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11/09/2011 1 Evolução Estocasticidade (Acaso) e Determinismo (Seleção natural) Os fatores evolutivos e a dinâmica populacional A genética de populações é o estudo quantitativo da distribuição dos alelos nas pops. e dos fatores que alteram suas frequências Estuda a composição genética e o padrão de variação herdado das pops., e sua mudança no tempo e espaço A alteração das freqüências está relacionada com aspectos: Genéticos Mutações gênicas Recombinação gênica Sociais Acasalamentos preferenciais Ambientais Seleção Gargalos populacionais Históricos Migrações Eventos fundadores Equilíbrio de Hardy-Weinberg (EHW) Populações evoluem (saem do EHW) quando algum fator evolutivo está presente: seleção natural, deriva, mutação, fluxo gênico, endogamia, etc. • Mutação – mecanismo aleatório através do qual novos alelos surgem na população. • Deriva Genética – leva à perda ao acaso da diversidade intrapopulacional em populações limitadas e/ou aumento da divergência entre populações. • Depende do tamanho populacional • Seleção Natural – há uma diferença adaptativa entre fenótipos em determinado ambiente, o que leva a uma alteração determinística na frequência destes ao longo das gerações. • Endogamia – acasalamento entre parentes que leva ao aumento da homozigose (e diminuição da heterozigose). • Fluxo Gênico – troca de alelos entre populações que geralmente aumenta a diversidade intrapopulacional e sempre diminui a divergência genética entre as populações que trocam migrantes. A dinâmica populacional da diversidade genética é afetada pelos processos evolutivos: Importância do tamanho populacional para a Evolução Biológica Tamanho populacional (N) é o parâmetro mais importante quando se estima a viabilidade de populações na natureza. As populações pequenas tendem a se extinguir mais rapidamente por eventos ao acaso (flutuações demográficas etc) e têm baixo potencial adaptativo devido à variabilidade genética reduzida. Ovis canadensis Tamanho populacional Relação entre o Censo (N) e Tamanho efetivo (Ne) • N : tamanho populacional real (censo) • Ne : tamanho populacional efetivo – é geralmente menor que o censo (N) – é o mais importante parâmetro relacionado à continuidade evolutiva de uma população – é o tamanho equivalente àquele de uma população idealizada (como numa equação de HW), com determinada capacidade de manutenção da diversidade genética. 11/09/2011 2 Tamanho populacional efetivo (Ne) O tamanho efetivo de uma população real é medido com relação à sua constituição genética (diversidade) quando comparada à de uma população idealizada. Exemplo: Se uma população real perde diversidade genética com mesma taxa de uma população idealizada de 100 indivíduos, o Ne da população real é igual a 100, mesmo se ela tiver um censo de 1000 ou 10.000 indivíduos. Calculando o Ne de uma população idealizada: Características: - Não há sobreposição de gerações; - O número de indivíduos intercruzantes é o mesmo em todas as gerações; - Todos os indivíduos são potencialmente intercruzantes (hermafroditas); - A união dos gametas é aleatória; - Não há seleção, mutação ou migração; - A média de filhotes por cada adulto é 1. O tamanho efetivo da população é, normalmente, menor do que o número de indivíduos adultos (geralmente Ne ~ N/10). As diferenças entre o N e o Ne dependem de peculiaridades reprodutivas de cada espécie: - Espécies com razão sexual desigual (formação de haréns etc); - Com alta variação no tamanho de famílias (número de prole); - Com número variável de indivíduos entre diferentes gerações (demografia oscilante). - etc Tamanho populacional efetivo (Ne) • Uma variedade de equações foram formuladas para estimativas de Ne. • Uma destas leva em consideração a razão sexual entre adultos (maduros sexualmente): Ne = 4(NM x NF) NM + NF em que NM = número de machos NF = número de fêmeas Outras fórmulas podem ser calculadas com outros parâmetros e a partir da estimativa da diversidade genética populacional (heterozigosidades, theta q etc) Tamanho populacional efetivo (Ne) • Qual é o Ne de uma população com 100 fêmeas e 10 machos? • Equação: Ne = 4(NM * NF) NM + NF Ne = 4(100 * 10) = 4000 = 36 100 + 10 110 Tamanho populacional efetivo (Ne) Deriva Genética • As freqüências gênicas podem, ao acaso, mudar um pouco daquelas da geração anterior. • A formação dos indivíduos da próxima geração não são fruto de todos os gametas produzidos na geração anterior • Isso pode acontecer porque os genes que formam uma nova geração são amostras aleatórias da geração parental. – Ocorreu uma amostragem dos gametas 11/09/2011 3 • O alelo A tem, ao acaso, a mesma probabilidade de diminuir como aumentar em freqüência • A taxa de mudança da freqüência gênica por deriva genética depende do tamanho da população. – Efeitos de amostragem aleatória são mais importantes em populações pequenas • é mais provável que uma amostra tenda a ser desviada da média por uma certa porcentagem • Como uma geração é sempre uma amostra da geração anterior, a variância é igual a pq/2Ne • Ou seja, quanto menor a população, maior é a variância das frequências alélicas entre gerações, Amostragem Aleatória em Genética • arremessando-se 1 conjunto de 20 ou 4 mil moedas. • Em média, haveria 50% de coroas em ambos os casos, • Desvio de 60% - 40% – a chance de se arremessar 12 caras e oito coroas na população pequena é maior do que a chance de se arremessar 2.400 caras e 1.600 coroas na grande. •populações da mosca-das-frutas Drosophila pseudoobscura •Dez grandes (4 mil fundadores) •Dez pequenas (20 fundadores) •foram criadas em junho de 1 955 com as mesmas freqüências (50% de cada) Deriva Genética: 6 populações com loci bialélicos, N = 8 Deriva Genética: 6 populações com loci bialélicos, N = 100 Deriva Genética • Um variante alélico raro (ex: recém-gerado por mutação) pode desaparecer pelo simples acaso • Ex. população de 5000 indivíduos e o alelo está com a menor frequência possível: – q=0,0001 (ou seja, apenas um heterozigoto) – Se esse heterozigoto não deixar descendentes, este alelo desaparecerá. 11/09/2011 4 A1A2 A1A3 A1A3 A1A2 A1A2 A1A1 A probabilidade de fixação de um alelo por deriva é igual à sua frequência inicial. Portanto, a maior parte dos alelos originados de novo por mutação, são eliminados por deriva, e uma pequena proporção pode chegar à sua fixação. Deriva Genética • A perda de diversidade a cada geração por deriva é dependente do tamanho efetivo populacional (Ne), que é influenciado por diferentes aspectos demográficos e históricos. • Uma população pode ser pequena: – Em seu início – efeito fundador – Em um (ou mais que um) momento de sua história – gargalos de garrafa (bottleneck) – Em intervalos regulares – flutuação demográfica – Constantemente (ex: Cavia intermedia, uma espécie de preá da ilha Moleques do Sul em Santa Catarina com estimativa de Ne= 40- 100 indivíduos durante os últimos 10 mil anos) Uma população fundadora pequena pode ter uma amostra não representativa dos genes da população ancestral • Efeito Fundador (Mayr -1963) como: • o estabelecimento de uma nova população por uns poucos fundadores originais que contém somente uma pequena fração da variação genética total da população parental. – em um caso extremo, por apenas uma única fêmea fertilizada, Um pequeno nº de indivíduos pode colonizar um local previamente desabitado pela sua espécie • Populações isoladas costumam possuir freqüências excepcionalmente elevadas de alelos raros diferentes, e a explicação mais provável é a de que a população fundadora possuía um número desproporcional daqueles alelos raros Várias Populações Humanas possuem alelos raros diferentes em freqüências elevadas Doença de Huntington, (doença autossômica dominante) • na população de Africânder na África do Sul – Um navio de 1652 que chegou lá comum homem holandês, portador de um alelo para a doença – A maioria dos casos da doença na população africânder atual pode ser rastreada de volta aquele indivíduo. • Na Ilha Mauritius na Austrália – 432 portadores são descendentes da Sra. Cundick, que partiu da Inglaterra com seus 13 filhos; e um neto de um nobre francês, Pierre Dagnet d’Assigne di Bourbon, transmitiu todos os casos conhecidos da doença nessa ilha Porfíria Variada (herança autossômica dominante) – reação a barbitúricos anestésicos – o alelo não era desvantajoso antes da medicina moderna. – A população africânder moderna contém cerca de 30 mil portadores do gene, uma freqüência bem mais elevada do que na Holanda. – Todos os portadores são descendentes de um casal, Gerrit Jansz e Ariaantje Jacobs, que emigraram da Holanda em 1685 e em 1688 Várias Populações Humanas possuem alelos raros diferentes em freqüências elevadas 11/09/2011 5 população original Gargalo de garrafa população sobrevivente Uma população que esta estabelecida em uma área pode variar em tamanho passando por um “gargalo de garrafa” Efeito gargalo de garrafa – apenas uns poucos indivíduos sobrevivem, e, mais tarde ela se expande novamente quando o período favorável retorna. Efeito gargalo de garrafa Gargalo de garrafa e efeito fundador no Elefante marinho do Norte 1890: 20-30 sobreviventes após o gargalo de garrafa devido a caça intensa. Nos anos 1990, a diversidade genética foi estimada ser igual a zero para 20 loci de alozimas. Calcula-se que existam atualmente mais de 100.000 indivíduos descendentes destes ~30 sobreviventes, um efeito fundador. Conclusões sobre deriva genética 1. As freqüências alélicas flutuam aleatoriamente e eventualmente um alelo torna-se fixado; 2. As populações perdem variação genética; 3. Populações divergem em freqüências alélicas e podem tornar-se fixadas para diferentes alelos; 4. A probabilidade de um alelo na geração t tornar-se fixado é igual a freqüência desse alelo na geração t; 5. A taxa que esses eventos ocorrem é maior quanto menor o tamanho da população. Endogamia Cruzamento entre parentes, endocruzamento, consanguinidade. Extremo => Auto-fecundação (em várias espécies de plantas) Número de heterozigotos diminui e de homozigotos aumenta. Isto é observado por uma homozigose maior do que esperada de acordo com a EHW. De grande importância para a evolução das populações, pois pode levar: • à redução no sucesso reprodutivo e/ou sobrevivência da prole (Depressão endogâmica). A depressão endogâmica se dá pela expressão de alelos deletérios recessivos cujos fenótipos aparecem com a homozigose. Conseqüências da endogamia: Depressão endogâmica Aumenta a homozigose e a exposição de alelos deletérios raros População endogâmica AaBbCc AaBbCc aabbcc Mesmos loci com alelos deletérios População não endogâmica AABBCc AaBBCC Loci diferentes com alelos deletérios AaBBCc 11/09/2011 6 A população do cavalo selvagem da Mongólia (Equus przewalski) foi reconstituída a partir de 13 indivíduos de cativeiro, e apresentavam alto nível de endogamia (F). A endogamia é inevitável em pequenas populações porque todos os indivíduos se tornam aparentados com o passar do tempo. Estrutura populacional: distribuição espacial não totalmente casual de alelos e genótipos Normalmente, as populações possuem um distribuição desigual e mal definida (acima), mas diferentes padrões são observados em cada espécie. Populações discretas Populações mal definidas Populações ~ uniformes Migração e fluxo gênico • O fluxo gênico envolve a incorporação gradual de alelos (oriundos de outra população) ao pool gênico da população População A População B A migração atua para unificar as freqüências gênicas entre as populações • Quando um indivíduo migra de uma população para outra, ele carrega alelos que são representativos de sua população ancestral para a população recipiente • A transferência de alelos é chamada de fluxo gênico • o fluxo gênico causa uma rápida convergência das freqüências gênicas nas populações que estão trocando migrantes • Uma população original com freqüência gênica qm = 0,4, fornece migrantes para duas subpopuIações, com freqüências de 0,9 e 0,1. • Elas convergem, com m = 0,1 • se retirarmos qualquer alelo na população 1 geração (t + 1), ele poderá ser descendente tanto de um alelo nativo da população ou de alelo imigrante. • Define-se m como a chance de que um alelo seja um alelo imigrante. • Se o alelo não for um imigrante (chance de [1 -m]), ele irá ser um gene a com chance q), ao passo que, se ele for um imigrante (chance m), ele será um gene a com chance qm. • A freqüência total de a na população 1 na geração (t + 1) será: • q1(t +1) = (1 -m)q1(t) + mqm 11/09/2011 7 • Isso pode ser reorganizado para mostrar o efeito de t gerações de migrações sobre a freqüência gênica na população 1. • Se q1(0) é a freqüência na geração inicial, a freqüência na geração t será: q1(t) = qm + (q1(0) - qm ) (1 -m) t • A migração geralmente unificará as freqüências gênicas entre populações, de uma forma rápida, em termos evolutivos. • Mesmo que apenas um migrante bem-sucedido se mova para uma população por geração, o fluxo gênico inevitavelmente direciona a freqüência gênica da população para a média da espécie. • O fluxo gênico atua, de certo modo, para manter as espécies unidas. Resumindo Fatores que alteram as frequências gênicas Casamentos não aleatórios (+ seleção) Deriva genética Seleção Mutações Fluxo Gênico V a ri a b il id a d e g e n é ti c a Diferenciação de populações tempo Mutação A mutação, apesar de ser baixa por cada posição nucleotídica por geração (~10-8), pode levar à diferenciação interpopulacional em médio e longo prazos. Através de outros fatores como deriva genética e seleção, estes novos alelos podem alterar suas frequências nestas populações. Deriva genética A deriva genética na ausência de migrações tende a aumentar as diferenças entre as populações separadas (principalmente pequenas), diferenças que também aumentam pelo acúmulo de mutações (e seleção) acelerando o processo de diferenciação interpopulacional e especiação (Ex: especiação em ilhas). Apesar de aumentar a diferença entre as populações, a diversidade dentro de cada população é diminuída pelo efeito da deriva genética (a perda de diversidade por deriva é inevitável). 11/09/2011 8 Fluxo gênico (migrações) O fluxo gênico tende a homogeneizar populações separadas que compartilharão mais variantes entre si, retardando o processo de diferenciação populacional e possível especiação. Seleção Natural A Seleção Natural na ausência de migrações tende a aumentar as diferenças entre as populações separadas que estejam em ambientes diferentes (adaptação local). Caso haja a mesma pressão seletiva devido a ambientes iguais em que estejam estas populações, a seleção não deve afetar a diferenciação interpopulacional, que poderá se diferenciar somente devido ao acaso (mutações, deriva etc).
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