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“Já não restam dúvidas de que, nos campos de batalha, os hispânicos quase sempre estavam em menor número que seus contendores nativos. O que com frequência é ignorado ou esquecido, contudo, é o fato de que os conquistadores tendiam a ser superados em número também por seus próprios aliados nativos. E os ‘guerreiros invisíveis’ deste mito assumiram ainda outra forma: a dos africanos — escravos e livres — que acompanhavam os invasores espanhóis e, em campanhas posteriores, chegavam a igualá-los ou excedê-los em quantidade”. RESTALL, M. O mito do conquistador branco. In: RESTALL, M. Sete mitos da conquista espanhola. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. p. 97. O historiador britânico Matthew Restall propõe novas abordagens sobre o processo de colonização espanhola na América. Com base no trecho anterior, o autor explora o fato de que: a. o processo de colonização deve ser relativizado, uma vez que os próprios povos colonizados aderiram ao projeto. b. a conquista da América foi um processo liderado exclusivamente pelos colonizadores europeus, sem ajuda de outras etnias indígenas. c. os povos indígenas aceitaram o processo de conquista e não apresentaram resistência às autoridades espanholas. d. a colonização da América se resume a um conflito entre europeus e não europeus. e. os espanhóis se apropriaram das disputas internas entre os povos indígenas que, por sua vez, passaram a integrar as tropas espanholas no combate aos seus inimigos. Texto 1 “[...] nada de melhor pode acontecer ao índio do que se submeter aos espanhóis, pois dessa forma podem sair do estado de barbárie em que se encontram, tornando-se seres mais civilizados. Caso se recusem a aceitar o domínio espanhol, podem ser forçados pelas armas a fazê-lo, e esta guerra será justa por lei da natureza, que manda que o ser inferior se submeta àquele que lhe for superior”. SEPÚLVEDA, J. G. de. Tratado sobre las justas causas de la guerra contra los indios. México: Fondo de Cultura Económica, 1941. p. 105. Texto 2 “Os espanhóis, com seus cavalos, suas espadas e lanças começaram a praticar crueldades estranhas; entravam nas vilas, burgos e aldeias, não poupando nem as crianças e os homens velhos, nem as mulheres grávidas e parturientes e lhes abriam o ventre e as faziam em pedaços como se estivessem golpeando cordeiros fechados em seu redil. Faziam apostas sobre quem, de um só golpe de espada, defenderia e abriria um homem pela metade, ou quem, mais habilmente e mais destramente, de um só golpe lhe cortaria a cabeça, ou ainda sobre quem abriria melhor as entranhas de um homem de um só golpe”. LAS CASAS, B. de. Brevíssima relação da destruição das Índias:o paraíso destruído. Porto Alegre: L&PM, 1984. p. 33. Os trechos anteriores demonstram a divergência de opiniões entre dois personagens do século XVI, frei Bartolomeu de Las Casas e Juan de Sepúlveda. Eles debatem quanto ao tema: a. catequização dos povos nativos colonizados. b. construção da narrativa da conquista. c. direitos políticos dos povos nativos. d. manutenção da guerra justa, que abarcava a escravidão indígena. e. política mercantil do empreendimento colonial. “Invenção europeia, a ideia de América trazia consigo a marca da façanha de Vespúcio e, no mesmo movimento, ignorava topônimos locais como Tawantinsuyu, Anáhuac e Abya-Yala que se referiam àquelas terras. Os mapas europeus e a Igreja Católica foram dois dos instrumentos que consolidaram tal matriz”. O trecho anterior destaca como a própria palavra “América” foi uma invenção dos europeus. MACHADO, J. V. S. da M. Para (re) pensar a América Latina: a vertente descolonial de Walter D. Mignolo. Espaço e Economia, ano III, n. 5, 2004. p. 1. Sobre a escolha de termos para designar os acontecimentos históricos e de acordo com a perspectiva do historiador citado anteriormente, pode-se afirmar que: a. Além de repensar o conceito de América, é preciso relativizar o topônimos Tawantinsuyu, Anáhuc e Abya-Yala da mesma forma que a visão eurocêntrica, pois eles também só demonstram a visão de uma cultura. b. O termo “descobrimento” das Américas ainda deve ser usado, pois está se referindo à façanha dos europeus de encontrar outro continente. c. O intuito de repensar os conceitos tradicionais da historiografia é fruto de um processo que teve início depois que os próprios europeus perceberam que eles continuavam a invisibilizar as narrativas ameríndias. d. O propósito da reconfiguração de termos, entre outros, é interrogar a epistemologia e a política presentes no pensamento ocidental e, no momento seguinte, explorar as inúmeras versões históricas que foram silenciadas. e. Ao invés da disputa sobre termos e nomenclaturas, a historiografia deve se preocupar com fatos e fontes históricas, como os mapas que consolidaram como “América” o nome dado ao continente. “A fim de mais razões Cortés enviou um papa e um principal dos que estavam presos, que soltamos para que fossem dizer ao cacique que alçaram por senhor, que se dizia Coadlavaca, e a seus capitães como o grande Montezuma morrera, e que eles o viram morrer, e da maneira que morreu e das feridas que lhe fizeram os seus, que dissessem como a todos nos pesava isso, e que o enterrasse como um grande rei que era, e que colocassem o seu primo de Montezuma, que estava conosco, por rei, pois ele deveria herdar, ou a outros filhos seus, e que a quem haviam alçado por senhor que não o via por direito, e que houvesse paz para sairmos de México, que se não houvesse paz, agora que estava morto Montezuma, a quem tínhamos respeito, e que por sua causa não destruímos a sua cidade, que faríamos guerra contra eles e queimaríamos todas as casas, e lhes faríamos muito mal”. CASTILLO, B. D. del. Historia Verdadera de la conquista de la Nueva España, Biblioteca Virtual Universal, 2003. p. 232. O trecho acima é de autoria do cronista espanhol Bernal Diaz del Castillo (1492 - 1584), um dos principais relatos do período de conquista da América. Sobre o uso de crônicas espanholas como fonte histórica, pode-se afirmar que: a. as crônicas espanholas evidenciam somente o papel dos europeus, como escreve Bernal Diaz no trecho destacado. b. as recentes escavações arqueológicas encontraram fontes primárias indígenas que tiram a credibilidade dos cronistas espanhóis. c. os relatos dos cronistas espanhóis não servem como fonte histórica confiável, visto que possuem distorções narrativas e até mitológicas, comprometendo sua fidelidade com a verdade. d. as crônicas espanholas são as únicas fontes historiográficas confiáveis sobre o período. e. as crônicas, mesmo com suas distorções, servem como fontes de análise dos acontecimentos históricos se inseridas em seu contexto próprio e utilizadas em conjunto com outras evidências históricas. “Cortés, depois de derrotar Narváez e obter o apoio de suas tropas, volta a México-Tenochtitlan, e os mexicas permitem sua entrada na região sitiada. O sítio aos castelhanos e aliados continua até 30 de junho de 1520, quando eles resolvem fugir no meio da noite e levar o máximo de riquezas. [...] O sítio e a fuga resultaram na morte dos soberanos-reféns e também na de aproximadamente 1 mil castelhanos e 4 mil indígenas aliados a eles, de um total de aproximadamente 1.600 castelhanos 7 mil indígenas envolvidos diretamente nesses conflitos nesse momento”. SANTOS, E. N. As conquistas de México-Tenochtitlan e da Nova Espanha: guerras e alianças entre castelhanos, mexicas e tlaxcaltecas. Usinos, v. 18, n. 2, 2014, p. 221. O trecho acima retrata um importante acontecimento do século XVI da história da América Latina. O episódio que ocorreu em 1520 e é até hoje lembrado como: a. “La vinganza de Montezuma”, uma batalha que os astecas resistiram e expulsaram os espanhóis. b. “La noche infeliz”, a noite na qual os espanhóis, liderados por Hernán Cortés, tomaram a cidade de Tenochtitlán. c. “La conquista de Cuzco”, retrata a conquista dos europeus da capital Asteca. d.“La noche triste”, retrata o dia em que o líder Montezumafoi morto pelos soldados espanhóis. e. “La batalla de Tabasco”, em que Pizarro tomou a cidade de Tabasco.
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