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Prof. Bruno César UNIDADE I Prática de Ensino: Introdução à Docência Direcionar a sua atenção para perceber a educação (formal e informal) que acontece diariamente ao seu redor; Refletir sobre aspectos inerentes a ela, que são de suma importância tanto para sua vida profissional quanto para a prática da cidadania. Propomos a leitura de textos de conhecimento popular e de autores renomados, de modo a instigar o seu pensamento reflexivo. Assim, vamos começar com uma reflexão: ensinar é um dom ou um ofício? Apresentação da disciplina Dialogar a respeito de algumas informações sobre a formação profissional docente no Ensino Superior. Convidamos a refletir sobre a constituição do ser professor e a resgatar memórias dos bancos escolares. Fazer associações e levantar conjecturas sobre o longo e complexo processo que envolve o desenvolvimento profissional docente. Você vai ter contato com algumas abordagens teóricas e propostas para experimentar ou expandir a ação reflexiva a partir de questionamentos e de textos selecionados para tal finalidade. Introdução Espera-se que você identifique a relação entre as práticas de ensino e o estágio curricular obrigatório, parte inerente da licenciatura para exercer a docência, e também a relevância da atividade prática como aplicação do conhecimento teórico na profissão. Afinal, se você está em um curso de formação docente, deve ter muitas dúvidas sobre a estrutura do curso de licenciatura. Vamos refletir sobre a base do desenvolvimento profissional do professor – a relação teórica e prática? Introdução No Brasil, a primeira universidade nos moldes modernos surgiu após a Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo. A Universidade de São Paulo (USP), que reuniu os cursos superiores já existentes na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, seria a primeira instituição de saber fundamental em todas as áreas do conhecimento humano. A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras viria integrar em uma base comum os ensinamentos de diversas áreas do saber, segundo o tripé proposto pela USP: ensino, pesquisa e extensão. A formação profissional no Ensino Superior 1950 a 1970: surgimento de universidades federais, estaduais, municipais e particulares. A explosão do Ensino Superior no Brasil ocorreu somente nos anos 1970. Há o surgimento de muitas propostas e discussões em prol da expansão, qualidade e democratização do Ensino Superior brasileiro, propiciando a oportunidade de escolher uma profissão e constituir-se um profissional competente. Com o aumento da valorização do saber acadêmico pelo mercado de trabalho e o acesso ao Ensino Superior em instituições particulares, a criação de programas de financiamento estudantil pelo governo, pelas próprias Instituições de Ensino Superior (IES) e iniciativa privada concretizou um grande aumento na quantidade de vagas nos cursos de graduação. A formação profissional no Ensino Superior A variedade na oferta de cursos, o aumento de cursos noturnos e o atendimento às necessidades do público interessado respondem por um lado às expectativas dos discentes e por outro às demandas sociais e profissionais do mundo corporativo. Há também o investimento na Educação a Distância (EaD) que revela a necessidade de um modelo alternativo e a superação do preconceito com essa modalidade de ensino e de aprendizagem que permitiu que o sonho de cursar uma faculdade se tornasse realidade para muitos brasileiros, principalmente por seu formato que oferece baixo custo e flexibiliza tempo e espaço. A formação profissional no Ensino Superior Além da graduação, como formação profissional inicial, os cursos de pós-graduação são muito procurados por profissionais que buscam uma formação continuada. Formação inicial – Graduação: tecnólogos, licenciatura e bacharelado. Formação continuada – Pós-graduação: Lato sensu (especialização e aperfeiçoamento) e Stricto sensu: mestrado e doutorado. A formação profissional no Ensino Superior Os cursos de formação inicial de professores (licenciaturas) têm seu currículo e proposta pedagógica atrelada às diretrizes estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) e pelos documentos legais e educacionais em vigor. Assim mantêm suas propostas pedagógicas atreladas às atuais concepções de ensino e de aprendizagem, de modo a garantir que o futuro professor esteja preparado para o pleno exercício do magistério. Mas o que é uma licenciatura? A formação profissional no Ensino Superior Licença, autorização, permissão ou concessão dada por autoridade pública competente para o exercício de uma atividade profissional, em conformidade com a legislação. É um título acadêmico, obtido em curso superior, que faculta ao seu portador o exercício do magistério na Educação Básica dos sistemas de ensino. Autoriza a atuar no magistério para lecionar (ensinar) na área de conhecimento e disciplina escolhida. Um exemplo: em ciências humanas e sociais há licenciaturas e bacharelados em Letras, História, Geografia, Filosofia, Sociologia, entre outros. A formação profissional no Ensino Superior Entre 1950 a 1970, ocorreu o surgimento de universidades federais, estaduais, municipais e particulares. A explosão do Ensino Superior no Brasil ocorreu somente nos anos: a) 1950. b) 1960. c) 1970. d) 1980. e) 1990. Interatividade Entre 1950 a 1970, ocorreu o surgimento de universidades federais, estaduais, municipais e particulares. A explosão do Ensino Superior no Brasil ocorreu somente nos anos: a) 1950. b) 1960. c) 1970. d) 1980. e) 1990. Há o surgimento de muitas propostas e discussões em prol da expansão, qualidade e democratização do Ensino Superior brasileiro, propiciando a oportunidade de escolher uma profissão e constituir-se um profissional competente. Resposta A licenciatura apresenta ao aluno uma área de atuação já definida, a área de educação e a função docente, mas apenas o pedagogo possui outras habilitações para atuar na gestão pedagógico-administrativa de uma instituição de ensino. Já o bacharelado viabiliza uma atuação mais ampla no mercado de trabalho, permitindo ao profissional atuar em diferentes áreas e funções, além do campo de pesquisa acadêmica, como, por exemplo: o geógrafo pode atuar no setor público e privado no planejamento urbano, no planejamento e desenvolvimento regional e territorial com a utilização de geotecnologias, podendo desenvolver diagnóstico socioambiental. A formação profissional no Ensino Superior Como se dá a atuação docente em cada segmento de ensino? Fonte: adaptado de: livro-texto. Educação Básica Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio Organizada em etapas e atende crianças de 0 a 5 anos Organizado em dois ciclos: Ensino Fundamental I (anos iniciais): do 1º ao 5º ano Ensino Fundamental II (anos finais): do 6º ao 9º ano Do 1º ao 3º ano Na Educação Infantil, conforme legislação vigente, pode atuar o pedagogo e o professor que cursou o normal superior, com exceção dos professores formados em educação física e artes, que também podem possuir habilitação para esse segmento. Tradicionalmente, o pedagogo e o professor que cursou o normal superior também atuam no Ensino Fundamental I (anos iniciais), assumindo integralmente o currículo do 1º ao 5º ano. Já os professores com licenciatura numa área específica atuam no Ensino Fundamental II (anos finais) e no Ensino Médio, mas tal condição não é explícita na Lei n. 9394/96: “Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal” (BRASIL, 1996). Como se dá a atuação docente em cada segmento de ensino? Observa-seque não há rigidez quanto à atuação de licenciados no Ensino Fundamental. Alguns professores com licenciatura específica já estão atuando nos anos iniciais (1º ao 5º ano), como já vem ocorrendo nas disciplinas de Língua Estrangeira, Artes e Educação Física em alguns sistemas de ensino do país. Apesar do Conselho Nacional de Educação (CNE) ter entendimento claro a esse respeito desde 2000, essa questão ainda é debatida e desconhecida por boa parte dos profissionais da educação. No estado de São Paulo, objetivando evitar maiores questionamentos, o Conselho Estadual de Educação fixou, por meio de pareceres, entendimento de que a docência nos anos iniciais do Ensino Fundamental poderá se dar por professores detentores de licenciatura com habilitações em áreas específicas. Como se dá a atuação docente em cada segmento de ensino? As instituições públicas (municipais e estaduais), que selecionam seus professores por meio de concurso público, estruturam o segmento correspondente aos “anos iniciais do ensino fundamental”, atribuindo aos professores egressos do curso normal de nível médio, curso normal superior, ou curso de pedagogia, a responsabilidade de praticamente todos os conteúdos para um professor por série (e classe). Nas redes estaduais e municipais há diversos exemplos de atribuição de componentes curriculares no Ensino Fundamental I a professores portadores de licenciatura em áreas específicas, como é o caso de Educação Física, Arte ou Língua Estrangeira Moderna. Vale ressaltar que os dispositivos pertinentes da LDBEN não preveem a estruturação rígida em “anos iniciais e anos finais do ensino fundamental”. Assim, entendemos ser “legal” a docência de portadores de licenciatura específica em todo o Ensino Fundamental, dependendo sempre da organização dos sistemas de ensino e da proposta pedagógica de cada escola. Como se dá a atuação docente em cada segmento de ensino? A escola é o principal espaço de atuação daquele que pretende lecionar – o professor. Há os ambientes não escolares (ONGs, sindicatos, hospitais, movimentos sociais, presídios e instituições que acolhem menores em situação de risco ou de caráter socioeducativo), em que o professor pode compartilhar aquilo que sabe além dos muros da escola. Infelizmente, ainda temos no Brasil muitas “escolas de massas”, nas quais os professores têm que ensinar muitos alunos ao mesmo tempo e no mesmo lugar. Fruto da Revolução Industrial, presente num país em pleno desenvolvimento econômico, social e cultural. Precisamos atualizar a escola. E você, futuro professor, pode ser agente transformador da escola real para o formato ideal. A constituição do ser professor Tal ação deve estar baseada na equidade e na inclusão social partindo de uma revolução curricular e na aderência às tecnologias, o que consequentemente causará mudanças didático-pedagógicas no trabalho docente. O aluno de hoje não se encaixa nos padrões escolares clássicos. É como tentar colocar um par de sapatos dentro de uma caixa de fósforos. A criança e o adolescente do século XXI estão mergulhados num mundo tecnológico repleto de informações, buscam o conhecimento na rede e, dessa forma, a pesquisa torna-se presente em seu cotidiano, muito além da escola. Mas quem é esse professor que atua atrás e além dos muros da escola? É o indivíduo que, como você, decidiu contribuir para a formação pessoal e profissional de seus pares e que acredita em ações coletivas transformadoras. O que diferencia o bom professor? A sua identidade docente. A constituição do ser professor A constituição do ser professor se inicia no curso de licenciatura. Essa trajetória perpassa sua cultura familiar e social, memórias, impressões e questões pessoais. O ponto de partida na primeira infância, ao ingressar na escola e ter seu primeiro professor. A identidade docente é uma construção social marcada por múltiplos fatores que interagem entre si, resultando numa série de representações que os docentes fazem de si mesmos e de suas funções, estabelecendo, consciente ou inconscientemente, negociações das quais certamente fazem parte suas histórias de vida, suas condições concretas de trabalho e o imaginário recorrente acerca dessa profissão (GARCIA; HYPOLITO; VIEIRA, 2005). Devemos problematizar o conteúdo das memórias escolares, suas ideias a respeito do ensino e da postura dos professores, para melhor entender que influências têm no seu aprendizado profissional. Isso pode influenciar de diferentes maneiras no desenho de seu perfil profissional e na construção de sua identidade docente. A constituição do ser professor “A escola da minha infância e início da adolescência não deixou lembranças significativas. Lá passei metade de meus dias durante longos nove anos. Aprendi, desaprendi e fiz amigos que não tenho mais. Passei pela escola. Esta é a impressão que ficou. Dos professores poucas lembranças, e das aulas inúmeras frustrações. Aos 12 anos queria muito entender por que era tão importante encontrar a mediana e a bissetriz de um triângulo ou resolver inequações, se tais saberes não me ajudavam a estimar o valor da compra ou conferir o troco com segurança quando ia ao supermercado. Por isso, hoje sou uma professora que se preocupa com a aprendizagem significativa e a aplicabilidade do conhecimento (Profa. Dra. S. D. S.).” A constituição do ser professor Fonte: livro-texto Fotografia da autora Segundo Oliveira (2006), o saber e o sabor de se constituir professor tem um tempero de mel e de fel, quando nossas dúvidas e incertezas se apresentam, o que pode ser muito relevante se considerarmos esse momento como indicador de um saber provisório, ou seja, que estamos em processo de construção profissional e tais sentimentos sinalizam que ainda somos aprendizes. Vamos fazer um exercício com sua memória. Puxe os fios da lembrança e reflita sobre as impressões de sua trajetória escolar. O que você se lembra dos professores, das aulas e das escolas onde já estudou? O importante é que suas lembranças escolares alimentem positivamente seu sonho ou escolha. Quanto às lembranças tristes ou nebulosas, descarte-as simplesmente e mantenha apenas as boas recordações ou, ainda, transforme-as em pontos de reflexão para direcionar suas ações quanto ao que não pretende ser ou fazer em sua atuação profissional. A constituição do ser professor Infelizmente, ainda temos no Brasil muitas “________ __ ________”, nas quais os professores têm que ensinar muitos alunos ao mesmo tempo e no mesmo lugar. a) Áreas de entretenimento. b) Escolas de massa. c) Linhas de aprendizagem. d) Propostas de enganação. e) Formas de investigação. Interatividade Infelizmente, ainda temos no Brasil muitas “________ __ ________”, nas quais os professores têm que ensinar muitos alunos ao mesmo tempo e no mesmo lugar. a) Áreas de entretenimento. b) Escolas de massa. c) Linhas de aprendizagem. d) Propostas de enganação. e) Formas de investigação. Infelizmente, ainda temos no Brasil muitas “escolas de massas”, nas quais os professores têm que ensinar muitos alunos ao mesmo tempo e no mesmo lugar. Fruto da Revolução Industrial, presente num país em pleno desenvolvimento econômico, social e cultural. Precisamos atualizar a escola. E você, futuro professor, pode ser agente transformador da escola real para o formato ideal. Resposta Você já sonhou com seu futuro profissional? Já se questionou sobre: Que professor não pretende ser? Como serão suas aulas? Em que tipo de escola gostaria de lecionar? Como será sua relação com os alunos e a equipe de trabalho? O que você almeja para sua carreira profissional? A constituição do ser professor A disciplina de Prática de Ensino se dará por meio da articulação de atividades relacionadas às especificidades de cada curso. Será desenvolvida no decorrer de seu curso com atividades assimdistribuídas: A relação teoria e prática na formação docente Fonte: adaptado de: livro-texto. P rá ti c a s d e e n s in o Introdução à docência Observação e projeto Integração escola e comunidade Vivência no ambiente educativo Princípios pedagógicos em sala de aula O uso dos recursos didáticos em sala de aula Trajetória da práxis Reflexões A Prática de Ensino, por ser uma disciplina teórico-prática, talvez a única com essa característica em se tratando da formação de professores, desenvolve-se a partir de vivências pedagógicas no interior da escola. Em seu desenvolvimento, o contato com o espaço educativo da escola é imprescindível, pois é dessa realidade que as propostas de ensino devem emergir. O que é “Prática de Ensino”? A Prática de Ensino: Introdução à Docência, bem como as demais atividades da dimensão prática do curso, apoia-se em documentos normativos e legais. Os principais documentos que dão base à prática de ensino são os seguintes: Constituição da República Federativa do Brasil de 1988; Lei Federal n. 9394 de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; Lei n. 11.788 de 2008 – Lei dos Estágios; Resolução CNE/CP n. 002 de junho de 2015: define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior e para a formação continuada. O que é “Prática de Ensino”? Em momento anterior aos pareceres e resoluções do Conselho Pleno do Conselho Nacional de Educação de 2002 (resoluções revogadas pela Resolução CNE/CP n. 2/2015), a concepção dominante nos cursos de formação de professores apresentava dois polos isolados: supervalorizava os conhecimentos teóricos e acadêmicos, desprezando as práticas como importante fonte de conteúdos de formação – visão aplicacionista das teorias; supervalorizava o fazer pedagógico, desprezando a dimensão teórica dos conhecimentos como instrumento de seleção e análise contextual das práticas – visão ativista da prática. Evidenciava-se, então, a necessidade de integração entre a teoria e a prática. O que é “Prática de Ensino”? Ao desprezar a prática, diminui-se o potencial de aprendizagem dos temas estudados, ou seja, menosprezava o fazer em detrimento do saber. Saber sem uma aplicação necessária é praticamente inoperante. Não se pode imaginar a teoria sem a prática, pois ela (a teoria) só foi desenvolvida por necessidade prática. Por outro lado, ao desprezar a teoria, diminui-se o potencial de aprendizagem dos temas estudados, pois menosprezava o saber em detrimento do fazer. A prática sem a teoria não oferece respostas adequadas para a evolução da sociedade. O fazer não pode prescindir do saber. Assim, o extremismo ativista da prática, do mesmo modo, se mostrava reducionista do potencial de desenvolvimento da aprendizagem, que visa à melhoria da sociedade. Era necessária, portanto, uma mudança de paradigma, e isso foi objeto dos pareceres e resoluções do Conselho Nacional de Educação (CNE), que aprimorou de modo significativo a concepção de prática e de estágio em documentos legais e normativos recentes. O que é “Prática de Ensino”? A prática de ensino é uma dimensão do conhecimento que está presente tanto nos cursos de formação, nos momentos de reflexão sobre a atividade profissional, como durante o estágio, nos momentos em que se exercita a atividade profissional. As atividades propostas nas disciplinas de prática de ensino devem privilegiar os procedimentos de observação, pesquisa e reflexão em situações contextualizadas, podendo ser enriquecidas por tecnologias, projetos, situações simuladoras e estudos de caso. Quando você estiver realizando as atividades de prática de ensino, será o momento em que estará buscando fazer algo, produzir algo, que a teoria irá conceituar e significar, com isso administrar o campo e o sentido dessa atuação. O que é “Prática de Ensino”? As atividades práticas criarão oportunidades para que você se defronte com problemas concretos do processo de ensino e de aprendizagem e da dinâmica própria do espaço escolar, como resultado de estudos, propostas pedagógicas e pesquisas desenvolvidas ao longo do curso. Isso deve impulsioná-lo a um processo de reflexão sobre questões ligadas às políticas educacionais do país, ao projeto político-pedagógico da escola e às ações pedagógicas desenvolvidas no cotidiano das salas de aula. Você irá aprender, de modo que quando estiver realizando as práticas e os estágios não sejam palavras e assuntos sem sentido. Lembrete: estágio curricular supervisionado é o tempo de aprendizagem que supõe uma relação pedagógica entre alguém que já é um profissional reconhecido em um ambiente institucional de trabalho e o estagiário. O que é “Prática de Ensino”? O estágio é realizado considerando-se a formação pessoal, vivência profissional e cidadania, não se trata de uma simples preparação para o trabalho, mas de uma primeira experiência no campo profissional. Também contribuirá para a realização das atividades de prática de ensino, nas quais deverá movimentar suas observações, impressões e aprendizagens obtidas ao estagiar em ambientes escolares e não escolares. Você deve preparar-se para oferecer a seus educandos as melhores condições para o desenvolvimento de competências. Não deve apenas transmitir dados isolados ou propor tarefas repetitivas, mas apresentar conhecimentos contextualizados, usar estratégias para desenvolver habilidades específicas visando a uma aprendizagem significativa. O planejamento e a execução das práticas no estágio devem estar apoiados nas reflexões desenvolvidas nos cursos de formação. Em outras palavras, as reflexões desenvolvidas no seu curso devem apoiar o planejamento e a execução das atividades práticas do estágio. Estágio Curricular Supervisionado Os principais documentos que dão base à prática de ensino são os seguintes, exceto: a) Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. b) Lei Federal n. 9394 de 1996. c) Lei n. 11.788 de 2008. d) Resolução CNE/CP n. 002 de junho de 2015. e) Lei n. 4.320 de 1964. Interatividade Os principais documentos que dão base à prática de ensino são os seguintes, exceto: a) Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. b) Lei Federal n. 9394 de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. c) Lei n. 11.788 de 2008 – Lei dos Estágios. d) Resolução CNE/CP n. 002 de junho de 2015 – Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior e para a formação continuada. e) Lei n. 4.320 de 1964 – Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Resposta O estágio não é uma atividade exclusivamente prática, uma vez que é alimentado pelas reflexões teóricas desenvolvidas durante o curso de formação do professor. Desse modo, não há como fazer uma distinção tão exata entre teoria e prática no curso de formação docente, tanto nas atividades envolvidas diretamente com o estágio quanto nas atividades desenvolvidas nas demais disciplinas. Cruz (2002): é a prática de determinadas habilidades que constrói a competência. Uma pessoa é competente quando tem os recursos para realizar bem uma determinada tarefa, mesmo que seja uma situação complexa. Estágio Curricular Supervisionado Não basta ao profissional ter conhecimentos sobre o seu trabalho. É fundamental que saiba mobilizar esses conhecimentos, transformando-os em ação. Para ser professor não basta o saber, é necessário aplicar o conhecimento sobre o seu objeto de trabalho, que, no melhor sentido da palavra, é o educando. Caso a aprendizagem não ocorra, não houve êxito. O profissional de hoje precisa de uma formação adequada e ter a consciência de que não basta abrir um livro didático em sala de aula para que os educandos aprendam. A educação escolar não deve receber umaabordagem superficial e mecânica, sem vínculos com as situações que fazem sentido em seu cotidiano. Os educandos devem resolver problemas, discutir ideias, checar informações, levantar hipóteses, fazer conjecturas e serem desafiados constantemente. Como sinalizou Paulo Freire, “ensinar não é apenas transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (2002, p. 22). Relação entre o saber e o fazer Muitas vezes nos deparamos com um ensino que se resume a regras e modelos que o educando não entende e nem o professor sabe para que servem. Falta aprofundamento no saber docente para conhecer os aspectos mais relevantes do processo de ensinar e aprender, além dos conhecimentos prévios dos alunos, as situações didáticas e os novos saberes a construir. É preciso aumentar a participação do educando na produção do conhecimento, pois eles não suportam mais aulas maçantes e vazias de significados. Por isso, o desenvolvimento profissional permanente é uma necessidade inevitável, mas não deve ser visto como uma mera consequência da profissão, pois o professor não deve ser apenas um consumidor de conhecimentos. Não podemos mais aceitar profissionais que cometem erros e imprudências em sala por falta de conhecimento, por não investir em seu desenvolvimento profissional, seja ele inicial ou continuado. No caso específico da formação de professores, o processo reflexivo é exigência permanente. Relação entre o saber e o fazer A realização das atividades e a reflexão sobre as práticas deixam de ser periféricas na formação do professor e passam a ocupar um espaço maior e mais importante. Não se trata de desvalorizar a teoria, mas de valorizar a prática para que o conhecimento seja aplicável e aplicado, pois tais elementos, anteriormente, eram negligenciados nos cursos de licenciatura, mas agora isso foi resolvido. Lembre-se de que a prática não se resume ao estágio. A promoção de atividades que propiciem comunicação é condição sine qua non (do latim, significa “sem a qual não”). Os estudantes devem compartilhar suas experiências, visando somar conhecimentos e subtrair dúvidas nesses contatos. Para que sua formação docente seja um sucesso, é importante reconhecer a importância de outra modalidade de prática – a prática reflexiva. A necessidade da reflexão sobre a atividade prática Podemos afirmar que o termo reflexivo tem como uma de suas raízes as ideias de John Dewey (1859-1952), filósofo, psicólogo e pedagogo norte-americano, ao caracterizar o pensamento reflexivo e defender o poder da reflexão como elemento impulsionador da melhoria das práticas profissionais docentes. Dewey (1959, p. 13) considera o pensamento reflexivo como a melhor maneira de pensar e o define como “a espécie de pensamento que consiste em examinar mentalmente o assunto e dar-lhe consideração séria e consecutiva”. Formar um profissional reflexivo envolve atividades de busca e investigação, o oposto da rotina, em que há aceitação sem reflexão do contexto. Na ação reflexiva, há a problematização da realidade vivida. A necessidade da reflexão sobre a atividade prática Durante o curso e principalmente no decorrer das disciplinas de Prática de Ensino e Estágio Supervisionado, você desenvolverá três atitudes básicas, que, de acordo com Lalanda e Abrantes (1996), favorecem a ação reflexiva da seguinte forma: Abertura de espírito: saber ouvir opiniões, informações provenientes de fontes diversificadas, ter capacidade de aceitar alternativas de percurso e reconhecer possibilidades de erros. Responsabilidade: fazer ponderações cuidadosas das consequências de determinadas ações. Empenho: traduz-se no desejo de mobilizar as atitudes anteriores. A necessidade da reflexão sobre a atividade prática O termo professor reflexivo foi disseminado pelas ideias de Donald Schön sobre a prática profissional, fundamentando-se nos princípios de Dewey. Schön (2000) percebeu que em várias profissões, não apenas na prática docente, existem situações conflitantes, desafiantes, nas quais a aplicação de técnicas convencionais simplesmente não resolve os problemas. Não se trata de abandonar a utilização da técnica, mas haverá momentos em que o profissional estará em situações conflitantes e ele não terá como se guiar somente por critérios técnicos preestabelecidos. Os bons profissionais utilizam uma série de estratégias não planejadas, cheias de criatividade, para resolver problemas do dia a dia. Schön (2000) identifica nos bons profissionais uma combinação de ciência, técnica e arte. É essa dinâmica que possibilita ao professor agir em contextos instáveis como os da sala de aula. A necessidade da reflexão sobre a atividade prática Schön (2000) propõe a superação dessa formação de caráter técnico e sugere uma proposta de formar um profissional capaz de refletir sobre sua ação para compreender e melhorar sua prática. O autor defende a ideia de “aprender fazendo” como princípio formador, pois acredita que, somente pela própria experiência vivida, o profissional irá se apropriar verdadeiramente de conhecimentos. E, ainda, defende a reflexão como o principal instrumento de apropriação desses saberes. Assim, discute-se uma forte valorização da prática na formação profissional, como prática refletida como momento de construção de conhecimentos pela análise e problematização de situações novas, de incerteza e indefinição. A necessidade da reflexão sobre a atividade prática A formação de professores necessita de estudos disciplinares que possibilitem uma sistematização e um aprofundamento de conceitos e relações, no entanto, é indispensável levar em conta que a atuação do professor não é a do físico, nem do biólogo, psicólogo ou sociólogo, é a atuação de um profissional que usa os conhecimentos dessas disciplinas específicas para ensinar. O professor é um profissional diferenciado, que não deve ser confundido com o geógrafo, historiador, matemático, biólogo etc. Esse profissional fez sua opção pela carreira docente, que tem seus métodos e objetos próprios de trabalho, os quais são diferenciados daqueles de profissionais formados em cursos de bacharelado. Nesse sentido, o conhecimento básico obtido na dimensão teórica do curso deve ser aplicado na sua dimensão prática. A aplicação do conhecimento teórico na profissão As fontes desse conhecimento básico do professor para ensinar, segundo Shulman (1987), são: a formação acadêmica (licenciatura); o contexto educativo institucionalizado (a universidade e as escolas); a escolarização anterior e os fenômenos socioculturais que permeiam sua vida e, por fim, o saber teórico que valida a prática em si mesma. Prática é um termo que possui um conceito mais amplo se comparado ao termo “estágio”. Todas as disciplinas que constituem o currículo de formação, e não apenas as pedagógicas, têm sua dimensão trabalhada tanto na perspectiva da sua aplicação no mundo social e natural quanto na perspectiva da sua didática, em tempo e espaço curricular específico. Nessa perspectiva, não existe disciplina exclusivamente teórica, completamente desarticulada da prática. Todas as disciplinas do curso têm uma dimensão prática, até porque as teorias somente são desenvolvidas quando na prática alguém descobre sua necessidade. A aplicação do conhecimento teórico na profissão O termo professor reflexivo foi disseminado pelas ideias de Donald Schön sobre a prática profissional, fundamentando-se nos princípios de: a) Sigmund Freud. b) Paulo Freire. c) Michel Maffesoli d) John Dewey. e) Guimarães Rosa. Interatividade O termo professor reflexivo foi disseminado pelas ideias de Donald Schön sobre a prática profissional, fundamentando-se nos princípios de: a) Sigmund Freud. b) Paulo Freire. c) Michel Maffesoli d) John Dewey. e) Guimarães Rosa. Dewey (1959, p. 13) considerao pensamento reflexivo como a melhor maneira de pensar e o define como “a espécie de pensamento que consiste em examinar mentalmente o assunto e dar-lhe consideração séria e consecutiva”. Formar um profissional reflexivo envolve atividades de busca e investigação, o oposto da rotina, em que há aceitação sem reflexão do contexto. Na ação reflexiva, há a problematização da realidade vivida. Resposta BRASIL. Lei n. 9394/96. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 06 jan. 2023. BRASIL. Resolução CNE/CP n. 2, de 1º de julho de 2015. Brasília: Ministério da Educação; Conselho Nacional de Educação, 2015. Disponível em: https://cutt.ly/2MTXygg. Acesso em: 16 nov. 2022. CRUZ, C. H. C. Competências e habilidades: da proposta à prática. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2002. Coleção Fazer e Transformar. DEWEY, J. Como pensamos: como se relaciona o pensamento reflexivo com o processo educativo. 3. ed. São Paulo: Companhia Nacional, 1959. FREIRE, P. Professora sim, tia não! Cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho D’Água, 2002. Referências GARCIA, M. M. A.; HYPOLITO, A. M.; VIEIRA, J. S. As identidades docentes como fabricação da docência. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 45-56, jan./mar. 2005. Disponível em: https://bit.ly/3Vz0u0c. Acesso em: 10 nov. 2022. LALANDA, M. C.; ABRANTES, M. M. O conceito de reflexão em John Dewey. In: ALARCÃO, I. (org.). Formação reflexiva de professores: estratégias de supervisão. Porto: Porto Editora, 1996. OLIVEIRA, V. F. (org.). Narrativas e saberes docentes. Ijuí: Unijuí, 2006. SCHÖN, D. A. Educando o profissional reflexivo. Um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. SHULMAN. L. S. Knowledge and Teaching: foundations of the new reform. Harvard Educational Review, Cambridge, v. 57, n. 1, feb. 1987. Referências ATÉ A PRÓXIMA!
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