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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA UNAMA CURSO DE BACHARELADO DE EDUCAÇÃO FÍSICA AKHENATON PEREIRA DE MELO IRLANE SILVA DA GAMA BARBOSA BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO DE FORÇA EM INDIVÍDUOS COM LESÃO MEDULAR ANANINDEUA-PA 2022 BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO DE FORÇA EM INDIVÍDUOS COM LESÃO MEDULAR AKHENATON PEREIRA DE MELO IRLANE SILVA DA GAMA BARBOSA Trabalho de conclusão de curso apresentado a Universidade da Amazônia como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em educação física. Orientadora: Profª Drª Martha de Souza França. ANANINDEUA-PA 2022 AKHENATON PEREIRA DE MELO IRLANE SILVA DA GAMA BARBOSA BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO DE FORÇA EM INDIVÍDUOS COM LESÃO MEDULAR Projeto de trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade da Amazônia - Ananindeua, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Educação Física BANCA EXAMINADORA: Profª. Dr. Matha de Souza França. (UNAMA/Ananindeua – Orientador) Inserir o nome completo do membro 1 (Instituição) Inserir o nome completo do membro 2 (Instituição) DATA DA AVALIAÇÃO: / / / NOTA: Dedico este trabalho à minha mãe Maria do Amparo e ao meu esposo Claudio Santos que foram fundamentais nessa jornada. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por nunca desistir de mim, por sempre estar ao meu lado. A minha mãe, pois me incentivou e me deu a oportunidade de estudar. Ao meu esposo que acreditou em mim e me ajudou nessa jornada. Ao meu orientador Profª.Drª Martha de Souza França, pela sabedoria com que me guiou nesta trajetória. A os meus professores da faculdade Aos meus colegas de sala. A coordenação do curso, pela cooperação. Enfim, a todos os que por algum motivo contribuíram para a realização desta pesquisa. “Cem vezes por dia, eu lembro a mim mesmo que minha vida interior e exterior depende do trabalho de outras pessoas, vivos ou mortos, e que devo me esforçar para dar na mesma medida em que recebi e continuo a receber”. Albert Einstein (1879 – 1955) RESUMO O trauma raquimedular (TRM) é uma agressão à medula espinhal que pode acarretar prejuízos neurológicos graves, desde alterações das funções motora, sensitiva e autônoma até síndromes incapacitantes, como alterações autônomas, sensitivas e motoras, e assim reduzir a qualidade de vida. O treinamento resistido, também conhecido como treinamento de força ou com pesos são todos utilizados para descrever um tipo de exercício que exige que a musculatura corporal se movimente (ou tente se movimentar) contra uma força oposta. O objetivo do nosso trabalho é investigar os efeitos do treino de força em indivíduos com TRM. Trata-se de uma revisão sistemática, onde sistematizamos acervos literários advindos das principais plataformas de buscas cientificas como Biblioteca virtual em saúde (BVS), Pubmed, Lilacs e Scientific Electronic Library (SCIELO). Todos os artigos inseridos tem relação direta com a TRM e o treinamento resistido como estratégia de intervenção. Houve uma grande variabilidade nos protocolos de medidas de avaliação, sendo a maioria deles a aplicação de dinamômetro isocinético, para avaliação da força isocinética, e foi observado que os membros superiores foram os mais avaliados, dessa forma conclui-se que o exercício resistido contribui para o ganho de força e consequentemente na independência funcional colaborando para o nível de percepção da qualidade de vida. Palavras-chave: Exercício resistido. Lesão Medular. Trauma Raquimedular. Treinamento de força. Qualidade de vida. ABSTRACT Spinal cord trauma (SCI) is an aggression to the spinal cord that can cause severe neurological damage, ranging from changes in motor, sensory and autonomous functions to disabling syndromes, such as autonomous, sensitive and motor changes, thus reducing quality of life. Resistance training, also known as strength training or weight training, are all used to describe a type of exercise that requires the body's musculature to move (or attempt to move) against an opposing force. The aim of our work is to investigate the effects of strength training in individuals with SCI. This is a systematic review, where we systematize literary collections from the main scientific search platforms such as Virtual Health Library (VHL), Pubmed, Lilacs and Scientific Electronic Library (SCIELO). All inserted articles are directly related to TRM and resistance training as an intervention strategy. There was a great variability in the protocols of evaluation measures, most of them being the application of an isokinetic dynamometer, for the evaluation of isokinetic strength, and it was observed that the upper limbs were the most evaluated, thus, it is concluded that resistance exercise contributes to the gain in strength and consequently in functional independence collaborating for the level of perception of quality of life. Keywords: Resistance exercise. Spinal cord injury. Spinal cord trauma. Strength training. Quality of life. LISTA DE ABREVIATURAS ERP – Exercícios de Resistência Progressiva EE – Exercícios de Resistência LM – Lesão Medular MIF – Medida de Independência Funcional TRM – Trauma Raquimedular TF – Treinamento de Força TL – Treinamento Locomotor TR – Treinamento de Resistência TRC– Treinamento de Resistência em circuito SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO -------------------------------------------------------------------------------11 2. METODOLOGIA ----------------------------------------------------------------------------12 3. RESULTADOS --------------------------------------------------------------------------------13 4. DISCUSSÃO -----------------------------------------------------------------------------------17 5. CONCLUSÃO ---------------------------------------------------------------------------------19 6. REFERÊNCIA --------------------------------------------------------------------------------20 11 1. INTRODUÇÃO O traumatismo Raquimedular (TRM) é caracterizado por um dano que ocorre na medula espinhal, que pode ser classificado em danos parcial ou total, o que representa déficits temporário ou permanentes, reproduzindo deformações nas funções motoras e sensitivas, acarretadas devido avarias no sistema nervoso, surgindo assim a deficiência física, seja com um quadro de paraplegia ou tetraplegia (LIANZA et al., 2007). No tocante ao perfil sociodemográfico, estudos em diferentes países mostram que, fraturas da coluna vertebral tem maior incidência no sexo masculino jovem, com prevalência de 60% em relação as mulheres (SOUSA et al. 2022). Atribui-se essa distribuição distinta entre os sexos ao fato de os homens trabalharem em empregos com maior ameaça de acidentes e a tendência de ser menos cuidadosos ao dirigir e ter seus momentos de lazer em locais onde são mais sujeitos a acidentes (BOTELHO et al., 2014). Os traumas tem a origem de acidente de trânsito, por conseguinte quedas de altura, acidente por mergulho em águas rasas, e armas de fogo (WANG H. et al., 2012). De acordo com alguns estudos internacionais de países desenvolvidos, o padrão etário do TRM mostrou cada vez mais mudanças, como em Seoul (Coreia do Sul), com a média de idade de 52,8 anos, mantendo a predominância masculina. (KIM et al., 2021) De acordo com o Ministério da Saúde (2013) o mesmo padrão epidemiológico se mantém em pacientes com TRM, com ocorrência anual de aproximadamente 40 novos casos por milhão de habitantes no Brasil, em outros termos, cerca de 6 a 8 mil novos casos por ano. Sendo a ocorrência de trauma da coluna vertebral em todo o mundo, entre países em desenvolvimento e não desenvolvidos com estatísticas totalmente diferentes. (RAHIMI- MOVAGHAR V, et al, 2013) Quando há acometimento da parte neurológica, raízes nervosas, nervos periféricos e medula, verifica-se o maior risco de potenciais complicações desses pacientes. (SARAIVA RA, et al., 1995). Alterações fisiológicas principais que ocorrem com esse paciente são: choque medular, choque neurogênico, trombose venosa profunda, disreflexia autônoma, bexiga neurogênica, intestino neurogênico,espasticidade, úlceras por pressão, pneumonias, alterações psicossociais e infecções (SARAIVA RA; SBORN JR, et al., 1992-1995). Complicações atinentes ao TRM, as mais dominantes foram úlceras por pressão, pneumonia, atelectasia e espasticidade, (MORAES et al., 2020). Instala-se de maneira abrupta e inesperada, e com grande potencial para causar sequelas, como paraplegia e tetraplegia (SILVA, GA., 2015). O exercício físico pode auxiliar e facilitar o dia a dia dessas pessoas com a prática 12 habitual de treinamentos resistidos adaptados, lhes trazendo benefícios que vão além da composição corporal (BEZERRA; et al., 2021). Segundo Selvadurai et al., (2002) o treinamento de força é um dos principais métodos de trabalho muscular utilizados para ganhos de massa corporal (tecido muscular), força e resistência, além de importante redutor do tecido adiposo, que contribuem para inúmeras funções orgânicas. Por conseguinte, a busca por melhores condições e hábitos saudáveis, tem lançado como uma crucial defesa presencialmente na rotina e na realidade social de muitas pessoas, especialmente das pessoas com deficiências (PRÜSS H E COLS, 2017). O treinamento locomotor (TL) é fundamentado na concepção de que a plasticidade decorre da atividade podendo ser impulsionada pela ativação neuromuscular abaixo da lesão, seja intrinsecamente usando pistas sensoriais específicas da tarefa ou extrinsecamente usando estimulação (EKMAN LL., MORAWIETZ C et al., 2013- 2017). Exercícios físicos, especificamente o treinamento resistido, pode favorecer a melhora da percepção e da força de pessoas com deficiência física, cabe frisar que são quase inexistentes os estudos que poderiam servir de subsídio para a área de treinamento resistido voltada às pessoas com deficiência (SANCHEZ et al.,2021). Neste contexto, este trabalho tem como objetivo investigar os efeitos do treino de força em indivíduos com Lesão Medular. 2. METODOLOGIA O presente estudo é identificado como revisão sistemática de literatura, a qual foi realizada com busca nas bases de dados eletrônicos. Para isso, teve como plataforma de busca os banco de dados: U.S National Library of Mediline (PUBMED) e BVS e periódico Capes.) e Scientific Electronic Library (SCIELO). Como método inicial, utilizaremos palavras chaves em idioma inglês: Spinal cord trauma, spinal cord injury, resistance exercise and strength training e em português: Trauma Raquimedular, Lesão Medular, exercício resistido e treinamento de força. O estudo adotou como critérios de inclusão: Utilizar apenas artigos originais que apresentassem em sua amostragem grupo experimental e/ou grupo controle, artigos publicados nos idiomas português e inglês, entre os anos de 2012 a 2019. Além disso, os artigos utilizados devem ter em sua pesquisa, estudos de indivíduos que tenham o parâmetro com a patologia, Lesão Medular completa e incompleta, e que utilizasse em seu protocolo de intervenção o TF. 13 E como critério de exclusão: Artigos científicos de revisão, artigos que citam estudos de casos, dissertação de mestrado, tese de doutorado, publicações em anais e congressos, pôsteres e acervos advindos de livros, resumos simples ou expandidos não serão incluídos neste estudo. Ademais, quaisquer outros Artigos que não utilizam o TF como método de intervenção, e que utilizam outro tipo de treinamento concorrente junto ao treinamento de força, ou que, em sua metodologia houve uso de delineamento experimental com intervenção farmacológica, foram excluídos. 3. RESULTADOS Na figura 1 é apresentado o fluxograma dos artigos que compõem esta revisão de literatura. No total de 40 artigos foram identificados na base de dados para esta revisão sistemática, 22 foram excluídos, dos quais 18 foram selecionados para a leitura dos títulos, dentre esses ,5 foram excluídos para leitura do resumo, sendo assim 13 foram selecionados pela leitura do resumo, sendo 2 excluídos por não atenderem o tipo de estudos, sobrando 11 estudos a serem lidos na íntegra, 6 foram descartados quanto a elegibilidade e, desses, apenas 05 foram incluídos na presente revisão (Tabela 1). A soma da amostra de todos os estudos totalizou 100 indivíduos com lesão medular, divididos em grupo de intervenção e grupo controle. Houve uma grande variabilidade nos protocolos de medidas de avaliação, sendo a maioria deles a aplicação de dinamômetro isocinético, para avaliação da força isocinética, e foi observado que os membros superiores foram os mais avaliados, vale ressaltar que os programas de treinamento aconteciam pelo menos 3 vezes durante a semana, de no mínimo 30 minutos de exercício físico, alguns artigos compararam grupo de intervenção com grupo controle. A tabela 1 apresenta a descrição de 5 estudos que foram utilizados para essa revisão sistemática, incluindo os protocolos de intervenção, as amostras, o objetivo, os métodos utilizados para a avaliação e os principais resultados. Os autores e os anos de publicação dos artigos estão entre os anos de 2012 a 2019, sendo adolescentes, adultos e idosos com faixa etária de 16 a 70 anos, totalizando 100 participantes. 14 Figura 1. Fluxograma da seleção dos artigos para a revisão da literatura 15 Tabela 1: Descrição dos estudos selecionados para esta revisão sistemática Autor/Ano Amostra Objetivo Intervenção Avaliação Resultado Serra O. et al. 2012 15 Homens (26-70 anos) Sujeitos com perda motora nos membros inferiores Usuários de cadeiras de rodas manuais em tempo integral Determinar os efeitos de um programa de treinamento resistido do ombro na força isocinética e isométrica, efeitos na composição corporal e funcionalidade em indivíduos paraplégicos. - Programa de treinamento de resistência de 8 semanas, 3 sessões na semana. 10’- alongamento dos músculos do ombro - 3 séries de 8 a 12 repetições - Todos os exercícios foram adaptados às características dos participantes. - Escala de Medida de Independência Funcional (MIF) - Ao final de cada sessão foi preenchido o questionário de Deficiência do Braço, Ombro e Mão. - Dinamômetro isocinético - Raios X de dupla energia absorciometria - Aumento da massa muscular no braço e tronco. - Diminuição do percentual de gordura do braço. - Aumento de força - Aumento da funcionalidade Dosta Gulseren et al. 2014 19 pacientes (16-51 anos) ERP (Exercícios de Resistência Progressiva) (n= 10) EE (Exercícios de Resistência) (n=9) Comparar os efeitos dos exercícios de resistência progressiva e o exercício de resistência, dos membros superiores em pacientes com Lesão Medular. Grupo ERP - 64 exercícios de fortalecimento dos superiores isotônico, na estação de exercícios mecânicos Grupo EE -Exercícios de alta intensidade com 70% FCmáx - Escala de Medida de Independência Funcional (MIF) - Dinamômetro isocinético computadorizado - Ambos os exercícios aumentaram significativamente os valores da MIF e melhora nos valores de força muscular pós-treinamento tanto no grupo ERP (considerado mais eficaz) quanto no EE. Yildirim Adem et al. 2016 26 participantes (16-52 anos) Grupo Intervenção (n= 13) Grupo controle (n=13) Testar a hipótese dos potenciais benefícios da TRC (treinamento de resistência e circuito) envolvendo exercícios repetitivos realizados em estações fixas de exercícios mecânicos, para a força muscular da extremidade superior e independência funcional em pacientes com paraplegia. Grupo Intervenção Exercícios 60’ – 5 dias/semana por 6 sem Estações fixas de exercícios mecânico Grupo controle Não receberam intervenção - Dinamômetro isocinético computadorizado - Escala de Medida de Independência Funcional (MIF). - Escala de Borg Nos grupos exercício e controle, houve efeitos positivos na força muscular da extremidade superior e incapacidade física indexada pelos escores da MIF e Escala de Borg. No grupo de exercício, A grande maioria dos valores isocinéticos foram significativamente mais melhorados 16 Bye EA et al. 2017 30 participantes (25-65 anos) - Determinar os efeitos de um programade treinamento de força de 12 semanas na força muscular isométrica voluntária máxima. - Objetivos secundários, determinar os efeitos do treinamento na espasticidade, fadiga muscular e percepções de força e função dos participantes. - Programa de Treinamento de Resistência Progressivas, com foco no grupo muscular alvo, em um lado do corpo por 12 semanas 3x na semana, totalizando 36 sessões. - Dinamômetro Participantes foram medidos por um avaliador cego uma vez antes da randomização e uma vez 12 semanas após a randomização (com uma janela de 1 semana). Este estudo indica que o treinamento de força aumenta a força dos músculos parcialmente paralisados de pessoas com LM. Elizabeth A. et al. 2019 10 participantes (>18 anos) Investigar os mecanismos pelos quais o treinamento resistido de curta duração de 6 semanaas, aumenta a força dos músculos parcialmente paralisados em pessoas com lesão medular. Programa de treinamento de força, com foco no grupo muscular alvo, em um lado do corpo 3x por semana durante 6 semanas, totalizando 18 sessões A arquitetura muscular foi medida antes e após o treinamento usando ressonância magnética - Dados DTI (imagem por tensor de difusão ) - Dinamômetro isocinético . Os ganhos de força a curto prazo são devidos ao aumento do impulso neural ou a um aumento na tensão muscular específica 17 4. DISCUSSÃO Esta é uma revisão sistemática baseada em estudos controlados e uma estrutura metodológica para analisar a eficácia do TF e do EE em pessoas com lesão medular, no qual mostrou que de uma extensa literatura, poucos estudos foram realizados, porque há um número limitado de ensaios clínicos randomizados, e os dados não relatados nas variáveis, dificultaram a interpretação dos resultados. De modo geral, os estudos com o objetivo de observar a relação e efeitos entre a prática de exercícios resistidos, para ganho de força com pessoas com lesão medular, indica a prática de atividade física como um influenciador no aumento da força e da medida de independência funcional, isso é especialmente significativo quando se considera que o envolvimento de pessoas com LM em programas de exercícios muitas vezes é restrito. Os principais efeitos do treinamento dos trabalhos revisados serão discutidos na perspectiva das diferenças na modalidade de treinamento, intensidade e qualidade metodológica. Nesse contexto, observou-se que houve ganho de força em todos os resultados dos cinco estudos analisados, com variabilidade de protocolo de intervenção de seis a doze semanas realizado em sessões três vezes na semana, com treinamento de resistência progressiva, treinamento de resistência em circuito e treinamento de resistência. Vale ressaltar que o aumento de força se dá também acompanhado de outras variáveis como a diminuição do percentual de gordura, aumento da massa muscular e funcionalidade. Nos cinco estudos, (Serra O. et al. 2012; Dosta Gulseren et al. 2014; Yildirim Adem et al. 2016; Bye EA et al. 2017; Elizabeth a. et al. 2019) o Dinamômetro isocinético foi o equipamento usado para mensurar a força dos membros inferiores e superiores, pois apesar das intervenções se assemelharem, os resultados teriam que mostrar uma análise fidedigna, no qual permite a avaliação objetiva e direta dos componentes de desempenho muscular. Nos estudos de Bye Ea et al. (2017) e Elizabeth et al. (2019) que analisaram músculos parcialmente paralisados, convergem para resultados parecidos, que o ganho de força era devido o aumento do impulso neural. Sendo que, a prática repetitiva com baixa resistência pode ser mais importante, pois o aumento da força pode ser amplamente secundário a adaptações neurais. Esses resultados corroboram ao estudo de Cabral et al. (2021) em que a “educação cruzada ou força cruzada corresponde a uma adaptação neural no qual ocorre melhoria de desempenho do membro não treinado, após um período de prática unilateral do membro contralateral”. A co-ativação da musculatura antagonista também corresponde a um fenômeno 18 neural que pode limitar a produção de força e estratégias de como a pré-ativação procuram melhorar o desempenho e a combinação de ambos pode resultar em aumento de desempenho no treinamento de força. De acordo com Toigo e Boutellier (2006) no treinamento de força a composição corporal sofre o aumento dos músculos e da massa pelo processo de hipertrofia com o aumento das fibras musculares e um maior acúmulo de proteínas contráteis . Aumento na síntese proteica, diminuição na taxa de degradação proteica ou uma combinação destes dois fatores é responsável pela hipertrofia muscular, além disso, uma contribuição ativa dos componentes contráteis, sendo na contração excêntrica a apresentar uma contribuição passiva dos elementos constituintes da estrutura muscular na geração de tensão (BARROSO et al. 2005). O aumento da massa e a redução do percentual de gordura em curto período de treinamento pode advir do tipo de contração usada como a excêntrica que trabalha com uma maior tensão nos músculos e ativação de um número menor de unidades motoras causando um estresse mecânico sobre as fibras musculares ativa. Franchi et al (2017), reforça que as ações excêntricas geram maior força que as contrações isométricas e concêntricas, quando usado sistematicamente (ou seja, durante treinamento de força). Além disso, os exercícios excêntricos promovem uma massa muscular mais rápida (SGRÒ et al. 2021). Tomando por base o resultado do estudo de Serra et al. (2012) no qual a diminuição do percentual de gordura é um fator extremamente relevante para essa população com a lesão medular, a incidência da inatividade física contribui com o sedentarismo e a comorbidade. Junior et al.(2014) reforça que a redução da massa muscular e a concentração do tecido adiposo corporal é resultande da falta de exercício físico, acarretando fatores de riscos para doenças crônicas e degenerativas, como a síndrome metabólica, doença cardiovascular, diabete. Assim a prática regular de exercício reduz o risco de adquirir essas patologias. Analisando os estudos de Serra O. et al. (2012), Dosta Gulseren et al. (2014) e Yildirim Adem et al. (2016), apontam aumento da força nos membros superiores trabalhados, sendo que Dosta Gulseren et al. (2014) aplicou o exercício de resistência progressiva e exercício de resistência, porém Serra O. et al. (2012) empregou o exercício de resistência com variação da força muscular isométrica e isocinética e Yildirim Adem et al. (2016) usou o TRC. Observa-se que o treinamento resistido é significativo para o aumento da força independente da variação do mesmo. Inúmera séries parecem gerar benefícios de treinamento superiores se comparados com séries únicas. (SUCHOMEL et al. 2018). 19 Ainda sobre os estudos de Serra O. et al. (2012), Dosta Gulseren et al. (2014) e Yildirim Adem et al. (2016) seus estudos avaliaram o ganho de força para membros superiores, e que está atrelada a variável independência funcional, e mensurada na escala da (MIF) medida de independência funcional, que atribui pontuação ou classificação as pessoas com incapacidades, de acordo com os cuidados exigidos e suas limitações identificando o nível de independencia funcional pois apresenta confiabilidade e validade para LM.(SILVA, 2012). Portanto, as consequências debilitantes da lesão medular acarretam frequentemente o comprometimento das habilidades básicas de realizar atividades diárias e limitam as funções de mobilidade, convivência social e qualidade de vida. A OMS (Organização Mundial de Saúde), reitera que qualidade de vida é a percepção do indivíduo em relação à sua posição na vida no contexto cultura e do sistema de valores nos quais vive em relação aos seus objetivos. Ressalta-se que este estudo acarretou algumas limitações, tais como: O pequeno número de participantes, além de idade e sexo não ter sido mencionados, entretanto, esse viés é inerente da natureza da maioria dos estudos de intervenção. Com tudo, permanece a importânciaem encorajar a prática de atividade física com foco no fortalecimento muscular para as pessoas com essa patologia. 5. CONCLUSÃO Dessa forma conclui-se que o exercício resistido contribui para o ganho de força e consequentemente na independência funcional colaborando para o nível de percepção da qualidade de vida. Esta revisão mostrou a escassez de literatura de treinamento resistidos para indivíduos com lesão medular, se faz necessário que existam mais estudos relacionados a área da Educação Física Adaptada que objetivem analisar protocolos de treinamentos, a fim de descobrir e identificar, qual (is) o(s) melhor(es) tipos de treinamento mais indicados para esse segmento populacional. 20 6. REFERÊNCIAS BARROSO R, TRICOLI V E UGRINOWITSCH C. 2005. Adaptações neurais e morfológicas ao treinamento de força com ações excêntricas. R BOTELHO RV, ALBUQUERQUE LDG, BASTIANELLO JUNIOR R, ARANTES JÚNIOR AA. Epidemiologia de lesões traumáticas da coluna vertebral no Brasil: revisão sistemática. Arq Bras Neurocir. 2014; 33 (2): 100-06. 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