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PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO ADMINISTRATIVO

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Princípios constitucionais do Direito Administrativo
Em seu art. 37, a Constituição Federal determina que Administração Pública,
Direta e Indireta, será regida pelos princípios
da legalidade, impessoalidade, moralidade, impessoalidade e eficiência.
Estes são considerados os princípios explícitos do Direito Administrativo. Há,
também, todavia, uma série de princípios implícitos, que são deduzíveis a
partir da interpretação de todo o texto constitucional, tal qual o princípio
da motivação e o princípio da proporcionalidade e da razoabilidade.
a) legalidade: é o princípio específico do Estado de Direito. É justamente
aquilo que qualifica e identifica um Estado como sendo “de Direito”. Por tal
razão é um princípio basilar do regime jurídico-administrativo, já que o Direito
Administrativo nasce com o Estado de Direito. É o princípio da legalidade
configura a submissão do Estado – e, portanto, da Administração Pública – à
Lei. Em suma, é a consagração da ideia de que a Administração só pode ser
exercida na conformidade da Lei e que, por consequência, a atividade
administrativa é uma atividade sublegal, infralegal, consistente na expedição de
comandos complementares à Lei. Importantíssimo ressaltar que, atualmente, o
princípio da legalidade é entendido de um modo amplo. Sendo assim, considera-
se Lei não somente a lei formal, ordinária, produzida diariamente pelas câmaras
legislativas, mas também (e até principalmente) a Constituição Federal e os
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja signatário.
b) impessoalidade: traz a ideia de que a Administração tem que tratar a
todos os administrados sem discriminações, benéficas ou prejudiciais. Pelo
princípio da impessoalidade, nem favoritismo nem perseguições são toleráveis
em âmbito administrativo. Simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou
ideológicas não podem interferir na atuação administrativa e muito menos
interesses sectários, de facções ou grupos de qualquer espécie.
c) moralidade:segundo o princípio da moralidade, a Administração e seus
agentes têm o dever de atuar na conformidade com princípios éticos. Violá-los
significa violação ao próprio Direito, configurando ilicitude que assujeita a
conduta viciada a invalidação. Compreende-se em seu âmbito os chamados
princípios da lealdade de a boa-fé, segundo os quais a Administração há de
proceder com sinceridade e franqueza na relação com seus administrados,
sendo-lhe vedado qualquer comportamento astucioso ou malicioso, direcionado
a confundir, dificultar ou minimizar o exercício dos direitos por parte dos
cidadãos.
d) publicidade: consagra o dever administrativo de manter plena
transparência em seus comportamentos. Não pode se dizer em Estado
Democrático de Direito (no qual o poder emana do povo: art. 1º, pár. único da
CF), onde os assuntos de interesse geral são ocultados dos administrados, muito
menos quando dos sujeitos individualmente afetados pela medida em questão.
e) eficiência: o princípio da eficiência administrativa, inserido no caput do
art. 37 da CF com a Emenda Constitucional nº 19/98, determina que a
Administração Pública deve se preocupar com os resultados das suas ações. A
leitura é parecida daquela realizada por uma análise econômica do princípio da
eficiência, que impõem os melhores resultados, com os menores custos. Vale
lembrar, todavia, que no âmbito administrativo, a preocupação a que se refere o
princípio da eficiência não é relativa ao lucro (como no setor privado), mas a
satisfação dos interesses públicos.
f) motivação: implica o dever de a Administração justificar seu atos,
apontando-lhes os fundamentos de direito e de fato, assim como a relação lógica
entre os eventos e situações que deu por existentes e a providência tomada.
g) proporcionalidade: traz a ideia de que as competências administrativas
só podem ser validamente exercidas na extensão e intensidade correspondentes
ao que seja realmente demandado para cumprimento da finalidade de interesse
público a que estão atreladas. Os atos cujos conteúdos ultrapassarem o
necessário para alcançar o objetivo que justifica o uso da competência, portanto,
ficam maculados de legitimidade, uma vez que ultrapassam o âmbito da
competência; ou seja, superam os limites que naquele caso lhe corresponderiam.
É fundada, portanto, em três componentes: (i) necessidade: o ato não deve
ultrapassar os limites daquilo que é necessário; (ii) adequação lógica: a medida
adotada deve ser logicamente adequada para o atingimento do fim pretendido;
(iii) razoabilidade.
h) razoabilidade: a Administração terá de obedecer a critérios aceitáveis do
ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas
e respeitosa das finalidades que presidiram a outorga da competência exercida.
Sendo assim, não serão apenas inconvenientes, mas também ilegítimas – e,
portanto, juridicamente invalidáveis -, as condutas desarrazoadas, bizarras,
incoerentes ou praticadas com desconsideração às situações e circunstância que
seriam atendidas por quem tivesse atributos normais de prudência, sensatez e
disposição de acatamento às finalidades da lei. É entendido também como o
princípio da proporcionalidade em sentido estrito, uma vez que, basicamente,
exige o dever de proporção entre os meios utilizados e os fins desejados,
proibindo excessos e insuficiências.

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