 - Foutch, Gamble e Sunidja (1990) Apresentaram resultados de ensaios de quatro lajes quadradas protendidas de 1524 mm x 1524 mm x 102 mm, com pilares de extremidade de concreto armado, quadrados, de 305 mm x 305 mm, com cordoalhas não aderentes dispostas de duas maneiras: concentradas na região do pilar na direção perpendicular à extremidade da laje e uniformemente distribuídas na outra direção. PLANTA D A S4 A 305 S2 S3 S1 D (mm) 610 610 1067 CORTE A - A CÉLULA DE CARGA MACACO HIDRÁULICO MECANISMO DE CARGA LAJE DE REAÇÃO 1524 305 30 5 15 24 305 10 2D Figura 2.1 – Esquema de Ensaio – Foutch, Gamble e Sunidja (1990) Os objetivos desse trabalho foram estudar o efeito da relação momento/cortante na resposta da ligação laje-pilar, estudar o aumento das tensões nos cabos e o mecanismo de ruptura e desenvolver um procedimento de cálculo simples para avaliar a resistência das ligações laje-pilar de extremidade. As principaisvariáveis foram a distribuição das cordoalhas consideradas e a distância do carregamento em relação à face do pilar, no sentido 6 perpendicular à extremidade livre da laje, para estudar o efeito da relação momento/cortante. Os autores compararam os resultados dos ensaios com as formulações prescritas pelo ACI 318:1983, que apresentava as equações para o cálculo de resistência à punção em lajes com pilares de extremidade sem levar em consideração os efeitos da protensão. A restrição da resistência à compressão do concreto imposta pelo ACI 318:1983 em 35 MPa também foi testada utilizando-se um concreto com uma média de resistência de 45,8 MPa para as 4 lajes ensaiadas. As lajes S1 e S2 tiveram o mesmo tipo de armadura ativa e passiva, possuíam 11 cordoalhas concentradas próximas ao eixo do pilar, dispostas perpendicularmente à extremidade livre da laje, e na outra direção foram dispostas 5 cordoalhas. As lajes S3 e S4 tiveram também o mesmo tipo de armadura ativa e passiva, possuíam 6 cordoalhas concentradas próximas ao eixo do pilar, dispostas paralelamente à extremidade livre da laje, enquanto na outra direção foram dispostas 4 cordoalhas. A Figura 2.2 mostra o arranjo das cordoalhas utilizado. 343 114 114 343 76 LAJES S1 E S2 76 76 76 76 76 76 76 LAJES S3 E S4 279 406 152 406 279 40676 152 406406 76 7676 11476 7676 1029 Figura 2.2 – Arranjo das cordoalhas – Foutch, Gamble e Sunidja (1990) A força máxima de protensão em cada cabo no início do ensaio foi cerca de 70% da carga última do cabo para prover uma certa margem de segurança durante os ensaios. 7 O carregamento foi aplicado gradualmente até a ruptura em diferentes distâncias da face do pilar (1067, 610, 610 e 305 mm), utilizando dois macacos hidráulicos de 30 ton. ancorados à laje de reação, e produzindo força de cima para baixo na laje. As relações Mu/Vu das lajes ensaiadas foram: 1,00 (S1), 0,60 (S2), 0,59 (S3) e 0,31 (S4), considerando o momento na face do pilar. O pilar foi armado de tal forma a resistir à transferência de momento da laje e estava preso a um sistema que impedia a sua rotação. A laje S1 rompeu por flexão com superfície de ruptura passando ao longo da face do pilar, enquanto a laje S2 teve um modo de ruptura frágil por punção, com um colapso súbito da zona de compressão ao longo de uma superfície formada por fissuras inclinadas nas vizinhanças imediatas do pilar. A ruptura da laje S3 ocorreu de forma dúctil por flexão ao longo de uma linha de ruptura passando pela laje e a face do pilar. A laje S4 era idêntica à S3, exceto pelo ponto de carregamento, e apresentou uma relação Mu/Vu = 0,31, pelo fato do carregamento estar bastante próximo da face do pilar. A ruptura da laje S4 foi semelhante à laje S2 e ocorreu de forma frágil. Os resultados dos ensaios, destacando os modos de ruptura, são apresentados na Tabela 2.1 Tabela 2.1 – Resultados dos ensaios – Foutch, Gamble e Sunidja (1990) Modelo D* (mm) Md* (kN.m) ACI 318-77 Md* (kN.m) Forças Internas Mu* (kN.m) Mu** (kN.m) Vu (kN) Modo de Ruptura S1 1067 55,53 56,48 58,62 67,28 58,15 Flexão S2 610 50,31 49,45 50,19 62,74 83,82 Punção S3 610 37,83 39,72 40,40 50,50 67,65 Flexão S4 305 33,47 35,38 35,78 52,99 114,64 Punção * Em relaçao à face do pilar. ** Em relação ao centro do pilar Foi verificado que a seção mais apropriada para se calcular os momentos atuantes na seção crítica é em relação ao eixo que passa na face do pilar, sendo também a seção apropriada para considerar a resistência à flexão usando a teoria das linhas de ruptura. 8 Em relação ao aumento das tensões nos cabos, os autores verificaram que em nenhum ensaio o aumento da tensão no cabo em relação ao nível de tensão no início do ensaio foi maior que 50% do aumento estimado pelo ACI 318:1977 e foi de apenas 84% do esperado pelo ACI 318:1983. O aumento médio das tensões das cordoalhas nos ensaios foi de 65 a 81% do maior aumento registrado numa cordoalha. Os autores verificaram que o aumento das tensões nos cabos é similar à relação momento versus deflexão dos modelos. Em relação aos efeitos da protensão, os autores verificaram que a parcela da compressão no plano Vcp aumenta significativamente a resistência à punção, e a não consideração dessa parcela em lajes cogumelo protendidas com pilares de extremidade, como recomenda o ACI 318:1983, acarretaria resultados subestimados de resistência das lajes. Os autores concluíram que é recomendado o uso da equação de cálculo da resistência à punção para ligações laje-pilar de interior no cálculo da resistência à punção de ligações laje-pilar de extremidade, considerando a contribuição da compressão do concreto devido à protensão. Os autores observaram também que para o caso de uma ruptura por punção, a armadura passiva superior não é efetiva no combate ao pós-puncionamento, porque tende a arrancar uma área significativa de concreto na parte superior da laje. Os autores concluíram também que os limites de 35 MPa para a resistência do concreto e de 3,5 MPa para a tensão de compressão do concreto devido à protensão, tal como recomenda o ACI 318:1983, podem ser estendidos respectivamente para 50 MPa e 3,9 MPa. 9 2.1.2 - Gardner e Shao (1996) Apresentaram resultados experimentais para punção de uma laje cogumelo contínua de concreto armado, com 9 pilares e um comprimento de vão de 2743 mm, que foi carregada até a ruptura, simulando uma carga uniformemente distribuída por meio de 40 pontos de cargas concentradas na laje. A laje possuía 4 pilares de extremidade, 4 pilares de canto e 1 pilar de interior, sendo que 1 pilar de extremidade e 1 pilar de canto eram de seção circular, com diâmetro de 254 mm e os demais eram de seção quadrada de 254 x 254 mm. A espessura da laje foi de 140 mm, com uma altura útil de 120 mm e as extremidades norte e leste tinham uma aba de 125 mm. O objetivos do estudo foram: 1) investigar a adequabilidade de se usar modelos isolados para representar lajes contínuas reais ; 2) o estudo da validade das prescrições do ACI 318:1989, BS 8110:1985 e o código CEB-FIP:1990 na punção; 3) o comportamento das ligações laje-pilar de interior, extremidade e de canto; 4) os efeitos das escoras ao redor dos pilares na resistência da laje. A armadura foi calculada de acordo com o ACI 318:1989 e distribuída para assegurar que a laje tivesse rupturas por punção antes de rupturas por flexão. Os cálculos de resistência da laje cogumelo foram feitos desconsiderando as restrições de resistência do concreto impostas pelo ACI 318:1989, BS 8110:1985 e o Código Modelo do CEB-FIP:1990. A metodologia do ensaio consistiu da aplicação gradual de 40 cargas concentradas simultâneas, simulando uma carga uniformemente distribuída, até verificar a ruptura de alguma ligação laje-pilar. Inicialmente rompeu o pilar de interior para uma carga de 34,4 kN/m2. Para dar prosseguimento ao ensaio, a ligação laje-pilar de centro foi escorada. Após mais incremento de carga, os pilares de extremidade nº 2 e nº 5 romperam a uma carga de 34,4 kN/m2. As ligações nº 2 e nº 5 foram escoradas e o ensaio prosseguiu até a ruptura da ligação laje-pilar de canto. A ligação laje-pilar de extremidade 3 e a ligação laje-pilar de canto romperam a uma carga de 44,8 kN/m2. A Figura 2.3 mostra o esquema de ensaio utilizado, destacando os pontos de aplicação de carga, numeração dos pilares e localização das escoras. 10 5867 2743 686 2743 458 8 914 L12 L11 5 913458 L14 L37 L32 L13 L36 L31 L38 L33 Escoras de 95 x 95 mm L9 3 L10 6 L17 L18 L19 L28 L23 L27 L22 1 L24 L1 L2 2 58 67 27 43 68 5 9 L8 L7 127 458458228 228 L15 L39 L34 L16 L40 L35 12 768 6 N S 127 O L 45 8 22 8 45 822 8 4 7 L6 L5L20L21 L29 L25 L30 L26 L3 D = 254 mm L4 27 43 91 4 45 8 45 8 D = 254 mm 12 7 12 7 Figura 2.3 – Esquema de Ensaio - Gardner e Shao (1996) Todas as rupturas observadas nas ligações laje-pilar foram combinadas de flexão e punção, apresentando fissuras grandes o bastante para indicar que o aço teria escoado devido aos momentos negativos. Os autores assumiram que a carga uniformemente distribuída aplicada na laje foi distribuída da seguinte forma: a ligação laje-pilar de interior recebeu 26,2%, a ligação laje- pilar nº 2 recebeu 12,14% e a ligação de canto recebeu 5,7%. Verificou-se que a ligação laje-pilar de interior é mais crítica em punção que a ligação laje- pilar de extremidade e de canto, numa laje contínua corretamente projetada e com taxa de armaduras aproximadamente iguais. As ligações laje-pilar 2 e 6, que possuíam pilares de seção circular, romperam com cargas mais baixas que as ligações análogas usando pilares de seção quadrada (ligações laje-pilar 4 e 9). Os comentários do ACI 318:1989 sugerem que um pilar de seção circular pode ser tratado como um pilar de seção quadrada para o cálculo da resistência à punção. 11 A equação linear de interação de momento e cortante do ACI 318:1989 é não-conservadora no cálculo dos coeficientes das ligações nº 2 e nº 5, mas conservadora para a ligação nº 6. A comparação das ligações de extremidade com as normas é exposto na Tabela 2.2. Tabela 2.2 – Comparação de resultados – Gardner e Shao (1996) Pc (kN/m 2) Pu (kN/m 2) Pu/Pc Pc (kN/m 2) Pu (kN/m 2) Pu/Pc ACI 45,2 0,76 43,6 0,79 BS 8110 31,7 1,09 31,7 1,09 CEB 38,1 0,90 31,8 1,08 Método proposto 36,5 0,94 35,5 0,97 Coeficiente Proposto 34,5 1,00 33,1 1,04 Taxa de armadura (ρ) FORMULAÇÕES LIGAÇÃO 2 0,0057 0,0057 LIGAÇÃO 5 34,4 34,4 Os autores concluíram que os ensaios isolados de punção podem representar o comportamento de punção em ligações laje-pilar de interior em sistema de lajes contínuas, por darem valores próximos aos estimados. O mais fiel resultado experimental foi para o pilar de interior, pois os resultados para os pilares de extremidade e de canto foram baixos devido à ruptura das ligações iniciais que transferem carga para as ligações laje-pilar que não romperam. Em relação às ligações laje-pilar de extremidade e de canto, verificou-se que uma interação momento-cisalhamento é adequada para determinar a resistência à punção com transferência de momento entre a laje e o pilar. Os autores afirmaram que a punção não é um fenômeno de cisalhamento puro e sempre ocorre em locais de grandes momentos e é um fenômeno de flexo-punção e sugerem que um modelo de bielas e tirantes pode ser mais válido que os atuais métodos que utilizam perímetros críticos de punção. Os autores sugerem que sejam incorporadas às equações do ACI 318:1989 termos que considerem o efeito do tamanho da laje. 12 2.1.3 - Gardner e Kallage (1998) Apresentaram resultados experimentais de ruptura por punção de uma laje cogumelo contínua, de 5690mm x 5690 mm, com protensão não-aderente, calculada de acordo com as provisões do ACI 318-95, exceto que não foi adicionada nenhuma armadura aderente. A laje possuía em vão de 2700 mm entre os pilares, espessura de 89 mm e era apoiada em nove pilares, sendo seis pilares quadrados com lado de 203 mm e três pilares circulares com diâmetro de 203 mm. Uma carga uniformemente distribuída foi simulada por meio de 40 pontos de carregamento afastados de 914 mm em cada direção principal. A laje foi protendida com cabos não-aderentes, sendo 20 cabos em cada direção. Na direção leste-oeste os cabos foram dispostos em faixas passando pelos pilares e na direção norte-sul os cabos foram uniformemente distribuídos. A tensão nos cabos de protensão foi medida por meio de 19 células de carga. O arranjo dos cabos, pontos de aplicação de carga e a identificação das células de carga é mostrado na Figura 2.4 e o perfil dos cabos é mostrado na Figura 2.5. Os cabos de protensão eram do tipo engraxado, com sete fios e diâmetro de 13 mm, envolvidos por um plástico para eliminar a aderência, satisfazendo as especificações do ASTM-A416-88b e GSA-G279 e foram protendidos aproximadamente 60 dias após a concretagem da laje com uma força de 96 kN, apresentando uma força final de 89 kN por cabo após as perdas de ancoragem. A tensão no concreto após a protensão foi de 3,5 MPa em ambas direções. O concreto apresentou uma resistência à compressão média de 44 MPa no dia do ensaio. 13 8 2, 74 m 92 5 m m 2,74 m 340 mm 1 7 3 2 A 4 6 4 7 2, 74 m 2,74 m 2 9 B 1 3 15 C 914 mm 9 914 mm 610 11 1312 14 D N 19 5 16 17 18 8 Figura 2.4 – Esquema de ensaio – Gardner e Kallage (1998) 2,74 m 50 m m 75 m m 2,74 m 20 m m 90 m m Figura 2.5 – Perfil dos cabos de protensão – Gardner e Kallage (1998) 14 A laje foi carregada de modo a obter rupturas em todas as ligações laje-pilar existentes. Primeiramente rompeu a ligação laje-pilar nº 2. Os ângulos da superfície de ruptura da ligação laje-pilar nº 2 foram medidos na face da extremidade da laje e foram de 16 e 20º. Houve um acréscimo de tensão na ordem de 25% dos dois cabos que passavam dentro do pilar 2, na direção norte-sul. Após a ruptura da ligação laje-pilar nº 2, a carga foi aliviada e a laje foi escorada ao redor da ligação rompida. Após o escoramento a laje foi novamente carregada até a ruptura de outra ligação. O pilar de interior rompeu com uma carga 10% menor que a carga aplicada para romper a ligação laje-pilar nº 2, provavelmente por uma redistribuição de cargas do sistema, ou uma redução da protensão dos cabos, ou a ligação laje-pilar de interior sofreu uma ruptura por punção iniciada por uma fissura diagonal interna na ordem de 1/2 a 2/3 da carga última. Após essa etapa, a carga foi novamente aliviada, a laje foi escorada ao redor da ligação laje-pilar de interior e foi aplicado novamente o carregamento, rompendo então o pilar de canto. O resultado mais fiel foi para a ligação laje-pilar de extremidade, pois a redistribuição das cargas das ligações rompidas e a degradação da laje provavelmente afetaram a resistência das ligações laje-pilar de interior e de canto. A Tabela 2.3 mostra a comparação dos resultados obtidos com os valores prescritos e com o método proposto pelo autor somente para a ligação laje-pilar de extremidade. Tabela 2.3 – Comparação dos resultados experimentais – Gardner e Kallage (1998) Carga Experimental (kN/m2) Vu (kN) dp (mm) fcp(1) (Mpa) ACI 318-95(2) (d = def) (kN) ACI 318-95(3) (d = 0,8h) (kN) BS 8110 (kN) Método Proposto 1 (kN) Método Proposto 2 (kN) 32,9 135 50 9,84 95 56 133 128 114 Vu/Vn - - - - 1,42 2,41 1,02 1,05 1,18 Método Proposto 1 - Proposta de um fator de acréscimo da carga efetiva. Método Proposto 2 - Resistência de cálculo proposta considerando uma excentricidade do cortante Ligação Nº 2 (1) Tensão no concreto calculada na face do pilar (2) Desconsiderando o efeito da componente vertical Vp da força de protensão (3) Desconsiderando o efeito da compressão no plano 15 Os autores propuseram um método de cálculo para prever resistência de ligações laje-pilar de interior de concreto armado e protendido, que foi estendido dos trabalhos de Shehata e Regan (1989) e Shehata (1990), considerando uma excentricidade do cortante na ligação laje-pilar de extremidade e também propôs um simples coeficiente para determinação da carga efetiva aplicada na laje. Os autores concluíram que: - O comportamento à flexão das lajes de concreto protendido com cabos não-aderentes é excelente, com as lajes sustentando grandes cargas após a fissuração. - A protensão é efetiva para a extremidade da laje e pode ser usada nos cálculos da resistência estimada à punção. -As simplificações do perímetro de punção retangular e a altura efetiva da laje, em no mínimo a 80% da altura da laje permitida pelo ACI 318:1995 nos cálculos da capacidade de punção de lajes de concreto protendido, deveriam ser eliminadas. - Não é adequado desprezar o efeito do desvio dos cabos na vertical e o efeito da descompressão da protensão, pois nesse caso o cálculo da resistência da ligação seria subestimado. - A consideração de punção e transferência de momentos pode ser realizada com um simples fator multiplicador ou através de uma equação de excentricidade de cortante para prever a resistência da laje. 16 2.1.4 - Gardner e Sharifi (2000) Apresentaram resultados de uma investigação experimental de uma laje cogumelo contínua de concreto protendido com 9 pilares, com 89 mm de espessura e com 3200 mm de vão, projetada para investigar o efeito da protensão em ligações laje-pilar de extremidade. Os resultados foram comparados com a prescrição do ACI 318:1995 e com a proposta de Gardner e Kallage (1998). Os pilares de extremidade e de canto eram quadrados de 203 mm de lado e o pilar de interior era de 305 mm de lado para evitar uma ruptura por punção. O modelo da laje foi protendido com 18 cabos em cada direção. Foram usadas células de carga para medir as forças em cabos selecionados, que após as perdas foi de 85 kN (859 MPa). Os cabos foram colocados a uma altura dp = 70 mm. A Figura 2.6 mostra o arranjo dos cabos da laje de ensaio. 5 6 7 30 4 375 30 4 375 375 375 3 305 305 375 305 305 305 305 4 457 305 305 457 457 457 35 7 35 7 35 7 35 7 35 7 30 4 30 4 76 35 7 35 7 35 7 2 9 7642 6 42 6 42 6 1 8 76 N Figura 2.6 – Arranjo dos cabos e numeração dos pilares – Gardner e Sharifi (2000) 17 O concreto utilizado possuía uma resistência especificada de 35 MPa aos 28 dias, 70 mm de slump e um tamanho máximo de agregado de 19 mm. A resistência obtida do concreto no dia do ensaio foi de 45 MPa. Os cabos protendidos eram de 13 mm de diâmetro, engraxados, com sete fios, envoltos em uma proteção plástica para eliminar a aderência com o concreto, satisfazendo as especificações do ASTM-A416-88b e CSA-G279. A resistência última dada pelo fabricante foi de 1860 MPa. Para simular uma carga uniformemente distribuída, a laje foi carregada para baixo por 48 pontos de carga espaçados 914 mm em cada direção. Cada carga foi aplicada por meio de uma barra de aço de 15 mm de diâmetro e fixada numa laje de reação e foi carregada com macacos hidráulicos situados abaixo da laje de reação que reagia contra a superfície inferior da laje de reação. A ruptura por punção ocorreu para uma carga de 24 kN/m2 na ligação laje-pilar nº 2. Após a ruptura a carga da laje foi aliviada, a protensão dos cabos que passavam pelo pilar 2 foi liberada e foi feita uma recuperação da ligação laje-pilar rompida. Após 10 dias, os cabos foram novamente protendidos e a ligação foi escorada. Por causa da redução de tensões no cabos passando entre os pilares 2 e 6 na direção norte-sul, a laje ao redor do pilar 6 foi também escorada para prevenir uma ruptura. A laje foi novamente carregada e a ligação laje-pilar 8 rompeu para uma carga de 26 kN/m2 e foi feito o mesmo procedimento de recuperação já descrito. As ligações laje-pilar 2 e 8 foram escoradas e as escoras ao redor do pilar 6 foram removidas. Foi aplicada novamente uma carga na laje e houve uma ruptura na conexão 6 para uma carga de 25,7 kN/m2. Para aumentar a velocidade do ensaio, a ligação 6 não foi reparada, mas foi escorada com 2 filas de apoios. Todas as ligações exceto a ligação 4 foi escorada. A laje foi recarregada e a ligação 4 rompeu à uma carga entre 23,3 e 23,9 kN/m2. Após esse procedimento todas as ligações laje-pilar foram escoradas, exceto as ligações de canto. A laje foi novamente carregada até a ruptura das ligações de canto. A Tabela 2.4 mostra uma comparação entre as cargas estimadas pelo ACI 318:1995 com as cargas de ensaio, desconsiderando o efeito da compressão do concreto. 18 Tabela 2.4 – Comparação dos resultados com as equações do ACI 318:1995 – Gardner e Sharifi (2000) Ligação Laje-Pilar Mu (kN.m) Vu (kN) νu (MPa) νc (MPa) fpc (MPa) νu/νc (MPa) 2 22,7 94,1 3,63 1,72 - 2,11 8 28 122 4,59 1,72 - 2,68 Calculado usando fck = 35 MPa e d = 0,8h A Tabela 2.5 compara as tensões atuantes de punção e estas são calculadas usando a equação desenvolvida por Gardner e Kallage (1998). Estimar a compressão devida à protensão para ser usada na equação desenvolvida por Gardner e Kallage (1998) é difícil, porque é diferente nas duas direções e na direção perpendicular com a extremidade, dependendo do espaçamento do cabo, pode ser consideravelmente maior localmente do que a calculada, tornando-se a largura do painel da laje toda. Tabela 2.5 – Comparação dos resultados com a equação de Gardner e Kallage (1998) – Gardner e Sharifi (2000) νc (kN) νu/νc νu (MPa) νu/νc 2 5,08 0,0105 64,6 4,59 7,39 1,61 4,63 1,01 8 3,43 0,0071 42,3 3,80 9,28 2,44 6,00 1,58 Interação Linear Simples Coeficiente Calculado usando fck = 35 MPa e d = 0,8h νc (MPa) Ligação Laje-Pilar fpc (MPa) ρp Vd (kN) Os autores concluíram que ao desconsiderar o efeito da compressão do concreto devido à protensão, como considerado pelo ACI 318:1989, torna o valor calculado da resistência à punção da ligação subestimado. Uma estimativa fornecida pela protensão pode ser determinada pelo método proposto por Gardner e Kallage (1998), que considera o efeito da protensão e a armadura aderente. Em pilares de extremidade e de canto, deve ser ressaltado que cabos aderentes promovem menos compressão do concreto do que cabos não aderentes. 19 2.2 - PESQUISAS REALIZADAS NA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB Corrêa (2001), Alves (2002), Villaverde (2003), Silva (2005) e Carvalho (2005) apresentaram resultados de ensaios em lajes de concreto protendidas com pilares internos. Apesar desses estudos serem para lajes cogumelo protendidas com pilares internos, é relevante citá-los, pois existem conclusões inerentes às lajes protendidas que se aplicam tanto para lajes com pilares internos quanto para pilares de extremidade, como: traçado dos cabos, força de protensão, altura e distribuição dos cabos, fissuração da laje e modo de ruptura. 2.2.1 - Corrêa (2001) O trabalho desenvolvido por Corrêa foi o primeiro trabalho realizado na UnB na linha de punção em lajes cogumelo protendidas. O sistema de protensão utilizado foi do tipo não- aderente com cordoalhas engraxadas e teve como objetivo avaliar os efeitos da protensão na resistência última à punção. Foram avaliados o efeito da compressão no plano e o efeito da força equilibrante nas lajes, adotando-se para o primeiro caso um traçado reto em planta e em perfil, com os cabos situados no plano médio da laje, para que os efeitos de desvio da força vertical fossem minimizados, e para o segundo caso adotando-se um traçado reto em planta e semi- poligonal em perfil, composto por dois traçados retilíneos e por uma pequena curvatura no centro da laje. O estudo consistiu no ensaio de 6 lajes de dimensões 2000 x 2000 mm e com espessura de 120 mm, com mesma armadura passiva aderente, mesma armadura de fretagem e mesmo tipo de aço de protensão, e tendo como principais variáveis o traçado, disposição e quantidade de cabos, exceto para a laje LP1, que não possuía armadura ativa e que era de referência. O sistema de ensaio utilizado consistiu na aplicação de uma carga por meio de um macaco hidráulico situado no centro da laje, que transmitia a carga através de uma placa metálica 20 de 150 x 150 mm, simulando um pilar. A laje, por sua vez, reagia com uma laje de reaçãopor meio de vigas metálicas que estavam situadas em seus bordos e ancoradas com parafusos de alta resistência. A Figura 2.7, a Figura 2.8 e a Figura 2.9 apresentam detalhes das lajes ensaiadas. 28 0 80 0 10001000 Reação Vigas de 80 0 28 0 150x150 Placa Metálica Figura 2.7 – Esquema de ensaio – Vista superior – Corrêa (2001) Laje de Reação Macaco 900 kN Reação Viga de Célula de Carga Placa Metálica Figura 2.8 – Esquema de ensaio – Vista lateral – Corrêa (2001) 21 Figura 2.9 – Detalhe das lajes – Corrêa (2001) Foram utilizadas mono cordoalhas engraxadas do tipo CP190RB de 12,7 mm, com fptk = 1873 MPa, fp0,1k = 1686 MPa e Ep = 1,96x105 MPa, concreto com resistência de 40 MPa aos 28 dias e aço aderente de CA50, fyk = 500 MPa e Es = 2,1x105 MPa. A armadura de flexão consistia de barras de 12,5 mm, espaçadas a cada 100 mm em cada direção, com altura efetiva nas duas direções de 105 mm e empregou-se uma malha inferior de barras de 6,3 mm a cada 100 mm. As lajes LP2 e LP3 foram executadas com um traçado reto nos cabos e com 6 e 10 cabos por seção, respectivamente. As lajes LP4, LP5 e LP6 foram executadas com um traçado poligonal e com 2, 4 e 6 cabos por seção, respectivamente. A laje LP1 foi utilizada como referência e não possuía armadura ativa. O resumo das lajes ensaiadas é mostrado na Tabela 2.6. 150mm x 150mm 1125 mm LP2 LP3 1125 mm 150mm x 150mm LP4 70mm 150mm x 150mm LP5 210mm 150mm x 150mm LP6 350mm 150mm x 150mm 22 Tabela 2.6 – Resumo das Lajes – (Corrêa 2001) Sup. Inf. Seção crítica Toda a laje LP1 - 1,1 0,3 - - - - LP2 Reto 1,1 0,3 0,8 0,37 6 100 LP3 Reto 1,1 0,3 0,8 0,62 10 100 LP4 Poligonal 1,1 0,3 0,8 0,12 2 100 LP5 Poligonal 1,1 0,3 1,6 0,25 4 100 LP6 Poligonal 1,1 0,3 1,6 0,37 6 100 Laje nº ρp (%) Nº cabos P/cabo (kN) ρs (%) Traçado O estudo verificou que os ângulos de inclinação das superfícies de ruptura em forma de troncos de cone, medidos externamente, diminuem com a inserção de protensão, quando se compara a laje LP1 com as demais. A laje LP1 teve o ângulo variando de 22º a 37º, a laje LP2 teve o ângulo variando de 14º a 27º, a laje LP3 teve o ângulo variando de 17º a 19º, a laje LP5 teve o ângulo de 19º e a laje LP6 teve o ângulo variando de 13º a 29º. As lajes LP2 e LP3 fissuraram menos que a laje de referência e menos ainda que as lajes destinadas à avaliação do efeito da força de desvio. A Tabela 2.7 apresenta os resultados dos ensaios. Para as cargas de ruptura por punção, obteve-se um melhor resultado utilizando-se as expressões do FIP/98, seguido pelas expressões da EC2/98. Apesar de ser simplificada a formulação do ACI-318/95 mostrou resultados que menos se aproximaram dos ensaios experimentais. A parcela da compressão no plano foi 1,5 vez maior que a estimada nas expressões do FIP/98 e EC2/98 e cerca de 3 vezes menor no caso do ACI-318/95, indicando que a expressão do ACI está mal aferida para o estudo. As expressões da FIP/98 trazem expressões do MC/90 adotadas pela NB2/00, obtendo-se os melhores resultados. Em relação aos efeitos da protensão, Corrêa observou que houve uma contribuição maior na resistência à punção nas lajes em que foram estudados os efeitos da força equilibrante, na ordem de 25% de aumento médio da resistência efetiva das lajes, e um aumento por volta de 10% da resistência nas lajes onde foi estudado o efeito da compressão no plano. 23 Tabela 2.7 – Resumo dos resultados experimentais (Corrêa 2001) Laje Nº cabo/ direção Traçado fc (Mpa) fct (Mpa) Pt (kN) LP1 - - 52,2 3,3 327,5 LP2 6 Reto 50,6 3,3 355,4 LP3 10 Reto 53,9 4,1 415,4 LP4 2 Poligonal 49,2 3,7 390,0 LP5 4 Poligonal 49,2 3,7 475,0 LP6 6 Poligonal 52,9 3,5 437,0 Vale ressaltar que não houve uma correção da protensão inicial nos ensaios de Corrêa (2001), ficando os cabos de protensão com força bem inferior à prevista. O autor usou de 2 a 10 cabos em cada direção e controlou a força de protensão em apenas dois cabos em cada ensaio, obtendo-se nos cabos controlados forças variando de 76 a 111 kN, com uma força de protensão prevista de 100 kN. 2.2.2 - Alves (2002) O trabalho desenvolvido por Alves (2002) teve como objetivo investigar a influência da curvatura vertical e da curvatura horizontal dos cabos de protensão, decorrentes do não alinhamento dos pilares, na resistência à punção de lajes cogumelo protendidas com pilares internos e utilizando cabos não aderentes. O autor utilizou o mesmo esquema de ensaio de Corrêa (2001), utilizando também apenas duas células de carga para medição da variação da força de protensão nos cabos. O autor concluiu que os cabos com configuração reta apresentam em geral uma variação maior da tensão de protensão em comparação com os cabos curvos, apresentando um acréscimo de 8% e 5% durante os ensaios, respectivamente. Alves, concluiu também que os melhores resultados foram para as lajes que apresentavam os cabos que permaneciam dentro da superfície de ruptura do tronco de cone. 24 Em relação aos efeitos da protensão, o autor concluiu que houve uma contribuição maior na resistência à punção nas lajes que foram estudadas os efeitos da força equilibrante (Vp), na ordem de 25%, obtendo 10% no estudo do efeito da compressão no plano (Vcp). O autor concluiu que todos os resultados obtidos nas lajes de Corrêa foram superiores aos resultados das lajes com cabos curvos na horizontal apresentadas em seu trabalho, exceto para duas lajes que foram calculadas pelo EC2:1998. 2.2.3 - Villaverde (2003) Seguindo a mesma linha de pesquisa desenvolvida por Alves (2002), Villaverde (2003) investigou de forma mais aprofundada a influência da curvatura vertical e da curvatura horizontal dos cabos de protensão, decorrentes do não alinhamento dos pilares, na resistência à punção de lajes cogumelo com pilares de interior. O autor concluiu que a resistência última à punção pouco varia quando se inclinam os cabos em até 30º, apresentando uma maior variação na resistência na ordem de 3,5%. Em relação à parcela da carga equilibrante (Vp), o autor recomendou a consideração das componentes verticais das forças de protensão dos cabos que passam dentro de um suposto cone formado a 45º a partir da face do pilar, uma vez que este procedimento apresentou os melhores resultados. Em relação à parcela de compressão no plano, o autor concluiu que esta parcela influi cerca de 10% na resistência última por punção em níveis usuais de tensão e recomendou a consideração desta parcela pela NBR 6118:2003 no cálculo da resistência de uma laje cogumelo protendida com pilar de interior. 25 2.2.4 - Silva (2005) O trabalho desenvolvido por Silva (2005) teve os seguintes objetivos: realizar um estudo detalhado da resistência ao puncionamento em lajes cogumelo protendidas com pilares de interior, destacando principalmente as parcelas de compressão no plano (Vcp) e a equilibrante (Vp); estudar a resistência ao puncionamento para lajes com diferentes relações “lado do pilar”/ “altura útil da laje” (c/d); e estudar a resistência ao puncionamento para lajes com a cablagem passando dentro e fora da seção transversal do pilar. Foi observado um crescimento da carga de protensão durante os ensaios, para as lajes com pilar de 300 x 300 mm, entre 8% e 17%. Observou-se também que esses aumentos da carga de protensão foram maiores nas cordoalhas próximas ao pilar. O autor concluiu que a localização dos cabos de protensão fora do pilar reduz a resistência à punção da laje. Também se verificou que as lajes com menor espaçamento entre os cabos, possuem mais resistência que as lajes com o mesmo número de cabos, com maior espaçamento. O autor apresentou resultados em que a parcela da resistência relativa à compressão do concreto devido à protensão (Vcp) é superiorà parcela devido à curvatura dos cabos na vertical (Vp). 2.2.5 - Carvalho (2005) O trabalho apresentado por Carvalho (2005) teve como objetivo estudar o comportamento e resistência de lajes cogumelo protendidas com pilares internos, com cabos não aderentes e armadura de cisalhamento, submetidas à punção, tendo como principais variáveis a área, a distribuição e o número de camadas da armadura de cisalhamento e o comprimento do lado do pilar. 26 O autor concluiu que o acréscimo de armadura de cisalhamento nas lajes protendidas aumentou a resistência à punção de 16% a 60% em relação às lajes de referência e a altura efetiva da laje também exerceu importante influência na resistência ao puncionamento. Em relação ao aumento na força de protensão, o autor observou um incremento entre 5% e 27% da força de protensão em relação à força média de protensão no início do ensaio, observando incrementos maiores em carregamentos próximos ao aparecimento da primeira fissura circunferencial. 27 2.3 - PRESCRIÇÕES NORMATIVAS 2.3.1 - ACI-318:2002 O dimensionamento de uma seção sujeita à uma transferência de momento entre a laje e o pilar e sem armadura de cisalhamento deve ser baseado em: un vv ≥φ (2.1) onde: uv = tensão de cisalhamento atuante na seção considerada; nv = tensão resistente nominal ao cisalhamento, dada por db V v cn 0 φ φ = ; cV = resistência nominal de punção; ob = perímetro crítico; d = altura útil da laje; φ = fator de redução da resistência nominal, igual a 0,85 para peças solicitadas por cisalhamento. A distribuição de tensões é assumida como ilustrado na Figura 2.10 e as tensões de cisalhamento atuantes podem ser calculadas usando as seguintes expressões: c ABuv c u ABu J cM A V γ ν +=)( (2.2) c CDuv c u CDu J cM A V γ ν −=)( (2.3) )1( fv γγ −= (2.4) 21 /)3/2(1 1 bbf + =γ (2.5) onde: Vu = força ou reação do pilar; Mu = momento perpendicular à extremidade da laje em relação ao eixo que passa no centro de gravidade da seção crítica; 28 b1 = largura da seção crítica medida na direção do vão para quais os momentos são determinados; b2 = largura da seção crítica medida na direção perpendicular a b1; Ac = área de concreto da seção crítica assumida = bo.d; Jc = momento polar de inércia da seção crítica assumida; cAB = centro de gravidade do perímetro crítico.. Seção CríticaC CABCCD c B Cisalhamento Tensão de D b1= c2 + d c A vCD V M C.G. Pilar vAB c cb2 = c1 + d/2 Figura 2.10 – Seção crítica e distribuição das tensões assumidas (ACI-318:2002) O valor da resistência à punção, Vc, para lajes cogumelo protendidas é dado pela equação: p0pc ' cpc Vdbf3,0fV +⋅⋅ += β (2.6) onde: sα = 'cf = resistência à compressão especificada do concreto; ob = perímetro crítico (mm), dado por: b0 = 3c + 2d, para pilares com seção quadrada; c = lado da seção quadrada do pilar; d = altura útil da laje considerando a armadura ativa e passiva. d ≥ 0,8h; pβ : o menor valor entre 0,29 12 5,1b d o s +⋅α ; 40 para pilares de interior 30 para pilares de extremidade; 20 para pilares de canto 29 pcf = valor médio da tensão no concreto nas duas direções; pV = componente vertical da força de protensão efetiva que atravessa a seção critica. Observa-se que o valor de Vc na expressão anterior está em função de três fatores: resistência do concreto, resistência acrescida ao concreto pelo confinamento causado pela componente horizontal da protensão, e finalmente a resistência devida à carga equilibrante ou de desvio, causada pelas componentes verticais da força de protensão dentro do perímetro crítico, como se observa na Figura 2.11. O perímetro crítico é dado pelo contorno distante a d/2 do contorno do pilar, da carga concentrada ou da região carregada, como mostra a Figura 2.10. A equação apresentada para o cálculo da parcela Vp é sugerida por Mitchell e Collins (1991) e vale para o esquema da Figura 2.11. ( ) ( )dc l hPVp +⋅ ⋅⋅ = 12 1 22 β (2.7) onde: P = força de protensão aplicada no cabo; Βl1 = corresponde à distancia do centro do pilar ao ponto de inflexão do cabo; h2 = altura vertical do ponto de inflexão à altura máxima do cabo. 1c do cabo Ponto de inflexão Vp β Seção crítica parad/2 a punção 2h 1l Figura 2.11 – Determinação de Vp – Mitchell e Collins (1991) 30 As restrições para o cálculo da parcela Vc são: - Nenhuma porção da seção transversal do pilar deve estar mais próxima de uma descontinuidade menor do que quatro vezes a espessura da laje; - 'cf na equação não deve ser maior do que 35 MPa; - pcf em cada direção não deve ser menor do que 0,9 MPa, e não maior do que 3,5 MPa. De acordo com o ACI-318:2002, para o caso da laje estudada, a protensão no perímetro crítico não é totalmente efetiva no cálculo da resistência da laje à punção e devem ser desprezadas as parcelas devidas ao efeito da protensão. Para possibilitar uma análise de quanto carga atuante é majorada, será considerado um termo β, que será o coeficiente de majoração da carga atuante e que é fruto da interação momento/cortante atuante na laje. A Equação 2.2 pode ser escrita então da seguinte forma: db V o u ABu βν =)( (2.8) onde: += cu ABuv JV dbcM 01 γ β (2.9) Vale ressaltar que a relação M/V é constante para cada laje ensaiada, por isso o termo β pode ser tratado como um coeficiente de redução da capacidade resistente, visto que é necessário saber com que carga vertical a laje vai romper em cada ensaio. Dessa forma, pode-se determinar a equação da capacidade resistente à punção de uma laje cogumelo protendida com pilar de extremidade, de acordo com o ACI-318:2002. ( )[ ]ppccpn VdbffV +⋅⋅+= 0' 3,01 ββ (2.10) 31 2.3.2 - NBR 6118:2003 A verificação à punção em lajes pela norma NBR 6118:2003 analisa três superfícies criticas: na primeira superfície critica (Contorno C), do pilar ou da carga concentrada, deve ser verificada a tensão de compressão diagonal do concreto através da tensão de cisalhamento; na segunda superfície (Contorno C’), afastada a 2d do contorno do pilar, deve ser verificada a capacidade da ligação à punção associada à tensão resistente da compressão diagonal; e a terceira superfície (Contorno C’’) apenas é verificada quando for preciso colocar armadura transversal de cisalhamento. 2d2d da lajeda laje reduzido u* Perímetro crítico Perímetro crítico u Borda livre C1 C2 2d2d Borda livre 1,5d e 0,5C1 Figura 2.12 – Perímetro crítico de punção (NBR 6118:2003) Deve ser verificada indiretamente a tensão de compressão diagonal do concreto através da tensão de cisalhamento no contorno do pilar (Contorno C), em lajes submetidas à punção, com ou sem armadura de punção, de acordo com a Equação 2.11. cdvRdefsd fαττ 27,02, =≤ (2.11) onde: ) 250 f1( ckv −=α ; com fck em MPa. (2.12) 32 Além da verificação da tensão resistente no contorno crítico C, deve ser feita uma verificação da tensão resistente na superfície crítica C’, de acordo com a Equação 2.13. 3/1 1, )..100)(/201(13,0 ckRdefsd fd ρττ +=≤ (2.13) onde: d = altura útil da laje ao longo da superfície crítica C’ da área da aplicação da força (cm); ρ = taxa de armadura de flexão aderente calculada para uma faixa igual a 3d da face do pilar; A tensão atuante na superfície crítica é calculada fazendo uma interação entre o momento e o cortante atuante na laje, levando em consideração as características do pilar e da laje. Quando não agir momento no plano paralelo à borda livre a tensão atuante deve sercalculada usando a Expressão 2.14. dW MK du F p SdSd Sd 1 11 * + ⋅ =τ (2.14) onde: 0*)(1 ≥−= SdSdSd MMM (2.15) Fsd = força ou reação concentrada de cálculo; d = altura útil da laje = 0,5(dx+dy); u* = perímetro crítico reduzido; MSd = momento de cálculo no plano perpendicular à borda livre em relação ao eixo que passa pelo centro do pilar; MSd* = momento de cálculo resultante da excentricidade do perímetro crítico reduzido u* em relação ao centro do pilar; WP1 = módulo de resistência plástica perpendicular à borda livre, calculado para o perímetro crítico u. O desenvolvimento para se chegar à equação de WP1 para lajes cogumelo com pilares interior e de extremidade é apresentado no Anexo C. A norma NBR 6118:2003 adota o 33 mesmo critério para o cálculo de W1 utilizado pelo EC2:2002 e pelo FIP:1998. O valor de WP1 para lajes cogumelo com pilares de extremidade pode ser tomado por: 1 2 2 21 2 1 1 8222 dcddc ccc WP π++++= (2.16) Tabela 2.8 – Valores estabelecidos para K1 (NBR 6118:2003) C1/C2 0,5 1,0 2,0 3,0 K1 0,45 0,60 0,70 0,80 C1 é a dimensão do pilar paralela à excentricidade da força; C2 é a dimensão do pilar perpendicular à excentricidade da força; Com relação aos efeitos da protensão, a norma introduziu como redução da força efetiva o valor correspondente à força devida ao efeito da inclinação dos cabos que atravessam o contorno considerado e passam a menos de d/2 da face do pilar. Dos cabos que passam a menos de d/2 da face do pilar, a parcela da carga equilibrante deve ser calculada de acordo com o esquema da Figura 2.13. 2P.sen P.sen P α 2d α α 2d P.senα P α Figura 2.13 – Representação da carga equilibrante (NBR 6118:2003) A tensão atuante efetiva, τSd,ef, deve ser calculada levando em consideração o efeito dos cabos inclinados que atravessam o contorno considerado e passam a menos de d/2 da face do pilar e deve ser calculada usando a seguinte expressão: PdSdefSd τττ −=, (2.17) onde: 34 du senP iik Pd . inf,∑= ατ (2.18) onde: τPd = tensão devida ao efeito da inclinação dos cabos; Pkinf,i = força de protensão do cabo i; αi = inclinação do cabo i em relação ao plano da laje no contorno considerado; u = perímetro crítico considerado, em que se calculam τSd,ef e τSd. Tal como mostrado no item 2.3.1, será considerado um coeficiente β que será o coeficiente de majoração da carga atuante. Dessa forma, a Equação 2.14 pode ser escrita da seguinte forma: du FSd Sd ⋅ = * βτ ; (2.19) onde: += 1 11 *1 pSd Sd WF uMK β ; (2.20) Como a relação M/V é constante para cada ensaio, a capacidade resistente à punção de uma laje cogumelo protendida com pilar de extremidade, de acordo com a norma NBR 6118:2003, pode ser calculada pela equação: ( )pcR VVP += β 1 ; (2.21) onde: Vc = parcela da resistência do concreto juntamente com contribuição da armadura passiva; Vp = parcela devido à curvatura vertical dos cabos que atravessam o contorno considerado. 35 2.3.3 - FIP:1998 (Fédération Internationale de la Précontrainte) As recomendações do FIP:1998 para as verificações de punção em lajes cogumelo protendidas consideram lajes com altura constante dentro de uma área crítica, podendo ter diferentes níveis de protensão nas duas direções ou ser protendida em apenas uma direção. A carga efetiva atuante de punção pode ser definida levando-se em conta os efeitos de um possível momento transmitido entre a laje e o pilar. A carga efetiva aplicada é dada pela seguinte expressão: ),(, PPPP SdSdeffSd β= (2.22) PSd(PSd,p,P) é obtido pela análise de cargas externas e cargas de protensão. PSd é a carga atuante na laje e pode ser reduzida da carga equilibrante de protensão que age dentro de um perímetro que dista 0,5h da face do pilar ou da carga aplicada. O coeficiente β para ligações laje-pilar de extremidade, na qual a excentricidade perpendicular à extremidade livre da laje é na direção do interior da laje, é dado por: += 1 1 * 1 1 wP uM k u u Sd Sdβ (2.23) O valor de k depende da relação entre as dimensões do pilar, e é mostrado na Tabela 2.9. Tabela 2.9 – Determinação do coeficiente k (FIP:1998) c1/c2 0,5 1,0 2,0 3,0 k 0,45 0,60 0,70 0,80 c1 (paralelo à excentricidade, dada por e = MSd/PSd) e c2 (perpendicular à excentricidade) O parâmetro w1 pode ser determinado por: ∫= 1 01 u dlew (2.24) onde: dl = comprimento infinitesimal do perímetro crítico u1; e = distância de dl ao eixo em que atua o momento MSd. 36 De acordo com o exposto no Anexo C, o valor de w1, para lajes cogumelo com pilares de extremidade, pode ser determinado pela seguinte equação: 1 2 2 21 2 1 1 8222 dcddccccw π++++= (2.25) O perímetro de controle u1 e o perímetro de controle reduzido, u1* são obtidos a partir do contorno afastado de 2d da face do pilar ou área carregada de acordo com a Figura 2.14. Zona de ancoragem Perímetro de controle reduzido u*1 2d 2d C1 C2 2d 2d 1,5d e 0,5C1 Menor valor entre Perímetro de controle u1 Figura 2.14 – Perímetro de controle de punção (FIP:1998) A carga efetiva de punção, apresentada na Equação 2.22, pode ser reduzida pela carga de punção de descompressão equivalente Pp0. 0, ),( pSdSdeffSd PPPPP −= β (2.26) O efeito da compressão da protensão pode ser obtido pela equação: yx yxxy p bb bPbP P + + = 000 (2.27) onde bx e by são as dimensões do perímetro de controle em x e em y. Px0 e Py0 são as forças de descompressão correspondentes às forças de protensão nas duas direções. As forças de descompressão devem ser calculadas usando: 37 Sd ySd y x PM M P 00 = e Sd xSd x y PM M P 00 = (2.28) onde PSd = PSd(PSd,P) é a força de punção de projeto e MxSd(PSd,P) e MySd(PSd,P) sãos os momentos fletores na face do pilar para a largura bx e by, respectivamente, definido como: 6 2 0 hbM xcpyx σ= e 6 2 0 hb M ycpxy σ= (2.29) onde σcpx e σcpy são as tensões principais na seção transversal da laje devido a protensão. A Equação 2.26 pode ser tomada como sendo: 0,, )( ppSdSdeffSd PPPP −−= β (2.30) onde: PSd = carga vertical atuante na laje (reação do pilar); PSd,p = parcela da carga equilibrante de protensão que age dentro de um perímetro que dista 0,5h da face do pilar ou da carga aplicada; Pp0 = parcela carga de punção de descompressão equivalente ou de compressão no plano. O valor de PSd,p, ou parcela da carga equilibrante deve ser obtido pelo esquema da Figura 2.15. P.tan P α 0,5h α α 0,5h P.tan α P α 2P.tan Figura 2.15 – Parcela da carga equilibrante (FIP:1990) 38 O valor da carga resistente à punção, em Newtons, com fck em MPa, pode ser obtido pela expressão: dufP ckRd ..).100(12,0 1 3/1ρξ= (2.31) onde: d 2001+=ξ , d em milímetros; ρ = taxa de armadura de flexão aderente calculada para uma faixa igual a 2d da face do pilar; u1 = perímetro de controle; d = altura útil da laje; Fck = resistência característica do concreto. Para a verificação ser satisfeita é necessário que PSd,eff ≤ PRd. Dessa maneira, pode-se criar uma expressão para a carga resistente da punção em lajes cogumelo protendidas com pilares de extremidade: [ ] pSdpckRd PPdufP ,013/1 ..).100(12,01 ++= ρξβ (2.32) SdeffSd PP =, (2.33) Silva (2005) apresenta a equação da carga resistente de uma laje cogumelo protendida com pilar interno pelo FIP:1998 da seguinte forma: pe p pPcRkRk mm m VVVVV '' ' )( 0, − −++= (2.34) O mesmo autor apresenta a Equação 2.34 de modo que a relação de V/m’ seja conhecida e apresenta a Equação 2.35. ( ) ( ) ( )[ ] 0'' ' '' ' 0,,0 2 =++ + +++ − pppcRkpepcRkpepRkRk VmVVmm VVVmm m VVV (2.35) 39 Porém, a Equação 2.35 considera uma
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