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Conteudista: Prof.ª M.ª Marli dos Reis Revisão Textual: Prof.ª Esp. Lorena Garcia Aragão de Souza Objetivos da Unidade: Conhecer a história dos sistemas de captação e distribuição de água; Conhecer o processo de captação e distribuição de água e relacioná-lo às condições sanitárias favoráveis à saúde pública; Conhecer detalhadamente as etapas da captação; Conhecer o processo de tratamento, transporte e reservação; Conhecer os componentes da distribuição. Material Teórico Material Complementar Referências Captação e Distribuição de Água Introdução A palavra saneamento vem do latim Sanus; segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) “Saneamento é o gerenciamento ou controle dos fatores físicos que podem exercer efeitos nocivos ao homem, prejudicando seu bem-estar físico, mental e social.” (OMS, 2004 apud FUNASA, 2015, p. 10). Podemos dizer que essa definição é a que melhor traduz o conceito do saneamento, uma vez que não nomeia os fatores físicos que possam oferecer riscos ao homem, variando de acordo com fatores, como a época, a circunstância e a cultura. Se pensarmos nas civilizações desde a Pré-história, podemos concluir que as necessidades e as formas de sanear variam de acordo com a evolução da espécie humana. As civilizações primitivas eram nômades e alimentavam-se de caça, pesca e do cultivo de subsistência (PINSKY, 2011). Ao longo do tempo, as formas de organização social foram mudando, e constituíram-se as cidades, que vêm evoluindo e requisitando novos usos dos recursos naturais (PINSKY, 2011). A Revolução Industrial, iniciada em 1760, foi responsável por significativas mudanças culturais, sociais, comportamentais e ambientais em todo o mundo. O êxodo rural ocasionado pela intensa atividade migratória para os grandes centros, as novas formas de desenvolvimento da atividade produtiva, com mais velocidade e maior volume de 1 / 3 Material Teórico produção, foram responsáveis pelo aumento da geração de resíduos e de efluentes (IGLÉSIAS, 1990). Observa-se um grande aumento da população mundial a partir da revolução industrial: a população então contabilizada em 603 milhões de habitantes, passou para um bilhão, em 1850. O período após a segunda guerra mundial também se caracteriza por um grande aumento populacional. Em 1950, a população era contabilizada em 2,5 bilhões de habitantes, chegando a 6 bilhões no ano 2000. O desenvolvimento das ações de saneamento no Brasil ocorreu de forma muito lenta e quase sempre com um caráter corretivo, ou seja, motivado pelo abrandamento de alguma consequência. No entanto, as medidas sanitárias, juntamente com o desenvolvimento do programa de imunização, foram responsáveis pela redução da mortalidade infantil, pelo controle e pela redução de ocorrência de doenças infectocontagiosas relacionadas à higiene, causadas por vetores e veiculadas por meio hídrico. Conhecer a história do saneamento e os fatores que foram preponderantes para a formação do seu quadro atual é fundamental para que se consiga entender as dimensões da problemática que envolve a universalização do saneamento pactuada pelo Novo Marco Legal do Saneamento para 2033. Leitura Cronologia Histórica da Saúde Pública Esta Unidade se propõe a apresentar os sistemas de captação e Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Saneamento Básico As primeiras ações sanitárias que se tem registro na sociedade atual ocorreram na Europa, no período da “urbanização industrial”, no qual aconteceu rápida disseminação de doenças transmissíveis entre as pessoas e relacionadas às condições precárias de higiene. A saída encontrada para resolver esses problemas foi o saneamento, visto nessa época também como forma de melhorar o aspecto plástico das cidades. Dessa forma, as ações de saneamento iniciaram como modo de melhorar as condições de saúde, passando também ao desenvolvimento do planejamento urbano, de tal forma que, entre os anos de 1830 e 1875, passaram a ser vistos de forma indissociável (GUIMAR, 2015). Os primeiros registros no Brasil datam de 1561, no município do Rio de Janeiro, com a perfuração de um poço para abastecimento da cidade. A partir de então, foram estabelecidas pequenas ações individuais de saneamento voltadas principalmente ao abastecimento de água. No final do século XIX, os serviços de saneamento foram entregues a companhias estrangeiras, principalmente inglesas. O primeiro serviço de abastecimento de água encanada foi construído entre os anos de 1857 e 1877. Devido à má qualidade dos serviços prestados pelas empresas estrangeiras, o serviço foi estatizado, e a partir de 1940 surgiram as primeiras autarquias, sendo cobrados os serviços com a finalidade de mantê-los (BRASIL, 2015; BRASIL, 2007; MEJIA et al., 2003; MIGUELES et al., 2010). distribuição de água, que devem ser estudados conjuntamente com o conhecimento da realidade que eles pretendem transformar. Acesse o link e veja a cronologia histórica da saúde pública publicada pela Funasa. http://www.bit.ly/3j937YY Em 05 de janeiro de 2007, foi sancionada a Lei 11.445 – O Marco Legal do Saneamento, com as seguintes definições para o Saneamento Básico e Ambiental: Em junho de 2020, o senado aprovou o projeto de lei que define o chamado Novo Marco Legal do Saneamento. A Lei 14.023/2020, que atualiza a Lei 11.445/2007, define a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) como órgão regulador do saneamento e propõe mudanças com o objetivo de alcançar a universalização do saneamento no Brasil, fixando como prazo o ano de 2033, e como metas de atendimento para a universalização o percentual de 99% da população atendida com água potável e 90% com coleta e tratamento de esgotos até 2033. - BRASIL, 2007, n. p. - BRASIL, 2015, p. 18 “Art. 2º § I - Saneamento Básico: conjunto de serviços, infraestrutura e instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos e drenagem e manejo das águas pluviais.” “Saneamento Ambiental é um conjunto de ações que visam a salubridade ambiental, formadas por abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos, gerenciamento de resíduos sólidos, gasosos, drenagem urbana, controle de doenças transmissíveis e demais medidas.” O Marco Legal do Saneamento, em seu artigo 3°, define os serviços públicos de abastecimento de água: “Seção II Dos Serviços Públicos de Abastecimento de Água Art. 3º Consideram-se serviços públicos de abastecimento de água a sua distribuição mediante ligação predial, incluindo eventuais instrumentos de medição, bem como, quando vinculadas a esta finalidade, as seguintes atividades: I - reservação de água bruta; II - captação; III - adução de água bruta; IV - tratamento de água; V - adução de água tratada; [...] CAPÍTULO II DAS DEFINIÇÕES Art. 2º Para os fins deste Decreto, consideram-se: VI - reservação de água tratada. Sistema de Abastecimento de Água Segundo TSUTIYA (2006), ser atendido com abastecimento de água de qualidade e em quantidade compatíveis com as demandas, constitui uma das principais necessidades humanas. De acordo com BRASIL (2015), um sistema de abastecimento de água pode ser dimensionado e projetado para o atendimento de uma pequena comunidade ou grandes centros, da mesma forma, os seus ativos dependerão do tamanho da população a ser atendida, assim como de características topográficas, topológicas e climáticas. Os sistemas de abastecimento de água retiram a água da natureza (rios, córregos e lagos – naturais e/ou artificiais, aquíferos etc.) (BRASIL, 2015). Cronologia do Sistema de Abastecimento de Água (TSUTIYA, 2006) - BRASIL, 2007, n. p. A cidade de Knossos, na ilha de Creta, desenvolveu, por volta de 1700-1450 a.C., o primeiro sistema de transporte de água, que utilizava condutos circulares e distribuía água para a cidade e para o palácio em tubulações pressurizadas; Na região de Anatólia – Turquia, entre 2000 e 200 a.C., foi desenvolvido um sistema de abastecimento com tubulações, canais, túneis, sifões invertidos, aquedutos, reservatórios, cisternas e barragens; XXIV - sistema de abastecimento de água: instalação composta por conjunto de infraestruturas, obras civis, materiais e equipamentos, destinada à produção e à distribuição canalizada de água potável para populações, sob a responsabilidade do Poder Público.” Na cidade de Ephesus foi construído um sistema de abastecimento de 4 a 14 d.C., constituído por uma barragem, uma adutora e uma rede primária, toda com material cerâmico; Até o ano 100 d.C., os romanos construíram vários aquedutos com finalidade de trazer água de localidades mais distantes; alguns tinham escoamento livre em canais; Em 1237, foi construído em Londres o primeiro sistema de abastecimento de água tratada, utilizando-se tubos de chumbo; Em 1455, foi utilizada a primeira tubulação de ferro fundido na Alemanha; Em 1652, uma adutora de ferro fundido foi construída em Boston e em 1664, uma adutora de 22 km foi construída na França; Em 1754, foi construído o primeiro sistema de abastecimento de água dos EUA, no estado da Pennsylvania; No Brasil, a primeira cidade a ter sistema de abastecimento foi o Rio de Janeiro que, em 1561, teve o seu primeiro poço escavado por Estácio de Sá; Em 1673, foram iniciadas as obras de adução para a cidade, com construção do primeiro aqueduto em 1723; Em 1876, foi contratado o projeto para o primeiro sistema de abastecimento de água encanada do Rio de Janeiro; Em 1744, foi construído o primeiro chafariz público, e em 1746, foram construídas pequenas redes adutoras; Em 1842, foi elaborado o primeiro projeto de adução e distribuição de água encanada; Em 1881, foi realizado o primeiro estudo de perdas de água no abastecimento; no primeiro levantamento, a cidade Glasgow, na Escócia, apresentou índice de perdas de 77%; Concepção do Sistema de Abastecimento Para desenvolver um sistema de abastecimento de água, é preciso muito mais que a disponibilidade de água e a necessidade de atendimento de uma população (TSUTIYA, 2006). O processo de concepção de um sistema passa por várias etapas, como a identificação dos fatores que interferem no sistema, o diagnóstico do sistema existente (quando houver), o estabelecimento dos parâmetros básicos de projetos, o dimensionamento das unidades componentes do sistema, conhecer as características da população a ser atendida, dentre outras (BRASIL, 2015). Devem ser definidos vários cenários e a escolha do mais indicado deve ponderar entre as condições técnicas de execução, as variáveis econômicas e as variáveis ambientais (BRASIL, 2015; TSUTIYA, 2006). Componentes de um Sistema de Abastecimento de Água (TSUTIYA, 2006) Em 1950, o Brasil fez o primeiro levantamento de perdas, na cidade de Manaus, com índice de 70%. Manancial: pode ser um corpo hídrico superficial ou subterrâneo, natural ou artificial, que forneça a vazão necessária para atendimento à demanda de consumo da população que se pretende abastecer; Captação: conjunto de estruturas que possibilitam a extração de água do manancial; Estação Elevatória (EE): conjunto de equipamentos que possibilitam o recalque de água bruta ou tratada, vencendo cotas mais altas a jusante, de modo a atingir o próximo elemento do sistema; Adutora: tubulação de grande porte, com relação ao sistema, que realiza o transporte de água bruta ou tratada; nesse último caso, elas precedem as redes de distribuição; Estudo do Sistema de Abastecimento de Água Diagnóstico Para concepção do sistema de abastecimento de água, é imprescindível que se faça um diagnóstico preciso e realístico, de forma a garantir o melhor atendimento ao cliente e a operação do sistema. Nessa etapa, segundo BRASIL (2015) e TSUTIYA (2006), devem ser considerados os seguintes parâmetros: Estação de Tratamento de Água (ETA): sistema desenvolvido para purificação da água bruta, eliminando contaminantes e patógenos, adequando-a aos padrões de potabilidade definidos pelas Portarias; Reservatório: acondiciona a água tratada e garante o abastecimento da população pela regulação da pressão nas redes de distribuição; Redes de distribuição: constituem o último elemento do sistema de distribuição, antecedem o ramal predial e têm a função de levar a água tratada até o cliente; Setor de Abastecimento de Água: subdivisão do sistema de abastecimento definido por características topológicas e/ou topográficas, de forma a facilitar o abastecimento e a operação do sistema; Válvula Redutora de Pressão (VRP): equipamento responsável pela redução de pressões no setor de abastecimento; pode trabalhar com pressão fixa ou modulada, possibilita o acompanhamento remoto; Normas Técnicas para Projetos de Sistemas de Abastecimento de Água: NBR 12211, NBR 12212, NBR 12213, NBR 12214, NBR 12215, NBR 1216, NBR 12217 e NBR 12218. As características físicas, como mapa, vias, relevo e vegetação; Pré-dimensionamento das Unidades Componentes do Sistema Captação e Adução As diretrizes de uso e a ocupação do solo, como planos diretores, delimitação de áreas de proteção, contaminadas etc.; Aspectos socioeconômicos; Os sistemas e as infraestruturas existentes, índice de cobertura, licenciamento; Características de dimensionamento e atendimento: área a ser atendida, quantidade de população a ser atendida, regularidade de abastecimento, índice de perdas, características da água bruta a ser tratada, manejo e gerenciamento dos resíduos, consumo per capita e por economia; Levantamento e análise dos estudos existentes; Parâmetros de projeto: consumo per capita, coeficiente de variação das vazões K1, k2 e k3, coeficiente de demanda industrial, níveis de atendimento no período do projeto, horizonte de projeto; Demanda de água: análise do consumo nas categorias comercial, residencial, pública, industrial e especial; Cálculo das demandas: cálculo da demanda média, máxima diária e horária, considerando setor de abastecimento e sazonalidade; Estudo dos mananciais: estudo e levantamento hidrológico, uso de recursos hídricos na área de influência do setor de abastecimento, cota de inundação, características sanitárias e ambientais da bacia, condição da bacia a montante e a jusante, levantamento sanitário da bacia, tratabilidade das águas dos mananciais. A captação pode ser realizada em águas superficiais (rios, lagos, represas) que possuam capacidade de atendimento à vazão requerida, sem prejuízo do manancial, assim como da fauna e da flora da região. Pode também ser realizada em águas subterrâneas, normalmente por meio de furação de poços. Há necessidade de outorga para captação e uso da água, independentemente do tipo de manancial. O projeto de captação e adução deverá contemplar, além das condições de atendimento do manancial, como calha, vazão etc., também, os demais elementos necessários para que a água seja transportada até a ETA – EEA bruta, EEA tratada e adutoras de água bruta, adutoras de água tratada e reservatórios. A captação e o transporte da água bruta podem ser feitos por gravidade ou por linha de recalque, podendo o sistema ser misto. Os diâmetros e os materiais das tubulações devem ser definidos considerando as principais caraterísticas do sistema, a vazão de adução e a população a ser atendida. Figura 1 – Estação de tratamento Fonte: saaesp.sp.gov.br Estação de Tratamento de Água – ETA A ETA pode ser dimensionada para tratamento simplificado, convencional ou avançado, dependendo da classificação do manancial e também do uso a que se destina. A resolução CONAMA 357, de 2005, define parâmetros para enquadramento dos corpos hídricos de águas doces, salobras e salinas, ou seja, define classes com características específicas quanto ao uso possível e ao tipo de tratamento necessário (SIGRHSP, [20--]). “Resolução Conama 357 Classes de Qualidade das Águas Doces Superficiais (art. 4º) Classe Especial, águas destinadas a(o): Abastecimento para consumo humano, com desinfecção; Preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; Preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral. Classe 1, águas que podem ser destinadas a(o): Abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado; Proteção das comunidades aquáticas; Recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho), conforme CONAMA 274/00; - SIGRHSP, [20--], n. p., grifos nossos Irrigação de hortaliças consumidas cruas e de frutas (rente ao solo) e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; Proteção das comunidades aquáticas em terras Indígenas. Classe 2, águas que podem ser destinadas a(o): Abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional; Proteção das comunidades aquáticas; À recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho), conforme CONAMA 274/00; Irrigação de hortaliças e plantas frutíferas, parque e jardins e outros com os quais o público possa vir a ter contato direto; Aqüicultura e à atividade de pesca. Classe 3, águas que podem ser destinadas a(o): Abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado; Irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; Pesca amadora; Recreação de contato secundário; Dessedentação de animais. Classe 4, águas que podem ser destinadas à: Navegação; Harmonia paisagística. Tipos de Tratamento Simples desinfecção: cloração (processo de adição de cloro antes da distribuição). Simplificado: adição de cloro e flúor na água antes da distribuição à população. Convencional: a água bruta passa pelos processos de pré-cloração, pré-alcalinização, floculação, decantação, filtração, correção de PH, desinfecção (cloração) e fluoretação, antes de ser distribuída à população. Avançado: clarificador de contato, pré-oxidação, flotação, centrifugação e membranas filtrantes. Para definição do tratamento que será feito na ETA, é necessário o conhecimento da classe do manancial que se vai tratar (FINKELMAN; SILVA-JR; CARMARCIO, 2004). A ETA para o tratamento convencional é dimensionada considerando as etapas descritas na Figura 2: Figura 2 – Etapas da estação de tratamento de água convencional Fonte: Adaptada de SABESP, 2022 #ParaTodosVerem: A figura representa as etapas do tratamento de água bruta. No canto superior esquerdo da figura, existe um retângulo azul, no qual consta a inscrição – represa; esse retângulo está marcado com o número 1, indicando que é a primeira etapa do tratamento. Abaixo do retângulo consta a inscrição bombeamento, da qual parte uma seta vertical, apontada para baixo; a seta indica uma nova figura em formato cônico, com a inscrição número 2; ao lado direito da figura constam as palavras sulfato de alumínio, cal e cloro, que são os produtos químicos adicionados nessa etapa do tratamento. Dessa figura derivam duas linhas paralelas que dão a ideia de uma tubulação que se conecta com um retângulo horizontal; abaixo da figura 2 e ao centro, esse retângulo está dividido em três partes, numeradas com os algarismos 3, 4 e 5, sendo, respectivamente, as seguintes etapas do tratamento: floculação, decantação e filtração. Abaixo de cada parte do retângulo consta o nome da etapa que cada um representa. Na etapa de filtração, acima do retângulo, constam as inscrições carvão, areia e cascalho, indicando as camadas da composição do filtro. Da etapa filtração deriva uma seta horizontal no sentido da direita, numerada com o algarismo 6; abaixo da seta constam as inscrições cal, cloro e flúor, indicando que nessa etapa são adicionados esses produtos químicos. Essa seta se conecta a um retângulo azul numerado com o algarismo 7, alinhado horizontalmente ao retângulo anterior; nele, consta a inscrição Reservatório Água Final (ETA). Do canto superior direito desse retângulo deriva uma seta à direita, e acima dessa seta consta uma figura cônica que representa um reservatório elevado. Ao lado esquerdo da figura consta a inscrição reservatório dos bairros. Dessa figura deriva uma seta vertical com inclinação de 80 graus; acima da seta consta uma representação gráfica com várias figuras horizontais representando prédios, indicando que o final do processo de tratamento é o abastecimento. Fim da descrição. As etapas de pré-cloração e pré-alcalinização são opcionais, nem todas as ETAs são dimensionadas com elas. Na etapa de pré-cloração, é adicionado cloro na água bruta para facilitar a retirada de matéria orgânica e metais; na etapa de pré-alcalinização, é adicionada cal ou soda após a pré-cloração, para ajustar o PH aos valores necessários para as etapas vizinhas. A captação de águas profundas – poços, geralmente dispensa o tratamento, inclusive simplificado; as várias camadas permeáveis fazem a filtração da água, que devido à profundidade não oferece risco de contaminação. O dimensionamento dos reservatórios deve considerar no mínimo o consumo de 24 horas de dispêndio, a fim de minimizar os problemas de desabastecimento ocasionados por manutenções preventivas e/ou coletivas. Importante! Nas regiões litorâneas, principalmente do estado de São Paulo, é bastante comum a captação de manancial de Serra. Para esse caso, normalmente é necessário apenas um tratamento simplificado da água, com aplicação de cloro e flúor. Vídeo Como é Feito o Tratamento de Água Como é feito o TRATAMENTO DE ÁGUA #Boravê com Mari Fulfar… https://www.youtube.com/watch?v=cWBSF0VyiMI Reservação Os reservatórios são partes importantes do sistema e têm várias funções, como regularização de vazão – recebe vazão média constante fazendo a reservação nos momentos de menor consumo para suprir a demanda no horário de maior consumo; segurança no abastecimento – atende o abastecimento nos momentos de interrupções da adução; reserva de água para incêndio – supre vazões extras para combate a incêndios; e regularização de pressões – dependendo da localização do reservatório (TSUTIYA, 2006). Embora apresente várias vantagens, os reservatórios têm alto custo de implantação e dependem de disponibilidade de área em cota adequada, o que nem sempre é fácil de encontrar nos grandes centros e nos locais muito adensados. Os reservatórios devem ser dimensionados de forma a atender a demanda de consumo diária do setor de abastecimento; não devem ser construídos reservatórios com capacidade muito superior à do consumo diário, pois a água reservada sem circulação pode perder o desinfetante residual. Classificação dos Reservatórios Quando referimos à localização dos reservatórios no sistema de abastecimento, podemos ter reservatório de montante, de jusante e intermediário. O reservatório de montante é o primeiro elemento do sistema de distribuição (Figura 3). A partir dele podem sair adutoras que vão alimentar o sistema de distribuição ou adutoras que alimentam um outro reservatório, que pode ser de sobra ou de abastecimento de outro sistema. O reservatório de jusante (Figura 3) pode ser de passagem, trabalhando como sobra nos momentos no menor consumo, ou também pode estar localizado a jusante da área abastecida. O reservatório de posição intermediária fica intercalado no sistema e pode ter a função de equalizar pressões, ou mesmo de regular a transição do sistema de recalque para gravidade (TSUTIYA, 2006). Reservatórios a Montante e a Jusante do Sistema de Abastecimento Figura 3 – Reservatórios de montante e jusante Fonte: Adaptada de TSUTIYA, 2006, p. 341 #ParaTodosVerem: A figura representa os reservatórios a montante e a jusante do sistema de abastecimento, com a indicação das linhas piezométricas com e sem consumo, com relação à área abastecida. Lendo a figura da esquerda para a direita, existe um retângulo representando o reservatório a jusante; ao centro da figura, existe a localidade a ser abastecida, que é formada por onze retângulos de tamanhos diferentes, sendo três perfilados ao fundo, cinco à frente destes, dois menores à esquerda e um à direita, representando prédios e residências; à direita e alinhado verticalmente, considerando a base superior do primeiro retângulo, um pouco abaixo, existe um segundo retângulo azul, que representa o reservatório a jusante do sistema de abastecimento, em cota inferior ao reservatório de montante. A partir do canto superior direito do primeiro retângulo – reservatório de montante, derivam duas linhas tracejadas em azul; a primeira conectando-se ao canto superior esquerdo do segundo retângulo – reservatório a jusante, e a segunda formando um ângulo de 30 graus com relação à primeira linha, até o centro da figura, partindo dela uma terceira linha que se conecta ao canto superior esquerdo do segundo reservatório – reservatório a jusante. Essas três linhas representam a linha piezométrica entre os reservatórios e a localidade a ser abastecida, sendo a primeira linha piezométrica entre os dois reservatórios quando não há consumo, portanto, constante; e a segunda e a terceira linhas representam a linha piezométrica entre os reservatórios e a localidade a ser abastecida quando há consumo. Fim da descrição. Reservatório Elevado com Indicação das Linhas Piezométricas com e sem Consumo Figura 4 – Reservatório elevado Fonte: Adaptada de TSUTIYA, 2006, p. 339 #ParaTodosVerem: A figura representa o reservatório elevado com a indicação das linhas piezométricas com e sem consumo com relação à área abastecida. Lendo a figura da esquerda para a direita, existe um retângulo azul sobre duas hastes cruzadas, formando ângulo interno de 30 graus, indicando que o reservatório está elevado com relação ao nível do solo; sobre o retângulo azul está escrito reservatório elevado; a partir do canto superior direito do retângulo, derivam duas linhas tracejadas em azul; a primeira formando um ângulo de 5 graus com relação à face superior do retângulo – reservatório, e a segunda fazendo um ângulo de 20 graus com a primeira linha, que representa a linha piezométrica entre o reservatório e a localidade a ser abastecida; a segunda linha representa a linha piezométrica entre o reservatório e a localidade a ser abastecida quando há consumo. A localidade a ser abastecida está representada à direita da figura e é formada por onze retângulos de tamanhos diferentes, sendo três perfilados ao fundo, cinco à frente destes, dois menores à esquerda e um à direita, representando prédios e residências. Fim da descrição. Quanto à localização no terreno (Figura 5), o reservatório pode ser enterrado – quando fica localizado em cota inferior à do terreno; semienterrado – tem no mínimo um terço de sua cota total abaixo da cota do terreno; apoiado – cota de base é a mesma do terreno; elevado (Figura 4) – cota do terreno é menor que a cota de base do reservatório. A escolha pelo tipo de reservatório dependerá da cota piezométrica necessária para o abastecimento e/ou da área disponível para implantação do reservatório. Tipos de Reservatórios quanto à Localização no Terreno Figura 5 – Tipos de reservatórios Fonte: Adaptada de TSUTIYA, 2006, p. 344 #ParaTodosVerem: A figura representa os tipos de reservatório quanto à localização no terreno – tipos de localização dos reservatórios. Linha horizontal marrom que exemplifica a linha do terreno. Lendo a imagem da esquerda para a direita, temos quatro retângulos de cor azul, distribuídos horizontalmente na figura, que representam os reservatórios. O primeiro retângulo representa o reservatório enterrado e está localizado abaixo da linha marrom – que representa o terreno, demonstrando que está totalmente inserido dentro do solo, sem nenhuma parte à vista. O segundo retângulo representa o reservatório semienterrado e está com aproximadamente um terço da figura abaixo da linha marrom – terreno, representando que está parcialmente enterrado no solo; porém, tem uma parte, nesse caso, dois terços da altura da figura, que fica visível. O terceiro retângulo representa o reservatório apoiado e aparece sobre a linha marrom, indicando que fica totalmente exposto e apoiado sobre o solo. O quarto retângulo representa o reservatório elevado e está sobre duas hastes verticais cruzadas, formando ângulo interno de 30 graus; essas hastes encostam na linha marrom, indicando que sustentam o reservatório sobre o solo, deixando-o acima do nível do solo. Sobre cada um dos quatro retângulos estão escritos os respectivos nomes – reservatório enterrado, reservatório semienterrado, reservatório apoiado e reservatório elevado. Fim da descrição. Distribuição O sistema de distribuição é composto por adutoras de água tratada, redes primárias e redes de distribuição, além de elementos, como válvulas, Boosters e VRPs, que ajudam a regular as pressões nas redes e a garantir o atendimento com os parâmetros de pressão definidos pela Norma. Tipos de Rede A implantação de redes primárias dispostas em forma de anel favorece o controle e a equalização das pressões; seria a forma mais ideal de implantação, no entanto, nos grandes centros, locais de ocupações desordenadas, grande adensamento populacional e também nas localidades com topografia irregular, a implantação do sistema de anéis fica inviabilizada sobretudo devido à irregularidade das quadras e à variação altimétrica; na verdade, esses fatores inviabilizam qualquer padrão de implantação das redes. O ideal é evitar as pontas secas (redes em que a água não circula), pois pode acontecer a coloração da água (água suja) devido à deposição de materiais particulados. Os diâmetros e os materiais das redes serão definidos de acordo com a vazão requerida e as características do local a ser atendido. Para facilitar a operação do sistema, são criados setores de abastecimento e microzonas de manobra, definidos principalmente pela cartografia e pela topografia do terreno. Quando o setor tem cotas muito mais baixas que a cota do reservatório, há necessidade de implantação de uma Válvula Redutora de Pressão, como forma de reduzir e equalizar as pressões Rede primária: tem os maiores diâmetros do sistema e a função de abastecer as redes secundárias; Redes secundárias: têm diâmetros menores; delas derivam os ramais prediais, que abastecem diretamente os pontos de consumo (TSUTIYA, 2006). de abastecimento. Se as cotas do setor estiverem acima da cota do reservatório, será necessária a instalação de um sistema de recalque (booster) para equalização das pressões. É comum, em áreas com grande variação altimétrica, a implantação de áreas de booster dentro de área de VRP, quebrando as pressões gerais do setor e pressurizando somente nos locais de cotas mais altas, com cotas inferiores a 10 mca, após a implantação da VRP. Considerando que a pressão mínima que deve chegar no ponto de ligação é de 10 mca, deverá ser implantado um booster se as pressões nos sistemas ou em partes deles ficarem inferiores a esse valor. Abastecimento em Marcha O abastecimento em marcha ocorre quando o setor é abastecido diretamente pela adutora, ou seja, as redes primárias do setor derivam diretamente da adutora, sem passar por reservatório. Esse método deve ser evitado sempre que possível, porque a falta de reservação deixa o sistema muito frágil, interrompendo totalmente o abastecimento sempre que ocorrer algum problema na linha de adução. Importante! De acordo com a NBR 12218, de julho de 1994, as pressões mínimas e máximas nas redes de distribuição devem ficar entre 100 kPa e 500 kPa, que correspondem, respectivamente, a 10 mca e 50 mca. Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Um Novo Olhar sobre as Secas do Nordeste 2 / 3 Material Complementar Um novo olhar sobre as secas do Nordeste https://www.youtube.com/watch?v=IzT1xF4QaLA Tipos de Rede para Distribuição Leituras A Emergência das Doenças Emergentes e as Doenças Infecciosas Emergentes e Reemergentes no Brasil Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE A Ultrafiltração e sua Aplicabilidade na Área de Alimentos Clique no botão para conferir o conteúdo. Abastecimento de Água (Vídeo #8) - Tipos de Rede para Distribuiç… http://www.bit.ly/3Rau5fx https://www.youtube.com/watch?v=LB4DazbCxPs ACESSE http://www.bit.ly/3R870dg BRASIL. Agência Nacional de Águas. A História do Uso da Água no Brasil: do Descobrimento ao Século XX. Brasília - DF: Agência Nacional de Águas: 2007. Disponível em <http://historiadaagua.ana.gov.br/livro_historia_agua.pdf>. Acesso em 14/12/2022. ________. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico; cria o Comitê Interministerial de Saneamento Básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.666, de 21 de junho de 1993, e 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; e revoga a Lei nº 6.528, de 11 de maio de 1978. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 jan. 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/L11445compilado.htm>. Acesso em: 27/11/2022. ________. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de saneamento. 4. ed. Brasília: Funasa, 2015. FINKELMAN, J.; SILVA-JR, J. B. DA; CARMARCIO, V. Avaliação de impacto na saúde das ações de saneamento: Marco conceitual e estratégia metodológica. 1. ed. Brasília: 2004]. FUNASA. Manual do Saneamento. BMC Public Health, p. 165, 2015. GUIMAR, R. B. Saúde Fundamentos da Geografia Humana. 1. ed. São Paulo: 2015. IGLÉSIAS, F. A Revolucao industrial - parte 2. 10. ed. 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