Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS AULA 2 Profª Aline Andrade Barbosa da Silva CONVERSA INICIAL Olá, caros alunos e alunas! Esta aula objetiva apresentar a análise vertical e horizontal, assim como os índices de liquidez e de estrutura patrimonial (endividamento), detalhados em suas dinâmicas e metodologias. Esperamos que você possa adquirir as habilidades necessárias não somente da parte técnica (cálculos dos índices), mas também da interpretação do significado deles. A aula abordará os seguintes temas: Análise vertical; Análise horizontal; Índices de liquidez; Índices de estrutura patrimonial; e Geração de valor ao acionista. Um excelente aprendizado! CONTEXTUALIZANDO Conforme Silva (2019), durante a análise das demonstrações, o analista pode empregar várias dinâmicas: a) diferenças absolutas; b) análise horizontal; c) análise vertical; d) análise por índices e quocientes; e e) metodologias complementares. A análise por quocientes é o processo de análise mais adotado pelos analistas das demonstrações financeiras. Os quocientes são índices originados por meio da comparação entre contas ou grupos de contas (Moura, 2020, p. 43). Assim, quanto maior a demanda do usuário, maior a quantidade de índices para analisar. Geralmente, a análise por meio de índices ocorre com o emprego de quocientes de endividamento, liquidez e rentabilidade. Mas sempre que as análises de quocientes não forem conclusivas, um número mais amplo de quocientes pode ser retirado das demonstrações contábeis. Dessa forma, a interpretação pode ser isolada, conjunta ou por meio de comparação com quocientes-padrão. A análise por quocientes deve ser desenvolvida por meio da criação de série passada de índices, calculados mediante associação entre contas que pertencem a demonstrações contábeis. As diferenças absolutas são desenvolvidas por meio de planilhas e devem constituir-se na etapa inicial da análise. Esse método verifica as diferenças mais acentuadas, de modo a confrontar duas situações por vez, com cálculo das diferenças absolutas entre os valores em dinheiro de uma mesma conta ou grupos de contas de um período para outro. A análise horizontal, denominada por muitos autores como análise de tendências, é desenvolvida a partir da análise da sucessão gradual de uma conta ou grupo de contas no decorrer de diversos períodos. A finalidade dessa análise está nas consequências e não, necessariamente, nas causas das alterações nas contas. Finalmente, a análise vertical, chamada, igualmente, de análise de estrutura das demonstrações, é útil para descobrir certas causas, ainda que primárias, das variações nas contas. Face ao exposto, passamos a explicação metodológica da análise vertical, bem como de sua interpretação. TEMA 1 – ANÁLISE VERTICAL A análise vertical (AV) é um processo de análise que visa verificar a participação de cada conta ou grupos de contas em um mesmo período. Nessa análise, é constatada a variação de cada conta em relação a outra conta-base no mesmo ano. A comparação realizada pode ser entre contas da mesma empresa ou de diferentes segmentos. A AV objetiva verificar a expressão de cada componente dos relatórios contábeis, de maneira a confrontá-los como a respectiva base. Vejamos como isso funciona na prática. Figura 1 – Análise Vertical Fonte: Extraído de Martins, Diniz e Miranda, 2020. O Balanço Patrimonial apresenta três períodos. Conforme se observa, o valor-base para cada um dos períodos consiste no somatório do ativo, passivo e patrimônio líquido, que corresponde a 100. Para chegar ao número-índice, divide-se cada conta por essa base. Por exemplo, a análise vertical acima demonstra que o ativo circulante corresponde a 65,6% (3.396/5.174) do total-base no período 1. Nos períodos seguintes, assume o comportamento de alta, de modo a atingir os patamares de 67,9% (3.615/5.326) e 71,7% (4.341/6.057). Ademais, a conta caixa e equivalentes de caixa evoluiu ao longo dos períodos que significa que há uma alocação maior de recursos no ativo circulante em relação ao ativo total. Isso, sem dúvidas, é um fator positivo, mas notem também que pode estar havendo uma dificuldade da empresa em aplicar recursos ociosos. Figura 2 – Análise vertical Fonte: Extraído de Martins, Diniz e Miranda, 2020. Na análise vertical dos passivos, verificamos que o grupo de maior proporção é o do Patrimônio Líquido, com 54,1% (2.799/5.174) no período 1, 58,6% (3.121/5.326) no período 2 e 60,8% (3.682/6.057) no período 3. Em referência às contas, o capital social corresponde a 33,6% (1.740/5.174) do total-base no período 1, 35,4% (1.884/5.326) no período 2 e 32,1% (1.943/6.057) no período 3, que demonstra que ocorreu um aumento no investimento dos sócios ou acionistas na empresa e, em todos os casos, o comportamento da conta é o de maior representatividade, ou seja, mais de 30% do endividamento da empresa deriva do capital social, sendo o endividamento por capital próprio (patrimônio líquido) correspondente a 60,8% (3.682/6.057) do endividamento total. No período 2, a conta de menor significância é obrigações sociais e trabalhistas, com 3,7% (195/5.326). Diferentemente do período 3, cuja conta de menor expressão é contas a pagar. Além disso, observa-se uma tendência regressiva para o passivo não circulante, com quedas sucessivas ano a ano do endividamento com terceiros a longo prazo. Segundo Martins, Diniz e Miranda (2020), a análise vertical pode ser usada em todas as demonstrações, mas ganha mais importância na demonstração do resultado do exercício, visto que há vários itens que podem ser calculados em relação às vendas, por exemplo. Tal análise viabiliza uma demonstração célere da evolução das participações, sobretudo nas receitas auferidas. Passados esses apontamentos acerca da análise vertical, seguimos para uma visão geral de outra análise: a análise horizontal. TEMA 2 – ANÁLISE HORIZONTAL A análise horizontal (AH) é um processo que visa constatar a evolução das contas e, de igual forma, dos grupos de contas mediante a apuração de índices. Tal análise pode ser evolutiva (voltada para o futuro) ou retrospectiva (voltada para o passado) e é de suma importância para a construção de uma série temporal, com vistas a verificar tendências. Para o desenvolvimento da AH, em princípio, estabelecemos uma data-base, em geral, a demonstração mais distante, que será representada pelo valor 100. Para apurar os valores dos índices das demonstrações posteriores, faz-se apenas uma regra de três, de modo a ter como parâmetro a data-base. Vejamos um exemplo prático a seguir. Figura 3 – Cálculos da análise horizontal Fonte: Extraído de Martins, Diniz e Miranda, 2020. Como demonstra o balanço patrimonial apresentado, todos os valores do momento 1 equivalem a 100, período-base. Para calcular os números-índices, é necessário dividir o montante referente à conta ou grupo de contas pelo montante do ano-base e, posteriormente, multiplica-se por 100. Temos a análise horizontal de que a conta caixa e equivalentes de caixa corresponda a 106,4 (3.615/3.396), no período 2 e 127,8 (4.341/3.396) no período 3, em relação ao período 1. Já para calcular a variação, é necessário subtrair 1 e multiplicar o valor obtido por 100 do índice obtido. Nesse caso, podemos afirmar que a conta caixa e equivalentes de caixa, sofreu uma variação de 43,9% no período 2 ((436/303) – 1) x 100%) e 94,1% no período 3 ((588/303) – 1) x 100%) em relação ao período base. Podemos perceber que a conta de variação mais expressiva é a de despesas antecipadas no período 2, quando a variação foi de 133% ((7/3) – 1) x 100%). Por outro lado, a menor variação do ativo é verificada na conta de aplicações financeiras no período 2, com 0,3% ((765/763) – 1) x 100%). Já no passivo, a menor variação ocorre no segundo período com a conta de obrigações sociais e trabalhistas, que sofreu uma variação de 9,6% em relação ao período base ((195/178) – 1) x 100%). Figura4 – Análise horizontal – cálculo de números-índices Fonte: Extraído de Martins, Diniz e Miranda, 2020. Já no passivo, a conta de variação mais relevante é contas a pagar, com 77,3% ((227/128) – 1) x 100%). E, no patrimônio líquido, a reserva de lucros possui variação de 88,8% ((1.488/788) – 1) x 100) e a menor alteração ocorreu com as reservas de capital, com 7,7% ((250/271) - 1) x 100%) de variação. Notem que essa análise permite identificar duas coisas: os números-índices e a variação de cada conta. Mas não permite identificar, por exemplo, o porquê dessas variações. Essa limitação suscita o emprego de outras formas de análise, com fins de fornecer subsídios para uma análise dos demonstrativos mais completa. TEMA 3 – ÍNDICES DE LIQUIDEZ Os índices de liquidez são adotados para análise da capacidade de pagamento da empresa, ou seja, a capacidade de assumir compromissos futuros de curto, longo ou prazo imediato, com fundamento na solvência da organização. Para além da situação financeira da empresa, demonstra-se por meio desses índices a expectativa de continuidade dela. Silva (2017, p. 144) afirma que o analista deve avaliar, em conjunto com a liquidez, a qualidade e os graus de conversibilidade para moeda corrente dos direitos e das dívidas. Como vimos anteriormente, são quatro índices relacionados à análise de liquidez: a) liquidez corrente ou liquidez comum; b) liquidez imediata ou instantânea; c) liquidez geral ou total; e d) liquidez seca ou prova ácida. Vejamos a seguir as dinâmicas de interpretação desses índices. 3.1 LIQUIDEZ CORRENTE O índice de liquidez corrente demonstra a capacidade de pagamento da empresa no curto prazo. Em outras palavras, ele indica o quanto a empresa possui em dinheiro, bens e em direitos realizáveis no curto prazo, relacionando-os com as obrigações a serem sanadas no curto prazo. Esse é o índice mais empregado para calcular a “saúde” financeira da empresa. Sabemos que a liquidez corrente é calculada pela relação entre ativo circulante e passivo circulante. A interpretação desse índice é para cada real de dívida que a organização possui no curto prazo, há quantos reais de recebíveis realizáveis também no curto prazo, por isso, de forma geral, e analisando especificamente a capacidade de pagamento, quanto maior melhor. Dessa maneira, se o índice de liquidez for maior que 1, isso significa que o capital circulante líquido (ativo circulante – passivo circulante) será positivo, e assim a empresa estará apta a cobrir todos os seus pagamentos por meio dos seus recebimentos de curto prazo, como também terá o potencial de financiar suas demandas por capital de giro. Apesar da relevância do índice, há algumas limitações na liquidez corrente. Dentre elas podemos citar: i) não indica a qualidade dos itens do ativo circulante (como estoques superavaliados, obsoletos, considera a conta de clientes totalmente recebível ignorando eventual inadimplência; ii) não sinaliza se os recebimentos se realizarão dentro do prazo de pagamento da empresa; e iii) podem existir distorções provocadas pelos critérios de avaliação dos estoques. Assim, verifica-se uma precisão maior para o índice quando há um equilíbrio entre os índices prazo médio de rotação de estoques e prazo médio de recebimento das vendas. É importante ressaltar que a análise de liquidez também deve ser acompanhada da análise de tendências. Isso ocorre porque duas empresas podem apurar o mesmo índice, mas possuírem realidades complemente diferentes. Vejamos um exemplo de apuração desse indicador. Figura 5 – Balanço patrimonial BRF – 3º Trimestre 2021 ATIVO Controladora Consolidada CIRCULANTE NE 30.09.21 31.12.20 30.09.21 31.12.20 Caixa e equivalentes de caixa 4 4.231.435 3.876.139 ; 6.889.844 ; 7.576.625 Títulos e valores mobiliários 5 318.893 312.515 343.182 ;314.15 Contas a receber de clientes e outros recebíveis 6 8.781.558 5.254.064 3.586.751 4.136.421 Estoques 7 7.158.067 ; 5.161.261 9.258.921 6.802.759 Ativos biológicos 8 2.569.929 ; 2.044.288 ; 2.668.065 2.129.010 Tributos a recuperar 9 776.456 812.338 883.740 899.120 Tributos a recuperar sobre o lucro 9 46.383 28.888 94.936 43.840 Instrumentos financeiros derivativos 24 79.921 ; 361.315 83.144 377.756 Caixa restrito 24.529 1 24.529 1 Ativos mantidos para venda 5.000 15.637 21.773 186.025 Total do ativo circulante 24.295.491 18.215.168 . 24.242.226 22.911.984 Passivo Controladora Consolidada CIRCULANTE NE 30.09.21 31.12.20 30.09.21 31.12.20 Empréstimos e financiamentos 15 2.421.940 811.919 2.861.250 1.059.984 Fornecedores 16 9.922.746 8.156.231 11.077.197 ; 8.996.206 Fornecedores risco sacado 17 1.889.219 1.452.637 1.889.219 ; 1.452.637 Passivo de arrendamento 18 367.085 302.946 485.905 383.162 Salários, obrigações sociais e participações 949.188 860.836 1.003.089 940.816 Obrigações tributárias 213.438 268.347 372.343 395.630 Instrumentos financeiros derivativos 24 185.270 378.543 186.147 384.969 Provisão para riscos tributários, cíveis e trabalhistas 21 1.046.122 860.889 1.050.188 865.338 Benefícios a empregados 20 114.938 114.938 125.312 125.230 Adiantamentos de partes relacionadas 30 14.250.968 8.960.394 - - Passivos diretamente relacionados a ativos mantidos para venda - - - - 21.718 Outros passivos circulantes 247.447 335.137 1.183.243 814.638 Total do passivo circulante 31.608.361 22.502.817 20.233.893 15.440.328 Não circulante Realizável a longo prazo Títulos e valores mobiliários 5 14.966 15.044 375.906 344.577 Contas a receber de clientes e outros recebíveis 6 41.550 49.569 41.886 49.864 Tributos a recuperar 9 4.734.542 4.868.219 4.743.657 4.868.198 Tributos a recuperar sobre o lucro 9 54.327 54.123 59.864 54.859 Tributos diferidos sobre o lucro 10 2.454.669 2.068.769 2.505.005 2.109.064 Depósitos judiciais 11 539.770 553.276 543.106 553.341 Ativos biológicos 8 1.310.156 1.154.726 1.382.832 1.221.749 Créditos com partes relacionadas 30 340 315 - - Instrumentos financeiros derivativos 24 2.139 234 2.139 234 Caixa restrito 1 24.357 1 24.357 Outros ativos não circulantes 71.152 77.829 77.528 82.123 Total do ativo realizável a longo prazo 9.223.612 8.866.461 9.731.924 9.308.366 Investimentos 12 12.710.877 11.922.325 6.911 8.874 Imobilizado 13 11.482.643 11.168.558 12.822.742 12.215.580 Intangível 14 3.207.412 3.186.476 6.245.045 5.220.102 Total do ativo não circulante 36.624.544 35.143.820 28.806.622 26.752.922 Não circulante Empréstimos e financiamentos 15 18.335.459 18.498.335 21.317.352 21.344.442 Fornecedores 16 11.999 13.781 11.999 13.781 Passivo de arrendamento 18 1.843.364 1.965.748 2.069.305 2.153.519 Obrigações tributárias 132.815 141.252 133.560 141.252 Provisão para riscos tributários, cíveis e trabalhistas 21 499.421 837.106 508.353 837.382 Tributos diferidos sobre o lucro 10 - - 34.482 26.527 Passivos com partes relacionadas 30 45.001 41.892 - - Benefícios a empregados 20 551.809 521.855 696.862 651.325 Instrumentos financeiros derivativos 24 36.077 727 36.077 727 Outros passivos não circulantes 255.882 249.691 330.719 242.089 Total do passivo não circulante 21.711.827 22.270.387 25.138.709 25.411.044 Patrimônio líquido Capital social 12.460.471 12.460.471 12.460.471 12.460.471 Reservas de capital 141.834 141.834 141.834 141.834 Outras transações patrimoniais (80.313) 246 (80.313) 246 Prejuizos acumulados (3.062.798) (2.594.028) (3.062.798) (2.594.028) Ações em tesouraria (105.620) (123.938) (105.620) (123.938) Outros resultados abrangentes (1.753.727) (1.298.801) (1.753.727) (1.298.801) Atribuído aos acionistas controladores 7.599.847 8.585.784 7.599.847 8.585.784 Atribuído aos acionistas não controladores - - 76.399 227.750 Total do patrimônio líquido 7.599.847 8.585.784 7.676.246 8.813.534 TOTAL DO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 60.920.035 53.358.988 53.048.848 49.664.906 Fonte: BRF, 2021. Para o caso em questão, o índice de liquidez correntedo balanço consolidado é calculado assim: Isso significa que o índice de liquidez corrente indica que, em 2021, a empresa poderá dispor de 1,19 vezes e, em 2020, de 1,48 vezes em recursos de curto prazo para honrar suas dívidas a curto prazo como fornecedores, empréstimos e financiamentos de curto prazo, contas a pagar. 3.2 LIQUIDEZ SECA Supondo que uma organização paralisasse suas operações de vendas ou seu estoque se tornasse obsoleto, quais seriam as condições da empresa para quitar suas dívidas? Para responder a esse questionamento, foi criado o índice de liquidez seca. O índice, basicamente, exclui os estoques da relação entre ativo circulante e passivo circulante. Esse índice também é denominado por alguns autores de prova ácida. Existe uma associação forte entre a liquidez seca e a liquidez corrente. Esse indicador é muito pertinente à análise de capacidade de pagamento da entidade em casos em que o giro do estoque é muito baixo, de maneira a refletir uma gestão ruim sobre o montante de compras de material para revenda ou industrialização. Além disso, ele, assim como o indicador de liquidez corrente, deve ser empregado em conjunto com outros índices. Em bancos, a liquidez seca é muito adotada. Deve-se levar em consideração também que o estoque (item excluído para análise) pode tonar-se antiquado ou perecível. A interpretação desse índice é para cada real de dívida que a organização possui no curto prazo, há quantos reais de recebíveis realizáveis também no curto prazo sem considerar os estoques, ou seja, quanto maior esse indicador, maior a capacidade de honrar compromissos no curto prazo pela empresa. Quando esse índice for menor do que 1, significa que a companhia tem mais obrigações assumidas imediatas do que recursos disponíveis. Entretanto, nem sempre um índice menor que 1 implica dificuldades de liquidez. Pode acontecer de a empresa não possuir o desejo de exceder a liquidez acima do mínimo indispensável. Para o caso prático da Petrobras S.A fornecido anteriormente temos os seguintes índices apurados: O índice de liquidez seca aumentou de 2020 para 2021. Há três tipos de interpretações possíveis: a) liquidez seca maior do que 1, em que a empresa detém de capital disponível suficiente para cobrir suas dívidas de curto prazo; b) liquidez seca for igual a 1, em que o capital disponível e as obrigações são equivalentes; e c) liquidez seca menor do que 1, em que a companhia possui capital suficiente para honrar com todas as suas dívidas. 3.3 LIQUIDEZ IMEDIATA O índice de liquidez imediata apresenta a parcela das obrigações de curto prazo que poderiam ser sanadas por caixa e equivalentes de caixa (disponível). Em outros termos, expressa quanto a entidade possui de disponível para cada montante de obrigações vencíveis no curto prazo. A interpretação desse índice é sob o ponto de vista de endividamento, quanto maior, melhor será para a situação da empresa. Por outro lado, a manutenção de muitos recursos com liquidez imediata pode denotar uma postura muito conservadora pela gestão da empresa, uma vez que tais recursos poderiam ser reinvestidos com o intuito de gerar uma lucratividade maior para a organização. Para Marion (2019), a redução seguida nesse índice pode indicar uma política mais rígida de disponível, bem como uma redução no limite de segurança, isto é, uma diminuição constante na liquidez imediata pode indicar dificuldades financeiras da empresa. O índice de liquidez imediata é pouco adotado, pois significa muito pouco em termos de informações acerca da realidade da empresa. Por outro lado, ele é relevante para bancos comerciais, visto que a realidade de um disponível significativo é imprescindível para o caso de dias ou períodos, em que os depósitos sejam menores que os saques. Nesse caso, analisa-se como disponível somente os valores de curtíssimo prazo, na forma de depósitos. Para o caso prático da Petrobras S.A, temos os seguintes índices apurados: O índice de liquidez imediata diminuiu de 2020 para 2021. Esse indicador demonstra quanto do dinheiro disponível em caixa consegue arcar com as obrigações de curto prazo. Assim, a análise dos indicadores de liquidez imediata sinaliza uma diminuição da capacidade do caixa de pagar obrigações de curto prazo. 3.4 LIQUIDEZ GERAL O índice de liquidez geral demonstra a capacidade de pagamento da entidade de curto e de longo prazo, de modo a considerar para cálculo o curto e longo prazo. A interpretação é similar aos demais indicadores de liquidez, representando quantos reais realizáveis a empresa dispõe no curto e longo prazo para o pagamento de cada real de dívida, também de curto e longo prazos. Nesse sentido, quanto maior, melhor. Não se deve olvidar de que a possibilidade de divergência entre vencimentos de recebíveis e de exigíveis pode gerar distorções na análise. Assim, vale a regra de analisar cada índice em combinação com outros indicadores, que possam trazer uma visão global da organização. Para o caso prático da BRF, temos os seguintes índices apurados: O índice de liquidez geral diminuiu de 2020 para 2021. Há três interpretações possíveis: a) índice maior do que 1, em que a companhia está confortável com a capacidade de pagamento; b) índice igual a 1, em que a entidade possui disponível a mesma quantia que deve ser paga; e c) índice menor do que 1, em que o valor das obrigações é maior que sua capacidade de pagar a dívida. Retomando o exemplo, temos para os dois períodos uma diminuição da capacidade de cobertura de dívidas, com os índices calculados decrescendo ano a ano. TEMA 4 – ÍNDICES DE ESTRUTURA PATRIMONIAL Os índices da análise de estrutura patrimonial associam as origens de financiamento próprio (recursos investidos pelos sócios ou acionistas, ou seja, patrimônio líquido) e de terceiros (bancos, governo, fornecedores, colaboradores etc.). Estes buscam apresentar a inter-relação da empresa frente aos recursos de terceiros. Os indicadores desse tipo de análise são: endividamento, composição de endividamento, imobilização do patrimônio líquido; e imobilização dos recursos não correntes. Vejamos cada um deles em particular. 4.1 ENDIVIDAMENTO O endividamento demonstra a relação entre as obrigações com terceiros e os recursos próprios. A finalidade desse indicador é sinalizar o risco ao qual a entidade está sujeita, de modo a apontar sua subordinação ao capital de terceiros demonstrando, também, o estilo de gestão da empresa como mais conservadora (com utilização maior de cursos próprios) ou mais agressiva (com maior utilização de recursos de terceiros). O índice de endividamento é calculado por: A interpretação é tanto quanto subjetiva, pois não se pode qualificar o endividamento como bom ou ruim, uma vez que há uma relação muito grande com os custos de oportunidade. A análise de itens como prazo da exigibilidade da obrigação, taxa de juros, risco, haja vista a empresa ter a possibilidade de ter um comportamento de alta do endividamento a longo prazo e, simultaneamente, um baixo custo. Deve-se entender, do mesmo modo, que um endividamento alto no curto prazo pode conduzir a empresa à baixa rentabilidade. Para o caso prático da BRF, temos os seguintes índices apurados: O endividamento aumentou de 2020 para 2021, de maneira a indicar que grande parte dos recursos foi conseguida mediante dívidas, de forma que a entidade pode estar muito sujeita ao capital de terceiros. 4.2 COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO O índice de composição do endividamento expressa a relação da dívida total no curto prazo. Seu objetivo consiste em examinar os prazos de exigibilidade (vencimento) da obrigação. Martins, Miranda e Diniz (2020) declaram que é corriqueiro a empresa buscar recursos de longo prazo para cobertura do ativo circulante, como também recursos de curto prazo para financiamento do ativo circulante. A interpretação não possui uma regra, mas sabe-se que uma empresa que possui níveis de endividamentos mais elevados no longo prazo terá umafolga orçamentária que proporcione recursos para cobertura de dívidas em situações de crise. Já uma empresa endividada no curto prazo apresentará maiores barreiras para quitar suas obrigações no curto prazo. Em outras palavras, quanto menor o endividamento de curto prazo, maior o risco. Para o caso prático da BRF, temos os seguintes índices apurados: A composição de endividamento corresponde ao percentual em dívidas de curto prazo em comparação ao seu total. No exemplo em questão, as dívidas de curto prazo correspondem a 45% e 38%, para os anos de 2021 e 2020, respectivamente. 4.3 IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO O indicador de imobilização do patrimônio líquido, também denominado imobilização de capital próprio, representa a parte dos recursos próprios que está investida em ativos imobilizados, investimentos ou ativos intangíveis, isto é, ativo não circulante reduzidos do ativo realizável a longo prazo. A fórmula do índice é expressada assim: Esse índice é desenvolvido para avaliar empresas sob a visão fundamentalista. Sua interpretação é do tipo quanto menor, melhor, pois se a organização dispender mais de recursos fixos e que não possuem liquidez (imobilizado, investimentos e intangíveis), significa que ela provavelmente buscará recursos de terceiros, o capital de giro, para quitar suas dívidas. Por outro lado, o setor de serviços, como operadoras de planos de saúde, pode apresentar a imobilização do patrimônio líquido elevada. Tal situação pode indicar a construção de ambulatórios para atender pacientes, e não apenas a oferta básica de assistência à saúde. Partindo desse pressuposto, esse índice pode auxiliar na decisão de leasing (aluguel com expectativa de compra) ou aluguel comum de terceiros. Para o caso prático da BRF, temos os seguintes índices apurados: A imobilização de patrimônio líquido aumentou de 2020 para 2021. O índice representa o quanto a companhia aplicou no ativo permanente para cada R$ 100 de patrimônio líquido. Quanto menor esse índice, maior será a parcela para financiamento do ativo circulante, de maneira a reduzir a sua dependência de capital de terceiros. Assim, de modo geral, quanto menor esse indicador, melhor será para a organização empresarial. 4.4 IMOBILIZAÇÃO DE RECURSOS NÃO CORRENTES A imobilização de recursos não correntes, também denominada de imobilização de recursos não permanentes, calcula a porcentagem de recursos de longo prazo empregados nos ativos imobilizado, investimentos e intangível. Os ativos do imobilizado possuem, em média, vida útil de 2, 5 e 10 anos. Dessa maneira, é possível adotar recursos de longo prazo para financiamento do imobilizado, desde que o prazo seja compatível com a duração dele. De forma geral, a interpretação é quanto menor, melhor, tendo em vista que o índice de imobilização de recursos não correntes superiores a 1 delatam que a empresa é descompensada financeiramente, por imobilizar recursos de curto prazo. Após essa seção acerca dos índices de estrutura patrimonial, passamos para o estudo de um assunto muito relevante para a análise das demonstrações contábeis: geração de valor ao acionista. Para o caso prático da BRF, temos os seguintes índices apurados: Pelo exemplo analisado, verificamos que a imobilização de recursos não correntes aumentou de 2020 para 2021, fato que, em termos de interpretação, significa que o quanto de capital de terceiros está aplicado em ativos permanentes. TEMA 5 – GERAÇÃO DE VALOR AO ACIONISTA A riqueza de uma organização empresarial é expressada pela qualidade de suas decisões financeiras, de modo a equilibrar risco e retorno esperado. A Geração de Valor ao Acionista (GVA) ocorre quando o lucro é superior à remuneração das necessidades de curto e longo prazo. Para a GVA ter êxito, o gestor deve preocupar-se com a viabilidade do projeto de investimento; ofertar produtos com preços que o mercado está disposto a adquirir; não visar o lucro apenas para atendimento das próprias necessidades; e deve reduzir deficiências. Para fins contábeis, a GVA é um indicador que considera o aumento de valor da empresa, mais os dividendos distribuídos do período. Em outros termos, consiste no aumento de riqueza pelo aumento de valor da empresa mais o dividendo recebido (Martins; Miranda; Diniz, 2020). A fórmula para calcular o GVA é: Visto isso, iremos tratar agora dos aspectos vinculados à GVA, tais como gestão baseada em valor e mensuração do valor da empresa. 5.1 GESTÃO BASEADA EM VALOR A Gestão Baseada em Valor é um indicador que pressupõe informações completas e de longo prazo. Há dois elementos elencados na literatura para que uma organização possa voltar-se totalmente à criação de valor. O primeiro consiste no valor intrínseco da empresa e o segundo na implementação de prioridades para criação de seu valor. Assim, a criação de valor é a meta de longo prazo da entidade. O entendimento é de que a empresa aumenta outros valores ao tentarem o aumento do valor residual da empresa. Dessa maneira, o valor do acionista deve ser priorizado em detrimento do valor do cliente, porque se invertida essa prioridade, pode comprometer a continuidade da companhia. Por conta disso, a GBV constitui o privilégio máximo dos interesses dos acionistas, quando esse interesse conflitar com outros que envolvam outros agentes da empresa. Nesse cenário, entram os gestores internos (administradores) das entidades que adquirem uma nova atribuição, e suas atividades se dispõem ao atendimento dos desejos do acionista, isto é, a maximização do valor do negócio. Em vista disso, esses profissionais buscam o retorno em fluxo de caixa de longo de prazo e devem ser um agente que visualiza a organização como usuário externo. Assim, o administrador da organização deve atentar para companhia pela visão do acionista, e caso não seja possível, os recursos envolvidos devem ser restituídos para aplicação em melhores chances. Na GBV, há também a figura do value drivers, que são indicadores menores. Estes sinalizam as áreas-chave a serem desenvolvidas para maximização do valor da empresa. Segundo Coopeland, Koller e Murrin (2000), os value drivers são qualquer variável que influencia o valor da empresa e a responsabilidade pelo cumprimento de objetivos relacionados a estes deve ser competência dos agentes que os controlam. Dessa forma, os value drivers são direcionadores que devem ajustar as atividades de curto prazo com a meta financeira de longo prazo, com vistas ao aumento de valor da empresa. Os direcionadores podem ser categorizados em macro e microdirecionadores. Em referência ao valor da empresa, Rappaport (2001) afirma que há sete direcionadores financeiros: a) crescimento em vendas; b) margem de lucro operacional; c) investimento incremental em ativos fixos; d) investimento incremental em capital de giro; e) alíquota de imposto de renda base caixa; e f) custo de capital e duração do crescimento do valor. Além disso, há três níveis de classificação dos value drivers que consistem em: i) nível genérico (cálculo do retorno sobre capital investido); ii) nível de unidade de negócios (mix de clientes como elemento importante); e iii) níveis operacionais (associação dos value drivers às decisões gerenciais). 5.2 MENSURANDO O VALOR DA EMPRESA Segundo Martins, Miranda e Diniz (2020), o valor da empresa refere-se ao potencial de gerar riqueza para seus sócios. O valor da empresa depende dos benefícios líquidos esperados para o presente e futuro da organização. No primeiro caso, se não há expectativa de continuidade, entende- se que o valor da empresa é calculado pelo preço de venda dos ativos menos os gastos com vendas e passivos. Se há expectativa de futuro, o valor da empresa é calculado de acordo com benefícios futuros. Assim, quando o valor da empresa é menor do que o valor de liquidação dela, deve-se passar por liquidação. De acordo com Frezatti (1998), os métodos de mensuração do valor da empresa são: 1) fluxo de caixa descontado; 2) resultado econômicoresidual; e 3) múltiplos. O primeiro é calculado em função dos benefícios futuros menos o valor presente apurado pelo custo de oportunidade. O segundo é mensurado pelo resultado operacional, líquido do imposto de renda, sem afetação do custo de financiamento das operações. O último, por sua vez, é baseado no índice preço/lucro, com vistas a detectar pontos de entrada e saída do mercado. Há, de igual modo, modelos de avaliação que visam mensurar o valor da companhia mediante comparação com empresas de mesmo segmento de mercado, como nas técnicas de comparativas de mercado; técnicas baseadas em ativos e passivos contábeis ajustados, que buscam atingir o valor da empresa mediante conversão dos elementos divulgados nas demonstrações contábeis; técnicas baseadas no desconto de fluxos de caixa futuros, que se baseia na expectativa de geração de riqueza da organização. Ademais, existe a avaliação contábil, que consiste na apuração do patrimônio líquido pela diferença entre os ativos contábeis menos os passivos exigíveis. O modelo é simples, mas possui fraquezas, haja vista que esse método possuir inconsistências entre o valor apurado e o valor de mercado. TROCANDO IDEIAS Nesta aula, foi possível notar que a análise vertical horizontal são as principais análises que representam a realidade econômico-financeira das empresas. É possível perceber também que a análise de liquidez permite analisar a capacidade de pagamento das organizações. Em vista disso, apresente as diferenças entre análise vertical e análise horizontal. Em seguida, apresente as diferenças entre os tipos de liquidez (corrente, seca, imediata e geral) e como esses índices podem ser interpretados. Queremos sua contribuição no fórum. NA PRÁTICA Em Provas... Sem dúvida, o assunto mais cobrado, dentre os abordados por esta aula, em provas do Conselho Federal de Contabilidade, como também no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes é índice de liquidez, seguido de análise vertical e horizontal. Vamos aprender na prática como os índices de liquidez são cobrados no Exame de Suficiência? Vocês verão que a abordagem que fizemos do assunto nesta aula é mais do que suficiente para responder e acertar as questões da prova. (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – Ciências Contábeis/2018) Balanço Patrimonial da Cia. Alfa no exercício findo em 31/12/X9 em R$ ATIVO X8 X9 PASSIVO X8 X9 CIRCULANTE 8.000,00 6.500,00 CIRCULANTE 6.000,00 5.000,00 Caixa e Bancos conta corrente 1.000,00 1.200,00 Salários a Pagar 3.000,00 2.300,00 Contas a receber 2.000,00 1.300,00 Contas a Pagar 1.000,00 1.300,00 Estoques 5.000,00 4.000,00 Empréstimos 2.000,00 1.400,00 NÃO CIRCULANTE 72.000,00 83.500,00 Realizável a Longo Prazo 3.000,00 2.500,00 NÃO CIRCULANTE 14.000,00 15.000,00 Investimentos 6.000,00 8.000,00 Exigível a Longo Prazo 14.000,00 15.000,00 Imobilizado 40.000,00 46.000,00 Intangíveis 23.000,00 27.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 60.000,00 70.000,00 TOTAL 80.000,00 90.000,00 TOTAL 80.000,00 90.000,00 Com base na análise vertical e horizontal e na análise dos indicadores de liquidez do balanço patrimonial apresentado, avalie as afirmações a seguir acerca do que se verifica em X9. I. A conta de Empréstimos diminuiu 30%. II. O total das Origens de Recursos aumentou 16,67%. III. O CCL – Capital Circulante Líquido – é de R$1.500,00. IV. O ILS – Índice de Liquidez Seca – é de 0,50. V. O ILC – Índice de Liquidez Corrente – é de 1,23. VI. O ILG – Índice de Liquidez Geral – é de 0,55. É correto o que se afirma em: a. I, II e VI b. I, III e IV c. II, V e VI d. I, III, IV e V e. II, III, IV, V e VI Comentário: vamos analisar cada uma das alternativas. I. A conta de empréstimos diminuiu ((1.400/2.000) -1) x 100%) = 30%. Alternativa correta. II. O total das origens de recurso corresponde ao total do passivo que é composto por passivo circulante + passivo não circulante + patrimônio líquido. Em X8, o passivo foi de R$80.000,00, enquanto que em X9, o passivo foi de R$90.000,00. A variação é ((90.000/80.000) – 1) x 100% = 12,5%. Alternativa falsa. III. O capital circulante líquido é resultante da diferença entre AC – PC = 6.500 – 5.000 = 1.500. Alternativa correta. IV. O ILS = (AC – EST)/PC = (6.500 – 4.000)/5.000 = 0,5. Alternativa correta. V. O ILC = AC/PC = 6.500/5.000 = 1,30. Alternativa falsa. VI. O ILG = (AC+RLP)/(PC+PNC) = (6.500 + 2.500)/(5.000 + 15.000) = 9.000/20.000 = 0,45. Alternativa falsa. Gabarito: alternativas I, III e IV corretas. Assim, resposta correta LETRA B. (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – Ciências Contábeis/2015) O gráfico a seguir representa a situação de liquidez de determinada empresa de 2010 a 2014, com os valores dos indicadores de liquidez corrente e geral, para esse período. Com base no gráfico, avalie as afirmações a seguir. I. A empresa apresentou folga financeira de curto prazo de 2010 a 2014. II. Há tendência de melhora da liquidez corrente para 2015. III. Há indícios de que, em 2014, a empresa tenha trocado dívidas de longo prazo por dívidas de curto prazo passaram a ser recebíveis a longo prazo. É correto o que se afirma em: a. I, apenas. b. III, apenas. c. I e II, apenas. d. II e III, apenas. e. I, II e III. Comentário: novamente, vamos analisar cada uma das alternativas. I. Para saber se a empresa apresentou folga de curto prazo, devemos analisar a liquidez corrente. A liquidez corrente, de modo geral, apresentou comportamento crescente, o que significa que houve realmente uma folga financeira de curto prazo. Alternativa correta. II. O índice de liquidez corrente teve um comportamento de alta na maior parte dos anos seguintes a 2010. Logo, a tendência para 2015 é de melhora. Alternativa correta. III. A liquidez geral apresenta a capacidade de pagamento geral da entidade, no curto e longo prazo. Conforme podemos ver no gráfico, houve um aumento na liquidez corrente e a liquidez geral manteve-se constante em referência ao ano anterior, o que nos faz inferir que a companhia trocou dívidas de curto prazo por obrigações de longo prazo ou que houve recebimento de recursos de longo prazo. Alternativa falsa. (Exame de Suficiência 2016.2 – Bacharel em Ciências Contábeis) Uma Sociedade Empresária apresentou, em 30 de junho de 2016, os seguintes dados retirados do seu Balancete de Verificação e a fórmula de Liquidez Geral: Dados Valor Bancos Conta Movimento 192.000,00 Capital Subscrito 1.440.000,00 Duplicatas a Receber – Curto Prazo 144.000,00 Duplicatas a Receber – Longo Prazo 460.800,00 Duplicatas Descontadas – Curto Prazo 32.000,00 Empréstimos Concedidos – Longo Prazo 307.200,00 Empréstimos Obtidos – Curto Prazo 160.000,00 Estoques – Curto Prazo 576.000,00 Fornecedores – Curto Prazo 112.000,00 Terrenos de Uso 64.000,00 Considerando-se apenas os dados apresentados, é CORRETO afirmar que o Índice de Liquidez Geral é de, aproximadamente: a. 0,96. b. 2,25. c. 5,53. d. 6,29. Comentário: reparem que o examinador já deu a fórmula a ser aplicada. A questão aqui para ser resolvida depende muito mais de classificação de contas do que da análise de liquidez propriamente dita. Vamos classificar as contas então. Dados Valor Bancos Conta Movimento 192.000,00 ATIVO CIRCULANTE Capital Subscrito 1.440.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Duplicatas a Receber – Curto Prazo 144.000,00 ATIVO CIRCULANTE Duplicatas a Receber – Longo Prazo 460.800,00 ATIVO NÃO CIRCULANTE/RLP Duplicatas Descontadas – Curto Prazo 32.000,00 PASSIVO CIRCULANTE Empréstimos Concedidos – Longo Prazo 307.200,00 ATIVO NÃO CIRCULANTE/RLP Empréstimos Obtidos – Curto Prazo 160.000,00 PASSIVO CIRCULANTE Estoques – Curto Prazo 576.000,00 ATIVO CIRCULANTE Fornecedores – Curto Prazo 112.000,00 PASSIVO CIRCULANTE Terrenos de Uso 64.000,00 ATIVO NÃO CIRCULANTE/IMOBILIZADO Após a classificação, temos o seguinte: LG= (192.000+144.000+576.000+460.800+307.200)/(32.000+160.000+112.000) = 5,5263~=5,53. Gabarito Alternativa C. (Exame de Suficiência 2016.1 –Bacharel em Ciências Contábeis) Uma Sociedade Empresária apresentou, em 31 de dezembro de 2015, os seguintes dados do Balanço Patrimonial: Balanço Patrimonial em 31.12.2015 ATIVO PASSIVO Ativo Circulante R$65.000,00 Passivo Circulante R$33.000,00 Caixa R$9.000,00 Duplicatas a Pagar R$8.000,00 Bancos Conta Movimento R$15.000,00 Títulos a Pagar R$7.000,00 Duplicatas a Receber R$18.000,00 Financiamentos Bancários R$18.000,00 Mercadorias para Revenda R$23.000,00 Passivo não Circulante R$12.000,00 Ativo não Circulante R$30.000,00 Financiamentos Bancários R$12.000,00 Ativo Realizável a Longo Prazo R$10.000,00 Patrimônio Líquido R$50.000,00 Imobilizado R$20.000,00 Capital Subscrito R$40.000,00 Reserva Legal R$1.000,00 Reservas para Contingências R$9.000,00 TOTAL DO ATIVO R$95.000,00 TOTAL DO PASSIVO R$95.000,00 A partir desse Balanço Patrimonial, é CORRETO afirmar que: a. a Liquidez Corrente é, aproximadamente, de 1,67. b. a Liquidez Geral é, aproximadamente, de 0,73. c. a Liquidez Imediata é, aproximadamente, de 1,97. d. a Liquidez Seca é, aproximadamente, de 1,27. Comentário: vamos analisar as alternativas. A. LC=AC/PC=65.000/33.000=1,97 B. LG=(AC+ARL)/(PC+PNC)=(65.000+10.000)/(33.000+12.000)=1,67 C. LI=CAIXA E EQUIV./PC=(9.000+15.000)/33.000=0,73 D. LS=(AC-EST)/PC=(65.000-23.000)/33.000=1,27. Eis o gabarito, Alternativa D. Perceberam como é tranquila a cobrança desses assuntos para o Exame de Suficiência? Era exatamente isso que queríamos demonstrar. Com os conteúdos abordados, certamente, vocês acertarão todas as questões que tratarem de análise de liquidez, análise horizontal e análise vertical. FINALIZANDO Nesta aula, pontuamos as análises vertical e horizontal. Aprendemos também os tipos de índices de liquidez e de estrutura patrimonial, como também a geração de valor ao acionista. Percebemos que a apuração e a interpretação dos tipos de índices de liquidez e de estrutura patrimonial são importantes para analisar a capacidade de pagamento e a estrutura da dívida das empresas. Além disso, foi abordada a geração de valor ao acionista que configura o somatório do valor da empresa mais os dividendos distribuídos. Aula produtiva! Mas ainda continuaremos nossos estudos, com mais aspectos da análise das demonstrações contábeis. Futuramente, trataremos acerca da análise dos índices de atividade, avaliação de ciclos operacionais e de capital de giro. REFERÊNCIAS COOPELAND, T. E.; KOLLER, T.; MURRIN, J. Avaliação de empresas – valuation: calculando e gerenciando o valor das empresas. São Paulo: Makron Books, 2000. FREZATTI, F. Valor da empresa: avaliação de ativos pela abordagem do resultado econômico residual. Cadernos de Estudos FIPECAFI, n. 19, set./dez., p. 57-69, 1998. MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019. MARTINS, E.; DINIZ, J. A.; MIRANDA, G. J. Análise didática das demonstrações contábeis. 3. ed. São Paulo : Atlas, 2020. ______. Análise avançada das demonstrações contábeis: uma abordagem crítica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2020. RAPPAPORT, A. Gerando valor para o acionista: um guia para administradores e investidores. São Paulo: Atlas, 2001. SILVA, A. A. da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 5. ed. 2. Reimpr. São Paulo: Atlas, 2019.
Compartilhar