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6ºAula O ato de ler Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • reconhecer a importância da leitura e do ato de ler, de compreender e de interpretar; • identificar os níveis de leitura em textos. Caro(a) aluno(a), Nesta aula, trataremos sobre um assunto interessante para a maioria das sociedades: a leitura e os níveis de leitura. Você já parou para pensar sobre as diversas formas de leitura que temos a oportunidade de realizar? E de como é importante sabermos ler verdadeiramente? Esses questionamentos serão apenas algumas das reflexões que faremos nesta aula. Lembre-se, você é o protagonista da sua aprendizagem, então, mãos à obra! Bons estudos! 50Tecnologia Educacional e Linguagem 1 - O ato de ler: o que ler? 2 - Níveis de leitura de um texto. 1 - O ato de ler: o que ler? A arte de ler O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria (Mário Quintana). Inspirados em Mario Quintana, iniciemos efetivamente nossa aula! Vamos em frente! Como primeiro passo para tratarmos sobre a leitura, vamos refletir sobre a imagem e a prática da leitura na sociedade atual: Embora estejamos no século da informação por meio da imagem (uma imagem vale mais que mil palavras), é inegável a importância e a necessidade da leitura, pois desempenha funções informativa e recreativa, ao transmitir a História e a Cultura da humanidade. A prática da leitura nos enreda desde o momento em que começamos a “entender” o mundo que nos envolve. Com a vontade de entender quem somos, buscamos na leitura (de textos escritos, orais e não-verbais) as respostas que almejamos, ou seja, a leitura nos abraça de forma a proporcionar um passeio pelo imaginário, pelo mundo mágico, pelas fantasias e pela realidade que nos cerca! A leitura crítica é aquela que permite ir além do “dito”, além do “exposto”; ler nas “entrelinhas” é uma forma de ler criticamente. Mas será que estamos preparados para fazer tal leitura (EDUCADORES DE SUCESSO, 2010). VOCÊ SABIA? “De maneira geral o leitor crítico irá conscientemente ou inconscientemente avaliar o original por diversos diferentes aspectos, como por exemplo: • Coesão ou Continuidade: [...] refere à integração entre frases, parágrafos, capítulos, e tramas do livro, indicando se o autor consegue manter uma narrativa onde os elementos estão sempre conectados. • Consistência: a consistência se refere à qualidade da obra de manter a mesma “voz” ou forma narrativa em sua totalidade, ou dentro de cada trama que eventualmente justifique “vozes” diferentes. • Coerência: a coerência se refere à capacidade do autor de criar uma realidade coerente para sua história, sem “surpresas” que pareçam não se encaixar na realidade apresentada. • Concisão: a concisão se refere à qualidade do texto de ser conciso, não apresentando “pontas soltas” ou divagações que não contribuem para a história como um todo. • Clareza: a clareza indica se o texto é ou não facilmente lido. • Cadência: a cadência, ou ritmo, do texto é resultante da velocidade de leitura sugerida pela fluidez e clareza do texto, e pela organização das tramas e capítulos” (UOL, 2014). Seções de estudo Nesse contexto, caro aluno, a leitura pode não ser encarada como simples decodificação de signos, ou seja, ela não é uma atividade mecânica que determina uma postura passiva diante do texto, mas pode e deve ir além. Para Paulo Freire (1985, p. 11-12): A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica na percepção das relações entre o texto e o contexto. De acordo com Gold (2010, p. 6), o texto escrito deve ser percebido e articulado como um instrumento relacionado à função de estratégia, tanto na área de linguagem em geral, como no meio específico, como o texto empresarial. Podendo intervir mediante três dimensões: cultural, aspecto motivacional e econômico, cada qual em seu meio de trabalho. E o que seria o contexto? Que tal pesquisar? O que você entendeu acerca da declaração que o educador Paulo Freire fez? Veja bem, se você ainda não entendeu o que leu, não siga em frente com sua leitura. Como sugestão, retorne à citação de Paulo Freire e tente entendê-la, só assim você estará exercitando a leitura responsável e crítica dentro do contexto em que estamos inseridos. Uma compreensão crítica do ato de ler, além de possibilitar a “tradução” dos significados das palavras, promove o desvendamento daquilo que está “por trás” delas. Assim, podemos observar que o vocabulário para a transmissão da mensagem faz com que todo esse contexto possa ser compreendido pelo interlocutor. Observe alguns exemplos abaixo: Exemplo 1: Figura 1 - Exemplo de compreensão crítica. Fonte: IPU – HISTÓRIAS E ATULIDADES. Charge seleção. Disponível em: http://ipu- historia-atualidades.blogspot.com/2010/08/charge-eleicao-2010.html. Acesso em: 12 set. 2010. 51 Perceba que, na imagem acima, há o contexto que determina a compreensão e a interpretação do texto. Dessa forma, o menino da imagem solicita ajuda da mãe em relação aquilo que ele está vendo/ouvindo na televisão, pois não condiz com o discurso proferido pela sua mãe sobre a mentira, gerando, assim, uma incoerência sobre a definição de mentira para a criança, a qual fica extremamente confusa. A maneira de se expressar pode ser articulada de forma mais simples, mas com uma complexidade em sua escrita. A linguagem se faz com um rebuscamento e leva ao leitor a compreensão, e assim, não deixa de ser apresentada a forma culta e coerente que deve ter um texto sobre essa criticidade que estamos relatando no decorrer de nossa aula. Por exemplo: A média de produção do último ano fiscal foi maior do que a do ano anterior. Foram instaladas novas máquinas hidráulicas para a estamparia, automáticas e de alta velocidade aumentando o número de peças, e foi introduzida nova metodologia, a fim de gerar economia com tempo e mão de obra (Gold, 2010, p.20). Percebe-se que a escrita viabiliza uma clareza nas informações, não deixando de apresentar um vocabulário mais elaborado na transmissão da mensagem. E com isso, a informação/ideia principal vai sobressair dentre as demais apresentadas para a articulação do comunicado aos seus interlocutores. Para melhor compreensão, vejamos como é organizada a letra da música “Admirável Gado Novo”, de Zé Ramalho: Vocês que fazem parte dessa massa que passa nos projetos do futuro é duro tanto ter que caminhar e dar muito mais que receber. E ter que demonstrar sua coragem à margem do que possa parecer e ver que toda essa engrenagem já sente a ferrugem te comer. Eh!... ô... ô... vida de gado Povo marcado eh!... povo feliz! Lá fora faz um tempo confortável a vigilância cuida do normal os automóveis ouvem a notícia os homens a publicam no jornal e correm através da madrugada a única velhice que chegou demoram-se na beira da estrada e passam a contar o que sobrou. O povo foge da ignorância apesar de viver tão perto dela e sonham com melhores tempos idos contemplam essa vida numa cela esperam nova possibilidade de verem esse mundo se acabar a Arca de Noé, o dirigível não voam nem se pode flutuar. Não voam nem se pode flutuar... Percebeu como essa letra nos conduz à reflexão? Notou como as palavras representam muito mais do que “parecem” representar? Observe as palavras que Zé Ramalho selecionou para compor a letra. Veja que as palavras não foram aleatoriamente dispostas; cada uma tem uma intenção, está no texto com finalidade determinada. Assim: A coerência diz respeito à conexão entre as ideias apresentadas no texto. Sem ela, as frases ficam perdidas e sem lógica. Evidentemente, esta característica não é apenas do texto moderno,mas de toda e qualquer comunicação escrita ao longo dos tempos. A língua escrita exige um rigor e uma disciplina de expressão muito maiores do que a língua falada, obrigando o emissor a expressar-se com harmonia tanto na relação de sentido entre as palavras quanto no encadeamento de ideias dentro do texto (Gold, 2010, p.10). A decodificação da palavra escrita é uma necessidade óbvia, porém constitui apenas a primeira etapa do processo da leitura criativa. A decodificação permite a intelecção, ou seja, a percepção do assunto, permite entender o significado do que foi lido. Assim, a linguagem escrita em detrimento ao ato de ler e compreender o enunciado, nos leva a uma reflexão e entendimento com significado, além de apresentar essa comunicação de várias maneiras, sendo uma escrita mais objetiva, simples, e levando em conta as normas gramaticais. É importante que amplie continuamente seus conhecimentos. Para tanto, sugerimos a leitura do seguinte artigo: CAMPOS, G. P. C. O processo de leitura: da decodificação à interação. Disponível em: http://www. faculdadeobjetivo.com.br/arquivos/OProcessoDeLeitura.pdf. Acesso em: 3 maio 2014. Em seguida faz-se a interpretação, que é a continuidade da leitura do mundo, realizada pelo leitor. A interpretação, muitas vezes, extrapola a letra do texto, pois se baseia nas relações entre texto e contexto. Na letra da música que acabou de ler, viu que a sua interpretação foi além da letra do texto, não é mesmo? Sendo assim, interpretar é um ato que requer dedicação e seriedade por parte do leitor. Cumprida as etapas anteriores, está o leitor apto para empreender a aplicação do conteúdo da leitura, de acordo com o objetivo a que se propôs. É muito interessante determinarmos objetivos quando vamos processar nossas leituras, como por exemplo: vamos ler para quê? E com que finalidade? Que tal, agora, aprendermos como fazer uma leitura mais elaborada? A técnica de sublinhar, conforme muitos autores destacam, é de grande utilidade para a intelecção e interpretação do texto, facilitando o trabalho de resumir, esquematizar ou fichar. Pode-se até afirmar que sem compreensão e interpretação do texto, torna-se impossível empregar com eficiência as técnicas de resumo, esquema e fichamento. A leitura é uma atividade necessária no mundo de hoje e não deve restringir-se às finalidades de estudo. É preciso ler para se informar, para participar, para ampliar conhecimentos e alcançar uma compreensão melhor da realidade atual. Na opinião de Ezequiel T. Silva (1983, p. 46): Optar pela leitura é, então, sair da rotina, é querer participar do mundo criado pela imaginação de determinado escritor. Ler é 52Tecnologia Educacional e Linguagem basicamente, abrir-se para novos horizontes, é ter possibilidade de experenciar outras alternativas de existência, é concretizar um projeto consciente, fundamentando na vontade individual. Segundo a mesma vertente de pensamento exposta por Silva (1983), a linguista Sgarbi (2009) nos lembra que: Lemos, não só a linguagem verbal (fala e escrita), como, também a linguagem não verbal. Quando olhamos para uma pintura, uma escultura ou quando observamos as reações do nosso corpo ou, ainda, quando assistimos a um filme, também, estamos fazendo leituras. E então, pronto para exercitar nossa Língua Portuguesa por meio da leitura? Espero que sim! Então, vamos em frente, pois temos mais uma seção nesta aula, a qual trata sobre as distintas formas em que um texto pode ser lido. 2 - Níveis de leitura de um texto Para iniciar, reiteramos a relevância de reforçar a ideia da importância do ato de ler e entender quais conhecimentos e objetivos devemos deter para nos tornarmos bons leitores. Vamos começar? Começamos, então, a perceber que um dos grandes desafios a ser enfrentado pela escola e pela sociedade é o de fazer com que os alunos aprendam a ler e a ler reflexivamente. Segundo Geraldi (2006), a leitura é um processo de interlocução entre leitor/autor mediado pelo texto, nisso vemos a importância do contato do aluno com o texto e obras literárias, para que ele possa atribuir significado ao texto, e a partir disso conseguir relacioná-lo a outros textos, ou a realidade ou pensamento. Assim, a leitura passa a ser fundamental para o domínio das múltiplas estruturas contidas nos textos, as quais são responsáveis pelo sentido. Nesse contexto, o pouco hábito da leitura reflete-se na escrita e, consequentemente, na fala, restringindo ao vocabulário. Dessa forma, o conhecimento prévio necessário à compreensão do texto também fica restrito, pois, segundo Ângela Kleiman (1995, p.13): O leitor utiliza na leitura o conhecimento que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento como o conhecimento linguístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto. É importante fazer uma distinção entre ler e aprender a ler. Ler é estabelecer uma comunicação com textos verbais ou não verbais, por meio da busca da compreensão, enquanto a aprendizagem da leitura constitui uma tarefa permanente, que se enriquece com novas habilidades, na medida em que se manejam adequadamente textos cada vez mais complexos. Por isso, a aprendizagem da leitura não se restringe ao primeiro ano da vida escolar. Essa leitura, na verdade, seriam os métodos referentes à determinada área a que se observa. O profissional (mediador) vai ter a responsabilidade de mediar e extrair de uma determinada leitura sua finalidade, contendo nesse processo objetivos claros e definidos. SABER MAIS “À leitura como processo, sempre caberá estudo e aprofundamento, pois envolve leitor e texto e a interação entre esses dois. A investigação dos fatores que contribuem para a compreensão textual requer especial atenção, uma vez que interfere em todas as áreas do conhecimento, sendo objeto de estudo interdisciplinar” (LER E COMPREENDER TEXTOS, 2014). Sgarbi (2009, p.89) afirma que “para capacitar os alunos [...] para o encontro com o texto; constatando-o, cotejando-o e transformando-o, há que se criar condições concretas para que esses alunos leiam de maneira significativa”. Kleiman (1999, p. 16) exemplifica: [...] Os professores que lembramos e admiramos e que tiveram alguma influência nas nossas vidas são aqueles que demonstraram gostar de suas matérias e conseguiram transmitir esse entusiasmo pelo saber. Outro autor ratifica este pensamento ao mencionar que: Em outras palavras, o professor é aquele que precisa ser leitor e que apresenta as diferentes possibilidades de leitura: livros, poemas, notícias, receitas, paisagens, imagens, partituras, sons, gestos, corpos em movimento, mapas, gráficos, símbolos, o mundo enfim: “(...) Ou o texto dá um sentido ao mundo, ou ele não tem sentido nenhum” (LAJOLO, 1994, p. 14). Contudo, é importante ficar atento para o fato de que o aluno também precisa fazer a sua parte! Esse profissional deve estar próximo ao aluno no processo de aprendizagem, sanando dúvidas, fazendo observações e análises, mostrando o caminho a ser seguido, mas permitindo que o aluno caminhe sozinho na busca por novos horizontes que somente a leitura pessoal pode revelar. Diante da palavra e do contato com os textos que os alunos podem compreender a funcionalidade das palavras e o uso da gramática, por isso é tão importante que o aluno descubra o mundo da leitura. O orientador deve ser aquele que mostra o caminho a ser seguido, ele fornece as ferramentas para que o leitor desvende o texto e extraia dele o máximo possível. Precisa demonstrar ao aluno segurança, estímulo e um caminho longo a ser seguido, porém prazeroso e com uma ótima recompensa. Assim, a leitura importa quando o leitor transforma a linguagem escrita em linguagem oral e quando o leitor consegue captar e dar sentido ao conteúdo da mensagem, analisando o valor dessa no contexto social. Porisso, a importância da leitura reside, principalmente, no ato de ensinar a ler. Para Reina e Durigan (2003, p. 21), 53 [...] ensinar leitura não é responsabilidade exclusiva do professor de língua, mas sim de todos aqueles que usam esse código, seja para a interação, para a transmissão de conhecimentos, para a atuação sobre o outro, seja para o relacionamento com o mundo sensível. Outro aspecto importante no trabalho com a leitura é a interdisciplinaridade vinculada à intertextualidade, pois todas as disciplinas, sejam das áreas das ciências exatas, agrárias, humanas ou qualquer outra são discursivas, requerem desempenho de linguagem, e a leitura e a escrita são o fim e o meio de todo trabalho escolar. A interdisciplinaridade deve ir além da mera justaposição de disciplinas e, ao mesmo tempo, levar o aluno a pensar, a ser um aluno crítico, a buscar em vários meios o que possa ajudá-lo a compreender melhor seu universo de leitura e de vida. A leitura é compreensão, produção e interação com o meio. O aluno deve ser ativo na sociedade, capaz de expressar pensamentos e incorporar significações no processo social em que vive. Se um “texto remete a outros textos e estes apontam para outros no futuro” (KLEIMAN, 1999, p. 62), a interdisciplinaridade permite que os contextos dos programas de diversas disciplinas sejam introduzidos em decorrência da leitura de um texto lido em sala de aula. Entendeu o que é interdisciplinaridade e intertextualidade? Se tem dúvidas, leia o parágrafo anterior novamente. Entretanto, a questão do ensino da leitura é ampla e pode situar-se na própria conceituação do que é leitura, na forma como é avaliada pelos professores, no papel que ocupa na sociedade, nos meios que são oferecidos para que ela ocorra, na metodologia que o professor adota para ensiná-la e na maneira como o aluno a compreende e valoriza. Cansados? Acredito que vocês ainda têm energia para aprender muito mais! A partir de agora, estudaremos o ato da leitura (conhecimentos prévios, objetivos e hipóteses), vejamos: Mas, de que precisamos para realizar uma boa leitura? O ato de ler aciona uma série de ações no pensamento do leitor, por meio das quais ele pode extrair novas informações ou remetê-las às informações anteriores. Na interação com essas informações, aqui denominadas de conhecimento prévio, o leitor pode mantê-las, modificá- las ou desenvolvê-las durante a assimilação do conteúdo, pois “[...] quando um leitor é incapaz de chagar à compreensão através de um nível de informação, ele ativa outros tipos de conhecimentos para compensar as falhas momentâneas” (KLEIMAN, 1999, p. 17). Assim, ao ler um texto qualquer, o leitor escolhe aspectos relevantes, ignora outros irrelevantes ou desinteressantes, dando atenção aos aspectos que interessam, ou seja, àqueles sem os quais seria impossível compreender o texto. Por isso, [...] a ativação do conhecimento prévio é essencial à compreensão, pois é o conhecimento que o leitor tem sobre o assunto que lhe permite fazer as inferências necessárias para relacionar diferentes partes discretas do texto num todo coerente (KLEIMAN, 1999, p. 25). Essas inferências são hipóteses que o leitor levanta, antecipando informações com base nas pistas que vai percebendo durante a leitura. Portanto, quando chega à escola, o aluno já é um leitor do mundo, pois desde muito novo começa a observar, antecipar, interpretar e interagir, dando significado a seres, objetos e situações que o rodeiam: O conhecimento linguístico, o conhecimento textual, o conhecimento do mundo devem ser ativados durante a leitura para poder chegar ao momento da compreensão, momento este que passa desapercebido, em que as partes discretas se juntam para fazer um significado (KLEIMAN, 1999, p. 26). Você e eu fazemos a leitura de tudo que nos cerca! Essa aprendizagem natural da leitura deve ser considerada pelo professor e incorporada às suas estratégias de ensino, com o fim de melhorar a qualidade desse processo contínuo, iniciado no momento em que o aluno é capaz de captar e atribuir significado às coisas do mundo. Assim, a ação de ler o mundo é enriquecida na medida em que o educando enfrenta progressivamente numerosos e variados textos, pois: A forma do texto determina, até certo ponto, os objetivos de leitura: há um grande número de textos, como romances, contos, fábulas (...) notícias de jornal, artigos científicos (...): parece claro que o objetivo geral ao ler o jornal é diferente daquele quando lemos um artigo científico (KLEIMAN, 1999, p. 33). Note que o trabalho de leitura na escola tem por objetivos levar o leitor à analise e à compreensão das ideias dos autores e a buscar no texto os elementos básicos e os efeitos de sentido. E é isto que esperamos que faça, a partir deste momento que está aprendendo mais sobre a maravilhosa habilidade da leitura. Para saborear um pouco este mundo da leitura, eis que cito um trecho de um texto/poema de Martha Medeiros, em que a autora expõe seu imenso prazer em ler: Eu, por exemplo, gosto do cheiro dos livros. Gosto de interromper a leitura num trecho especialmente bonito e encostá-lo contra o peito, fechado, enquanto penso no que foi lido. Depois reabro e continuo a viagem. […] Gosto do barulho das paginas sendo folheadas. Gosto das marcas de velhice que o livro vai ganhando: […] a lombada descascando, o volume ficando meio ondulado com o manuseio. Tem gente que diz que uma casa sem cortinas é uma casa nua. Eu penso o mesmo de uma casa sem livros (Martha Medeiros). 54Tecnologia Educacional e Linguagem Dessa forma, cremos que a caminhada para o aprendizado da leitura acontece lendo e, da mesma forma, aprendemos a escrever escrevendo; vendo outras pessoas lerem e escreverem, tentando e errando, sempre nos guiando pela busca do significado mediante hipóteses ou pela necessidade de produzir algo que tenha sentido. Fique antenado! Na internet você pode encontrar inúmeros sites sobre o tema em estudo. Sugiro que realize buscas utilizando termos com palavras-chave e procure ler alguns artigos em relação ao conteúdo e procure fazer uma análise crítica das informações encontradas no site! Nesse contexto e de acordo com Kleiman (1999, p. 36), “vários autores consideram que a leitura é, em grande medida, um jogo de adivinhação, pois o leitor ativo, realmente engajado no processo, elabora hipóteses e as testa, à medida que vai lendo”. Assim, para elaborar hipóteses, o leitor precisa ter acesso ao texto cuja leitura foi transformada em objetivo, ou seja, ele deve prever o tema do texto com base nas pistas dadas; então, para ter acesso ao texto, é preciso ter acesso ao seu código e à mensagem escrita. Enfim, é preciso que professor e alunos entendam que ler não é um ato mecânico de decodificação: é o estabelecimento de relações dentro de contextos, de vivências de mundo; não são frases ou palavras soltas que levam o leitor a entender que isso seja o ato de ler. Vale salientar que, para que esse quadro mude, é preciso que professor e aluno estejam verdadeiramente envolvidos. Nesse sentido, pensamos que o processo de ensino- aprendizagem da leitura na sala de aula situa-se dentro de dois objetivos fundamentais: serve como meio eficaz para aprofundamento dos estudos e aquisição de cultura geral. E, então, está percebendo como a leitura é interessante, importante e indispensável em nossas vidas? Retomando a aula E então? Entendeu bem as questões iniciais relacionadas a leitura e sua importância? Em caso de resposta afirmativa: Parabéns! Mas, há muitos outros conhecimentos a serem agregados sobre o tema. Para tanto, sugerimos que consulte as obras, periódicos e sites indicados ao final desta aula. 1 - O ato de ler: o que ler? Na primeira seção, vimos que, para que possamos efetuar uma leitura significativa, faz-se necessário construir sentido através dos conhecimentos prévios que você possui sobre o assunto e a interaçãocom o suporte de leitura. Assim, para de fato obter informações corretas sobre o texto lido e consequentemente construir um suporte de sentido para a compreensão e a interpretação deste texto, é preciso, ainda, lançar mão dos conhecimentos culturais adquiridos ao longo da vida, tais como as crenças, as opiniões ou atitudes. A motivação ou objetivos diferentes atuarão na construção da representação sobre o evento ou o enunciado presente no texto, o que faz com que, ao ler um mesmo texto, diferentes leitores construam significados diferenciados, produzindo diferentes tipos de inferências. Finalmente, na seção inicial, tivemos a oportunidade de começar a perceber como a leitura é importante em nossas vidas, além de reconhecer que é interessante sabermos “ler” as diversas situações às quais somos expostos e o quanto é importante, também, sabermos interpretar devidamente os diferentes textos. 2 - Níveis de leitura de um texto. Na seção 2, estudamos os níveis de leitura de um texto, os quais trazem a seguinte questão à tona: fazer uma leitura e aprender a fazer uma leitura. Tais ações são distintas, pois no ato de ler, estabelece-se uma comunicação com textos verbais e não verbais via compreensão holística. No entanto, a aprendizagem da leitura compõe uma ação permanente, que se enriquece com novas habilidades, na medida em que se manejam adequadamente textos cada vez mais complexos. Por isso, a aprendizagem da leitura não se restringe ao primeiro ano da vida escolar, mas, sobretudo, a caminhada do leitor. Somos nós que estabelecemos o nível de leitura que iremos ter, uma vez que a dedicação deve ser séria e permanente no processo de compreensão e interpretação textual. Nas palavras de Paulo Freire: “A leitura de mundo precede a leitura da palavra”. Existem inúmeros cursos sobre os conteúdos tratados nas Seções desta aula, inclusive gratuitos, que podem ser encontrados e realizados pela internet. Assim, é importante que realize pesquisas em sites de busca, utilizando o termo curso junto à palavra que representa a conceituação do termo estudado, como por exemplo: “curso leitura”. Aproveite a oportunidade para aprofundar e/ou ampliar ainda mais seus conhecimentos! Vale a pena FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados, 1989. GERALDI, João Wanderley (Org.) O texto na sala de aula. 3. ed. São Paulo: Ática, 2001. KATO, Mary. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística. São Paulo: Ática, 1986. (Série Fundamentos) ZILBERMAN, Regina; SILVA, Ezequiel Theodoro da. (Orgs.) Leitura: perspectivas interdisciplinares. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1991. Vale a pena ler 55 CAMPOS, G. P. C. O processo de leitura: da decodificação à interação. Disponível em: http://www.faculdadeobjetivo. com.br/arquivos/OProcessoDeLeitura.pdf. Acesso em: 3 maio 2014. EDUCADORES DE SUCESSO. Homepage. Disponível em: http://educadoresdesucesso.blogspot. com/. Acesso em: 14 set. 2010. IPU – HISTÓRIAS E ATULIDADES. Charge seleção. Disponível em: http://ipu-historia-atualidades.blogspot. com/2010/08/charge-eleicao-2010.html. Acesso em: 12 set. 2010. LER E COMPREENDER TEXTOS. A leitura e os diferentes níveis de interpretação. Disponível em: http://www. lerecompreendertextos.com.br/2012/09/a-leitura-e-os- diferentes-niveis-de.html. Acesso em: 3 maio 2014. UOL. O que é leitura crítica? Disponível em: http:// linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/gramatica- ortografia/37/artigo265053-1.asp. Acesso em: 3 maio 2014. Vale a pena acessar O Clube de Leitura de Jane Austen Vale a pena assistir Minhas anotações
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