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Mariza - Tics e juventude de Quicé - 2019

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ASSOCIAÇÃO REGIONAL DA ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA DO SERTÃO 
ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA DO SERTÃO 
CURSO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM 
AGROPECUÁRIA INTEGRADO AO ENSINO MÉDIO 
 
 
 
 
 
 
 
AS TICs CHEGARAM NO CAMPO: IMPLICAÇÕES DO USO DAS REDES 
SOCIAIS NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL, EDUCATIVO E CULTURAL DA 
JUVENTUDE DA COMUNIDADE DE QUICÉ, SENHOR DO BONFIM, BAHIA 
 
 
 
 
 
MARIZA AMÉRICA DA MOTA DANTAS 
 
 
 
 
 
 
 
Monte Santo – BA 
2019 
 
 
 
MARIZA AMÉRICA DA MOTA DANTAS 
 
 
 
 
AS TICs CHEGARAM NO CAMPO: IMPLICAÇÕES DO USO DAS REDES 
SOCIAIS NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL, EDUCATIVO E CULTURAL DA 
JUVENTUDE DA COMUNIDADE DE QUICÉ, SENHOR DO BONFIM, BAHIA 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado à 
Escola Família Agrícola do Sertão, como pré-
requisito para aprovação no Curso De Educação 
Profissional Técnica De Nível Médio em 
Agropecuária Integrado A Ensino Médio, sob 
orientação do Monitor Gabriel Troilo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monte Santo – BA 
2019 
 
 
RESUMO 
Com a chegada da globalização os meios de comunicação evoluíram, tornando a vida 
social e educativa dos seres humanos mais interativa. Contudo toda esta tecnologia 
que aproxima pessoas promovendo o relacionamento social virtual causou 
acomodação, abrindo espaço para os prejuízos gerados por elas. Para avaliar e 
compreender tais prejuízos foi realizado um trabalho de pesquisa com o objetivo de 
investigar junto aos jovens da comunidade de Quicé quais as implicações positivas e 
negativas do uso das TICs, no que abrange suas relações interpessoais e o 
desenvolvimento educativo e cultural; avaliar as potencialidades e prejuízos gerados 
pelo uso das TICs na vida social dos jovens por meio de diálogo com pais ou 
responsáveis por estes; avaliar as implicações do uso das TICs para o aprendizado e 
formação escolar dos jovens por meio de diálogo com educadores da Escola 
Municipal Professora Judite Ferreira Santana; e utilizar esta pesquisa como 
ferramenta para conscientização sobre a necessidade de controle do uso das redes 
sociais, utilizando o incentivo a uma vida mais social e menos digital. Para tanto foi 
utilizada uma metodologia baseada em entrevistas com jovens estudantes, pais e 
professores da Escola Municipal Professora Judite Ferreira de Santana, com 
abordagem tanto qualitativa quanto quantitativa, tendo como principal instrumento de 
trabalho a entrevista semiestruturada e o questionário fechado. Logo após foram 
avaliadas as visões de ambos os sujeitos entrevistados, expondo experiências 
vivenciadas por estes. Por meio do trabalho obtivemos resultados de frequência de uso 
da internet pela juventude e utilização diária da internet, qual tipo de utilização de 
ferramentas da rede de internet, as implicações que decorrem partir destes dados, e a posição 
dos pais frente a estas, que possibilitaram um contato com a realidade dos interlocutores 
desta pesquisa, mostrando assim que as TICs despenham para além de um papel 
social o educativo, comprovado na fala dos educadores. 
 
Palavras-chave: Comunicação Virtual; Tecnologia; Globalização; Juventude 
Camponesa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 – Localização do município de Senhor do Bonfim. 
Figura 2 - Membros do grupo Juventude Raiz. 
Figura 3 - Gráfico com frequência de uso da internet pela juventude. 
Figura 4 – Período diário de utilização da internet pelos jovens. 
Figura 5 - Gráfico com tipo de utilização de ferramentas da rede de internet. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 6 
1.1. PROBLEMA E HIPÓTESE .............................................................................................. 6 
1.2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 7 
2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 9 
2.1. OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 9 
2.2. OBJETIVOS ESPECIFICOS ........................................................................................... 9 
3. METODOLOGIA ............................................................................................................. 10 
3.1. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .......................... 10 
3.2. METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO ....................................................................... 10 
4. AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ................................ 13 
4.1. O QUE SÃO AS TICs? HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DO USO DA INFORMAÇÃO 
DIGITAL NA SOCIEDADE ................................................................................................... 13 
4.2. AS TICS E A JUVENTUDE ........................................................................................... 15 
4.3. TICs: PROBLEMA SOCIAL OU POTENCIAL EDUCATIVO? ................................. 17 
5. A JUVENTUDE DE QUICÉ E AS TICS: COMO O ACESSO À INTERNET TEM 
GERADO AVANÇOS, MAS TAMBÉM PREJUIZOS PARA A VIDA SOCIAL DOS 
JOVENS... ............................................................................................................................... 22 
5.1. A COMUNIDADE DE QUICÉ E A JUVENTUDE ....................................................... 23 
5.2. UMA ANÁLISE SOBRE O COTIDIANO DOS JOVENS NA INTERNET ............... 25 
5.3. A VISÃO DOS PAIS SOBRE A INTERAÇÃO DOS JOVENS NO MUNDO 
VIRTUAL ................................................................................................................................. 29 
6. AS TICS E O MEIO EDUCATIVO: A EXPERIÊNCIA DOS EDUCADORES DA 
ESCOLA MUNICIPAL PROFESSORA JUDITE FERREIRA DE SANTANA DA 
COMUNIDADE DE QUICÉ .................................................................................................. 34 
6.1. DIA-A-DIA DOS EDUCADORES: EXPERIÊNCIAS EM SALA DE AULA PERANTE 
O USO DE APARELHO ELETRÔNICO PELOS ESTUDANTES .................................. 37 
CONDIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 40 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 42 
 
6 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Esta investigação foi realizada como trabalho de conclusão do curso de 
educação profissional técnica de nível médio em agropecuária integrado ao ensino 
médio, utilizada como pré-requisito de conclusão do referido curso. Tendo como 
temática uma análise das implicações das Tecnologias de Informação e 
Comunicação, as TICs, na vida da juventude do campo. 
As TICs são as “tecnologias utilizadas para tratamento, organização e 
disseminação de informações”, estas que despenham papel de protagonistas na vida 
da juventude, que por sua vez encontra-se encantada com o universo vasto das 
tecnologias, assim obtendo prejuízos causados pelo excesso de utilização. 
Compreender e avaliar tais implicações ocasionadas pela forma de uso das TICs 
pelos jovens é o primeiro passo para notar quais elementos impulsionam estes 
prejuízos. 
Destarte, os meios de comunicação não geram somente prejuízos, mas 
também possuem um lado positivo, inovando a forma de aprendizado, com seu 
potencial educativo, assim unindo o útil ao agradável, mesmo que a inserção de fato 
das TICs nas escolas públicas não seja uma realidade. 
 
1.1. PROBLEMA E HIPÓTESE 
 
A tecnologia avança de forma alarmante e na esteira deste desenvolvimento, 
surgiram então as redes sociais. Estas possuem propostas atraentes para 
comunicação, entretenimento e informação, e, sendo um instrumento de interaçãovirtual aprovado pelos pais e sociedade em geral, acabam sendo muito utilizados por 
jovens de faixas etárias cada vez mais baixas. Até que ponto o uso excessivo desse 
tipo de tecnologia que promove o relacionamento social virtual pode ser prejudicial 
para o jovem do campo? O problema desta pesquisa envolve a forma como os jovens 
utilizam este meio de comunicação, transformando-o em um casulo, onde, estando 
imerso nele o jovem sente-se seguro, assim esquecendo-se da sua vida real. 
A hipótese que parte esta investigação é de que o uso excessivo de qualquer 
tecnologia causa a dependência, onde o jovem acaba desenvolvendo um vício súbito, 
impossibilitando-o de viver uma vida social, deixando-o preso no mundo virtual. Por 
meio desta pesquisa espera-se identificar os impactos ocasionados pelas TICs no 
7 
 
meio rural, avaliando-os de forma sucinta, para assim obter a compressão do porque 
os jovens sentem-se tão apegados por essas tecnologias, chegando ao ponto de 
esquecer da sua vida social, educativa e cultural. 
 
 
1.2. JUSTIFICATIVA 
 
Um estudo sobre o que mais é utilizado pela juventude é de suma importância, 
considerando que a evolução da comunicação por meio da internet vem evoluindo 
constantemente. 
O tema foi escolhido, devido ao fato que as redes sociais avançam 
rapidamente, mundo a fora, trazendo informações sobre tudo que um jovem deseje 
encontrar, relacionando isso a vivência de um jovem do interior, podemos notar que 
seu foco de pesquisa nas redes sociais virtuais está em modelos e perfis que 
valorizam as grandes metrópoles e vidas extremante fora dos padrões reais, pois é 
perceptivo que as redes sociais desenvolvem o papel de influenciar e manipular 
principalmente seu público alvo, sendo ele os jovens, levando em consideração essas 
afirmativas, o tema foi escolhido com o objetivo central de identificar os impactos 
dessa tecnologia na vida dos jovens que são submetidos a este tipo de influência. Por 
isto a relevância deste trabalho segue em três principais sentidos que estão 
intercalados: o pessoal, social e profissional. 
A formação pessoal será desenvolvida dando ênfase a pesquisas realizadas 
com o público alvo (jovens) não permitindo uma superexposição de estudos realizados 
por outros autores, para que com o fim deste trabalho seja possível obter um ponto 
de vista fixo sobre o que a juventude da comunidade de Quicé pensa sobre o tema. 
Quanto a social será baseada em pesquisas realizadas em conjunto com a 
juventude da comunidade e em outras fontes como sites de internet, livros, revistas, 
assim procurando não só se apoiar em artigos acadêmicos, que muitas vezes não 
proporcionam uma linguagem acessível, assim podendo levar mais conhecimento 
para aqueles que acessarem este trabalho. 
Na vida profissional esta pesquisa desencadeia uma nova fase, onde presente 
pesquisadora se encontrou realizando um trabalho que some para seu histórico como 
educanda e pesquisadora, demostrando para os jovens que as redes sociais possuem 
faces ocultas, quais em alguns casos não é vista. 
8 
 
Destarte, estar inserida em uma instituição de ensino que trabalha com a 
pedagogia da alternância, assim mantendo seus alunos 15 dias desconectados das 
redes virtuais de relacionamento, gerou a compreensão do tempo que se perde 
conectado às mesmas, enquanto a vida passava frente aos olhos, e os olhos apenas 
enxergavam uma tela, reproduzindo vidas falsas, pessoas totalmente felizes com suas 
vidas maravilhosas, onde tudo nunca dava errado. Demorou até entender que isso 
era uma ilusão, ninguém é feliz durante toda a sua vida, afinal como aprender se não 
com a dor, a tristeza, é inevitável, é preciso senti-la, para partilhar essa realidade que 
os jovens que nasceram na era digital vivem, como proposito desta pesquisa e para 
além disso salientar que a vida tanto social, cultural como educacional é influenciada 
pelas TICs, mas ainda é possível torná-las aliadas, utilizando-as de forma 
responsável, sem deixar com que elas dominem a vida social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
2. OBJETIVOS 
 
2.1. OBJETIVO GERAL 
 
Identificar e avaliar os impactos ocasionados pela influência das 
Tecnologias de Informação e Comunicação na vida social, educativa e cultural da 
juventude camponesa da comunidade de Quicé, município de Senhor do Bonfim. 
 
2.2. OBJETIVOS ESPECIFICOS 
 
• Investigar junto aos jovens da comunidade de Quicé quais as implicações 
positivas e negativas do uso das TICs, no que abrange suas relações 
interpessoais e o desenvolvimento educativo e cultural; 
• Avaliar as potencialidades e prejuízos gerados pelo uso das TICs na vida social 
dos jovens por meio de diálogo com pais ou responsáveis por estes; 
• Avaliar as implicações do uso das TICs para o aprendizado e formação escolar 
dos jovens por meio de diálogo com educadores da Escola Municipal Professora 
Judite Ferreira Santana; 
• Utilizar esta pesquisa como ferramenta para conscientização sobre a necessidade 
de controle do uso das redes sociais, utilizando o incentivo a uma vida mais social 
e menos digital. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
3. METODOLOGIA 
 
3.1. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 
 
Este trabalho de pesquisa foi conduzido na comunidade de Quicé, situada há 
18 km do município de Senhor do Bonfim-Bahia (Figura 1). 
A comunidade está inserida na região Semiárida, no território do Piemonte 
Norte do Itapicuru, localizada a 375 km da Capital Baiana. Possuindo área total de 
827,5 km², seus municípios limítrofes correspondem às cidades de: Jaguarari, 
Filadélfia, Andorinha, Itiúba, Campo Formoso e Antônio Gonçalves. 
A população municipal, de acordo com o IBGE com estimativa em 2017, era de 
81.218 habitantes. A principal atividade econômica do município é a pecuária. 
 
Figura 1: Localização do município de Senhor do Bonfim 
 
Fonte: Wikipédia (2008) 
 
3.2. METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO 
Para a realização deste trabalho foi desenvolvida uma pesquisa com 
abordagem tanto qualitativa quanto quantitativa, para conseguir coletar as 
informações presentes na realidade social dos jovens. 
11 
 
 A investigação utilizou como principal instrumento de trabalho a entrevista 
semiestruturada associada à um questionário fechado, elaborado com o intuito de 
uma melhor interação de conhecimentos entre os jovens e a pesquisadora diante dos 
seus conhecimentos tecnológicos. Sendo uma ferramenta de análise, que tem como 
característica em seu corpo a abordagem de questionamentos básicos, apoiados em 
teorias e hipóteses que se relacionam ao objeto da pesquisa (tema). 
Tendo em vista a perspectiva de tentar compreender a realidade, a 
investigação foi desenvolvida com 10 jovens, de 14 a 24 anos de idade, divididos em 
dois grupos, sendo um com 5 meninas e o segundo com 5 meninos; e 4 adultos pais 
ou responsáveis por estes, juntamente a 3 educadores que lecionam na Escola 
Municipal Professora Judite Ferreira Santana, todos residentes da comunidade de 
Quicé. Tendo como critério de escolha um sorteio aleatório. Nesse sentido foi 
explorado o conhecimento da juventude diante a temática abordada, analisando as 
vantagens e desvantagens que essas oferecem, na questão das influencias e do uso 
inadequado, dando ênfase para a forma de acesso desses jovens. Os pais 
responderam o questionário relatando a forma de utilização das redes sociais por seus 
filhos e o tempo que eles passam online, já os educadores opinaram sobre o potencial 
educativo das TICs, e se já houve algum tipo de problema relacionado a presença 
destas em sala de aula. 
Para expor os impactos negativos das redes sociais para o desenvolvimento 
escolar, foram apresentadas para os jovens algumas situações em que este tipo de 
tecnologia provoca uma alternância de comportamento em suas vidas, juntamente 
com as implicações que o uso dessas tecnologiastraz para vida da juventude da 
comunidade, já que por almejar a inclusão social no meio tecnológico a juventude 
tende a deixar suas origens para atrás, indo em busca de novas essências, quais se 
distinguem totalmente da sua realidade. 
Este trabalho parte da compreensão de que atualmente todos os jovens 
utilizam as redes sociais e uma maioria é influenciada por seus conteúdos. 
Conquanto, alguns dos prejuízos podem ser evitados com o controle do uso, utilizando 
o incentivo a uma vivência social mais real e menos virtual Tal incentivo foi feito 
através de uma experiência que vem como proposta deste trabalho, no qual os jovens 
da comunidade participaram de palestras educativas e como aprendizagem deve ser 
levando também esse tipo de controle. 
12 
 
Durante todo o processo de pesquisa feita para este trabalho, houve a 
execução de alguns momentos educativos, com a temática “Redes Sociais” na escola 
municipal da comunidade, no sentido de alcançar o público alvo, qual estarei 
trabalhando durante toda pesquisa, sendo eles os jovens da comunidade de Quicé. 
A reunião dos jovens da comunidade para que pudéssemos debater e trocar 
conhecimento foi a etapa final do trabalho, nesta última etapa foi analisado o ponto de 
vista dos mesmos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
4. AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 
 
4.1. O QUE SÃO AS TICs? HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DO USO DA 
INFORMAÇÃO DIGITAL NA SOCIEDADE 
 
As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), são as “tecnologias 
utilizadas para tratamento, organização e disseminação de informações” 
(TAKAHASHI: 2000, p. 176), as quais tem como disseminador primordial de 
informações a internet. 
Os meios de comunicação de massa surgiram no início do século XX com a 
popularização da radiodifusão. Embora alguns pesquisadores afirmam que já haviam 
pesquisas e experiências sendo feitas no século XIX, entretanto somente no século 
XX que a sociedade passou a utilizar o rádio como disseminador de informações. Do 
rádio até chegar na televisão não se passou tanto tempo, mesmo tendo uma demora 
significativa para esse tipo de tecnologia chegar aos lares, devido ao seu alto preço, 
que era mais elevado que o do rádio. 
Contudo, faz-se mister salientar que esses meios de comunicação promoveram 
o estimulo a novos sentidos e forma de pensar, gerando um grande impacto na 
sociedade. Isso porque, 
 
[...] a expansão do sistema econômico capitalista aliada ao desenvolvimento 
tecnológico industrial, que se iniciou na Inglaterra no século XVIII, e se 
expandiu pelo mundo no século XIX, imprimiu nas sociedades um novo ritmo, 
mais acelerado, fazendo com que os deslocamentos fossem mais rápidos 
(transportes) e as comunicações fossem transmitidas cada vez mais a longa 
distância entre o emissor e o receptor (telégrafo e telefone). Essa revolução 
tecnológica, aliada a uma economia de mercado, oportunizou o 
desenvolvimento de uma sociedade de consumo e de uma cultura de massa 
que se consolidou no século XX (LUCENA, 2012, p. 42-43). 
 
Com o capital girando em torno da tecnologia e a tecnologia em um avanço 
constante, as TICs evoluíram rapidamente dentro desse cenário, prova disso é o 
algoritmo que faria surgir o que seria o computador, como pontua CURY: 
 
Ao mesmo tempo, em 1936, Alan Mathison Turing (1912-1954) e Alonzo 
Church, trabalhando separadamente, desenvolveram um algoritmo (conjunto 
finito de operações que levam a um resultado) possibilitando definir os limites 
do que poderia ser um computador. A partir da tese de Turing, nascia o 
modelo teórico do computador capaz de descrer os aspectos lógicos do 
funcionamento como memória, estados e transições. A máquina de Turing 
14 
 
não pode ser construída, mas simulava o modo operacional de um 
computador moderno (CURY,2011, p. 7). 
 
Inicialmente a busca por uma máquina como esta era o auxílio em cálculos 
básicos, entretanto devido aos diversos criadores que foram aprimorando até 
chegarmos ao modelo exato de arquitetura utilizada até hoje, este que foi arquitetado 
por Von Neumann (1945). 
No período da guerra fria emergiu então aquela que daria um suporte ao 
computador e o tonaria bem mais interessante, a internet. Esta surgiu segundo Giles 
(2010) a partir de um projeto militar Norte-Americano em 1960, Fabiano Simões 
Corrêa (2013), afirma que com a criação da internet haviam dois principais propósitos, 
que eram: criar um sistema de informação e comunicação em rede, que sobrevivesse 
a um ataque nuclear e dinamizar a troca de informação entre os centros de produção 
cientifica, propósitos estes que foram alcançados de forma eficaz. 
Estes meios se popularizaram de forma alarmante com total aprovação do 
público e gerando capital, agora a tecnologia era uma questão de mercado. Assim em 
1983 surgiu o primeiro celular aprovado pelo FCC (Federal Communication 
Commission), o DynaTAC 8000X, da Motorola - que junto com a empresa Ameritech 
iniciou o uso comercial da telefonia celular no Estados Unidos e no mundo. 
De 1983 até hodiernamente os celulares vieram evoluindo, com designs 
inovadores e software cada vez mais avançados, possibilitando funções que nem 
mesmo seus criadores esperavam, como uma revolução tecnológica criada por este, 
já que aquilo que deveria ser um meio de comunicação utilizada pelos seres humanos 
se tornou na verdade seu maior “inimigo”, é comum encontramos praças e locais 
públicos repletos de usuários deste aparelho, vidrados e concentrados na ação 
realizada a partir daquele dispositivo. 
De acordo com o IBGE e o Banco Mundial estima-se que 75% da população 
mundial já tem acesso ao celular, o que faz desse aparato um dos mais vendidos no 
mundo e assim um dos maiores geradores de capital e influências para vida dos 
usuários, a dependência é tamanha que chega a ser quase impossível imaginar a vida 
dos seres humanos sem este aparelho, e sem suas funções que de início facilitam 
vidas e poupam tempo, já que estas deveriam ser suas únicas funções, atribuindo 
benefícios e não o contrário disso. 
 
 
15 
 
4.2. AS TICS E A JUVENTUDE 
 
A juventude do século XXI se encontra imersa em um contexto de novas 
relações sociais que tem como base de construção e reconstrução as TICs. A 
evolução deste meio de comunicação explica-se no pensamento de Bordenave 
(1983), onde este considera que estas têm papel fundamental no desenvolvimento, 
uma vez que facilitam o processo de comunicação, compreendido, em sua essência, 
como capital social para os atores que necessitam dela para tomar suas decisões de 
produção e convivência. 
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad C), o 
Brasil fechou 2016 com 116 milhões de pessoas conectadas à internet, tendo como maioria 
os jovens. Dados como estes fazem surgir duvidas referentes à como as TICs ocupam o 
tempo dessa juventude. Em uma pesquisa também realizada pela Pnad Contínua e 
divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vemos que 94,6% dos 
internautas apontam a trocar mensagens (de texto, voz ou imagens) por aplicativos de bate-
papo como finalidades com que os jovens brasileiros navegam na internet ou usam serviços 
conectados. 
Contudo para Palfrey e Gasser (2011) “[...] o vício da internet, a síndrome da fadiga 
de informações e a sobrecarga de informações estão entre os termos que estão sendo 
lançados para descrever as novas doenças patológicas da era digital”. Confirmamos este 
raciocínio quando temos contato com um recente estudo da norte-americana 
PewResearch publicado pela Forbes, onde ela aponta sete problemas gerados pelas 
TICs, destacando- se em primeiro lugar apontado por 27% dos jovens o Bullying e os 
boatos, que são disseminados na internet, assim tornando-se o maior problema. Logo 
em seguida para 17% dos jovens entrevistados veem as brigas e discussões onde 
relacionamentos e contatospessoais prejudicados são o principal impacto negativo 
dessas tecnologias. 15% aponta a distorção da realidade como um dos efeitos, onde 
a visão alterada sobre a vida “vendida” nas redes sociais é o que mais os prejudica. 
A distração produzida por jogos, vídeos, redes sociais e demais ferramentas, além de 
prejudicar a vida social também interfere na educação do jovem, aparece em quarto 
lugar, sendo apontada por 14% dos jovens. Para 12%, a pressão dos colegas é um 
fator bastante prejudicial, pois para era digital estar desconectado da rede equivale a 
estar desconectado da vida. Já para 4%, a maior possibilidade de desenvolver 
problemas relacionados à saúde mental é o maior impacto das redes sociais. E em 
16 
 
sétimo lugar a intensidade, pois para 3% dos jovens, as redes sociais deixam tudo 
mais intenso, o que gera um grande problema. 
 Depois de analisar todos esses números notamos como as TICs podem 
prejudicar a vida social a e educação do jovem de forma preocupante. 
 Entretanto essas tecnologias ainda proporcionam funções de hardware, 
software, comunicação dos processos e pesquisa científica de ensino e 
aprendizagem, assim tendo potencial para serem utilizadas pelas escolas na 
educação, já que essas possuem relação didático-pedagógica. Todavia parece haver 
um bloqueio para a sua inserção na prática, isso porque “ainda existem muitas 
barreiras a serem superadas para a integração efetiva das TICs aos processos 
pedagógicos, que vão além das dificuldades associadas a questões de infraestrutura 
das TIC nas escolas” (BARBOSA, 2014, p.28). Esse bloqueio tem ligação direta com 
a forma que os jovens lidam com ampliação da internet. 
De acordo com Pretto (2010) a juventude apropriou-se das tecnologias e as 
transformou completamente, de um meio meramente receptor de informações para 
um meio de expressão de ideias e de manifestação da pluralidade e de cidadania. 
Lidar com uma geração conectada é lidar com seres que tem como princípios 
a conectividade e a individualidade, de acordo com Giovani Vieira Miranda (2015) a 
conectividade está relacionada com a necessidade de poder comunicar-se de forma 
mediada com os demais. Já a individualidade pode ser associada com a 
autoafirmação, o que também é feito por meio das mídias digitais. 
Em paralelo, Tapscott (1999, p.67) afirma que os jovens “vivem e respiram 
inovação, constantemente procurando aperfeiçoar o modo como as coisas são feitas”. 
Utilizar a internet para os usuários da era digital é uma forma de diminuir a tensão 
adquirida ao longo de uma dia cansativo e em parte estressante, já que a juventude é 
o período onde os jovens encontram-se repletos de insatisfações particulares. Estes 
podem navegar na web em busca de assuntos diversos, ter acesso a uma rede social 
para conversar com os amigos, ver vídeos que remetem a diversão no Youtube e 
jogar. Todas essas atividades, inclusive, podem amenizar o mal-estar gerando pela 
puberdade e a “loucura hormonal”. 
Tapscott ainda exibe a oposição dos pais em relação a este tipo de ligação com 
a tecnologia, pontuando: 
 
17 
 
O tempo gasto na internet não é tempo que poderia ter sido usado na 
companhia de amigos, jogando futebol, aprendendo piano ou fazendo 
dezenas de outras coisas. Mais do que tudo, o tempo on-line é tempo que 
provavelmente teria sido gasto assistindo à televisão. Na idade deles, os pais 
baby boomers (...) eram espectadores passivos: aceitavam o que lhes era 
oferecido (TAPSCOTT, 2010, p. 32) 
 
Nesse contexto pode-se notar que mesmo ainda havendo entraves quando se 
fala de tecnologia e juventude, há dados e pesquisas que comprovam que a juventude 
como principal usuária está sempre inovando e utilizando estas tecnologias também 
com finalidade de informar, e munir-se de informação, em um mundo onde obter 
conhecimento é possuir poder. É de suma importância ter a seu favor um meio de 
propagação de informações de forma imediata, conseguiremos alcançar este objetivo 
através das TICs, desta forma presenciar seres humanos mais informados passaria a 
ser um fato mais comum que o normal. 
Todavia, existem questões maiores que apenas críticas sobre como a 
juventude lida com este meio de comunicação, como toda uma burocracia e questões 
governamentais, que impossibilitam a admissão de fato das TICs no âmbito escolar. 
 
 
4.3. TICs: PROBLEMA SOCIAL OU POTENCIAL EDUCATIVO? 
 
Para Ludhiana Bertoncello (2011) as Tics são um problema, pois são uma 
revolução da comunicação e da informação, e tem afetado e modificado as relações 
sociais de adultos, jovens e também das crianças. Desse modo tornando-os reféns 
desse meio de comunicação, assim causando diversos impactos por meio dessas 
tecnologias no contexto educacional. 
Entretanto as TICs vêm conquistando seu espaço no âmbito escolar, desde a 
sua inserção que foi intensificada a partir de 1997, devido as políticas públicas que 
têm priorizado a instalação de salas de informática nas escolas, assim utilizando 
eletrônicos como: notebooks, tabletes e na minoria, mas ainda existentes, lousas 
digitais. 
Todavia para que haja uma inserção de fato das TICs no espaço escolar, os 
educadores devem estar preparados e, para além disso, atualizados para lidar com 
os novos contextos, no qual Ricardo Filipe da Silva Pocinho (2012) cita que esse 
ensino “traz agora para o espaço formativo mais um elemento - a tecnologia 
18 
 
(nomeadamente os computadores e as ligações em rede) que são os canais 
privilegiados na relação entre professor e aluno”. 
Temos ainda como preocupação primordial a formação desses professores, 
que após a formação devem apresentar capacidade de operar nessa área, dessa 
forma este obteria sucesso. 
Vale salientar ainda a existência de estudos que evidenciem a integração 
inteiramente bem sucedida no campo das TICs, porém diversos contrassensos nos 
fazem refletir sobre a instalação dessas no âmbito escolar, em especial para a 
juventude camponesa, a qual lida com alguns paradoxos, como pontua Santos: 
 
Os espaços que historicamente a juventude ocupa na sociedade são 
constituídos de acordo com a classe social a que pertente. Os jovens da 
classe alta e média tem como espaços definidos as escolas, no intuito de 
retardar sua estrada no mundo produtivo. Já os jovens das classes 
trabalhadoras oriunda do campo ou cidade, devido à necessidade de ajudar 
financeiramente na renda familiar entram de forma precoce no mundo do 
trabalho sendo assim seu principal espaço de aprendizagem (SANTOS, 
2009, p. 50) 
 
 Destarte, a juventude camponesa, com uma dupla jornada, dividida entre 
ajudar nas atividades do campo e ir à escola, estaria em uma posição um tanto 
desfavorável, se levarmos em consideração, a posição do jovem de classe superior 
que reside na cidade, este por sua vez utilizaria os recursos das TICs de forma efetiva, 
pois a sua única preocupação são os estudos, estando ileso de atividades extras. É 
importante ainda salientar que estes possuem ensino de uma qualidade superior ao 
dos jovens do campo, estando inseridos em uma rede de escolas privadas, estas que 
já utilizam as TICs como uma ferramenta didática, que complementa e ajuda os alunos 
de forma efetiva. 
E assim voltamos a ver as TICs como um problema social e agora com um 
recorte de classe, pois se pensarmos sobre o potencial educativo veremos que ele 
existe e é utilizado, assim provando que sim as TICs podem ir além de um mero meio 
receptor de informações, mas se compor como um instrumento de formação. 
 Entretanto quem desfruta desse potencial? Os jovens das classes 
trabalhadoras oriundos do campo? Ou os jovens de classe média e alta? Entre tantas 
perguntas, uma certeza: classe social sempre definiu pessoas e até abriu portas e 
fechou, um exemplo desse fato está nos dados apontados pelo Instituto de Pesquisas 
Econômicas Aplicadas (IPEA), onde vemos as desigualdades e oportunidades de 
19 
 
classes entre jovensurbanos e camponeses de forma explicita. Analisando os 
seguintes dados: 29,5% dos jovens pobres vivem em zonas rurais, sendo que o nível 
de escolaridade do jovem camponês é de 50% inferior ao do jovem urbano, o índice 
de analfabetismo é de 9% para aqueles que vivem no campo e de 2% para aqueles 
que residem em zonas urbanas. 
Diversas situações decorrentes no meio rural comprovam esses dados, sendo 
oriundos deste vivenciam experiências relacionadas nas casas deles, sendo 
protagonizadas por seus familiares, fato este que deriva-se da falta de oportunidade 
e o descaso praticado por aqueles que deveriam ser os responsáveis pela 
organização de uma nação, sendo que a educação é o fator primordial para o 
desenvolvimento de um país. 
 Hodiernamente, ocupando a nona posição na economia mundial é racional 
acreditar que o Brasil possua um ensino de educação eficaz. Contudo quando temos 
contato com a realidade vivenciada no campo percebemos que ocorre justamente o 
oposto, qual é claramente refletido nos números alarmantes de baixa escolaridade do 
jovem camponês e do o alto índice de analfabetismo. 
Destarte, a inclusão das TICs sendo vista como um meio de informação didática 
e dinâmica poderia mudar este cenário. Segundo o educador e filósofo Paulo Freire 
“Se a educação sozinha não transforma o mundo, tampouco sem ela a sociedade 
muda”, deste modo todo recurso que tenha capacidade de proporcionar educação 
deve ser utilizado. 
É fato que o maior impulsionador do problema da admissão destas tecnologias 
seja a forma que a juventude as utiliza, tornando-as vilas, mas cabe aos educadores 
como formadores de opiniões e de pessoas orientar estes, que na maioria das vezes 
estão perdidos tentando se encaixar em algum espaço do universo, jovens 
influenciados são como almas vazias procurando um lugar no mundo, desse modo 
dizer que a internet deixa estes distantes não quer dizer que eles já estiveram 
próximos alguma dia, o impacto que as redes sociais causam na vida de uma jovem 
e nas suas relações sociais é algo que muda o rumo e transforma pensamentos. 
Quando nós questionamos sobre o problema social ou potencial educativo que 
as TICs possuem, admitimos que tudo que é utilizado de forma excessiva causa 
prejuízos, ainda mais quando estamos falando de algo tão comum nas nossas vidas, 
desse modo a lei do equilíbrio deve entrar em vigor, questionarmos sobre quanto 
20 
 
tempo estamos sentados na frente de uma tela e qual atividades estamos realizando 
este período gera resultados positivos. 
De acordo com o sociólogo e filósofo Zygmunt Bauman o problema da condição 
contemporânea de nossa civilização moderna é que ela parou de questionar-se. Não 
formular certas questões é extremamente perigoso, contraste disso está refletido no 
Transtorno de Dependência de Internet (TDI), termo que atualmente não é mais 
considerado incomum, fato que se deu através da compulsão dos jovens por meio da 
internet. 
 
Outra crítica frequente aos efeitos da internet sobre a “temporalização” do 
adolescente é a de que ela estimula a fantasia, deixando em segundo plano 
a maravilhosa capacidade humana que é a imaginação. Isso facilita a 
diminuição do vínculo com a realidade e a confusão entre o que é real e o 
que é virtual (OLIVEIRA, 2017, p. 290). 
 
 
Em um mundo onde possuir capacidade de pensar te torna um ser diferente é 
relevante concluir que estes jovens não estejam preocupados se são ou não 
pensantes. Entretanto, os jovens realmente são o futuro da humanidade e o nosso 
amanhã, mas esqueceram de mencionar que estes também são os protagonistas do 
presente, que possuem uma capacidade de pensar, elaborar e executar atividades 
que são de suma importância para a construção da sociedade, a imaginação do jovem 
é fabulosa, o poder de olhar para algo simples e enxergar que a simplicidade dessas 
coisas é na verdade o que as mantem vivas, e que o mundo pode sim ainda mudar e 
se tornar melhor, é algo que a imaginação juvenil naturalmente possui. 
 Esta ainda desempenha esse papel por ainda ter crenças e vive-las sem ser 
procurar com o que de fato é racional, mas quando essa “fabrica” é interditada o que 
sobra? Pensamentos introduzidos de forma cibernética, qual colocam o jovem dentro 
de uma pequena caixa ideológica onde sonhar e enxergar o mundo de forma positiva 
é ingenuidade de uma criança, que nada para isso de fato se concretizar pode fazer, 
e tudo que é sociável torna-se irrelevante demais para ter um pouco de atenção, mas 
o digital é considerado um campo de visão ampla. 
Entretanto, se libertar dessa caixa é apenas uma questão de olhar o mundo 
com o olhar crítico, pergunta-se o porquê de algo tão óbvio acontecer, viver o social e 
equilibrar o digital, unindo a imaginação com o poder de construir e não deixar o tempo 
passar por nós como se esse fosse um curso normal e que nós deveríamos apenas 
observar enquanto tudo acontece. Mas recusar que o tempo passa é um dilema sem 
21 
 
fim, já que segundo Aberastury e Knobel (1992) “Quando se nega a passagem do 
tempo, pode-se conservar a criança dentro do adolescente como um objeto morto-
vivo”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
5. A JUVENTUDE DE QUICÉ E AS TICS: COMO O ACESSO À INTERNET TEM 
GERADO AVANÇOS, MAS TAMBÉM PREJUISOS PARA A VIDA SOCIAL DOS 
JOVENS 
 
As TICs possuem diversas implicações no cotidiano de vida da juventude e da 
sociedade em geral, de forma que, para compreende-las, foi necessária uma 
investigação por meio de diálogo para coleta de dados junto aos jovens e suas famílias 
sobre o uso das TICs e acesso à internet. Tal coleta teve a finalidade de compreender 
a visão destes sobre a popularização e o avanço destes meios de comunicação, de 
modo que analisar a visão do jovem é um dos pontos chave desta pesquisa. Todavia 
este fato não intervém na importância que o papel dos pais possuem perante o 
assunto, já que as mudanças positivas e negativas dos jovens é notada de imediato 
justamente por estes que despenham a função de responsáveis e educadores 
primordiais. 
 A pesquisa com os jovens foi feita de forma um tanto objetiva, com o auxílio 
de um questionário fechado e usando como critério de escolha um sorteio aleatório. 
Vale salientar que a forma de elaboração do questionário não impossibilitou falas 
desejas pelos jovens entrevistados, ou seja, nenhum tipo de crítica ou manifestação 
frente as alternativas foram negadas aos jovens, pelo contrário, foram incentivadas e 
bem-vindas de forma que esta abertura enriqueceu a pesquisa. 
A forma de abordagem para com as famílias destes jovens ocorreu de modo 
espontâneo e tranquilo, com o auxílio de uma pesquisa com um questionário aberto, 
com direito a um diálogo e exposição de experiências vivenciadas por estes, onde foi 
possível ter noção de como a convivência com as TICs no espaço do lar possui 
influência no modo como os jovens lidam com estas fora deste espaço. 
 A sistematização dos dados teve como objetivo primordial abordar questões 
que permitem a problematização do tema e o levantamento de reflexões propostas 
nos objetivos deste trabalho, tais como: o tempo que os jovens passam conectados 
em dias e horas, os recursos que os mantem conectados, e a visão dos pais sobre 
todo esse desenvolvimento tecnológico. 
 
 
 
 
23 
 
5.1. A COMUNIDADE DE QUICÉ E A JUVENTUDE 
 
Não há registros exatos de quando a comunidade de Quicé foi fundada, mas 
segundo os moradores é estimado que a comunidade tenha surgido no ano de 1914, 
tendo, portanto, 105 anos de existência. O início do povoamento se deu a partir da 
chegada de famílias de agricultores que vieram de outras comunidades, como seu 
Joaquim Félix e seu Manoel Severo, além de vários outros moradores que nessa 
comunidade fizeram história. Alguns deles já morreram, outros já foram embora para 
outras localidades, mas de uma forma ou de outra,todos eles contribuíram com o 
desenvolvimento de Quicé. 
A comunidade de Quicé está localizada na zona rural do município de Senhor 
do Bonfim, onde fica a 18 Km de distância do município. A comunidade nasceu com 
um nome e população diferente, no início a comunidade era denominada Tiririca do 
Bode, por possuir uma quantidade significativa de capim tiririca que alimentava os 
animais da comunidade, que na época o mais criado era o bode, mas devido ao seu 
vizinho também chamado de tiririca a comunidade foi obrigada a mudar seu nome, já 
que as encomendas e correspondências da época chegam muitas das vezes em seu 
destino errado, por conta disso a comunidade de Tiririca do Bode passou a ser Quicé. 
Quicé no dicionário informal tem como significado o seguinte: faca de lâmina curta, 
usada no interior do Nordeste para cortar fumo e também como defesa pessoal, não 
se sabe ao certo, mas esse nome pode ter sido escolhido devido ao grande uso desse 
instrumento pelos habitantes da época. 
Quicé atualmente possui uma Escola que foi fundada no mandato do prefeito 
Carlos Brasileiro, que, para a honra dessa comunidade este homem até então ex-
deputado federal e atualmente prefeito de Senhor do Bonfim, é filho de Quicé. Até 
hoje o que Quicé mais almeja é formar muitos jovens para garantir renda para a 
juventude e progresso para a comunidade. Esta comunidade cresceu bastante e 
ganhou até um laticínio que fazia o melhor iogurte da região, mas por conta da seca 
o mesmo foi obrigado a fechar, mas os pecuaristas que trabalhavam com 
bovinocultura de leite hoje preferem seguir o caminho da bovinocultura de corte, que 
segundo eles é a prática que mais gera renda na região junto com a piscicultura, já 
que a comunidade também possui um açude que é bastante conhecido por seus 
criatórios de peixes que lá se desenvolvem. 
24 
 
A juventude de Quicé é formada por jovens com visão de futuro, a cada ano 
que passa mais e mais jovens formam-se em faculdades públicas de qualidade, 
federais e estaduais. No entanto o índice de jovens usuários de drogas é relativamente 
alto, superando o de jovens que lutam para conseguir uma vida melhor. O acesso à 
educação e à escola é incentivado por líderes comunitários, que tentam difundir o 
espaço onde estes jovens estão inseridos, apresentar-lhes um mundo baseado em 
fatos e não em uma euforia passageira. 
Entretanto a educação na comunidade de Quicé ainda é precária, os graus de 
escolaridade são gradativos, divididos em turnos, da seguinte forma: educação infantil 
pela manhã, ensino fundamental pela tarde e ensino médio pela noite. Esta forma de 
organização ocorre devido a capacidade da escola, que não possui suporte para 
abranger todos os graus de educação básica no mesmo período. No momento que os 
jovens saem do ensino fundamental para o ensino médio eles sentem a necessidade 
de sair do campo e migram para a cidade, no intuito de concluir o ensino médio em 
um horário ideal, já que estudar a noite não é a opção mais indicada para estes. 
Quanto à cultura, a juventude de Quicé tenta manter as manifestações 
tradicionais de cultura vivas na comunidade, com festejos juninos, ternos de reis, 
festejos tradicionais, quermesses e muito mais, e de forma sublinhada trazer o 
discurso de permanecia no campo por meio destes. Vale salientar que a comunidade 
possui um grupo de jovens (figura 1) que desempenham a função de incentivar os 
demais jovens a enxergar que está no campo não é um padecer e sim uma dadiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
Figura 2- Membros do grupo Juventude Raiz 
 
Fonte: Membro do grupo 
 
 
5.2. UMA ANÁLISE SOBRE O COTIDIANO DOS JOVENS NA INTERNET 
 
Uma análise sobre o cotidiano dos jovens na internet foi o primeiro passo para 
compreender quão grande é a evolução da tecnologia e o avanço que ela traz para a 
juventude do campo. 
Entre tantas implicações positivas e negativas do uso das TICs, no que abrange 
as relações interpessoais e o desenvolvimento social dos jovens o principal 
promovedor de prejuízos é o uso de excessivo deste meio. A frequência que os jovens 
acessam a internet e o período que passam conectados por meio de celular e outros 
aparelhos, onde nos deparamos com números comuns entre a juventude, como 
mostra o gráfico abaixo: 
 
 
 
 
 
 
26 
 
Figura 3 – Gráfico com frequência de uso da internet pela juventude 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: da autora 
 
Conforme o resultado de nossa investigação, a grande maioria dos jovens 
passam todos os dias conectados à rede de internet. Esta alta frequência de acesso 
gera um foco imediato dos jovens para com as redes sociais, de modo que estes se 
privam de viver o mundo real, limitando-se a não participar de atividades de caráter 
social. Tornam-se de fato sujeitos que optam sempre pelo fácil, o pronto, o já feito, o 
digital. Daí deriva o fator que impulsiona a explicação para esta alta frequência de 
acesso diária, que ainda é sustentada pela empolgação que os conteúdos vistos nas 
redes sociais trazem para o jovem. 
Esta atitude pode causar alguns problemas, como a paixão súbita pelas 
tecnologias de informação e comunicação, e a necessidade de estar sempre 
conectado, postando e navegando como se está de fato fosse a melhor escolha a ser 
feita devido as influências criadas nas relações produzidas pelas redes sociais. 
Entretanto para falar de uma dependência causada pela internet é importante salientar 
a afirmação de Catelles (2003) quando ele pontua que muitos estudos que postulam 
que a internet causa dependência podem estar cometendo o erro de não perceber 
que o que está ocorrendo é uma mudança na forma de interação social e que os meios 
tecnológicos passam a desempenhar um papel de grande importância nesta nova 
dinâmica. 
60%
30%
10%
0% 0%
Todos os Dias 5 Dias na Semana 3 Dias na Semana 1 Dia na Semana Não tem Acesso
27 
 
Deste modo o fator que realmente pode ser questionado é a forma como os 
jovens lidam com este meio de interação social, o autocontrole em déficit, a 
necessidade de se manterem conectados, o interesse que os mantem com a atenção 
fixa frente a uma tela por horas, etc. Estas são questões que vão muito além de uma 
dura crítica sobre uma dependência, mas está fortemente relacionada com a forma 
como analisamos esta dependência e a identificação dos reais motivadores, já que 
pontuar as TICs como culpadas por esta dependência é o mesmo que culpar um 
médico por não poder salvar um paciente, ambas são questões que dependem de 
diversos fatores que frente aos resultados ficam de lado. 
Para além da frequência de acesso semanal à internet pelos jovens, analisando 
o tempo de acesso por dia, em horas, é perceptível que a juventude passa um tempo 
elevado conectada, bem acima daquilo que consideramos como uma “utilização ideal” 
dos meios de comunicação. 
Destarte, o tempo em horas que os jovens passam conectados despertam um 
sentimento de perplexidade, ao analisarmos os números apontados no gráfico baixo: 
 
Figura 4 – Período diário de utilização da internet pelos jovens 
 
Fonte: da autora 
 
30% dos jovens entrevistados passam 15 horas por dia frente a uma tela de 
aparelho celular ou computador, sobrando apenas 9 horas do seu dia para 
desenvolver as demais atividades diárias, tais como: ir para escola, ler um livro, cuidar 
de si, conversar com pessoas de modo presencial e ter o mínimo de relações sociais 
30%
10%
0%
30%
10%
20%
15 horas 12 horas 6 horas 4 horas 2 horas 1 hora
28 
 
o possível. Em um curto período se sabe que a maioria dessas atividades fica de lado, 
assim causando um desequilíbrio, já que estas pequenas atividades são de suma 
importância para o desenvolvimento pessoal do jovem, e manter-se fora dessas 
relaçõesé algo preocupante, ainda mais quando esta se vivendo o período mais 
sensível e limitado da vida, a juventude. 
Logo após analisar a frequência de dias da semana e o período diário de uso 
das TICs para acessar a rede de internet pelos jovens da comunidade, surge uma 
questão a ser analisada: o interesse destes jovens ao acessar a internet, ou seja, 
quais ferramentas os mantem tão presos aos aparelhos por um período tão longo. O 
gráfico abaixo mostra que os jovens utilizam não só um recurso de comunicação, mas 
diversos. Mesmo não ficando evidente nos gráficos, o uso das redes sociais como 
Instagram, WhatsApp e Facebook se sobressaíram em uma comparação com os 
demais recursos de comunicação que despenham uma função educativa. Quando são 
questionados os motivos que levam os jovens a utilizar tais redes, temos como 
resposta algo como: “não é, que eu não utilize a internet para estudar, é que eu uso 
bem mais para bater papo e me informar sobre outros assuntos”. Este fato é um 
produto que deriva do interesse primordial do jovem a ter acesso às redes sociais. No 
gráfico abaixo comparamos as redes sociais e uma ferramenta educativa e notamos 
a diferença de usuários que a utilizam para a dos que utilizam somente as redes 
sociais e ambas as alternativas. 
Figura 5 – Gráfico com tipo de utilização de ferramentas da rede de internet 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10%
20%
10%
60%
EMAIL FACEBOOK WHATSAPP MAIS DE 1 ALTERNATIVA
29 
 
Entre tantos prejuízos também há benefícios do uso das TICs, exemplo desta 
afirmação é claramente notada quando os jovens entrevistados declararam que as 
TICs possuem muita importância, pois estes dependem diretamente do computador e 
celular para realizar pesquisas e trabalhos escolares. Deste modo os jovens unem o 
útil ao agradável, mesmo que dando um passo de cada vez, pois é evidente que o 
jovem ainda optará por aplicativos de comunicação que geram entretenimento, 
alimentados pela mídia, e que conquistam seu público alvo, cativando-os de forma 
surpreendente. Contudo as TICs vêm mostrando seu potencial educativo, e 
despertando todo um aparato das instituições de ensino e dos seus maiores usuários. 
Avaliando a visão dos jovens sobre a popularização das TICs (computador, 
celular, e internet) para o desenvolvimento pessoal destes é perceptível que estes 
acreditam que há uma importância significativa. Para eles as TICs facilitam o contato 
com conhecimentos e a elaboração de trabalhos, pensamento que é concretizado sob 
a fala de um jovem entrevistado que reflete esta questão da seguinte forma: 
 
Antigamente, se a gente precisasse tirar uma dúvida com alguém, sobre 
qualquer que fosse o assunto, a gente teria que ficar se roendo com aquilo, 
até encontrar a pessoa por aí, agora não você entra em um Zap da vida e 
pronto, acabou o problema. 
 
 
5.3. A VISÃO DOS PAIS SOBRE A INTERAÇÃO DOS JOVENS NO MUNDO 
VIRTUAL 
 
Compreender qual a posição dos pais quanto a toda esta interação social dos 
seus filhos e o modo como estes lidam com a tecnologia no perímetro de casa, é de 
fato analisar a visão não só dos jovens da era digital, mas agora compreender os pais 
da era digital, e quais os desafios que estes enfrentam diante deste novo mundo 
imerso sob a tecnologia. 
O primeiro contato dos jovens com a tecnologia surgiu bem cedo através dos 
pais, ou seja, o mundo novo na verdade lhe é apresentado justamente por estes que 
enfrentam desafios no futuro para lidarem com estes aparelhos que uma vez lhe 
pareceram indefesos. 
 Em um diálogo com 04 pais à respeito da idade em que os filhos começam a 
ter contato com as TICs, foi obtido uma média de 2 a 15 anos de idade para as 
30 
 
primeiras interações com aparelhos de celular principalmente. Uma criança de 2 anos 
está no período de conhecer o mundo, descobrindo coisas simples mas de extrema 
importância, como: andar e falar, cair e levantar, entretanto ele é posto frente a uma 
tela e assim as brincadeiras que despertam o desenvolvimento motor e coordenação 
ficam de lado, sendo substituídas por um “mundo magico” de imagens em movimento 
na tela. 
O apego por estes meios de comunicação inicia-se nesta fase, 100% dos pais 
compreendem que seus filhos possuem redes sociais como: WhatsApp, Facebook e 
Instragam, estas que por sua vez despenham o papel de rede influenciadora sobre 
seus usuários. 
Quando é questionado aos pais entrevistados se estes acham que a internet 
tem gerado influência cultural sobre o desenvolvimento dos seus filhos, por conta das 
músicas, vídeos, jogos e informações que eles entram em contato, ou até mesmo pela 
comunicação e interação com outras pessoas através das redes sociais, todos 
respoderam que seus filhos mudaram. A fala do responsavel de número 1 resume a 
fala dos demais quando ele diz que “Sim, os daqui mudaram totalmente, acho que 
eles vêem os outros e querem ser igual. Até no modo de se vestir e falar com gírias 
que eu nunca tinha visto antes.” 
As mudanças citadas pelos pais dos jovens expressam o comportamento 
resultante das influencias da nova era digital, contidas nas interações estabelecidas 
por meio das redes sociais. Hoje é estimado que o maior influênciador digital que 
domina as plataformas digitais é o Instagram, onde outros jovens são demoninados 
de “influenciadores digitais”, o que na verdade é um jogo de markentig: as empresas 
e marcas que desejam expandir seus negócios utilizam a reputação de jovens nas 
redes sociais para torná-los formadores de opinião e indicar certos pordutos, marcas 
ou ideias. Fazendo com que os milhões de seguidores deste influnciador sigam aquele 
pensamento ou adquiram aquele produto. 
Toda essa influência é vista pelo jovem como algo positivo, que acaba se 
tornando um apego pelo meio de comunicação, fato este que reflete no modo como 
estes jovens reagem a uma tentativa de afastamento das redes sociais por meio dos 
pais. Todos os pais afirmam que os seus filhos reagiram de imediato frente a esta 
tentativa, reagindo de forma explosiva ou com um comportamento rude, 
representadas nas seguintes falas dos pais de numero e 1 e 2: “Eles explodem, 
xingam, quebram as coisas e ficam sem falar comigo”, “Ele só ficou triste o dia todo, 
31 
 
trancado no quarto sem querer falar comigo e com ninguém alias”. 
Comportamentos como estes são frenquentes entres os jovens, colocando os 
pais como vilões que não entendem o quão importantes as redes sociais são para 
vida da juventude, entretanto o jovem por sua vez não enxerga as ações dele mesmo 
realizadas e sintetizadas sob o lema “meus pais nunca foram jovens”, fato que é 
totalmente falso, os pais já foram jovens sim e por isso mesmo que agora eles tem 
como função vital, guiar, mostrando o caminho que ele já trilhou, mesmo que ao 
aconselhar os filhos estes não entendam de inicio o sentido desta condução. 
Um das coordenadas dadas pelos pais são as regras estabelecidas por estes, 
apenas um respondavel afirmou que não estabelece regras, referente a horários e 
filtros de conteúdos, pois segundo este responsável, “eles já são grandes, sabem o 
que é certo e errado, eu sempre falo para eles: prestem atenção no que vocês estão 
fazendo e eles mesmos tem um horário, porque eles acordam cedo para ir para 
escola”. 
Este tipo de medida de não interferência dos pais nos horarios e o controle de 
conteúdos, podem gerar situações como as experiências ruins citadas acima, quando 
o responsável tenta exercer um certo controle em algum momemto já não é mais 
possivel e o jovem se vê no direito de intervir e fazer aquilo que lhe parece 
conveniente, todavia cenarios como estes são extremamente comuns, mesmo que 
sejam rediados por todos. 
Depois de investigar a perspectiva dos pais perante as TICs de um modo um 
tantonegatvio, vale salientar os aspectos positivos, visto quando todos os pais 
afirmaram que seus filhos utilizam estes meios de comunição também com a 
finalidade educativa, como pontua a responsável de número 3: “sim eles usam para 
assistir vídeos-aula e realizar trabalhos e pesuisas da escola.” Deste modo vemos que 
na verdade nas TICs não são só influenciadoras e malipuladoras, até podem se 
tornar, mas quem decide isso são os usuarios destes meios de comunicação. 
 Neste sentido é questionado aos pais qual a opinião destes sobre o uso das 
tecnologias de informação e comunicação, como celulares e computadores, e se eles 
as vêem como uma vilã, os jovens aficcionados em redes sociais e outras distrações 
que tomam conta do cotidiano deles; ou se acreditam que se utilizada de forma correta 
ela na verdade pode mudar a vida da juventude, tornando-se um instrumento para 
evolução e amadurecimento pessoal e social. 100% afirmaram que sim, as TICs 
podem ser utlizadas de modo que melhore a vida da juventude, e que basta apenas 
32 
 
estes manterem controle perante estes meios de comunicação. Destaque para a fala 
do responsável de número 4, o qual cita que “se utilizada de forma correta ela ajuda 
sim, porém eu acredito que o jovem possui uma mente perversa e é isso que 
realmente o transforma”, esta afirmação traz uma reflexão para aquilo que podemos 
denominar como uma “construção da era digital”, ou seja, a mente do jovem 
influeciado pelas midias sociais se vê refém de um mundo perfeito, e esta utopia o 
torna vunerável, o ser tido como vuneranel no seu ultimo recurso vital, ele ataca, e é 
justamente este fator que torna o jovem proprietario de uma mente perversa capaz de 
atitudes hediondas para com seu semelhante. 
Destarte, é perceptivel que os pais não se reconhecem como formadores de 
opinões e condutas. Contudo estes despenham esta função mesmo que contra 
vontade, os filhos na sua fase de adolescência e juventude encontram-se a trilhar um 
caminho referente ao novo horizonte, e este caminho pode ter espinhos e obstáculos, 
e um pedido de ajuda hora ou outra iria soar. Os responsáveis por esta ajuda 
siginificativa serão justamente os pais, os quais se sentem na obrigação de ajudar, 
pois muitas vezes estes jovens se perdem sozinhos ao longo do caminho, mas outras 
vezes os pais cooperaram para esta perda. 
Trazendo isso para nossa analise, o fato do primeiro contato com a tecnologia 
pelos jovens ter vindo através dos seus responsaveis se torna algo pertinete, já que 
se existe um probelma de controle, este derivou-se da falta de oritação deste mentor, 
todavia vale considerar que a forma que as TICs avançam também é um dos fatores 
primordias para a forma como os jovens e pais lidam com este recurso. 
Sendo assim é momento de construção dos jovens da era digital juntamente 
aos pais da era digital, afinal um produto derivou do outro. 
O vício da internet e fadiga da informação citada por Palfrey e Gasser (2011), é 
claramente refletida nas falas dos pais, quando estes afirmam que seus filhos passam a 
maior parte do dia conectados, e exclusos das atividades domésticas e da vida social, que 
possibilitam um contato destes com a realidade de forma presente, real. 
 Tal processo é confirmado quando os próprios jovens compreendem o alto índice 
de horas em que estes utilizam as redes sociais, sem um controle estabelecido, assim 
desenvolvendo um apego surreal pela realidade virtual. 
Quanto aos resultados dos diálogos, e verificando todo este apego dos jovens para 
com as TICs, notamos que o desenvolvimento cognitivo do jovem pode sofrer um 
retrocesso, contraste das horas e dias que estes passam conectados, como afirma Oliveira 
33 
 
(2017), quando este diz que o jovem acaba deixando em segundo plano a maravilhosa 
capacidade humana de que é a imaginação, substituindo-a pelo estímulo a fantasia. Ainda 
comprovamos este pensamento nas falas dos pais quando estes apontam o produto 
que resulta deste processo, sendo ele reconhecido nas falas como a mudança do 
comportamento dos jovens. Influências são fruto da fantasia, já que esta promove um 
pensamento utópico nas pequenas cabeças juvenis, que ficam à mercê da tecnologia. 
Destarte, os pais em suas falas a todo momento mostraram-se sempre prontos 
a criticar e realizar reclamações sobre a forma como os jovens lidam com as 
tecnologias, este pensamento contrário é pontuado por Tapscott quando ele exibe a 
oposição dos pais em relação ao tipo de ligação dos jovens com a tecnologia, onde 
fica nítido que os pais eram espectadores passivos, e aceitavam o que lhes era 
oferecido, ou seja, a televisão, e agora seus filhos estão apenas a seguir uma 
evolução natural daquilo que lhes foi ensinado quando não se tinha noção de 
tecnologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
6. AS TICS E O MEIO EDUCATIVO: A EXPERIÊNCIA DOS EDUCADORES DA 
ESCOLA MUNICIPAL PROFESSORA JUDITE FERREIRA DE SANTANA DA 
COMUNIDADE DE QUICÉ 
 
As tecnologias de informação e comunicação, como vimos no debate anterior, 
tiveram um avanço vigoroso na atualidade, se tornando uma realidade para maior 
parte da população o uso de computadores, celulares, e demais aparelhos. Para 
compreender como este avanço afeta os jovens, principalmente do seu meio 
educativo, foram realizadas entrevistas com educadores da Escola Municipal 
Professora Judite Ferreira de Santana. 
As TICs podem ter um potencial educativo para além do que já é esperando, e 
quando se impulsiona este potencial o poder de informar e transmitir conhecimento 
sai da teoria e entra na pratica, onde podemos notar em números o que já é 
evidenciado com estudos. 
O governo possui o papel de impulsionar todo este potencial e fazer valer o que 
é escrito no papel, entretanto vemos números e mais números, afirmando 
investimentos feitos na área da tecnologia voltada para as escolas de rede pública, e 
nada é feito de fato com todo este investimento, pelo menos não para a população, 
assim quando temos contato com a realidade vemos escolas com um aparato 
tecnológico básico, já que o governo disponibiliza salas digitais, equipadas apenas 
com lousas digitais e computadores. Contudo isso ocorre apenas em algumas escolas 
que são consideradas bem estruturadas por serem oriundas de grandes metrópoles, 
pois nas escolas do campo a carência deste aparato tecnológico é ainda pior, sendo 
considerada significativamente baixa, estas que são consideradas escolas mal 
estruturadas, devido ao descaso praticado pelo governo, onde este que já precariza 
as condições de desenvolvimento do ensino básico pela deficiência de políticas 
nacionais gera efeitos nefastos na educação municipal. 
A falta destes equipamentos nas escolas municipais gera uma condição que 
abre espaço para entrada de mais um aparelho que entra em discussões para o meio 
educativo: o celular, sendo usado de forma individual pelos alunos. Já que não se tem 
uma sala digital bem estrutura, então se faz necessário para uma utilização das TICs 
como ferramenta educativa o auxílio deste aparelho, mesmo que venha a acontecer 
situações desagradáveis, como a má utilização do celular, de forma que mude o foco 
da razão pela qual ele é admitido em sala de aula. 
35 
 
 Dois dos três educadores que foram interlocutores da pesquisa, não só 
lecionam na comunidade de Quicé como também nasceram e residem nela, estes 
possuem uma visão bem mais concreta do que é viver e lecionar no campo, o terceiro 
educador leciona no campo e na cidade, este que também por morar na cidade, possui 
uma visão comparativa entre a forma como as TICs são utilizadas em ambos os 
cenários. A Escola Municipal professora Judite Ferreira de Santana é uma escola de 
ensino básico, com salas de pequeno porte e uma capacidade máxima de 35 alunos 
por sala, a biblioteca possui uma variedade pequena de livros se comparada com as 
das escolas urbanas. Há uma salade informática com cerca de 8 computadores de 
mesa, estes não são utilizados pelos alunos devido ao mal funcionamento e falta de 
manutenção. 
Os educadores entrevistados afirmam que as TICs possuem um potencial 
educativo de fato, como notamos na fala da educadora de número 2: “Sim, existe um 
potencial educativo. Elas possibilitam ao indivíduo a ter acesso a informações 
próximas e distantes da sua realidade”. Ricardo Filipe da Silva Pocinho (2012) 
comprova este pensamento da educadora, quando este afirma que a tecnologia, 
através dos computadores e as ligações em rede, são os canais privilegiados na 
relação entre professor e aluno. 
A utilização efetiva das TICs se limitam bastante quando partimos para o âmbito 
da zona rural, onde os investimentos na área tecnológica pelo Estado é 
significantemente menor comparado com as escolas estaduais, e o contraste deste 
fato é o déficit que é claramente refletido na fala do educador de número 3 
 
As tecnologias de informação comunicação são uma evolução tremenda, mas 
infelizmente as escolas do campo não desfrutam dessas tecnologias na 
pratica, fica tudo no papel, um ex professor meu, sempre me disse que as 
TICs eram um avanço e nega-se a encara-las como tal, era um retrocesso 
gigante, e a gente pensa assim, porém é difícil fazer valer o pensamento, por 
que não depende só do educador, depende de fato do estado que por sua 
vez é burocrático ao extremo (EDUCADOR 3 2019). 
 
 
De acordo com a fala do educador notamos que mesmo tendo a intenção de 
inserir as TICs nas suas aulas e fazer acontecer é difícil transforma-la em ação, 
quando quem deveria estar no papel de colaborador está no de desmotivador. Esta 
pode ser um das diversas barreiras das quais Barbosa (2014) cita, quando este diz 
que ainda existem muitas barreiras a serem superadas para a integração efetiva das 
36 
 
TICs aos processos pedagógicos, que vão além das dificuldades associadas a 
questões de infraestrutura das TIC nas escolas. 
Os educadores assim como os pais dos jovens, são formadores de opiniões, 
eles os educam e os apontam o caminho correto a seguir, mas estes não se tornam 
um objetivo fácil de serem alçados quando os meios de comunicação possuem o 
poder de mudar opiniões, e o desenvolvimento destes jovens. 
É unânime a posição dos educadores quanto ao potencial educativo das TICs, 
entretanto quando é questionado sobre desenvolvimento dos jovens, no sentido das 
interações sociais, da cultura e da política, estes acreditam que a popularização das 
TICs tem gerado tantos avanços como prejuízos para a formação dos jovens, como 
pontua em sua fala a educadora de número 2: “Quando se leva em conta os saberes 
trazidos pelos alunos, associando aos conhecimentos escolares, se tornam essenciais 
para a construção do saberes. Mas é necessário o uso do equilíbrio, das tecnologias 
para os jovens assim evitando problemas futuros”. 
No campo da política e cultura, a educadora de número 1 faz uma forte crítica, sobre 
uma das faces negativas das TICs: a influência que elas geram, como cita na seguinte 
fala: 
 
A tecnologia ajuda muito, isso é óbvio, mas não podemos esquecer que está 
ainda desempenha um papel terrível na sociedade atual, elas influenciam, 
transformam mentes, fazem com que nossos jovens abandonem tudo aquilo 
que nós chamamos de cultural, porque para o novo mundo, tudo é brega, e 
velho demais, a influência é tanta, que pode colocar uma pessoa sem a menor 
capacidade na liderança de uma nação, como acabou de acontecer com 
nosso Brasil (EDUCADORA 1, 2019). 
 
 
A visão da educadora é evidenciada na fala de Ludhiana Bertoncello (2011) 
quando ela afirma que as Tics são um problema, pois representam uma revolução da 
comunicação e da informação que tem afetado e modificado as relações sociais de 
adultos, jovens e também das crianças. Assim gerando prejuízos, a influência que 
estimula a perda da cultura, e o modo como os jovens tomam decisões perante esta 
influência são uns destes prejuízos. 
Por meio da perspectiva dos educadores, os jovens acabam se prejudicando 
de maneira alarmante devido ao excessivo uso das tecnologias, deixando de lado um 
universo dinâmico e indispensável, que tem como finalidade tornar a vida, mais 
empolgante e rica. A cultura desempenha este papel, entretanto como pensar em um 
mundo cheio de cores e sabores, se não se pode vivenciar isso de fato. 
37 
 
6.1. DIA-A-DIA DOS EDUCADORES: EXPERIÊNCIAS EM SALA DE AULA 
PERANTE O USO DE APARELHO ELETRÔNICO PELOS ESTUDANTES 
 
Todos os educadores relataram estarem abertos à trabalharem com as TICs já 
cogitaram utilizá-las no espaço escolar, e nesta tentativa estes vivenciaram algumas 
situações desagradáveis, referentes às impossibilidades que estes possuem, como 
pontua o educador de número 3 na sua seguinte fala: 
 
No campo eu não utilizo nenhum tipo de tecnologia, há um ano atrás eu até 
cheguei a usar um data show, mas não foi algo que durou por muito tempo, 
porque o equipamento era meu e as vezes era direcionado para outras 
atividades fora do meu planejamento, se a escola possuísse seu próprio 
equipamento assim daria certo (EDUCADOR 3 2019). 
 
 
Disponibilizar materiais didáticos ou tecnológicos para as escolas de rede 
pública é responsabilidade do Estado, o qual deveria estruturar políticas públicas de 
educação que facilitasse o acesso das escolas à equipamentos tecnológicos e 
formação à educadores para utilizá-los, assim facilitando o aprendizado dos alunos e 
a metodologia do educador. Entretanto este peca de forma constante para com esta 
responsabilidade, contraste desta problemática é refletido na fala do educador 
pontuada acima. 
Vale salientar que a desorganização da escola não é nem de perto a 
problemática primordial, já que os educadores relataram que suas experiências em 
sala de aula com a utilização dos aparelhos eletrônicos pelos alunos se tornou algo 
bem mais pertinente e difícil de se lidar, pois segundo os educadores a utilização das 
TICs precisa ser direcionada, como afirma a educadora de número 2: 
 
As tecnologias da informação e comunicação precisam ser direcionadas, 
porque se elas não forem direcionadas elas se tornam um problema, ou então 
você se adapta a esta nova realidade, não tem como fugir. Eu acho que o 
problema não está só no professor, porque a gente também não consegue 
acompanhar todo esse avanço, a cada três meses muda sempre alguma 
coisa, então o professor precisa rever essa situação. (EDUCADORA 2, 2019) 
 
Seguindo sem esta devida direção os jovens da referida instituição de ensino 
evidenciam o pensamento de Pretto (2010) quando este diz que a juventude se 
apropriou das tecnologias e as transformou completamente, de um meio meramente 
receptor de informações para um meio de expressão de ideias e de manifestação da 
pluralidade e de cidadania. 
38 
 
Diante deste processo dos jovens em sua relação com a tecnologia, e do apego 
ao uso dos celulares a todo momento, a escola possui uma posição de proibir o uso 
de aparelhos de celular nos ambientes educativos a qual entra em discussão entre os 
educadores, fazendo surgir a seguinte pergunta: este processo soluciona o problema 
do uso dos celulares na escola ou não? Notamos este contrassenso na fala dos 
educadores de número 1 e 3 quando ambos citam esta medida e suas visões sobre 
ela. A educadora de número 1 se expressa da seguinte forma: 
 
Hoje aqui a posição é tomar, porque olha o aluno ele não tem acesso à 
internet, o celular dele por estar em uma zona rural não dá área, e ai ele fica 
com o fone de ouvido ouvindo suas musiquinhas, apesar de não atrapalhar, 
é inconveniente, e o professor mesmo que ele tem facilidade para utilizar essa 
ferramenta, não tem como ele usar a rede wifi aqui é restrita e limitada assim 
não tem como você abraçar essa quantidade de salas, e ter esse acesso para 
200 ou mesmo que seja 20 alunos (EDUCADORA 1, 2019). 
 
 
Já o educador de número3 se mostra bem crítico, expressando seu ponto de 
vista com o seguinte pensamento: 
 
Uma posição da escola contra este uso em sala de aula é a retirada do 
aparelho celular do aluno, porém tomar não resolve o problema, eu acredito 
que é uma questão de pensamento, já que o pensamento ele precisa ser 
restruturado, é a partir do momento que você não sabe o porquê que você 
está dentro de uma ferramenta, navegando no Facebook ou em qualquer 
outra coisa, durante uma aula de química orgânica, significa dizer que o 
aluno, ele não sabe se situar dentro deste contexto ou muitas vezes ele é 
refém desta tecnologia, porque ou ela ajuda ou ela pode também atrapalhar, 
exemplo: você navega na web, tem um professor meu que ele costuma dizer, 
assim que a gente só navega na web, quando a gente sabe para qual direção 
a gente estar indo, mas quando você navega sem direção nenhuma, sem 
perspectiva nenhuma, este espaço de redes sociais, você perde um tempo 
enorme da sua vida e ai na verdade você não está navegando você está 
boiando (EDUCADOR 3, 2019). 
 
 
Os meios de comunicação realmente despenham funções positivas, quando se 
tem direção, então quando o educador está se doando, ao desenvolver o processo 
educativo em sala, e o aluno está fixado frente a uma tela, depositando toda a sua 
atenção a este recurso tecnológico, o trabalho pedagógico do professor torna-se inútil 
para o aprendizado. Ou seja, o potencial educativo perdeu para diversão e recreação 
exercida pelo celular e seus recursos, e assim todos perdem, o educador que está se 
esforçando para realizar sua aula e o jovem que perde uma oportunidade de adquirir 
conhecimento. 
Destarte, todas essas limitações envolvem a falta de formação para estes 
educadores, pois apenas um educador dos três entrevistados possui esta formação, 
39 
 
possibilitada pelo Estado. Vale salientar ainda que apenas o educador de número 3 é 
oriundo da cidade e leciona em outra instituição de ensino que está localizada na 
cidade, e é justamente este que possui esta formação, detalhada na sua fala: 
 
Eu já participei de uma formação, pelo estado, chamada Google fora do eixo, 
neste mesmo período o estado investiu cerca de 3 milhões de reais em 
Chromebooks, isso na rede estadual entrando eles ficam lá guardadinhos, 
sem utilização, realmente, o estado deixa tudo no papel (EDUCADOR 3). 
 
Entretanto as demais educadoras que lecionam somente no campo e são 
oriundas do campo, deixam evidente em suas falas o quanto é necessário este tipo 
de formação, mas que ela não existe para com as mesmas. Notamos isso quando a 
educadora de número 1 realiza a seguinte fala: “Eu nunca tiver nenhum tipo de 
formação com as TICs e seus usos, todo conhecimento que tenho foi adquirido por 
conta própria.” 
Deste modo compreende-se que a educação do campo precisa urgentemente 
de políticas públicas de reparação referente as desigualdades que esta sofre durante 
o governo atual, a qual ao invés de investir e inovar neste âmbito e transforma-lo em 
uma educação contextualizada e igualitária, apenas reduz o teor intelectual, 
colocando-a em um nível inferior de ensino. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
CONDIDERAÇÕES FINAIS 
 
Realizar uma pesquisa sobre as TICs é investigar o que a geração atual mais 
utiliza, algo que se tornou esclarecedor para compreender a relação dos jovens do 
campo com a tecnologia. Por meio deste trabalho estivemos a todo momento 
utilizando escrita acessível, tratando de dados e números do cotidiano que traduzem 
uma realidade complexa mas que por estudo possibilitou a compreensão do objeto 
estudado na relação com os sujeitos da pesquisa: os jovens, afinal esta pesquisa foi 
feita por uma jovem para os jovens. 
Durante toda a elaboração da pesquisa foi possível enxergar os lados positivos 
e negativos das TICs na vida e desenvolvimento social e cultural da juventude 
camponesa, analisando ambos. Compreendemos o potencial educativo das TICs, e 
toda sua relevância para os educadores atuarem de forma mais didática e inovadora, 
os quais a todo momento se mostram a favor da utilização das TICs no espaço 
escolar. Mas foi observado que por questões que envolvem a atuação do governo isso 
não acontece de fato e todos os anseios e projetos ficam somente no papel. Foi 
possível ter contato direto com o modo com que os pais dos jovens desta era digital 
lidam com a forma que seus filhos se comportaram perante toda esta influência 
tecnológica. 
Todos os objetivos desta pesquisa foram alcançados, entretanto analisando e 
comparando esta como outras pesquisas já feitas, é perceptível que toda e qualquer 
pesquisa que tem como temática ou base as TICs na vida da juventude, seja ela rural 
ou urbana, é de extrema importância para a construção da visão do jovem perante o 
meio tecnológico. Sendo assim a continuidade de pesquisas como estas demostram 
que a tecnologia é sim algo bom se usada de forma adequada, e que, na verdade, a 
tecnologia é um um espaço vasto, onde “os astronautas” que exploram estes devem 
tomar cuidado com “este universo fantástico cheio de mistérios e buracos negros sem 
fim”. 
Destarte, durante a construção de uma pesquisa como está não se enxergar 
em diversos dilemas e paradoxos é quase impossível, quando se é jovem, e assim 
como qualquer jovem da era digital utiliza as TICs diariamente. Entretanto foi possível 
direcionar esta pesquisa justamente para as implicações dos meios de comunicação 
na vida deste público, para ter um contato com realidades diferentes da minha e com 
sujeitos de condições semelhantes, assim sinto-me a vontade para reforçar a crítica 
41 
 
já feita ao decorrer da pesquisa, quando critico a forma como alguns autores 
comentam sobre a dependência dos jovens perante as TICs, estudos um tanto 
equivocados, afiram que a juventude utiliza os meios de comunicação de forma 
superficial, como um mero meio de receptação de mensagens quando na verdade o 
jovem utiliza a tecnologia de uma forma que jamais será reduzida a este pensamento 
fechado, construindo todo um aparato que tem como finalidade facilitar a vida na 
sociedade por inteiro, prova disso são os aplicativos em que os criadores são na 
maioria jovens. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
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TAPSCOTT, Don. Geração

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