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Captação e 
Distribuição de Água
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Me. Wilson Luis Italiano
Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
SAA, Saúde, Meio Ambiente e Educação
• Sistema de Abastecimento de Água, SAA;
• Saúde;
• Saneamento e Reforma Urbana;
• Educação.
 · Identificar as relações existentes entre saúde, ambiente e saneamento;
 · Compreender o saneamento, sobretudo o Sistema de Abastecimento 
de Água como fator fundamental à promoção de saúde pública e 
dignidade humana;
 · Compreender os benefícios gerados a partir das ações de saneamen-
to, sobretudo considerando a capacidade de enfrentamento das ad-
versidades e crises sociais, econômicas e ambientais.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
SAA, Saúde, Meio Ambiente e Educação
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE SAA, Saúde, Meio Ambiente e Educação
Sistema de Abastecimento de Água, SAA
Definição
O SAA é o assunto central de nossa disciplina. Por isso, seu estudo e compre-
ensão são imprescindíveis. Ao dominar informações relacionadas ao SAA, o aluno 
poderá discorrer com maior segurança sobre Captação e Distribuição de Água, pois 
ambas estão contidas no SAA. Para conceituação de SAA (consumo humano), utili-
zaremos a definição dada pela Lei 11.445/2007: abastecimento de água é um dos 
componentes do saneamento básico e engloba um conjunto de infraestruturas, obras 
civis, materiais e equipamentos, desde a zona de captação até as ligações prediais, 
destinado à produção e ao fornecimento coletivo de água potável, por meio de rede 
de distribuição. No geral é composto das seguintes unidades: captação, adução, 
tratamento, reservação, rede de distribuição, estações elevatórias e ramal predial.
Categorias
Quanto à modalidade de funcionamento, o abastecimento de água pode ser 
classificado em sistema de abastecimento de água e solução alternativa, este último 
subdivide-se em solução alternativa individual e coletiva. Quanto à abrangência de 
atendimento, o SAA pode ser classificado como individual e coletiva, conforme 
apresentado na Tabela 1 (FUNASA, 2015).
Tabela 1 – Categorias de instalações para o abastecimento de água
Modalidade de 
funcionamento
Abrangência do 
atendimento
Distribuição por rede Exemplo
Sistema de abastecimento Coletiva Distribuição por rede Sistema abastecedor de uma cidade
Solução alternativa
Coletiva Desprovida de rede Chafariz, lavanderia e/ou banheiro comunitário
Individual Desprovida de rede Poço raso individual
Fonte. FUNASA, 2015
Concepção
Concepção é o conjunto de estudos necessários à completa caracterização do 
SAA a ser projetado. É desenvolvida no início do projeto, a partir de arranjos quan-
titativos e qualitativos para cada uma das unidades do SAA. Tais estudos podem 
resultar soluções alternativas que analisadas a partir de critérios sociais, econômicos, 
ambientais, fornecerão aquela que será implantada, construída. Entre os fatores que 
condicionam a escolha da alternativa, destacam-se o tamanho da localidade, sua 
densidade, o manancial, condições topográficas, disponibilidade de energia elétrica, 
instalações existentes, características geológicas e geotécnicas (FUNASA, 2015).
8
9
Unidades do SAA
Um sistema de abastecimento compreende diversas unidades listadas a seguir e 
ilustradas na Figura 1.
• Captação e Tomada de Água;
• Adução e Subadução (de água bruta e de água tratada);
• Tratamento;
• Distribuição (redes distribuidoras);
• Estações elevatórias ou de recalque (de água bruta e água tratada).
Figura 1 – SAA
Fonte FUNASA, 2015
Projeto
Para implantação de um SAA, são necessários estudos e projetos para correta 
definição das obras a serem construídas.
Elementos Básicos
Deverão ser reunidas informações que permitam a sistematização de um perfeito 
diagnóstico. As mais importantes são:
a) Planta planialtimétrica e cadastral com curvas de metro em metro, em geral 
na escala 1:2000;
b) Informações sobre a economia local e regional;
c) Aspectos físicos da localidade: recursos hídricos (superficiais e subterrâneos); 
geologia, geomorfologia e hidrogeologia; clima e infraestrutura existente;
d) Demografia local e regional;
9
UNIDADE SAA, Saúde, Meio Ambiente e Educação
e) Áreas da localidade já atendidas por infraestruturas (água, esgoto, drenagem, 
coleta de lixo, sistema viário, energia elétrica);
f) Condições sanitárias da localidade;
g) Levantamento completo do SAA eventualmente existente, com a indicação 
da capacidade nominal de cada unidade constituinte;
h) Estudos populacionais para o horizonte de projeto baseados em informa-
ções disponíveis ou processos que permitam o enquadramento das variáveis 
no crescimento;
i) Determinação das características qualitativas e quantitativas dos mananciais 
disponíveis na região, possíveis de aproveitamento para SAA;
j) Volumes de água necessários (atual e futuro) considerando os diferentes 
consumos e eventuais aumento de consumos específicos.
Parâmetros de Projeto
Consumo
O consumo de água está atrelado a um conjunto de fatores da localidade a ser 
atendida, que variam entre cidades (e na zona rural) como também entre bairros de 
uma mesma cidade. Podem influenciar diretamente o consumo de água. De forma 
expedita, estes fatores estão assim resumidos: 1. Clima; 2. Padrão de consumo 
da população; 3. Hábitos da população; 4. Cobrança pelo uso da água (medição); 
5. Qualidade da água distribuída; 6. Valor da tarifa; 7. Pressões na rede de 
distribuição; 8. Consumos (residencial, comercial, industrial, público); 9. Perdas; 
10. Existência de rede de esgoto; 11. Tempo.
Em locais onde há medição mediante hidrômetros, o consumo é sensivelmente menor. Para 
saber mais sobre hidrômetros acesse: https://goo.gl/MNc5nyEx
pl
or
Tipos de Consumo
No abastecimento de uma localidade, devem ser consideradas diferentes formas 
de consumo (usos da água).
Tabela 2 – Tipos de Consumo (Usos) de Água
Usos Caracterização
Doméstico
Corresponde à utilização na área interna da edificação. Água usada para ingestão, higiene pessoal, 
preparo de alimentos, lavagem de roupa, lavagem de utensílios domésticos, descarga de vasos 
sanitários, higiene e limpeza em geral da moradia, rega de jardins, uso com animais de estimação, 
piscinas, lavagem de veículos.
Comercial
Consumo bastante heterogêneo e depende do tipo e porte do comércio, como: bares, padarias, 
restaurantes, lanchonetes, hospitais, hotéis, postos de gasolina, lava-rápidos,clubes, lojas, prédios 
comerciais, shopping center.
10
11
Usos Caracterização
Industrial
Bastante heterogêneo, variando de pequenas indústrias artesanais até grandes consumidores de 
água como as indústrias de bebida. Pode ser classificado em 5 grupos: 1. Humano; 2. Doméstico; 3. 
Incorporado ao Produto; 4. Processo de Produção; 5. Perdas.
Público
Parcela de água utilizada na irrigação de parques e jardins, lavagem de ruas e passeios, edifícios e 
sanitários de uso público, fontes ornamentais, piscinas públicas, chafarizes e torneiras públicas, combate 
a incêndios, limpeza de coletores de esgotos, entre outros. De um modo geral, os consumos públicos são 
de difícil mensuração e cada caso deve ser particularmente estudado.
Especial Combate a incêndios, instalações desportivas, ferrovias (se metropolitanos), portos e aeroportos, estações rodoviárias.
Perdas
Diferença de água que entra no sistema e o consumo autorizado ou ainda, água que é captada ou 
importada que não foi fornecida para os usuários diversos de forma autorizada, exportada ou utilizada 
no combate a incêndios, são perdas. São divididas em perdas reais e perdas aparentes. As perdas reais 
são as perdas físicas de água que ocorrem desde o momento da retirada do manancial (ou importada) 
até a ligação predial. Estão incluídos os vazamentos. As perdas aparentes estão associadas às imprecisões 
de medição e ao consumo não autorizado (furtos).
Fonte. FUNASA, 2015
Definição de perdas conforme a Associação Internacional da Água.
Segundo a IWA (Associação Internacional da Água), definem-se perdas como “toda
perda real ou aparente de água ou todo o consumo não autorizado que determina aumento
do custo de funcionamento ou que impeça a realização plena da receita operacional”.
Em suma, o indicador de perda pode ser assim representado:
O volume de entrada e o consumo autorizado são extraídos do Balanço Hídrico da
IWA, conforme figura a seguir:
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Consumo 
autorizado 
faturado
Consumo medido faturado
Água
faturada
Consumo medido não faturado
Consumo medido não faturado
Consumo não medido não faturado
Consumo não autorizado
Vazamento e extravasamento 
em reservatórios
Vazamento em 
adutoras e redes
Vazamento em ramais
Imprecisão de medição
Consumo 
autorizado 
não faturado
Perdas aparentes
Perdas reaisPe
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Figura 2
Fonte: FUNASA, 2014
Ex
pl
or
Consumo per capita
O consumo per capita (água consumida por uma pessoa durante um dia) corres-
ponde à média dos volumes diários consumidos durante um ano (período mínimo). 
Normalmente é expresso em litros por habitante e por dia (L/hab x dia).
11
UNIDADE SAA, Saúde, Meio Ambiente e Educação
Variações de Consumo
Vimos que a quantidade de água (consumo) é função de vários fatores. Esses 
fatores, no tempo, promovem variações de consumo significativas e podem ser 
anuais, mensais, diárias, horárias e instantâneas. No projeto de um SAA, são 
consideradas no cálculo dos volumes (consumos) as seguintes variações:
• Variações Anuais: O consumo per capita tende a aumentar com o passar do 
tempo e com o crescimento populacional;
• Variações Mensais: As variações climáticas promovem uma variação mensal 
do consumo. Quanto mais quente e seco for o clima, maior tende a ser o 
consumo verificado;
• Variações Diárias: Ao longo do ano, haverá um dia em que se verifica o 
maior consumo. É utilizado o coeficiente do dia de maior consumo (k1), que 
é obtido da relação entre o máximo consumo diário verificado no período de 
um ano e o consumo médio diário. O valor usualmente adotado por norma no 
Brasil para k1 é 1,20;
• Variações horárias: Ao longo do dia verificam-se valores distintos de “picos” 
de vazões horárias. Entretanto, haverá uma determinada hora do dia em que 
a vazão de consumo será máxima. É utilizado o coeficiente da hora de maior 
consumo (k2), que é a relação entre o máximo consumo horário verificado 
no dia de maior consumo e o consumo médio horário do dia de maior 
consumo. O consumo é maior nos horários de refeições e menores no início 
da madrugada. O coeficiente k1 é utilizado no cálculo de todas as unidades do 
sistema, enquanto k2 é usado no dimensionamento da rede de distribuição. O 
valor usualmente adotado por norma no Brasil para k2 é 1,50.
Alcance do Projeto
O dimensionamento racional de cada uma das unidades do SAA deve considerar 
o período futuro de alcance do sistema e não apenas a realidade presente. A este 
período de tempo dá-se o nome de período do projeto ou alcance do projeto, ou 
ainda, horizonte do projeto. O alcance pode ser previsto de uma maneira global 
ou individualizado por unidade do sistema. Dependendo dos estudos e do porte do 
empreendimento, costuma situar-se na faixa entre 10 a 30 anos, sendo comum 
adotar-se o período de 20 anos.
Populações
As populações consideradas num projeto de SAA influem diretamente seu di-
mensionamento. As populações podem ser divididas em:
• População Residente: Formada pelas pessoas que têm o domicílio como 
residência habitual;
12
13
• População Flutuante: Proveniente de outras comunidades, transfere-se oca-
sionalmente para a área considerada, impondo ao sistema de abastecimento 
de água consumo unitário similar ao da população residente. A população 
flutuante é relevante na caracterização do consumo e deve ser estimada no 
planejamento e projeto do sistema de abastecimento de água;
• População Temporária: Proveniente de outras comunidades ou de outras 
áreas da comunidade em estudo, que se transfere para a área de abastecimento, 
impondo ao sistema consumo unitário inferior ao atribuído à população, 
enquanto presente na área, e em função das atividades que lá exerce.
Projeções Populacionais
Sendo um SAA projetado para um determinado horizonte, é necessário verificar 
as populações das localidades para este horizonte. Há vários métodos para projetar 
as populações futuras.
Destacam-se o método dos componentes demográficos (que considera como 
variáveis a fecundidade, mortalidade e migração), os métodos matemáticos (em 
que as previsões são estabelecidas através de equações) e método de extrapolação 
gráfica (que consiste no traçado de uma curva ajustada a dados já observados em 
outras localidades semelhantes à estudada, porém, maior).
A Tabela 3 apresenta a equações utilizadas pelos métodos aritméticos (pressupõe 
uma taxa de crescimento constante, a partir de dados populacionais conhecidos, 
mais adequado para períodos de 1 a 5 anos), geométrico (considera o crescimento 
populacional função da população de cada instante) e da curva logística.
Tabela 3 – Métodos matemáticos utilizados na projeção populacional
Método Fórmula da Projeção Coeficiente
Projeção aritmética P P K t tt a� � � �0 0( ) K
P P
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2 0
2 0
Projeção geométrica
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ou
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K
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Crescimento logístico P
P
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[
( )
( )
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Onde:
P0, P1, P2 = populações nos anos t0, t1, t2
Pt = população estimada no ano t (hab)
Ps = população de saturação (hab)
Ka, Kg, K1, i, c = coeficientes
Fonte: FUNASA, 2015
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UNIDADE SAA, Saúde, Meio Ambiente e Educação
Volume de Água Necessário
Diante dos parâmetros e conceitos expostos, verifica-se que para o dimensio-
namento das diversas unidades de um SAA é necessário estabelecer as vazões 
apresentadas na Tabela 4.
Tabela 4 – Vazões para Dimensionamento
Vazões (Q) Parâmetros Unidade
QMé dia
Pxq
=
3600xH
Q Vazão média L/s
P População a ser considerada no projeto Habitantes
q Consumo per capita L/hab x dia
H Nº de horas de funcionamento do sistema
Q
Pxqxk
1
1
3600
=
xH
Q1 Vazão do dia de maior consumo L/s
P Populaçãoa ser considerada no projeto Habitantes
q Consumo per capita L/hab x dia
H Nº de horas de funcionamento do sistema
k1 Coeficiente do dia de maior consumo
Q
Pxqxk xk
2
1 2
3600
=
xH
Q1 Vazão do dia de maior consumo na hora de maior demanda L/s
P População a ser considerada no projeto Habitantes
q Consumo per capita L/hab x dia
H Nº de horas de funcionamento do sistema
k1 Coeficiente do dia de maior consumo
k2 Coeficiente da hora de maior consumo
Fonte: NETTO; ALVAREZ, 1987
A Figura 3 ilustra esquematicamente a aplicação dos coeficientes de variação 
do consumo no dimensionamento das diversas unidades de um SAA.
K1
K1
K1 K1
K1 e K2
Figura 3 – Esquema de um SAA mostrando a aplicação dos coeficientes de variação 
do consumo (K1 e K2) no dimensionamento das unidades
Fonte: Adaptado de funasa.gov
14
15
Importante!
Sobre o acréscimo de 3% na vazão da ETA.
Importante!
Assista ao vídeo, nele você poderá consolidar os conhecimentos sobre vazões de dimen-
sionamento. Disponível em: https://youtu.be/2UPXVFEoN5wEx
pl
or
Saúde
Déficit em Saneamento
O PLANSAB, para efeito de caracterização do déficit em abastecimento de água 
potável, esgotamento sanitário e manejo de resíduos sólidos, desenvolveu o mo-
delo conceitual exposto na Figura 4 (PLANSAB, 2013).
População
total
População
com oferta
de serviço
coletivo
População que 
usa o serviço
coletivo
População que 
usa solução
sanitária
individual
População que 
não usa o
serviço coletivo
População que tem
solução sanitária
adequada
(Atendimento
adequado)
População que tem
solução sanitária precária
(Atendimento
precário)
População que recebe
serviço com qualidade
(Atendimento
adequado)
População que recebe
serviço com
qualidade inadequada
(Atendimento
precário)
População
sem oferta
de serviço
coletivo
População
sem solução
sanitária (Sem
atendimento)
Figura 4 – Conceito de deficit em saneamento básico adotado no PLANSAB
Fonte. PLANSAB, 2013
15
UNIDADE SAA, Saúde, Meio Ambiente e Educação
A partir deste conceito, o PLANSAB traz, conforme Tabela 5, a caracterização 
adotada para atendimento e déficit, para os quais as situações que caracterizam o 
atendimento precário foram entendidas como déficit, pois, embora não impeçam 
o acesso ao serviço, ele é ofertado em condições insatisfatórias ou provisórias, 
potencialmente comprometedoras da saúde humana e da qualidade do ambiente 
domiciliar e do seu entorno (PLANSAB, 2013).
Tabela 5 – Caracterização do atendimento e do déficit de acesso ao abastecimento 
de água, esgotamento sanitário e manejo de resíduos sólidos
Componente (1)
Atendimento 
Adequado
Deficit
Atendimento precário Sem atendimento
Abastecimento de água
Fornecimento de água 
potável por rede de 
distribuição ou por poço, 
nascente ou cisterna, 
com canalização interna, 
em qualquer caso sem 
intermitências (paralisações 
ou interrupções).
• Dentre o conjunto com 
fornecimento de água por 
rede e poço ou nascente, a 
parcela de domicílios que:
– Não possui canalização 
interna;
– recebe água fora dos 
padrões de potabilidade; 
– tem intermitência 
prolongada ou 
racionamentos.
• Uso de cisterna para água 
de chuva, que forneça água 
sem segurança sanitária 
e, ou, em quantidade 
insuficiente para a proteção 
à saúde.
• Uso de reservatório 
abastecido por carro pipa.
Todas as situações
não enquadradas
nas definições de
atendimento e que
se constituem em
práticas consideradas
inadequadas (3)
Esgotamento sanitário
• Coleta de esgotos, seguida 
de tratamento;
• Uso de fossa séptica (2).
• Coleta de esgotos, não 
seguida de tratamento;
• Uso de fossa rudimentar
Manejo de Resíduos sólidos
• Coleta direta, na área 
urbana, com frequência 
diária ou em dias alternados 
e destinação final 
ambientalmente adequada 
dos resíduos;
• Coleta direta ou indireta, na 
área rural, e destinação final 
ambientalmente adequada 
dos resíduos.
Dentre o conjunto com 
coleta, a parcela de 
domicílios que se encontram 
em pelo menos uma das 
seguintes situações:
• na área urbana, com coleta 
indireta ou com coleta direta, 
cuja frequência não seja pelo 
menos em dias alternados;
• destinação final 
ambientalmente inadequada.
(1) Em função de suas particularidades, o componente drenagem e manejo de águas pluviais urbanas teve abordagem distinta.
(2) Por “fossa séptica” pressupõe-se a “fossa séptica sucedida por pós-tratamento ou unidade de disposição final, 
adequadamente projetados e construídos”.
(3) A exemplo de ausência de banheiro ou sanitário; coleta de água em cursos de água ou poços a longa distância; lançamento 
direto de esgoto em valas, rio, lago, mar ou outra forma pela unidade domiciliar; coleta indireta de resíduos sólidos em área 
urbana; ausência de coleta, com resíduos queimados ou enterrados, jogados em terreno baldio, logradouro, rio, lago ou mar ou 
outro destino pela unidade domiciliar.
Fonte. PLANSAB, 2013
A partir do conceito e caracterização do déficit, o PLANSAB apresenta uma 
visão da situação do saneamento básico no Brasil conforme Tabela 6.
16
17
Tabela 6 – Atendimento e deficit por componente do saneamento básico no Brasil, 2010
Componente
Atendimento adequado
Deficit
Atendimento precário Sem atendimento
(x 1.000 hab) % (x 1.000 hab) % (x 1.000 hab) %
Abastecimento de água 112.497 (1) 59,4 64.160 33,9 12.810 6,8
Esgotamento sanitário 75.369 (2) (3) 39,7 96.241 50,7 18.180 9,6
Manejo de resíduos sólidos 111.220 (4) 58,6 51.690 (5) 27,2 26.880 14,2
Fontes: Censo Demográfico (IBGE, 2011), SNIS (SNSA/MCidades, 2010), PNSB (IBGE, 2008).
(1) Corresponde à população atendida pelas soluções expostas na Tab. 4.1, subtraída da proporção de moradias atingidas por 
paralisação ou interrupção em 2010. Uma vez que os dados sobre desconformidade da qualidade da água consumida não permitem 
estimar a população atingida, adicionalmente àquela que enfrenta intermitência, foi assumido que a dedução para paralisações e 
interrupções já abrangeria o contingente com qualidade da água insatisfatória, para todas as formas de abastecimento.
(2) As bases de informações do IBGE adotam a categoria “rede geral de esgoto ou pluvial” e, portanto, os valores apresentados 
incluem o lançamento em redes de águas pluviais.
(3) Embora, para efeito de conceituação do atendimento, as fossas sépticas tenham sido consideradas como solução adequada, 
para a estimativa de investimentos o número de fossas sépticas existentes não pode ser considerado integralmente 
aproveitável para a população a ser futuramente atendida. Por um lado, apesar de significativa mudança no número de fossas 
sépticas enumeradas pelo Censo Demográfico de 2010, observando-se uma redução relativa desta categoria em relação 
ao Censo Demográfico de 2000, infere-se que ainda há problemas de classificação indevida, denominando-se de fossas 
sépticas diferentes tipos de fossas precárias, devido a dificuldades inerentes aos levantamentos de campo, que necessitam 
ser aprimorados. Por outro, domicílios atendidos por fossas sépticas adequadas podem passar a contar com rede coletora de 
esgotos no futuro, podendo conduzir a que essas fossas sejam desativadas ou tenham seu efluente lançado nesta rede.
(4) Não se deduziu, do atendimento adequado, a população atendida com frequência de coleta inferior a dias alternados, em função 
da inexistência de tais informações no Censo 2010 e da limitação das informações da PNSB. Como destinação final ambientalmente 
adequada foram considerados os volumes de resíduos sólidos destinados às seguintes unidades: aterro sanitário, aterro controlado 
em municípios com até 20.000 habitantes, estação de compostagem, estação de triagem e incineração.
(5) Considerou-se destinação final ambientalmente inadequada a destinação em vazadouro a céu aberto e em aterros 
controlados, nesse caso em municípios com população superior a 20.000 habitantes.
Fonte. PLANSAB, 2013
Importante para nossa disciplina é relacionar que aproximadamente 41% da popu-
lação brasileira (cerca de 80 milhões de pessoas), em termos de abastecimentode 
água, podem ter suas condições de saúde impactadas pelo não atendimento adequado.
Assista aos vídeos (constantes do material complementar) disponíveis em:
 https://youtu.be/il8iFOY5GOg e https://youtu.be/Bz6C9MWfeQQ
Ex
pl
or
Tabela 7 – Doenças relacionadas com o abastecimento de água
Grupo de 
Doenças
Forma de transmissão
Principais doenças e 
agente etiológico
Formas de prevenção
(A) Doenças 
diarréicas e 
verminoses
Ingestão de água com 
contaminantes, má higiene 
dos alimentos e a forma de 
tratamento dos dejetos.
Cólera (Vibrio cholerae)
Giardíase (Giardia lamblia)
Criptosporidíase 
(Cryptosporidium parvum)
Febre tifoide (Salmonella typhi)
Febre paratifoide (Salmonella 
paratyphi dos tipos “A”, “B” ou “C”)
Amebíase (Entamoeba histolytica)
Hepatite infecciosa (vírus: “A” e “B”)
Ascaridíase (Ascaris lumbricoides)
A educação sanitária, o 
saneamento e a melhoria 
do estado nutricional dos 
indivíduos.
Implantar sistema de 
abastecimento e tratamento 
da água, com fornecimento em 
quantidade e qualidade para uso 
e consumo humano. 
Proteção de contaminação dos 
mananciais e fontes de água.
17
UNIDADE SAA, Saúde, Meio Ambiente e Educação
Grupo de 
Doenças
Forma de transmissão
Principais doenças e 
agente etiológico
Formas de prevenção
(B) Doenças 
da pele
Relacionadas com os hábitos 
de higiene.
Impetigo (Staphylococcus aureus)
Dermatofitose e micoses (fungos dos 
gêneros Trychophyton, Microsporum e 
Epidermophyton)
Escabiose (Sarcoptes scabiei)
Piodermite (Sarcoptes scabiei)
Não permitir banhos de 
banheira, piscina ou de mar.
Lavar frequentemente as mãos 
com água e sabão.
(C) Doenças 
dos olhos
A falta de água e a higiene 
pessoal insuficiente criam 
condições favoráveis a sua 
disseminação.
Conjuntivites (vírus e bactérias)
Evitar aglomerações ou 
frequentar piscinas de 
academias ou clubes e praias.
Lavar com frequência o rosto 
e as mãos, uma vez que estas 
são veículos importantes para a 
transmissão de micro- 
-organismos patogênicos.
(D) Transmitidas 
por vetores
As doenças são propagadas 
por insetos cujos ciclos 
possuem uma fase aquática.
Malária (Plasmodium vivax, P. 
falciparum ,P. malariae)
Dengue (DENV 1, 2, 3 e 4)
Febre amarela (vírus do gênero 
Flavivirus)
Filariose (Wuchereria bancrofti)
Eliminar os criadouros de vetores 
com inspeção sistemática e 
medidas de controle (drenagem, 
aterro e outros).
Dar destinação final adequada 
aus resíduos sólidos.
(E) Associada 
à água
O agente etiológico penetra 
pela pele ou é ingerido.
Esquistossomose 
(Schistosoma mansoni)
Leptospirose (Bactéria 
do gênero Leptospira)
Evitar o contato com águas 
infectadas. 
Proteger mananciais.
Adotar medidas adequadas para 
disposição do esgoto.
Combate do hospedeiro 
intermediário.
Cuidados com a água para 
consumo humano.
Cuidados com a higiene, 
remoção e destino, adequados 
de dejetos.
Fonte. Funasa, 2015
Assista ao vídeo (constantes do material complementar) disponível em:
https://youtu.be/USu2rWUnoXw
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Internações
Os resultados apontam para números alarmantes. No Brasil, ainda ocorrem 
cerca de 340 mil internações por doenças infecciosas associadas à falta de sane-
amento, com mais de 2 mil mortes (dados de 2013). O desdobramento econô-
mico é imediato: além do gasto com a saúde, o trabalhador que adoece se afasta 
do trabalho, comprometendo sua produtividade. As análises estatísticas realizadas 
evidenciaram que o acesso à rede geral de coleta de esgoto e à água tratada pode 
elevar a renda de um trabalhador em mais de 14%. No caso de crianças e adoles-
centes, a doença causa o afastamento da escola, com efeito expressivo sobre seu 
desempenho escolar (TRATA BRASIL).
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Saneamento e Reforma Urbana
Aspecto determinante de nossa realidade (que reafirma a necessidade da Reforma 
Urbana) diz respeito à especulação imobiliária. Tem como resultado a expansão 
descontrolada das metrópoles no Brasil (que fornece um modelo para as demais 
cidades) e que acentua os problemas ambientais de saneamento. Seus interesses 
são dominantes no Congresso Nacional e isso tem a ver com financiamento de 
campanha. (MARICATO, 2016).
Reforma Urbana é direito à cidade. É a democracia urbana. É a antibarbárie. É a luta 
de classes reconhecida nas cidades enquanto palco de relações sociais, mas também 
por meio das cidades enquanto produto e mercadoria que envolve exploração, mais-
valia e alienação (MARICATO, 2016).
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Veja mais sobre Reforma Urbana em: https://bityl.co/BgAd
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A impiedosa especulação imobiliária é um dos fatores responsáveis pela expulsão 
de milhões de moradores pobres da cidade para as periferias e para as favelas. Esta 
população fica sujeita às inundações, deslizamentos e a todo tipo de risco, levando-
-os à graves doenças, inclusive ligadas a falta de saneamento básico (AZEREDO; 
MOTTA, 2011).
Importante!
A proposta de reforma urbana fundamentava-se na reforma fundiária. Entretanto, a 
função social da propriedade ficou apenas no papel (mesmo que este papel sejam a 
Constituição Federal e a Lei Federal Nº 10.257/2001 - Estatuto da Cidade). Dois aspectos 
políticos contribuíram para a derrota da utopia da reforma urbana (além da conjuntura 
capitalista internacional): primeiro, as forças que propuseram a reforma urbana foram 
engolidas pela institucionalidade, bem como partidos de esquerda, que perderam 
sua capacidade transformadora; segundo, o financiamento das campanhas eleitorais, 
especialmente na escala local, está imbricado com as forças que têm nas cidades seu 
grande negócio (MARICATO, 2016).
Importante!
Outro aspecto do desastre ambiental, decorrente desse predatório padrão de 
uso e ocupação do solo, é a contínua impermeabilização da superfície da terra, 
incluindo o tamponamento de córregos, que acarretam frequentes enchentes, 
poluição do ar e expansão horizontal desmedida, reforçando a dependência em 
relação ao automóvel (MARICATO, 2016).
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UNIDADE SAA, Saúde, Meio Ambiente e Educação
Sobre Saneamento, Reforma Urbana, Uso e Ocupação do Solo, Especulação Imobiliária. 
Assista ao vídeo disponível em: https://youtu.be/3GWk7UMIAHoEx
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Importante!
A questão do saneamento é fundamental e básica nessa discussão sobre o combate 
à malária, febre amarela, dengue e à febre do zika e do chikungunya. Em São Paulo, 
aproximadamente 2 milhões de pessoas moram em Áreas de Proteção de Mananciais. 
Isso não se dá pela ausência de legislação ambiental ou urbanística e sim por não 
interessarem ao mercado imobiliário em virtude da legislação proibitiva. São as áreas 
que sobram para os que não têm lugar na cidade formal: áreas de proteção ambiental e 
áreas de risco de desmoronamento (MARICATO, 2016).
Importante!
Educação
Moradores de áreas sem acesso à rede de distribuição de água e de coleta de 
esgotos têm um aumento do atraso escolar, ou seja, uma escolaridade menor 
significa uma perda de produtividade e de remuneração das gerações futuras. 
Somente o custo desse atraso escolar devido à falta de saneamento alcançou 
R$ 16,6 bilhões em 2015.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Combate à febre amarela exige investimento em infraestrutura sanitária (artigo)
https://goo.gl/ikNTwp
 Vídeos
Seminário Privatização é a Alternativa Parte 1
https://youtu.be/ooy80hZdpr8
Seminário Privatização é a Alternativa Parte 2
https://youtu.be/6YaS-ZE0hiM
Seminário Privatização é a Alternativa Parte 3
https://youtu.be/Z1Kfgjof9g4
 Leitura
Benefícios Econômicos e Sociais da Expansão do Saneamento no Brasil (Estudo)
https://goo.gl/1y35mx
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UNIDADE SAA, Saúde, Meio Ambiente e Educação
Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de Saneamento 
/ Ministério da Saúde, Fundação Nacional de Saúde. – 4. ed. – Brasília: Funasa, 
2015. 642 p.
NETTO, José M. de Azevedo; ALVAREZ, Guilhermo Acosta. Manual de 
Hidráulica. 7. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1986. 2 v.
Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde.Redução de perdas em 
sistemas de abastecimento de água / Ministério da Saúde, Fundação Nacional de 
Saúde. 2. ed. – Brasília: Funasa, 2014. 172 p.
BRASIL. Ministério das Cidades. Ministério (Org.). Plano Nacional de Saneamento 
Básico: PLANSAB. 2013. Disponível em: <http://www.cidades.gov.br/images/
stories/ArquivosSNSA/PlanSaB/plansab_texto_editado_para_download.pdf>. 
Acesso em: 24/jan/2013. BRASIL (PLANSAB, 2013).
AZEREDO, Margareth A. de; MOTTA, Ana Lucia Torres Seroa da. SANEAMENTO 
– Uma análise sobre a expansão urbana da cidade do Rio de Janeiro e a 
demanda por serviços de saneamento básico. 2011. Disponível em: <https://
revistainternacionaldoconhecimento.wordpress.com/2011/01/06/saneamento-
uma-anlise-sobre-a-expanso-urbana-da-cidade-do-rio-de-janeiro-e-a-demanda-por-
servios-de-saneamento-bsico-por-margareth-a-de-azeredo-et-al/>. Acesso em: 23/
fev/2018.
MARICATO, Ermínia. Saneamento básico é fundamental no combate ao 
mosquito da dengue. 2016. Disponível em: <http://www.redebrasilatual.com.
br/saude/2016/02/saneamento-basico-e-fundamental-no-combate-ao-mosquito-
da-dengue-4364.html>. Acesso em: 23/fev/2016.
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