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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA DEPARTAMENTO DE ARQUEOLOGIA - DARQ CURSO DE ARQUEOLOGIA NO RASTRO DA COBRA: REGISTROS RUPESTRES DO SÍTIO ILHA DAS COBRAS, ALTO RIO MADEIRA, RO. Trabalho de Conclusão de Curso: Monografia SIMONE CÂNDIDO TENÓRIO Porto Velho 2019 NO RASTRO DA COBRA: REGISTROS RUPESTRES DO SÍTIO ILHA DAS COBRAS, ALTO RIO MADEIRA, RO SIMONE CÂNDIDO TENÓRIO Trabalho de Conclusão do Curso de Bacharelado em Arqueologia Orientadora: Profa. Dra. Juliana Rossato Santi Porto Velho 2019 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Fundação Universidade Federal de Rondônia Gerada automaticamente mediante informações fornecidas pelo(a) autor(a) Tenório, Simone Cândido. No rastro da cobra: registros rupestres do sítio ilha das cobras, Alto Rio Madeira, RO / Simone Cândido Tenório. -- Porto Velho, RO, 2019. 71 f. : il. 1.Registros rupestres. 2.Sítio Ilha das Cobras. 3.Alto Madeira. I. Santi, Juliana Rossato. II. Título. Orientador(a): null Juliana Rossato Santi Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Arqueologia) - Fundação Universidade Federal de Rondônia T312r CDU 902.03 _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ Coorientador(a): null. CRB 947/11Bibliotecário(a) Edoneia Sampaio S. Miranda 5 Dedico este trabalho a vocês que sempre me fizeram acreditar na realização dos meus sonhos e trabalharam muito para que eu pudesse realizá-los, meus pais, mãe Maria de Lourdes Rodrigues Tenório, quem tenho uma admiração eterna, e pai José Cândido Tenório. A você Isaías, companheiro no amor, na vida e nos sonhos, que sempre me apoiou nas horas difíceis e compartilhou comigo as alegrias. Dedico também às pessoas que trilharam junto comigo neste sonho, meus amigos de turma que estarão sempre em minha memória e em minha vida, amizades que ficaram marcadas e outras que de passagem me ensinaram algo. Dedico principalmente a mim mesma, pois só eu sei a dificuldade e a alegria de cada palavra, espaço e pontos que constroem esse trabalho. 6 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida, da saúde, do amor e da sabedoria. A querida orientadora e amiga Juliana, por sua amizade, paciência, compreensão e imprescindível orientação acadêmica. A professora e co-orientadora Elisângela, por sua gentileza e sábias palavras. A todos os professores do Curso de Arqueologia que sempre lutaram e lutam até hoje para uma formação qualificada para seus alunos, mesmo dentre tantas dificuldades travadas ao longo da consolidação do Departamento de Arqueologia, e todo seu espaço conquistado por meio de muita luta. In memoriam agradeço o professor André, que foi uma figura importante na construção do início do curso de Arqueologia da Universidade, assim como, Valéria, Carlos, Mara, Silvana, Eduardo, Gustavo e Marcelle, meus sinceros agradecimentos. A todas as pessoas e amigos de turmas que passaram por essa jornada, e que de alguma maneira, contribuíram para essa construção e para minha formação enquanto acadêmica, foram tantas pessoas e tantas histórias. Meu agradecimento em especial ao meu companheiro e amigo que sempre me incentivou e esteve do meu lado, Isaías, pessoa especial que nunca me deixou desistir, gratidão enorme. Agradeço também ao meu pai e minha mãe, que tanto me ensinaram quanto pessoa e de quem tenho orgulho de ser filha nordestina. 7 Todas as artes contribuem para a maior de todas as artes, a arte de viver (Bertold Brecht) 8 RESUMO O presente trabalho teve por objetivo identificar padrões nos registros rupestres dos diversos setores, do sítio Ilha das Cobras, uma ilha no meio do Rio Madeira, na região do alto Madeira RO. Foi identificada relações entre os diversos setores do sítio, porém, analisando somente três painéis a partir do registro fotográfico disponibilizado. Estes padrões nos registros rupestres servirão, no entanto, para o embasamento de pesquisas futuras nesta área. Esta monografia foi desenvolvida a partir de um levantamento feito pela Scientia Consultoria Científica no projeto de arqueologia Preventiva da UHE Santo Antônio. Palavras-chave: Registros rupestres; Sítio Ilha das Cobras; alto Madeira. 9 ABSTRACT The present work aimed to identify patterns in the rupestrian records of the various sectors of the Ilha das Cobras site, an island in the middle of the Madeira River, in the upper Madeira RO region. Relations were identified between the various sectors of the site, however, analyzing only three panels from the photographic record available. These patterns in the rock records will, however, serve as a basis for future research in this area. This monograph was developed from a survey made by Scientia Scientific Consulting in the Preventive Archeology project of the Santo Antônio UHE. Keywords: Rock records; Ilha das Cobras site; high Madeira. 10 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Mapa demonstrativo das áreas arqueológicas do Estado de Rondônia. Fonte: Atlas Geoambiental de Rondônia – Arqueologia, p. 134. .............................. 17 Figura 2 - Sítio Arqueológico Ilha das Cobras, rio Madeira. Fonte: Scientia (2010). ............................................................................................................................................. 25 Figura 3 - Sedimento de forma ordenada para verificação de material de nível por nível – furo teste 20L 376482/9006361 (positiva). Fonte: Scientia (2010). ............. 26 Figura 4 – Procedimentos de abertura de for-teste, no sítio Ilha das Cobras ........ 27 Figura 5 – Visualização da Ilha das Cobras a partir da margem direita do Rio Madeira. Fonte: Scientia (2010). .................................................................................... 28 Figura 6 - Sítio Arqueológico Ilha das Cobras. Fonte Google Earth. ....................... 28 Figura 7- Delimitação do Sítio Arqueológico Ilha das Cobras. Os círculos amarelos identificam os furos-testes positivos, e os pretos identificam os furos-testes negativos. Fonte: Scientia (2011) e Google Earth....................................................... 29 Figura 8 - Petroglifos detectado nos blocos de Granito. Coordenada: 20L 375983/9006197. Fonte: Scientia (2011)...................................................................... 29 Figura 9 - Petroglifos detectados no sítio Ilha das Cobras. Coordenadas 20L 376302/9006078. Fonte: Scientia (2011)...................................................................... 30 Figura 10 – Vistorias nas proximidades da Ilha das Cobras com intuito de se detectar calibradores, afiadores e petroglifos. Fonte: Scientia (2011)..................... 30 Figura 11 – Localização das unidades a serem abertas na etapa de resgate. Fonte: Scientia (2011) e Google Earth. ......................................................................... 31 Figura 12 – Perfil (Norte) com a identificação das camadas. Fonte: Scientia (2011).................................................................................................................................. 32 Figuras 13 e 14 - Fragmentos cerâmicos – bordas (nível 40-50 cm). Fonte: Scientia (2011). .................................................................................................................32 Figuras 15 - Perfil NORTE e identificação local da tradagem no centro da unidade e identificação sedimento no perfil OESTE. Fonte: Scientia (2011). ....................... 32 Figura 16 – Perfil (Norte) com a identificação das camadas. Fonte: Scientia (2011).................................................................................................................................. 33 Figuras 17 e 18 - Fragmento cerâmico – borda (nível 50-60 cm). Fonte: Scientia (2011).................................................................................................................................. 33 Figura 19 – Perfil NORTE e identificação da tradagem no centro na unidade. Fonte: Scientia (2011). ..................................................................................................... 34 Figura 20 - Camadas naturais de Perfil Norte de Unidade. Fonte: Scientia (2011). ............................................................................................................................................. 34 Figura 21 - Camadas naturais e lentes em Perfil Sul de Unidade. Fonte: Scientia (2011).................................................................................................................................. 35 Figuras 22e 23 - Fragmento cerâmico correspondente a camada arqueológica - Detalhe fragmentos em perfil Sul. Fonte: Scientia (2011). ........................................ 35 Figura 24 - Camadas naturais de Perfil Norte de Unidade. Fonte: Scientia (2011). ............................................................................................................................................. 36 Figura 25 e 26 – Perfil. Fonte: Scientia (2011). ........................................................... 37 Figura 27 – Camadas de sedimentação descritas, Perfil Norte. Fonte: Scientia (2011).................................................................................................................................. 37 Figura 28 - Croqui de localização dos 3 Setores nos pedrais localizados entre as cachoeiras de Teotonio e Morrinhos. Fonte Scientia (2009). .................................... 38 11 Figura 29 - Embasamento rochoso na Ilha das cobras. Fonte Scientia (2010). .... 39 Figuras 30 e 31 - Limpeza dos pedrais. Decalque do painel. Fonte Scientia (2010). ............................................................................................................................................. 40 Figuras 32 e 33 - Decalque das gravuras com lápis grafite. Decalque das gravuras com pó de grafite. Fonte Scientia (2010). ..................................................................... 41 Figuras 34 e 35 - Tecido morin e grafite e tecido morin e papel carbono como técnica de decalque. Fonte: Scientia (2010). ............................................................... 41 Figura 36 - Painel ICf (ilha das Cobras) fotografado (A), com decalque emoldurado em tecido morim (B), croqui (C) e digitalização final (D). Foto: Scientia Consultoria Científica. Fonte: Kipnis et al., 2013......................................................... 41 Figura 37 - Localização dos três Setores nos pedrais localizados entre as cachoeiras de Teotônio e Morrinhos, na figura é identificado como referência a Ilha e a margem direita do rio Madeira. Visão de norte a sul. ................................... 42 Figura 38 - Sítio Ilha das Cobras em 2004 (abril, cheia do rio Madeira). Fonte: Google Earth...................................................................................................................... 43 Figura 39 - Sítio Ilha das Cobras em 2013 (agosto, seca do Rio Madeira imagem mais recente). Fonte: Google Earth. .............................................................................. 44 Figura 40 – Painel 1 Sítio Ilha das Cobras. Fonte: Scientia (2010 e 2011). ........... 58 Figura 41 - Painel 1 Sítio Ilha das Cobras. Fonte: Scientia (2010 e 2011). ............ 58 Figura 42- Painel 1 Sítio Ilha das Cobras. Fonte: Scientia (2010 e 2011). ............. 59 Figura 43 - Painel 2 Sítio Ilha das Cobras. Fonte: Scientia (2010 e 2011). ............ 60 Figura 44 - Painel 2 Sítio Ilha das Cobras. Fonte: Scientia (2010 e 2011). ............ 60 Figura 45 - Painel 3 Sítio Ilha das Cobras. Fonte: Scientia (2010 e 2011). ............ 61 Figura 46 - Painel 3 Sítio Ilha das Cobras. ................................................................... 62 Figura 47 - Painel 3 Sítio Ilha das Cobras. ................................................................... 63 Figura 48 - Painel 3 Sítio Ilha das Cobras. Fonte: Scientia (2010 e 2011). ............ 63 Figura 49 - Painel 3 Sítio Ilha das Cobras. Fonte: Scientia (2010 e 2011). ............ 64 Figura 50 - Painel 3 Sítio Ilha das Cobras. Fonte: Scientia (2010 e 2011). ............ 65 12 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Gravuras identificadas no Setor I Sítio Ilha das Cobras......................... 45 Tabela 2 - Gravuras identificadas no Setor II Sítio Ilha das Cobras. ....................... 53 13 SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... 6 RESUMO................................................................................................................................. 8 ABSTRACT ............................................................................................................................. 9 LISTA DE FIGURAS ...............................................................................................................10 LISTA DE TABELAS...............................................................................................................12 SUMÁRIO...............................................................................................................................13 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................................................14 CAPÍTULO 1...........................................................................................................................15 REGISTROS RUPESTRES EM RONDÔNIA ............................................................................15 1.1 REGISTRO RUPESTRE E AS PESQUISAS EM RONDÔNIA............................................................15 1.2 OS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS COM REGISTRO RUPESTRE NA BACIA DO MADEIRA ..........................16 1.2.1 A arte rupestre em Presidente Médici – RO ..............................................................17 1.2.2 A arte rupestre em Ji – Paraná - RO.........................................................................18 1.3 REGISTROS RUPESTRES DESCRITOS PELO PROJETO DA UHE SANTO ANTÔNIO (SCIENTIA) ..........20 CAPÍTULO 2...........................................................................................................................24 O SÍTIO ILHA DAS COBRAS ..................................................................................................24 2.1 O SÍTIO ARQUEOLÓGICO ILHA DAS COBRAS ..........................................................................24 2.1.1 Prospecção no Sítio Arqueológico Ilha das Cobras....................................................25 2.1.2 Delimitação do Sítio Arqueológico Ilha das Cobras ....................................................27 2.1.3 Resgate: Unidades de escavação ............................................................................31 2.1.3.1 Unidade de escavação coordenada 20L 0376480/9006340.........................................................31 2.1.3.2 Unidade de escavação coordenada 20L 376545/9006480...........................................................32 2.1.3.3 Unidade de escavação coordenada 20L 0376530/9006380. .......................................................332.1.3.4 Unidade de escavação coordenada 20L 376520/9006400...........................................................34 2.1.3.5 Unidade de escavação coordenada 20L 376500/9006380...........................................................35 2.1.3.6 Unidade de escavação coordenada 20L 376460/9006400...........................................................36 2.1.3.7 Unidade de escavação coordenada 20L 0376480 / 9006360 ......................................................36 2.1.3.8 Unidade de escavação coordenada 20L 0376500 / 9006340. .....................................................37 2.1.3.9 Unidade de escavação coordenada 20L 0376700 / 9006600 ......................................................37 2.1.4 Feições de Polimento e Gravuras rupestres ..............................................................38 CAPÍTULO 3...........................................................................................................................39 AS REPRESENTAÇÕES RUPESTRES DO SÍTIO ILHA DAS COBRAS ....................................39 3.1 DESCRIÇÃO METODOLÓGICA PARA AS ANÁLISES DOS REGISTROS RUPESTRES (GRAVURAS) NA ILHA DAS COBRAS ........................................................................................................................39 3.2 TIPOLOGIAS DOS REGISTROS IDENTIFICADOS NO SÍTIO............................................................42 3.2.1 Setor I ....................................................................................................................44 3.2.2 Setor II ...................................................................................................................53 3.2.3 Setor I análise do Painel 1 .......................................................................................58 3.2.4 Setor I análise do Painel 2 .......................................................................................60 3.2.5 Setor I análise do Painel 3 .......................................................................................61 CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................................67 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................................69 14 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Na literatura, ao depararmos com pesquisas arqueológicas relacionadas à Amazônia, é comum encontrarmos inúmeros trabalhos publicados, por conta da magnitude da região, que abriga a maior floresta tropical do planeta. A arqueologia vem sendo estudada nos mais diversos níveis do conhecimento entre elas estão paleoambiente, botânica, linguística, antropologia, arqueologia entre outros e dentro da arqueologia um dos objetos importantes para pesquisas são os registros rupestres, tendo em vista o entendimento de questões como: as ligações entre os povos etnográficos, etno-históricos e arqueológicos trazendo à tona questões como guerras, migrações, ocupações de ambientes diversos, distância temporal e suas consequências, os modelos de reconstrução de formas de vida, de dieta, baseado nas fontes históricas locais e regionais (PEREIRA, 2003). Conforme Garcia e Garcia (2012) Rondônia possui denso patrimônio arqueológico, afirmando que as pesquisas arqueológicas na região se iniciaram a partir da década de 1980, pelo arqueólogo Eurico Miller. O centro-leste rondoniense apresenta características especiais dentro deste contexto por apresentar também grande densidade de sítios com arte rupestre. Porém, em toda a região, já foram localizados e catalogados quase uma centena de sítios arqueológicos, distribuídos em lito-cerâmicos1 (alguns destes com terra preta), e amoladores/polidores, muitos nas proximidades dos sítios rupestres. O sítio alvo deste estudo está localizado em uma Ilha do Rio Madeira, denominada Ilha das Cobras. O presente trabalho busca identificar padrões nos desenhos em três painéis encontrados no sítio Ilha das Cobras no alto Rio Madeira, analisando e comparando a relação entre eles observando seus traços, tentando verificar os padrões, possíveis relações ou aproximação entre os mesmos. Dividiu-se este estudo monográfico em três capítulos. No primeiro Capítulo, abordamos a literatura relacionada especificamente aos registros rupestres em Rondônia. No segundo Capítulo, apresentamos o Sítio Arqueológico Ilhas das Cobras, bem como todos os procedimentos metodológicos realizados em campo pela empresa Scientia Consultoria Científica. No terceiro e último Capítulo, apresentamos as gravuras rupestres do sítio em questão e a análise de três painéis de representações rupestres. 1 Sítios arqueológicos compostos de líticos e cerâmicas. 15 CAPÍTULO 1 Registros rupestres em Rondônia 1.1 Registro Rupestre e as pesquisas em Rondônia Através de inúmeras pesquisas cientificas Gaspar (2003), Iza et al (2011), Zimpel Neto (2008), Coimbra de Oliveira (2010), fica claro afirmar que o Brasil é um país extraordinariamente rico em vestígios arqueológicos, e em cada região surgem peculiaridades, mostrando evidências de como era formada as civilizações passadas, pois são através dos sítios arqueológicos e que desvendamos como se deu a ocupação da América do Sul onde hoje se encontra o território brasileiro. É através destas informações que vamos fazer um panorama dos sítios arqueológicos encontrados em Rondônia. Segundo Prous (1992) as manifestações de arte rupestre na região amazônica podem ser ordenadas em um amplo conjunto denominado ‘tradição amazônica’, o qual é caracterizado pela presença de figuras antropomorfas simétricas e geométricas. A criação de um único estilo para uma região tão vasta reflete bem o pouco conhecimento que temos sobre a arte rupestre da região. Segundo Gaspar (2003) foram os sítios arqueológicos com vestígios dos caçadores que iniciaram a ocupação da América do Sul, os monumentais sambaquis do litoral, as inúmeras aldeias de grupos ceramistas dispersam por todo país que contém informações sobre o passado, do que é hoje o território brasileiro e a diversidade cultural que foi passo a passo aqui se instalando. Gaspar (2003) diz também, que com toda essa diversidade cultural, foram as pinturas e gravuras feitas nas paredes de grutas, abrigos, blocos, lajes e costões, por diferentes grupos sociais e em vários períodos da civilização, onde caçadores, pescadores, horticultores, entre outros, deixaram assim marcas de sua presença, assim como na época do Brasil colonial os africanos deixaram marcados suas crenças religiosas, que até hoje seus descendentes seguem essas fortes tradições, como também o comércio e a política também deixam suas marcas com os grafiteiros e traficantes que deixam marcados em prédios, casas, muros transmitindo mensagens de cada grupo pertinente. 16 1.2 Os sítios arqueológicos com registro rupestre na Bacia do Madeira Segundo Kadowaki (2019) os primeiros relatos de registros rupestres ocorreram no ano de 1867, por Franz Keller. Na continuidade Etta-Donner (1956) contribuiu muito com a prospecção realizada na margem direita do rio Guaporé, nas proximidades do Forte Príncipe da Beira ou Fortaleza Príncipe da Beira. No rio Lajes (Pacaás) foram encontradas mais gravura rupestres, desta vez por Élcio Rodrigues (geólogo), em 1980. Élcio encontrou a gravura no período que realizava pesquisas minerais pela CPRM. O arqueólogo Eurico Theófilo Miller (1992) crê que essas gravuras rupestres que estão na parte baixa das rochas encontram-se submersas. Miller apresenta uma tímida teoria que é a associação de figuras em vasos cerâmicos que se assemelham com gravuras expressas nas superfícies da rocha. No Atlas Geoambiental de Rondônia (2003) também um registro sobre pinturas e gravuras rupestres encontrados nas regiões de Ji-Paraná, PresidenteMédici e Cacoal. Com a instalação das Usinas Hidrelétricas Santo Antônio e Jirau, proporcionaram o conhecimento de diversos tipos de registros rupestre ao longo da área de impacto direto e indireto, desde sítios em ilhas, até sítios em terra firme. Em relação ao a empresa de arqueologia Scientia Consultoria Científica Ltda foi contratada pelo Santo Antônio Energia S.A para efetuar o salvamento arqueológico da Área Diretamente Afetada (ADA) e Área de Influência Direta (AID), analisamos o Relatório dos Pedrais, onde estão inseridos todos os registros encontrados. Temos ainda uma publicação no ano de 2013 do trabalho: Aplicação das tecnologias de modelagem 3D conjugada das gravuras rupestres do rio Madeira, Rondônia, Brasil, tendo como autores Kipnis et al. Miller (1992) identificou três estilos de gravuras rupestres para a região das bacias do rio Abunã e alto rio Madeira; e foram nomeados por ele como estilos A, B e C, e caracterizados da seguinte maneira: estilo A – predomínio da técnica do picoteado e alisamento, com motivos circulares concêntricos, espirais, linhas onduladas, linhas retas, figuras geométricas quadrangulares, figuras zoomórficas complexas e abstratas, e máscaras estilizadas; estilo B – predomínio da técnica do picoteado e alisamento, apresentando como motivo principal figuras humanas, representadas de maneira frontal e em baixo relevo; estilo C – caracterizado pela técnica de incisões finas de seção em ‘V’ e com motivos de linhas retas e curvas, linhas em zigue-zague paralelas, formando painéis 17 quadrangulares, séries de pontos alinhados em retas e curvas, máscara ou rostos zoomórficos de forma triangulas e figuras geométricas (KIPNIS et al, 2013). Figura 1 - Mapa demonstrativo das áreas arqueológicas do Estado de Rondônia. Fonte: Atlas Geoambiental de Rondônia – Arqueologia, p. 134. 1.2.1 A arte rupestre em Presidente Médici – RO Segundo o IPHAN2, a região central de Rondônia, onde está localizado o município de Presidente Médici, o sítio arqueológico Mirante, no distrito de Nova Riachuelo, Rondônia, estará aberto à visitação pública. O Centro Nacional de Arqueologia - CNA, a superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Rondônia – IPHAN/RO, a prefeitura de Presidente Médici e a Associação de Amigos de Nova Riachuelo promoverão a primeira visitação pública monitorada, de alta densidade de sítios arqueológicos habitação lito cerâmicos e de grafismos rupestres bastante diversificados. De acordo com Maria Lúcia Pardi (2002) desde 2007, quando o instituto assinou um termo de cooperação com a prefeitura, estão sendo desenvolvidas atividades de identificação, proteção, pesquisa e promoção do patrimônio cultural da região, especialmente no gerenciamento dos sítios arqueológicos regionais. O trabalho tem como objetivo inserir a região no panorama cultural e sensibilizar a população sobre a 2 Fonte: <www.iphan.gov.br> 18 importância de proteger os sítios impactados pela agricultura e pecuária, em parceria com a Central de Pesquisas e o Museu Regional de Rondônia. Segundos dados do IPHAN, o município de Presidente Médici – RO é uma área que foi densamente ocupada e utilizada como refúgio e trânsito entre diferentes ambientes, como indicam as teorias que apontam a região como o centro de dispersão dos povos tupi que circulavam por todo o país. Nos últimos três anos, foram registrados mais de 46 sítios lito cerâmicos e 14 de gravuras rupestres nas áreas dos rios Machado, Molim, Leitão e Riachuelo. Estes grafismos podem ter sido elaborados pelos mesmos ceramistas que habitavam a região ou por grupos pré-cerâmicos de períodos anteriores. Pressões ambientais e culturais moviam os grupos em períodos de guerra (batalhas travadas entre grupos rivais), na disputa de alimentos, e de paz (reconciliação entre grupos de parentescos) se unindo contra grupos mais fortes. A concentração de vestígios induz à hipótese de que na região eram desenvolvidas atividades de fabricação de artefatos para usos diversos e para troca por outros produtos (VALLE; PEREIRA; GUAPINDAIA, 2010, pag. 319-342). 1.2.2 A arte rupestre em Ji – Paraná - RO Entre 02 a 05 de outubro de 2011 ocorreu o 12º Simpósio de Geologia da Amazônia, na cidade de Boa Vista – Roraima, onde foi realizado a Formação Pedra Redonda e Ocorrências Arqueológicas Associadas à caracterização petrográficas de rochas vulcânicas e granitos, com a participação de Edgar Romeo Herrera de Figueiredo Iza, Manoel Augusto Correa da Costa, Maria Coimbra de Oliveira Garcia, trabalho realizado pela CPRM – Serviço Geológico do Brasil – Porto Velho/RO, no 2 Museu Regional de Arqueologia de Rondônia - Presidente Médici/RO. Segundo Iza, E. R. H. de F., Costa M. A. C., Garcia M. C. de O (2011) foi feito o resumo na porção sudeste de Ji-Paraná foram cartografados arenitos feldspáticos flúvio- glaciais da Formação Pedra Redondas. Estes arenitos ocorrem fora dos domínios da Bacia dos Parecis, encaixados em um vale onde ficaram parcialmente preservados e estão comumente associados a diversos sítios arqueológicos rupestres, lito-cerâmicos e bacias de polimento. O entendimento da evolução geológica associada às descobertas arqueológicas poderá ser mais um atrativo turístico da região com o objetivo maior de preservação e incentivo de políticas locais no que diz respeito ao turismo mais arqueologia (geoturismo) e a estudos relativos à implantação de geoparques. 19 Tamanha riqueza arqueológica se bem explorada, e na falta de outra perspectiva econômica para e região que não seja agropecuária, a partir dos conhecimentos das potencialidades arqueológicas e suas possibilidades turísticas, pode, de forma estruturada e legal (lei n.3924 de 26 de julho de 1961 – Anexo I) pode benef iciar economicamente as comunidades locais. (COIMBRA DE OLIVEIRA, 2010). Zimpel Neto em sua dissertação de mestrado (2008) com um trabalho intitulado na direção das periferias extremas da Amazônia, arqueologia na bacia do rio Ji-Paraná – RO, debateu tópicos específicos da arqueologia do estado de Rondônia, apresentando as evidências cerâmicas e a terra preta arqueológica, situada no município de Ministro Andreazza, adjacente à planície de inundação do rio Ji-Paraná – RO, trata-se de um sítio pequeno e atesta a mais antiga manifestação de terra preta arqueológica associada a vestígios cerâmicos na Amazônia, como importante ponto de averiguação de questões que embarcam as primeiras expansões dos grupos Tupi e as origens da agricultura. Desde a primeira metade do século XX, a bacia do rio Machado (ou Ji- paraná), em seu alto e médio curso, vem sendo alvo de interesse de viajantes e pesquisadores que por aqui passaram e não puderam deixar de relatar a densidade arqueológica da região (MILLER 2009, apud, COIMBRA 2010, pg.15). Coimbra de Oliveira (2013) no I Seminário Internacional sobre Estudos Amazônicos: Promovido pela Fundação Universidade Federal de Rondônia - Brasil e a Universidade Pablo de Olavide – Espanha, neste seminário houve a participação de Estudantes, Especialistas, Mestres, Doutores e pesquisadores independentes de toda a Amazônia, além de instituições Universitárias e pesquisadores do Peru, Equador, Espanha e Brasil e contou com a colaboração do Centro de Pesquisas e Museu Regional de Arqueologia de Rondônia foi representado pela Pesquisadora Maria Coimbra, que além de participar do Seminário, apresentou trabalho Inventário dos sítios rupestres do centro-leste de Rondônia - Brasil, na Mesa Redonda LA HISTORIA AMAZÔNICA A DEBATE EL TEMPO ANTIUO. Este seminário foi de suma importância, pois apresentou uma visão geral das gravuras rupestres na região central do Estado de Rondônia, Brasil, e do estágio em que se encontram as pesquisas naregião. O centro-leste rondoniense apresenta grande densidade de sítios com arte rupestre. Tendo sido localizados até o momento 21 sítios, nos 20 vales de afluentes do Médio Ji-Paraná, caracterizados unicamente por gravuras. Em toda a região do alto/médio Ji-Paraná, já foram localizados e catalogados mais de 100 sítios arqueológicos, distribuídos em cerâmicos (alguns destes com terra preta) e feições de polimento, muitos dos quais no entorno imediato dos sítios rupestres e nas proximidades dos mesmos. Cujos resultados preliminares demonstram grande diversidade morfológica para os sítios rupestres, reforçando a hipótese de que a região centro-leste abriga se não uma nova tradição rupestre para a Amazônia, possivelmente uma subtradição dentro da grande Tradição Amazônica. Para os sítios cerâmicos, as análises apontam a predominância de cultura material Tupi, incluindo nestas grandes quantidades de artefatos líticos de tamanhos e formas variados, o que vem reforçando a teoria de que a região do alto e médio curso do rio Ji- Paraná teria sido a terra natal dos grupos do tronco linguístico Tupi (ZUSE, 2014). 1.3 Registros Rupestres descritos pelo projeto da UHE Santo Antônio (Scientia) Segundo o relatório dos Pedrais (2010) Scientia, no ano de 2008 ocorreram prospecções e resgate arqueológicos na área em que houve intervenção da UHE Santo Antônio. Os sítios rupestres estão localizados entre as cachoeiras de Santo Antônio e Caldeirão do Inferno, que apresentaram registros rupestres identificados, em conjunto com as atividades desenvolvidas durante as etapas de prospecção e resgate arqueológico. No Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é reportado que “Na área de Santo Antônio, poderão ser observados 21 sítios arqueológicos cadastrados. Desses, ao contrário dos das áreas de Jirau, apenas dois apresentam inscrições rupestres”. Afirma que as “inscrições rupestres encontradas no Madeira sempre despertaram a curiosidade de seus visitantes, cientistas ou não” e por outro lado, indica que o potencial arqueológico para este registro aponta para a área de influência da UHE Jirau, com “23 sítios onde há inscrições rupestres; em 10 delas, poderão ser encontrados materiais cerâmico e lítico”. O projeto de Arqueologia Preventiva elaborado pela Scientia (2008) deu atenção a esses registros: “Os dados ambientais da área do AHE Santo Antônio (...) sugerem um alto potencial arqueológico para a região. Por um lado, a beleza cênica do próprio rio Madeira e seus afluentes, a localização caracterizada por uma rica e importantíssima biodiversidade, a presença de várias fontes de matéria-prima para indústrias líticas, a existência de afloramentos rochosos que podem ter servido de suporte tanto para polidores como para arte rupestre (i.e., gravuras), a presença de relevo plano, muito pouco dissecado 21 com lagos e lagoas devem ter sido fatores extremamente atrativos para assentamentos de sociedades antigas”. Após os trabalhos efetuados nos pedrais, o projeto identificou mais de 20 pedrais com registro rupestre, sendo que muitos deles se associam a sítios arqueológicos pré- coloniais com presença de material lito-cerâmico. Caso houvesse petroglifos ou feições de polimento, estes eram registrados através do GPS (Atrex Garmin), trena, bússola e clinômetro, além do registro fotográfico e preenchimento de fichas específicas. Conforme Relatório Scientia (2010) foram realizadas prospecções no entorno de pedrais aflorantes, priorizando-se as áreas definidas como malhas de prospecção e/ou que estavam relacionadas aos sítios arqueológicos e/ou informações de ribeirinhos”. Registrou- se da coordenada apresentada no GPS (Atrex Garmin), sendo utilizada uma ficha especifica para registros rupestres e para as feições de polimento, registro fotográfico bússola, clinômetro e a trena Ocorreram cinco tentativas de técnicas de decalque distintas para registrar os registros rupestres da melhor forma. Segundo a descrição do Relatório dos registros rupestres (p.10), “a primeira técnica, utilizou-se carvão vegetal triturado, associado à utilização de uma esponja de látex, para realizar o sobre o papel manteiga”. “A segunda técnica utilizou-se carvão vegetal triturado, associado à utilização das próprias “palmas da mão” para realizar decalque sobre o papel manteiga”. “A terceira técnica utilizou-se carvão vegetal triturado, associado à utilização das próprias palmas das mãos, para realizar o decalque sobre o papel fosco para o desenho”. “A quarta utilizou aprimoramentos da metodologia utilizada na Colômbia Martinez (2005) o qual desenvolveu técnica do uso do papel carbono para decalque sobre o pano branco (“entretela”). A sua adaptação foi a utilização do tecido de revestimento “morin”. “A quinta procedeu-se na utilização da técnica Colombiana completa, que constituiu no uso tanto do carbono como do pano branco “Morin”. Foram levantados, em torno de 15 sítios rupestres que apresentam feições de polimento e/ou petroglifos. Alguns deles estão associados com sítios arqueológicos pré- coloniais identificados pelo Projeto de Arqueologia Preventiva, sendo denominados de acordo com o nome do sítio arqueológico relacionado. 22 Sítio Ilha Santo Antonio, feições de polimento. Sítio Veneza, feições de polimento. Sítio Ilha do Cachorro, feições de polimento. Sítio Morro dos Macacos, II feições de polimento. Sítio Ilha das Cobras, petroglifos e feições de polimento. Sítio CPRM 2 (RO-JP-27), petroglifos e feições de polimento Sítio Ilha do Japó, petroglifos e feições de polimento. Sítio Ilha do Japó II, feições de polimento. Sítio Ilha Dionísio, petroglifos e feições de polimento. Sítio Ilha São Francisco, feições de polimento. Sítio São Domingos, petroglifos. Sítio Pedral do Carneiro (RO-JP-25), feições de polimento. Sítio Teotônio (RO-JP-01), feições de polimento. Sítio Santa Paula (RO-JP-26), feições de polimento. Sítio Apuí, feições de polimento. Renato Kipnis, Hélder Bruno Cipriano dos Santos, Michelle Mayumi TizukaI, Miguel Jorge Gomes Tavares de Almeida, Mónica Patrícia de Almeida e Silva Corga (2013) com o apoio da Scientia Consultoria Científica, realizaram a pesquisa de aplicação das tecnologias de modelagem 3D conjugada às técnicas tradicionais para o registro das gravuras rupestres do rio Madeira, Rondônia, e mostraram que nos últimos anos, os estudos de arte rupestre no Brasil têm tido um grande avanço quanto à construção de modelos interpretativos deste tipo de vestígio arqueológico ainda pouco conhecido e explorado. São grandes os desafios em localizar, registrar e preservá-los ao longo do vasto território brasileiro, um número pequeno, mas devotado, de pesquisadores têm documentado e estudado minuciosamente milhares de pinturas e gravuras rupestres em várias regiões do país por meio de técnica tradicional como escavação exploratória, levantamento topográfico, desenho, fotografia, decalque, e digitalização do material. Conjugaram a metodologia tradicional em escavação exploratória com novas tecnologias para o registro de gravuras rupestres, o laser scanning terrestre e a fotogrametria de luz estruturada. Afirmam que essas novas tecnologias proporcionam, entre outras vantagens, precisão, acuidade e rapidez na documentação de gravuras rupestres, assim como de seu entorno paisagístico, já que o trabalho do arqueólogo é gerar modelos interpretativos do registro arqueológico, baseados em uma documentação o mais fiel possível para que esses modelos possam ser testados e revistos. As tecnologias de modelagem 3D elevam nossa capacidade a um novo patamar metodológico. 23 24 CAPÍTULO 2 O sítio Ilha das Cobras 2.1 O sítio arqueológico Ilha das Cobras3 Segundo relatórios (2010 e 2011) realizadospela Scientia Consultoria Científica, devia ao Projeto de Arqueologia Preventiva da UHE Santo Antônio, neste sítio, denominada Ilha das Cobras, revelaram uma vegetação de floresta aberta mista com palmeira tais como (babaçu, tucumã, uricuri, marajá) e árvores tais como axezeiro, e frutíferas tais como cacau, murumuru entre outras. Nas áreas alagadiças de inverno e secas no verão as sororocas são predominantes associadas à vegetação do tipo juquira detectada nos barrancos às margens do rio Madeira. Localizado com cotas em média de 77 m acima do nível do mar (anm) (64 a 91), portanto, é um sítio que se encontra com partes de sua área dentro e partes fora da cota de inundação (70,5 m) do reservatório da UHE Santo Antônio, e dessa forma não foi realizado o resgate, dos furos-testes positivos provenientes da delimitação. Durante a delimitação foram abertos 181 furos-testes na malha ortogonal4 de 20mx20m. Destes, 36 furos-testes apresentaram-se positivos. Os furos-testes positivos revelaram ser um sítio arqueológico cerâmico único potencial, com média frequência de material arqueológico presente desde a superfície até 120 de profundidade, porém, encontrado em maior quantidade entre os níveis artificiais 20-40/40-60, porém o nível 40- 60 apresenta-se com maior frequência de material arqueológico em todos os furos-testes. O sedimento presente na maioria dos furos-testes positivos do sítio e foram descritos como: sedimento arenoso, úmido, mínima presença de argila, coloração variando marrom e marrom escura. O sítio arqueológico Ilha das Cobras passou pelas etapas de prospecção e delimitação, no ano de 2010, e em 2011 o resgate foi efetuado, concomitante às atividades de campo na área do reservatório, durante o desenvolvimento do Projeto de Arqueologia Preventiva da UHE Santo Antônio, Porto Velho, RO, conforme relatório da Scientia Consultoria Científica. A metodologia de levantamento dos atributos dos polidores/afiadores presentes na Ilha das Cobras foi baseada no trabalho desenvolvido na Guiana Francesa por Vacher et. al. (1998, p. 150-163); outros importantes apoios 3 Todas informações deste subcapítulo (2.1) foram retitradas do Relatório da Scientia (2011). 4 Malha com ordenação de espaços. 25 bibliográficos foram Emperaire (1967); Roustain; Wack (1987), Prous (1986/1990; 1992), Beaune (2000) e Tenório (2003). Os materiais arqueológicos encontrados durante os trabalhos de delimitação foram fragmentos cerâmicos e líticos. Os fragmentos cerâmicos verificados em campo e macroscopicamente, apresentam como antiplástico, o cariapé, pasta de coloração acinzentada, e alaranjada, tratamento de superfície alisado simples, com espessuras variadas. Como podemos perceber a ocupação concentra-se na parte central do lado sudeste da Ilha das Cobras, próxima a localização dos pedrais que apresentam feições de polimentos e representações rupestres (informações retiradas do Relatório de Campo do Sítio Ilha das Cobras, Scientia Consultoria Científica, 2011). 2.1.1 Prospecção no Sítio Arqueológico Ilha das Cobras Figura 2 - Sítio Arqueológico Ilha das Cobras, rio Madeira. Fonte: Scientia (2010). Conforme Relatório Scientia (2010) durante a etapa de prospecção realizada em ambas as margens do rio Madeira e ilhas, vestígios arqueológicos eram procurados pela observação de locais com potencialidade arqueológica e pela realização de furos-testes de 1 m de profundidade em intervalos de 100 em 100 m. O datum utilizado foi o SAD’ 69. A ilha das cobras se encontrava dentro da área de influência do reservatório, está localizada no Rio Madeira alinhada pelo Sudeste com o polígono, que apresentou material lítico e cerâmico em superfície e algumas sondagens positivas, próximo da comunidade de Morrinhos, localidade que está na margem direita do rio. 26 Existem alguns espaços de pedrais no entorno da ilha, que somente aparecem em época da seca, (fim das chuvas). Tem-se conhecimento através de visita de pesquisadores da empresa ao local dos pedrais em época da seca do ano passado da existência de gravuras rupestres (picoteamento) explícitas nas rochas do sudeste da ilha. A prospecção foi realizada conforme metodologia do Projeto de Arqueologia Preventiva da UHE Santo Antônio, realizado pela Scientia Consultoria Científica ltda, no ano de 2010. Foi distribuída uma malha de 100mx100m na área da ilha, realizando-se furos testes com auxílio de boca de lobo (escavadeira) com uma escala marcada no cabo de 20 em 20 cm para ter um controle da profundidade em que são encontrados os vestígios arqueológicos nas sondagens. Foram realizadas ainda, prospecções oportunísticas durante o deslocamento, observando a superfície, barrancos e erosões, up rooting, e alguns buracos de tocas de animais, como exemplo, buracos de tatu e terra removida pelos tamanduás. As sondagens seguiram um padrão de profundidade limitado pela presença de material arqueológico sendo que enquanto estiver aparecendo material, se segue até chegar a um nível estéril, (os níveis tem como padrão, 20 cm) ordenamos o sedimento retirado de20 em 20 cm em volta do furo teste num sentido relógio, e é verificado manual um a um. Figura 3 - Sedimento de forma ordenada para verif icação de material de nível por nível – furo teste 20L 376482/9006361 (positiva). Fonte: Scientia (2010). Pelo potencial arqueológico que a área apresenta através dos resultados percebidos durante a prospecção de material em superfície (oportunísticas) e sub- superfície (sondagens positivas), realizou-se a delimitação e o resgate do sítio. 27 2.1.2 Delimitação do Sítio Arqueológico Ilha das Cobras Segundo Relatório Scientia (2010) a Ilha das Cobras após o processo de prospecção apresentou: Área plana, pouco extensa, no topo de uma pequena colina, formando um terraço, que pode ser ação antrópica, ação realizada por diversos povos pré- coloniais em terrenos alagadiços. Igarapés secos que exibem marcas por onde perpassam no piso do terreno em períodos de verão. Igarapés fluentes em período de inverno. Divisão natural, apresentando relevo acidentado (barrancos) nos limites mais íngremes, caracterizando o terreno em cotas superiores à de 68m metros. Extensos pedrais em granito, as margens do rio Madeira, que estão caracterizados como petroglifos, os quais exibem inúmeras gravuras rupestres tanto painéis como figuras isoladas. A pedologia possui característica de coloração escura distrófica, exibindo solos de tons: (a) marrom escuro e (b) marrom difuso “pardo” arenoso. A área da Ilha foi demarcada em uma malha ou grid de 20 em 20 m, em direções norte, sul, leste e oeste. O solo, retirado por níveis de 20 cm, foi peneirado para que vestígios arqueológicos como fragmentos cerâmicos ou líticos possam ser avistados. A textura e cor do solo, assim como qualquer outra informação relevante, como a presença de bioturbações, foi registrada pelo técnico responsável. Caso o furo fosse positivo, ou seja, caso houvesse vestígios arqueológicos, uma ficha foi preenchida para que as informações fossem mais detalhadas. O material encontrado foi separado por tipo e nível, e coletado com estas informações. Figura 4 – Procedimentos de abertura de for-teste, no sítio Ilha das Cobras Coordenada 20L 0376700/9006480. Fonte: Scientia (2010). 28 Figura 5 – Visualização da Ilha das Cobras a partir da margem direita do Rio Madeira. Fonte: Scientia (2010). Figura 6 - Sítio Arqueológico Ilha das Cobras. Fonte Google Earth. Durante a delimitação foram abertos 181 furos-testes na malha ortogonal de 20mx20m. Destes, 36 furos-testes apresentaram-se positivos. Os furos-testes positivos revelaram ser um sítio arqueológico cerâmico unicompotencial5, com média frequência de materialarqueológico presente desde a superfície até 120 de profundidade, porém, encontrado em maior quantidade entre os níveis artificiais 20-40/40-60, porém o nível 40- 60 apresenta-se com maior frequência de material arqueológico em todos os furos-testes. 5 Sítio arqueológico com presença de uma só tipologia de composição material. 29 Os materiais arqueológicos encontrados durante os trabalhos de delimitação foram fragmentos cerâmicos e líticos. Os fragmentos cerâmicos verificados em campo e macroscopicamente, apresentaram como antiplástico, o cariapé, pasta de coloração acinzentada, e alaranjada, tratamento de superfície alisado simples, com espessuras variadas. Figura 7- Delimitação do Sítio Arqueológico Ilha das Cobras. Os círculos amarelos identif icam os furos-testes positivos, e os pretos identif icam os furos-testes negativos. Fonte: Scientia (2011) e Google Earth. Como podemos perceber a ocupação concentra-se na parte central do lado sudeste da Ilha das Cobras, próxima a localização dos pedrais que apresentam feições de polimentos e representações rupestres. Figura 8 - Petroglifos detectado nos blocos de Granito. Coordenada: 20L 375983/9006197. Fonte: Scientia (2011). 30 Figura 9 - Petroglifos detectados no sítio Ilha das Cobras. Coordenadas 20L 376302/9006078. Fonte: Scientia (2011). Figura 10 – Vistorias nas proximidades da Ilha das Cobras com intuito de se detectar calibradores, af iadores e petroglifos. Fonte: Scientia (2011). 31 2.1.3 Resgate: Unidades de escavação Após verificação dos furos testes positivos abertos no Sítio Ilha das Cobras, os arqueólogos propuseram a seguinte proposta de abertura de unidades de escavação descritas abaixo. Figura 11 – Localização das unidades a serem abertas na etapa de resgate. Fonte: Scientia (2011) e Google Earth. 2.1.3.1 Unidade de escavação coordenada 20L 0376480/9006340 Unidade 20L E376480/N9006340 foi escavada e o furo teste demonstrou 91 fragmentos cerâmicos com material arqueológico presente desde 20cm até 1 m de profundidade. Maior concentração de material arqueológico nos furos testes abertos. 32 Figura 12 – Perf il (Norte) com a identif icação das camadas. Fonte: Scientia (2011). Figuras 13 e 14 - Fragmentos cerâmicos – bordas (nível 40-50 cm). Fonte: Scientia (2011). Figuras 15 - Perf il NORTE e identif icação local da tradagem no centro da unidade e identif icação sedimento no perf il OESTE. Fonte: Scientia (2011). 2.1.3.2 Unidade de escavação coordenada 20L 376545/9006480 A Unidade 20L E376540/N9006480, foi escavada tendo o furo-teste 03 fragmentos cerâmicos, a camada arqueológica do furo apresenta-se somente no nível artificial 40-60 33 cm, sedimento arenoso. Está localizado em uma área de concentração afastada do centro de dispersão de material arqueológico, porém em uma área menor de concentração de material arqueológico. Figura 16 – Perf il (Norte) com a identif icação das camadas. Fonte: Scientia (2011). Figuras 17 e 18 - Fragmento cerâmico – borda (nível 50-60 cm). Fonte: Scientia (2011). 2.1.3.3 Unidade de escavação coordenada 20L 0376530/9006380. A unidade 20L E376530/N9006380. Unidade inserida após início das escavações (erro Sad’ 69 para WGS 84). 34 Figura 19 – Perf il NORTE e identif icação da tradagem no centro na unidade. Fonte: Scientia (2011). 2.1.3.4 Unidade de escavação coordenada 20L 376520/9006400 A unidade 20L E376520/N9006400 foi escavada pois o furo testes possuía 22 fragmentos cerâmicos). A camada arqueológica deste furo apresenta-se desde os 40 cm a 100 m de profundidade, sedimento arenoso. O local indicado é um limite sudeste da concentração espacial horizontal de material arqueológico na ilha. Figura 20 - Camadas naturais de Perf il Norte de Unidade. Fonte: Scientia (2011). 35 2.1.3.5 Unidade de escavação coordenada 20L 376500/9006380 A unidade 20L E376500/N9006380, foi escavada onde o furo teste demonstrou 14 fragmentos cerâmicos. A camada arqueológica deste furo-teste apresenta-se somente no nível artificial 40 a 100 cm, sedimento arenoso. Está localizada na área de concentração material arqueológico. Figura 21 - Camadas naturais e lentes em Perf il Sul de Unidade. Fonte: Scientia (2011). Figuras 22e 23 - Fragmento cerâmico correspondente a camada arqueológica - Detalhe f ragmentos em perf il Sul. Fonte: Scientia (2011). 36 2.1.3.6 Unidade de escavação coordenada 20L 376460/9006400 A unidade 20L E376460/N9006400 foi escavada onde o furo teste possuía 02 fragmentos cerâmicos. A camada arqueológica deste furo-teste apresenta-se somente no nível artificial 40-60 cm, sedimento arenoso. Está localizada no limite sudoeste da área de concentração material arqueológico. Figura 24 - Camadas naturais de Perf il Norte de Unidade. Fonte: Scientia (2011). 2.1.3.7 Unidade de escavação coordenada 20L 0376480 / 9006360 A unidade 20L E376480/N9006360 foi escavada onde o furo teste tinha 37 fragmentos cerâmicos, 05 carvões e 01 semente queimada. A camada arqueológica deste furo apresenta-se desde os 20 cm a 1,20 m de profundidade, sedimento arenoso. 37 Figura 25 e 26 – Perf il. Fonte: Scientia (2011). 2.1.3.8 Unidade de escavação coordenada 20L 0376500 / 9006340. A unidade 20L E376500/N9006340 foi escavada onde o furo teste evidenciou 15 fragmentos cerâmicos, 01 seixos lascado. A camada arqueológica deste furo apresenta-se desde os 40 cm a 100 m de profundidade, sedimento arenoso. A presença de seixo lascado neste furo teste é interessante devido a ser o único local onde encontrou-se este material arqueológico. Figura 27 – Camadas de sedimentação descritas, Perf il Norte. Fonte: Scientia (2011). 2.1.3.9 Unidade de escavação coordenada 20L 0376700 / 9006600 A unidade foi escavada na coordenada do furo teste 20L E376700/N9006600. Unidade estéril arqueologicamente. 38 2.1.4 Feições de Polimento e Gravuras rupestres Neste local são identificados diversos pedrais, entre a Ilha das Cobras e a margem direita. Estes pedrais foram subdivididos em 3 (três) Setores em sua fase inicial, para facilitar as fases de intervenções e ocorrências dos petroglifos ou gravuras. 1 2 3 Figura 28 - Croqui de localização dos 3 Setores nos pedrais localizados entre as cachoeiras de Teotonio e Morrinhos. Fonte Scientia (2009). O registro dos painéis desses três Setores não pode ser finalizado em 2009, devido ao regime de chuvas anual do rio Madeira, que tornou esta área submersa na maior parte do ano. Foram, portanto, retomadas as atividades de resgate desses registros rupestres, em 2010, para finalizar os decalques e ampliar o registro fotográfico já disponível, de modo a se comparar eventualmente alterações no nível do rio e finalizar uma análise e correlação com outros registros rupestres já identificados por Miller (1992). Em 2010 também foram identificadas feições de polimento em outro local dos pedrais no entorno da Ilha das Cobras e assim, iniciou-se um registro individual e sistemático para os petroglifos e as feições de polimento e o Sítio foi re-dividido, agora em dois setores, Setor I e Setor II. 39 CAPÍTULO 3 As representações rupestres do sítio Ilha das Cobras 3.1 Descrição metodológica para as análises dos registros rupestres (gravuras) na Ilha das Cobras6 Os registros rupestres encontrados no Sítio Ilha das Cobras foram definidos como feições de polimento e petroglifos ou gravuras,porém para este trabalho realizaremos as análises somente nas gravuras ou petroglifos. Neste local são identificados diversos pedrais, entre a Ilha e a margem direita. O embasamento rochoso presente na Ilha das Cobras que dá suporte a grande densidade de gravuras rupestres e de feições de polimento é o granito que se apresenta em seu exterior altamente polido pela ação fluvial do Rio Madeira, as cores variam em tons de cinza médio a escuro. Presentes sobre o embasamento há também grandes blocos de granito com arestas subarredondadas que também serviram de suportes. Figura 29 - Embasamento rochoso na Ilha das cobras. Fonte Scientia (2010). 6 Informações retiradas do Relatório do Sítio Ilha das Cobras (Scientia, 2011 e 2010). 40 Para as gravuras ou petroglifos, a metodologia utilizada durante a etapa de campo foi a descrita no Relatório dos Pedrais, Scientia (2010): • Mapeamento das coordenadas UTM de cada painel e desenhos isolados; • Registros fotográficos; • A limpeza dos blocos com petroglifos foi feita com auxílio de escovas e vassoura com cerdas macias e baldes com água para retirar os sedimentos aluviais sobrepostos aos desenhos; • Croqui detalhado de cada painel e desenhos isolados. • Releve das gravuras (“Calco ou frottage”). Para essa etapa, utilizaram-se cinco tipos de técnicas de decalque com o intuito de verificar a mais adequada de acordo com os pressupostos metodológicos. Dessa maneira, para a primeira técnica, utilizou-se carvão vegetal triturado, associado à utilização de uma esponja de látex, para realizar o sobre o papel manteiga. A segunda técnica utilizou-se carvão vegetal triturado, associado à utilização das próprias “palmas das mãos” para realizar o decalque sobre o papel manteiga. A terceira foi o carvão vegetal triturado, associado à utilização das próprias palmas das mãos, para realizar o decalque sobre o papel fosco para o desenho. A quarta utilizou o papel carbono para o decalque sobre o pano branco. A quinta procedeu-se na utilização da técnica que consistiu no uso tanto do papel carbono como do pano branco “morin”, tecido mais próximo encontrado a venda em Porto Velho que permite uma rápida absorção do papel carbono e preserva seus traços. Ressalta-se ainda que em pouco painéis foi possível a realização do procedimento de levantamento e modelização digital com base na aplicação combinada de duas tecnologias, utilizadas no presente trabalho como complementares: o laser scanning terrestre e a fotogrametria de luz estruturada. Figuras 30 e 31 - Limpeza dos pedrais. Decalque do painel. Fonte Scientia (2010). 41 Figuras 32 e 33 - Decalque das gravuras com lápis graf ite. Decalque das gravuras com pó de graf ite. Fonte Scientia (2010). Figuras 34 e 35 - Tecido morin e graf ite e tecido morin e papel carbono como técnica de decalque. Fonte: Scientia (2010). Figura 36 - Painel ICf (ilha das Cobras) fotografado (A), com decalque emoldurado em tecido morim (B), croqui (C) e digitalização f inal (D). Foto: Scientia Consultoria Científ ica. Fonte: Kipnis et al., 2013. 42 Para as gravuras ou petroglifos a metodologia utilizada durante a etapa em laboratório foi a tipificação a partir da documentação fotográfica disponibilizada pela Scientia. Nosso objetivo é puramente identificar possíveis padrões nos registros que denominamos de gravuras rupestres nos setores, do sítio Ilha das Cobras. Estes padrões servirão, no entanto, para o embasamento de pesquisas futuras nesta área, e para dar visibilidade para incentivo de políticas locais no que diz respeito a preservação de sítios arqueológicos. 3.2 Tipologias dos registros identificados no sítio A partir das percepções observadas durante o regime de cheias do rio Madeira, nos meses de agosto, setembro e outubro de 2009, os pedrais foram subdivididos em 3 (três) Setores, para facilitar as fases de intervenções e ocorrências dos petroglifos (gravuras). Figura 37 - Localização dos três Setores nos pedrais localizados entre as cachoeiras de Teotônio e Morrinhos, na f igura é identif icado como referência a Ilha e a margem direita do rio Madeira. Visão de norte a sul. O Setor 1 foi identificado durante o mês de agosto de 2009. O Setor 2 foi encontrado somente após um segundo rebaixamento do rio Madeira, ocasionado pelo período anual de seca, no ano de 2010. Neste Setor, foram identificados novos petroglifos, que se encontram amplamente distribuídos ao longo dos pedrais. Um dos locais foi denominado Painel 1 devido a quantidade de petroglifos encontrados. O Setor 3 só ficou evidente depois de alguns dias, ainda em 2010, pois o local sofreu novo rebaixamento do rio Madeira. Este Setor encontrava-se completamente submerso durante as atividades de registro no Setor 1 e 2, demonstrando diferenças de cotas de até 3 metros em relação ao Setor 1. No Setor 3 ocorrem dois painéis, além de petroglifos isolados, em forma de círculos concêntricos e por vezes espiralados. 43 Em 2010, retornou-se ao pedrais da Ilha das Cobras para se continuar com os registros fotográficos e decalques dos petroglifos e feições de polimento e percebeu-se que a vazão do rio Madeira foi diferente neste ano e possibilitou a aparição de 2 lagoas nas partes centrais dos dois setores dos pedrais, configurando uma paisagem diferente da verificada em 2009. A equipe resolveu alterar a configuração dos setores divididos em 2009 em função do aparecimento de novos pedrais e lagoas em 2010 e assim, os afloramentos foram divididos em 2 setores (Setor I e Setor II), separados pela Ilha das Cobras. No total foram registrados com GPS, 41 pontos no Setor I e 23 no Setor II. No Setor I realizou-se o decalque de 30 petroglifos (7 em papel manteiga, 1 em papel fosco e 22 sobre o tecido) e desses 30, apenas 12 passaram pelo processo completo (decalque e croquis). No Setor II, realizou-se o processo completo de 9 petroglifos. Figura 38 - Sítio Ilha das Cobras em 2004 (abril, cheia do rio Madeira). Fonte: Google Earth. 44 Figura 39 - Sítio Ilha das Cobras em 2013 (agosto, seca do Rio Madeira imagem mais recente). Fonte: Google Earth. É tipo da região amazônica a variação anual natural dos níveis dos rios, conhecido pelo período de cheia, quando o volume de água aumenta desde as cordilheiras dos Andes, e o período de seca, quando o volume das águas está mais baixo. Esses fluxos de altos e baixos na vida do rio é um fator importante que influência diretamente nas sociedades amazônicas (NEVES, 2006). Com as instalações da Usina Hidrelétrica no curso do rio Madeira, seu fluxo natural sofre grande impacto, pois a construção da barragem interfere no fluxo natural, dando lugar às turbinas, que quando em movimentação gera a energia para ser distribuída. A passagem da água passa a ser controlada pelas próprias barragens no abrir e fechar das comportas, comprometendo assim, toda vida natural do rio. Como podemos observar nas imagens, após as instalações da mesma, afetou diretamente o sítio Ilha das cobras, pois quando o rio em seu fluxo natural de cheias e secas, no baixar da água, o acesso era possível. Depois da instalação, com o aumento do nível da água o sítio ficou submerso, impactando o sítio e dificultando o desenvolvimento de uma pesquisa mais aprofundada sobre o sítio arqueológico estudado. 3.2.1 Setor I No Setor I foram identificados 41 pontos com a presença de petroglifos ou gravuras, entre unidades isoladas e painéis, denominados: ICa, ICb, ICc, ICd, Ice,ICf, ICg, ICh, ICi, 45 ICj, ICk, ICl, ICm, ICn, ICo, ICp, ICq, ICr, ICs, ICt, ICu, ICv, ICw, ICx, ICy, ICz, ICaa, ICab, ICac, ICad, ICae, ICaf, ICag, ICah,ICai, ICaj, ICak, ICal, ICam, ICan, ICao. Tabela 1 – Gravuras identificadas no Setor I Sítio Ilha das Cobras7. SIGLA PONTO GPS FOTO OBSERVAÇÕES ICa* 20L 0376347/9006069 Painel 1 Painel 1 * O Painel Ica foi dividido em 2: ICa¹: Fotos: 1731-1734 ICa²: Fotos: 1735-1736 7 Destacamos que só foi possível inserir as fotos das gravuras que estavam disponíveis na documentação que nos foi disponibilizada pela Scientia Consultoria Científ ica. Quando não encontramos fotos das gravuras, inserimos fotos dos decalques que estavam identif icados. 46 Painel 2 1738-1740 Realizados croquis e decalque com tecido morin ICb 20L 0376345/9006070 1395-1452 Realizados croquis e decalque com tecido morin ICc 20L 0376343/9006066 1298-1304 Realizados croquis e decalque com tecido morin ICd 20L 0376344/9006067 1333-1341 Realizados croquis e decalque com tecido morin ICe 20L 0376341/9006064 1374-1379 Realizados croquis e decalque com tecido morin ICf 20L 0376319/9006052 1773-1782 Realizados croquis e decalque com tecido morin ICg 20L 0376320/9006051 1794-1810 Processo incompleto (apenas decalque) ICh 20L 0376322/9006052 1811-1818 Processo incompleto (apenas decalque) ICi 20L 0376321/9006052 1819-1832 Processo incompleto (apenas decalque) ICj 20L 0376323/9006055 2171-2177 Processo incompleto (apenas decalque) 47 ICk 20L 0376397/9006081 1508-1518 Realizados croquis e decalque com tecido morin ICl 20L 0376302/9006067 1519-1529/1749-1751 Realizados croquis e decalque com tecido morin ICm 20L 0376305/9006069 1746-1748 Realizados croquis e decalque com tecido morin ICn 20L 0376308/9006066 1741-1745 Realizados croquis e decalque com tecido morin ICo 20L 0376296/9006081 1725-1730 Realizados croquis e decalque com tecido morin ICp 20L 0376346/9006066 Apenas localização do ponto ICq 20L 0376349/9006068 - Apenas localização do ponto ICr 20L 0376348/9006072 - Apenas localização do ponto ICs 20L 0376347/9006072 - Apenas localização do ponto ICt 20L 0376327/9006057 2182-2189 Processo incompleto (apenas decalque) 48 ICu 20L 0376357/9006074 1902-1913 Apenas localização do ponto ICv 20L 0376353/9006074 - Apenas localização do ponto ICw 20L 0376319/9006057 2178-2181 Processo incompleto (apenas decalque) ICx 20L 0376359/9006070 1894-1901 Realizados croquis e decalque com tecido morin Icy 20L 0376390/9006052 2190-2200 Processo incompleto (apenas decalque) ICz 20L 0376323/9006053 2309-2313 Processo incompleto (apenas decalque) ICaa 20L 0376289/9006048 2225-2230 Processo incompleto (apenas decalque) ICab 20L 0376289/9006047 49 2231-2238 Processo incompleto (apenas decalque) ICac 20L 0376292/9006051 2203-2211 Processo incompleto (apenas decalque) ICad 20L 0376293/9006048 2212-2214 Processo incompleto (apenas decalque) ICae 20L 0376291/9006047 50 2215-2223 Processo incompleto (apenas decalque) ICaf 20L 0376293/9006048 2241-2249 Processo incompleto (apenas decalque) ICag 20L 0376294/9006048 2254-2255 51 Processo incompleto (apenas decalque) ICah 20L 0376297/9006052 2250-2253 Processo incompleto (apenas decalque) ICai 20L 0376294/9006048 2256-2260 Processo incompleto (apenas decalque) ICaj 20L 0376296/9006045 2261-2264 Processo incompleto (apenas decalque) ICak 20L 0376299/9006051 2265-2269 Processo incompleto (apenas decalque) ICal 20L 0376316/9006053 52 2270-2276/2295-2298 Processo incompleto (apenas decalque) ICam 20L 0376346/9006073 2277-2286 Processo incompleto (apenas decalque). Esta peça foi retirada do local de origem ao laboratório da Scientia Consultoria Científica em Porto Velho-RO. ICan 20L 0376319/9006054 2299-2203 Processo incompleto (apenas decalque) 53 ICao 20L 0376350/9006071 2314-2319 Processo incompleto (apenas decalque). Esta peça foi retirada do local de origem ao laboratório da Scientia Consultoria Científica em Porto Velho-RO. 3.2.2 Setor II No setor II foram identificados 23 pontos com petroglifos, também representados por painéis e unidades isoladas, denominados: ICa2, ICb2, ICc2, ICd2, Ice2, ICf2, ICg2, ICh2, ICi2, ICj2, ICk2, ICl2, ICm2, ICn2, ICo2, ICp2, ICq2, ICr2, ICs2, ICt2, ICu2, ICv2, ICw2. Tabela 2 - Gravuras identificadas no Setor II Sítio Ilha das Cobras8. SIGL A PONTO GPS COT A N° FOTO OBSERVAÇÕES ICa2 20L 0375896/9006028 61m Apenas localização do ponto ICb2 20L 0375902/9006070 65m Apenas localização do ponto ICc2 20L 0375899/9006037 70m Apenas localização do ponto ICd2 20L 0375899/9006047 65m Apenas localização do ponto ICe2 20L 0375911/9006219 61m 8 Idem a nota 3. 54 1921-1925 Realizados croquis e decalque com tecido morin ICf2 20L 0375911/9006219 61m 2116-2121 Realizados croquis e decalque com tecido morin ICg2 20L 0375913/9006221 62m 55 2122-2125 Realizados croquis e decalque com tecido morin ICh2 20L 0375917/9006222 62m 2140-2145 Realizados croquis e decalque com tecido morin ICi2 20L 0375949/9006193 72m 2126-2131 Realizados croquis e decalque com tecido morin ICj2 20L 0375950/9006183 71m - Apenas localização do ponto ICk2 20L 0375984/9006193 74m - Apenas localização do ponto 56 ICl2 20L 0375934/9006130 - - Apenas localização do ponto ICm2 20L 0375976/9006129 65m - Apenas localização do ponto ICn2 20L 0375979/9006129 65m - Apenas localização do ponto ICo2 20L 0375933/9006132 64m - Apenas localização do ponto ICp2 20L 0375985/9006176 68m 1834-1839 Realizados croquis e decalque com tecido morin. As fotos foram tiradas, quando ainda estava o processo de uma só ordem alfabética (A a Z). Por tal motivo na respectiva foto só estará marcado como ICp, sem seguir o número 2. ICq2 20L 0375935/9006131 68m 1846-1852/1855-1858 Realizados croquis e decalque com tecido morin. As fotos foram tiradas, quando ainda estava o processo de uma só ordem alfabética (A a Z). Por tal motivo na respectiva foto só estará marcado como ICp, sem seguir o número 2. ICr2 20L 0375972/9006129 67m 57 1861-1869 Realizados croquis e decalque com tecido morin. As fotos foram tiradas, quando ainda estava o processo de uma só ordem alfabética (A a Z). Por tal motivo na respectiva foto só estará marcado como ICp, sem seguir o número 2. ICs2 20L 0375998/9006188 68m 1844-1845/1876-1884 Realizados croquis e decalque com tecido morin. As fotos foram tiradas, quando ainda estava o processo de uma só ordem alfabética (A a Z). Por tal motivo na respectiva foto só estará marcado como ICp, sem seguir o número 2. ICt2 20L 0375983/9006197 65m - Apenas localização do ponto ICu2 20L 0375987/9006223 65m - Apenas localização do ponto ICv2 20L 0375955/9006203 64m - Apenas localização do ponto ICw2 20L 0375951/9006196 64m - Apenas localização do ponto Nos dois setores dos sítios percebemos os três estilos descritos por Miller, e devido a diversidade de elementos e gravuras registradas no sítio Ilha das Cobras decidiu-se realizar uma análise detalhada nos painéis: Painel 1, 2 e 3 do Setor I. Segundo Miller (1992)as gravuras rupestres possuem três tipos de técnicas ou estilos. O estilo9 “A” caracterizado por linhas e áreas picoteadas e alisadas, largas (21 a 28 mm) e profundas (4 a 8 mm), com motivo de círculos concêntricos, espirais, linhas onduladas, linhas retas, figuras geométricas quadrangulares, figuras zoomórficas complexas e abstratas, máscaras estilizadas. Estilo “B” caracterizado por figuras humanas frontais em baixo relevo (3 a 6 mm) em “sombra” ou silhueta (de 11 a 136 cm de altura, e ocorrem nos dois rios. Estilo “C” caracterizado por incisões finas de seção em ”V”, largura de até 2 mm e profundidade de até 7 mm, motivos de linhas retas e curvas, linhas em zig- zag paralelas conformando painéis quadrangulares, séries de pontos alinhados em retas e curvas, máscaras ou rostos antropomórficos com formato triangular (topo plano e lados convexos) e figuras geométricas (MILLER, 1992). Miller acredita que essas gravuras rupestres não têm associação com nenhuma sociedade indígena cerâmica ou pré- cerâmica conhecida. 9 Os estudos das pesquisas realizados pelo PRONAPA são sistemáticos e pautados em conceito de tradição, fase e estilo. Tem como objetivo a padronização metodológica do registro rupestre, lítico e cerâmico no Brasil. 58 3.2.3 Setor I análise do Painel 1 Figura 40 – Painel 1 Sítio Ilha das Cobras. Fonte: Scientia (2010 e 2011). Figura 41 - Painel 1 Sítio Ilha das Cobras. Fonte: Scientia (2010 e 2011). 59 Figura 42- Painel 1 Sítio Ilha das Cobras. Fonte: Scientia (2010 e 2011). No painel 1 do sítio, podemos observar várias figuras com técnicas de picoteamento e alisamento, e um predomínio das figuras com motivos circulares. De qualquer forma, quando analisamos por meio das imagens, temos dificuldades de definição entre espiral ou concêntrico. Conforme Miller, podemos classificar as mesmas no estilo A, onde há uma predominância de uma técnica de alisamento em baixo relevo. Ainda podemos observar na distribuição do painel, figuras geométricas como linhas retas e simples traços alisados não definidos, como mostra a figura 41 apresentada acima, apresentando o motivo circular dominante no painel. Em uma gravura da figura 41, localizado no canto esquerdo na imagem, podemos observar que há uma figura em espiral com linhas paralelas que aparentam se ligar na mesma técnica e na mesma elaboração do símbolo, traços não apresentados em outras figuras. Assim, podemos observamos que há uma repetição entre as gravuras, uma mesma técnica, um mesmo estilo de elaboração. Uma interpretação possível seria associar as gravuras ao ambiente em que o sítio se apresenta e ao material cerâmico encontrado, abrindo um leque para interpretações quanto aos povos e os fins em que foram elaborados. 60 3.2.4 Setor I análise do Painel 2 Figura 43 - Painel 2 Sítio Ilha das Cobras. Fonte: Scientia (2010 e 2011). Figura 44 - Painel 2 Sítio Ilha das Cobras. Fonte: Scientia (2010 e 2011). 61 No painel 2 podemos observar que sua extensão é menor que o painel 1, pois aparenta um corredor de símbolos circulares em espiral, um ao lado do outro. Segundo Eurico Miller, as gravuras apresentam o estilo A, com predomínio da técnica de picoteamento e alisamento, círculos concêntricos e espirais. A terceira uma imagem, da figura 44, da esquerda para direita, em análise do grafismo sequencial do traço, podemos observar que tal imagem dá asas para outras interpretações para a gravura. Quando observamos a mesma gravura, na figura 43 sendo a primeira, da direita para esquerda, aparenta um grafismo diferente do espiral, pois alguns traços parecem configurar traços antropomorfos. Porém, é só uma hipótese, visto que decorremos esse trabalho com recursos limitados em relação a fonte primária, o que temos são apenas as imagens fotográficas. Desta maneira, observamos que as gravuras e a técnica utilizada no painel 2 se correlacionam as apresentadas no painel 1, o estilo definido como Estilo A da classificação feita por Miller, com a técnica de elaboração picoteada, também observada na base entre as gravuras, são figuras de baixo relevo e de funcionalidade indefinida. 3.2.5 Setor I análise do Painel 3 Figura 45 - Painel 3 Sítio Ilha das Cobras. Fonte: Scientia (2010 e 2011). 62 O painel 3, é sem dúvida, o painel que possui mais variedade em estilo, traços e símbolos das gravuras rupestre, pois possui um amontoado de formas, e traços geométrico de pouca identificação e outras figuras elaboradas no mesmo padrão e técnica (RIBEIRO, 2006). Figura 46 - Painel 3 Sítio Ilha das Cobras. 63 Figura 47 - Painel 3 Sítio Ilha das Cobras. Figura 48 - Painel 3 Sítio Ilha das Cobras. Fonte: Scientia (2010 e 2011). 64 Figura 49 - Painel 3 Sítio Ilha das Cobras. Fonte: Scientia (2010 e 2011). O amontoado de signos do painel 3 é um exemplo de diversidade e produção cognitiva dos povos, ou do povo, associado (os) a este sítio. Não é possível afirmar se tal elaboração é de um único grupo ou vários grupos que passaram por este local em épocas diferentes. Mas, podemos observar na variabilidade do painel, que sua forma semelhante a uma parede (em pé) tenha facilitado ou inspirado à acomodação para a elaboração do mesmo. 65 Figura 50 - Painel 3 Sítio Ilha das Cobras. Fonte: Scientia (2010 e 2011). Esta vasta dimensão de representação de mundo abordado no painel 3, pode ser encaixada nas definições de Miller nos três estilos propostos, estilo A onde há um predomínio da técnica picoteada e de alisamento com motivos circulares de um sulco mais profundo seguido de círculos menores, círculos de sulcos que se aproximam a figura de uma “cabeça”, linhas retas, figuras geométricas quadrangulares, figuras zoomórficas complexas e abstratas. Também está presente o estilo B, apresentando como motivo principal figuras humanas, antropomorfas, representadas por traços que se assemelham a anatomia humana, como braços, cabeças e pernas (em pé) e em baixo relevo. O estilo C é encontrado na técnica de incisão fina, de seção em ‘V’ e com motivos de linhas retas e curvas, formando painéis quadrangulares, séries de pontos alinhados em retas e curvas, traços que classificam como zoomórficos de forma circular e figuras geométricas indefinidas. Vários furos picoteados redondos são encontrados no painel. No terceiro painel, observamos uma ausência da figura do espiral ou círculos concêntricos, gravura recorrente nos outros dois painéis analisados que ainda apresentam 66 características diferentes se falarmos de suporte: são mais planos e de base no chão (deitada). Devido as insuficientes informações que temos sobre este sítio rupestre, e as análises decorrerem de verificações e observação somente em fotos, não podemos relacionar as gravuras com seu contexto vivo muito menos relacionar a uma representação astrológica, ritualista ou qualquer outro tipo de evento. 67 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os estudos realizados em sítios com gravuras rupestres são de fundamental importância para o conhecimento e divulgação destes contextos no estado de Rondônia, pois contribuem para construção da história e da cultural local sobre os povos indígenas, os que habitaram essa região em tempos passados e ainda ocupam no presente, aos povos indígenas. A divulgação sobre o sítio arqueológico Ilha das Cobras, é importante porque apresenta como um exemplo da urgente necessidade de se pensar nas preservações dos sítios arqueológicos que são engolidos pelos grandes empreendimentos. E ainda para a divulgação da sua existência para a
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