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AV1 - ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO Parte 1 Texto: ‘’O que é Direito e Economia?’’ - O direito e a economia são metodologias diferentes que tornam o diálogo entre juristas e economistas turbulento e ‘’destrutivo’’. Atualmente esse diálogo é fertil. O DIREITO: verbal, hermenêutico, o foco é em ser justo e a crítica é com base na legalidade. A ECONOMIA: matemática, empírica, o foco é em ser científica e crítica é com base no custo. - A AED é a aplicação econômica (macro, principalmente) para examinar a formação, a estrutura, o processo e os impactos econômicos da legislação e dos institutos legais. - Possui duas dimensões. 1. DIMENSÃO POSITIVA: ou descritiva - Se ocupa das repercussões do direito sobre o mundo real dos fatos. - Conceitos microeconômicos são úteis para a análise do Direito, para verificar a pertinência entre meios e fins normativos. - Utiliza teorias: teorias dos jogos, da escolha pública, do agente, das custas de transação… - O Direito e Economia Positivo serve para verificar a pertinência entre meios e fins em um caso concreto: quais são os resultados produzidos. - Possui 3 versões que indicam como a AED pode ser compreendida: 1) VERSÃO REDUCIONISTA: o direito pode ser reduzido a economia; é radical e minoritária 2) VERSÃO EXPLICATIVA: a economia seria capaz de prover uma teoria explicativa da estrutura das normas jurídicas, mas que traz como problemas deixar de lado uma série de fatores culturais e históricos. 3) VERSÃO PREDITIVA: a economia pode ser aproveitada para prover as consequências das diversas regras jurídicas sobre o comportamento dos atores sociais relevantes em cada caso. Tenta identificar os prováveis efeitos das regras jurídicas sobre o comportamento social relevante em cada caso. É como se a economia trouxesse para o direito as consequências de, por exemplo, instituir uma norma. - Para Salamo, a teoria neo-institucionalista é um dos possíveis panos de fundo da disciplina, já que traz a ideia de que a economia não é independente pois a história importa e cria contextos culturais, sociais, políticos, jurídicos, etc. - A pertinência entre meios jurídicos e fins normativos traz implicações para a própria legitimidade do direito, já que, em uma democracia liberal, os cidadãos devem oferecer as razões verdadeiras para as políticas públicas adotadas e, de igual forma, a legislação deve atender aos propósitos a que se destina, para que se fortaleça a confiança pública, o debate democrático e a própria legitimidade do Direito. - Traz 5 modelos mentais e ferramentas analíticas típicas da economia: 1) INCENTIVOS: ponderamentos para tomar determinada decisão (ex: dirigir em alta velocidade); 2) EQUILÍBRIO: padrão atingido quando os atores maximizam seus interesses; 3) MAXIMIZAÇÃO RACIONAL: o indivíduo calcula para alcançar os maiores benefícios aos menores custos; 4) ESCASSEZ: o indivíduo precisa realizar escolhas, já que vivem em um mundo de recursos escassos; 5) EFICIÊNCIA: é a maximização de ganhos e minimização de custos (ex: caso da segurança do avião) 2. DIMENSÃO NORMATIVA: ou prescritivo - POSNER - Tenta entender a relação entre justiça e maximização de riqueza - Possui 3 respostas: 1) FUNDACIONAL: enxergava que a maximização da riqueza seria uma fundação ética para o direito, um objetivo a ser alcançado. Defendia que a ideia central era de que as instituições jurídicopolíticas devessem ser avaliadas a partir do paradigma de maximização da riqueza. Assim, o direito seria um sistema de incentivos indutor de condutas para promover a maximização da riqueza As regras deveriam ser avaliadas de acordo com sua capacidade de contribuir ou não para a maximização da riqueza na sociedade, sendo o critério ético utilizado para distinguir regras justas de injustas. Perdeu a força para a versão pragmática, diante de tantas polêmicas. 2) PRAGMÁTICA: o direito é um instrumento para a consecução de fins sociais Postula que o significado das coisas seja social e não imanente Haverão casos em que a repulsa ao trabalho escravo, exploração de menores, tortura, discriminação, deverão ser feitos em outras bases, que não de eficiência (eficiência = maximização da riqueza; minimização de custos) 3) REGULATÓRIA: enxerga no direito uma fonte de regulação de atividades e de concretização de políticas públicas Se identifica com a Escola de New Haven e Guido Calabresi é a figura mais importante. Parte 2 Assuntos abordados em aula 1. ESCOLA DE PENSAMENTO CLÁSSICO - Ênfase na PRODUÇÃO - Fazem análises a partir na noção de classes (a sociedade se divide em classes e elas interagem entre si, produzindo resultado) - Consideram o valor do trabalho para a geração de riqueza e formação do preço ● VIÉS LIBERAL: 1. ADAM SMITH - inaugurou a escola clássica em uma perspectiva liberal - Criou a obra ‘’Riqueza das Nações’’ - Foca em aspectos microeconômicos - Escassez de recursos econômicos - O agente econômico como sujeito racional e egoísta - Mão invisível do mercado - Aumento da produtividade - a nação que deseja aumentar riquezas precisa aumentar a produtividade - Divisão interna do trabalho - especialização da produção: para que possa aumentar a eficiência da mão de obra; cada pessoa tem uma função - Expansão dos mercados -> suspensão de barreiras; as nações seriam mais ricas se ampliassem os mercados pois favorece uma maior divisão do trabalho - VALOR DO TRABALHO: o preço do produto é formado através do trabalho, ou seja, analisa o quanto se foi trabalhado na produção do bem para que assim se forme o valor; o valor - trabalho é a referência objetiva na formação de preços - O quanto se trabalha é a única forma objetiva para padronizar o valor de mercadorias 2. DAVID RICARDO: valor-trabalho!! - Apesar de estarem em campos opostos, faz um link estreito com a mais-valia de Marx - Critica a construção de Smith. Para ele, o valor-trabalho só valeria em uma economia de troca, onde as pessoas trabalham para a produção do bem e através da medida do trabalho fixassem os preços e realizassem TROCAS. - Os lucros aumentam se os salários diminuírem (relação inversamente proporcional) - Importância da divisão do trabalho - Importância da expansão do mercado para a criação de riquezas; um país será maior e mais rico a depender do tamanho de mercado ● VIÉS SOCIALISTA 1. KARL MARX: segue os passos de Smith para fundar sua teoria - O capitalismo é explorador e instável (crises, desemprego, etc) e a única forma de resolver é através da transição da sociedade para o socialismo = posição de igualdade; - MAIS-VALIA: é a diferença entre o salário pago ao trabalhador e o valor produzido pelo trabalho -> base da exploração capitalista. Quer um valor de troca maior do que a soma do que foi gasto para produzir (associa a exploração da mão de obra assalariada em que o capitalista recolhe o excedente da produção do trabalhador como lucro) 2. ESCOLA DE PENSAMENTO NEOCLÁSSICO: - Ênfase no CONSUMO - Não intervenção estatal, senão em questões excepcionais - Abandono do Valor-Trabalho ❖ MARSHALL: É considerado o pai da profissão do economista e foi o principal pensador da escola. Surgiu no final do século 19. - Conserva o DNA liberal da não intervenção estatal - Busca pelo resultado eficiente - Criação de riquezas = produtividade - Divisão do trabalho - Livre mercado - TODOS SÃO AGENTES ECONÔMICOS RACIONAIS QUE DECIDEM EM PROL DA MAXIMIZAÇÃO DOS SEUS BENEFÍCIOS E UTILIDADES -> Homogeneidade de classes (todos são iguais) - Se afasta da idéia da escola clássica de divisão de sociedade - Valor subjetivo = as pessoas irão determinar o preço de acordo com o valor que aquilo tem pra elas - Hedonismo: o valor das coisas é ficado com base na utilidade e não pela quantidade de trabalho - Preço intrínseco (as coisas não tem um valor específico) - O pleno emprego seria possível se as pessoas aceitassem trabalhar por menos, sem sindicatos, sem fixação de salário mínimo. Todos são livres e capazes de negociar com o empregador o seu salário - Se há desequilíbrio no mercado é porque houve FALHASDE MERCADO - O estado só poderia intervir em situações muito específicas de falhas de mercado. ❖ KEYNES: faz críticas ferrenhas ao neoclassicismo e ao classicismo - Foi aluno de Marshall - Rompe com a escola neoclássica - Para ele a economia deve prover transformações sociais relevantes - Enxerga o papel relevante do Estado para implantar políticas econômicas em momentos de desequilíbrio = o Estado deve intervir nas crises - Criticava a ideia de agentes econômicos seres racionais, pois as pessoas também possuem instintos e lidam com incertezas, que importam no processo de decisões econômicas. 3. ESCOLA AUSTRÍACA & ESCOLA DE CHICAGO - Ambas se conectam com a economia liberal clássica e neoclássica. - São contrárias a intervenção estatal -> o mercado dá conta das coisas - Apesar de associadas, possuem diferenças. ❖ ESCOLA AUSTRÍACA: Ludwig - Divisão de trabalho, livre mercado, rompe com a divisão de classes e valor objetivo - Teoria marginalista: o preço final de um produto é também determinado pela relação de oferta e demanda, não somente pelo custo de produção, como defendiam os economistas clássicos. - VALOR-UTILIDADE: quanto mais escasso e quanto maior for a necessidade, maior será o valor do produto. É um adicional ligado ao prazer que colabora a fixação de preços, reforçando a posição subjetiva do valor. - Para o valor, deverá se observar: escassez, raridade e trabalho para se produzir - ESTADO MÍNIMO: Estado quase invisível. Para a Escola Austríaca, não deveria existir Banco Central, a política monetária deveria ser privada, o Estado só deveria agir para assegurar direitos de propriedade e a não violência e o Estado, em casos de crise aguda, não iriam resolver, mas sim agravar a situação. OBS: Marx, Keynes e Ludwig apesar de observarem o mesmo fenômeno quase que da mesma forma, possuem conclusões muito diferentes em relação ao papel do Estado. Todos enxergam que o mercado não tende ao equilíbrio, não existe concorrência perfeita. ❖ ESCOLA DE CHICAGO: Friedman - Escola monetarista - Surgimento da disciplina Análise Econômica do Direito - Acreditam que o Estado deveria emitir moedas de maneira lenta e gradual para ajudar a manter o equilíbrio de mercado - O Estado é mínimo, mas não tanto: quando em crise aguda, o Banco Central deveria intervir - Mercado formado por agentes livres, racionais e egoístas - Introduziu JUROS -> tempo no dinheiro - Aumento de produtividade (Smith) - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: austeridade fiscal (menos gasto público), não estabelecer barreiras de acesso ao mercado. 4. ECONOMIA INSTITUCIONAL: VELHA E NOVA - Instituições: indivíduos, famílias, estados, empresas… - Analisa o comportamento da economia das instituições - Economia como resultado das interações -> evolucionismo ❖ ECONOMIA INSTITUCIONAL (velha): VEBLEN - Surge no movimento das ciências (teoria da evolução de Darwin) - O mercado abandonou a eficiência e buscou controle de mercado - As instituições e o desenvolvimento econômico são decorrentes das interações (evolucionismo) - Veblen escreveu o artigo ‘’Por que a economia não é uma ciência evolucionária?’’, que é uma crítica pelo fato de a economia se basear em análises estáticas - Veblen criticou as escolas clássica e neoclássica porque pra ele não se pode colocar todos os indivíduos na mesma escala de racionalidade e valores - Para Veblen o mercado é o resultado das complexas interações entre instituições - CRÍTICAS DE VEBLEN: A) ANIMISMO: nem sempre as pessoas agem com racionalidade (diferente do que defende os neoclássicos) B) TAXONOMIA: há uma dedução dos fenômenos econômicos a partir de preposições gerais sem demonstração (ex: ideia da concorrência perfeita; equilíbrio de mercado..) C) HEDONISMO: nem sempre o agente econômico saberá calcular dor e prazer ❖ NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL: Coase - Surge como criticismo a abstração da teoria convencional e ancorada no princípio dos custos de transação como ferramenta que torna a economia mais aplicável à realidade - Princípio do custo de transação: custo pela produção do bem - As instituições são vistas como redutoras da incerteza, estruturantes de incentivos e são potenciais impulsionadoras/limitadoras do crescimento. - FIRMAS: empresas; é o ponto de partida da nova economia institucional Expandiram a partir das dificuldades das relações comerciais, de modo que as transações nem sempre irão acontecer no mercado, podendo ser substituídas por interações internas nas empresas. - Trabalha com a racionalidade humana, porém de forma menos enfática, pois compreende-a como limitada por uma série de fatores, dentre os quais, as assimetrias informacionais, as limitações do próprio processamento da informação e oportunismo. - Falhas de mercado como resultantes da racionalidade limitada e do oportunismo - As instituições podem ser vistas de 3 formas distintas: 1. Modelos mentais: instituições são ao mesmo tempo formas de agir e entender o mundo e os padrões que emergem de comportamentos e da compreensão que as ações neles pautadas obtiveram ao longo do tempo; é uma base psicológica. 2. Como regra do jogo: representa um conjunto de restrições às suas ações que podem ser formais (leis, constituição) ou informais (costumes, tradições) colocadas pela própria sociedade. 3. Como organizações: as próprias organizações -> as instituições seriam complementos cognitivos ante a racionalidade limitada e oportunismo. - Williamson traz a ideia de racionalidade limitada: trata de como as instituições lidam com as transações, já que elas implicam custo
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