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ESTOMATOLOGIA ESTOMATOLOGIA ESTOMATOLOGIAESTOMATOLOGIA William Eduardo Pirola Carlos Deyver de Souza Queiroz e Colaboradores Título: Desmistificando a Estomatologia para o Clínico Geral Revisão ortográfica: Ana Ligia Scaldelai Salles Todos os direitos reservados aos autores. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida sem permissão expressa dos autores. Autores: William Eduardo Pirola; Carlos Deyver de Souza Queiroz Revisão do conteúdo: Os autores - Mestre em Periodontia / Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos - Especialização em Periodontia / Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos - Especialização em Estomatologia / Unyleya - Habilitação em Sedação Consciente Inalatória com Óxido Nitroso - Graduação em Odontologia / Unifeb - Professor Titular Adjunto II da Faculdade Odontologia UniRV Disciplinas Histologia Bucal, Patologia Bucal e Semiologia - Professor do Curso de Odontologia UniCerrado - Disciplinas Histologia Bucal e Semiologia - Professor do Curso de Medicina UniCerrado - Habilitação em Odontologia Hospitalar/ CFO William Eduardo Pirola - Mestre em Oncologia / Hospital de Câncer de Barretos - Especialização em Oncologia / Residência Multiprofissional em Odontologia Oncológica / Hospital de Câncer de Barretos - Habilitação em Laserterapia / Hospital Isrelita Albert Einstein - Graduação em Odontologia / Unifeb - Habilitação em Odontologia Hospitalar / CFO - Professor do Curso de Odontologia - UniCerrado - Disciplinas Semiologia, Anestesiologia e Oncologia - Doutorando em Oncologia / Hospital de Amor Carlos Deyver de Souza Queiroz Autores Colaboradores - Residência em Cancerologia Clínica pela (FAMERP) - Doutorado em Odontopediatria (USP - FORP) Késsia Suênia Fidelis de Mesquita Guimarães - Professor do Curso de Odonologia UniCerrado - GO Mariana de Oliveira Daltoé - Especialista Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (UNIFENAS) - Mestrado em Odontopediatria (USP - FORP) - Professora do Curso de Atualização em Odontopediatria APCD Franca - SP Natália Shizu Kusuke - Mestrado em Patologia Oral e Pacientes especiais (USP - FOUSP) - Especialização em Saúde Pública (Unileya) - Especialista em Implantodontia (UniEvangélica) - Residência em Clínica Médica (FAMERP). - Especialização em Radiologia e Imaginologia Odontológica (AORP) - Coordenador e Professor do Curso de Odonologia UNIFASC- GO João Antônio Soler - Graduação em Medicina (FAMECA) - Doutorado em Odontopediatria (USP - FORP) - Graduação em Odontologia (UFU) Cássio Vinhadelli Ribeiro - Mestre em Clínica Odontológica Integrada com ênfase em patologia Oral/ Estomatologia (UFU) - Especialização em Odontopediatria (AORP) - Graduação em Odontologia (UFAL) - Professora do Curso de Odontologia UniCerrado - GO - Graduação em Odontologia (USP - FORP) - Idealizadora do Projeto OCA: Odontologia em Constante Aprimoramento - Graduação em Odontologia (FMU) - Mestrado em Odontopediatria (USP - FORP) - Professora do Curso de Especialização em Odontopediatria Funorte - Uberaba - MG - Especialização em Pacientes Especiais (AORP) - Especialização em Odontopediatria (USP - FORP) - Residência em Odontologia Oncológica (Hospital de Câncer de Barretos) Wander Tamura - Especialização em Ortodontia (ABO - MG) - Graduação em Odontologia (USP - FORP) - Mestrado em Ciências da Saúde (USP - FORP) - Especialização em Saúde Coletina (UFTM) - Mestranda em Radiologia e Imaginologia (São Leopoldo Mandic) - Professora e Coordenadora do Curso de Especialização em Odontopediatria Funorte - Uberaba - MG - Graduação em Odontologia (UniCerrado) - Idealizadora do Projeto OCA: Odontologia em Constante Aprimoramento - Especializanda em Radiologia e Imaginologia (São Leopoldo Mandic) - Especialização em Odontopediatria (UNESP) - Professora e Coordenadora do Curso de Atualização em Odontopediatria APCD Franca - SP Thais Priscila Pádua Thais Uenoyama Dezem Paula Regina Ávila - Doutorado em Ciências da Saúde (USP - FORP) - Doutorado em Biologia Buco Dental (Unicamp) - Mestrado em Periodontia (Unifeb) - Especialista em Odontologia Legal (Unicamp) - Graduação em Odontologia (Unifeb) - Professora do curso de Odontologia (UniCerrado) - Mestrado em Endodontia (Unifeb) - Especialização em Implantodontia (Unifeb) - Graduação em Odontologia (Unifeb) - Coordenador e Professor do curso de Odontologia (UniCerrado) ESTOMATOLOGIA desmistificando a para o clinico geral´ Prefácio Os caros amigos e colegas Carlos Deyver Souza Queiroz e William Eduardo Pirola me convidaram para apresentar esta obra – “Desmistificando a Estomatologia para Clínico Geral”. Sem dúvida, motivo de muita satisfação e responsabilidade e que agradeço pela consideração à minha pessoa e ao meu trabalho. O conteúdo manifesta a experiência dos professores Carlos e William, que descrevem os sinais e sintomas vistos na prática clínica e embasados cientificamente, com apuro didático e linguagem acessível. Ao estudar por este livro, o leitor conhecerá um pouco dos autores e compreenderá a generosidade desses mestres, que aqui compartilham conhecimento e vivência, o que por si só já é digno de respeito e mérito. Por força de minha área de atuação, a Saúde Coletiva, sempre penso “grande”, não apenas nos benefícios individuais que certas ações possam ter, mas no impacto que causam para a comunidade. E é assim que reflito sobre este livro. As infinitas possibilidades que, ao fazer uso de seu conteúdo e ao aprender através dele, cirurgiões dentistas possam garantir melhor saúde para aqueles sob seus cuidados, construindo um mundo mais favorável, mais justo e mais saudável, promovendo a importância dos cuidados com a saúde bucal até mesmo em locais onde a população desconhece e/ou não tem acesso a serviços de saúde. Que possamos educar, diagnosticar precocemente, tratar com humanidade e acolhimento, reabilitar e até curar. Que, a exemplo do Carlos e do William, sejamos, a partir do conhecimento promovido por este livro, ainda mais conscientes do nosso compromisso social e profissional. Profª Ivana Maria Esteves Maciel O livro apresenta-se em duas versões – a impressa, para se ter e expor no consultório, com orgulho pela obra, e a versão digital. Entendo este e-book de Estomatologia como uma facilidade de estender, deixar ao alcance dos colegas cirurgiões dentistas e alunos de Odontologia, em qualquer lugar desse mundo, os conhecimentos necessários para prevenir, diagnosticar e tratar as doenças bucais, possibilitado pela praticidade e acessibilidade da internet, utilizando seus celulares ou qualquer outro dispositivo conectado. Carlos e William, que obtenham o sucesso merecido! Com admiração, ESTOMATOLOGIA desmistificando a para o clinico geral´ Dedicatória Agradecimentos Aos meus pais, Leonilda e Luiz, A Deus, pelo dom da vida. pelo incentivo incondicional. Aos co-autores deste livro, equipe A Ana Ligia, que prontamente aceitou A cada paciente que tive o prazer de atender e me confiaram sua saúde. que aceitou de prontidão participar deste projeto. revisar este livro Ao meu orientador do doutorado, Dr René, que acreditou e sempre me incentivou. Ao departamento de Odontologia UniCerrado que me acolheu como professor. William Eduardo Pirola ESTOMATOLOGIA desmistificando a para o clinico geral´ Dedicatória Agradecimentos Carlos Deyver de Souza Queiroz Ao meus pais pelos incentivos. odontologia diferenciada, e ao Takeo Furuse que foi o inspirador, motivador de gostar da Estomatologia. E aos meus alunos e ex-alunos que esse todos ensinamentos e dedicar a realizar uma desenvolvimento dessa obra. Aos professores que colaboraram com o Ao William Pirola pela grande parceria e sempre estar me motivando a sair da minha zona de conforto. Gratidão aos meu professores Hélio Tanimoto por exemplar possa enriquecer mais os vosso conhecimento. Dedico primeiramente a Deus por ser Aos meus filhos Bianca e Arthur, meu apoio em momentos difíceis.por quem dedico toda minha jornada. A minha avó Aparecida ‘‘in memoriam’’ por todos esforços e exemplo q foi em minha vida. ESTOMATOLOGIA desmistificando a para o clinico geral´ William Eduardo Pirola William Eduardo Pirola William Eduardo Pirola Lesões Ósseas Variação do Aspecto Normal Lesões Enegrecidas Cássio Vinhadelli Ribeiro Exame Físico e Manobras Semiotécnicas William Eduardo Pirola Lesões Ulcerativas e Vesicobolhosas Lesões Fundamentais Lesões Brancas Mariana de Oliveira Daltoé Wander Tamura Thais Priscila Pádua Carlos Deyver de Souza Queiroz Carlos Deyver de Souza Queiroz William Eduardo Pirola Carlos Deyver de Souza Queiroz Carlos Deyver de Souza Queiroz Carlos Deyver de Souza Queiroz Lesões de Interesse Endodôntico Paula Regina Ávila Cistos Odontogênicos e Não Odontogênicos Capítulo 5 Capítulo 7 Capítulo 8 Capítulo 9 Capítulo 6 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 Capítulo 1 01 13 31 21 71 97 79 45 59 ESTOMATOLOGIA desmistificando a para o clinico geral´ Hemograma Estomatologia na Odontopediatria Complicações Orais Frente ao Tratamento Oncológico Biópsia em Odontologia Késsia Suênia Fidelis de Mesquita Guimarães João Antônio Soler William Eduardo Pirola Citodiagnóstico em Odontologia Natália Shizu Kusuke Carlos Deyver de Souza Queiroz William Eduardo Pirola Carlos Deyver de Souza Queiroz Conceitos Legais relacionados à Estomatologia Thais Uenoyama Dezem Capítulo 10 Capítulo 11 Capítulo 12 Capítulo 13 Capítulo 15 Capítulo 14 111 153 127 135 143 183 William Eduardo Pirola Carlos Deyver de Souza Queiroz EXAME CLINICO e ESTOMATOLOGIA desmistificando a para o clinico geral´ MANOBRAS SEMIOTECNICAS Capítulo 1 ´ ´ 1. Exame Clínico e Manobras Semiotécnicas Cada etapa da coleta de dados deve ser realizada de forma sistemática, para que o profissional diminua qualquer perda de informações. Mesmo que classifiquemos estes passos como um momento roterizado, o dentista não pode fazer da anamnese uma entrevista apenas para preenchimento da documentação odontológica. Este momento deve ser de total atenção ao paciente, sempre que possível em ambiente silencioso, calmo, agradável, apenas com o profissional e o paciente, uma vez que o paciente precisa se sentir seguro para contar sobre sua saúde bucal e sistêmica. Durante o exame físico, o profissional utiliza vários sentidos naturais para identificar qualquer alteração, sendo que a metodologia empregada para identificar as alterações levam o nome de , por manobras semiotécnicas Classifica-se o exame físico como uma importante ferramenta que deve ser associada à anamnese. Importante ressaltar que ambos os métodos de coleta de informações do paciente, seja anamnese ou o exame físico devem ser complementares entre si, não podemos ignorar informações ou ainda subestimar qualquer etapa. O exame físico como um todo deve ser iniciado assim que o profissional vê o paciente pela primeira vez, no primeiro momento, ou seja, devemos avaliar e prestar atenção em como o paciente se porta, suas expressões faciais, formas como o paciente se levanta, caminha, postura, proporções corporais, estado mental, aparências nutricionais, dentre qualquer outro aspecto que possa ver avaliado de forma técnica visual e contribua para associar os dados com à situação clínica do paciente. É comum que o paciente entre na sala iniciando a conversa com sua queixa principal, o profissional deve então acalmar o paciente, e iniciar uma breve explicação sobre a importância de uma completa anamnese, informações relativas à saúde sistêmica podem auxiliar no diagnóstico que motivou a busca pela consulta. Após a coleta de informações, inicia-se o exame físico, assim, o profissional estará munido de informações completas o que elucidará tanto na solicitação de exames complementares, quanto no diagnóstico clínico. O exame físico como um todo compreende o exame físico e a anamnese. O exame físico pode dividido em exame físico geral e exame físico regional; sendo que este último pode ser subdivido ainda em exame extra bucal e exame intra bucal. 03 Para complementar a inspeção, devemos colocar o paciente em repouso na cadeira odontológica e realizar a visualização em todas as estruturas anatômicas que envolvem o sistema estomatognático, iniciando pela inspeção extra oral, possível assimetria, e posteriormente, a inspeção intra oral. Para esta etapa, devemos nos atentar em tracionar te- Inspeção Utiliza-se o sentido da visão para realização da inspeção, trata-se do ato de inspecionar, avaliar; ou seja, observa-se todos os detalhes relacionados à lesão ou alteração oral. O profissional deve observar todas as estruturas anatômicas correla- cionadas à área na qual deve ser analisada. A par t i r do pr imei ro contato visual do profissional com o paciente, a inspeção deve ser realiza- da de forma minuciosa, ou seja, inicia- se ainda em movimento, com o examinador observando os movimen- tos do paciente, assim como suas expressões facias. exemplo, através do tato, obtemos a palpação; pela visão obtemos a inspe- ção; a audição é utilizada para auscul- tação. Ao longo deste capítulo vamos detalhar as manobras: inspeção; palpação; auscultação; olfação; punção; exploração; percussão; raspagem; vitropressão e fotografia. Todas as informações devem ser descritas no prontuário do paciente, complementando a anmnese, que também será discutida. 04 cidos, mover a língua para as laterais e para região palatina, para que todas as áreas se tornem visíveis. Com a utilização do tato, a palpação deve ser utilizada como método de avaliação de textura, endurecimento de base, bordas, assim como possível dor. Na odon- tologia, a palpação pode ainda ser realizada de forma indireta, com auxílio de uma sonda exploradora, por exemplo. Ou, palpação direta, utili- zando os dedos e a mão. Para palpação direta, as técnicas podem ser subdividas em: Utiliza-se a polpa da digital de um dos dedos, em geral polegar ou indicador. Exemplo, utilizada em cadeia ganglionar (Figura 1.1). Utiliza-se dois dedos, polegar e indicador, fazendo movimento de pinça. Exemplo, utilizada para avaliar uma área ou região que possa estar endurecida (Figura 1.2). - Digital - Digitopalmar Utiliza-se o indicador para palpação, e a palma da mão faz interposição, ou anteparo. Exemplo, para avaliação da região de glândulas salivares (Figura 1.3). - Bidigital Pode-se ainda utilizar equipamentos de ampliação, como lupas ou microscópio operatório para uma completa avaliação do paciente. Palpação Figura 1.1 - Palpação digital em região gengival 05 Auscultação Geralmente é utilizada com auxílio de um estetoscópio a fim de potencializar a audição. Para que a auscultação seja realizada de forma Figura 1.2 - Palpação bidigital em lábio inferior Figura 1.3 - Palpação digitopalmar em mucosa jugal Uma das p r i nc i pa i s formas de utilização da auscultação da odontologia está associada à avali- ação da ATM para avaliar crepitação e estalidos (Figura 1.4). assertiva, o ambiente deve ser silencioso e calmo. Figura 1.4 - Auscultação na região da ATM 1. EXAME CLINICO E MANOBRAS SEMIOTECNICAS - Êmbolo retrocede facil- mente sem conteúdo Olfação São comuns também outros odores, como odores cetônicos em pacientes diabéticos, ou hálito com cheiro de urina em paciente com uremia. Punção Trata-se de puncionar uma agulha acoplada em uma seringa descartável estéril em uma massa tecidual ou cavidade com finalidade de identificar qual tipo de conteúdo está presente na região puncionada. Após retroceder o êm- bolo da seringa, o profissional deve estar atento para avaliação do diagnóstico, caso não haja conteúdo aspirado, também é uma informação importante: - Êmbolo não retrocede Apesar de pouco utiliza- da de forma sistemática, a olfação é um sentido muito útil para indícios em umasérie de situações na odonto- logia. Por exemplo, o profissional deve pres tar a tenção no che i ro de cigarro/tabaco, assim como o cheiro de bebidas alcoólicas que o paciente pode trazer consigo. A agulha está puncionada em uma massa tecidual sólida. A agulha está puncionada em uma cavidade oca. Uma série de conteúdos líquidos podem ser coletados através desta manobra, por exemplo: - Pus Material purulento, importante in formação no d iagnóst ico de abscesso. Material presente em cistos (Figura 1.5). - Saliva Agulha puncionada em um hemangiona ou vaso sanguíneo calibroso. - Conteúdo Pastoso - Sangue - Líquido Citrino Agulha puncionada em uma mucocele ou rânula. Queratocisto ou Cisto dermóide FOTO Figura 1.5 - Punção mostrando conteúdo citrino 06 Geralmente util iza-se uma guta percha que deve ser puncionada no orifício de drenagem até que encontre resistência. Exploração A guta percha mostrará a área de comunicação entre as duas regiões (interna e externa) através do conduto patológico presente na região (Figura 1.6). Utilizada nas regiões onde existe ponto de flutuação ou áreas de drenagem através de orifícios. Após a fixação da guta percha na região, deve ser realiza uma tomada radiográfica. A guta percha por mostrar uma imagem radiopaca po- derá indicar a origem da região infec- cionada (Figura 1.7). Raspagem A raspagem é uma se- miotécnica obrigatória para placas, a fim de avaliar se ela se desprega ou não à raspagem. Basicamente, com auxílio de uma espátula romba esfrega-se a região. A raspagem tam- bém é utilizada na suspeita de Pênfigo Vulgar, em que avalia-se o sinal de Percussão Menos utilizada na odon- tologia, a percussão geralmente é utilizada com auxílio do cabo de um instrumental, como o espelho clínico. ‘Batemos’ com o cabo do espelho na coroa dental na posição vertical para avaliação da região peripical, e na posição horizontal para avaliação periodontal. Figura 1.6 - Exploração com guta percha em fístula Figura 1.7 - Exame radiográfico complementar na semiotécnica de exploração 071. EXAME CLINICO E MANOBRAS SEMIOTECNICAS Vitropressão Também pode ser cha- manda de diascopia. Trata-se de uma manobra obrigatória nos casos de lesões pigmentadas, que consiste em pressionar uma lâmina de vidro contra a lesão com o objetivo de difenciar o conteúdo interno na lesão. Caso não haja alteração na coloração após a diascopia, estamos diante de uma lesão pig- mentar; quando aparecem áreas isquêmicas na região, estamos diante de lesão com conteúdo hemorrágico. Em casos de lesões em áreas de elasticidade, como mucosa Nikolsky. A raspagem também é utilizada para realização de citologia esfoliativa (Figura 1.8). Conforme a evolução da lesão, ou do tratamento, algumas le- sões apresentam variações de coloração, tamanho, bordas, dentre outras características. Portanto é im- portante uma avaliação fotográfica para acompanhamento. Todos os dados de como descrever as imagens, e o que deve ser avaliado nas características das lesões são descritos no Capítulo 2. O armazenamento dos dados em relação às questões legais, estão descritos no Capítulo ‘Conceitos Legais relacionados à Estomatologia’. Anamnese O prontuário do paciente deve ser preenchido pelo profissional, e não deve ser delegado a outra pessoa preencher, ou até mesmo ao próprio paciente. Deve-se tomar cuidado para que todas as infor- mações relacionadas a saúde oral e sistêmica estejam completas, bem como não se pode negligenciar as atualizações periódicas dos documen- tos. De origem grega, o termo anamnese significa 'recordar'. Em linhas gerais, trata-se do momento em que o paciente irá recordar, contar a história evolutiva da queixa principal relacionada a qualquer manifestação oral ou sistêmica. jugal e lábios, deve-se utilizar um anteparo para melhor estabilidade. Fotografia Figura 1.8 - Raspagem para realização de citologia esfoliativa 08 Neste momento, o profissional deve focar em todas as informações passadas ou presentes que o paciente poderá levar, a fim de elaborar diagnóstico, prognóstico, planejar tratamento e proservar. A primeira parte do prontuário deve conter informações relacionadas à identificação do paciente, como nome, nome social, idade, gênero, etinia, estado civil, nacionalidade, naturalidade, residência, documento pessoal, profissão, local de trabalho, dentre outras informações o identifique (Figura 1.9). Tais informações também auxiliam no diagnóstico do paciente, por exemplo pacientes do gênero feminino apresentam maior predisposição a ulcerações aftosas recorrentes enquanto a paracoccidioidomicose apresenta maior prevalência em pacientes masculinos. Outras patologias não apresentam predileção por gênero, como o pênfigo vulgar, contudo, é quase exclusivo de pacientes adultos. Outras patologias, como o pênfigo foliáceo, são mais prevalentes em pacientes de zonas rurais, em especial nos estados de Mato Grosso, Paraná, Goiás e São Paulo e atingem principalmente mulheres jovens. Após a coleta dos dados do paciente, é importante que ele relate qual a queixa principal da consulta, esta etapa costuma ser espotânea, onde o paciente apresenta seus sinais e sintomas, espera-se que o paciente fale com suas palavras o que sente. É importante que o profissional se atente: ao fato de que o paciente é leigo e pode não se comunicar com termos técnicos. Tipos de sensação dolorosa, como 'pontadas', 'queimação' ou 'fisgadas', devem ser anotadas, da forma com que o paciente as relata. Não conhecer parte da história clínica também é uma informação importante, pois uma lesão pode, por exemplo estar associada à ausência de dor (Figura 1.10). Anamnese Odontológica Data do Preenchimento: ____/____/____ Data da atualização das informações: ____/____/____ Data da atualização das informações: ____/____/____ Nome completo Nome social Data de nascimento ____/____/____ Gênero Profissão Documento Profissão Naturalidade Plano de Saúde Endereço Nacionalidade Número do Cartão SUS Nome da mãe Telefone Email Figura 1.9 - Modelo do prontuário odontológico 091. EXAME CLINICO E MANOBRAS SEMIOTECNICAS Após os relatos do paciente quanto à queixa principal, deve-se iniciar uma breve entrevista relacionada à saúde sistêmica do paciente. Importante ressaltar que em toda anamnese o paciente deve ter o máximo de confiança no profissional, pois deverá contar informações sensíveis da sua saúde. A Figura 1.10 apresenta um exemplo de questões importantes relacionadas ao paciente. Por exemplo, questões sobre medicações que o paciente está tomando ou tratamentos médicos podem nos passar informações referentes à saúde sistêmica, ou possíveis interações medicamentosas em caso de prescrição. Informações sobre uso de medicações podem auxiliar no planejamento e solicitação de exames complementares, como em caso de anticoagulante, bifosfonatos, ansiolíticos, dentre outros. Avaliação Sistêmica SIM NÃO Queixa principal? Está em tratamento no momento? Já tomou penicilina ou algum outro antibiótico? Fez algum tratamento médico nos últimos 5 a 10 anos? Tem alguma doença cardíaca, pulmonar ou no fígado? Está tomando alguma medicação? Se sim, qual? Tem ou teve incompatibilidade com alguma medicação? Foi hospitalizado nos últimos anos? Se sim, por quê? Sabe de algum caso de diabete, tuberculose ou câncer na família? Tem alguma desordem sanguínea, como anemia? Já fez exame de sangue para verificação de Sífilis? Se sim, qual o resultado? Positivo ( ) Negativo ( ) Para Mulheres: Está grávida no momento? Já fez exame de sangue para verificação de Hepatite B? Se sim, qual o resultado? Positivo ( ) Negativo ( ) Já fez exame de sangue para verificação de HIV (AIDS) Se sim, qual o resultado? Positivo ( ) Negativo ( ) Já fez tratamento oncológico? Radioterapia ou Quimioterapia? Figura 1.10 - Modelo do prontuárioodontológico 10 Em uma outra etapa da anamnese, após conhecer melhor as questões relacionadas à saúde sistêmica do paciente, iniciamos as considerações de saúde bucal, momento que buscaremos informações sobre queixas adicionais, dores bucais, quando foi a última consulta odontológica, e também são descritas informações dos exames físicos intra e extra oral (Figura 1.11). Após avaliação da saúde bucal através da anamnese, o profissional deve iniciar o exame físico, completando portanto o exame clínico. Assim como já descrito neste capítulo, o exame físico deve ser sistemático e contemplar todas as áreas extra e intra orais. A descrição das possíveis alterações encontradas devem ser descritas associadas às manobras semiotécnicas (Figura 1.12). Avaliação Bucal SIM NÃO Tem alguma alteração relacionada à saúde bucal que não foi perguntado? Tem dificuldade em mastigar alimentos? Sente que sua mandíbula estala com frequência? Sua gengiva sangra com facilidade? Já extraiu algum dente? Se sim, teve alguma complicação? Sim ( ) Não ( ) Tem algum dente sensível? Costuma ter muita afta? É difícil abrir a boca na extensão que gostaria? Já tomou anestesia odontológica? Se sim, teve alguma complicação? Sim ( ) Não ( ) Sente a boca muito seca? Tem hábito de fumar? Quando se fere, as feridas cicatrizam rapidamente? Tem hábito de beber? Tem hábito de ranger ou apertar os dentes? Figura 1.11 - Modelo do prontuário odontológico 111. EXAME CLINICO E MANOBRAS SEMIOTECNICAS BORAKS, Silvio. Semiotécnica, Diagnóstico e Tratamento das Doenças da Boca: Série Abeno: Odontologia Essencial-Parte Clínica. Artes Médicas Editora, 2013. MIGLIARI, Dante Antônio et al. Fundamentos de Odontologia: Estomatologia. 2005. Referências KIGNEL, Sergio. Estomatologia : bases do diagnóstico para o clinico geral / Sergio Kignel. - 2. ed. - São Paulo: Santos, 2013 CRUZ, Fernando Luiz Goulart et al. Diagnóstico diferencial de hemangioma por meio da vitropressão. RGO. Revista Gaúcha de Odontologia (Online), v. 59, n. 1, p. 125-129, 2011. TOMMASI, Antonio Fernando. Diagnóstico em patologia bucal. In: Diagnóstico em patologia bucal. 2002. PASSARELLI, Dulce Helena de Rosa Cabello. Atlas de estomatologia: casos clínicos. Elsevier Brasil, 2017. Exame Físico Exame físico extra oral Figura 1.12 - Modelo do prontuário odontológico Exame físico extra oral - História Clínica Descrição da alteração/lesão Diagnóstico Clínico Exame físico intra oral Exame físico extra oral - História Clínica Descrição da alteração/lesão Diagnóstico Clínico 12 William Eduardo Pirola Carlos Deyver de Souza Queiroz VARIACAO DO ESTOMATOLOGIA desmistificando a para o clinico geral´ ASPECTO NORMAL Capítulo 2 ~ ~ 2. Variação do Aspecto Normal Nem toda alteração encontrada na cavidade oral pode ser considerada patológica, precisamos entender que os seres humanos apresentam estruturas semelhantes entre si. Contudo, alterações estruturais de tecido em um determinado aspecto clínico que possa se parecer diferente do convencional, mas não representa uma patologia, ou seja, não cause nenhum dano a saúde do paciente, podemos classificá-las como 'variação do aspecto normal'. Abordaremos a seguir, algumas estruturas que podem comumente apresentar variação da normalidade na prática clínica, neste caso, o profissional não precisa realizar nenhum tratamento específico, mas deve orientar o paciente quanto a possível etiologia da variação. 15 Descritas pela primeira vez em 1896, os grânulos de fordyce acometem principalmente a mucosa jugal bilateral (Figura 2.1), vermelhão dos lábios e mucosa labial. São assintomáticas e não requerem ne- nhum tratamento Se apresentam como pontos (pápulas) ou placas papulosas de coloração amarelada ou branco- amarelada. São coristomas sebá- ceos, ou seja, glândulas sebáceas ectópicas, que são estruturas diferen- tes dos tecidos que geralmente encontramos na região. Granulos de Fordyce Freios Labiais e Linguais Tanto a mucosa labial superior, quanto a inferior possuem várias bridas, ou freios labiais em tor- Frênulos ou Outro freio importante da cavidade oral, é o lingual, que pode apresentar uma inserção até o ápice da língua, dificultando a deglutição e fonação do paciente (Figura 2.3). no do rebordo alveolar. Quando a inserção dessas bridas apresentam um volume extenso para a região, em especial entre os incisivos centrais (superior ou inferior), podem acarretar diastema em pacientes dentados, ou prejudicar a estabilidade protética em pacientes desdentados (Figura 2.2) Além das regiões cen- trais, apesar de apresentar menor incidência, os freios podem acometer também regiões de pré-molares e molares. Apesar de não ser patoló- gico, quando os freios prejudicam a estética ou a função, eles podem ser removidos, liberando as estruturas anexas. 16 canal de Stensen. Para avaliar e determinar que trata-se da saída da glândula salivar, basta fazer a ordenha da parótida, onde será possível visualizar a saliva sendo excretrada através da região. Apresentam aparência de nódulo, mesma coloração da mucosa jugal e são assintomáticas (Figura 2.4). Proeminente Carúncula Sublingual Da mesma forma que acontece com saída dos ductos salivares das parótidas, a carúncula sublingual está associadas às glân- dulas salivares sublinguais. Trata-se de duas saliências semelhantes a nódulos, localizadas lateralmente ao freio lingual. São, portanto, os óstios das glândulas submandibulares. São proeminências localizadas na mucosa jugal, geral- mente bilaterais. Estão associadas ao Papila Parotídea Proeminente Figura 2.1 - Granulos de Fordyce em região de mucosa jugal Figura 2.2 - Freio labial superior causando diastema entre os centrais superiores. Figura 2.3 - Freio lingual com inserção estendida até o ápice da língua. 172. VARIACAO DO ASPECTO NORMAL~ ~ Leucoedema Linha Alba de Oclusão Assim como o nome sugere, são alterações que se assemelham a uma linha, branca ou esbranquiçada, e estão presentes na mucosa jugal, geralmente bilaterais. Formam alteração estrutural, saliên- cia linear na região da oclusão desde os den tes pos te r io res a té os anteriores. Geralmente associado a apertamento dos dentes e períodos de estresse do paciente. Não há neces- sidade de realizar a remoção cirúrgica (Figura 2.5). A mucosa jugal pode apresentar características de padrão uniforme e opalescente, esbran- quiçada ou acinzentadas, quando há Figura 2.5 - Linha alba de oclusão em mucosa jugal presença de edema intraepitelial. Quando é realizado o tracionamento da mucosa oral, ou diascopia, é possível observar o desaparecimento da alteração, fazendo com que a mucosa jugal volte a ter coloração rósea. Esta alteração está mais realizada a pacientes negros. Pigmentação Racial Melânica São manchas de colora- ção acastanhada ou escuras, presen- tes principalmente nas gengivas, tanto superior quanto inferior. Trata-se de pigmentação por melanina, não requerendo nenhum tratamento, contudo, quando há comprome- timento estético a laserterapia de alta potência é um alternativa que pode ser considerada (Figura 2.6). Figura 2.4 - Presença da carúncula parotídea proeminente na mucosa jugal próximo aos molares. 18 Quando há comprome- timento da estabilidade protética, ou quando são mui to extensos e incomodam o paciente, podem ser removidos. Palatino O tórus mandibular são crescimentos ósseos que acometem a p a r t e i n t e r i o r d a m a n d í b u l a , geralmente na área dos pré-molares. Podem apresentar aparência uni ou multilobular, de consistência resisten- te a palpação e indolores. Da mesma forma, este crescimento ósseo pode estar presente no palato duro, denominado de tórus palatino (Figura 2.6 e Figura 2.7). Quando se apresentam un i la te ra lmen te ou na reg ião vestibular, são denonimados exosto- se. Tórus Mandibular ou Língua FissuradaA higienização também deve ser acompanhada pois formam regiões que facilitam o acúmulo de matéria alba e microrganismos. Observa-se múltiplos sulcos no dorso da língua. Por apresentarem como fissuras, que podem ser profundas, o paciente pode queixar-se de sensibilidade dolorosa com ingestão de alimentos mais condimentados. Língua Crenada São sulcos presentes na borda da língua causadas pela pressão da língua contra os dentes. Assim como na linha alba de oclusão, é comum estar presentes em períodos de estresse do paciente. Figura 2.5 - Linha alba de oclusão em mucosa jugal Figura 2.6 - Tórus mandibular bilateral 192. VARIACAO DO ASPECTO NORMAL~ ~ Papila Incisiva e Língua Pilosa Rugosidade Palatina Localizadas na região anterior do palato duro. A papila incisiva assemelha-se a um nódulo, presente na região anterior do palato duro entre os incisivos centrais. A Rugosidade palatina se assemelham a estrias laterais a papila incisiva. Além de auxiliar no processo de mastigação, elas podem ser utilizadas como identificação pessoal. A língua pilosa é uma alteração semelhantes a pêlos, presente no dorso da língua devido à retenção de ceratina na superfície das papilas filiformes a partir da linha média. A coloração pode variar entre a c a s t a n h a d a , a m a r e l a d a o u enegrecida em acarretada pela pre- sença de diferentes pigmentos prove- O tabagismo, higiene bucal insatisfatória, consumo de chá e/ou café e o uso de enxaguantes bucais oxidantes podem estar associados a um aumento da pro- dução de ceratina. Contudo, a alteração pode também estar as- sociada a pacientes com boa higiene oral, neste caso, a língua pilosa indica presença de doença sistêmica subjacente. nientes de alimentos, do tabaco e de bactérias cromogênicas (Figura 2.8) . - KIGNEL, Sergio. Estomatologia: bases do diagnóstico para o clínico geral. In: Estomatologia: bases do diagnóstico para o clínico geral. 2007. p. 450-450. Referências - MARCUCCI, Gilberto; JUNIOR, Oswaldo Crivello. Fundamentos de Odontologia: Estomatologia . Grupo Gen-Guanabara Koogan, 2000. Figura 2.7 - Tórus palatino Figura 2.8 - Língua pilosa ESTOMATOLOGIA desmistificando a para o clinico geral´ William Eduardo Pirola Carlos Deyver de Souza Queiroz LESOES FUNDAMENTAIS Capítulo 3~ 3. Lesões Fundamentais Podemos classificar as "lesões fundamentais" como alterações morfológicas que acometem a cavidade oral; cada lesão apresenta a associação de determinadas características. Sendo que as informações referentes a tais alterações apresentam condições individualizadas e padronizadas. As lesões fundamentais resultam em processos patológicos básicos, sendo portanto, necessárias para realização de um completo diagnóstico. O cirurgião dentista tem por obrigação conhecer estes processos e características para iniciar o exame clínico, bem como dominar as hipóteses diagnósticas. Podemos classificar as lesões mais frequentes da cavidade oral em grandes grupos, todas com características principais em comum, sendo elas: - Perda de tecido - Lesões vesicobolhosas - Lesões enegrecidas - Lesões elevadas O profissional deve ter em mente que uma mesma patologia pode apresentar lesões diferentes ao longo de sua evolução, sendo possível o paciente apresentar uma lesão primária, e ao decorrer da evolução, ser descrito como uma lesão secundária. Por exemplo, no caso do ‘herpes simples’, que apresenta múltiplas vesículas, sendo uma lesão com líquido em seu interior, em que determinado momento se rompe, e há perda de tecido, se transformando em uma úlcera. Deve-se ainda, destacar uma série de alterações associadas às lesões para que sejam descritas com o máximo de características possíveis, dessa forma a comunicação com outro profissional, bem como o acompanhamento através de dados do prontuário clínico, torna-se facilitado. Para tal riqueza de detalhes, devemos levar em consideração informações como: - Lesões brancas - Posição correta na qual a lesão se encontra na cavidade Localização: oral, por exemplo: região posterior da mucosa jugal esquerda; ou, rebordo alveolar superior direito na região aproximada do elemento 16. 23 - Quais as estruturas anatômicas presentes na região de Limites: ‘fronteira’ da lesão. - Pode ser classificada basicamente em dois grupos, sendo eles: Base: séssil e pediculada. - Quantidade de lesões semelhantes na mesma região que Número: compreende a mesma patologia, pode ser única ou múltipla. - Qual a resistência da lesão frente à palpação, por Consistência: exemplo: elástica, pétrea, borrachóide, fibrosa. - Deve ser medido a área de maior diâmetro ou extensão da Tamanho: lesão. O ideal é que seja medida em milímetros. Pediculada: Quando a base da lesão é menor que seu ápice. - Pode ser definido como características de contorno nítido ou Contorno: não, além disso, os limites podem ser regulares ou irregulares. - Definida através de palpação, pode ser lisa, áspera, rugosa, Textura: globosa, brilhante, opaca. Séssil: Quando a base da lesão é maior que seu ápice. - Formato geométrico semelhante ao da lesão em questão, por Formato: exemplo: arredondado, ovalado, discóide, linear, globosa. - Nesta categoria, o profissional deve considerar a coloração Coloração: principal da lesão, por exemplo: esbranquiçada, avermelhada, amarelada, amarronzado, azulada. 24 Mancha /ou/ Mácula Lesões com alteração de coloração, sem elevação de tecido, e sem perda de estrutura tecidual. Podem apresentar uma série de característ icas, em relação ao tamanho (desde puntiformes até l esões ex tensas em d ive rsos centímetros); coloração (marrom, vermelho, branca, preta); formato, número, contorno, dentre outras. As manchas podem ser hipecrômicas ou hipocrômicas, sendo de pigmentar ou sanguíneas. Deve ser realizada vitropressão (ou diascopia) para determinar sua origem (Figura 3.1) Placa Alteração de coloração com alteração da superfície do tecido em questão. Assim como sugere o nome, podemos considerar como lesão com discreta elevação em relação ao tecido adjacente, sendo mais amplo em relação ao diâmetro do que em relação à altura (Figura 3.2). P o d e m a p r e s e n t a r diversas características de superfície, sendo elas, lisas, rugosas, onduladas, papulosas, etc. As características de diagnóstico podem ser diversas, sendo algumas delas: - Traumática: - Mecânica (causada por prótese oral, hábitos deletérios, etc.) - Química (causada por taba- gismo, produtos químicos, etc.) As placas podem ser de or igem benigna, a inda lesões potencialmente cancerizáveis. - Física (radiação solar) - Geralmente Infecciosa: provocada por HPV ou Cândida albicans. Em casos de placas na cavidade oral, a primeira manobra semiotécnica a ser realizada deve ser a raspagem, sendo que se as placas cederem ou não à raspagem, é um importante dado para diagnóstico. - Nevo branco Hereditária: esponjoso, leucoedema, etc. - Líquen Plano, Leuco-Outras: plasia, etc. Nódulo / Pápula Podemos c lass ifica r essas alterações como lesões de cres- Figura 3.1 - Mancha acastanhada em rebordo alveolar superior esquerdo na região do dente 26 Figura 3.2 - Placa branca em mucosa jugal esquerda 253. LESOES FUNDAMENTAIS~ As pápulas geralmente são classificadas com diâmetro inferior a 5mm, e os nódulos com diâmetro superior a 5mm. Em relação a sua base, podem ser classificadas como pediculada ou séssil (Figuras 3.3 e 3.4). Séssil Pediculada cimento sólido, podendo ter em seu conteúdo tecido conjuntivo, epitelial ou misto. Podem ser únicas ou múltiplas. - alterações com Pústulosa: pus em seu interior. - alterações com Hemorrágica: sangue em seu interior, por exemplo em hemangiomas. - Límpidas, porém Melicéricas: com consistência espessa, aparência semelhante ao mel, por exemplo: cistos nãoinfectados. - alterações com saliva Salivar: em seu interior, por exemplo em mucocele (quando a bolha está associada à glêndula salivar menor) ou rânula (quando a bolha está associada a glândulas salivares submandibular ou sublingual) (Figura 2.6). - Trans lúc idas, Serosas: límpidas. Geralmente presentes em lesões com conteúdo semelhante ao soro sanguíneo, por exemplo: herpes simples. Vesícula / Bolha Elevações circunscritas de crescimento contendo conteúdo líquido em seu interior. As vesículas são caracterizadas por lesões com até 3mm de diâmetro, enquanto as bolhas apresentam mais de 3mm. Podem ser únicas ou múltiplas (Figura 2.5). P o d e m a p r e s e n t a r diversas colorações e tipos de conteúdo, como por exemplo: Figura 3.4 - Nódulo em região anterior da mucosa jugal próxima a comissura labial direita. Figura 3.3 - Representação esquemática da lesão nodular em relação a sua base de implantação 26 L e s õ e s c o m p e r d a tecidual, sendo as erosões clas- sificadas como lesão com perda tecidual sem exposição de tecido con- Erosão / Úlcera Em especial, as úlceras apresentam uma série de aspectos q u e d e v e m s e r l e v a d o s e m consideração, como: base, bordas, fundo, evolução, natureza, caráter, halo, sintomas, forma, tamanho e número (Figura 3.7). juntivo; e as úlceras são, portanto, lesões com perda tecidual e exposição de tecido conjuntivo. - elevadas, depri-Bordas: midas, irregulares, flácidas, endu- recida, perfuradas. - Tempo de aumento Evolução: - mole, endurecida, Base: infiltrada. - l i so , necrót ico, Fundo: granuloso, bri lhante, purulento, crostoso, hemorrágico. Figura 3.5 - Bolha em mucosa labial inferior direita. Foto cedida pela Cirugiã-Dentista Denise Souza Oliveira Mendonça Figura 3.6 - Bolha em assoalho bucal. 273. LESOES FUNDAMENTAIS~ Figura 3.7 - Úlcera em mucosa labial superior direito. Foto cedida pela Cirurgiã-Dentista Emmelyne Souza Salatiel Ribeiro - regular ou ir-Contorno: regular, ovóide, arredondado, difuso, nítido. - Irregular, serpi-Formato: giosa, redonda, oral, riniforme. - características eritema-Halo: tosas ou esbranquiçadas. Exame Físico da Lesão Quando estamos diante de uma lesão, geralmente há neces- - assinto-Sintomatologia: máticas ou indolores; /ou/ sintomá- ticas e dolorosas. - diâmetro em milí-Tamanho: metros, podem variar de poucos milímetros a vários centímetros. - Te m p o d a I n v o l u ç ã o : diminuição, cicatrização da lesão. tamanho e/ou profundidade da lesão. - única ou múltipla.Número: - característica Natureza: aguda ou crônica. Toda lesão encontrada na cavidade oral precisa ser minu- ciosamente descrita, tanto para arquivamento de documentação no prontuário odontológico do paciente, quanto para comunicação com outro profissional. - superfic ia l ou Caráter : profundo. É importante seguir um roteiro para descrever a lesão, por exemplo: Lesão fundamental, localização, forma, tamanho, co loração , número , l im i tes , características de superfície, base de implantação, endurecimento de base, consistência, características do le i to , bordas , conteúdo, condição da mucosa adjacente, tempo de evolução. Quando algum exame é realizado, é de extrema importância que a comunicação com o patologista que receberá o material seja a mais completa possível. Nesses casos, é importante enviar os dados do paciente, gênero, idade, etnia, dentre outros, uma vez que tais característi- cas também influenciam na linha de diagnóstico da patologia. Também precisamos enviar um material de imagem, tanto radiografias, como fotografias. Mesmo que hoje dispo- mos de uma série de máquinas fotográficas com excelente qualidade, a descrição da lesão deve ser realiza- da de forma minuciosa, uma vez que a fotografia não capta alterações que são sensitivas, como saber se a placa se desprende à raspagem, endure- cimento de base, dentre outros. Há necessidade também de descrever os d iagnóst icos diferenciais e diagnóstico clínico da lesão. Assim como o plano de trata- sidade da realização de uma biópsia ou citologia esfoliativa, os exames em questão serão descritos nos capítulos 12 e 13. 28 - Lesão fundamental: (descrita neste capítulo) nódulo, pápula, bolha, placa, Mancha ... - Conteúdo: ceroso, hemorrágico, purulento, gaseoso. - Consistência: tecido normal, fibrosa, borrachóide, dura, elástica, flácida, flutuante, mole. - Limites: nítidos ou não nítidos, quando há facilidade de avaliar a diferença entre a lesão e o tecido adjacente normal. - Características de superfície: lisa, ceratótica, rugosa, filiforme, papilomatosa, verrucosa. mento, que pode ser: cirúrgico, medicamentoso, desgaste de prótese ou aresta dental, exodontia, suspenção do uso de prótese, encaminhamento para centro especializado. E o prognóstico, que pode ser favorável, reservado, sombrio ou fatal. A Figura 3.8 exemplifica um modelo do prontuário para arquivamento e comunicação com outros profissionais acerca da lesão oral. - Número: única ou múltipla, caso seja possível, anotar o número exato das lesões. - Forma: formato geométrico que aparenta a lesão, ex: oval, circular, irregular. - Tamanho: tamanho em milímetros em seu maior diâmetro. - Localização: local da cavidade oral onde está a lesão, ex: porção anterior da mucosa jugal direita próximo a comissura labial. Porção central do palato duro na linha média. - Endurecimento de base: com ou sem endurecimento de base. - Cor: coloração mais frequente da lesão, ex: centro arroxeado, bordas avermelhadas. - Características do leito: lesão apresenta leito íntegro ou tecido conjuntivo exposto. Ex: um nódulo pode apresentar uma úlcera traumática em seu leito. - Base de implantação: séssil ou pediculada. - Bordas: regulares ou irregulares. - Condição da mucosa adjacente: mucosa adjacente normal, presença de eritema. 293. LESOES FUNDAMENTAIS~ - Tempo de evolução: descrito de acordo com as informações relatadas pelo paciente. - KIGNEL, Sergio. Estomatologia: bases do diagnóstico para o clínico geral. In: Estomatologia: bases do diagnóstico para o clínico geral. 2007. p. 450-450. - COLEMAN, Gary C.; NELSON, John F. Princípios de diagnóstico bucal. In: Princípios de diagnóstico bucal. 1996. p. 329-329. - MARCUCCI, Gilberto; JUNIOR, Oswaldo Crivello. Fundamentos de Odontologia: Estomatologia . Grupo Gen- Guanabara Koogan, 2000. - REGEZI, J. A. et al. Patologia oral: correlações clínicopatológicas. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. Referências - GUIMARÃES JUNIOR, Jayro et al. Nomenclatura das lesões fundamentais. Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent, p. 863-6, 1992. - ESPÍRITO, Gustavo da Rocha; SANTOS, Dayanne Simões Ferreira; MOTTA, Ana Carolina Fragoso. Lesões fundamentais e suas descrições. Guia prático de estomatologia, 2022. - Descrição da Lesão Oral Exame Físico da Lesão Figura 3.8 - Modelo do prontuário odontológico Lesão fundamental, localização, forma, tamanho, coloração, número, limites, características de superfície, base de implantação, endurecimento de base, consistência, características do leito, bordas, conteúdo, condição da mucosa adjacente, tempo de evolução. Diagnóstico diferencial Diagnóstico clínico Diagnóstico definitivo (preenchido após retorno do anatomopatológico/ citológico) Obervação Prognóstico Plano de tratamento ( ) Cirúrgico ( ) Medicamentoso ( ) Desgaste dental ( ) Desgaste de Prótese ( ) Exodontia ( ) Suspenção do uso da prótese ( ) Encaminhamento para Centro Especializado ( ) ___________________________________ ( ) ___________________________________ ( ) Favorável ( ) Reservado ( ) Sombrio ( ) Fatal ( ) ________________ Exame Realizado Data do Exame 30 ESTOMATOLOGIA desmistificando a para o clinico geral´ William Eduardo Pirola Carlos Deyver de Souza Queiroz LESOES ULCERATIVAS e Capítulo4~ VESICOBOLHOSOSAS 4. Lesões Ulcerativas e Vesicobolhosas As lesões erosivas e ulceradas podem ser comuns na rotina clínica, uma série de fatores etiológicos estão presentes nesses casos. No organograma abaixo, elencamos algumas lesões ulceradas e suas etiologias principais. Podemos ainda classificar as lesões ulcerativas em ‘agudas’, em que classificamos a úlcera traumática, mucosite oral, varicela, sífilis primária, etc. Ou ainda como, úlceras 'crônicas e/ou recorrentes', que podem apresentar um período longo de duração, ou ainda, certa recorrência, em linhas gerais, tratam-se de lesões com ciclos de aparecimento e desaparecimento; podemos 33 ú lc er as o ra is - Químico - Mecânico - Físico TRAUMA - Herpes Simples - GEHA (Gengivoestomatite Herpética Aguda) - Doença mão-pé-boca - Varicela VIRAL - Linfoma - Carcinoma espinocelular - Câncer de glândula salivar NEOPLÁSICA - Úlcera aftosa recorrente - Eritema multiforme - Pênfigo vulgar AUTO-IMUNE - Lúpus eritematoso - Líquen Plano INFECCIOSA - Sífilis - Tuberculose - Histoplasmose - Paracoccidiodomicose 34 elencar nesses casos lesões benignas como úlceras traumáticas, herpes recorrentes (na fase ulcerada), sífilis secundária, tuberculosa, paracoc- cidiodomicose, dentre outras. Lesões com potencial de malignidade, como o líquen plano. E lesões malignas, como o carcinoma espinocelular, linfoma e tumor maligno de glândula salivar. Herpes Labial Durante a vida do paci- ente, eventos recorrentes, como períodos de estresse, t rauma, alteração da imunidade, exposição solar intensa e aguda, podem desencadear lesões vesicobolhosas levando ao aparecimento do herpes. Ge ra lmen te um d ia an tes do aparecimento da lesão, inicia-se a manifestação clínica da doença, com ardor e desconforto local; esta al teração é denominada 's inal prodrômico'. Após o período de sinal prodrômico, inicia-se o aparecimento de vesículas que coalescem e se rompem, expondo tecido conjuntivo e se transformando em úlceras. A região (Herpes Recorrente) O herpes s imples é caracterizado como uma doença infecciosa viral, ou seja, uma doença infectocontagiosa acometida pelo vírus herpes simples (HSV) tipo 1. Após a i n fecção do v í rus no organismo, ele permanecerá de forma latente no gânglio trigeminal por período indeterminado (Figura 4.1) mais acometida é a mucosa labial, contudo, regiões intra orais, em especial, regiões queratinizadas também podem manifestar a doença. Para o tratamento do herpes, a utilização de antivirais tópicos ou sistêmicos apresentam melhor eficácia quando administrados durante o período prodrômico, após o aparecimento das vesículas, não há m u d a n ç a s i g n i fi c a t i v a . O u t r o tratamento é a laserterapia de baixa intensidade, em especial, a aPDT (terapia fotodinâmica antimicrobiana) na qual o profissional deve romper as vesículas, aplicar o corante azul de metileno 0,005% ou 0,01%, aguardar o tempo de colocação de 5 minutos para sensibi l ização com a luz vermelha (660nm) (Figura 4.2). Figura 4.1 - Úlceras causadas por herpes simples em mucosa jugal direita e comissura labial esquerda, em paciente imunodeprimido Úlcera Traumática Úlcera traumática é uma lesão na cavidade oral decorrente de algum trauma local, seja mordida, irritação por prótese, restauração ou dente fraturado com bordas cortantes, queimaduras térmicas ou químicas, dentre outras (Figura 4.3). Assim como o nome da patologia leva o nome da lesão fundamental, trata-se de uma ‘úlcera’, ou seja, perda de tec ido com exposição do tecido conjuntivo. As características apresentam questões que variam de acordo com o agente agressor. UAR Úlcera Aftosa Recorrente A presente etiologia idio- pática, ou seja, sua etiologia ainda é desconhecida. Tratam-se de úlcera inflamatórias dolorosas, exclusivas da cavidade oral. Geralmente apresentam circundadas por um halo eritematoso, o que demonstra o processo inflama- tório associado à lesão. Podemos ainda classificar em três grupos, sendo Menores, Maiores e Herpe- tiforme. - subt ipo mais Menores: comum, presente em 80 a 90% dos casos, caracterizadas por lesões pequenas, múltiplas ou únicas, arredondada a ovóide, contorno bem definido e base crateriforme, centro deprimido e exsudato amarelado. São Figura 4.2 - Realização de tratamento aPDT em herpes simples Figura 4.3 - Úlceras traumática em lábio inferior esquerdo decorrente de mordeduras. Paciente pediátr ico anestesiado, real izou múlt ip las mordeduras no lábio durante o efeito do sal anestésico. 354. LESOES ULCERATIVAS E VESICOBOLHOSAS~ - São menos Herpetiforme: c o m u n s , e a p r e s e n t a m f á c i l d iagnóst ico uma vez que são representadas por múltiplas úlceras de 1 a 3mm de diâmetro cada, podendo facilmente passar de 10 úlceras chegando até 100 pontos de lesão. A fusão das lesões podem acontecer acarretando lesões mais extensas. predominantes nas mucosas não ceratinizadas e seu processo de cicatrização geralmente está em volta de 7 a 14 dias. O tratamento da afta ge- ralmente se baseia na sintomatologia, recorrência e duração. Contudo, por não haver etiopatogenia totalmente conhecida, nenhum tratamento é eficaz na cura ou erradicação. - Também chamadas Maiores: de ‘afta de Sutton’ são recorrentes de 7 a 10% dos casos, porém são mais graves, geralmente medem mais de 10mm e deixam cicatrizes após sua c i c a t r i z a ç ã o . o p r o c e s s o d e cicatrização leva até 6 semanas, são mais comuns em palato mole e mucosa labial. Síndrome de Behçet Trata-se de manifes- tações cutâneas, apesar de não haver uma completa etiopatogenia descrita na literatura, sabe-se que há envol- vimento relacionado a imunogenética do paciente. Há certa dificuldade para fechar o diagnóst ico, contudo, algumas características devem ser levadas em consideração, segundo o International Study Group for Behçet’ Disease elenca a necessidade de pelo menos duas manifestações, como ulceração genital recorrente, lesões inflamatór ias ocu lares, lesões inflamatórias em pele (Figura 4.4). O tratamento é feito com a c o m p a n h a m e n t o m é d i c o e geralmente associado a medicações à base de cor t icó ides tópicos e sistêmicos. Em casos de pacientes com manifestações oculares ou manifestações sistêmicas graves, o t ratamento costuma ainda ser associado a imunossupressores, o que aumenta a chance do paciente desenvolver candidose oral. Figura 4.4 - Úlcera em lábio superior esquerdo em paciente com Síndrome de Behçet. Foto cedida pela Cirurgiã-Dentista Emmelyne Souza Salatiel Ribeiro 36 Trata-se de uma doença rara, autoimune, sem predileção por gênero, possui incidência de 1 a 5 casos a cada milhão de pessoas. Se apresentam como bolhas acarretadas pela produção anormal de ant icorpos cont ra glicoproteínas da superfície das células epiteliais, desmogleína 3 e desmogleína 1. Em linhas gerais, acontece um desequilíbrio imuno- lógico. O paciente em geral costuma se queixar de dores intensas, uma vez que as bolhas se rompem rapida- mente (Figura 4.5). Pênfigos O s p ê n fi g o s s ã o caracterizados por quatro grupos, to- d o s r e l a c i o n a d o s a d o e n ç a s autoimunes. - Pênfigo Vegetante Gengivoestomatite Her- pética primária Trata-se de uma doença infecto-contagiosa, sendo o padrão mais comum do vírus herpes simples (HSV), por ser mais frequente em crianças, as características pediá- tricas da lesão será descrita no capítulo 10. Apesar de sua maior incidência ser no sexo masculino, acredita-se que pelo menos 10% da população apresente lesões da GEHP O ‘Sinal de Nikolsky’ é a manobra semiotécnica de primeira escolha no diagnóstico da lesão. Este procedimento consiste em raspar a mucosa bucal nas regiões adjacentes as das lesões ulceradas, em caso positivo, espera-se que aconteçaa formação de bolhas hemorrágicas minutos após, com fácil rompimento do epitélio, por causa da friabilidade do tecido. - Pênfigo Esritematoso - Pênfigo Foliáceo - Pênfigo Vulgar As manifestações orais são recorrentes nos subtipos ‘vulgar’ e ‘vegetante’, sendo o Pênfigo vulgar o mais comum. Vale ressaltar ainda que c e r c a d e 5 0 % d o s p a c i e n te s apresentam lesões orais por até um ano antes de apresentar lesões cutâneas. GEHP Figura 4.5 - Úlcera após realização da semiotécnica ‘Sinal de Nikolky’ 374. LESOES ULCERATIVAS E VESICOBOLHOSAS~ com sintomatologia dolorosa. Apresenta um período prodrômico, ou seja, período de sintomas que antecedem a doença, dura aproximadamente 4 dias, podendo inclu i r d ificuldade de alimentação, irritabilidade, mal-estar, febre, cefaleia, mau hálito, lindade- nopatia submandibular e cervical. Clinicamente as primei- ras manifestações orais estão relacio- nadas a múltiplas vesículas puntifor- mes em mucosa bucal e labial, elas se rompem com facilidade, formando lesões eritematosas que aumentam de tamanho com a progressão da doença, onde apresentam áreas de ulceração revestidas por uma fina camada de fibrina amarelada. Estas úlceras costumam se unir, formando úlceras extensas, irregulares e rasas. O número de lesões apresenta elevada variação entre pacientes. A doença pode acometer áreas queratinizadas ou não, mucosa móvel ou aderida. Pode envolver mucosa labia l e u l t rapassar a semimucosa (Figura 4.6), ou ainda região gengival vestibular ou palatina. Em adultos, acometem também a parede posterior da faringe, com envolvimento da mucosa bucal anterior a estrutura que forma o anel linfático da faringe, que engloba tonsilas faríngea, palatinas e lingual (anel de Waldeyr). A duranção da doença apresenta período variável, sendo uma média de 14 dias para casos mais graves e 7 dias em manifestações mais brandas. A autoinoculação para outras áreas como olhos, dedo e genital também é uma alteração que pode ocorrer. Eritema Multiforme - Eritema multiforme menor: geralmente está associada a drogras ou à reação cruzada ao vírus herpes. O eritema multiforme é um doença inflamatória mucocutânea l eve , ap resen ta po tenc ia l de recorrência, autolimitante, volhosa, ulcerativa e apresenta etiologia incer ta . A pa to log ia pode ser subdividida em quatro grupos, de acordo com sua severidade, sendo elas: Figura 4.6 - Múltiplas ulcerações em lábio e região peribucal iniciando a fase de crosta em paciente adulto, sexo feminino. 38 Afeta pele e mucosa, em média 25 a 50% dos casos, o eritema multiforme cutâneo, apresenta também manifes- tações orais. - Eritema multiforme maior: também conhecida como síndrome de Stevens-Jhnsons, trata-se de uma forma mais severa, geralmente está associada a drogas sistêmicas, em especial os antibióticos, analgésicos e barbitúricos. As lesões também acometem as mucosa ocular e genital, assim como pele e mucosa oral. Afeta cerca de 5 pacientes por milhão de habitan- tes. - Necrólise epidérmica bolho- sa: também chamada de Doença de Lyell, forma mais severa da patologia, também associada a drogras sistê- micas. A patologia é desencadeada pelo aumento da apoptose das células epiteliais, é comum que aconteça descamação difusa em grandes áreas da pele e mucosa. - Eritema multiforme bolhoso: Forma mais severa do eritema, descrito em 1993 por Bastuji-Garin. Apresenta etiologia desconhecida, a morfologia das lesões, extensão, distribuição e gravidade das áreas descamadas é diferente das outras Acomete principalmente paci- entes do sexo feminino e com idade mais avançada, o índice de morta- lidade é elevado, contudo, quando o paciente sobrevive à patologia, as lesões podem levar em média 2 a 4 semanas para cicatrizarem, porém as lesões orais tendem a demorar mais. Surge após o rompi- mento do ducto excretor de uma glândula salivar menor, em seguida acontece o extravasamento de mucina, que fica acumulada no interior do tecido conjuntivo. Seu principal fator etiológico é o trauma local, por se tratar de uma lesão comum na infância, dificilmente o paciente é capaz de relatar o trauma causado no local. (Fenômeno de extravasa- mento de muco) formas do eritema. Mucocele O tratamento da muco- cele está relacionado à biópsia excisional com a glândula salivar associada ao trauma, como não é possível saber qual glândula salivar menor foi lesionada, é importante que sejam removidas as glândulas menores circunvizinhas à lesão. A realização da remoção das glândulas salivares menores associadas à região da lesão miniminiza os casos Clinicamente é possível observar uma bolha, ou seja aumento volumétrico com conteúdo líquido no seu interior, de coloração azulada- arrocheada ou translúcido, assinto- mática, com maior prevalência em lábio inferior (Figuras 4.7 a 4.9), podendo acometer outras áreas da cavidade oral, desde que associadas a glândulas salivares menores. É comum que as bolhas se rompam e esvaziem, com recidiva. 394. LESOES ULCERATIVAS E VESICOBOLHOSAS~ de recidiva, que são frequentes. Rânula A rânula é uma lesão bo- Clinicamente é possível observar uma bolha de colocação azulada ou translúcida (Figura 4.10), em geral assintomática e de etiologia associada à trauma local. Apesar de assintomática, o paciente pode relatar alteração de posição da língua (as lesões mais extensas podem elevar a língua). O diagnóstico da rânula é clínico e o tratamento consiste desde a marsupalização, ou seja, criação c i rúrg ica de uma nova v ia de d renagem, ou a m ic romarsu - pialização, que consiste em passar um fio de sutura através da lesão, a fim de criar uma via de drenagem e induzir que o organismo forme epitélio em tor- lhosa, também associada ao fenô- meno de extravasamento de muco; a diferença entre a mucocele e a rânula, é que esta última acomete a região de assoalho de boca, associada À ruptura de um ducto de uma glândula salivar maior (sublingual). Figura 4.7 - Bolha em lábio inferior - Mucocele. Foto cedida pela Cirurgiã-Dentista Denise Souza Oliveira Mendonça Figura 3.8 - Bolha em lábio inferior - Mucocele. Foto cedida pela Cirurgiã-Dentista Denise Denise Souza Oliveira Mendonça Figura 4.9 - Bolha em lábio inferior - Mucocele. Foto cedida pela Cirurgiã-Dentista Denise Souza Oliveira Mendonça 40 no do fio. Espera-se que desta forma, forme um novo ducto excretor (Figura 4.11), ou ainda a remoção completa da glândula salivar, sendo este um tratamento radical. Angina Bolhosa Hemor- rágica Acometem pr incipal- mente adultos acima da 5ª década de vida. As bolhas costumam se romper com facilidade, formando úlceras e não costumam deixar cicatrizes após sua cicatrização. Não apresenta um tratamento específico, contudo, pode ser realizado biópsia em caso de múltiplas recidivas. São bolhas ou vesículas c o m c o n t e ú d o h e m o r r á g i c o , geralmente assintomático, porém o paciente pode relatar sensação dolorosa na área. As principais regiões onde a lesão acomete são palato e mucosa jugal (Figura 4.12). Apresenta etiologia multifatorial, associada a traumas, susceptibilidade do paciente e uso crônico de corticóides inala- tórios. Figura 4.10 - Bolha em assoalho bucal - Rânula Figura 4.11 - Realização de micromarsupialização em rânula Figura 4.12 - Vesícula hemorrágica em palato 414. LESOES ULCERATIVAS E VESICOBOLHOSAS~ Termo clínico genérico q u e d e s c r e v e u m a c o n d i ç ã o inflamatória com aspecto erosivo, descamativo e avermelhado (Figura 4.13). É comum que os pacientes apresentem quadros e eritemas, edemas e ulcerações em mucosa gengival. A descamação do epitélio e s t á a s s o c i a d a a s e n s a ç õ e s dolorosas. O d i a g n ó s t i c o é a associação dos dados clínicos e a realização de biópsia incisional, para realização doexame histopatológico, e imunofluoresência. Podem estar associados a doenças autoimunes mucocutâneas, por exemplo: líquen Gengivite Descamativa Lesão erosiva em Gen- giva plano erosivo, o pênfigo vulgar e o penfigóide benigno de mucosa. As lesões erosivas de lábio podem apresentar etiologia distinta entre si, sendo necessária a realização de uma completa anam- nese para diagnóstico e prognóstico da lesão. é uma lesão - Queilite actínica: com potencial de malignidade, associada à exposição crônica e a radiação ultra violeta (exposição solar sem proteção). Clinicamente pode ser observada como placas ou manchas, á reas avermelhadas, c ros tas , fissuras, descamações e úlceras. No capítulo ‘Lesões Brancas’, esta lesão será mais discutida. O diagnóstico é realização da biópsia incisional associado dados clínicos e histopato- lógicos, sendo que áreas erosivas e ulceradas apresentam maior grau de displasia, isto é, maior agres-sividade (Figuras 4.14 e 4.15). Lesões Erosivas de Lábio O tratamento é variado por conta da doença base, mas geralmente está associado ao uso de corticóide e imunossupressores/ imunomoduladores. se situa nas - Queilite angular: comissuras labiais, configura-se como uma forma de manifestação do fundo cândida, sendo a candidose erite- matosa. Clinicamente observa-se eritemas, fissuras e descamação. Em geral, acomete pacientes idosos com perda de dimensão vertical de oclusão Figura 4.13 - Gengivite descamativa em gengiva inferior 42 (DVO). O tratamento consiste no uso de antifúngicos tópicos e confecção de nova prótese para reestabelecer a DVO do paciente. A eritoplasia e a eritoleu- coplasia são lesões com potencial de malignidade. O diagnóstico é clínico, contudo, existe a necessidade da realização de biópsia incisional da região, quando há presença de displasia. O acompanhamento deve ser t r imestra l , quando não há displasia, o acompanhamento pode ser semestral. fissuras e - Queilite esfoliativa: descamações pers is ten tes no vermelhão dos lábios. Geralmente estão associados a ambos os lábios simultaneamente. Em casos mais severos, podem gerar crostas hiperceratóticas amareladas e espes- sas, por apresentar fissuras profun- das, pode apresentar sangramento local. A eritroleucoplasia é um subtipo d a l e u c o p l a s i a , c l i n i c a m e n t e apresenta-se como uma lesão avermelhada, com placas ou manchas esbranquiçadas, e esfoliativas. As áreas avermelhadas apresentam um maior grau de displasia epitelial. Nos casos em que há possibilidade da remoção completa da lesão, a cirurgia deve ser planejada. O agente causador principal da lesão é o f u m o , q u e t a m b é m d e v e s e r suspenso. A Figura 4.16 apresenta um caso de eritroleucoplasia em palato duro, e a Figura 4.17 apresenta Eritroleucoplasia Figura 4.14 - Lábio com intenso ressecamento labial e áreas erosivas Figura 4.15 - Úlcera em lábio inferior lado esquerdo 434. LESOES ULCERATIVAS E VESICOBOLHOSAS~ a mesma lesão sob visualização da fluorescência óptica com luz violeta através do equipamento Evince®. - MARCUCCI, Gilberto; JUNIOR, Oswaldo Crivello. Fundamentos de Odontologia: Estomatologia . Grupo Gen-Guanabara Koogan, 2000. - CAWSON, R. A.; ODELL, E. W. Fundamentos básicos de patologia e medicina oral. São Paulo: Santos, 2013. Referências - COLEMAN, Gary C.; NELSON, John F. Princípios de diagnóstico bucal. In: Princípios de diagnóstico bucal. 1996. - REGEZI, J. A. et al. Patologia oral: correlações clínicopatológicas. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. - NEVILLE, B. W. et al. Patologia oral e maxilofacial. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. - LASKARIS, G. Atlas colorido de doenças da boca. 3a edição. Editora: ArtMed, 2004. - MOGHADAM-KIA, Siamak; FAZEL, Nasim. A diagnostic and therapeutic approach to primary burning mouth syndrome. Clinics in Dermatology, v. 35, n. 5, p. 453-460, 2017. Figura 4.16 - Eritroleucoplasia em palato duro. Visualização indireta através de espelho bucal. Figura 4.17 - Eritroleucoplasia em palato duro visualizado através do equipamento Evince® 44 ESTOMATOLOGIA desmistificando a para o clinico geral´ Cássio Vinhadelli Ribeiro LESOES BRANCAS Capítulo 5~ 5. Lesões Brancas No sentido amplo, a expressão “lesões brancas” incluiria algumas lesões papulares/ nodulares, como por exemplo o papiloma escamoso, as quais não serão abordadas neste capítulo pois, embora brancas, pertencem ao capítulo “Lesões nodulares e vegetantes” por representarem um crescimento tecidual. Clinicamente, as lesões brancas orais são em geral de fácil diagnóstico clínico, mas ainda assim em muitos casos é necessário realizar o exame microscópico, uma vez que podem representar lesões malignas, conforme o quadro abaixo, o qual apresenta as principais lesões brancas, cavidade oral (Figura 5.1). A leucoplasia constitui-se de uma lesão potencialmente maligna mais frequente na mucosa bucal, sendo definida, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como uma mancha ou placa branca, não removível por raspagem e que não pode ser classificada clínica ou patologicamente como outra enfermi- Leucoplasia Lesões brancas da mucosa bucal são observadas com frequência na rotina clínica do cirurgião-dentista. Tais manifestações surgem em decorrência de alterações no processo de renovação do epitélio (aumento da espessura de ceratina ou do tecido epitelial como um todo) e/ou da condensação de fibras do tecido conjuntivo, as quais tornam a vascularização da mucosa menos perceptível clinicamente. Figura 5.1 - Principais lesões brancas da cavidade oral 47 dade. O termo leucoplasia é utilizado no sentido clínico, apenas, podendo ser composto por uma superfície lisa, rugosa ou verrugosa (Figuras 5.2 e 5.3) A causa da leucoplasia é desconhecida, porém, pesquisas identificam fatores associados à lesão como prováveis agentes etiológicos, como tabaco, álcool, radiação solar, diabetes e infecções da cavidade oral ou até mesmo causa idiopática. Clinicamente a Leuco- plasia é dividida em dois tipos: homogênea e não-homogênea. A leucoplasia homogênea trata-se de uma lesão, branca, de superfície plana e fina, que pode exibir fendas superfic ia is com aspecto l iso, enrugado ou corrugado e textura consistente. A leucoplasia não- homogênea, por sua vez, representa uma lesão branca ou branco- avermelhada, que pode ter superfície irregular, nodular ou exofítica, com aspectos ulcerados ou eritematosos. Ainda que as leuco- plasias sejam consideradas lesões p o t e n c i a l m e n t e m a l i g n a s , a s características histopatológicas de um epitélio displásico são encontradas apenas em 5 a 25% dos casos. As leucoplasias são classificadas como lesões pré-malignas porque em mais de um terço dos carcinomas orais diagnosticados a lesão está presente na vizinhança imediata. Com relação ao trata- mento, pode-se dizer que a eliminação ou a redução do tamanho da lesão não é um indicador aceitável de eficiência, devido às grandes chances de recorrência que podem ser de até 30%. Dessa forma, percebe- mos que a Leucoplasia oral apresenta possibilidade de recidiva e, por isso, Figura 5.2 - Leucoplasia em mucosa jugal esquerda Figura 5.3 - Leucoplasia em assoalho bucal e língua 48 Especificamente as le- sões orais do Líquen Plano irão acometer principalmente indivíduos do sexo feminino podendo estar presente em cerca de 50 a 70% dos indivíduos afetados pela doença. Vale ressaltar inclusive que o Líquen Plano pode apresen ta r -se de fo rma exclusiva na cavidade oral em aproximadamente 20 a 30% dos enfermos. os pacientes devem ser examinados periodicamente, sendo a proservação de suma importância, devendo consistir de exame clínico oral completo, bem como de biópsias ocasionais. Líquen Plano Líquen plano é definido como uma doença mucocutânea inflamatória crônica, mediada porcélulas T, de etiologia desconhecida. Quando presente em pele, embora também presente em crianças, irá apresentar maior incidência em indiví- duos por volta dos 30 aos 60 anos sendo caracterizada por uma erupção papulosa. Já quando presente em mucosas, poderá estar presente principalmente na região oral e genital, podendo, em alguns poucos casos descritos também acometer as mucosa do ânus, do nariz, da laringe, da conjuntiva e da uretra. O diagnóstico do Líquen Plano oral deve ser feito por meio de exames clínico e histológico. Entretan- to entanto, existem lesões que devido à presença de características clínicas clássicas do Líquen Plano podem ter seu diagnóstico fechado apenas a partir da análise de suas caracterís- ticas clínicas. As lesões do Líquen Plano Oral, normalmente, persistem por anos, apresentando períodos de exacerbação e quiescência. Erosiva: apresenta lesões sintomáticas e com potencial de malignização, por conta da sinto- tomatologia dolorosa, tende a ser mais perceptiva pelo paciente. Clinica- mente, observa-se ulceração irregu- lar, a qual pode se apresentar coberta Clinicamente o Líquen Plano Oral pode se apresentar das seguintes formas: Forma clínica mais Reticular: comum sendo caracterizada pela presença de finas estrias brancas entrelaçadas, denominadas “estrias de Wickham”. Em geral, essas lesões não são estáticas, apresentando períodos de remissão e exacerbação em semanas ou meses. Tais lesões, usualmente, são assintomáticas, podendo em alguns casos o paciente queixar-se de sensação de quei- mação na boca. Apresentam um padrão bilateral, simétrico e aco- metem mucosa jugal posterior na maioria dos casos (Figura 5.4). Exacerbações da lesão estão relacionadas a periodos de es- tresse psicológico, ansiedade e trauma mecânico (fenômeno de Koebner). 495. LESOES BRANCAS~ O processo terapêutico deve ser individualizado para cada caso, sendo os fármacos mais frequentemente indicados, com os corticos-teróides de via tópica e sistêmica. A potência do corticoide tó- ou não por placa de fibrina. Também pode ser circundada por finas estrias radiantes queratinizadas ou rendi- lhadas. Possui irregula-Tipo Placa: ridades esbranquiçadas e homo- gêneas que se assemelham à leucoplasia; sua frequência maior acomete dorso de língua e mucosa jugal. O aspecto elevadas e/ou rugosas são mais perceptíveis em pacientes tabagistas (Figura 5.5). Papular: Geralmente são observadas associadas a outros tipos de Líquem Plano; apresenta peque- nas pápulas brancas, cerca de 0,5mm a 1 ,0mm de d iâmet ro aprox i - madamente, com estrias finas em suas áreas adjacentes. Trata-se da forma Bolhosa: clínica mais incomum apresentando bolhas que aumentam de tamanho e tendem à ruptura, deixando a superfície ulcerada e dolorosa. O tratamento da doença tem como objetivo aliviar os sintomas e minimizar o impacto funcional da patologia. L e s õ e s a v e r -A t r ó fi c a : melhadas difusas, clinicamente, podem apresentar estrias brancas características do tipo reticular circundada por uma área eritematosa. pico e sua frequência de utilização devem ser reduzidas a medida que o quadro c l in i co e os s in tomas me lho rem. Também podemos associar a laserterapia de baixa intensidade. Figura 5.5 - Líquen Plano em placa no dorso da língua Figura 5.4 - Líquen Plano reticular, possível visualizar as estrias de Wickham em mucosa jugal 50 Queilite actínica é uma alteração crônica, potencialmente maligna, resultante da exposição solar frequente e prolongada, acometendo principalmente a região de lábio inferior, de indivíduos do sexo mas- culino, de pele clara, entre 40 e 80 anos de idade. Queilite Actínica Podem apresentar-se na Tratamento com laser tem sido realizado por alguns profis- sionais de saúde, entretanto o método carece de embasamento científico para essa indicação. Inibidores tópicos da cal- cineurina, tacrolimus e pimecrolimus foram introduzidos na terapêutica do Líquen Plano Oral no início da década passada. Geralmente, a evolução da patologia, se dá-se com o aspecto de lábios ressecados, posteriormente s u r g e m e s t r i a s o u fi s s u r a s perpendiculares ao limite entre pele e vermelhão labial. Associada à desca- mação prolongada, e o ressecamento labial. Há a perda da linha que delimita a parte avermelhada do lábio e a pele, e em alguns casos, os lábios se tornam mais endurecidos (Figura 5.7). Com o passar do tempo, este espessamento aumenta e o eritema se torna mais visível, algumas úlceras podem aparecer. f o rma aguda , menos comum, relacionada a episódios de intensa exposição ao sol, com presença de ulcerações, bolhas e crostas (Figura 5.6). A forma crônica aparece devido à exposição solar de forma contínua e encontrada principalmente depois da quinta década de vida. Figura 5.6 - Úlcera crônica em lábio inferior (queilite actinica) Figura 5.7 - Lábio inferior sem delimitação do vermelhão do lábio, e ressecamento labial. 515. LESOES BRANCAS~ Portanto, ao decorrer do curso da patologia, o lábio tende a perder seu contorno e elasticidade natural. Inicialmente esta é de uma lesão assintomática, porém, em alguns casos podem apresentar descamação, prurido, sensação de secura e queimação e que clinicamen- t e a p r e s e n t a - s e c o m o á r e a s leucoplásicas nos lábios, associadas a áreas eritematosas, possivelmente com úlceras, crostas e, às vezes, sangrantes. Entretanto, quando no quadro histológico forem eviden- ciadas alterações do tipo atipia epitelial, o tratamento consiste na remoção cirúrgica da lesão. As condutas terapêuticas para a queilite actínica visam a impedir a malignização. Os tratamentos, vão desde mais conservadores, como a utilização de chapéus e filtros solares, inibindo a exposição direta ao sol, nos casos em que o quadro histológico não demonstra atipia epitelial. Escamosas (CCE) Carcinoma de Células Sua etiologia está relaci- onada a fatores genéticos, ambientais e comportamentais. O tabaco, o álcool O carcinoma de células escamosas representa de 90 a 95% dos neoplasmas malignos da cav idade ora l , sendo também conhecido como carcinoma espino- celular ou epidermóide (Figura 5.8). assim como a exposição excessiva ao sol são fatores de risco para doença. Caracter is t icamente, essa lesão causa o rompimento do epitélio, com formação de uma úlcera de consistência e base enrijecida. O carcinoma exibe normalmente um fundo granuloso e grosseiro, com bordas elevadas circundando a lesão. Clinicamente, pode-se classificar as lesões da boca em ulceradas, nodulares e vegetantes. Trata-se de uma lesão com maior taxa de incidência em pacientes do sexo masculino, entre a 5ª e a 6ª década de vida. O sítio mais comum para o CCE bucal é a língua, correspondendo a 44% dos casos, seguido pelo assoalho bucal com 16%. Outros sítios que também apresentam a lesão são o palato mole, gengiva, mucosa jugal, mucosa labial e palato duro. Figura 5.8 - CCE em borda de língua 52 Relacionada ao aumento da produção de ceratina no tecido epitelial que reveste a mucosa como uma reação f ren te a agen tes traumáticos crônicos, como por exemplo próteses dentais e aparelhos ortodônticos. Clinicamente é apresen- tada uma mancha ou placa esbranqui- çada e homogênea, assintomática de superfície lisa ou rugosa. Dessa forma, a identi- ficação e remoção do agente causa- dor é de extrema importância para diagnóstico e tratamento da lesão. Ceratose Friccional Seu diagnóstico é confir- mado quando a lesão desaparece no período de até 4 semanas após a remoção do agente traumático que a causou. Quando a remoção do agente causador não é possível, recomenda-se contro le c l ín ico periódico e podendo considerar a realização de biópsia para descartar alterações mais
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