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Aula 4

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ARQUEOLOGIA
AULA 4
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Ana Luíza Berredo
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CONVERSA INICIAL
O que é patrimônio? Quem define o que é patrimônio? Existem legislações para isso? Como se
acha um sítio arqueológico e o que deve ser feito em relação a ele? Essas são apenas algumas das
principais perguntas que são feitas aos arqueólogos e que incitam a curiosidade das pessoas. Nesta
aula, abordaremos a cronologia das medidas que proporcionaram à arqueologia uma atuação mais
ampla, normatizada e ancorada na legislação brasileira. Serão apresentadas as primeiras leis de
proteção ao patrimônio que são datadas do início do século XX até a Constituição de 1988.
TEMA 1 – O QUE É PATRIMÔNIO?
“Patrimônio é tudo o que criamos, valorizamos e queremos preservar: são os monumentos, as
obras de arte, as festas, músicas, danças, os folguedos, as comidas, os saberes, os fazeres e os falares.
Tudo enfim que produzimos com as mãos, as ideias e a fantasia” (Fonseca, 2001, p. 69).
A declaração de Cecília Fonseca abre o tema Patrimônio, em resumo, significa um conjunto de
bens que tem relevância tanto em sua expressão material quanto imaterial.
De acordo com José Gonçalves (2005), o patrimônio deve ter uma ligação com a população de
tal forma que ultrapasse a sua visitação ou visibilidade. Para esse autor, o patrimônio deve ter:
ressonância, materialidade e subjetividade.
Quadro 1 – Patrimônio, para Gonçalves (2005)
Ressonância Materialidade Subjetividade
Diálogo ou interlocução
entre os produtores do
saber e as instâncias que os
Seu valor está em transformar o referido
bem na noção antropológica da cultura, a
saber “em favor de noções mais abstratas,
Entendida como a relação entre o patrimônio e
a autoconsciência individual e coletiva, ou seja,
“pressupõe sempre alguma forma específica de
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protegem (Iphan, Estado,
Museus)
 
tais como estrutura social, sistema
simbólico etc. (Gonçalves, 2005, p. 21)
 
continuidade entre passado, presente e futuro”.
(Gonçalves, 2005, p. 31)
Fonte: elaborado com base em Gonçalves, 2005.
1.1 PATRIMÔNIO MATERIAL
O patrimônio material consiste em construções materiais, como prédios, monumentos, obras de
arte ou a própria paisagem, que podem ser visualizados em diversas áreas do globo terrestre por
onde tenha a incidência humana. As construções arquitetônicas modernas são exemplos de um
patrimônio material, como é o caso do Teatro da Paz, localizado em Belém-PA, símbolo de uma
época em que a exploração da borracha na Amazônia estava no seu auge, o que acarretou
investimentos à cidade.
Figura 1 - Teatro da Paz em Belém, Pará: monumento arquitetônico e cultural, construído no século
XIX, símbolo do período áureo da exploração da borracha na Amazônia
Créditos: Juerginho/Shutterstock.
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Outro exemplo de patrimônio material é o monumento em homenagem à Zumbi dos Palmares,
personagem histórico símbolo da resistência quilombola. O monumento está instalado na região da
Praça XI, no centro do Rio de Janeiro, e representa uma marca da luta antirracista em uma área
conhecida como Pequena África, que abriga parte significativa da histórica afro-brasileira.
Figura 2 – Monumento Zumbi dos Palmares: estátua em homenagem à Zumbi dos Palmares, líder
brasileiro, símbolo da resistência negra e quilombola
Créditos: A.Paes/Shutterstock.
1.2 PATRIMÔNIO IMATERIAL
O patrimônio imaterial corresponde a saberes, crenças, usos, costumes, danças, expressões e
manifestações culturais que fazem parte da vida das pessoas. Ele se transforma com o tempo e é
mantido por meio da memória e da oralidade (Brayner, 2007).
Um dos exemplos de patrimônio imaterial é a literatura de cordel, que surgiu entre os povos
conquistadores greco-romanos, fenícios, cartaginenses, saxões e chegou à Península Ibérica no
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século XVI. Os portugueses foram os responsáveis por desembarcar essa prática cultural no Brasil,
mais especificamente em Salvador, durante a colonização. Inserido em nossa cultura, no século XIX,
tornou-se uma forma de expressão da cultura brasileira, trazendo contribuições da cultura africana,
indígena, europeia e árabe, entoando as tradições orais, a prosa e a poesia (Sesc Rio, 2020).
Figura 3 – Literatura de Cordel é um gênero literário que recebeu o título de patrimônio imaterial
brasileiro em 2018
Créditos: Ramonparaiba/Shutterstock.
Outro exemplo de patrimônio imaterial pode ser representado pela culinária e pelos produtos
derivados de matérias-primas brasileiras, como é o caso da Cajuína, uma bebida feita do suco de caju
e que agrega práticas tradicionais e socioculturais de uma comunidade. Ela é considerada um
patrimônio imaterial do estado do Piauí desde 2014.
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Figura 4 – Cajuína, bebida do estado do Piauí reconhecida como patrimônio imaterial e cultural
brasileiro por simbolizar a hospitalidade e os laços existentes entre as famílias produtoras (Iphan,
2014)
Créditos: Helissa Grundemann/Shutterstock.
TEMA 2 – LEIS DE PROTEÇÃO AO PATRIMÔNIO E SEUS PROCESSOS
HISTÓRICOS
As leis de proteção do patrimônio arqueológico estão intimamente ligadas a processos
históricos e aos governantes que promulgam tais legislações. O órgão que regulamenta as questões
patrimoniais no Brasil atualmente é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan),
que foi criado como uma vertente do governo federal para a proteção de todo o patrimônio
brasileiro. Suas origens remontam à primeira metade do século XX.
2.1 PRIMEIROS DECRETOS
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O primeiro Decreto-Lei foi promulgado pelo governo provisório de Getúlio Vargas (1930-1934),
intitulado Decreto n. 24.735, de 14 de julho de 1934 (Brasil, 1934), correspondente às origens do
Iphan, que na época recebeu a alcunha de Inspetoria de Monumentos Nacionais (IMN) e que teve
como suas principais funções a proteção e manutenção do patrimônio histórico nacional.
De acordo com Pereira (2017), um pouco antes de estabelecer a ditadura do Estado Novo, a
Inspetoria foi extinta por meio da Lei n. 378, de 13 de janeiro de 1937, quando foi criado o Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), vinculado ao Ministério da Educação e Saúde
Pública.
2.2 REGULAMENTAÇÃO DO SPHAN
Com base no Decreto-Lei n. 25, de 30 de novembro de 1937, durante a ditadura do Estado Novo
(1937-1945), Vargas definiu o patrimônio histórico e artístico e estabeleceu as linhas gerais sobre
tombamento (Brasil, 1937). Nesse movimento, obras de arte foram tombadas, além de instituições
religiosas barrocas como as presentes no estado de Minas Gerais (Pereira, 2017).
O patrimônio histórico e artístico nacional é constituído pelo conjunto dos bens móveis e imóveis
existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos
memoráveis da histórica do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico,
bibliográfico ou artístico (Brasil, 1937)
Figura 5 – Igreja de São Francisco de Assis, Ouro Preto, Minas Gerais: um dos primeiros bens
tombados individualmente em âmbito nacional em 1938, após o Decreto 25/1937
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Créditos: Ukrolenochka/Shutterstock.
De acordo com Fausto (2012), após essa lei foi instituída uma das primeiras legislações modernas
sobre a proteção do patrimônio (não apenas arqueológico), que foi influenciada pelas discussões
ocorridas durante a Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo. Cabe destacar que o decreto é
baseado em um contexto ditatorial,populista de Vargas em que interessava vangloriar o patrimônio
brasileiro, inflamar o nacionalismo e afirmar a identidade nacional.
TEMA 3 – LEI DA ARQUEOLOGIA
Na década de 1960, o presidente do Brasil era Jânio Quadros, conhecido por ser carismático e
ter um apelo favorável à população. Ele investiu no populismo e nacionalismo, de modo que criou
uma lei específica para a proteção dos bens arqueológicos.
3.1 LEI N. 3.924/1961
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Segundo Garcia (2005), a Lei n. 3.924, de 26 de julho de 1961 (Brasil, 1961), correspondia à
tentativa do governo de promover a proteção dos bens arqueológicos, ainda que inspirada no tom
nacionalista, para a construção de uma cultura brasileira na qual imperaria a defesa dos interesses do
povo.
Cabe destacar que, de acordo com Pereira (2017), essa lei refere-se apenas aos bens de origem
pré-histórica, uma vez que os estudos sobre a arqueologia histórica ainda eram incipientes.
Conforme observado no art. 2.º dessa Lei, consideram-se monumentos arqueológicos ou pré-
históricos:
As jazidas de qualquer natureza, origem ou finalidade, que representem testemunhos da cultura
dos paleoameríndios do Brasil, tais como sambaquis, montes artificiais ou tesos, poços sepulcrais,
jazigos, aterrados, estearias, grutas, lapas e abrigos sob rocha, sítios-cemitérios, aldeamentos,
inscrições rupestres ou locais com sulcos de polimentos de utensílios e outros vestígios de
atividade de paleoameríndios (Brasil, 1961)
Figura 6 – Rocha marcada com sulcos de polimento, também conhecida como oficinas líticas, em um
sambaqui do litoral brasileiro
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Créditos: Onemorefootage/Shutterstock.
Em virtude da proteção dos materiais pré-coloniais, essa lei também ficou conhecida como Lei
do Sambaqui, sendo referenciada como um grande marco legal da arqueologia brasileira cujo
pesquisador Luiz de Castro Faria foi um dos seus grandes entusiastas.
3.2 LUIZ DE CASTRO FARIA (1913-2004)
Castro Faria foi antropólogo, pesquisador do Museu Nacional do Rio de Janeiro, além de gestor
público engajado nos debates sobre o valor científico dos monumentos arqueológicos e a
importância de uma proteção específica para sítios, jazidas e inscrições rupestres. De acordo com
Lucieni Simão (2009), ele fazia parte de um grupo de cientistas e intelectuais preocupados em conter
a destruição dos sítios arqueológicos e em pesquisar as características da cultura material desses
povos.
Simão (2009) chama atenção para a aproximação entre Castro Faria, Rodrigo Melo Franco de
Andrade, diretor do Sphan e o modernista Mário de Andrade (1893-1945), diretor do Departamento
de Cultura do município de São Paulo. Esse encontro possibilitou a aproximação e o diálogo entre
essas personalidades cujo interesse comum era preservar os bens arqueológicos. Cabe destacar que
Mário de Andrade tornou-se um dos principais articuladores da Agência Nacional de Proteção do
Patrimônio.
Figura 7 – Luiz de Castro Faria (Arquivo de História da Ciência – MAST/MCT)
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Créditos: CC/PD.
TEMA 4 – LICENCIAMENTO AMBIENTAL E CONSTITUIÇÃO DE 1988
A questão ambiental começou a ser melhor observada a contar da década de 1970, quando
ocorreu a Assembleia Geral das Nações Unidas, também conhecida como Conferência de Estocolmo,
na qual foi criado o Dia Mundial do Meio Ambiente. Nesse evento, foi assinada uma declaração cujo
objetivo era alertar a população e os governantes sobre a importância da preservação dos recursos
naturais e a necessidade de leis que garantissem um desenvolvimento sustentável (Santos, 2022). O
aumento das discussões ambientais motivou a criação do licenciamento ambiental como uma forma
de regulamentação de atividades que atinjam diretamente o meio ambiente.
O licenciamento ambiental é um procedimento administrativo realizado por órgão ambiental
competente, que pode atuar no âmbito federal, estadual ou municipal e que atua para licenciar a
instalação, ampliação, modificação e operação de atividades e empreendimentos que utilizam
recursos naturais, ou que sejam potencialmente poluidores ou que possam causar degradação
ambiental (Pereira, 2017, p. 108)
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4.1 RESOLUÇÃO N. 001, DE 23 DE JANEIRO DE 1986
A Resolução n. 001, de 23 de janeiro de 1986, foi criada pelo Conselho Nacional do Meio
Ambiente (Conama), ligado ao Ministério do Meio Ambiente, e normatizou as etapas e os
procedimentos em que uma obra era enquadrada no licenciamento ambiental. O licenciamento é um
dos instrumentos de gestão ambiental estabelecido pela Lei federal n. 6.938, de 31 de agosto de
1981, também conhecida como Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Fepam, 2017).
O licenciamento ambiental visa minimizar danos ao meio ambiente e prever ações em caso de
desastres relacionados à implantação de determinadas atividades como mineração, construção de
rodovias e estradas. Além disso, para que essa proteção se efetive, estabeleceu-se que nos
licenciamentos ambientais seria produzida uma série de estudos de fauna, botânica, geologia,
arqueologia e socioeconômicos, que são enviados aos órgãos envolvidos no licenciamento
ambiental: Iphan, Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e Fundação Palmares, que emitem licenças
para a instalação da obra. São implantados Estudo de Impacto Ambiental (EIA), Relatório de
Impacto Ambiental (Rima) ou o Relatório Ambiental Simplificado (RAS) (Pereira, 2017, p. 109)
Além da resolução sobre o licenciamento ambiental, o principal instrumento da regulamentação
das normas do nosso país surgiu no final da década de 1980.
4.2 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
A Constituição de 1988 foi promulgada no processo de redemocratização do Brasil, após o período
da Ditadura Militar, e assegurou uma maior proteção aos bens arqueológicos, incluindo-os como
pertencentes à nação. “De modo que todo patrimônio brasileiro deva ser acessado e seu usufruto
pela população do país deve ser permitido sem restrições ou cerceamento de seu acesso” (Pereira,
2015).
O art. 216 da Constituição de 1988 promulga a definição de patrimônio cultural:
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: as formas de expressão;
os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos,
documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; os
conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico (Pereira, 2017, p. 113)
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O parágrafo 1.º desse artigo ainda ressalta que o poder público, com a colaboração da
comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários,
registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e
preservação. No parágrafo 5.º, ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de
reminiscências históricas dos antigos quilombos (Brasil, 1988a).
Nesse sentido, a Constituição de 1988 foi fundamental para fortalecer as definições de
patrimônio e garantir sua preservação, prevendo até punições para aqueles que provocarem
atentados contra o patrimônio.
TEMA 5 – ATENTADOS AO PATRIMÔNIO E REGULAMENTAÇÃO DA
PROFISSÃO DE ARQUEÓLOGO
Os relatos de danos ao patrimônio público são comuns, especialmente em razão de uma forma
equivocada de se pensar patrimônio público, como algo que está dissociado de nós. Essa forma de
pensar leva muitas vezes à depredação de bens materiais e imateriais e, de acordo com a
Constituição,podem ser alvo de punições.
5.1 CRIMES AO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO
A destruição, o tráfico ou a venda de material arqueológico são considerados crimes no Brasil,
conforme atesta o art. 216, parágrafo 4.º da Constituição de 1988, em que se identifica que os danos
e as ameaças ao patrimônio cultural serão punidos na forma da lei. As punições acarretadas por
infrações ao patrimônio cultural são importantes para alertar e mostrar que é direito e dever da
comunidade cuidar dos bens públicos e se apropriar deles, de modo que se tenha familiaridade e
proximidade com o patrimônio.
Tal medida visa aproximar a comunidade e também torná-la responsável, incluindo-a como
fiscalizadora dos bens. Isso faz-se necessário, por exemplo, em uma situação em que é identificada a
comercialização de bens arqueológicos, na qual a população pode e deve intervir, avisando às
autoridades, como o Iphan, do uso indevido de patrimônio da União.
A depredação do patrimônio público pode acarretar aos envolvidos punições penais conforme
indica o Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, art. 163: destruir, inutilizar
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ou deteriorar coisa alheia, acarreta em pena de detenção, de um a seis meses, ou multa (Brasil, 1940):
“III – contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de
serviços públicos” (Redação dada pela Lei n. 13.531/2017).
5.2 REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO DE ARQUEÓLOGO
A luta pela regulamentação da profissão começou em 1987, ou seja, durou mais de 30 anos, e
teve no artigo “A regulamentação da profissão de arqueólogo no Brasil: histórico de uma luta que
ainda não acabou”, de Tânia Andrade Lima (2000), um dos grandes manifestos pela defesa da
profissão.
A regulamentação da profissão ocorreu após diversas tentativas e propostas ao Senado Federal,
que promulgou no dia 18 de abril de 2018 a Lei 13.653, que “Dispõe sobre a regulamentação da
profissão de arqueólogo e dá outras providências”.
Nas disposições do capítulo II, art. 2.º, cabe destacar:
O exercício da profissão de arqueólogo é privativo: aos diplomados em bacharelado em
arqueologia por escolas oficiais; aos diplomados em arqueologia por escolas estrangeiras
reconhecidas pelas leis do país de origem; aos pós-graduados por escolas ou cursos devidamente
reconhecidos pelo Ministério da Educação, com área de concentração em arqueologia, com
dissertação de mestrado ou tese de doutorado sobre arqueologia e com pelo menos dois anos
consecutivos de atividades científicas próprias do campo profissional da arqueologia, devidamente
comprovadas (Brasil, 2018)
No art. 3.º estão listadas as atribuições do arqueólogo:
I – Planejar, organizar, administrar, dirigir e supervisionar as atividades de pesquisa arqueológica; II
– Identificar, registrar, prospectar e escavar sítios arqueológicos, bem como proceder ao seu
levantamento; III – Executar serviços de análise, classificação, interpretação e informação científicas
de interesse arqueológico; IV – Zelar pelo bom cumprimento da legislação que trata das atividades
de arqueologia no país; [...] IX – Orientar a realização, na área de arqueologia, de seminários,
colóquios, concursos e exposições de âmbito nacional ou internacional, fazendo-se neles
representar (Brasil, 2018)
NA PRÁTICA
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O conteúdo desta aula é bastante específico sobre a legislação que rege e ampara o trabalho a
ser desenvolvido nas pesquisas arqueológicas. À primeira vista, o campo legislativo pode parecer
distante da arqueologia, mas são assuntos que estão completamente imbricados e conectados já que
afetam direta ou indiretamente a população, em se tratando especialmente da preservação do
patrimônio cultural.
Recomendamos fazer o exercício de escolher um patrimônio cultural de sua cidade, justificar sua
escolha e contar a história de quando e por que esse bem recebeu esse título.
FINALIZANDO
Nesta aula, aprendemos que a legislação de proteção dos bens públicos soma positivamente
para educar a comunidade sobre o patrimônio e aproximá-la desse contexto. Além disso, as leis e os
decretos que foram instituídos no século XX determinaram a forma como é tratado o patrimônio e
como devem atuar os profissionais que trabalham para a sua preservação.
A determinação do que é ou não patrimônio cabe ao julgamento de uma instância superior, que
é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), mas é possível que a população se
mobilize e faça um pedido a essa instituição para tornar um patrimônio qualquer paisagem,
expressão cultural ou bem material que seja de interesse da sua comunidade, com vistas a que ela
possa se apropriar dos bens para melhor preservá-los.
REFERÊNCIAS
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1940.
_____. Decreto-Lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 31
dez. 1940.
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