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Na concepção de Buck (2003), o H-T-P tem como objetivo obter informação sobre como uma pessoa vivencia a sua individualidade em relação aos outros, e em facilitar a projeção de elementos da personalidade e de áreas de conflitos, identificados como o propósito de avaliação ou terapêutica. Ainda para o autor, “os desenhos também estimulam o estabelecimento de interesse, conforto e confiança entre o examinador e o cliente”(p.2). Sua técnica se respalda no “conceito de que os desenhos da figura humana”, bem como os da casa e da árvore, “são úteis para o estudo da personalidade ou como meio de diagnóstico na avaliação clínica, e se fundamenta na teórica na psicologia da imagem de si mesmo, assim como na teoria psicanalítica da projeção” (HARRIS, 1981, p.57- grifo nosso) O desenho é uma das mais autênticas expressões do testando, uma vez que capta, em particular, conteúdos inconscientes, sem a sua intervenção. Embora ele possa até intuir que algo do seu interior, do seu Eu, irá torná-lo conhecido, mas não consegue ter o controle sobre o que será exposto. Isto certamente o angustia bem mais, porque o deixa vulnerável. Porém, a intenção não é deixá-lo numa situação desconfortável. Mas, esse teste se estrutura de tal modo que o examinando não consegue manipular informações ao seu favor. Posto que, ele não tem noção de quais aspectos dos desenhos serão considerados favoráveis ao seu caso. No teste do desenho não tem resposta certa nem errada. Logo, todos os componentes dos desenhos são analisáveis. A grosso modo, o H-T-P se compara a uma radiografia psíquica. Os três desenhos do H-T-P trabalham com a mesma deliberação tendo em vista para a interpretação das características da personalidade,estado emocional,transtorno mental e outros. Convém salientar que, este teste, apesar da sua relevância tende a denotar aspectos patológicos dos quais quase ninguém escapa. Assim sendo, a praxe recomenda a aplicação de mais de um teste de personalidade quando da avaliação do item específico: Personalidade, e da importância de que o avaliador perceba em quais situações deve relativizar os seus dados qualitativos. Entre os desenhos, é o da figura humana geralmente o mais realizado, mas, paradoxalmente, é também o mais rejeitado. Para Buck (2003), isso está associado ao nível de desajustamento do sujeito, uma vez que evidencia, mais diretamente, as dificuldades das relações interpessoais e a consciência corporal, mais do que a casa ou árvore. Sobre o inquérito - É a fala do examinado, no seu sincero propósito de colaborar com o processo, que vai dar mais sentido, e legitimar mais ainda as expressões dos seus desenhos. Modelo pronto de relatório do HTP Para a realização do teste foram utilizadas; folhas de papel sulfite A4 branca, protocolo de interpretação para cada desenho, dois lápis pretos Nº02, uma borracha branca e um cronômetro para medir a latência. O teste foi realizado em uma das salas da clínica da UFMT – CUR situada no bloco de Psicologia. O teste iniciou-se com uma entrevista inicial onde foram coletadas as informações básicas sobre o convívio social, familiar e vida sexual. Logo em seguida as instruções do teste do HTP (desenho da casa, árvore e da pessoa) foram passadas para a colaboradora. Logo após a explicação detalhada de como deveria ser feito os desenhos, a colaboradora não pensou muito antes de iniciar os desenhos, com uma latência bem curta, ela se mostrou disposta e empolgada para desenhar. O desenho da casa foi o mais rápido e demorou cerca de 4 minutos para concluí-lo, sem questionar ela rapidamente avisou que havia terminado e já estava pronta para o próximo. Após algumas explicações de reforço ela iniciou o desenho da árvore sem demora, tanto o desenho da árvore quando o da casa, demoraram cerca de 4 minutos para serem concluídos. O da pessoa foi o que ela mais demorou, cerca de 6 minutos para a conclusão. Reparamos que sua rapidez em desenhar as figuras representativas, se dava pelo fato de que a colaboradora fazia seus desenhos de forma pequena e no canto superior esquerdo da folha, todos os desenhos foram feitos no mesmo lugar e da mesma forma. O único momento em que usou borracha foi no desenho da pessoa, iniciando corretamente todos os desenhos, não teve dúvidas em nenhum momento da aplicação do teste, A.P. aparentou tranquilidade e entendimento, o que ajudou muito na aplicação do teste. Logo em seguida o aplicador lhe explicou que ela precisava responder algumas perguntas sobre cada desenho feito, explicamos a finalidade do inquérito dos desenhos e a colaboradora aceitou sem problemas. Dessa maneira o aplicador fez as perguntas que foram respondidas rapidamente e sem dúvidas. Por fim, agradecemos pela colaboração de A.P. e explicamos novamente para ela que não seria possível lhe dar uma devolutiva do teste, pelo fato de sermos estudantes e ainda não termos experiência nem propriedade para fazer esse tipo de devolutiva. Dessa maneira A.P. de despediu e disse estar disposta para outras situações do tipo. 3.1– Análise dados HTP O fato observado, bem como sua interpretação está descrito nas tabelas abaixo: Tabela 1- Desenho da Casa. Fato Observado Interpretação Posição do desenho na folha (um dos cantos) Desajuste ao ambiente, retraimento, regressão, organicidade, fixação no passado, impulsividade, necessidade de gratificação imediata. Tamanho da figura (Pequena) Insegurança, retraimento, descontentamento, regressão. Telhado Fantasia, introversão. Dimensão horizontal da parede Insegurança, retraimento, passado ou futuro interferem em sua atenção, vulnerável a pressões ambientais. Distancia aparente do observador Desejo de se afastar da sociedade convencional, inacessibilidade, sentimento de rejeição, situação no lar fora de controle. Linha do solo Necessidade de segurança, ansiedade. Detalhes essenciais Esforço consciente para manter o controle, desconfiança defensiva, preocupação fálica, falta de defesa do ego. Traços (Forte) Tensão, ansiedade, energia, organicidade. Tabela 2- Desenho da Árvore Fato Observado Interpretação Posição do desenho na folha (um dos cantos) Desajuste ao ambiente, retraimento, regressão, organicidade, fixação no passado, impulsividade, necessidade de gratificação imediata. Tamanho da figura (Pequena) Insegurança, retraimento, descontentamento, regressão. Tipo de árvore (Frutífera) Grávida. Margens do papel (Superior) Medo ou fuga do ambiente. Linha do solo Necessidade de segurança, ansiedade Raízes omitidas Insegurança. Copa Fantasia Frutas Dependência, gravidez. Nuvens Ansiedade. Galho unidimensional Busca de satisfação inferior, Tabela 3-Desenho da Figura Humana. Fato observado Interpretação Tamanho do desenho Desenho da figura pequeno em relação ao ambiente, o que pode significar insegurança, retraimento, descontentamento e regressão. Localização do desenho A figura localizada à esquerda do ambiente que pode significar retraimento, regressão, organicidade, preocupação consigo mesmo, fixação ao passado, impulsividade, necessidade de gratificação imediata. Apresentação do desenho (Distancia) (postura grotesca) Retraimento, psicopatologia severa. Cabeça (grande) Regressão, grandiosidade. Traços faciais (Omitidos ou leves) Retraimento. Boca grande Olhos pequenos Erotismo. Introversão Gênero (feminino) Na verdade é uma representação da futura filha. Pernas A figura está numa posição instável que pode significar insegurança, dependência. Tronco, braços e mãos Desequilíbrio da personalidade, sentimento de fraqueza no convívio social, relutância para estabelecer contatos mais íntimos. Cabelo enfatizado Preocupação sexual. Orelhas (Omissão das orelhas) Alucinações auditivas. Pescoço Falta do controle de impulsos. Detalhes irrelevantes (guarda-chuva) Preocupação sexual. Linha fragmentada Organicidade.