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Aula 6

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18/04/23, 21:44 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/16
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARQUEOLOGIA
AULA 6
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Ana Luíza Berredo
18/04/23, 21:44 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/16
CONVERSA INICIAL
“Arqueologia é uma disciplina ímpar. É ao mesmo tempo aventura e uma disciplina sofisticada
que estuda todo o espectro da história humana, desde as origens até aos tempos urbanos”. Essa
ponderação inicial corresponde a uma reflexão do livro Historical Archaeology, de Charles Orser
Júnior (2017), importante arqueólogo que versa sobre arqueologia histórica e que será utilizado
como guia para esta aula.
Pensando na História das Américas, podemos destacar que, em se tratando de arqueologia
histórica, estamos lidando com dados dos últimos 500 anos, desde o início das Grandes Navegações,
ou tendo o ano de 1492 como um marco por meio das viagens marítimas cujo objetivo era o
encontro de novas rotas para chegar às Índias. O objetivo desta aula é apresentar alguns dos
principais aspectos da arqueologia histórica, informando as principais correntes teóricas e estratégias
de pesquisa desenvolvidas nessa área de estudo.
TEMA 1 – O QUE É ARQUEOLOGIA HISTÓRICA?
Muitas pessoas presumem que a arqueologia enfoca apenas os velhos e os venerados, e “quanto
mais velhos, melhor”. Nada poderia estar mais longe da verdade. Os arqueólogos estudam toda a
história da humanidade, desde as origens na África, mais de 2,5 milhões de anos atrás, passando
pelas populações ameríndias, pela Revolução Industrial do século XVIII, por campos e fortificações
resultados das Guerras Mundiais e construções urbanas do século XX.
Orser Júnior (2017) destaca que a arqueologia é o estudo sistemático do passado humano que
cobre não apenas a tecnologia antiga e o comportamento humano, mas também todos os aspectos
da cultura humana por meio da história. Nesse sentido, arqueólogos e historiadores frequentemente
dividem um enorme alcance da existência humana dentro da história antiga e contemporânea.
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A complexidade da história humana e a diversidade de culturas fez com que os arqueólogos
adotassem divisões artificiais que foram contempladas em três categorias amplas: culturas orais,
culturas textuais da Antiguidade e culturas textuais da Era Moderna (Orser Júnior, 2017, p. 5).
1.1 ARQUEOLOGIA DO MUNDO MODERNO
A arqueologia da história moderna é chamada de arqueologia histórica e arqueologia do mundo
moderno. É a arqueologia que estuda as pessoas documentadas na história recente, geralmente
abrangendo o passado de 500 anos atrás. Nesse sentido, a arqueologia histórica é a arqueologia do
passado relativamente recente, incluindo a história colonial.
A arqueologia histórica dá vida a uma história árida composta apenas de datas e nomes; ele anima
a história com a vida de pessoas reais realizando suas tarefas diárias. Trata reis e rainhas (os ricos e
famosos) da mesma maneira como o povo comum (os criadores anônimos da história). Os
arqueólogos históricos estudam um passado multicultural composto por europeus, afro-
americanos, nativos americanos, chineses, imigrantes, prostitutas, comerciantes, presidiários e
empresários; em suma, todas as pessoas quem construiu o mundo “moderno”. Muitas vezes, os
escritores de documentos da história ignoraram os milhões frequentemente anônimos. A
arqueologia histórica oferece oportunidades empolgantes para estudar mudando os papéis sociais
e as formas em que nosso mundo hoje foi moldado pelas ações e atitudes do passado. (Orser
Júnior, 2017, p. 7)
Para Orser Júnior (2017), existe uma clara sobreposição entre a arqueologia auxiliada por texto e
a arqueologia histórica: os arqueólogos históricos são arqueólogos auxiliados por texto, mas nem
todos os arqueólogos auxiliados por texto são arqueólogos históricos. Ambos empregam as mesmas
técnicas para localizar registros históricos e os mesmos métodos críticos para avaliá-los, porém a
diferença é que os arqueólogos históricos estão interessados no passado mais recente,
aproximadamente nos últimos 500 anos.
1.2 ESTRATÉGIAS DE PESQUISA EM ARQUEOLOGIA HISTÓRICA
As abordagens metodológicas empregadas na arqueologia histórica podem ser elencadas em
duas formas:
a. abordagem tradicional – acreditava que as fontes serviam para realizar uma suplementação
histórica de modo a “preencher os vazios” dos achados arqueológicos, os quais confirmariam
ou refutariam o que estava escrito nas fontes documentais. Ou, ainda, funcionariam como uma
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forma de ilustrar, implicando o uso da cultura material de forma ilustrativa. Essa abordagem é
problemática, pois entende a cultura material como ilustrativa e sem interpretação. A crítica
está em entender que existiria a primazia de uma fonte em relação à outra, como se houvesse
uma hierarquia. Um autor que questiona esse tratamento dado às fontes é James Deetz (1996)
na obra In the small thing forgotten, em que ele advoga por um tratamento mais igualitário às
fontes.
b. princípio da superposição: Anne Yentsch e Mary Beaudry (1992) e Kathleen Deagan (1998) são
as autoras que deram início a essa abordagem afirmando que a cultura material e a
documentação escrita e oral são fontes independentes, mas que podem ter uma intercessão a
qual pode ser coincidente ou não. Segundo as autoras, o arqueólogo tem que estar preparado
para realizar o confronto entre as fontes de modo a instigar uma intertextualidade, uma
interdigitação e uma costura indiciária com o objetivo de fazer a construção de narrativas.
TEMA 2 – FONTES
As formas de pesquisa em arqueologia histórica possibilitam o acesso a variados métodos que
podem ser combinados com as escavações arqueológicas. Inspirada nos métodos e técnicas de
pesquisa das áreas de estudo como a arqueologia clássica e “pré-histórica”, a arqueologia histórica
apresenta uma variada quantidade de fontes históricas que podem ser utilizadas no desenvolvimento
da pesquisa.
O trabalho de pesquisa exige que façamos perguntas específicas para as fontes com o objetivo
de obter repostas que se adequem ao seu trabalho. Mary Beaudry, em Documentary archaeology in
the New World (1988), e Barbara Little em, Text-aided archaeology (1992) nos informam da
importância de haver uma análise crítica das fontes a serem consultadas, uma vez que fontes
históricas escritas denotam uma escolha da história que será contada. Por isso, é necessário fazer os
questionamentos pertinentes a uma fonte para que ela seja melhor utilizada pelo pesquisador,
pensando nas seguintes perguntas:
Quem produziu?;
Para quem produziu?;
Quando essa fonte foi produzida?;
Quais as técnicas de produção (tipo de materiais empregados na confecção)?;
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Onde a fonte foi feita?;
Em que contexto e qual o possível propósito de confecção da fonte?
Tendo em mente essa análise crítica, é possível traçar caminhos para a realização da pesquisa.
2.1 FONTES MAIS UTILIZADAS
As fontes que um arqueológico historiador pode consultar são variadas e podem ser
exemplificadas a seguir:
a. inventários;
b. diários;
c. cartas;
d. certidões de nascimento/casamento/óbito;
e. registros paroquiais;
f. registros de alfândega;
g. mapas;
h. fotografias;
i. telas;
j. relatórios de instalações de redes de energia, telefonias e escavações de intervenções urbanas;
k. relatos de cronistas e viajantes;
l. jornais/revistas;
m. arquitetura/técnicas construtivas.
Figura 1 - Fragmento de carta que pode ser utilizada como uma fonte histórica
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Créditos: Arkady Mazor/Shutterstock.
2.2 FONTES IMAGÉTICAS
Imagens têm impacto em como os arqueólogos visualizam e interpretam o passado (Moser,
2001, p. 266)
As fontes imagéticas exigem o mesmo rigor teóricoque as fontes escritas. Os antropólogos
argumentam que imagens não podem ser interpretadas por si só, uma vez que há sempre uma
história por trás da sua produção, de modo que imagens não são janelas para o passado, sendo
necessário saber a sua origem, intenção, disseminação e audiência (Loren; Baram, 2007).
O arqueólogo histórico pode encontrar na escavação objetos em contexto arqueológico que
possivelmente podem ter sido reproduzidos em uma imagem. Loren e Baram (2007), em seu artigo
“Between Art and Artifact”, sugere que façamos para a fonte imagética o mesmo exercício de
questionar a fonte escrita:
Quem está representado e por quê?
Quais ideologias estão representadas?
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Quem era o artista?
Quem teve acesso à imagem?
Como a imagem foi utilizada?
Para Deetz e Deetz (2000), a representação visual pode ser tratada como um artefato: objetos
devem ser criticamente avaliados e interpretados. Cabe destacar que as imagens históricas foram
produzidas em contextos políticos e sociais específicos, em que os artistas raramente decidiam as
imagens que produziriam, pois eram comissionados ou persuadidos a reproduzir uma realidade
específica.
Alguns sujeitos são omitidos do registro visual, acarretando-lhe um silêncio histórico de
determinadas pessoas e classes sociais. Desse modo, os arqueólogos precisam dar atenção para a
audiência, a disseminação e o consumo de uma imagem (Loren; Baram, 2007).
As imagens são construções culturais e auxiliam na visualização das características e localização
de um lugar, além de indicar relações de poder. Mesmo fotografia e mapas, tidos como mais
próximos do real, representam uma realidade particular. Arquivos e imagens podem ser destruídos,
perdidos ou descartados (intencionalmente ou não) e o papel da arqueologia é ajudar a preencher os
silêncios ou até contradizer o que é encontrado nas imagens históricas (Loren; Baram, 2007).
Figura 2 – Indígena brasileiro alongando um arco com os pés (Debret, 1989): cultura material
utilizada pelo indígena que pode servir de fonte a ser confrontada com o achado arqueológico
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Créditos: Marzolino/Shutterstock.
TEMA 3 – ARQUEOLOGIA HISTÓRICA BRASILEIRA
De acordo com Tânia Andrade Lima (1993), em meados de 1960, a Arqueologia Histórica
emergiu formalmente reconhecida como um campo de pesquisa, por intermédio de investigações
conduzidas por arqueólogos pré-historiadores em sítios históricos.
A disciplina era fortalecida pelos dispositivos da recém-criada Lei n. 3.924 e entrava em uma fase de
grande dinamismo com a implementação de pesquisas por todo país. [...] houve uma acentuada
atração por exemplares da arquitetura colonial, determinando por um considerável intervalo de
tempo os rumos da Arqueologia Histórica no Brasil, que se voltou para a investigação de igrejas,
conventos, missões, fortificações, solares etc. (Lima, 1993, p. 226)
3.1 PRIMEIROS TRABALHOS
O trabalho de Lima (1993) intitulado Arqueologia Histórica no Brasil: balanço bibliográfico (1960-
1991) é muito importante para situar essa área de estudo no campo da pesquisa arqueológica e será
utilizado como guia para esta parte da aula.
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Situado no sul do Brasil, mais especificamente no interior e no litoral nordeste do estado do
Paraná, foi estudado, na década de 1960, o repovoamento do interior em busca de terras férteis que
trouxe à tona os remanescentes de povoados antigos. No Rio Grande do Sul, investigava-se as
missões jesuíticas e no Nordeste surgiram pesquisas em fortificações e igrejas de Pernambuco. Nos
anos 1970, ganhou destaque o estudo dos contatos interétnicos e os consequentes fenômenos de
aculturação que seriam aprofundados na década de 1980 (Lima, 1993).
De acordo com Lima (1993), a prática da Arqueologia Histórica ficou durante muito tempo
circunscrita ao Sul e ao Nordeste, mesmo com o potencial arqueológico do Sudeste, do Centro-oeste
e do Norte. Essas regiões ficaram durante muitos anos à margem da pesquisa histórica, talvez em
razão do pouco espaço dado a elas.
3.2 NOVOS RUMOS PARA A ARQUEOLOGIA HISTÓRICA BRASILEIRA
Esse cenário só começou a mudar com a realização do Seminário de Arqueologia Histórica, no
Paço Imperial, Rio de Janeiro, em 1985, em que foi discutida a precariedade da área e a necessidade
de visibilidade e espaço para a realização das pesquisas, bem como “consequência também da
atuação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan) na intervenção em
monumentos tombados, em processo de restauro e exigindo a participação de arqueólogos” (Lima,
1993, p. 228).
A partir de 1987, o campo de pesquisa de arqueologia estava se fortalecendo e a Sociedade de
Arqueologia Brasileira (SAB) foi pressionada a abrir espaço para a apresentação de trabalhos de
Arqueologia Histórica. O início da disciplina esteve ligado à preservação de monumentos, trabalhos
com restauração ou estudos de tombamento de órgãos patrimoniais. No entanto, esse cenário foi se
modificando com o decorrer do tempo:
A arqueologia histórica mostrou potencial para dar visibilidade a minorias étnicas e a segmentos
subalternos, oprimidos, desfavorecidos ou marginais, que não puderam registrar sua própria
história; recuperar memórias sociais, reinterpretar a História Oficial, resgatar elementos e práticas
da vida cotidiana, sobre os quais normalmente não se escreve, e assim por diante. Campos de
batalha, quilombos, simples unidades domésticas, becos urbanos, quintais, caminhos, povoados,
fazendas, senzalas, tecnologias, de processamento de determinados materiais, entre outros,
passaram a ser valorizados como objetos de investigação. (Lima, 1993, p. 228)
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De acordo com Stephen Mrozowsk (1988), os arqueólogos históricos têm em mãos uma potente
ferramenta capaz de gerar novos conhecimentos que as fontes escritas, por si só, não permitem
produzir, desde que se proponham a uma leitura interpretativa da cultura material. Seu raio de ação
se ampliou e passou a envolver sociedades complexas, sua configuração atual e trajetória futura,
levantando questões sociais e politicamente relevantes.
TEMA 4 – ARTEFATOS DA ARQUEOLOGIA HISTÓRICA
De acordo com Orser Júnior (1992), os artefatos classificados em Arqueologia Histórica são
aqueles itens fabricados e/ou modificados pela ação humana.
4.1 ARTEFATOS HISTÓRICOS MÓVEIS
Artefatos históricos móveis incluem louças, garrafas, frascos de vidro, cerâmicas, metais,
cachimbos etc.
Figura 3 – Exemplo de materiais históricos que podem ser estudados pelos arqueólogos
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Créditos: Svetlanaz/Adobestock.
4.2 OBJETOS HISTÓRICOS IMÓVEIS
Outra forma de artefato pode ser exemplificada pelas estruturas, entendidas como qualquer
evidência de presença humana que não pode ser removida do sítio arqueológico, como poços,
trincheiras, lareiras, fossas sanitárias, casa, fortificações e outras edificações (Orser Júnior, 1992;
Gheno; Machado, 2013).
Figura 4 – Exemplo de construção histórica: Fortaleza de São José da Ponta Grossa
Créditos: Fagner Martins/Shutterstock.
TEMA 5 – ARQUEOLOGIA URBANA E INDUSTRIAL
O avanço da tecnologia transformou a vida da humanidade levando à criação de novos aparatos
materiais para deixar o cotidiano mais acessível. O palco dessas transformações é a cidade urbana
que, em sua arquitetura e muitas vezes abaixo das camadas de aterro e asfalto, ostenta a
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materialidade das ações humanas. Dessa forma, cabe se aprofundar um pouco mais nesses dois
campos de estudo: arqueologia urbana e industrial.
5.1 ARQUEOLOGIA URBANA
De acordo com Costa (2014), a cidade pode ser observada como um laboratório privilegiado,único, e acelerado para análise das mudanças socioculturais, em que há a construção de uma
imagem por seus habitantes tanto individual como coletiva, construção de identidade, estrutura e
significado dos espaços urbanos, suas formas e função.
A cidade como campo de estudo é um objeto ao mesmo tempo singular e universal, onde podem
ser tratados temas desde as impessoalidades das relações sociais até a solidariedade entre
diferentes grupos e meios. Desta forma, na cidade encontram-se inúmeros campos de estudo e que
mesmo aparentemente dinâmicos, diferenciados ou exóticos, abrem pistas para entender não só a
sua própria lógica, mas também um espaço e tempo urbano e em constante transformação. (Costa,
2014, p. 47)
Os estudos sobre o espaço urbano começaram no século XIX, mas foi em 1910 que surgiu o
termo urbanismo enquanto uma ciência que estuda a localização humana (Choay, 1998). Nesse
período, também começam a agravar os problemas das cidades em razão da nova sociedade
industrial que transformou as cidades com a abertura de grandes avenidas para o deslocamento de
automóveis, o estabelecimento de bairros, serviços, moradias e o investimento em arquitetura
(Benevolo, 1981).
No Brasil, os estudos na cidade começaram na década de 1980, em São Paulo, e da cidade na
década de 1990, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre. Porém, muitas vezes de forma acidental,
onde para preservar o impacto gerado por obras ao patrimônio arqueológico foram realizadas
pesquisas também em meios urbanos (Costa, 2014, p. 58)
Figura 5 – Exemplo de arqueologia urbana em escavação ocorrida no Cais do Valongo: revelação da
existência do antigo cais, local de desembarque de milhares de escravizados no Brasil
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Créditos: Leonid Andronov/Shutterstock.
5.2 ARQUEOLOGIA INDUSTRIAL
A Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra do século XVII e mudou completamente a vida da
humanidade no planeta. O sistema fabril se fortaleceu com o advento de novas tecnologias e formas
de geração de energias que estão intimamente ligadas ao desenvolvimento do sistema capitalista
que rege o mercado financeiro e tecnológico.
Nesse período, foi desenvolvido também novas formas de relações econômicas, sociais, políticas
e ideológicas que deixaram marcas na paisagem, nas cidades e nos artefatos.
Na arqueologia, o estudo de fábricas, moinhos, máquinas a vapor, estradas de ferro se
desenvolveu sob a denominação de arqueologia industrial que surgiu na Inglaterra, na década de
1950. O que instigou os pesquisadores ao desenvolvimento desse tipo de estudo foi a preservação
dos antigos vestígios da industrialização, que abriu esse novo campo de investigação centrado no
conhecimento dos aspectos materiais da Revolução Industrial (Clarke, 1999).
De acordo com Pinard (1985)
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A arqueologia industrial visa encontrar as circunstâncias materiais e técnicas que estão na origem
de uma fabricação, da montagem de uma máquina ou da construção de um estabelecimento ou de
um equipamento que esses “acontecimentos” tiveram sobre todos os dados do ambiente de uma
população ou de um grupo social. (Pinard, 1985, p. 6)
Para Thiesen (2006), a arqueologia industrial deve ser entendida como o estudo das mudanças
sociais, econômicas e culturais decorrentes do crescimento da organização capitalista na indústria
por meio da interpretação das suas evidências materiais.
NA PRÁTICA
A arqueologia histórica possibilita que conheçamos os lugares desaparecidos dos mapas das
nossas cidades. Para ilustrar essa afirmação, cabe mostrar o exemplo da abertura da Avenida
Marechal Floriano, no Rio de Janeiro. Durante as obras de instalação da via no início do século XX, foi
necessário remover algumas construções antigas para garantir que a Avenida fosse ampla. A
remoção dessas casas e estabelecimentos foi registrada por jornais, cronistas e fotografias de
Augusto Malta e foram novamente reveladas pela arqueologia histórica durante as obras de
instalação do Veículo Leve sob Trilhos (VLT) no ano de 2018. Todo esse processo demonstrou como a
confrontação de fontes (arqueológica e não arqueológica) é utilizada na construção de uma nova
narrativa para a cidade.
A proposta de atividade para esta aula é pesquisar por lugares que desapareceram do mapa da
sua cidade em função das obras de modernização.
FINALIZANDO
A arqueologia histórica é uma área de estudos multidisciplinar, que garante uma ampla atuação
de profissionais como arqueólogos, historiadores, geógrafos, arquitetos etc. É um campo de estudos
que ainda está em expansão em nosso país e tem potencial para ser mais visível com as obras nas
cidades urbanas. Cabe destacar que a arqueologia histórica urbana oportuniza às pessoas que
conheçam as histórias de suas cidades aterradas pela modernidade, e com base nesse conhecimento,
se aproximem e se apropriem da história que pode ser passada adiante, fazendo parte dos lugares de
memória coletiva da cidade.
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REFERÊNCIAS
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University Press, 1988.
BENEVOLO, L. As origens da urbanística moderna. Lisboa: Editorial Presença, 1981.
CHOAY, F. O Urbanismo. São Paulo: Perspectiva, 1998.
CLARKE, K. Review: PALMER, M.; NEAVERSON, P. Industrial archaeology: principles and practice.
London; New York: Routledge, 1988, 180 p. Antiquity, v. 73, n. 279, p. 239-240. Cambridge: Antiquity
Publications, 1999.
COSTA, D. O urbano e a arqueologia: uma fronteira transdisciplinar. Revista Vestígios, v. 8, n. 2,
p. 45-71, 2014.
DEAGAN, K. Rethinking modern history. Archaeology, Special 50th Anniversary Issue, v. 51, n. 5,
p. 54-60, 1998.
DEBRET, J. Viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp,
1989.
DEETZ, J. In small things forgotten: an archaeology of early american life. New York: Anchor
Books/Doubleday, 1996
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W. H. Freeman, 2000.
GHENO, D.; MACHADO, N. Arqueologia histórica: abordagens. História: Questões & Debates,
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Paulista, Nova Série, n. 1, 1993.
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historical archaeology. Historical Archaeology, v. 41, n. 1, p. 1-5, 2007.
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MROZOWSKI, S. Historical archaeology as anthropology. Historical rchaeology, v. 22, n. 1, p.
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ORSER JÚNIOR, C. Introdução à arqueologia histórica. Belo horizonte: Oficina de Livros, 1992.
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PINARD, J. L’Archéologie industrielle. Paris: Presses Universitaires de France, 1985.
THIESEN, B. Arqueologia industrial ou arqueologia da industrialização? Mais que uma questão de
abrangência. Patrimônio: Revista Eletrônica do Iphan, n. 4, 2006.
YENTSCH, A.  ; BEAUDRY, M. (Ed.). The art and mystery of historical archaeology: essays in
honor of James Deetz. Boca Raton: CRC Press, 1992. 480 p.

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