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AS PODEROSAS FERRAMENTAS DE GESTÃO DA EMOÇÃO PARA RELAÇÕES SAUDÁVEIS ATENÇÃO! Leia o QR Code abaixo com seu celular para receber bônus exclusivos do Dr. Augusto Cury Siga o autor em suas redes sociais e receba outros conteúdos especiais AS PODEROSAS FERRAMENTAS DE GESTÃO DA EMOÇÃO PARA RELAÇÕES SAUDÁVEIS MANUAL DE PSICOLOGIA APLICADA PARA CASAIS, PAIS E FILHOS, EMPRESÁRIOS E COLABORADORES CDD 158.2 Copyright © Augusto Cury, 2022 Direitos reservados desta edição: Dreamsellers Pictures Ltda. Título: As poderosas ferramentas de gestão da emoção para relações saudáveis 1ª edição: março 2022 O conteúdo desta obra é de total responsabilidade do autor. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, em nenhum meio, sem autorização prévia por escrito da editora. Autor: Augusto Cury Preparação: Lúcia Brito Projeto gráfico: Dharana Rivas Imagem de capa: Dim Hou/Pixabay Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Cury, Augusto As poderosas ferramentas de gestão da emoção para relações saudáveis : manual de psicologia aplicada para casais, pais e filhos, empresários e colaboradores / Augusto Cury. � Ribeirão Preto : Dreamsellers Editora, 2022. ISBN 978-65-84661-04-2 1. Relações humanas 2. Desenvolvimento pessoal I. Título. 22-1216 Angélica Ilacqua - CRB-8/7057 DREAMSELLERS EDITORA www.dreamsellers.com.br editora@dreamsellers.com.br http://www.dreamsellers.com.br/ mailto:editora@dreamsellers.com.br Dedico este livro a você que procura intensamente ter uma mente livre e saudável. Não há céus sem tempestades nem caminhos sem acidentes. Drama e comédia, riso e lágrimas fazem parte da nossa história. Todos enfrentamos invernos existenciais. Como sobreviver a eles? Há pelo menos duas maneiras: com sementes ou com madeira seca. Qual você prefere? A maioria prefere resultados rápidos: a madeira. Mas a madeira rapidamente se acaba e o frio retorna. Neste livro você usará as sementes, ou ferramentas. Plante as sementes em seu psiquismo e as irrigue todos os dias. Assim, terá uma �oresta e jamais lhe faltará madeira para se aquecer. Você adquirirá habilidades para superar o cárcere da emoção e equipará seu Eu para se tornar autor de sua própria história. Sumário Introdução 1. Conhecer os bastidores da mente 2. Romper o Circuito Fechado da Memória 3. Conhecer e compreender os diferentes tipos de Eu 4. Perder o medo de perder 5. Proteger a emoção 6. Promover a comunicação multifocal 7. Desenvolver resiliência como alicerce das relações 8. Promover a arte de conquistar pessoas 9. Aprender a namorar a vida 10. Investir na felicidade do outro para ser feliz Resumo As relações saudáveis suprem nossas necessidades de afeto, de inclusão, de amar e ser amado, de pertencimento. Viver é relacionar-se, por isso, quanto mais habilidades desenvolvemos para lidar com as pessoas, mais felizes somos. Relacionar-se é uma das melhores coisas da vida, está correlacionado a compartilhar. É descobrir e aprender a respeitar a individualidade do outro. É conquistar o território psíquico do outro e permitir que o outro descubra, conheça e conquiste você. Construímos relações para diminuir o abismo entre nós e as outras pessoas. É preciso ter cumplicidade. O grande segredo é como construir relações saudáveis que nos libertem, não que nos aprisionem. Para promover relações saudáveis é preciso, antes de tudo, entender que ninguém dá o que não tem. Temos destruído o melhor de nossas relações porque cobramos dos outros aquilo que não podem dar e não sabemos elogiar o que nos oferecem de melhor. Exigimos perfeição. Mas, ao contrário, devemos oferecer o que há de melhor em nós mesmos, aprendendo também a reconhecer o que há de melhor no outro. Ninguém é uma ilha física, psíquica e social dentro da humanidade. Os mínimos comportamentos podem provocar grandes reações na vida de outra pessoa. Somos inevitavelmente responsáveis, em maior ou menor proporção, pela prevenção de padrões não saudáveis em nossas relações. As poderosas ferramentas de gestão da emoção para relações saudáveis expostas neste livro são ferramentas pertencentes à teoria da inteligência socioemocional (multifocal) que utilizei em mais de 20 mil sessões de psicoterapia e consultas psiquiátricas ao longo de minha carreira como pro�ssional de saúde mental e pesquisador do processo de construção de pensamentos, formação do Eu, papéis conscientes e inconscientes da memória, educação da emoção e formação de pensadores. Tais ferramentas pretendem dar um norte, rever rotas, treinar nossas habilidades, reciclar nossas loucuras, refundar alguns alicerces da relação. Essas ferramentas não são rígidas nem rápidas, muito menos mágicas. Entretanto, se aplicadas sistematicamente, podem ser e�cientes. Além disso, são universais; grande parte delas pode e deve ser aplicada por todas as pessoas de todas as idades, povos, culturas, níveis acadêmicos. Não há nada tão saudável quanto construir relações sociais saudáveis, fundamentadas em amor inteligente, elogio, apoio, diálogo, tranquilidade, generosidade, investimento em sonhos e reconhecimento de erros. Convido você a conhecer as poderosas ferramentas de gestão da emoção das relações saudáveis e decifrar os códigos das relações inteligentes. Dr. Augusto Cury A Teoria da Inteligência Multifocal (TIM) estuda o funcionamento da mente, os fenômenos inconscientes que constroem os pensamentos, os papéis da memória e da emoção no desenvolvimento psicossocial. O objetivo é formar pensadores, pessoas capazes de analisar e intervir em seus processos emocionais, de pensamento e de tomada de decisão a partir do olhar multifocal. A aplicação dessa teoria se dá por meio de ferramentas psicológicas e psicopedagógicas para desenvolver as habilidades de administração do estresse, gerenciamento da ansiedade, reedição do �lme do inconsciente e construção de relações saudáveis. A TIM CONTEMPLA TRÊS IMPORTANTES ASPECTOS: 1. Desenvolvimento das funções complexas da inteligência e de novas competências – proteção da emoção, gerenciamento dos pensamentos, postura empreendedora e criatividade, autodisciplina, liderança, autocrítica, raciocínio esquemático, pensar antes de reagir, colocar-se no lugar dos outros, entre outros. 2. Promoção da saúde emocional e prevenção de transtornos psíquicos – gerenciamento de estresse, ansiedade, timidez, insegurança, elevação da autoestima, prevenção de depressão, fobias, entre outros. 3. Construção de relações intra e interpessoais saudáveis – aprender a se relacionar consigo e com os demais, tolerância, trabalho em equipe, administração de con�itos, carisma, entre outros. Conviver com pessoas é uma das tarefas mais complexas e saturadas de aventura da agenda humana. Nada produz tantas alegrias e nada fomenta tantas dores de cabeça. Ser individualmente inteligente não quer dizer construir uma relação inteligente e saudável. Quem usa a emoção apenas para sustentar relacionamento corre o risco de ver seus sentimentos �utuando entre o deserto e as geleiras. Num momento, a pessoa vive as labaredas da paixão, noutro vive os glaciares dos atritos. Num período troca juras de amor, noutro troca golpes de ciúmes. Hoje é dócil como os anjos, amanhã é implacável como carrascos. Que tipo de relação você tem: saudável ou doente, inteligente ou desinteligente? A relação desinteligente é intensamente instável, enquanto a relação saudável, ainda que golpeada por focos de ansiedade, tem estabilidade. A relação desinteligente é saturada de tédio, enquanto a saudável tem uma aura de aventura. Na relação desinteligente um é perito em reclamar do outro, enquanto na relação saudável um se curva em agradecimento ao outro. Na relação desinteligente os atores são individualistas, pensam somente em si, enquanto na saudável são especialistas em procurar fazer o outro feliz. Na relação doente se cobra muito e se apoia pouco; na saudável se doa muito e se cobra pouco. As poderosas ferramentas de gestão da emoção para relaçõessaudáveis pretendem dar um norte, rever rotas, treinar as habilidades, reciclar as loucuras, refundar alguns alicerces da relação. Essas ferramentas não são rígidas, rápidas e muito menos mágicas. Entretanto, se aplicadas sistematicamente, podem ser e�cientes. Jamais se deve esquecer que as ferramentas socioemocionais devem ser trabalhadas e treinadas diariamente como ferramentas pelo Eu. Uma relação saudável e inteligente precisa de uma nova agenda, uma estratégia prolongada e vivenciada ao longo de semanas, meses e anos. Mas os resultados podem ser fascinantes. Usamos o pensamento para pensar o mundo, mas se o usarmos para pensar como pensamos, entenderemos que todos somos meninos diante de tão inso�smável complexidade. Não há como falar de relações saudáveis ou doentias sem entender minimamente o tijolo básico da psicologia e de todas as ciências humanas, o fenômeno mais complexo: o pensamento! Conhecer quem somos, pelo menos minimamente, muda a nossa maneira de ser, reagir e nos relacionarmos. O pensamento é o instrumento fundamental para interpretar, julgar, analisar, construir, excluir, incluir, doar-se, ser egoísta, ser seguro, fóbico, alegrar-se, entristecer-se, amar, odiar. Brilhantes pensadores, como Sartre, Freud, Jung, Adler, Skinner, Roger, Piaget, Kant, Hegel e Descartes, não tiveram a oportunidade de estudar sistematicamente o pensamento e usaram-no como um tijolo pronto para edi�car teorias sobre a formação da personalidade, dos traumas, das relações sociais, do processo de aprendizado, inclusive sobre o ser humano como agente sociopolítico. Infelizmente, por não termos estudado o tijolo básico da mente humana, estamos, na melhor das hipóteses, apenas na adolescência cientí�ca. O pensamento é real ou virtual? O pensamento expressa a verdade pura? O que pensamos de uma pessoa é realmente o que ela é? E o que você pensa sobre você é real? Para compreendermos as relações, é necessário antes conhecer como funciona a virtualidade dos pensamentos. Qual a distância entre, por exemplo, o que um pai pensa de um �lho e o que este realmente é? Fisicamente, a distância entre eles pode ser de alguns metros, mas em relação à natureza dos pensamentos ela é in�nita, intransponível. Os seres humanos vivem em universos paralelos por causa da natureza virtual da consciência existencial. Parece que entendemos as ideias, emoções, sonhos, pesadelos dos outros, mas o fazemos a partir de nós mesmos, pois vivemos em mundos mais distantes do que imaginamos. Pais e �lhos, professores e alunos, executivos e funcionários, psicólogos e pacientes vivem numa solidão muito maior do que acreditam ou sentem. Não nos referimos à solidão social, à solidão do abandono físico ou do autoabandono, mas sim à solidão gerada pela natureza virtual dos pensamentos. Chocante, mas poético. Espantoso, mas necessário. Estamos próximos, mas in�nitamente distantes das pessoas. A virtualidade dos pensamentos pode nos abalar, mas sem ela jamais seríamos uma espécie pensante, não desenvolveríamos uma consciência existencial tempo-espacial, nunca resgataríamos o passado e menos ainda pensaríamos no futuro. Somente na esfera da virtualidade os pensamentos conscientes se libertam da realidade concreta e partem para as raias da imaginação. Construímos nos sonhos ricos ambientes e personagens. Isso só é possível devido à natureza virtual e plástica dos pensamentos conscientes. O passado é irretornável, e o futuro é irreal, mas resgatamos o passado e nos alegramos ou nos culpamos com esse resgate, construímos fatos futuros e somos estimulados ou amedrontados por essa construção. E novamente essa habilidade só é possível pela �uidez indescritível da consciência virtual. Se você �zer uma viagem e se afastar dos seus �lhos e amigos, poderá recordar-se deles em seu psiquismo, lembrar-se de fatos e circunstâncias que viveram juntos. Se o pensamento tivesse a necessidade vital de incorporar a realidade do objeto no ato de pensar, não seria possível imaginá-los, porque seria preciso tê-los substancialmente na mente. A consciência virtual libertou o psiquismo humano para ter virtualmente as pessoas, se relacionar, conversar, recordar decepções e alegrias. Se não houvesse essa liberdade criativa e essa plasticidade construtiva na esfera da virtualidade, não nos recordaríamos das pessoas que amamos, não sentiríamos saudade quando elas partissem, não viveríamos o aperto da solidão nem choraríamos. Lágrimas, sentimento de perda, mágoa, raiva, alegria, amor ocorrem porque há fascinantes diretores de cinema no estúdio de nossas mentes: o Eu como diretor principal e o fenômeno do Auto�uxo como diretor coadjuvante. Eles leem as inumeráveis Janelas da Memória e, na esfera da imaginação, criam dramas, romances e comédias fascinantes, ainda que, em alguns casos, perturbadores. A esfera da virtualidade emancipou o psiquismo humano para pensar, criar, construir, mas também o aprisionou. A liberdade criativa e a plasticidade construtiva virtual trouxeram alforria para o imaginário humano, mas o colocaram numa grande armadilha. Como não temos a realidade do objeto pensado, podemos fazer diagnósticos completamente errados sobre ele. Como temos visto, podemos diminuir e minimizar ou aumentar e maximizar o valor das pessoas. Podemos fazer análises, observações, julgamentos distorcidos. A esfera da virtualidade liberta o Eu, mas, paralelamente, exige que ele pense com maturidade para prevenir atrocidades. O pensamento consciente, embora nunca atinja a realidade essencial do objeto pensado, pode se aproximar dele se, como vimos, o Eu desenvolver múltiplas habilidades, como raciocinar multifocalmente, expandir o pensamento indutivo/abstrato, re�nar o pensamento antidialético, aprender a pensar antes de reagir. POR CAUSA DA SOLIDÃO PARADOXAL DA CONSCIÊNCIA EXISTENCIAL. Ela representa um dos fenômenos psicossociais mais complexos de todas as ciências humanas. Está ligada à natureza virtual e intrínseca da consciência humana. Devido ao fato do pensamento ser de natureza virtual e, portanto, não incorporar a realidade do objeto pensado, o ser humano é marcadamente só. Compreender essa tese não apenas muda a maneira como construímos e entendemos as relações sociais, mas também afeta alguns fenômenos mais importantes da sociologia, psicologia social, direitos humanos, relações sociopolíticas. Ela revela que todo ser humano é um ser dramaticamente solitário e que procura desesperada e inconscientemente escapar da masmorra da virtualidade produzida na consciência existencial. Assim como uma masmorra física leva um prisioneiro a querer de todos os modos escapar a masmorra da consciência virtual movimenta a mente de crianças e adultos para produzir a curiosidade, os desejos, a exploração, a sede de aprender, a motivação pela pesquisa cientí�ca, a procura de um pelo outro. A consciência humana, por ser de natureza virtual e, portanto, não incorporar a realidade do mundo, gera uma ansiedade vital que estimula o Homo sapiens a ser incontrolavelmente um Homo socius, um ser social. De acordo com a TIM, o ser humano não é um ser social pelas necessidades afetivas, de cooperação e sobrevivência, nem somente pelo pool de experiências arquivadas na memória ao longo do processo de formação da personalidade, mas sim pela ansiedade vital intrínseca e inconsciente de romper o cárcere da virtualidade da consciência. A história contada no �lme Náufrago é um exemplo de como relacionar- se é inevitável. Chuck Noland, personagem interpretado por Tom Hanks, é um funcionário de uma multinacional encarregada de enviar cargas e correspondências. Ele tem a função de checar vários escritórios da empresa pelo planeta. O emprego exige muita dedicação, assim, ele tem pouco tempo para a noiva e para os amigos. Retornando de uma viagem à Rússia, ele sofre um acidente aéreo e �ca preso em uma ilha deserta no meio do Pací�co Sul. Seu desa�o é lutar pela sobrevivência, encontrar água, comida e abrigo. Em um acesso de raiva, Chuck pega uma bola de vôlei com sua mão sangrandoe a joga para longe, fazendo assim com que permanecesse na bola uma mancha similar a um rosto humano. Então ele cria Wilson, e o trata como um amigo para superar a solidão de sua consciência virtual. A experiência de viver isolado é muito sofrida, então ele criou um personagem para se relacionar. É o que fazemos diariamente em nossa mente para superar o cárcere da virtualidade da consciência. Não alcançamos o outro em sua realidade plena, mas tentamos sempre nos aproximar o máximo possível disso. Após quatro anos, Chuck volta para a civilização como um homem profundamente mudado. Como voltar a se relacionar com o outro quando passou anos relacionando-se apenas consigo? 1. Como estudamos, o pensamento é virtual. Você questiona as suas interpretações? 2. Você consegue analisar suas relações, identificando quais são saudáveis e quais são não saudáveis? Para entendermos o Circuito Fechado da Memória e a formação das crenças, é necessário aprender o processo de construção de pensamentos. Os estímulos externos e internos de natureza negativa, como ofensas, traumas, rejeições, tristeza, ou de natureza positiva, como altruísmo, compreensão, apoio, afeto, alegria, são captados pelos nossos sentidos (olfato, paladar, tato, audição e visão). O registro desses estímulos é automático e involuntário, produzido por um fenômeno inconsciente chamado Fenômeno RAM (Registro Automático da Memória). Não apenas o que o nosso Eu deseja será arquivado, mas também o que ele odeia e despreza. Tudo o que mais detestamos ou rejeitamos será registrado com maior poder, formando Janelas Traumáticas, denominadas Killer. O processo de leitura dessas Janelas, sejam elas Killer ou Light, é realizado pelo Fenômeno do Auto�uxo, que é uma energia vital. O Auto�uxo tem duas importantes funções: trafegar pela memória e construir cadeias de pensamentos, imagens mentais e fantasias a partir das Janelas arquivadas na memória e também a função de produzir a maior fonte de entretenimento humano, o mundo dos pensamentos. Inspirar, aspirar, desejar, motivar, sonhar, ansiar são frutos desse fenômeno. Por termos consciência desse processo, sabemos que, uma vez registrados, os pensamentos e as emoções se transformarão em Janelas da Memória e, com a energia do Auto�uxo, em Plataformas saudáveis ou não saudáveis. Essas Janelas e Plataformas, por sua vez, irão determinar e in�uenciar nossas atitudes, ações e comportamentos. É importante compreender que o Auto�uxo não tem consciência de que o conteúdo da Janela seja saudável ou não; onde existe emoção, ele se aloja e começa repetidamente a retroalimentar a experiência e a expandir as Janelas. O Auto�uxo é o maior construtor da usina de pensamentos e crenças. É responsável por produzir um �uxo de pensamentos e emoções durante toda a história de vida humana. Como você gasta a maior parte do seu tempo? Pensando! Grande parte de nossas angústias, distrações, sonhos, apreensões, expectativas não é motivada diretamente pelos estímulos externos, mas pelo conjunto de pensamentos que diariamente produzimos. O grande problema é que, se as ideias produzidas pelo Auto�uxo forem negativas, serão registradas privilegiadamente pelo Fenômeno RAM, retroalimentando assim nossas doenças – fobias, pânico, insegurança, obsessões. No processo de construção de pensamentos e atitudes, o Eu pode atuar na leitura e na interpretação das Janelas da Memória e na execução das atitudes e dos comportamentos. O Circuito Fechado da Memória é uma leitura de mundo limitada e encarceradora, construída por diversas Janelas Killer que acabaram por se transformar em Plataformas. Essas Plataformas impactam de maneira poderosa nossas atitudes, gerando repetições acríticas e inconscientes em nossa forma de viver. Crenças podem ser dogmas religiosos, crendices, superstições, preconceitos, paradigmas cientí�cos, verdades irreais. Todos nós temos algumas crenças, mesmo as pessoas mais racionais. No mínimo 50% do potencial de um ser humano, seja ele um intelectual ou iletrado, professor ou aluno, é tolhido ou contraído pelas crenças ao longo da vida. Se as crenças afetam o pensamento de forma exagerada, geram temores ou euforia desproporcionais. No campo dos temores, geram medo de conquistar, escrever, debater, sonhar, ousar, caminhar e produzir. No campo da euforia, geram delírio de grandeza, necessidade doentia de poder, necessidade neurótica de estar sempre certo, orgulho, egocentrismo, autossu�ciência. Muitos jovens têm crenças que amordaçam sua inteligência. Acham-se incapazes de atingir seus sonhos, inábeis para superar suas limitações. Até pessoas invejadas culturalmente têm seus nichos intelectuais doentios. Desenvolvemos ao longo de nossa existência as mais variadas crenças sobre nós mesmos e sobre o mundo que nos rodeia. Desenvolvemos crenças sobre autoestima, nosso corpo, nossas relações, carreiras… Só que geralmente permitimos que algumas delas limitem nossas vidas, nossas atitudes em direção a uma vida mais saudável. São as crenças que sabotam nossos relacionamentos. Estamos presos ao Circuito Fechado da Memória das nossas crenças, interpretamos a realidade com amarras e visões distorcidas por conta de nosso encarceramento psíquico. Escravos da ansiedade, impulsividade, medo, intolerância, timidez, irritabilidade, estresse, preocupações com o amanhã e o excesso de atividades. Se considerarmos a mente humana como um grande teatro, é possível a�rmar que, devido à fragilidade do Eu para atuar dentro de si, a maioria das pessoas �ca na plateia assistindo passivamente a seus con�itos e misérias psíquicas encenados no palco. Precisamos sair da plateia, subir ao palco dos nossos pensamentos e emoções e dirigir a nossa história. Precisamos aprender a questionar nossas crenças e interpretações para construir relações saudáveis! Vamos permitir que nossas crenças nos aprisionem dentro de nós mesmos? O que fazer então? Não podemos �car parados e omissos em relação às crenças. É preciso estar aberto para questionar mesmo aquelas que parecem mais enraizadas em nosso psiquismo. Por isso o Eu precisa aprender a ser o gestor da mente, o autor de sua própria história, e a questionar suas crenças e convicções; caso contrário, �caremos presos no Circuito Fechado da Memória de nossas crenças, reproduzindo padrões não saudáveis que comprometem nossas relações. A Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA) é a hiperconstrução de pensamentos em uma velocidade tão alta que estressa e desgasta o cérebro. Ela compromete a interiorização, a concentração, a observação, a dedução, a indução, bloqueando funções vitais do intelecto. Uma pessoa com pensamentos acelerados tem mais di�culdade de elaborar suas perdas, administrar suas decepções, re�etir sobre suas falhas. A SPA não é um estresse corriqueiro e temporário como muitos pensam, é uma exacerbação da construção de pensamentos que gera inquietação, ansiedade crônica e insatisfação prolongada. Na SPA, as emoções prazerosas não são estáveis nem profundas. Pensar é bom, pensar com consciência crítica é maravilhoso, mas pensar demais compromete nossas relações. Somos rápidos em responder. Não questionamos nossas convicções antes de falar. Não questionamos a falta de e�cácia e resultado de nossa agenda de urgências. Não questionamos o que é prioridade em nossa vida. Ficamos impacientes e perdemos a paciência por pequenas coisas. Não conseguimos contemplar o belo no outro, na vida porque não estamos inteiros no momento presente. Sem uma gestão ativa do Eu viramos marionetes dos nossos pensamentos, somos controlados por eles e perdemos detalhes signi�cantes de nossas vidas. Deixamos de aproveitar a companhia daqueles que nos são caros pelo excesso de atividades. O estresse causado pelos pensamentos acelerados nos deixa menos tolerantes, o que nos faz construir relações não saudáveis. Uma mente hiperacelerada tem tendência a ser impulsiva, a não pensar antes de agir e reagir e a ter baixo nível de paciência com �lhos, amigos, cônjuge, colegas de trabalho. Esses comportamentoscomprometem a afetividade, a estabilidade e a profundidade das relações interpessoais. Pessoas desinteligentes são máquinas de trabalhar, vivem ansiosas, querem tudo rápido e pronto, não elaboram suas experiências. Gastam energia cerebral vital com pequenos problemas, com atritos tolos. Vivem debaixo do cárcere do Circuito Fechado da Memória. Não se reinventam, não têm foco. A técnica do DCD (Duvidar, Criticar, Determinar) é utilizada durante o foco de tensão, isto é, no momento em que nos encontramos aprisionados pelas Janelas Killer e pelo Fenômeno de Auto�uxo. A dúvida é o princípio da sabedoria na Filoso�a. Os �lósofos sempre usaram essa ferramenta psicológica, não aceitando de forma passiva as verdades que a sociedade de seu tempo impunha. Eles se permitiam o benefício da dúvida diante de dogmas e crenças. Será que não abrimos mão, com muita facilidade, dessa ferramenta de proteção psíquica nos tempos atuais? Por que devemos aceitar e acreditar com tanta facilidade em tudo aquilo que nos falam sobre o que fazer para ser feliz, o que ter para ser respeitado? Duvidar signi�ca pensar, questionar nossas crenças. Duvide de tudo que lhe perturba. Não acredite em tudo que dizem e nem em tudo que sua mente também diz. Duvide de que você não consiga superar seus con�itos, suas di�culdades, seus desa�os. Criticar é o princípio da sabedoria na Psicologia. Toda verdade tem pelo menos duas versões ou mais. Criticar é saber �ltrar, observar incoerências nos nossos discursos e nos dos outros, comparar, colocar-se no lugar do outro, relativizar, enxergar com outros pontos de vista o mesmo fenômeno. A crítica fortalece o Eu diante de processos de manipulação tanto internos (autoboicotes) quanto externos. Por exemplo, a consciência crítica do Eu é capaz de retroceder diante de impulsos de consumo irracionais e fazer perguntas e críticas importantes como: isso é um desejo, uma carência ou uma necessidade? Quais serão as consequências se eu comprar agora? Tenho poder econômico para isso neste momento? Critique crenças, verdades, padrões mentais, aprenda a aprender, questione o porquê de seus sentimentos, convicções, certezas antes de segui- los cegamente. Determinar é o princípio da sabedoria nos Recursos Humanos. Não basta duvidar e criticar, é preciso determinar para construir novas Janelas saudáveis. No caso do exemplo anterior, se você aprender a fazer perguntas e críticas válidas diante de um impulso de consumo irracional, o próximo passo é determinar não comprar, resistir à tentação. Determine ser alegre, seguro, forte. Determine não ser escravo de seus con�itos e de suas crenças. Decida ter encanto pela vida, contemplar o belo, lutar pelos seus sonhos e por suas relações. A cada pensamento de dúvida, de crítica e a cada atitude de determinação que tivermos, o Fenômeno RAM estará registrando novas Janelas, construindo Plataformas saudáveis, e o Auto�uxo fortalecerá positivamente esse processo de intervenção do Eu em nossa mente, rompendo o Circuito Fechado da Memória. O DCD é uma prática importantíssima para que o Eu possa se desenvolver. Quando usamos essa técnica, questionamos nossas verdades, nossas crenças, construímos Janelas Light, abrimos o leque da nossa inteligência e expandimos nossas capacidades. Quem duvida da sua interpretação, critica seus pensamentos negativos, determina não ser escravo dos pensamentos antecipatórios, aprendeu a engenharia mental que o Eu é capaz de concretizar na mente. A MESA-REDONDA DO EU É: Um debate lúcido, aberto e silencioso que o Eu realiza com seu próprio ser. Uma reunião com nossa própria história. Uma intervenção direta em nossos traumas, con�itos, crenças, di�culdades, temores. Uma revisão de metas, uma reavaliação de postura de vida. O exercício pleno da capacidade de decidir, questionar e dirigir a própria história. Percorrer as trajetórias do próprio ser e tornar-se um grande amigo de si mesmo. Aquietar os pensamentos e apaziguar a emoção. A Mesa-Redonda do Eu é um dos exercícios intelectuais mais importantes do ser humano, mas um dos menos praticados. O grau de sabedoria e maturidade de uma pessoa não é dado pelo quanto ela tem de cultura acadêmica, sucesso empresarial e social, mas pela sua capacidade e frequência de fazer uma Mesa-Redonda com o próprio ser, de questionar seus pensamentos e emoções, de criticar suas verdades, de repensar sua vida, de refazer caminhos. Você reúne-se com seu próprio ser? Analisa seus caminhos? Devemos não apenas falar sobre nossos medos, mas com nossos medos. Devemos não apenas dialogar sobre nossos con�itos, mas com nossos con�itos, com nosso mau humor, intolerância, insegurança. Cada ser humano deve ter momentos particulares consigo mesmo. Deve exercitar ser seu grande amigo. Deve aprender a se interiorizar, caminhar nas trajetórias de seu ser e ter o prazer de um autodiálogo aberto, uma conversa íntima, uma re�exão existencial. Muitas pessoas, em particular os jovens, se deprimem quando estão sozinhas, não sabem ser companheiras de si mesmas. As falsas crenças (sentimento de incapacidade, complexo de inferioridade, timidez, conformismo, necessidade neurótica de ser perfeito, autocobrança, fobia social, dependência, ansiedade) são mais poderosas que eventuais pensamentos e emoções angustiantes. Os pensamentos angustiantes podem ser construídos a partir de pequenas Plataformas de Janelas Tensionais, enquanto as falsas crenças são núcleos Killer de habitação do Eu e, portanto, geram verdadeiras masmorras. O pensamento, por ser virtual, faz da verdade um �m inatingível; as falsas crenças, porém, têm o poder de transformar a irrealidade em verdade absoluta, criando prisões psíquicas para o Eu que podem perdurar por toda a existência. O Eu autossabotador está sempre construindo armadilhas para que as pessoas vivam como miseráveis. Aplicar a técnica do DCD diariamente sobre as falsas crenças é vital para reeditar os núcleos doentios de habitação do Eu. A técnica do DCD deve ser feita principalmente nos focos de tensão, quando estamos atravessando o calor da insegurança, da ansiedade, do desespero. No foco de tensão não dá para fazer grandes re�exões. É necessário atuar com pensamentos rápidos, que duvidem dos pensamentos doentios e os critiquem, que determinem e até ordenem que a energia emocional seja alegre e tranquila. A técnica da Mesa-Redonda do Eu, diferentemente do DCD, é feita principalmente fora dos focos de tensão, ou seja, antes ou depois de atravessarmos o vale do problema. Em momentos nos quais podemos atuar com calma, re�etir, analisar e discutir nossas angústias, con�itos de relacionamento, falsas crenças, medos, inseguranças, desa�os, questionando suas causas e consequências. As técnicas de DCD e Mesa-Redonda do Eu não apenas reeditam o �lme do inconsciente, mas também têm como objetivo construir Janelas Paralelas Light na memória. Essas duas técnicas são poderosas para quem quer sair da plateia, subir ao palco da própria mente e exercer os papéis solenes de gerenciar pensamentos, proteger a emoção e �ltrar estímulos estressantes. Seja o autor da sua história, rompa o Circuito Fechado da Memória de suas crenças e da SPA para saber desfrutar com sabedoria o que tem no momento e não pautar sua felicidade no futuro, para entender que deve questionar suas verdades e não ficar preso em uma única forma de enxergar o mundo e as pessoas. 1. Reflita sobre quais crenças têm predominado em sua mente e como têm influenciado suas relações. 2. Vimos que a SPA interfere nas relações interpessoais. Como você a tem gerenciado? Muitos confundem o signi�cado do Eu. De acordo com a TIM, o Eu representa nossa consciência crítica, nossa vontade consciente e nossa capacidade de decidir. O Eu é a nossa identidade e não apenas meros pensamentos ou emoções. O Eu é a nossa capacidade de analisar as situações, duvidar, criticar, fazer escolhas, exercer o livre-arbítrio, corrigir rotas, estabelecer metas, administrar as emoções e governar os pensamentos. Um Eu doente, sem estrutura e maturidade,é indeciso, inseguro, instável, impulsivo, ansioso, escravo dos pensamentos e das emoções destrutivas. Mesmo intelectuais, executivos e líderes sociais podem ser ótimos para tratar de problemas externos, mas não para resolver problemas internos. Quando são contrariados, criticados ou atravessam perdas, têm reações agressivas ou sofrem excessivamente. O Eu é o centro da personalidade, o líder da mente, o desejo consciente, a capacidade de autodeterminação e a identidade fundamental que nos torna seres únicos. O Eu tem a capacidade de abrir várias Janelas em determinados momentos existenciais. Um Eu imaturo �ca preso no Circuito Fechado da Memória e desenvolve um padrão comportamental através desse circuito, ou seja, abre apenas um núcleo viciado de Janelas. Um Eu maduro rompe esse padrão com as ferramentas da TIM – DCD e Mesa-Redonda do Eu. Um Eu maduro dá aos outros o direito de abandoná-lo ou criticá-lo, um Eu frágil tem ataques de raiva quando isso acontece. Um Eu maduro e autoconsciente não tem necessidade de controlar o outro. Expõe suas convicções religiosas, políticas, cientí�cas e até esportivas sem medo, com brandura e generosidade, dando ao outro o direito de aceitá- las ou rejeitá-las. Sabe que não tem poder de mudar ninguém. O Eu do outro só mudará se ele o permitir, se construir novas Janelas. Jamais esqueça que um Eu frágil aposta nos que aplaudem, um Eu maduro exalta os diferentes e é capaz de investir o que tem de melhor naqueles que o decepcionam. EU MADURO Enxerga que todos os seres humanos são igualmente complexos no processo de construção de pensamentos e únicos. É autocrítico, sabe exercitar o olhar. Consegue transitar no território multifocal, lidar com as adversidades da vida de forma resiliente e generosa. Constrói relações saudáveis consigo, com outros e com o mundo. Luta pelos seus sonhos com disciplina e determinação. Sabe gerenciar e proteger suas emoções e pensamentos. Tem as funções mais complexas da inteligência bem desenvolvidas. EU DISCIPLINADO CARACTERÍSTICAS SAUDÁVEIS: Pensa e age corretamente, admirando as virtudes do trabalho, da economia, da honestidade, da ética, da responsabilidade e do esforço pessoal. No trabalho, respeita as regras, a hierarquia e é capaz de se dedicar arduamente na execução de uma tarefa. CARACTERÍSTICAS NÃO SAUDÁVEIS: Trabalha em prol da perfeição, dentro da ideia de que só há um caminho certo. Exerce uma crítica muito rígida sobre si mesmo, culpando-se por não corresponder ao seu nível de exigência e também ao dos outros. Manifesta raiva na forma de ciúmes, inadaptabilidade (às posições rígidas) e ansiedade sobre sua capacidade. EU CONSELHEIRO CARACTERÍSTICAS SAUDÁVEIS: É amigável e gosta de ouvir as pessoas. No trabalho, pratica uma in�uência de bastidores, é mais intuitivo e voltado aos relacionamentos interpessoais. CARACTERÍSTICAS NÃO SAUDÁVEIS: Busca a aprovação dos outros, sendo solidário, prestativo, afetuoso e empático. Orgulha-se de ser necessário e o centro da vida das pessoas, mesmo que tenha de reprimir os próprios sentimentos. Tem a sensação de possuir vários selfs, cada um voltado para determinada pessoa, o que o torna manipulador para obter o que quer. Manifesta orgulho na forma de seduzir os outros, participar de grupos exclusivos e exercer poder indiretamente, por meio de outras pessoas. No trabalho, é temperamental e exerce o controle das interações. Associa-se aos que têm poder e in�uência, evitando os demais. EU COMPETITIVO CARACTERÍSTICAS SAUDÁVEIS: No trabalho, é e�ciente e dedicado, mobiliza-se para maximizar resultados. Pensa no futuro com otimismo. Tem postura de vencedor. CARACTERÍSTICAS NÃO SAUDÁVEIS: Quer reconhecimento pelo talento e pelo desempenho a qualquer preço. Compete só quando a vitória está assegurada, caso contrário desiste antes. Busca a felicidade por meio da imagem, de status e bens materiais, que inclusive são seus indicadores de sucesso. Manifesta engano buscando o prestígio nos relacionamentos sociais e o acúmulo de bens para sentir-se mais seguro. No trabalho, desconsidera detalhes, compete por papéis de liderança e poder; é intolerante com as críticas e não assume a responsabilidade em caso de fracasso. Detesta ocupar posições com futuro limitado. EU EMOTIVO CARACTERÍSTICAS SAUDÁVEIS: Sensível, intuitivo e original, tem um profundo senso estético e gosto pelas artes. Aprecia o luxo e o bom gosto. No trabalho, assume projetos que exijam originalidade ou que envolvam fortes emoções. CARACTERÍSTICAS NÃO SAUDÁVEIS: É sempre atraído pelo que está faltando, o distante, o difícil de obter. Luta pelo inatingível, mas o rejeita quando o tem ao alcance. Sente-se diferente dos demais, o que o faz sentir-se único. Muito emotivo e temperamental, pode tornar-se melancólico e até depressivo ao longo da sua montanha-russa particular. Manifesta inveja por meio de competição nos relacionamentos, sentimentos de baixa autoestima e rejeição, bem como a adoção de atitudes temerárias para desfrutar de bens materiais. No trabalho, sua e�ciência �ca atrelada ao seu emocional e não aceita trabalhos que considere de segundo nível; detesta exercer atividades burocráticas e rotineiras. EU ANALÍTICO CARACTERÍSTICAS SAUDÁVEIS: Muito discreto e reservado, é perseverante e metódico no seu dia a dia. Anseia pela privacidade, pois só ao �car sozinho consigo mesmo consegue recarregar-se. Conter sentimentos, separar ação da emoção, guardar segredos são meios que utiliza para preservar sua privacidade. Acredita que conhecimento é poder, encontrando prazer em estudar, descobrir, acumular informações, analisar detidamente as coisas. É atraído por grandes pensadores e explicações sobre o comportamento humano. No trabalho, valoriza a autonomia, aprecia a previsibilidade, tem grande capacidade de síntese e torna-se extremamente produtivo se não for submetido a constantes interações. CARACTERÍSTICAS NÃO SAUDÁVEIS: Externa sua avareza/ cobiça ao não compartilhar ideias e sentimentos e ao preservar seu espaço vital. No trabalho, exerce liderança de portas fechadas e por telefone, não pratica o diálogo e pode ter reações desproporcionais quando algo o incomoda ou é interrompido. Detesta interação humana em excesso. EU RESPONSÁVEL CARACTERÍSTICAS SAUDÁVEIS: Cumpridor do dever, é con�ável e leal com aqueles em quem con�a. Identi�ca-se com as causas dos socialmente injustiçados. A dúvida lhe dá um maior discernimento e a capacidade de antever problemas futuros. No trabalho, exercita muito bem seu poder de análise; é capaz de dar o máximo de si, levando a uma reviravolta nos negócios. Aprecia trabalhar em equipe e não gosta de competir com outras pessoas. CARACTERÍSTICAS NÃO SAUDÁVEIS: Ambíguo em relação à autoridade: ou busca proteção e se submete ou se rebela. Sempre com dúvidas (“Posso con�ar ou não?”), sua ansiedade pode imobilizá-lo para a ação, impedindo que atinja seus objetivos. Manifesta medo de ser abandonado ou de que as pessoas não gostem mais dele, por isso devota-se às causas sociais que envolvam grupos numerosos (ONGs, igrejas etc.). No trabalho, perde o interesse e torna-se lento quando prestes a atingir a meta, até porque se sente ameaçado pelo sucesso, já que acredita que ninguém gosta de autoridade. EU ANIMADOR CARACTERÍSTICAS SAUDÁVEIS: Otimista, espontâneo, de convívio agradável, está sempre em busca de estímulos e experiências. Criativo, apresenta ideias e projeta imagens, usando a sedução e a persuasão verbal para convencer as pessoas. Apresenta especial talento para descobrir conexões e associações remotas. No trabalho, conduz muito bem projetos fora da rotina e sem limites de�nidos. É popular e sabe agir rapidamente sob pressão. É automotivado pela excitação da novidade e capaz de aprender rápido. CARACTERÍSTICAS NÃO SAUDÁVEIS: Tende a perseguir os próprios interesses, a supervalorizar as próprias habilidades e a �car irritado se sua capacidade é questionada ou se lhe dão regras e limites para acatar. Manifesta gula pela busca de prazeres(e fuga da dor), de parcerias estimulantes (mas sem hierarquia) e de múltiplas opções que lhe garantam liberdade de ação. No trabalho, pode apresentar tendências narcisistas (ignorando as necessidades dos outros), desconsiderar a autoridade e deixar projetos inconclusos pelo caminho. Detesta rotina e previsibilidade. EU CONTROLADOR CARACTERÍSTICAS SAUDÁVEIS: Autêntico, energético e comprometido com as causas que considera justas. No trabalho, tende a assumir a liderança de projetos pioneiros e arrojados, centralizando as informações. Valoriza quem é franco e leal, mesmo que lhe traga más notícias. Abraça as di�culdades ao invés de ignorá-las, mas só busca soluções se estiver envolvido. CARACTERÍSTICAS NÃO SAUDÁVEIS: Testa o nível de lealdade dos colegas e protege seu território cercando-se de informações. Busca o domínio da situação, esquecendo-se até de consultar os demais interessados, o que pode lhe dar a fama de arrogante. Manifesta volúpia por meio de uma atitude de posse sobre tudo e todos ao redor e de luta pelo controle da situação e da autopreservação. Não mede consequências dos seus excessos, nem sobre o que diz ou faz. No trabalho, não delega e não distribui elogios. Detesta cargos subalternos. EU MEDIADOR CARACTERÍSTICAS SAUDÁVEIS: Diplomático, equilibrado e paciente. Prefere manter-se neutro, especialmente nas questões que envolvam decisões pessoais. Costuma repetir soluções que já lhe são familiares. Consegue promover mudanças radicais de forma inesperada e surpreendente. Demonstra raiva de forma passiva. No trabalho, aprecia receber apoio, dispor de estruturas de�nidas e de rotinas. Trabalha bem em equipe (desde que não haja con�itos). Buscando consenso, reedita decisões que deram certo. CARACTERÍSTICAS NÃO SAUDÁVEIS: Aprecia ver todos os lados da questão, desviando-se do foco principal. Adia decisões com frequência. Manifesta inércia ao se adaptar com facilidade à vida das outras pessoas ou ao ingressar em grupos e causas que lhe exijam muito compromisso. No trabalho, é impreciso nas determinações e ordens, lento e se retrai diante das di�culdades. Detesta atuar em posições que lhe exijam constante tomada de decisão.* Brigar, gritar, impor ideias nem de longe significa ter um Eu forte, mas sim frágil. Falar o que vem à mente, dizer sempre a verdade nem sempre é a expressão de um Eu maduro, mas sim de quem não tem autocontrole. Um Eu forte e maduro aquieta a ansiedade, protege quem ama, pede desculpas sem medo, aponta primeiro o dedo para si antes de falar dos erros do outro, repensa sua história, exige menos e se doa mais, não tem a necessidade neurótica de mudar quem está ao seu redor; conhece, portanto, todas as letras do alfabeto do amor inteligente. 1. Como seu estilo de Eu tem influenciado seus relacionamentos? 2. Você tem conseguido analisar e trabalhar suas características não saudáveis, evitando assim ficar encarcerado no Circuito Fechado da Memória? * Descrições dos tipos de Eu baseadas na obra de Helen Palmer, O eneagrama no amor e no trabalho. Você pode conviver com milhões de máquinas e não sofrer nenhuma frustração, mas, se conviver com um ser humano, por mais que ame haverá decepções imprevisíveis e frustrações inesperadas. Você também pode conviver com milhares de animais em perfeita harmonia, mas, se conviver com um parceiro, �lhos, alunos, amigos, alguns con�itos serão inevitáveis. As pessoas sabem que nada é tão belo quanto construir relações sociais saudáveis, fundamentadas em amor inteligente, elogio, apoio, diálogo, tranquilidade, generosidade, investimento em sonhos, reconhecimento de erros. Mas também devem saber que nada pode ser tão angustiante quanto construir relações saturadas de atritos, discórdias, cobranças, ansiedade, ciúme, controle, medo da perda, necessidade neurótica de estar sempre certo. Por mais saudável e permeada de amor que seja a relação, de vez em quando ela entrará no terreno dos desentendimentos ilógicos, das atitudes tolas, das reações injustas, dos ciúmes débeis, da intolerância insana. Reciclar o lixo psíquico determinará a sustentabilidade da relação e a poesia do amor. Não há relacionamentos perfeitos, a não ser que os envolvidos estejam separados ou morando em continentes diferentes; se duas pessoas moram sob um mesmo teto é impossível não terem áreas de atrito. Em alguns momentos, duas personalidades, dois mundos vivendo na mesma órbita se chocarão, ainda que suavemente. Não há almas gêmeas puras a não ser na �cção. Pessoas inteligentes devem entender que suas crises e di�culdades, se bem trabalhadas, em vez de destruir a relação podem temperá-la e enriquecê-la, mas se mal trabalhadas, poderão produzir um sabor intolerável. Para algumas pessoas, atritos e ciúme esfacelam a motivação, mas as pessoas inteligentes criam novas oportunidades diante desses problemas, inclusive para se reciclar. Infelizmente, na sociedade moderna as pessoas dão sinais de perda de afetividade e sensibilidade. Elas estão começando a cair em erros capitais que comprometem a saúde psíquica e as relações sociais. Um dos erros capitais de uma relação doente é medo excessivo da perda. Uma pessoa inteligente se entrega sem medo, mas não destrói sua identidade em função do outro. Doa-se muito, mas não respira o ar do outro. É afetiva e generosa, mas jamais deixa de ter órbita própria. Quem tem medo da perda já perdeu. Perdeu a autocon�ança, a autoestima, a dimensão de sua imagem. Perdeu também a habilidade do Eu em ser gestor de sua mente. A ditadura do medo da perda esmaga a autoestima de uma mulher ou de um homem. Quem tem medo da perda apequena seu mundo social. Os amigos diminuem, os projetos se contraem, as relações sociais �cam escassas, a alegria se evapora. A pessoa gira em torno do outro. Não aceitar a perda é a pior maneira para perder. Uma pessoa inteligente nunca pressiona o outro para �car. Tem dignidade na separação. Pode sofrer, mas não faz chantagens. O outro pode abandoná-la, mas ela jamais se abandona. Não implora para ele �car. Ela é capaz de dizer para si constantemente: “Os melhores dias estão por vir”. Quando um casal se separa, ambos deveriam ter tanta dignidade no processo de separação como tiveram na união. Não deveriam punir um ao outro, nem procurar culpados para as crises que atravessam, muito menos trocar acusações na frente dos �lhos. Estes já estão fragilizados e precisarão de pais inteligentes, protetores e amorosos, mais do que precisavam no tempo da união. Casais se separam, e, na prática, alguns pais acabam se separando dos �lhos. Eis um erro gravíssimo. Casais inteligentes quando se separam não se divorciam do respeito mútuo, muito menos do cuidado e do afeto pelos �lhos. As armadilhas das relações são construídas no terreno da falta de con�ança no outro, que surge da falta de con�ança em si. Essas armadilhas constituem Plataformas Killer que nos aprisionam em processos de autossabotagem, uma vez que deixamos as ricas possibilidades do presente por conta dos vários medos que carregamos. Por não entendermos os bastidores da mente humana, queremos con�nar quem amamos no cárcere privado de nossas orientações, observações, apontamento de falhas. Achamos ingenuamente que, quando corrigimos o outro, nossa estratégia funcionará. Ao falharmos, passamos a usar estratégias mais grosseiras para tentar mudá-lo. São estratégias falhas que não conseguimos abandonar por falta de gerenciamento psíquico que nos permita encarar o medo de perder o outro. 1. A ARMADILHA DO CIÚME E DA POSSESSIVIDADE O ciúme excessivo é uma característica de uma personalidade doentia. De acordo com a TIM, quem tem ciúme demasiado vive num circuito restrito de Janelas da Memória e, portanto, fragiliza seu Eu, bloqueia a capacidade de gerir a emoção e de ser líder de si mesmo. Só a espécie humana tem ciúme consciente, que difere do ciúme instintivo-possessivo causado pela proteção de uma fêmea em relação à sua cria. E como ele é construído nos bastidores da mente? A partir da solidão da consciência virtual. Comoestamos próximos, mas in�nitamente distantes do objeto pensado, temos o desejo de nos aproximar dele, de construir pontes, de possuí-lo, de alcançar o inalcançável. Essa procura irrefreável nos faz ter um afeto pelo objeto conquistado que se expressa pelo medo da perda. Se o medo da perda não comprometer a liberdade e a tranquilidade, o medo não se torna destrutivo, mas preservativo e saudável. Se comprometer, é porque o Circuito da Memória se fechou, tornando-se encarcerador tanto de quem tem ciúme como da pessoa que se teme perder. Se o afeto por algo ou alguém não é inteligente e maduro, torna-se um ciúme possessivo-controlador. O ciúme excessivo é egocêntrico, castrador, as�xiante, desinteligente. Toda pessoa ciumenta suga seu parceiro ou parceira. Essa armadilha transforma cidadãos comuns em policiais. Fazem inquéritos, querem saber aonde seu parceiro vai, com quem anda, o que faz e o que fala. A pessoa ciumenta perde sua liberdade e tenta levar o outro a perder a dele. O prazer dá lugar a intermináveis explicações e constantes atritos. Muitas pessoas vivem debaixo da ditadura do ciúme mesmo quando não foram traídas, rejeitadas ou excluídas. Por quê? Porque ao longo do processo de formação da personalidade desenvolveram Janelas Traumáticas que contraíram a autoestima e geraram insegurança, complexo de inferioridade e perda da autocon�ança. Cuidado, se você não acreditar em você, ninguém será con�ável. Grandes romances terminaram em grandes fracassos pela ditadura do ciúme. A relação passa da calmaria para a ansiedade, da ansiedade para o desrespeito e do desrespeito para a agressividade. A musicalidade das palavras afetivas passa para a tonalidade áspera dos atritos. 2. A ARMADILHA DA CHANTAGEM Quando uma relação se baseia em chantagens e ameaças, ela pode estar doente. É um sinal de insegurança, autoestima baixa e medo de perder quem se considera importante. Se um dos parceiros usa o medo ou sentimento de culpa para manipular o outro, que aceita com submissão as condições impostas, as pessoas estão presas em um amor chantagista. Para obterem o que pretendem, as pessoas usam a chantagem, manipulam os sentimentos e emoções, induzindo sentimento de culpa, pena e remorsos. São estratégias erradas, intimidações destrutivas. Há muitos tipos de chantagem utilizadas e todas elas são punitivas, fomentam as Janelas Killer, destroem a estabilidade emocional e contraem a suavidade. Os chantagistas usam frases como: “Como você tem coragem de fazer isso comigo?”, “Eu não mereço isso”, “Depois de tudo o que �z por você é assim que você me trata”, “Se você me amasse faria isso por mim”, “Se você �zer isso, eu faço aquilo”, “Se você não mudar, eu não farei isso”. Muitas pessoas são peritas em usar chantagens em seus relacionamentos. Os casais devem ser parceiros no prazer, bem-estar, sonhos um do outro. Devem lutar pela felicidade de quem está ao seu lado, construir um diálogo inteligente para corrigir rotas e promover o ânimo. Chantagens e pressões esmagam essa possibilidade, retiram a suavidade da relação, as�xiam a con�abilidade. Os pais devem participar ativamente da vida e da educação de seus �lhos, construindo laços afetivos saudáveis. Quando usam de chantagem para obter o que querem dos �lhos, as�xiam sua mente e encarceram sua emoção. Ter que chantagear para sentir-se amado é sentir uma enorme insegurança quanto ao amor do outro, e também quanto ao amor-próprio. 3. A ARMADILHA DA COMPARAÇÃO A comparação é positiva quando promove a capacidade de se reciclar e progredir. E se torna produtiva quando não é acompanhada de elevação do tom de voz e crítica e diminuição do outro. A comparação negativa é feita para sentenciar, diminuir e/ou desanimar, é uma forma de punir, imprimir culpa, fomentar o sentimento de impotência e contrair a motivação para mudar. Frequentemente a comparação é feita para constranger e diminuir as pessoas com as quais convivemos. Até nós mesmos nos comparamos com os outros no sentido de nos agredir e não nos promover. Comparar sem reconhecer as habilidades da pessoa que tropeça coloca combustível no complexo de inferioridade e na autopunição. Gera um crime educacional, pois produz sentimento de incapacidade. Quando comparamos alguém com os outros, maximizamos o que desaprovamos e minimizamos as características nobres da pessoa, a apequenamos e perdemos pouco a pouco o encanto por ela. Achamos que pais, cônjuge, �lhos, namorado ou namorada que não temos são mais gentis, inteligentes, elegantes. 4. A ARMADILHA DAS CRÍTICAS EXCESSIVAS Outra estratégia erradíssima daqueles que têm a necessidade neurótica de mudar o outro é o excesso de crítica. A crítica excessiva leva à ditadura da cobrança, que as�xia a liberdade e a saúde psíquica. A ditadura da cobrança, decorrente do excesso de crítica, é mais grave que a ditadura do controle advindo do ciúme. Se uma pessoa ciumenta também se tornar excessivamente crítica, será quase insuportável viver com ela. Uma pessoa excessivamente crítica perturba a todos no ambiente, dos �lhos ao parceiro, dos colegas aos amigos. Todos têm que se enquadrar em seu esquema. Ela não sabe elogiar, ninguém é bom o su�ciente, suas verdades são absolutas, pau é pedra, mesmo que todos digam que é madeira. Quem critica ou cobra excessivamente está apto para trabalhar numa �nanceira, mas não para construir uma relação saudável. Uma pessoa continuamente crítica é paradoxal: ao mesmo tempo em que é especialista em apontar erros dos outros, é péssima em enxergar os próprios erros. É ríspida, não admite erros, coloca seus íntimos no presídio de seus preconceitos. Jamais sentencie alguém com frases do tipo “Você só me decepciona”, “Você erra sempre”, “Já falei mil vezes, mas você não muda”. Quem profere sentenças radicais ergue um tribunal de inquisição dentro de sua casa, escola ou empresa. Ainda que a pessoa com quem você conviva seja difícil, complicada, arredia, teimosa e aparentemente incorrigível, você pode sobreviver com dignidade e até ter uma fonte de alegria se não tentar mudá-la a ferro e fogo. Relaxando e tentando outras estratégias, como a arte do carisma e da empatia, você pode ajudá-la a quebrar o círculo vicioso que a faz repetir determinados comportamentos. Sem um tom de voz agressivo, sem sermões, sem críticas, sem comparações, sem ameaças, sem punições e sem mágoas. É assim que pessoas deveriam resolver suas pendências, conflitos sociais, falhas, diferenças culturais, diferenças na educação dos filhos. A relação deixa de ser um inferno emocional e passa a ser um jardim em construção. 1. Você já perdeu alguém pelo medo de perder? 2. Quais armadilhas têm lhe impedido de construir relações saudáveis com os outros? A emoção pode gerar a mais rica liberdade ou a mais drástica prisão, o cárcere da emoção. Muitos vivem nesse cárcere. Embora a emoção deva ser administrada, é impossível dominá-la completamente. Se você deseja ser uma pessoa rigidamente equilibrada, desista, não conseguirá. A emoção se transforma num processo contínuo. A alegria se alterna com a ansiedade, que se alterna com a tranquilidade, que se alterna com a apreensão. Todavia, �utuações bruscas revelam uma emoção doente. Quem está num momento tranquilo e noutro explosivo, não tem uma emoção saudável. A emoção é mais difícil de ser governada do que os pensamentos. Ela é ilógica. E, por isso, é tão bela. Uma mãe nunca desiste de um �lho, por mais que ele a decepcione. Um professor pode investir num aluno rebelde e relapso e sonhar que um dia ele brilhará. Por ser ilógica, a emoção traz ganhos enormes, mas também grandes problemas. Uma ofensa pode estragar a semana. Uma crítica pode gerar insônia. Uma perda pode destruir uma vida. Um fracasso pode gerar um grande trauma. As emoções surgem das cadeias de pensamentos produzidas pelo processo de leitura da memória realizado em milésimos de segundos por múltiplos fenômenos, inclusive o Eu. Portanto, com exceção das emoções geradas pelo metabolismo cerebral e pelas drogas psicotrópicas, como tranquilizantese antidepressivos, todas as demais experiências emocionais são fruto da leitura da memória e da produção de pensamentos conscientes e inconscientes. Toda vez que você tem um sentimento, produziu antes um pensamento, ainda que não tenha percebido. Alguns acordam mal-humorados ou deprimidos porque, antes de despertar, o Fenômeno do Auto�uxo leu Janelas Tensionais da Memória, produziu ambientes, personagens e circunstâncias com alta complexidade nos sonhos, que, por sua vez, excitaram a emoção e geraram angústia e ansiedade. A tristeza ao entardecer segue o mesmo processo, só que quem é acionado é o Fenômeno do Gatilho da Memória. No entardecer, a diminuição do ritmo de atividades sociais leva à introspecção, detona o Gatilho, abre as Janelas da Memória que contêm solidão, gera cadeias de pensamentos que des�guram o bom humor. O processo de construção de pensamentos e emoções é rapidíssimo, não temos consciência dele. As Janelas são lidas multifocalmente, produzem pensamentos que, por sua vez, transformam a paisagem das emoções. O som de uma música pode abrir uma Janela da Memória, produzir pensamentos que recordam doces experiências. Se o Eu não tomar as rédeas do psiquismo nesse exato momento, se não der um choque de lucidez na mente humana, se não confrontar e virar a mesa contra a ansiedade e o humor deprimido, será uma vítima, um escravo da emoção e não gerenciador dela. Grande parte dos maiores erros humanos ocorre no primeiro minuto de tensão. O grande problema do processo da leitura da memória, construção de pensamentos e transformação da energia emocional é que o Eu, que representa a capacidade de escolha, só toma consciência deles numa etapa posterior, segundos depois de ter desencadeado o processo. Isso pode algemar sua liderança. Por isso, o Eu deve agir rápido. PROTEGER E ADMINISTRAR A EMOÇÃO É: Submeter a emoção ao controle do Eu, ao governo da sabedoria. Ser livre para sentir, mas não prisioneiro dos sentimentos. Dar um choque de lucidez ou inteligência em nossos medos, angústias, ansiedade, humor triste, agressividade, impulsividade. Desenvolver a mansidão, a tranquilidade, a tolerância. Desenvolver a serenidade, a bondade, a gentileza. Desenvolver a satisfação, o prazer de viver e o amor. Superar as emoções que geram transtornos psíquicos. Reciclar as emoções que bloqueiam a inteligência e nos fazem reagir sem pensar. Ser jovem no único lugar em que não podemos envelhecer: no território da emoção. Ser livre no único lugar em que não podemos ser prisioneiros. 1. DOAR-SE SEM ESPERAR A CONTRAPARTIDA DO RETORNO Nada gera tanta decepção na relação entre marido e esposa, pais e �lhos, professores e alunos e entre amigos do que esperar retorno no mesmo nível que nos doamos. Damos afeto esperando o retorno. Dispensamos atenção esperando que os outros nos deem a devida consideração. Expressamos amor esperando retorno do mesmo sentimento de entrega. Nada é tão frustrante quanto tal espera. Animais não nos apequenam, dominam ou excluem, mas pessoas a quem nos doamos e amamos, como nosso parceiro ou parceira, �lhos, alunos, amigos, podem invadir nossa psique e fragmentar nosso sentido existencial, imprimindo culpa e angústias. Conviver com pessoas é uma das tarefas mais saturadas de aventura da agenda humana. Nada irriga a emoção com tantas alegrias e nada produz tantos dissabores. Nada motiva tanto nossa capacidade de lutar quanto os relacionamentos que construímos e nada se torna tanto um banho de água gelada. Animais de estimação podem nos aborrecer, mas só as pessoas caras podem nos decepcionar, trair, ferir muitíssimo. Animais jamais nos dão as costas, mas pessoas com quem convivemos podem nos machucar nas raízes de nossa emoção. Por isso, uma das chaves mais importantes nas relações sociais é doar-se, mas diminuir ao máximo a expectativa do retorno. Isso não signi�ca apenas não cobrar, mas também não esperar reconhecimento, pelo menos intenso. Não é uma tarefa intelectual simples. Depende da educação sistemática da emoção, pois estamos viciados em esperar um retorno excessivo do nosso círculo íntimo. O desprendimento é fundamental para abrir o cofre da nossa mente e da mente dos outros, para desarmá-los, retirá-los das armadilhas das Janelas Killer. Quando nos doamos e esperamos demais a contrapartida, acabamos por viver em função do retorno do outro para nos sentirmos felizes. Depositamos nas pessoas a responsabilidade de nos sentirmos bem. Tal responsabilidade não cabe a ninguém senão a nós mesmos. Se agirmos assim, nunca teremos uma emoção saudável, blindada contra as intempéries da vida. Se não tivermos esse tipo de compreensão, viveremos em constante estado de insatisfação. Doe-se sem medo, mas diminua ao máximo a expectativa de retorno. Lembre-se de que cobrar muito dos outros os traumatiza e esperar muito deles é traumatizante. Ser um agiota da emoção dos outros é ser um carrasco deles, ter expectativas enormes em relação aos outros é ser algoz de si mesmo. Quantas pessoas estão sofrendo porque nunca aprenderam a proteger sua emoção, sempre doaram tendo grandes expectativas! 2. NUNCA EXIGIR O QUE OS OUTROS NÃO PODEM DAR Existem muitos relacionamentos em que as pessoas se tornam experts em criticar. Passam boa parte do tempo tentando sem sucesso mudar-se mutuamente. Há famílias que montam um departamento de cobrança em casa. São especialistas não em se amar, mas em cobrar. Porém, a vida �ca mais dócil quando abandonamos a necessidade neurótica de querer mudar os outros, de exigir o que eles não podem dar. Quem é autor da sua história não cobra excessivamente, não constrange seus pares, não controla quem ama. Cobranças excessivas passam pela utilização de ferramentas erradas, como aumento do tom de voz, sermões, chantagens, punições, comparações e excesso de críticas. Todas essas estratégias estimulam o Fenômeno RAM a arquivar Janelas Traumáticas, cristalizando características inapropriadas. A cobrança excessiva esfacela a liberdade, bloqueia a capacidade de se superar e se reinventar. Existem pessoas que são especialistas em cobrar do outro. Elas respiram a lei do menor esforço. O que representa essa lei? É a atuação super�cial e doentia do Eu, usando um raciocínio diminuto, cortante, destituído de complexidade. A lei do menor esforço representa os atalhos mentais. Alguns exemplos desses atalhos são ciúme, inveja, críticas, reações instintivas, necessidade de ser o centro das atenções. 3. COMPREENDER O OUTRO NA SUA DIMENSÃO INTERIOR Normalmente as experiências traumáticas na convivência social devastam nossa vida. A grande questão psicológica não é apenas o registro em si da experiência inicial, mas o que ocorre quando uma experiência importante, negativa ou positiva, é registrada de maneira excepcional. Esses registros movimentam toda a cadeia produtiva da psique, retroalimentando o registro inicial. A mente não para de pensar. Quando a reprodução é feita com tolerância, re�exão e lucidez, o resultado é saudável. Reedita-se o inconsciente, a psique encontra as águas da tranquilidade. Quando a reprodução é feita com angústia, raiva, impulsividade, o resultado é desastroso. Considerar o comportamento dos outros, por mais que nos �ra, sem levar em conta sua trajetória, é um erro grave. Entender que por trás de uma pessoa que fere há uma pessoa dilacerada é uma lei da Psicologia Social tão importante como a lei da gravidade. Somente usando essa ferramenta protegeremos a emoção e poderemos estender a mão com coragem e altruísmo para os outros, para transformá- los, se não em amigos, pelo menos em seres mais humanos. O perdão será uma utopia se não compreendermos o outro na sua dimensão interior. Poderemos tentar por décadas o perdão e ainda assim en�ar a cara no túnel da raiva. Perdoar não é um ato coitadista, mas de elevada inteligência. É importante lembrar que nem sempre conhecemos a história do outro para saber o que o feriu, o que o leva a ser daquela maneira ou nos tratar da maneira que tratou. Quando compreendemos que existe umahistória por trás dos comportamentos da pessoa, protegemos a emoção, relativizamos o peso de seus atos e deixamos nosso inconsciente mais limpo, livre das mazelas das Janelas Killer. 4. CONQUISTAR PRIMEIRO O TERRITÓRIO DA EMOÇÃO PARA DEPOIS CONQUISTAR O DA RAZÃO – SURPREENDER POSITIVAMENTE ANTES DE CRITICAR A melhor maneira de contribuir com alguém é primeiro conquistar o território da emoção para depois se voltar ao da razão. Se alguém nos frustra, aponta indelicadamente uma falha e invade nossa privacidade, nos remete como num raio de luz para dentro das Janelas Killer que fecham o Circuito da Memória. Como corrigir esse mecanismo ou tratar do problema? Como abrir o cofre da mente do outro? Se nos irritamos e perdemos a paciência, fechamos o cofre de sua mente. Se os acusamos e agredimos, igualmente. Normalmente, usamos chaves erradas. Muito provavelmente, mais de 90% das correções que tentamos imprimir nos outros fecham mais ainda a caixa-forte de sua psique. A melhor atitude nos focos de tensão é mudar radicalmente a estratégia. Uma pessoa inteligente não deve tentar arrombar o cérebro dos outros, sejam eles �lhos, alunos, cônjuge ou outras pessoas. Além de ser uma violação, não funciona. A estratégia fenomenal é primeiro abrir as Janelas Light e depois tratar das Killer. Primeiro conquistar o território da emoção e depois o da razão. En�m, primeiro valorizar a pessoa que erra para depois tocar em seu erro, falha, incoerência. Fazer o contrário é desconhecer o funcionamento da mente, as armadilhas das Janelas Traumáticas. Precisamos ser carismáticos e empáticos, surpreender, elogiar e mostrar que valorizamos quem pretendemos ajudar e, num segundo momento, explicar generosamente seu comportamento inadequado. Usar essa ferramenta é um apelo à inteligência, faz com que as pessoas que pretendemos orientar ou corrigir se desarmem, saiam das fronteiras dos traumas, expandam o território de leitura de sua memória. 1. Proteger a emoção é ser livre para sentir, mas não algemado pelos sentimentos. É capacitar o Eu para dissipar o medo, reciclar a ansiedade, superar a insegurança. Que tipo de emoção o perturba? Que emoções interferem em suas relações? 2. Qual seu grau de expectativa de retorno das pessoas com as quais convive e como isso tem influenciado em seus relacionamentos? Quando nos comunicamos, usamos o instrumento da fala e dos gestos, que são saturados de códigos, que indicam nossos sentimentos, sonhos, projetos, expectativas, pensamentos, mas não veiculam nossa realidade. Se você não se comunicar bem, se não aprender a se abrir, se soltar, tirar as máscaras, você �cará mais isolado ainda. Somos seres marcadamente solitários e expandimos os efeitos malévolos da solidão. Vivemos angústias e tédios porque não sabemos comunicar o que somos por meio dos códigos que temos. Temos medo de sermos humanos imperfeitos e necessitados do afeto dos outros. Há pro�ssões que isolam mais ainda os seres humanos, como psiquiatras, médicos, juízes, promotores, líderes espirituais, executivos. O antiespaço entre os seres humanos devido à esfera da virtualidade dos pensamentos gera muitas consequências. Muitos reclamam: “Você não me entende”. E não entende mesmo. Entender não quer dizer incorporar nossa realidade, ainda que acreditemos que somos entendidos e aceitos. Vejamos outra consequência. Por mais estranho que pareça, você ama sempre a si mesmo quando pensa que ama o outro. Você ama o outro re�etido em si, o outro captado pelos códigos das palavras e da imagem que expressou. Se não aprendermos a re�etir nossa personalidade na mente dos outros por meio de uma comunicação inteligente e generosa, nossos �lhos, cônjuge, amigos não nos conhecerão minimamente. As relações entre casais de�nharão. O romance não será retroalimentado. O amor está em queda livre quando a linguagem da alienação toma o lugar do diálogo, quando a linguagem dos atritos toma o lugar da compreensão, quando os julgamentos tomam o espaço do apoio. Nesse caso, quem já está ilhado pela virtualidade do pensamento, �cará mais isolado ainda devido às falhas na comunicação. Grande parte dos casais se separa não por falta de amor, mas por falta de uma comunicação inteligente que retroalimente o amor inteligente. Muitos maridos nunca falam dos seus medos para as esposas e muitas esposas nunca relatam suas angústias a seus maridos. Só sabem falar do irrelevante. Sabe aquelas pessoas que têm todos os motivos para ser felizes e são tristes e pessimistas? Como sobreviver se elas se calam sobre o essencial? Quem não é capaz de falar de si mesmo nem tem interesse em explorar seu parceiro ou parceira, seus sentimentos mais profundos, dorme na mesma cama, mas constrói muros impenetráveis. Casais saudáveis constroem pontes, casais desinteligentes vivem ilhados. O silêncio, nesse caso, aumenta o tédio, fomenta um sentimento de vazio inexplicável. A Arte do Diálogo é uma lei fundamental das relações saudáveis. É a mais famosa, mas a menos conhecida. Quase todo mundo pensa que pratica essa lei, mas apenas 1% a exercita realmente. Dialogar, um verbo tão simples de pronunciar, mas tão difícil de operacionalizar. Dialogar não é conversar, falar coisas triviais, emitir sons. Dialogar é cruzar mundos, penetrar na intimidade, segredar experiências. Você cruza seu mundo com o mundo daqueles que ama? Conhece as lágrimas que eles nunca tiveram coragem de chorar? Conhece as mágoas represadas e as angústias silenciadas? A maioria de nós conhece no máximo a sala de visita daqueles que nos são íntimos. Dialogar implica, em primeiro lugar, ouvir. Quem não aprender a ouvir jamais saberá dialogar. Ouvir é se abrir, colocar-se no lugar do outro, perceber o intangível, perscrutar o essencial. É acima de tudo conhecer o que o outro tem a dizer e não o que queremos ouvir. Muitos casais conversam, mas jamais dialogam. As pessoas têm di�culdades enormes de exercer a Arte do Diálogo. Exploram o mundo de fora, viajam para terras distantes, perscrutam células, especulam sobre os átomos, discursam sobre o espaço, mas não encontram facilidade para falar do planeta psíquico. Calam-se sobre seus dramas, silenciam sobre seus con�itos, escondem suas fragilidades, omitem seus sentimentos. Os que se relacionam com você o conhecem? A Arte de Ouvir e de Dialogar são duas das mais nobres funções da inteligência. Elas são cultivadas no terreno da con�abilidade, da empatia e da liberdade. Onde há falta de con�ança, muitas cobranças excessivas e controle social, essas duas preciosas artes da inteligência não sobrevivem. As duas artes se complementam. Uma depende da outra. Quem não aprender a ouvir nunca saberá dialogar. Quem não aprender a falar de si mesmo, nunca será um bom ouvinte. PROTEGER E ADMINISTRAR A EMOÇÃO É A arte de se esvaziar para ouvir o que os outros têm a dizer e não o que queremos ouvir. Ter a capacidade de se colocar no lugar dos outros e perceber suas dores e necessidades sociais. Penetrar no coração psíquico e desvendar as causas da agressividade, da timidez, da angústia, dos comportamentos estranhos. Interpretar o que as palavras não disseram e o que as imagens não revelaram. Ter sensibilidade para respeitar as lágrimas visíveis e perceber as que nunca foram choradas. A arte de falar de si mesmo. Trocar experiências de vida. Revelar segredos do coração. Ser transparente. Não simular os sentimentos e as intenções. Não ter vergonha das suas falhas nem medo dos seus fracassos. Respeitar os limites e os con�itos dos outros. Não dar respostas super�ciais. Manter o diálogo interpessoal que cruza os mundos psíquicos e implode a solidão. Grande parte dos casais desenvolvem uma grave crise afetiva porque não aprende a arte de ouvir e dialogar. Sabem conversar, mas não sabem falar de si. Conversam sobre política, dinheiro, teatro, mas emudecem sobre suas histórias. Sabem ouvir sons, mas não a voz da emoção. Têm ousadia para brigar, mas têm medo de falar dos próprios sentimentos. Ficam anos juntos, mas não se tornam grandes amigos. A personalidadeé uma grande casa. A maioria dos maridos e esposas, pais e �lhos, professores e alunos conhecem, no máximo, a sala de visitas uns dos outros. Conhecem os defeitos de cada um, mas não as áreas mais íntimas do seu ser. Discutem problemas, mas não se tornam cúmplices da mesma aventura. Não revelam suas mágoas, não falam dos seus con�itos, não apontam suas di�culdades. Se você quer cultivar o amor, o melhor caminho não é dar presentes caros, mas dar uma joia que não tem preço: seu próprio ser. A Arte de Ouvir refresca a relação e a Arte de Dialogar nutre o amor. São leis universais que fundamentam a qualidade de vida das relações sociais. Quem desejar cultivar o amor precisa ter coragem para fazer pelo menos quatro importantes perguntas durante toda a vida à pessoa que ama: Quando eu a(o) decepcionei? Que comportamentos meus a(o) aborrecem? O que eu devo fazer para torná-la(lo) mais feliz? Como posso ser um(a) amigo(a) melhor? Você tem feito com frequência essas perguntas? Muitos nunca as �zeram. Estes consertam as trincas da parede, mas não as trincas do relacionamento; estancam a água da torneira que vaza, mas não o vazamento da amizade e afetividade. Para dialogar é necessário não ter medo de reconhecer as próprias falhas nem ter vergonha de si mesmo. Para ouvir é necessário não ter medo do que o outro vai falar. É preciso cumplicidade. Uma das coisas mais relaxantes de uma relação é ter a convicção de que não somos perfeitos, é saber que precisamos um do outro. Brinquem mais um com o outro. Sonhem juntos. Reclamem menos. Agradeçam cada pequeno gesto lhes �zerem. Tragam �ores fora de data. Façam um jantar diferente. Tenham comportamentos inesperados. Libertem sua criatividade, saiam da rotina. Simples gestos trazem grandes conquistas. Nada mais equivocado que o dito popular “Sou responsável pelo que eu falo, não pelo que o outro entende”. Segundo a Teoria da Inteligência Multifocal, o pensamento individual é virtual, isto é, eu interpreto o outro a partir de minhas Janelas de Memória e não necessariamente o que o outro é. Para superar essa distância psíquica preciso aprender a me colocar no lugar do outro, criar empatia nas conversas e questionar minhas convicções que podem estar micro ou macrodistantes da realidade. O problema de comunicação, portanto, não é um problema só do outro, é meu também. Aprender a me comunicar de uma forma mais empática, assertiva e e�caz é responsabilidade minha. Os mundos psíquicos e sociais são distantes. Cabe a mim a responsabilidade de diminuir essas distâncias na comunicação. Quando não aprendo a me colocar no lugar do outro, criar empatia nas conversas e questionar minhas próprias convicções, minha realidade começa a �car pequena, assim como minhas escolhas e interpretações, até que me vejo encarcerado no Circuito Fechado da Memória. Culpo o outro por todas as falhas de comunicação e, consequentemente, pelo processo de construção da relação. Mas não percebo que sou parte do problema nesse con�ito e tenho di�culdade de ouvir que o outro diz e comunicar o que penso de forma empática. Por outro lado, se sou parte do problema, sou parte da solução. Só posso resolver algo em que estou incluído. A comunicação envolve um transmissor e um receptor, isto é, um indivíduo que deseja transmitir uma mensagem para outro indivíduo. Para isso, o transmissor necessita codi�car a mensagem em uma linguagem, estética, valores culturais e conteúdo cognitivo compatíveis com o receptor. Se não compreendermos isso, o receptor não decodi�cará a mensagem. Além disso, a Teoria da Inteligência Multifocal nos alerta para o fato de que interpretamos o mundo através de nossas Janelas de Memória e que o pensamento individual é virtual. Existem também ruídos que interferem tanto na codi�cação do transmissor quanto na decodi�cação do receptor. Ruídos são preconceitos, emoções tóxicas e fofocas no contexto da comunicação, para mencionar apenas alguns. Como percebemos, codi�car e decodi�car não são processos simples. Comunicação não é algo simples. Sei ouvir? Soube dar um choque de gestão em minhas crenças? Soube �ltrar os ruídos? Abri-me para a visão do outro? O objetivo de um debate é encontrar soluções para o bem de todos. Saber expor nossas ideias de forma assertiva é vital. Aprender a hora de ceder também. Muitos não sabem que, nos primeiros estágios do processo de formação de pensadores, o importante não é a grandeza das respostas, mas a grandeza do debate. Só anos mais tarde a grandeza da resposta terá relevância e ganhará contornos de sabedoria. Os fracos impõem suas verdades, os fortes as submetem ao debate. Ter a necessidade de ser perfeito, de se defender compulsivamente e de estar sempre certo é muito perigoso, pois pode destruir relacionamentos. A pessoa pode ganhar o debate, mas perderá quem ama. Se entramos em uma discussão para provar quem está certo ou errado ou com o objetivo único e exclusivo de ganhar, é difícil estabelecer empatia e ser assertivo para conquistar o que queremos, porque estamos estabelecendo uma disputa. O outro abrirá Janelas de defesa. É preciso, desde o início, conectar-se com o outro como pessoa, colocando-se em seu lugar e buscando comunicar nossas ideias de forma assertiva. Uma das importantes lições a se aprender é o quanto podemos perder com uma discussão quando entramos nela somente para vencer, provar quem está certo ou errado, ao invés de buscar soluções, de encontrar uma resposta que seja a melhor para todos os envolvidos. Para desenvolver a comunicação assertiva é preciso criar empatia em nossas relações e na forma de nos expressarmos. Se não aprendemos a expor em vez de impor nossas ideias, se não desenvolvemos um esforço para nos colocarmos no lugar do outro, isso pode gerar um entrave em nossas relações. No raciocínio unifocal, ama-se a resposta; no multifocal, ama-se a oração dos sábios, o silêncio proativo. Nesse intrigante silêncio, liberta-se a arte da pergunta: “Quando?”, “Por quê?”, “Como?”, “Será que não há outra forma de pensar e reagir?”. Devemos aprender essa grande lição: num clima em que ninguém pensa, a melhor resposta é não dar respostas. É procurar a sabedoria do silêncio. Você usa a ferramenta do silêncio quando é pressionado? Nos primeiros trinta segundos em que estamos estressados cometemos nossos maiores erros. Nunca se esqueça disso. Seus maiores erros não foram cometidos enquanto você navegava nas calmas águas da emoção, mas enquanto atravessava os vales da ansiedade. São nesses momentos que dizemos palavras que nunca deveriam ter sido ditas. É nesse momento que voltamos para dentro de nós mesmos, dominamos a tensão, abrimos as Janelas da Memória e resgatamos a liderança do Eu. O silêncio exercido nos focos de tensão, que nos estimula a pensar antes de reagir, é altamente pedagógico, educacional. Toda vez que traduzimos o que pensamos em palavras o conteúdo é empobrecido, pois as palavras não traduzem fielmente toda a riqueza dos pensamentos. Por isso, é fundamental compreendermos a comunicação de forma multifocal, para superarmos essas limitações e podermos construir relações saudáveis. 1. Em suas relações, você geralmente tenta ganhar a pessoa ou a discussão? Por quê? 2. Você tem praticado o silêncio proativo em situações de conflito e estresse ou tem agido por impulso, deixando-se dominar por suas emoções? Na física, a resiliência é a capacidade de um material de suportar tensões, pressões, intempéries, adversidades. É a capacidade de se esticar, assumir formas e contornos para manter sua integridade, preservar sua anatomia, manter sua essência. Para a psicologia, resiliência é frequentemente atribuída a processos que explicam a superação de crises e adversidades por indivíduos, grupos e organizações. O Fenômeno da Psicoadaptação re�ete a capacidade de suportar dor, transcender obstáculos, administrar con�itos, contornar entraves, adaptar-se a mudanças psicossociais. Esse fenômeno gera o Código da Resiliência. O grau de resiliência depende, portanto, do grau de adaptabilidade e superabilidadede um ser humano aos eventos adversos que encontra em seu traçado existencial, em sua jornada de vida. Uma pessoa com baixo grau de resiliência suporta inadequadamente suas adversidades e crises, podendo desenvolver depressão, pânico, ansiedade, sintomas psicossomáticos. Quando o Código da Resiliência é inadequadamente decifrado e desenvolvido, as dores e perdas podem levar ao suicídio. Há o suicídio imaginário (desejo de sumir, desejo de dormir e não acordar mais), o suicídio físico e o suicídio psíquico, re�etido pelo alcoolismo, dependência de outras drogas, comportamentos autodestrutivos, autoabandono. Sem sombra de dúvida, há crises e crises. Algumas são dramáticas, imprimem dor indizível. Mas em todas se pode aplicar o Código da Resiliência, que está estreitamente ligado ao Código da Gestão do Intelecto, em especial à gestão de pensamentos mórbidos, à construção de Janelas Paralelas e à reedição do inconsciente. Um choque de gestão do intelecto capaz de esfacelar o pessimismo e irrigar de esperança os horizontes da vida é fundamental para alicerçar habilidades psíquicas para suportar tensões emocionais, pressões sociais, adversidades pro�ssionais. Alguns estudiosos reconhecem a resiliência como um fenômeno comum e presente no desenvolvimento de qualquer ser humano. De fato, todos têm o Fenômeno da Psicoadaptação em seu psiquismo. Sem esse fenômeno, uma mãe jamais suportaria a perda de um �lho, uma criança não sobreviveria às violências sofridas em sua infância, um adulto não sobreviveria aos vexames, humilhações sociais, perdas de emprego, crises �nanceiras. Porém, essa é apenas parte da história. Não basta o Fenômeno da Psicoadaptação. Se quisermos ser resilientes, elásticos, �exíveis e resistentes diante dos estímulos estressantes, precisamos decifrar, educar, enriquecer o Fenômeno da Psicoadaptação. A dor, as derrotas, as lágrimas devem ser sempre evitadas, mas ninguém vive continuamente em céu de brigadeiro. Como turbulências são inevitáveis até em dias de céu claro, deveríamos usá-las para expandir nossa maturidade resiliente. Mas como? PARA DECIFRARMOS E VIVENCIARMOS O CÓDIGO DA RESILIÊNCIA, PRECISAMOS APRENDER QUE: Ninguém é digno do pódio se não usar os fracassos para alcançá-lo. Ninguém é digno da maturidade se não usar suas incoerências para produzi-la. Ninguém é digno da saúde psíquica se não usar suas crises, angústias, fobias, humor depressivo para destilá-la. Nenhum ser humano, nenhuma empresa ou instituição será digno do sucesso se desprezar suas derrotas, vexames, percalços, acidentes de percurso. Dar as costas para as adversidades é a pior maneira para superá-las. Devemos fazer a Mesa-Redonda do Eu para reunir nossos pedaços, manter nossa integridade, debater com nosso desespero, questionar nosso pessimismo, estabelecer estratégias de superação. Uma pessoa determinada, que não desiste de seus sonhos e não abre mão de ser feliz apesar do seu caos, tem muito mais chance de usar seu caos como oportunidade criativa. Alguns aspectos da teimosia não são saudáveis, mas não há dúvida de que uma pessoa resiliente tem boas doses de teimosia. Muitos cientistas antes de descobrir suas grandes ideias produziram ideias medíocres, foram criticados, excluídos. Alguns grandes políticos, como Abraham Lincoln, só tiveram êxito depois de amargar salientes fracassos. Alguns grandes empresários só atingiram o apogeu depois de visitar os vales da falência, da escassez e do vexame público. Quem quer o brilho do sol tem de adquirir habilidade para superar as tempestades, tem de ser resiliente para atravessar o breu da soturna noite. Não há milagres. A vida é uma grande aventura em que noites e dias se alternam. Quem não decifra o Código da Resiliência cobre-se com o manto do pessimismo, tem insônia no melhor dos leitos. Quem trabalha suas crises adocica a vida, torna-se generoso com a própria existência, habilita-se para compreender o cerne do outro. Julga menos e se entrega mais. Muitos pensadores foram discriminados, considerados loucos, tolos, rebeldes e perturbadores da ordem social ao longo da história. Alguns conseguiram força na fragilidade, conforto no isolamento, ânimo no terror da incompreensão. Sócrates foi condenado a beber cicuta, a morrer envenenado, pelo incômodo que seus pensamentos causaram na elite governante. Seus jovens discípulos, em meio a lágrimas e dor, suplicavam que reconsiderasse sua postura e suas ideias, mas, dando-lhes um choque de resiliência, Sócrates disse que preferia ser �el a suas ideias a ter uma dívida impagável com a própria consciência. Giordano Bruno, �lósofo italiano, andou errante por muitos países, procurando uma universidade para expor suas ideias. Foi banido, excluído, tachado de louco. Sem ninguém para ouvi-lo, procurava em seu próprio mundo aconchego para superar a solidão. Experimentou diversos tipos de perseguição e sofrimento, culminando na sua morte. Baruch Spinoza, um dos pais da �loso�a moderna, de origem judaica, foi banido dramaticamente pelos membros de sua sinagoga por causa da convulsão que suas ideias causaram. Chegaram a amaldiçoá-lo com palavras insuportáveis de ouvir: “Que ele seja maldito durante o dia e maldito durante a noite; que seja maldito deitado e maldito ao se levantar; maldito ao sair e maldito ao entrar”. O dócil pensador teve de aprender a se aquecer no mais cáustico inverno da discriminação. Immanuel Kant foi tratado como um cão pelo incômodo que suas ideias causavam no clero de seu tempo. Voltaire também passou por rejeições e inumeráveis riscos. Produzir ideias tem um preço, ser diferente tem um preço, nem sempre fácil de pagar, mas necessário para saldar o débito com nosso Eu. Em qualquer campo da atividade humana, raramente as grandes conquistas são alcançadas antes de ideias que nos fazem pensar por alguns momentos que “não dá mais”, “não tenho força”, “estou no limite”. Os mais importantes Códigos da Inteligência estão bloqueados em cada ser humano. Em uns excessivamente, em outros, de forma menos gritante. Einstein decifrou alguns importantíssimos códigos, tais como o Código da Intuição Criativa, da Arte da Dúvida, do Debate de Ideias. O gênio da física libertou seu imaginário, andou por ares nunca antes imaginados, reciclou paradigmas, produziu um corpo de conhecimento que revolucionou a maneira como vemos o universo. Enxergou eventos físicos de modo único. Sua teoria foi de uma engenhosidade assombrosa. Einstein foi considerado um dos maiores cérebros humanos. Mas teve alguns Códigos da Inteligência represados? Sim. Foram tão represados que ele cometeu algumas falhas inadmissíveis na relação com um dos �lhos, mas raramente se comenta esse assunto na imprensa mundial. Einstein era um homem simples, sociável, gentil, amante da música, mas o Código da Resiliência e a capacidade de se encantar atenta e prolongadamente com os pequenos estímulos da rotina diária estavam contraídos. O pensador da física explorou muito o mundo à sua volta, mas pouco o pequeno e in�nito mundo da sua mente. Esse foi provavelmente um fator que contribuiu para que ele construísse vilões em sua psique, tivesse traços depressivos, pensamentos mórbidos, pessimistas. Einstein provavelmente também não decifrou na plenitude outros códigos que ultrapassavam os limites da lógica, como o Código do Altruísmo e da Capacidade de se Colocar no Lugar do Outro. Se tivesse desenvolvido esses códigos em seu psiquismo, jamais teria deixado de visitar por anos seu �lho portador de psicose no manicômio em que o internou. O grande Einstein se apequenou. Abandonou um �lho no momento em que este mais precisava dele. Como pode um humanista agir sem humanidade? Como pode um pai colocar um �lho no rodapé da sua história por ser psicótico? Einstein foi a primeira grande celebridade da ciência. Mas, enquanto brilhava, seu �lho vivia no anonimato de um manicômio. Todos os pais amam estar ao lado dos �lhos que estão no pódio, mas a excelência do amor revela-se quando se está ao lado daqueles que nunca saíram das últimas �leiras.Não se comenta que o homem que mais conheceu as forças do universo físico foi derrotado pelos fenômenos de um universo mais complexo, o universo psíquico. Os delírios, as alucinações, as imagens mentais surreais e os pensamentos desorganizados do seu �lho eram fenômenos mais complexos do que os estudados na Teoria da Relatividade. Tais fenômenos o perturbaram. O ambiente tétrico do hospital e seu sentimento de impotência em lidar com fatos ilógicos também o angustiaram. Por não decifrar determinados Códigos da Inteligência, o gênio da física agiu em algumas áreas sem nenhuma genialidade. Quando ressigni�camos relações difíceis do passado, podemos agradecer a tudo o que vivemos por ter sido uma oportunidade de crescimento e aprimoramento pessoal. Quando nos libertamos de pensamentos bloqueadores, alcançamos nossa saúde emocional. Condenar os outros, criticar e acusar não são sentimentos e crenças que nos empoderem psiquicamente nem que abram caminhos para experiências saudáveis. A gratidão, ao contrário, nos fortalece. Reconhecer o lado positivo nas experiências difíceis cria Plataformas Light em nossa memória. A capacidade de se doar brota na realidade da capacidade de ser grato. Pessoas gratas são mais altruístas que pessoas amargas e que passam seu tempo julgando os outros, criticando tudo e todos ao redor e reclamando sobre o pouco que a vida lhes deu. Devemos ser gratos pelos relacionamentos assim como à vida. Cada relacionamento que temos no percurso de nossa existência carrega um pedaço de nossa história e é uma das milhões de peças do quebra-cabeça de nossa vida. Seja uma pessoa que teve uma breve participação no teatro de sua existência ou alguém que esteja sempre presente, todas têm in�uência no que você foi e no que você é. Lembre-se de que ser grato é diferente de ser agradecido. O agradecido é aquele que o agradece por um bem momentâneo. Em contrapartida, o grato exerce gratidão mesmo que a pessoa venha a decepcioná-lo. 1. Você foi capaz de produzir pérolas a partir de relações difíceis? 2. Tem decifrado e desenvolvido o Código da Resiliência? Cada um de nós deveria ser um engenheiro socioemocional que constrói relações saudáveis, capaz de fazer a diferença no ambiente em que vive, em destaque na vida de quem escolheu para dividir a sua história. Um excelente engenheiro socioemocional tem três níveis, agradável, admirável e encantador. Para ser agradável tem de ser simpático, para ser admirável tem de ser carismático e para ser encantador tem de ir para o terceiro estágio, ser empático. Quem tem essas três ferramentas de ouro no cardápio da sua personalidade não mexe apenas com o ambiente social, mas também revoluciona a relação conjugal e a relação com os �lhos, alunos, colegas de trabalho. Essas três ferramentas de ouro revelam três níveis de distribuição de nutrientes vitais para que as relações sejam inteligentes, espontâneas, ricamente prazerosas e intensamente produtivas. Os simpáticos distribuem livremente sorrisos e cumprimentos, os carismáticos distribuem elogios e promoções, os empáticos distribuem sabedoria e encantamento. Os simpáticos são poetas do bom humor, os carismáticos são poetas da promoção dos outros, e os empáticos são poetas da superação. Essas técnicas ou ferramentas, se praticadas diariamente, podem reinventar as relações com as pessoas mais caras, mesmo que sejam mentes aparentemente difíceis. Se faltarem esses instrumentos, di�cilmente o amor será penetrante e estável. O QUE É SER SIMPÁTICO? Ser simpático é ser um poeta do bom humor. É acima de tudo distribuir gratuita e generosamente sorrisos e cumprimentos. É realçar a durabilidade e a agradabilidade do amor. O QUE VOCÊ DISTRIBUI ÀQUELES COM QUEM CONVIVE? RECLAMAÇÕES? PESSIMISMO? MAU HUMOR? UMA CARA AMARRADA? Você pode ser um excelente pro�ssional, supere�ciente em lidar com questões técnicas, mas, se não for simpático, se não sorrir e não der liberdade a seus entes queridos, será ine�ciente nas questões emocionais. Você pode ser generoso e impactante com os de fora, mas, se ao entrar em casa não for um poeta do bom humor, criará um clima desagradável com seu cônjuge e seus �lhos. Será um vendedor de ansiedade e não de sonhos. Quem não é simpático fomenta ambientes socioemocionalmente paupérrimos, mesmo morando em palácios ou ricos condomínios. Um relacionamento pode começar com um amor brando, sem grande intensidade, que mais parece uma amizade do que uma paixão, mas, se for irrigado com relaxamento, sorrisos e cumprimentos contínuos, ganha musculatura. Essa musculatura, é claro, dependerá de outras ferramentas mais profundas, como o carisma, a empatia, a superação da necessidade neurótica de mudar o outro, mas é indubitável que a simpatia gera um tempero prazeroso para os mais �nos romances. De outro lado, um relacionamento pode iniciar com um amor louco, borbulhante, apaixonante, mas, se não for cultivado com sorrisos e bom humor, se desgasta e empobrece. O vinho do amor azeda com o mau humor, com a intolerância às frustrações, torna-se vinagre. Gestos simples e diários fazem a diferença para o paladar emocional. Todos os dias deveríamos provocar a emoção de quem amamos com sorrisos e motivação e vice-versa. Mas é paradoxalmente estúpido. Com o passar do tempo, sorrimos e cumprimentamos com mais alegria os estranhos do que os nossos familiares. No início do romance, a chegada do namorado ou da namorada é um acontecimento único, que jamais passa despercebido. Com o tempo vem o cárcere da rotina e um olha para o outro no pequeno cosmo do ambiente familiar e muitas vezes nem se cumprimentam. Todos os dias os casais deveriam se tocar, dar um bom-dia, alegrar-se com a presença do outro. Parece simples, mas cumprimentar quem está ao nosso lado como se fosse um personagem solene e não comum estimula o Fenômeno RAM a plantar Janelas Light na mente do outro. Dão o que o dinheiro não compra para seus íntimos, dão sua alegria, seu ânimo, sua coragem de lutar, sua capacidade de crer na vida mesmo nos dias dramáticos. Abortam o ânimo, fomentam o pessimismo, promovem a timidez e a insegurança. Exalam generosidade e prazer em se doar, conviver com eles é um convite ao prazer, é mergulhar em águas tranquilas. Exalam egoísmo e individualismo, conviver com eles é um convite ao descontentamento e à insegurança. São especialistas em relaxar São poetas do quem amam, veem o lado bom de tudo, inclusive quando eles ou o outro erram, tropeçam e quebram a cara. pessimismo, criam um ambiente desagradável, veem o lado ruim de tudo. Dão risadas da estupidez um do outro. Não levam a vida a ferro e fogo. Serão eternamente lembrados pelos seus íntimos por sua alegria e espontaneidade. São peritos em tempestades emocionais. Serão lembrados pelo seu humor azedo, capacidade de criticar e não de apostar. São cultivadores de Janelas Light. São plantadores de Janelas Killer. Por distribuírem sorrisos e cumprimentos, são fontes de sonhos e inspiração. Por serem sisudos e críticos, são vendedores de tristezas e preocupações. Quem distribui deliberadamente sorrisos e cumprimentos diariamente presenteia seu cônjuge e seus �lhos com aquilo que o dinheiro não compra. E você, dá para quem ama o que o dinheiro não compra ou só o que o dinheiro pode comprar? Não esqueça que tudo que o dinheiro compra é barato. Quanto mais se treina a simpatia, mais se supera a Síndrome do Circuito da Memória Tensional e Psicoadaptativa. E as consequências são muitas e importantíssimas. Mais se promove a liberdade, o debate de ideias, a solução de problemas, o prazer de viver e o sentido existencial. Mais se diminui o clima estressante no ambiente social e menos se instala a competição predatória. Os simpáticos constroem no ambiente familiar e pro�ssional uma Plataforma de Janelas que �nancia o otimismo e a agradabilidade. O carismático investe diária e continuamente na esposa, no marido, namorado ou namorada, nos �lhos, alunos, amigos, pais, colaboradores. Como? Distribuindo elogios e promoções. Ele promovecaracterísticas nobres da personalidade, realça o que há de melhor nas reações ainda incipientes, diminutas e alarga as fronteiras das Janelas Light. Viver com uma pessoa carismática é um convite para se amadurecer. Os carismáticos são propagadores da felicidade dos outros. Têm prazer no crescimento do parceiro ou parceira, dos filhos, enfim, do ser humano. Não promovem os outros, chafurdam na lama do ciúme. Têm um caso de amor com a humanidade. Pensam como um membro da espécie humana. Seus movimentos levam em consideração o futuro das próximas gerações. O sucesso do outro revela suas frustrações, promove seus fracassos. Têm grande dificuldade de aplaudir aqueles que sobem no pódio. São promotores da infelicidade. São discípulos da generosidade e construtores de mentes brilhantes. São apóstolos do egocentrismo, promotores de mentes inibidas e amedrontadas, com dificuldade de correr riscos para materializar seus sonhos. Pessoas carismáticas criam um ambiente social colaborativo, no qual um exalta a participação do outro e aplaude as atitudes do outro. Valorizam as intenções independentemente do resultado, ainda que as respostas estejam erradas. Pessoas anticarismáticas criam um ambiente competitivo, onde um se estressa com o outro, um quer falar mais que o outro e cada um exige que seu pensamento prevaleça. Um casal que sabe promover um ao outro tem grande chance de ter um romance não apenas durável, mas também profundo. Por quê? Porque eles provocarão o Fenômeno RAM a construir Plataformas de Janelas Light na MUC (Memória de Uso Contínuo) para construir pontes saudáveis. De outro lado, um casal viciado em diminuir um ao outro arquiva no centro da memória, na MUC, Plataformas de Janelas Killer, que geram instabilidade emocional, agressividade, contração da con�abilidade, disputas irracionais, di�culdade de monitorar o instinto e de pensar antes de reagir. Uma pessoa simpática é agradável, mas uma pessoa carismática é admirável. Você é uma pessoa admirável? Você promove características belas, mas ainda diminutas dos outros ou é um especialista em dizer “Você não tem jeito”? Você impacta positivamente seu cônjuge ou é perito em demonstrar suas fragilidades? Você promove a autoestima dele ou dela ou fomenta a baixa autoestima? De todas as leis fundamentais das relações saudáveis, o elogio é a mais acessível e a mais fácil de praticar, embora poucos seres humanos a pratiquem. O poder do elogio pode ser mais forte que o das armas, mais poderoso que o dinheiro, mais penetrante que a lâmina de um bisturi. Os elogios des�zeram inimigos, debelaram ódios, evitaram suicídios, reataram relações. Uma pessoa inteligente deve economizar críticas, mas jamais deveria economizar elogios. A crítica excessiva contrai a espontaneidade, e o elogio realça a autocon�ança. Contudo, é incrível como pais, professores, executivos e casais economizam elogios e têm pouca habilidade para elogiar. Somos ótimos para exaltar erros, mas não para exaltar os acertos. Se conhecermos a Teoria das Janelas da Memória e a formação de Janelas Light jamais viveremos de migalhas de elogios. Os elogios deveriam entrar no cardápio diário de nossa existência. Mas mesmo pessoas afetivas podem ser miseráveis em elogiar. Elogiar não é superproteger. Superproteger é colocar os outros numa estufa, é controlar os elementos agressores, é desprepará-los para a vida. Superproteger é dar tudo sem exigir nada. Elogiar é encorajar a caminhada, é propiciar força nas intempéries, coragem nos tropeços e crédito na superação. Elogiar é cultivar �ores no árido terreno das relações. Devemos aprender a elogiar diariamente as pessoas com as quais convivemos. Ser carismático é simples e impactante. É usar um poderoso instrumento psicológico inconsciente, é provocar o Fenômeno RAM para formar núcleos saudáveis de habitação do Eu nas matrizes da memória. Não é uma técnica que deva ser aplicada raramente, deve fazer parte do portfólio existencial e da agenda diária de cada ser humano. Um dos maiores crimes que os casais podem cometer e que é responsável pela falência de grande parte dos romances é deixar passar em branco os milhares de comportamentos passíveis de serem elogiados do parceiro ou parceira. Muitos pais são rápidos em apontar falhas e criticar comportamentos de seus �lhos, mas lentos para elogiá-los e valorizá-los. Somos rápidos em produzir traumas e lentos para promover características nobres. Ser empático é um passo além de ser simpático e carismático. É ser um distribuidor espontâneo de sabedoria e da arte de surpreender. É ser um transferidor do capital das experiências. Sua voz é branda, mas impactante. Seus comportamentos são generosos, mas penetrantes. Os empáticos reciclam o pessimismo, a morbidez, a sisudez e superam a necessidade neurótica de estar acima dos outros. São pais cativantes, professores marcantes, cônjuges que irrigam o afeto, executivos que libertam a criatividade dos seus liderados. São ecologistas do meio ambiente emocional, criam um microclima no qual impera a serenidade e não as disputas. Tal como os carismáticos, não perdem a oportunidade de expandir ou realçar as características saudáveis dos seus íntimos, mesmo as que aparecem momentânea e super�cialmente. Os empáticos são poetas não apenas da promoção, mas da superação. São também poetas da vida, não escrevem poesias, mas vivem sua existência como se fosse uma poesia. Os empáticos são os pais, os amantes, os �lhos, os amigos inesquecíveis e insubstituíveis. Eles fazem total diferença na sociedade. Os empáticos recolhem as armas do pensamento. São lentos para condenar e rápidos para compreender. Reciclam seu preconceito, esvaziam- se de si quando estão observando e colocam-se no lugar dos outros. São inteligentes, têm consciência de que o pensamento é virtual, que interpretar é modi�car a realidade e, portanto, algo sujeito a inúmeras distorções pelo estado emocional, social e intelectual da pessoa. Como propulsores da maturidade, eles sabem que a verdade é um �m inatingível. Os empáticos não têm a necessidade neurótica de estar sempre certos. São capazes de perguntar: “Onde foi que eu machuquei você e não soube?”. São tão surpreendentes que não têm medo de pedir desculpas nem de dizer: “Eu amo você, dê-me uma nova chance”. São acolhedores, generosos, constroem relações tranquilas, pois julgam menos e apostam mais. Ainda que vivam em apertadas residências, constroem um ambiente emocional espaçoso e inspirador. São uma fonte de atrito e discórdia. Ainda que vivam em residências enormes, falta-lhes oxigênio para respirar, pois vivem julgando e criticando o outro. São especialistas em fechar o Circuito da Memória daqueles com quem convivem. Por falarem sobre suas perdas e frustrações, promovem e desenvolvem a resiliência, que é a capacidade de enfrentar contrariedades e crescer diante da dor. Por se calarem sobre suas histórias, geram filhos frágeis, ainda que agressivos; tímidos, ainda que falantes dentro de casa; consumidores de produtos, mas não de ideias. Preocupam-se com o presente e o futuro socioemocional do outro. Por pensar antes de agir e reagir, ensinam aos que amam a não serem impulsivos e imediatistas, mas pacientes e disciplinados. Por aprenderem a expor e não impor as ideias, ensinam a não ter a necessidade neurótica de controlar os outros, mas o prazer de servi-los e enriquecê- los. Não sabem se colocar no lugar um do outro. São incapazes de descobrir o que está por trás dos comportamentos que desaprovam no outro. São juízes e não amantes. Uma pessoa empática não substitui as pessoas que ama por novelas, videogames, internet, celulares, bares. Tem-nas em altíssima conta, por isso está sempre fazendo planos de �car, viajar e ter atividades conjuntas. Seres humanos empáticos são altruístas, equilibrados e proativos. Por serem proativos, saem à superfície das relações sociais e perguntam com frequência para aqueles com quem têm intimidade: “O que posso fazer para ajudá-lo a ser mais feliz?”, “Que medos e pesadelos o assombrame eu desconheço?”, “Conte comigo sem receios, estou aqui para compreender e não para julgar”. Eles surpreendem e encantam. Por isso, são capazes de dizer frequentemente: “Obrigado por existir!”. Eles se re�etem no outro de forma poderosa. Ser empático é dar um ombro para chorar e outro para apoiar. Uma pessoa empática é a primeira a estender a mão e a última a criticar. Ser empático, portanto, é uma ferramenta socioemocional vital na formação de relações saudáveis, felizes e realizadas. 1. Você é uma pessoa agradável? Quando chega num ambiente, você relaxa as pessoas ou as deixa tensas? Sua presença estimula o debate ou o inibe? 2. Como a simpatia influencia as suas relações? Quem não se relaciona bem consigo, não se relacionará bem com pessoas com quem convive. Quem cobra demasiadamente de si, cobrará de forma injusta o outro. Quem não dá risadas de vez em quando da própria estupidez e incoerência, não será relaxado na relação com quem ama, será rígido, mentalmente engessado. Quem não tem um romance com sua saúde emocional, não investirá na felicidade e qualidade de vida de quem escolheu para dividir sua história. Quem é um perito em reclamar, não conseguirá contemplar o belo nem fará da relação um espetáculo de prazer. O que tem de mudar primeiro, a autoestima ou a autoimagem? A autoestima é a maneira como você se sente em relação à beleza física e psíquica, e a autoimagem é a maneira como o Eu se vê, se interpreta, se posiciona no mundo, seja no mundo pro�ssional, social ou afetivo. A maneira como você se enxerga determina a maneira como você se sente. Portanto, quem tem de mudar primeiro é a autoimagem. Muitas pessoas passam décadas incapazes de se reciclar porque primeiro querem mudar sua autoestima e não seu Eu e sua consequente autoimagem. Se você não tem autocon�ança, não espere sentir-se seguro. Se não crê no seu potencial intelectual, não espere ter grandes possibilidades de superar sua timidez, con�itos, fobias, ou seja, reconstruir sua autoestima. Se não tem convicção na sua capacidade de aprender, não espere superar suas limitações. Se não acredita na sua capacidade de se reinventar, não espere conseguir encantar as pessoas que não o admiram. Se não crê que a beleza está nos olhos de quem vê, não espere sentir-se belo, mesmo tendo um corpo dentro dos padrões tirânicos de beleza. A autoimagem carrega a autoestima. Desenvolver a arte das relações saudáveis é investir na autoestima de quem amamos. Mas como desenvolver a autoestima do outro se a nossa está esfacelada? Precisamos primeiramente aprender a contemplar o belo em nós! CONTEMPLAR O BELO EM NÓS MESMOS É: Educar a sensibilidade para entender que as gotas de chuva irrigam as �ores e as gotas de lágrimas irrigam a existência. Educar a emoção para fazer das pequenas coisas um espetáculo aos olhos. Fazer de cada momento uma vivência mágica. Desvendar as coisas lindas, singelas e ocultas que nos rodeiam. Ver com os olhos do coração. Aprender a ser rico sem ter grande soma de dinheiro. Ser alegre mesmo sem grandes motivos. Viver suavemente, ainda que sobrecarregado por responsabilidades. Ter um romance com a vida. Fazer poesia com a vida, sem escrever palavras. Fazer coisas que gosta, ler um bom livro, viajar por suas páginas, libertar a criatividade. Ouvir uma boa música, penetrar nos traços de uma pintura, de uma arquitetura. Navegar pelas águas da emoção. Hoje, apesar de as mulheres felizmente terem se emancipado, o sistema machista ainda as apedreja, fere e as�xia. Coloca o corpo daquelas que são a exceção genética, as modelos esguias, magérrimas e bem torneadas, como padrão ditatorial de beleza. Todo esse sistema de marketing é massacrante, arquivando na MUC múltiplas Janelas Killer Duplo P, que encarceram a autoimagem e retroalimentam a autopunição. Mulheres de todas as sociedades modernas vão diante dos espelhos e fazem a pergunta fatal: “Espelho, espelho meu, existe alguém com mais imperfeições do que eu?”. Algumas pesquisas apontam que apenas 4% das mulheres se veem belas. Um desastre emocional sem precedentes. O mesmo processo de destruição da autoimagem e da autoestima também está abarcando os homens. As mulheres, bem como os homens, não são livres para se ver e se sentir nessa sociedade consumista com seus estereótipos inumanos. Deveriam ter um caso de amor com seu patrimônio genético, com sua estética física e seu conteúdo e habilidades psíquicas. Há mais de 50 milhões de pessoas morrendo de fome no mundo, vítimas de anorexia nervosa, sendo que a maioria são mulheres jovens. Estão só pele e osso, embora tenham alimento sobre a mesa. Promover diferenças entre ricos e pobres, intelectuais e iletrados, políticos e eleitores, brancos e negros, modelos fotográ�cos e pessoas com um corpo normal é promover uma fábrica de pessoas emocionalmente ansiosas, inferiorizadas e angustiadas. Essa cultura louca e insana faz com que a inteligência socioemocional seja contraída, fragmentada, as�xiada. Não apenas a TV, a indústria da moda e o marketing de produtos exaltam a exceção genética, mas também o cinema. Você já viu um casal de gordinhos fazendo um par romântico? Só em comédias. Mesmo a história do ogro e da princesa em Shrek é uma comédia. Mas a vida não é uma comédia, e 99% das mulheres não têm o corpo das modelos. Nem as modelos são felizes, pois também são massacradas pelo padrão tirânico de beleza. E quem cuida da saúde emocional delas? As mulheres, modelos ou não, deveriam gritar diariamente em sua mente: “Que se dane o padrão ditatorial de beleza. Vou ser feliz, mesmo que ganhe alguns quilos, pois a beleza exterior e interior é meu patrimônio particular”. É muitíssimo triste saber que, no exato momento em que você está lendo este livro, milhares de jovens estão se mutilando porque detestam uma ou mais áreas de seu corpo. Como a�rmei, elas deveriam bradar, gritar, proclamar que são belas porque são seres humanos, porque são únicas. Todas as vítimas da anorexia e bulimia, como sempre instiguei em meu consultório, deveriam reagir, conquistar um Eu forte, líder de si mesmo, que se rebela contra o complô dos dois fenômenos inconscientes (Gatilho da Memória e Janela Killer) que abrem as comportas dos fantasmas emocionais sequestradores de sua autoimagem e autoestima. Mais de 1 bilhão de mulheres rejeitam uma área do próprio corpo. São especialistas em ver defeitos em seu corpo. E, o que é pior, propagandeiam para seu parceiro o que detestam. Por exemplo, dizem: “Querido, meu culote está horrível”. Muitos homens nem sabem o que é culote e indagam: “Você está dando calote, mulher?”. Para eles aquela área do corpo era sensual, mas o que antes não viam passam a ver, como por uma lupa. Plantou-se a Janela Killer no inconsciente deles, as�xiando, desse modo, um pouco do belo romance. As mulheres, em vez de vender sua baixa autoestima, deveriam vender sua elevada autoimagem. Deveriam proclamar com todas as letras algo como: “Sou linda, maravilhosa, inteligente e você faz um grande negócio em viver comigo. E olhe lá: se não me quiser, tem quem me queira. Eu me quero!” Nesta nossa sociedade exclusivista e insana é vital que as mulheres se exaltem e se promovam, que arquivem diretivamente Plataformas Light em seu parceiro. Isso não é ambição e orgulho, mas saúde e estabilidade emocional. O cofre da mente dos homens se abre diante de uma mulher segura e autocon�ante, mas se fecha diante de uma mulher especialista em reclamar, se autopunir e se inferiorizar. E vice-versa. Como está a relação do seu Eu consigo mesmo? É o sistema que dita o que você pensa ou é o seu Eu que está no comando da sua mente e, por estar no controle, tem plena convicção de que a beleza está nos olhos de quem vê? Uma pessoa com a autoimagem e a autoestima fragmentadas não apenas deprime sua emoção, mas deprime também suas relações. A autoconsciência é o grau de envergadura e visibilidade do Eu para se autoenxergar e se autoconhecer. Como ao sair do útero materno somos arremessados para o mundo perceptível ao sistema sensorial,não desenvolvemos as habilidades mínimas que �nanciam a autoconsciência. Crianças, adolescentes e adultos raramente se perguntam sistematicamente “Quem sou?”, “O que sou?”, “Quais são minhas atribuições como ser humano?”, “Quais são minhas funções como autor da minha história?”, “Que habilidades desenvolvi para gerir meu psiquismo?”. Quem não tem autoconsciência vive porque está vivo, vai à escola, frequenta um grupo social, pratica uma religião, vai a um clube, assiste a �lmes, tem uma atividade pro�ssional, mas não se deslumbra com a complexidade da existência e, consequentemente, com seu papel como ator psíquico e social. A existência é um fenômeno absurdamente so�sticado, uma loucura inimaginável, um espetáculo indizível. O que é existir? O que é ser? Ninguém sabe. A autoconsciência nunca vai de�nir a existência, mas pode contemplá-la, admirá-la, se assombrar positivamente com ela. Em especial se tiver autoconsciência de que é um ser único no palco da existência, se souber que possui um Eu. Quem tem uma autoconsciência magérrima viverá sempre uma existência miserável, vai se de�nir pelo saldo da conta bancária, por títulos acadêmicos, status social. Terá uma visão míope do fascinante espectro da vida. Se o mundo o abandona, a solidão é tolerável; se você mesmo se abandona, a solidão é insuportável. Se seus colegas o rejeitam, se seus amigos lhe viraram as costas, se seus pais não o compreendem e se seu parceiro(a) o(a) abandonou, a solidão será amarga, mas suportável. No entanto, se você mesmo se abandonar, se não cuidar de sua saúde psíquica, se não aprender a �ltrar os estímulos estressantes e a relaxar, a solidão será insuportável. As vaias, rejeições e incompreensões são penetrantes e angustiantes, pois produzem impactos imediatos. Porém, tenha certeza de que o autoabandono, a recusa do Autodiálogo, de reconhecer nossos con�itos e detectar nossas falhas bloqueiam o Eu como gestor psíquico. Cedo ou tarde isso será mais grave que as turbulências sociais. Uma rejeição pode tirar o sono, mas a autorrejeição tira a possibilidade de tratar a insônia. Uma humilhação em público pode produzir fobia social, mas o autoabandono destrói os mecanismos para o Eu deixar de ser escravo do que os outros pensam e falam de nós. Diversas doenças psíquicas são iniciadas por traumas sociais, porém são desenvolvidas pela postura de um Eu que não sabe proteger a emoção nem gerir pensamentos, que lê e relê as Janelas Killer solitárias e produz uma imensa plataforma doentia na MUC. Somos vítimas e, sem o saber, agentes construtores dos nossos con�itos. No fenômeno bullying, que representa frequentemente uma ofensa psíquica ou física de uma criança ou adolescente a outros, não podemos apenas trabalhar para evitar que o agressor aja, é preciso também atuar para que a vítima se proteja. Sem dúvida, evitar a ação do ofensor é importante, no entanto, nossa tarefa também é educar o Eu da pessoa ofendida para jamais se autoabandonar, �ltrar estímulos estressantes, não gravitar na órbita dos apelidos, rejeições e agressividades sociais. A vacina psíquica é fundamental. Mas em qual sociedade ou escola ela é apresentada? Pode-se achar o Autodiálogo até uma coisa estranha. Qual o pensamento que temos quando vemos ou ouvimos alguém conversando sozinho? Eis um louco! Somos preconceituosos. Loucura é �car mudo diante das mazelas que transitam em nossa mente. Deveríamos treinar a fazer uma Mesa-Redonda do Eu com nossos con�itos por meio da arte da dúvida e da autocrítica. Tal Mesa-Redonda é tão importante como escovar os dentes e tomar banho. Crianças, adolescentes e universitários �cam uma ou duas décadas nas escolas e não sabem que têm um Eu, muito menos que esse Eu pode e deve ser um gerente de sua psique, um diretor do seu script emocional e intelectual. Parece que estamos no tempo da pedra nessa área. Não sabemos reconhecer e reciclar mentes autoritárias, fechadas, tímidas, obsessivas, preconceituosas, mal-humoradas, consumistas, ansiosas. Educação contraída produz uma psiquiatria expandida, teremos mais pessoas doentes. 1. Quais características você percebe em si, mas não tem valorizado? Por quê? 2. Tem praticado o autodiálogo? Trabalhado sua autoimagem e autoestima? Investir nos sonhos de quem amamos é outra lei fundamental das relações saudáveis. O poder do elogio e o investimento em sonhos aumentam intensamente nosso saldo emocional. Devemos ter coragem para analisar nossa conta. Muitas vezes pensamos que ela está positiva, mas, na realidade, está negativa. Como está seu saldo? Investir nos sonhos daqueles que nos rodeiam é essencial. Pensamos conhecer os sonhos das pessoas mais íntimas, mas frequentemente conhecemos apenas seus desejos. Desejos são intenções rápidas, sonhos são projetos de vida. Desejos estão em camadas super�ciais de nossa psique, sonhos estão em áreas mais profundas. Desejos se diluem no calor das di�culdades, sonhos solidi�cam-se nas intempéries da existência. Se você nunca perguntou quais são os sonhos mais profundos das pessoas que ama, provavelmente nunca entrou nos espaços secretos de sua personalidade. Os sonhos das outras pessoas podem ser banais para nós, no entanto, são centrais para elas. Ao saber dos seus sonhos, podemos até regular o foco, levá-las a pensar em outras possibilidades, mas nunca desanimá-las. Investir nos sonhos é seguir a lei do maior esforço. Não é um simples apoio, um incentivo super�cial, e sim uma arte intelectual, um exercício nobre da inteligência que aumenta muito as possibilidades de o outro ter sucesso, caminhar, superar seus obstáculos. Investir em sonhos é ativar de maneira madura o sistema de recompensa. Não é buscar o imediatismo, o prazer rápido e super�cial. É raro encontrarmos os praticantes dessa arte, mesmo entre bons amantes, bem como em bons pais e professores. Investir nos sonhos determina o quanto somos fundamentais ou colaterais na história de alguém. Você é fundamental ou colateral na narrativa de pessoas caras? Os sonhos não determinam o lugar aonde iremos chegar, contudo, fornecem a coragem para nos retirar de onde estamos. Os sonhos não constroem vitórias, mas nos retiram do conformismo; não nos fazem heróis, transformam-nos em seres essencialmente humanos. Uma vida sem sonhos é uma mente sem criatividade, uma emoção sem aventuras, uma história sem conteúdo. Se não temos sonhos, precisamos sonhá-los. Se quem amamos não tem sonhos, devemos encorajá-lo a construí-los. As pessoas não apenas sonham e fazem os outros sonhar, mas unem sonhos com disciplina. Seu Eu tem plena consciência de que sonhos sem disciplina produzem pessoas frustradas e disciplina sem sonhos produz pessoas autômatas, que só obedecem a ordens. Muitas pessoas são frustradas porque têm alguns sonhos, mas quase nada de disciplina. Falta garra, determinação, labuta. Vivem na imaginação, porém, se perdem na execução. De outro lado, muitos não saem do lugar, não mudam sua história porque são ótimos para obedecer a ordens, excelentes para fazer o que outros mandam, mas não para arriscar, inventar, libertar seu potencial psíquico. Vivem numa eterna rotina, não constroem projetos de vida. Quem não une sonhos com disciplina será sempre vítima das di�culdades e não autor da própria história. Antes de investir nos sonhos de quem amam, as pessoas deveriam investir primeiramente nos próprios sonhos. Mas há milhões de pessoas que se esquecem de escrever a própria história. Colocam-se em último lugar na sua agenda. São capazes de dar o que têm de melhor para os outros e o que têm de pior para si. Nem sequer cuidam da sua qualidade de vida. Não desligam sua mente nos �ns de semana, não tiram férias e, quando tiram, não relaxam. Você se encaixa nesse contexto? Se não cuida de sua saúde, como cuidará dos seus sonhos? Se lhe falta alegria na alma, como será possível inspirar a alegria em quem ama? Avalie com sinceridade sua qualidade de vida. Você tem dores de cabeça, dores musculares, queda de cabelo, gastrite, de�cit de memória? Con�ra sua saúde psíquica. Estáirritadiço(a), impaciente, angustiado(a) e sua mente tornou-se uma fonte de preocupações, inquietações, atividades? Indague se vive tranquilo(a) ou se sofre por problemas que ainda não aconteceram. Não deixe de se perguntar quais são seus grandes sonhos. Você os tem cultivado ou enterrado? É provável que muitas pessoas tenham vontade de chorar com as respostas encontradas. Vão constatar que são hiperpensantes, que cuidam de todos, mas não se lembram de si. Esqueceram-se de que a vida é belíssima, mas brevíssima. Apesar de tudo, não tenha medo das suas lágrimas, tenham medo, sim, de não chorá-las. Não tenha receio das suas falhas, e sim de não reconhecê- las. Saiba que ninguém é digno da mais sublime inteligência se não usar suas falhas e lágrimas para irrigá-la. As pessoas não sepultam seus sonhos no excesso de carga de trabalho nem nos solos da ansiedade. Sabem que, se não forem generosos(as) consigo, aumentarão as chances de ser infelizes e adoecer. Quem não se relaciona bem consigo, não se relacionará bem com ninguém. Quem cobra demasiadamente de si, cobrará os outros de forma injusta. Quem não dá risadas de vez em quando da própria estupidez e incoerência, não será relaxado na relação com quem ama, será rígido, mentalmente engessado. Quem não tem um romance com sua saúde emocional, não investirá na felicidade e qualidade de vida de quem escolheu para dividir sua história. Quem é um perito em reclamar não conseguirá contemplar o belo nem fará da relação um espetáculo de prazer. Posicionar-se como eternos alunos para aprender o alfabeto da emoção e as ferramentas de ouro faz toda a diferença. Sem aprendê-las, ainda que intuitivamente, pode haver o maior amor do mundo, mas você não se estará isento de pouco a pouco relacionar-se pelo fenômeno bateu-levou, do conformismo, do imediatismo, da ansiedade. Nunca devemos nos esquecer de que pessoas inteligentes amam com atitudes e não apenas com palavras. Por isso devemos aplicar em nossas relações pelo menos esses seis comportamentos ao longo da vida: Quando eu decepcionei você e não soube? O que eu devo fazer para tornar você mais feliz? Como posso irrigar mais os seus sonhos? Como posso contribuir com sua autoimagem e sua autoestima? Desculpe-me, eu falhei. Obrigado por você existir e participar da minha história. Como uma forma de fazer um fechamento e para que você re�ita sobre o aprendizado das poderosas ferramentas de gestão da emoção para relações saudáveis, retomaremos cada momento brevemente. 1ª FERRAMENTA: CONHECER OS BASTIDORES DA MENTE Podemos escolher muitas coisas na vida, mas não podemos escolher não nos relacionar. Compreender a virtualidade do pensamento e a solidão paradoxal da consciência existencial nos torna mais tolerantes em nossas relações. O ser humano busca se relacionar para superar a solidão existencial. Não há como não nos relacionarmos, então devemos ter um Eu ativo para construir relações saudáveis. 2ªFERRAMENTA: ROMPER O CIRCUITO FECHADO DA MEMÓRIA Como o processo de formação dos pensamentos, as nossas crenças e a SPA in�uenciam nas relações. É preciso questionar as nossas crenças e interpretações para construir relações saudáveis. Devemos a aplicar o DCD e a Mesa-Redonda do Eu para gerenciar os pensamentos. 3ª FERRAMENTA: CONHECER E COMPREENDER OS DIFERENTES TIPOS DE EU Conhecer e compreender os diferentes tipos de Eu e como eles in�uenciam as relações interpessoais. 4ª FERRAMENTA: PERDER O MEDO DE PERDER Compreender o poder das armadilhas da mente para desenvolver relações não saudáveis. Necessitamos reciclar nossas estratégias para conservar as rela-ções, pois geralmente �camos presos em armadilhas da mente que causam um efeito contrário ao que objetivamos. Afastam ao invés de aproximar. 5ª FERRAMENTA: PROTEGER A EMOÇÃO Proteger a emoção é uma das ferramentas básicas das relações saudáveis, que nos impede de sofrer desnecessariamente e cobrar do outro algo que ele não pode oferecer. A frustração é proporcional à expectativa sobre a pessoa. 6ª FERRAMENTA: PROMOVER A COMUNICAÇÃO MULTIFOCAL Somente uma comunicação efetiva, baseada em empatia e assertividade, nos possibilita desenvolver uma relação saudável. 7ª FERRAMENTA: DESENVOLVER RESILIÊNCIA COMO ALICERCE DAS RELAÇÕES A dor pode nos construir ou nos destruir. Isso depende da nossa gestão do Eu em reeditar os signi�cados da dor, percebendo o que ela nos proporciona em termos de amadurecimento e ensinamentos. 8ª FERRAMENTA: PROMOVER A ARTE DE CONQUISTAR PESSOAS Esse trio é o suprassumo das relações saudáveis. Quem não gosta de se relacionar com pessoas simpáticas, carismáticas e empáticas? Devemos compreender como esse trio in�uencia as relações interpessoais. 9ª FERRAMENTA: APRENDER A NAMORAR A VIDA Quem não tem uma relação saudável consigo mesmo, não consegue ter uma relação saudável com o outro. Aprender a se valorizar, valorizar suas qualidades e agradecer o que tem de bom. 10ª FERRAMENTA: INVESTIR NA FELICIDADE DO OUTRO PARA SER FELIZ É importante investir nos sonhos de quem amamos. É a intensidade da emoção que determina a qualidade do registro. Que tipo de registros você tem causado naqueles que ama? Que registro eles deixaram em você? Esperamos ter proporcionado bons registros, que lhe permitam construir Plataformas Light capazes de proporcionar relações mais saudáveis. Jamais devemos esquecer que as poderosas ferramentas de gestão da emoção das relações saudáveis devem ser trabalhadas e treinadas diariamente pelo Eu. Uma relação saudável e inteligente precisa de uma nova agenda, uma estratégia prolongada e vivenciada ao longo de semanas, meses e anos. Os resultados podem ser fascinantes. Romper o cárcere da rotina e se abrir às surpresas é ter um romance com a vida! 1. Qual aprendizado deste livro foi mais marcante para você? Por quê? 2. O que você vai levar deste livro para os seus relacionamentos? Sumário Capa Atenção! Folha de rosto Créditos Dedicatória Sumário Introdução 1. Conhecer os bastidores da mente 2. Romper o Circuito Fechado da Memória 3. Conhecer e compreender os diferentes tipos de Eu 4. Perder o medo de perder 5. Proteger a emoção 6. Promover a comunicação multifocal 7. Desenvolver resiliência como alicerce das relações 8. Promover a arte de conquistar pessoas 9. Aprender a namorar a vida 10. Investir na felicidade do outro para ser feliz Resumo Anotações Capa Atenção! Folha de rosto Créditos Dedicatória Sumário Introdução 1. Conhecer os bastidores da mente 2. Romper o Circuito Fechado da Memória 3. Conhecer e compreender os diferentes tipos de Eu 4. Perder o medo de perder 5. Proteger a emoção 6. Promover a comunicação multifocal 7. Desenvolver resiliência como alicerce das relações 8. Promover a arte de conquistar pessoas 9. Aprender a namorar a vida 10. Investir na felicidade do outro para ser feliz Resumo Anotações