Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Conjunto de termos que devem ser utilizados na descrição das lesões para destacar a sua principal característica. No momento em que definimos qual é a lesão fundamental, direcionamos o nosso raciocínio e temos condições de descartar algumas hipóteses de diagnóstico. Descrever as lesões ilustradas acima apenas como “lesões brancas” não dá uma boa noção do que está sendo visto e dificulta o direcionamento do diagnóstico. O correto é dizer que se trata de uma pápula (A) e uma placa (B). Aproveitando as imagens para exercitar o procedimento de descrever as lesões, podemos esmiuçar outras características destas lesões. Neste sentido, é importante dizer que a pápula observada em A tem a superfície papilomatosa ou verrucosa, que o diâmetro da sua base corresponde ao maior diâmetro da lesão (base séssil) e que ela está localizada no centro do dorso da língua. Com relação à placa branca observada em B, deve-se informar que ela mistura áreas avermelhadas e que está localizada na mucosa jugal. Tipos de lesões Podemos classificar inicialmente as lesões em 3 grandes grupos: Lesões planas ou elevadas: grupo que compreende lesões que têm como característica principal a alteração de cor e/ou que representam crescimentos sólidos. ➢ Mácula/Mancha ➢ Placa ➢ Pápula/Nódulo Aumentos de volume que contém líquido. ➢ Vesícula ➢ Bolha Lesões envolvendo perda de substância: lesões causadas pela perda de substância ou mais especificamente de tecido. ➢ Erosão ➢ Úlcera Mácula/mancha Alteração de cor SEM alteração de superfície, ou seja, trata-se de lesões planas, que não apresentam elevação em relação aos tecidos adjacentes. Podem representar depósito de melanina produzida pelas células normais, pigmentos relacionados à implantação de corpos estranhos de forma intencional ou não, lesões tumorais, entre outras. Obs; As lesões vermelhas costumam ser causadas por perda de algumas camadas do epitélio, mas que não se encaixa no critério para mácula/mancha, pois essa perda de camadas de células leva a modificação da superfície, ficando um “degrau negativo” na área da lesão (situação chamada “erosão”). Principais hipóteses: ➢ Leucoplasia ➢ Cicatriz ➢ Mácula melanótica ➢ Nevus ➢ Pigmentação induzida por medicamentos ➢ Tatuagem por amálgama ➢ Melanoma ➢ Hematoma Considerações sobre a descrição das lesões: Neste tipo de lesão, algumas características merecem mais ênfase no momento da avaliação clínica e descrição: ➢ simetria. ➢ borda: regular (em linha reta) ou irregular. ➢ cor: homogênea (cor única) ou heterogênea (mais de uma cor ou diferentes intensidades). ➢ diâmetro. ➢ localização. Mancha acastanhada, mostrando simetria, borda regular, cor homogênea, medindo 3 mm de diâmetro localizada na mucosa de transição do lábio inferior. Este caso é um exemplo de mácula melanótica. Placa Alteração de cor com alteração de superfície, ou seja, trata-se de lesões discretamente elevadas em relação aos tecidos adjacentes, mas mais amplas em largura do que em altura. Neste grupo, podemos observar lesões benignas, desordens potencialmente malignas ou lesões malignas. Principais hipóteses: ➢ Candidíase pseudomembranosa ➢ Queratose friccional ➢ Líquen plano ➢ Sífilis secundária ➢ Leucoplasia ➢ Mordiscamento crônico Considerações sobre a descrição das lesões: Algumas características merecem mais ênfase no momento da avaliação clínica e descrição, dentre elas: ➢ número: únicas ou múltiplas ➢ cor: branca, vermelha ➢ superfície: lisa ou irregular ➢ localização Placa, única, coloração branca associada a áreas avermelhadas, superfície rugosa irregular, formato irregular, localizada na mucosa jugal esquerda. Pápula/nódulo Representam crescimentos sólidos com menos do que 5 mm de diâmetro (pápula) ou mais do que 5 mm de diâmetro (nódulo). Podem ser solitários (únicos) ou múltiplos, estar associados a algum fator irritativo (biofilme bacteriano ou trauma) ou ter surgimento espontâneo. Neste grupo, estão incluídas as lesões que se caracterizam pelo crescimento tecidual, incluindo lesões de natureza reacional/inflamatória e neoplasias, em particular as de natureza benigna. Na maioria dos casos indicam lesão benigna, mas em alguns casos, trata-se de tumor maligno. Principais hipóteses: ➢ Hiperplasia inflamatória ➢ Granuloma piogênico ➢ Fibroma ossificante periférico ➢ Lesão periférica de células gigantes ➢ Papiloma ➢ Lipoma ➢ Fibroma ➢ Carcinoma espinocelular Considerações sobre a descrição das lesões: Alguns detalhes são fundamentais para a descrição apropriada destas lesões e a boa condução do diagnóstico: ➢ consistência: mole, firme / fibroelástica / borrachóide ou dura. ➢ base da lesão: pediculada (estreita) ou séssil (ampla). ➢ cor. ➢ presença de áreas avermelhadas ou ulceradas na sua superfície: sim ou não. Nódulo de base séssil, superfície íntegra, coloração semelhante a da mucosa adjacente, localizada na mucosa jugal, lado esquerdo, próxima a linha de oclusão. Diferentes hipóteses podem ser consideradas, como hiperplasia inflamatória, fibroma e lipoma. Como será visto mais a frente, casos como este só tem o diagnóstico definido após biópsia e exame histopatológico. Vesícula/Bolhas Crescimentos que contém líquido medindo menos do que 3 mm de diâmetro (vesícula) ou mais do que 3 mm de diâmetro (bolha). Podem ser solitárias (únicas) ou múltiplas, estar associadas a algum fator irritativo (algum alimento ou trauma) ou surgir espontaneamente. Alguns casos mostram alterações sistêmicas associadas (febre, mal-estar, linfadenopatia) ou lesões semelhantes em outras partes do corpo, principalmente pele ou outras mucosas. Esse grupo de lesões não inclui nenhum exemplo de desordem potencialmente maligna ou maligna. Principais hipóteses: Doenças virais: ➢ Herpes Doenças autoimunes; ➢ Pênfigo vulgar ➢ Penfigóide benigno de ➢ mucosas Lesões associadas a trauma: ➢ Mucocele ➢ Rânula Considerações sobre a descrição das lesões: Quando visualizar lesões deste tipo, observe: ➢ número: única ou múltiplas lesões ➢ localização ➢ ocorrência prévia de lesões semelhantes na boca ➢ presença de lesões semelhantes em outras partes do corpo ➢ episódio de trauma prévio. Nota-se presença de múltiplas vesículas (lado direito da foto) e de crostas (lado esquerdo da foto) na região peribucal. Paciente referiu que não tem lesões em outras partes do corpo, que elas aparecem 3 vezes por ano e que costuma perceber coceira antes de as lesões aparecerem. Todas essas características favorecem o diagnóstico de herpes labial. Erosões/Úlceras São lesões em que o tecido epitelial foi parcial (EROSÕES) ou totalmente (ÚLCERAS) perdido. Podem ser solitárias (únicas) ou múltiplas, estar associadas a algum fator irritativo (trauma) ou ser a manifestação de doença autoimune, infecciosa ou, ainda, uma neoplasia maligna. Principais hipóteses: Lesões traumáticas: ➢ Úlcera traumática Doenças infecciosas: ➢ Candidíase ➢ Herpes ➢ Micoses profundas Doenças imunologicamente mediadas ➢ Líquen plano ➢ Lúpus eritematoso ➢ Penfigóide benigno de mucosas ➢ Pênfigo vulgar Tumores malignos: ➢ Carcinoma espinocelular Considerações sobre a descrição das lesões: Alguns detalhes são fundamentais para a descrição apropriada destas lesões e a boa condução do diagnóstico: ➢ número: única ou múltiplas ➢ localização ➢ ocorrência prévia de lesões semelhantes: sim ou não ➢ presença de lesões em outras partes do corpo ➢ episódio de trauma prévio: sim ou não Úlcera dolorosa única contornada por mucosa avermelhada localizada em mucosa labial. Paciente relata que já teve lesões semelhantes no lábio anteriormente, que não há lesões em outras partes do corpo e que não houve trauma na região. No módulo 4, você entenderá porque este é um caso típico de ulceração aftosa recorrente (AFTA). Estomatologia: manifestações clínicas da doença. Definição de Exame clínico: ➢ conjunto de procedimentos que devem ser realizados de forma disciplinada com o objetivo de chegar ao diagnóstico. ➢ exame clínico tem dois momentos: (1) anamnese ou entrevista dialogada; (2) exame físico. ⇨a avaliação do pacientecomeça quando este é chamado e para a consulta. Neste momento, começamos a analisar a forma do paciente andar e se expressar, o que, em alguns casos, já nos dá informações importante a respeito do seu estado de saúde e que pode, portanto, influenciar o nosso diagnóstico. ➢ é a etapa onde, por meio de uma conversa orientada a partir de alguns tópicos, obtemos informações relacionadas à história de vida do paciente e os aspectos subjetivos relacionados a doença em questão. ➢ ponto focal da relação profissional-paciente. ➢ neste primeiro momento, a proposta é estabelecer uma conversa com o paciente, evitando uma sequência de perguntas evasivas que acabam assumindo caráter de interrogatório. → “entrevista dialogada” ➢ deve-se evitar o questionamento pontual a respeito de cada órgão ou sistema (Você tem problemas no sistema respiratório?). ➢ consulta deve ser realizada em um espaço que permita privacidade, calma, conforto e ausência de interrupções. ➢ recomenda-se que os interlocutores (paciente e profissional) sentem-se no mesmo nível para facilitar o contato visual frente a frente. ➢ profissional deve estar sem máscara. ➢ importante que não haja pressa na condução da entrevista e que transpareça para o paciente que o profissional está realmente preocupado com seu estado de saúde. ➢ expressões de aborrecimento, julgamento, impaciência e espanto devem ser evitadas. ➢ boa parte do tempo consulta é dedicado a esta etapa do exame. Algumas situações requerem manejos específicos: • Pacientes verborrágicos: em alguns casos, os pacientes podem falar excessivamente, desviando o foco da consulta. Em situações como essa, recomenda-se que o paciente seja interrompido com cortesia, sendo direcionado novamente para as informações pertinentes ao exame clínico. • Pacientes ansiosos: uma alternativa é identificar, acolher o problema e buscar minimizar a preocupação do paciente explicando a sua condição e os procedimentos que estão sendo realizados. • Pacientes com raiva ou em choro incontrolável: pode-se deixar o paciente extravasar suas angústias em um primeiro momento. Em seguida, o mesmo pode ser orientado conforme a situação em questão. • Paciente com deficiência auditiva: verificar se ele prefere se comunicar por escrito. Dados de identificação ➢ a primeira parte da ficha diz respeito aos dados de identificação do paciente, como nome, números de contato telefônico, endereço, idade, sexo, raça e ocupação. ➢ é interessante registrar mais de um número de telefone do paciente para que não se perca o contato em função de uma troca de número. ➢ se o paciente for aposentado, registrar a ocupação anterior. ➢ dados de idade, cor da pele, ocupação e sexo podem favorecer determinadas possibilidades no momento da elaboração de hipóteses de diagnóstico, pois algumas lesões apresentam um padrão muito típico de apresentação. Ex: o líquen plano, doença que é identificada com mais frequência em mulheres com mais do que 40 anos. Ex: pacientes que trabalharam expostos ao sol durante 20, 30 anos, são predispostos a apresentar queilite actínica, importante desordem potencialmente maligna. Queixa principal ➢ registro do motivo pelo qual o paciente procurou o profissional. → essa informação deve ser registrada nas palavras do paciente para não sofrer influência da interpretação do profissional. → o relato pode ser colocado entre aspas (Por exemplo: “tenho uma ferida na língua que dói e sangra”. Quando o paciente relata algo que nos parece estranho, duvidoso, conflitante ou incoerente, podemos utilizar o acrônimo “sic” entre parênteses ao final da sentença. Ex: o caso de uma lesão muito grande (4cm) em que o paciente refere um tempo de evolução curto. Ex.: “essa ferida surgiu há 4 dias” (segundo informações colhidas - sic). ➢ História da queixa principal ou História da doença atual: trata-se de um aprofundamento do que obtivemos na queixa principal que pode ajudar bastante na elaboração das hipóteses de diagnóstico. Informações pertinentes a coleta da história da doença atual: • Data dos primeiros sinais e sintomas: a partir dessa informação, podemos definir o tempo de evolução da doença. • Descrição dos primeiros sinais e sintomas. • Caracterização da sintomatologia: dor, periodicidade, frequência, alívios e agravamentos. • Desenvolvimento: como a doença foi se modificando (evoluindo) desde o seu surgimento. Tumores costumam crescer de forma ininterrupta enquanto doenças inflamatórias podem apresentar momentos de melhora e piora. • Tratamentos realizados e seus resultados: por conta própria ou recomendados por outros profissionais • Exames complementares realizados e seus resultados. • Estado atual da doença. História buco-dental ou história odontológica ➢ registrar como foram as experiências anteriores do paciente com outros cirurgiões dentistas, que tipo de tratamento ele realizou, motivos que possam ter levado a perda dos dentes (se os tiverem perdido) e se a causa disso foi cárie, doença periodontal, se o próprio paciente achava que o dente não servia pra nada, e tudo isso vai compondo o perfil do paciente, sua suscetibilidade a determinadas doenças, suas crenças com relação a saúde e a doença. história médica ➢ consiste na descrição das doenças atuais e anteriores que o paciente apresentou, bem como cirurgias realizadas, alergias que apresentou, acidentes que teve. ➢ em alguns casos alterações percebidas na boca representa a manifestação bucal de uma doença geral (sistêmica). Figura 1. Algumas lesões estão relacionadas a alterações sistêmicas. A queilite angular (A) é uma infecção relacionada ao fungo Candida albicans que se apresenta como erosões (seta) na região de comissura labial (canto da boca) mais frequente em paciente que apresentam anemia. O líquen plano (B) é uma doença autoimune que aparece na boca, na pele e que pode mostrar lesões em outras mucosa como a nasal, ocular, genital. Na boca se caracteriza por lesões brancas (setas) que aparecem em combinação com lesões ulceradas (asterisco). O pênfigo vulgar (C) é uma lesão autoimune que afeta boca, pele e outros órgãos. Na boca, as lesões podem se assemelhar a aftas, mas o tratamento é bem diferente. Já o lúpus eritematoso (D), doença multissistêmica (afeta vários órgãos e sistemas) também pode se manifestar na boca, sendo o aspecto mais comum lesões erosivas (asterisco) com estrias brancas com aspecto de “raios de sol” na periferia (asterisco). Fonte: A – FOUFRGS, B – Neville et al. (2009), C - Regezi, Sciubba e Jordan (2013), D – Neville et al. (2009). considerações a respeito dos tipos de pergunta utilizadas “O Sr./Sra. tem algum problema de saúde?” ➢ o paciente pode interpretar que as doenças que tem não influenciam na boca. Em função disso, o paciente se sente na condição de definir o que é importante o dentista saber. ➢ o paciente pode achar que as condições que apresenta (hipertensão arterial, por exemplo) não são de fato “doenças”, pois ele já está bem adaptado a elas e o seu manejo já foi incorporado à rotina. ➢ o paciente pode achar que qualquer doença ou alteração relatada pode comprometer a realização do tratamento dentário. Consequentemente, omite intencionalmente qualquer variação do seu estado de saúde para se proteger e garantir o atendimento “Esta ferida na sua boca deve incomodá-lo muito ao ponto de perturbar o seu sono, não é mesmo?” ➢ não utilizar perguntas que direcionam excessivamente a resposta do paciente. Considere que existe uma tendência de o paciente buscar responder de acordo com a expectativa do profissional. “Quais problemas de saúde o Sr/Sra tem ou já teve?” “Que medicamentos o Sr. já utilizou ao longo da vida?” “Quando foi sua última consulta médica?” ➢ algumas perguntas específicas podem contribuir na obtenção das informações relativas a saúde geral. Outras considerações Antecedentes familiares. Hábitos nocivos, viciosos ou de exposição:” ➢ como consumo de drogas, álcool, fumo, chimarrão e exposição à radiação ultravioleta (sol) de forma desprotegida. ➢ deve-se detalhar duração (há quanto tempo),frequência (diária, semanal, mensal, anual) e nível de exposição (Por exemplo, em relação ao fumo: número de cigarros consumidos por dia). ➢ é importante saber se no passado ele fumou. ➢ exame físico ou objetivo, é a etapa do exame clínico a partir da qual serão coletados os dados objetivos (sinais) relacionados à doença, que envolvem desde o aspecto geral de saúde do paciente até o exame específico de fora e de dentro da boca. ➢ o exame físico geral envolve avaliação de todas as partes possíveis do corpo, exceto a cabeça. ➢ isso muitas vezes se refere a pele, pois uma série de doenças têm manifestação simultânea em pele (principalmente a pele da boca e dos olho) e na boca. Como exemplos, podemos citar doenças infecciosas e doenças imunologicamente mediadas (doenças autoimunes). ➢ o exame físico locorregional corresponde a exame extra-bucal, ou seja, das características de face e cabeça, e também no exame intra-bucal. Etapas extrabucal ➢ inicia pela avaliação dos linfonodos, pois estes órgãos fazem parte do sistema imune. → consistência, textura, temperatura ➢ no que diz respeito ao exame da face, podemos identificar lesões na pele do rosto que podem ou não estar relacionadas à alterações que estejam ocorrendo dentro da boca, como um dente com inflamação ou necrose pulpar. Quando for percebida alguma alteração limitada a pele, o paciente poderá ser alertado para a necessidade de consultar um médico-dermatologista. ➢ cadeias principais que vão ter importância para a odontologia: Localização: ➢ cadeia parotídea: tamanho de um dedo anterior na porção inferior da orelha. ➢ submandibular: internamente à borda inferior da mandíbula e anterior ao gônio (borda da mandíbula). ➢ submentoniana: abaixo e atrás do mento. ➢ cervical profunda e superficial: acompanha o músculo esternocleidomastoideo, Avaliação: ➢ submandibulares: devemos nos posicionar atrás do paciente, inclinar sua cabeça para o lado e usar a ponta dos dedos para movimentar os tecidos moles em direção à mandíbula, que vai servir como um anteparo para percebermos esses linfonodos. ➢ submentonianos: deve-se inclinar a cabeça para frente e ir jogando o tecido mole contra a mandíbula, e assim percebendo se há algum linfonodo palpável na região. ➢ cervicais: apalpa-se desde o processo mastóide próximo ao pavilhão auditivo até a região junto à clavícula. A partir da palpação, será possível a identificação de linfonodos palpáveis, o que pode representar doenças inflamatórias (ativas ou não) ou neoplásicas. Possibilidades de resultados para o processo de palpação: Processo infeccioso ou inflamatório: linfonodulite → pode ser solitária ou múltiplas; regional ou disseminada; específica (patologia provida pelo próprio linfonodo) ou inespecífica (resultado da decorrência de outro local). → Linfonodulite aguda: elevada temperatura; continua macio e móvel, → Linfonodulite crônica: desconforto geralmente sem dor. Demais características normais ⇨ Processo Inflamatório Ativo: ➢ como aparecem: linfonodos palpáveis, móveis, superfície lisa, consistência fibroelástica e dolorosos. ➢ significado: isso não quer dizer que esse processo inflamatório seja necessariamente no dente, pode estar no ouvido, no trato respiratório e regiões próximas. ⇨ Processo Inflamatório Anterior: ➢ como aparecem: linfonodos palpáveis, móveis, de consistência lisa e fibroelástica, porém indolores. ➢ significado: linfonodos residuais, indicando que em outro momento houve um processo inflamatório ativo que, após debelado, deixou linfonodos com fibrose sem que haja inflamação ativa. ⇨ Linfonodos metastáticos: ➢ como aparecem: linfonodos fixos, rugosos, endurecidos e indolores. ➢ significado: presença de um tumor maligno na região próxima, seja na boca ou não, que está se disseminando para os linfonodos que atuam como “sentinelas” da região. Exame intrabucal ➢ após a realização do exame extrabucal. ➢ todas as regiões da boca devem ser incluídas nesse exame. ➢ o exame é relativamente simples, dependendo de uma boa iluminação, espátulas de madeira e uma compressa de gaze. Características observadas: ➢ coloração. ➢ simetria. ➢ textura. ➢ tamanho. Sequência sugerida: 1. lábio e vestíbulo bucal: deve-se observar bem o limite entre a mucosa labial e a pele, assim como a hidratação do lábio e a ausência de alterações significativas. 2. mucosa jugal bilateral. 3. fundo de sulco inferior. 4. fundo de sulco superior. 5. palato duro. 6. palato mole. 7. orofaringe. 8. assoalho bucal. 9. língua. Figura 1. Observa-se coloração normal, limite entre pele e vermelhão do lábio bem definido, lábios simétricos e boa hidratação. Figura 2. Ao distender a mucosa tracionando o lábio, conseguimos visualizar até a região do fundo de sulco. O procedimento deve ser repetido na porção inferior. Após a observação dos lábios, os afastamos para observar as mucosas da gengiva e labial. Procuramos identificar se feridas, alterações de cor estão presentes. Pode-se fazer a palpação buscando alterações não visíveis usando a compressão do indicador sobre o polegar. Passando para a gengiva, vale ressaltar que a gengiva inserida é mais esbranquiçada que a mucosa alveolar, isso é um padrão da ceratinização do tecido. Na mucosa jugal, procura-se algum sinal de ruptura na continuidade da mucosa ou alteração de cor. Também fazemos a palpação e procuramos alguma anormalidade no tecido, como um nódulo que possa estar presente em profundidade e não visível na superfície. Nas figuras abaixo, observamos a mucosa jugal com aspecto normal. Mucosa jugal sem alteração. avaliação visual da porção lingual e vestibular da gengiva inferior. Essa região favorece a palpação com o indicador fazendo o exame da digitação apical. Se o paciente referir dor ao processo de digitação, provavelmente estamos frente a um quadro inflamatório periapical. Diante dessa situação, será necessária investigação com testes clínicos e radiografias, de maneira a identificar o dente que está causando esse processo inflamatório. Gengivas saudáveis. A avaliação da mucosa do palato duro, do palato mole e da região da orofaringe também devem ser incluídas no exame. A região do palato duro é de um rosa mais esbranquiçado, pois é uma região de pouca vascularização e apresenta queratina na superfície. A mucosa do palato mole não é queratinizada, é mais delgada e mais vascularizada, e por isso tem esse aspecto mais avermelhado. Os pilares amigdalianos também devem ser analisados. Se houver dúvida quanto ao estado de saúde da mucosa dessa região, está indicado o encaminhamento para avaliação com um médico otorrinolaringologista. Observa-se que mesmo o palato normal apresenta cores diferentes, sendo mais claro na região correspondente aos rebordos alveolares. Neste paciente, a amígdala do lado esquerdo (do paciente) está com um discreto aumento de volume. Em casos como este, deve ser aconselhado consultar com um otorrinolaringologista. Na avaliação da língua, começando pelo dorso, vemos pontos avermelhados que compreendem as papilas fungiformes e as papilas filiformes na porção mais aveludada. A região do ventre lingual pode apresentar dobras de mucosa chamadas pregas fimbriadas. Essas estruturas normais são mais presentes em jovens, reduzindo de tamanho a medida em que o indivíduo envelhece. A anemia também pode provocar essa alteração. O exame da região do assoalho bucal é feito junto com o do ventre lingual. A língua pode ser afastada com a espátula de madeira para facilitar a visualização. Além disso, pode-se fazer o exame tátil, colocando o indicador por dentro da boca e comprimindo os tecidos moles dos dedos da mão oposta que são posicionados por fora da boca. Com esta abordagem, podemos identificar algum nódulo submucoso não perceptível pelo exame visual. Nesse paciente, o ventre lingual está mais liso, sem as dobras de mucosa típicas dessa região que dão um aspecto franjado (pregas fimbriadas). Apesar disso, considera-se que não há alterações significativas quando o dorso apresenta papilas normais. Para o exame das bordasda língua, é fundamental que toda sua extensão seja avaliada. Para isso ser possível, recomenda-se o uso de uma compressa de gaze para puxar delicadamente a língua do paciente para os dois lados. Esse procedimento é feito dos dois lados e permite a visualização desde a ponta da língua (ápice) até a base (terço posterior). Demonstração do exame da borda direita da língua com tracionamento da mesma com compressa de gaze. Só assim é possível enxergar toda a sua extensão. Recomenda-se afastamento da comissura labial direita com espátula de madeira ou odontoscópio. Na região posterior da língua, podem ser observadas elevações que representam as papilas foliáceas, estruturas anatômicas relacionadas à função da gustação. As papilas foliáceas (seta) geralmente são simétricas, apresentando-se mais ou menos evidentes em cada paciente. Em outras palavras, se o paciente apresenta papilas mais evidentes de um lado, aspecto semelhante costuma ser observado do outro. Cuidados na realização do exame físico ➢ transmitir segurança. ➢ conhecimento das condições anatômicas e suas variações. ➢ boas condições de visualização. ➢ iluminação adequada. ➢ secar as áreas que serão examinadas. ➢ examinar toda a boca sem pressa. ➢ afastar estruturas. Conceitos Prognóstico: predição médica de como a doença ou o paciente irão evoluir, e quais são as chances de cura. Traça o provável desenvolvimento futuro. Sinais são as manifestações objetivas das doenças, ou seja, aquelas que o profissional de saúde pode perceber claramente. Ex.: alterações de cor, tamanho, como uma mancha ou inchaço no rosto. Sintomas são as manifestações subjetivas, aquelas que o paciente percebe e nos relata. Ex.: dor, ardência, coceira. Neste caso, não há como ter certeza, é uma percepção individual da alteração. Lista de diagnósticos prováveis, a qual é definida a partir das características observadas no exame clínico. A análise dessas características, com ou sem auxílio de exames complementares, permite que as hipóteses sejam descartadas e o diagnóstico final seja definido. Semiologia: é o estudo dos métodos utilizados durante o exame clínico, que, utilizados de forma coordenada, permitem a definição do diagnóstico e, consequentemente, o estabelecimento do prognóstico. Semiotécnica: é a técnica de pesquisa dos sinais e sintomas, ou seja, manifestações objetivas e subjetivas das doenças. Propedêutica clínica: a relação entre os dados escolhidos pela semiotécnica, o estabelecimento de diagnóstico, tratamento e prognóstico. → Como se procede a propedêutica clínica? O primeiro contato com o paciente é a anamnese, momento em que conversamos com ele e coletamos diversas informações. Posteriormente, é realizado o exame físico extra e intrabucal. Nestas etapas são colhidos os sinais e sintomas associados às manifestações clínicas da doença, que analisados de forma integrada possibilitarão a formulação de hipóteses de diagnóstico (lista de possíveis diagnósticos), ou seja, fazemos uma lista de diagnósticos diferenciais. Informações adicionais são obtidas a partir da solicitação de exames chamados exames complementares. → É importante lembrar que o acompanhamento do paciente após a administração do tratamento é essencial, procedimento chamado proservação, acompanhamento ou seguimento. → Os exames complementares devem ser direcionados conforme as hipóteses de diagnóstico, isto é, devemos escolher o exame complementar mais apropriado, que traga as melhores informações para o caso em questão, menos invasivo possível e de menor custo. BIÓPSIA E EXAME HISTOPATOLÓGICO Conceito de biópsia procedimento cirúrgico a partir do qual se remove um fragmento do tecido de uma lesão para análise. Indicações ➢ quando a avaliação clínica não dá apoio para diagnóstico definitivo; ➢ há suspeita de neoplasia maligna (câncer); ➢ o curso clínico é incoerente com diagnóstico inicial; ➢ lesões persistentes por mais de 2 semanas (lesões ulceradas), lesões inflamatórias que não regridam após 10-14 dias posteriores à remoção da causa; ➢ lesões que interfiram na função local; ➢ lesões ósseas ou intra ósseas. CONTRA Indicações ➢ quando o diagnóstico definitivo pode ser obtido apenas com o exame clínico (ex: herpes, afta, candidíase). Na afta, em particular, o exame microscópico vai mostrar um processo inflamatório que em nada difere do que seria visto em um caso de úlcera traumática, sendo observado apenas um processo inflamatório crônico sem nenhuma característica que permita a distinção entre essas situações, ou seja, processo inflamatório inespecífico. ➢ em pacientes sem oportunidade ou condições de se submeter a procedimentos cirúrgicos. ➢ lesões vasculares (hemangioma). Frente a suspeita de lesão vascular deve ser avaliada a extensão da lesão e, caso seja realmente necessária a realização da biópsia, o profissional deve lembrar que esses casos requerem maior cuidado devido ao risco de sangramento descontrolado. ➢ quando o diagnóstico definitivo depende de exames hematológicos. Um exemplo para esta situação é a sífilis, cujo diagnóstico é estabelecido a partir de exames de sangue como o VDRL e FTA-ABS. TIPOS DE BIÓPSIA INCISIONAL/PARCIAL ➢ remoção de um fragmento da lesão, o qual será submetido ao exame histopatológico (avaliação microscópica). ➢ Indicada em lesões múltiplas, lesões extensas e lesões com suspeita de neoplasia maligna. Neste último exemplo, a opção por este tipo de procedimento se justifica pelo fato de o paciente precisar de um tratamento subsequente, que será realizado por algum profissional da área médica, sendo importante uma avaliação da lesão por esse profissional. ➢ Sugere-se que a área de eleição da região a ser biopsiada e a extensão (quantidade de tecido removido) envolvam tecido sadio da margem da lesão, permitindo a visualização da relação da lesão com os tecidos vizinhos e evitando áreas de necrose. ➢ em casos de lesões friáveis (lesões em que o tecido se rompe com facilidade), deve-se tomar cuidado para não lesar o espécime e lança-se mão de sutura na borda de tecido normal, facilitando o controle de sangramento local e melhor fechamento da área. Orientações gerais: ⇨ Fragmento de tecido indesejável: incisão rasa, remoção muito superficial da lesão sem poder verificar a relação com tecido vizinho sadio (neoplasias malignas invadem tecido vizinho, neoplasias benignas não invadem). ⇨ Fragmento de tecido desejável: incisão estreita e profunda, removendo uma margem de tecido sadio. Exemplos de casos em que as lesões têm indicação de biópsia incisional (parcial). A) Nota-se extensas placas brancas entremeadas com áreas atróficas em bordo lingual. As hipóteses de diagnóstico foram de leucoeritroplasia (desordem potencialmente maligna x carcinoma espinocelular (lesão maligna). B) Múltiplos nódulos com aspecto moriforme (aspecto superficial que lembra uma amora) localizados em palato, cuja hipótese foi de lesão granulomatosa (infecciosa) x carcinoma espinocelular. Em ambos os casos a biópsia incisional foi indicada tanto pela extensão da lesão quanto pela presença do carcinoma espinocelular no diagnóstico diferencial. EXCISIONAL ➢ exame complementar com finalidade de obtenção do diagnóstico, mas acaba-se tratando a lesão concomitantemente, pois ela é removida. ➢ se retira toda a lesão para exame histopatológico. ➢ indicada para lesões isoladas, pequenas, sem suspeita de malignidade (neoplasias benignas e lesões inflamatórias). ➢ para lesões reacionais (causadas por agente irritativo como trauma) deve-se remover o agente causal evitando a recidiva da lesão. Orientações gerais: ⇨ Biópsia indesejável: bordas laterais e/ou profundas comprometidas, deixando lesão residual.). ⇨ Biópsia desejável: remoção total da lesão, bordas laterais e profundidade adequadas. Incisões elípticas, profundidade suficiente removendo a lesão como um todo. Exemplos de lesões com indicação de biópsia excisional (total). Em ambas as imagens nota-se lesão nodular, única, de limites bem definidos, cujas hipóteses de diagnóstico são de lesões de natureza benigna,como fibroma, hiperplasia fibrosa e granuloma piogênico. TÉCNICAS INSTRUMENTAL E MATERIAIS UTILIZADOS NA BIÓPSIA DE TECIDO MOLE Obs: além destes itens, é interessante utilizar anestésico local, de preferência com vasoconstritor (cuidar contraindicação a vasoconstritores adrenérgicos – pacientes cardiopatas). ➢ Odontoscópio ➢ Pinça ➢ Sonda exploradora ➢ Seringa carpule ➢ Descolador (sindesmótomo) - Pode ser espátula de cera nº7 ➢ Cabo de bisturi ➢ Pinça hemostática (curva e reta) ➢ Pinça Allis ➢ Pinça de Adson (com dente e sem dente) mais delicada ➢ Pinça Backhaus ➢ Porta agulha delicado (com videia) ➢ Tesoura Metzembaum (ponta romba) ➢ Tesoura (ponta fina) ➢ Cureta de Lucas ➢ Cubeta metálica PUNÇÃO ASPIRATIVA POR AGULHA FINA (PAAF) Obtenção de material através de uma punção, com agulha e seringa, para aspirar o conteúdo. Método simples, rápido e seguro, que permite a retirada de células de nódulos ou lesões em diversos órgãos e tecidos superficiais ou profundos, através de uma agulha fina, não sendo necessária anestesia ou qualquer preparo prévio na maioria dos casos. Em Estomatologia, é mais indicada em lesões sólidas em glândulas salivares e em linfonodos aumentados com características neoplásicas. O material obtido pode ser líquido caso o nódulo tenha componente cístico, ou tecido proveniente da lesão, caso o nódulo seja totalmente sólido. A coleta do material se dá através da introdução de uma agulha fina diretamente no nódulo ou tumor a ser examinado. O desconforto gerado é semelhante ao da introdução de uma agulha anestésica. Nos casos de nódulos profundos, a ultrassonografia pode guiar a localização exata da lesão. ⇨ Resultados: muitas vezes norteia a conduta clínica e as decisões terapêuticas, como descartar ou confirmar a presença de malignidade. . ⇨ Indicações: lesões submucosas, subcutâneas e profundas em que o procedimento de biópsia, muitas vezes, representa uma grande cirurgia sem diagnóstico definitivo e consequentemente sem subsídios, além das informações clínicas e dos exames de imagem. MÉTODOS ASSOCIADOS COM A BIÓPSIA ➢ Bisturi com lâmina 15 (“bisturi a frio”): é o instrumento convencional. ➢ Eletrocirurgia (bisturi elétrico): favorece a remoção e é útil para se obter hemostasia. Geralmente utilizado em lesões de palato, onde a sutura é dificultada, deixando uma margem cruenta e consequentemente uma cicatrização por segunda intenção. ➢ Punch: dispositivo com ponta ativa com lâmina circular que possibilita a remoção de um fragmento da lesão com formato cilíndrico. ➢ Curetagem, para lesões intra ósseas. ➢ Saca bocado, utilizado para palato mole e região posterior da boca com difícil acesso. ➢ Biópsia aspirativa por agulha fina. Diferentes recursos auxiliares que podem ser utilizados para auxiliar a realização de biópsias: cabo de bisturi com lâmina (A), punch de biópsia, demonstrando o seu método de utilização (B) e pinça saca-bocado (C). BIOSSEGURANÇA EM BIÓPSIA ➢ utilizar Equipamento de proteção individual (EPI): gorro, máscara, luvas estéreis, avental, propés, óculos; ➢ realizar antissepsia extrabucal com clorexidina 2% ou iodopovidona (PVPI), e intrabucal com clorexidina 0,12%; ➢ utilizar campo cirúrgico estéril sobre a mesa operatória e sobre o paciente; ➢ instrumentos utilizados devem estar estéreis. CONSIDERAÇÕES CIRÚRGICAS PASSOS CIRÚRGICOS Anestesia: ➢ bloqueio da inervação regional. Infiltração terminal perilesional (em torno da lesão). Cuidar para não infiltrar anestésico no tecido avaliado, pois esse pode distender e modificar o tecido, prejudicando a avaliação histopatológica. Estabilização dos tecidos: ➢ realizada pelo assistente com os dedos, ou através de suturas de tração com fio grosso ou clipes de toalha. Favorece exposição da lesão, facilitando o trabalho do cirurgião. Incisão: ➢ deve ser realizada com lâmina nova, com fio apropriado, através de duas incisões elípticas em V conectando as incisões na base da lesão. Deve ser realizada paralela às fibras musculares, minimizando lesões em nervos, artérias e veias. Secção na base da lesão com tesoura delicada de ponta fina, removendo a peça. Hemostasia: gazes estéreis e aspiradores de sucção. Manipulação do tecido: ➢ deve-se coletar quantidade significativa de tecido para análise posterior, cuidando para não danificar, romper ou dilacerar o tecido. Não usar pinças de apreensão, podendo criar artefatos de técnica. Identificação das margens na peça removida: ➢ marcação das margens com fio de seda, utilizada em lesões tumorais, indicando ao patologista o limite de tecido saudável. Fechamento cirúrgico: ➢ divulsão (descolamento do tecido dos planos subjacentes, o que favorece o procedimento da sutura e o fechamento da ferida sem criar tensão excessiva nos tecidos vizinhos) dos tecidos da margem (insere-se a tesoura de ponta romba paralelamente à superfície da mucosa, abrindo-a quando estiver dentro da lesão. Após, traciona-se para a retirada, soltando as bordas da ferida cirúrgica do plano muscular subjacente, permitindo uma sutura sem tensionamento e ação muscular). ➢ a coaptação (aproximação) dos bordos cirúrgicos possibilita o fechamento primário da ferida elíptica, sendo possível ou não dependendo da localização e do tamanho da ferida. ➢ gengiva e palato duro são locais em que, normalmente, não se coaptam os bordos cirúrgicos de maneira que se tenha uma cicatrização por segunda intenção. Sutura: pode ser feita com fio de seda ou nylon com pontos individualizados. Cuidados com o espécime: ➢ deve ser fixado em solução de formalina 10% tamponada. ➢ Cuidado: o formol é tóxico, inflamável e nocivo. Extremamente volátil provocando irritação dos olhos e vias respiratórias. Manipule sempre com luvas e máscara (EPI). AVALIAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA ➢ dependendo da extensão e local da ferida, fazer bolsa de gelo externamente, a fim de controlar dor e edema. ➢ evitar manipulação da área. ➢ analgésicos geralmente são prescritos por 2 dias e antibióticos, em casos específicos. ➢ a alimentação deve ser fria, pastosa e líquida. ➢ evitar esforço físico e exposição solar, pois estas atividades podem favorecer hemorragias. ➢ após 7 a 14 dias da realização do procedimento de biópsia, devemos proceder a remoção de suturas, sendo esperada a observação de sinais de reparação tecidual. Além disso, devemos providenciar a entrega do laudo histopatológico (diagnóstico final), o qual deve ser explicado para o paciente, além de orientá-lo com relação aos passos subsequentes. → Qual é o resultado do exame e o seu significado? → Trata-se de um problema grave? → Será necessário algum procedimento ou tratamento adicional? → O paciente deverá retornar para consultas de revisão/acompanhamento? → É fundamental que o profissional se mantenha calmo, não demonstrando espanto ou desalento, → independentemente do resultado observado no exame histopatológico. CUIDADOS COM A PEÇA CIRÚRGICA ➢ Escolha um frasco com gargalo (“boca”) largo. Lembre-se que após ser fixado o material fica mais rígido, e se o frasco tiver o gargalo pequeno será difícil de removê-lo, podendo deformar a peça. O frasco deve conter líquido fixador e ter uma etiqueta de identificação. Providencie todo esse material antes de iniciar a biópsia. O ideal é que o material seja colocado no frasco com fixador logo após a sua retirada. ➢ O fixador universal é o formol (solução de formalina tamponada 10%). O ideal é que o volume do fixador no interior do frasco represente pelo menos 20 vezes o volume do material. Não deve ser utilizado álcool, água, gasolina ou outro tipo de líquido. Os profissionais podem solicitar aos laboratórios de anatomia patológica a solução de formol. ➢ É de extrema importância a identificação do material imediatamente após a sua retirada, ainda no centro cirúrgico ou no ambulatório. A etiqueta em torno do frasco deve conter o nome do paciente, nome do profissional e a data do procedimento. ➢ O profissional deve preencher a ficha de solicitação do exame histopatológico ou anatomopatológico, a qual será detalhada em seguida.➢ Enviar o material devidamente preenchido e assinado para o laboratório de Anatomia patológica/Patologia. EXAME HISTOPATOLÓGICO O exame histopatológico consiste em se examinar macroscopicamente e ao microscópio um fragmento de tecido, de um órgão qualquer do paciente, removido cirurgicamente, com a finalidade de se firmar, confirmar ou afastar uma ou mais hipóteses diagnósticas. Neste material, os termos “exame histopatológico”, “exame anatomopatológico” e “exame microscópico” serão considerados como sinônimos. Após o procedimento, o profissional responsável pela realização da biópsia deve preencher a ficha de solicitação do exame histopatológico (chamada de ficha de biópsia na rotina diária), disparando o processo para o exame histopatológico. Então, o material é encaminhado ao Laboratório de Anatomia patológica/Patologia, onde o patologista responsável realizará a análise e elaboração do laudo, que posteriormente é enviado ao profissional solicitante. Após recebimento do laudo, é importante correlacionar a informação presente nele com o aspecto clínico que fora observado, para que se possa realizar o diagnóstico definitivo, tomando posteriormente as devidas atitudes quanto ao tratamento. → equivale dizer que, na maioria dos casos, a informação do exame histopatológico isoladamente não diz muita coisa, sendo fundamental a comunicação eficiente entre o clínico, que realizou o procedimento de biópsia, e o patologista, que vai analisar o material. Como essa comunicação ocorre, em geral, de forma escrita (ficha de solicitação do exame histopatológico e laudo do exame histopatológico), os profissionais envolvidos devem se dedicar ao preenchimento completo destes documentos. Fichas de solicitação do exame histopatológico: ➢ a produção de uma ficha bem preenchida dará ao patologista uma descrição rica do caso e as informações oferecidas permitirão que este profissional faça a correlação clínico/patológica, que é essencial para a definição do diagnóstico histopatológico. ➢ Identificação, nome do profissional, história médica atual e pregressa, histórico familiar, hábitos, utilização de próteses e suas condições e a descrição do aspecto clínico da lesão são aspectos que devem ser valorizados neste momento. Motivos de amostras ou encaminhamento inadequados: ➢ Fixação inadequada: quantidade insuficiente de formol em relação ao volume da amostra, ou utilização de fixador inadequado. ➢ Falta de identificação do profissional. ➢ Fichas com dados clínicos faltantes ou incompletos: neste caso, o laboratório não deve aceitar o material, pois pode haver comprometimento da capacidade de estabelecer o diagnóstico histopatológico. Preparo da lâmina histológica: ➢ macroscopia: momento em que há descrição do aspecto macroscópico do material recebido, relatando sobre tamanho da lesão, superfície, consistência e cor tecidual, auxiliando no estabelecimento do diagnóstico definitivo. ➢ inclusão em parafina: blocos de parafina. ➢ cortes histológicos: cortes finos. ➢ coloração e montagem das lâminas. Realização de biópsias na prática odontológica: uma revisão da literatura Introdução A biópsia é um exame complementar que tem por finalidade diagnosticar determinada patologia, utilizando como ferramentas estudos micro e macroscópicos de um tecido vivo, o qual foi removido cirurgicamente por um profissional capacitado. É uma técnica que permite estabelecer as características histológicas de lesões suspeitas, como também, permite visualizar sua diferenciação, extensão ou disseminação, e adotar uma estratégia de tratamento adequada. As biópsias estabelecem o controle evolutivo dos processos da doença e são capazes de documentar a cura ou recidiva, sendo seu uso de grande valia para a prática odontológica, aonde é indicada pela Academia Americana de Patologia Oral e Maxilofacial a realização em quaisquer alterações anormais do tecido ósseo ou da mucosa. Entretanto, mesmo sendo de grande importância para o Cirurgião-dentista, achados na literatura indicam que esta prática ainda não é disseminada entre os profissionais da odontologia e estes, quando frente a uma indicação de biópsia, frequentemente encaminha o paciente para o profissional médico, como também não acompanha o tratamento do paciente quando em neoplasias malignas. Assim, o presente estudo busca elucidar a realização de biópsias pelo profissional da área odontológica através de estudos quantitativos. Resultados As características dos estudo selecionados são apresentadas na tabela 1. Tabela 1. Resumo dos principais resultado dos estudos selecionados. N° Autor/Ano Título Revista Metodologia Resultados 1 WAN et al., 2010 Biopsy and diagnostic histopathology in dental practice in Brisbane: usage Australian Dental Journal Foi realizada análise de 1.027 biópsias orais em um laboratório particular de patologia. Uma pesquisa foi distribuída para 200 dentistas, 76,2% dos cirurgiões-dentistas encaminharam todas as lesões orais que necessitavam de biópsia para um especialista, em vez de realizá-las eles próprios. Embora a patterns and perceptions of usefulness perguntando sobre seu uso e opiniões sobre biópsia e histopatologia diagnóstica. maioria destes profissionais reconhecesse a importância da biópsia, uma grande proporção (58,1%) não se sentia competente para realizar o procedimento devido à preocupação com a experiência inadequada e habilidades práticas. 2 DIAMANTI et al., 2002 Attitudes to biopsy procedures in general dental practice. British dental journal Foram enviados questionários a 98 dentistas especializados em Cirurgia e/ou Bucomaxilofacial, 335 dentistas gerais e 220 pacientes atendidos na Clínica de Medicina Oral do Hospital Odontológico de Manchester. As taxas de participação foram 68 (74%), 227 (72%) e 158 (76%), respectivamente. 70% dos especialistas inviabilizam que os dentistas gerais realizam biópsias. As preocupações eram a falta de habilidades e atrasos no encaminhamento; já os 30% restantes, consideraram que os dentistas gerais deveriam ser capazes de realizar biópsias simples para lesões benignas. 15% dos dentistas sem especialização, referiram ter realizado biópsia oral nos últimos dois anos. Dos pacientes, 39% se sentiriam ansiosos caso o dentista realizasse a biópsia, embora 23% ficassem ansiosos quando biopsiados na clínica de medicina oral. 3 FRANKLIN et al., 2006 A survey of oral and maxillofacial pathology specimens submitted by general dental practitioners over a 30-year period British dental journal Foi realizada uma análise retrospectiva de todos os casos de biópsia submetidos entre os anos de 1974 e 2003. Cirurgiões-dentistas apresentaram 6.666 casos de um total de 53.474 no período. O número total de biópsias aumentou quatro vezes no período de 30 anos, enquanto que em âmbito odontológico aumentou apenas 10%. Dos 617 dentistas que enviaram material, 45% enviaram menos de duas amostras cada, em 30 anos. Foram diagnosticadas 320 neoplasias benignas, 9 neoplasias malignas, bem como diagnósticos que variam de lesões da mucosa, como líquen plano e a cistos odontogênicos. Discussão É um atributo do Cirurgião-dentista a realização de biópsias. No entanto, no estudo de WAN et al. (2010), foi percebido que a maioria dos cirurgiões-dentistas encaminharam os casos que requeriam biópsia, para um especialista, sendo a pequena parcela que realizou biópsia, especialista em cirurgias orais e maxilofaciais. Neste estudo, 67,1% dos profissionais entrevistados relataram terem aprendido apenas a teoria dos procedimentos de biópsia, resultando em que 58,1% desses profissionais se sentiam incapacitados de realizar biópsias, 39,5% se sentiam competente apenas para realizar biópsias simples de lesões benignas, e apenas 2,3% dos profissionais entrevistados se sentia capaz de realizar todas as biópsias. A maioria, destacou que estava mais preocupada pela falta de experiência e habilidades. Das biópsias realizadas,a mais frequente foi a biópsia excisional, seguida da incisional e por punch. Dessas biópsias, 5,2% foram diagnosticadas como neoplasias, sendo todos os casos encaminhados por especialistas; mais de 50% das biópsias submetidas, eram lesões dentoalveolares e lesões benignas do tecido conjuntivo. Esses achados coincidem com os estudos de FRANKLIN et al. (2006), o qual também destacou que as biópsias mais comum submetidas pelos cirurgiões-dentistas, eram lesões reativas da mucosa, com destaque aos diagnósticos de Pólipo fibroepitelial, Granuloma periapical e Cisto periapical, com uma pequena parcela sendo lesões malignas e pré-malignas. Isto indica que os profissionais dentistas estão selecionando casos apropriados para biópsias e encaminhado casos mais complexos ou suspeitos para um especialista. A literatura sugere que a avaliação da mucosa oral deve ser parte integrante do atendimento odontológico de rotina. Entretanto, no estudo de DIAMANTI et al. (2002), 15% dos cirurgiões-dentistas avaliavam e 5% nunca examinaram a mucosa oral. Neste estudo, 46% dos dentistas participantes viram anualmente lesões que requeriam biópsias e apenas 33% detectaram lesões em mais de uma ocasião ao ano; a maioria (55%) dos participantes referiu todos os casos de biópsia a um especialista, dado que se assemelhou ao estudo de WAN et al. (2010), aonde 76,2% tratou rotineiramente as lesões através de encaminhamentos a especialistas. Mesmo estando na grade curricular acadêmica, 58,1% e 25% dentistas entrevistados, nos estudos de WAN et al. e DIAMANTI et al. (2002), respectivamente, não se sentiam competentes para realizar biópsias, seja pela falta de instruções técnicas, falta de informações sobre os serviços de patologia, falta de experiência e de habilidades práticas, como também receio em produzir uma amostra não diagnóstica e erro diagnóstico. Conclusão A biópsia é de suma importância, uma vez que está fortemente relacionada à detecção precoce do câncer bucal. Entretanto, de acordo com os estudos, há escassa disseminação da realização de biópsias pelos cirurgiões-dentista, com grande número de encaminhamentos diretos ao especialista. Contudo, o encaminhamento só é benéfico quando é imediato e indicado; o encaminhamento precoce é crucial quando há suspeita de malignidade, a fim de evitar prolongar o tratamento que requer ação imediata. Assim, é de grande valia enfoques maiores em biópsia e histopatologia diagnóstica, na formação de graduação e pós-graduação. Além de instruir uma competência prática e a capacidade de distinguir uma lesão benigna de uma lesão pré-maligna ou maligna e o manejo correto do paciente. Infere-se que os cirurgiões-dentistas devem saber não apenas o quê, onde, quando e como fazer a biópsia, mas também quando encaminhar e como administrar o relatório subsequente. Referências bibliográficas: KIGNEL, S. Estomatologia: Bases do Diagnóstico para o Clínico Geral. 2. ed. São Paulo: Santos, 2013. p. 97-99. MELROSE, R.J. et al. The use of biopsy in dental practice. The position of the American Academy of Oral and Maxillofacial Pathology. General dentistry. n. 5, p. 457-61, 2007. DIAMANTI, N. et al. Attitudes to biopsy procedures in general dental practice. British dental journal. 192, n. 10, p. 588-592, 2002. WAN, A.; SAVAGE, N. W. Biopsy and diagnostic histopathology in dental practice in Brisbane: usage patterns and perceptions of usefulness. Australian dental journal, v. 55, n. 2, p. 162-169, 2010. FRANKLIN, C. D.; JONES, A. V. A survey of oral and maxillofacial pathology specimens submitted by general dental practitioners over a 30-year period. British dental journal, v. 200, n. 8, p. 447-450, 2006. Manejo odontológico na detecção e ensino em saúde bucal a portadores de Diabetes Mellitus: uma revisão da literatura Introdução O termo Diabetes mellitus (DM) é usado para identificar um grupo de distúrbios metabólicos caracterizados por hiperglicemia (níveis elevados de glicose no sangue), resultado de uma deficiência na secreção de insulina ou de um aumento da resistência celular às ações da insulina, levando a uma variedade de anormalidades metabólicas envolvendo carboidratos, gorduras e proteínas. É uma doença de amparo global, acometendo, de acordo com a atualização da Federação Internacional de Diabetes, 382 milhões de adultos em todo o mundo, sendo que um em cada dois adultos diabéticos, não são diagnosticados. Vários distúrbios orais foram associados a DM, dentro dos quais pode-se destacar a Periodontite, em que pacientes com diabetes não controlada ou mal controlada, em comparação com pacientes normosistêmicos, têm um risco 3 vezes maior de desenvolver periodontite, como também gravidade e progressão maior. Nestes indivíduos, as respostas inflamatórias produzidas pelo tecido periodontal inflamado podem aumentar a gravidade da condição diabética, piorar os desfechos cardiovasculares e aumentar a mortalidade. Além disso, pacientes diabéticos apresentam aumento na suscetibilidade a: infecções oportunistas orais, xerostomia, cárie dentária, perda dentária, alteração no paladar, doenças na mucosa oral e infecções como líquen plano, estomatite aftosa recorrente e candidíase. Além disso, DM é uma doença considerada como uma condição de risco para cirurgias orais e implantes dentários, uma vez que está associada à cicatrização retardada de feridas, prevalência de doença vascular e resposta prejudicada frente à infecções. Também há evidências de que pessoas com diabetes têm um risco aumentado de câncer oral e pré-neoplasias orais. Assim, o presente estudo busca elucidar o manejo odontológico do paciente cometido por DM, desde possível diagnóstico pelo Cirurgião-dentista, até instruções em saúde bucal a pacientes diabéticos. Revisão da literatura As características dos estudo selecionados são apresentadas na tabela 1. Tabela 1. Resumo dos principais resultado dos estudos selecionados. N° Autor/Ano Título Revista Metodologia Resultados 1 HOLM, N. R. et al. (2016) Identification of individuals with undiagnosed Diabetes and pre-diabetes in a danish cohort attending dental treatment Journal of periodontology 291 adultos sem história de DM responderam a questionários sobre saúde geral e realizaram exames corporais, periodontal e de HbA1c. Assim, 245 pacientes estavam com periodontite, e 46 não, sendo este chamado de grupo controle. 3,1% e 27,1% dos indivíduos foram identificados com níveis de HbA1c correspondentes aos níveis de orientação para DM e pré-diabetes, respectivamente. Proporções mais elevadas de doentes com DM não diagnosticados e pré-diabetes foram observadas no grupo com periodontite (32,7%) quando comparado ao grupo controle (17,4%). 2 BARASCH, A. et al. (2012) Random blood glucose testing in dental practice: A community-based feasibility study from The Dental Practice-Based Research Network The Journal of the American Dental Association Dentistas e funcionários de 28 consultórios odontológicos testaram por meio de um glicosímetro os níveis de glicose no sangue de 498 pacientes. Os entraves e os benefícios do teste de glicose no sangue (BGT) foram relatados por pacientes e funcionários do consultório odontológico através de questionários. Dos profissionais entrevistados, 84% consideraram o BGT útil e digno de implementação de rotina; 40% achavam que os resultados do BGT poderiam ajudar a determinar o momento dos procedimentos invasivos; 74% concordavam que os resultados do BGT podem ajudar a identificar pacientes em risco de desenvolver doença periodontal. Não foi considerada a duração do BGT ou seu custo como entraves significativos. Entre os pacientes, mais de 80% acharam que a BGT na prática odontológica era uma boa ideia e a acharam fácil de suportar; 62% eram mais propensos a recomendar seus dentistas a outras pessoas se BGT fosse oferecido. 3 BOWYER, V. et al. (2011) Oral health awareness in adult patients withdiabetes: a British dental journal 14 clinicas médicas que atendiam pacientes diabéticos, aceitaram A maioria dos entrevistados relatou que vai ao dentista uma vez (25,6%) ou duas vezes (54,3%) por ano. questionnaire study participar de um estudo por questionários. 615 pacientes diabéticos, maiores de 18 anos e com consentimento, eram elegíveis. Estes pacientes receberam uma ficha contendo informações, termo de consentimento e questionário de saúde bucal. A taxa de resposta foi de 37,2%. Custo (43,9%,), falta de necessidade (37,6%) e desagrado nas visitas ao dentista (19,1%) foram os principais motivos para não ir ao dentista com maior frequência. 67,2% relataram escovar os dentes pelo menos duas vezes ao dia, enquanto apenas 15,3% usavam fio dental diariamente. 69,1% nunca haviam recebido qualquer conselho de saúde bucal relacionado ao diabetes. 4 YUEN, H. K. et al. (2009) Oral Health Knowledge and Behavior among Adults with Diabetes Diabetes research and clinical practice 253 residentes americanos adultos portadores de diabetes, responderam uma pesquisa de saúde bucal para avaliar seus conhecimentos sobre saúde bucal. 83% identificaram-se como sendo portadores de diabetes tipo II. Os resultados mostraram que apenas 47% dos participantes responderam corretamente cinco ou mais (de um máximo de sete) itens de conhecimentos em saúde bucal relacionados ao diabetes. Sobre a informação de que o diabetes pode piorar a saúde de dentes e gengivas, 50,6% dos participantes relataram que receberam essa informação de dentistas, 47,0% de médicos, 41,1% de higienistas dentais e 6,3% de farmacêuticos. Discussão A contribuição do Cirurgião-dentista no ensino em saúde bucal para acometidos por Diabetes Mellitus (DM) e identificação de indivíduos com DM e pré-diabetes não diagnosticados, é de grande valia na prática odontológica diária. No estudo de HOLM, N. R. et al. (2016), 88 dos 291 indivíduos sem histórico de diagnóstico de DM, após realização do exame HbA1c, obtiveram níveis glicêmicos indicadores de diabetes ou pré-diabetes (elevação da glicose sanguínea que não atinge o critério aceito para diagnóstico absoluto de diabetes; apresentando risco elevado para o desenvolvimento de diabetes). Este estudo apoiou a ideia de que o consultório odontológico é um cenário altamente relevante para identificar indivíduos com DM e pré-diabetes outrora não diagnosticados, uma vez que muitos podem procurar tratamentos para comorbidades associada à DM, como a Periodontite, que neste estudo, acometeu 84% dos indivíduos examinados, sendo 27,1% diagnosticados com níveis glicolíticos relativos a DM. Esses achados coincidem com os estudos de BARASCH, A. et al. (2012), no qual 88% dos entrevistados consideram que o teste de glicose no sangue (BGT) promoverá a percepção de que os dentistas estão interessados na saúde geral dos pacientes e aumentará a confiança dos pacientes na prática, podendo desencadear possíveis encaminhamentos médicos. Além disso, ajudará a determinar o momento correto para pacientes diabéticos serem submetidos a procedimentos odontológicos invasivos, evitando complicações infecciosas pós-operatórias e hiperglicemia pré-operatória. Mesmo o diagnóstico sendo o ponto de partida para a efetiva saúde do paciente diabético, os conseguintes tratamentos a esses pacientes são cruciais, entretanto, estes ainda não adicionam a saúde bucal como integrante da saúde sistêmica. Nos estudos de BOWYER, V. et al. (2011) e YUEN, H. K. et al. (2009), foi detectado que as atividades de cuidado odontológico não foram classificadas como tarefas importantes de autocuidado em comparação com outras atividades, como tomar medicamentos prescritos ou fazer exames regulares dos olhos. No estudo de BOWYER, V. et al. (2011), 35,4% dos participantes classificou o uso diário do fio dental como a atividade menos importante relacionada à saúde, com os entrevistados demonstrando pouco conhecimento sobre as implicações orais da DM, com sinais como a xerostomia (43%) e a demora na cicatrização da boca (23,9%) mais conhecidos em comparação a outras complicações, como gengivas inchadas ou sensíveis (13,1%) e dentes soltos (12,8%). Essas precárias informações, podem diretamente ser relacionadas ao fato de que 69,1% dos entrevistados relatou nunca ter recebido orientação de um profissional de saúde sobre tarefas de higiene bucal, sendo que 30,2% relataram já terem conversado com seu dentista sobre diabetes. Dos entrevistados, 70,5% consideram que o dentista é quem deve informá-los sobre a importância de uma boa saúde bucal por serem diabéticos, no entanto, apenas 53,5% apoiou a ideia do envolvimento dos dentistas no rastreamento do diabetes, sendo que apenas 20,9% relataram que estariam dispostos a pagar pelo rastreamento do diabetes em um ambiente odontológico. Conclusão Muitos indivíduos acometidos por diabetes ainda não foram diagnosticados, apresentando muitos entraves na saúde oral devido à falta de manejo adequado, uma vez que não se tem conhecimento do seu diagnóstico. O rastreio de HbA1c e do teste de glicose no sangue (BGT) de indivíduos que procuram tratamento odontológico, pode ser uma ferramenta valiosa para a identificação tanto de DM como de pré-diabetes. O papel dos cirurgiões-dentistas no rastreio e apoio à diabetes requer considerações, sendo que as informações coletadas pelos dentistas nos exames detectores dos níveis de glicose no sangue, apresentam implicações significativas para a saúde sistêmica e o manejo odontológico. Já os pacientes diabéticos diagnosticados, estão recebendo aconselhamento limitado sobre as complicações de saúde bucal associadas a DM, apresentando pouca consciência sobre os mecanismos das manifestações orais do diabetes e seu tratamento abrangente para prevenir possíveis complicações. Assim, há urgência de uma melhor compreensão da doença DM, bem como de melhorar o atendimento odontológico aos pacientes com e suscetíveis a DM. Referências bibliográficas: International Diabetes Federation. IDF diabetes atlas. 2020. http://www.diabetesatlas.org/ (accessed 19/09/2020). VELASCO-ORTEGA, E. et al. Dentistry and diabetes: The influence of diabetes in oral diseases and dental treatments. 2016. ELDARRAT, A. H. Awareness and attitude of diabetic patients about their increased risk for oral diseases. Oral health & preventive dentistry, v. 9, n. 3, 2011. LATTI, B. R. et al. Evaluation of relationship between dental caries, diabetes mellitus and oral microbiota in diabetics. Journal of oral and maxillofacial pathology: JOMFP, v. 22, n. 2, p. 282, 2018. HOLM, N. R. et al. Identification of individuals with undiagnosed diabetes and pre‐diabetes in a Danish cohort attending dental treatment. Journal of periodontology, v. 87, n. 4, p. 395-402, 2016. BARASCH, A. et al. Random blood glucose testing in dental practice: a community-based feasibility study from The Dental Practice-Based Research Network. The Journal of the American Dental Association, v. 143, n. 3, p. 262-269, 2012. BOWYER, V. et al. Oral health awareness in adult patients with diabetes: a questionnaire study. British dental journal, v. 211, n. 6, p. E12-E12, 2011. YUEN, H. K. et al. Oral health knowledge and behavior among adults with diabetes. Diabetes research and clinical practice, v. 86, n. 3, p. 239-246, 2009.
Compartilhar