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PROJETO DE INTERIORES COMERCIAIS Vanessa Guerini Scopell Geração de alternativas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Mapear os determinantes do programa de necessidades e as alterna- tivas para contemplar os requisitos projetuais. Reconhecer a geração de alternativas como uma etapa do processo do projeto. Identificar exemplos de geração de alternativas. Introdução Neste capítulo, você vai estudar sobre a etapa inicial de um projeto de arquitetura de interiores, que contempla a elaboração do programa de necessidades e a fase de geração de alternativas, verificando os seus conceitos, diferenças e objetivos. Além disso, você vai identificar algumas ideias utilizadas na arquitetura de interiores que desempenham várias funções dentro do espaço construído. Importância do programa de necessidades na geração de alternativas A Resolução Federal nº. 76 do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, de 10 de abril de 2014, defi ne a arquitetura de interiores como uma: [...] intervenção detalhada nos ambientes internos e externos que lhe são correlatos, definindo uma forma de uso do espaço em função do mobiliário, dos equipamentos e suas interfaces com o espaço construído, alterando ou não a concepção arquitetônica original, para adequação às necessidades de utilização (BRASIL, 2014, documento on-line). Essa intervenção se dá em relação a diversos aspectos, nos seguintes âm- bitos: espacial, das instalações, de condicionamento acústico, de climatização, estrutural, dos acabamentos, luminotécnico, de comunicação visual, das cores, de mobiliários, de equipamentos da coordenação de projetos complementares e da proteção e segurança. Ou seja, uma proposta de interiores para um espaço deve ser pensada de forma global e abrangente. A elaboração de um projeto de interiores comercial é um processo bastante complexo que requer conhecimento e dedicação, assim como os projetos de outras áreas dentro da arquitetura. Para o arquiteto Rafael Fischer ([2018], documento on-line), existem algumas fases nesse processo de projeto que devem ser seguidas: [...] primeiramente precisamos descobrir o que exatamente vamos projetar; em seguida, é preciso interpretar e analisar criticamente os problemas, opor- tunidades e potencialidades do projeto, para após isso podermos desenvolver ideias (conceito). Uma vez definido o conceito, é hora de definir alternativas (partidos) que estejam de acordo com ele, selecionando ao final aquele que for julgado como mais adequado (ou combinando ideias de vários partidos para formar um). Para finalizar, devemos partir então para a solução de problemas mais específicos do partido escolhido, refinando a proposta com o objetivo de ter como produto final um excelente projeto de interiores. Em um primeiro momento, é necessário entender aquilo que vai ser pro- jetado. No caso da arquitetura de interiores comercial, deve-se analisar o tipo do negócio, o local, o investimento possível, as particularidades de cada caso, a marca da empresa e a quantidade de colaboradores e de clientes que devem ser atendidos, entre outros fatores. Segundo Fischer ([2018], documento on-line), algumas respostas a serem encontradas nessa fase são “[...] o que o cliente realmente deseja, como deverá ser o uso do espaço e qual a relação dele com outros ambientes de apoio”. Essa fase pode ser reconhecida também como briefing. O briefing, conforme destaca Marques (2017, documento on-line), é “[...] um documento que terá o resumo do que será preciso para executar um determinado projeto”. Assim, segundo o autor, o briefing contém informações importantes e, na maioria das vezes, é consultado por vários profissionais até que todos estejam cientes do que é necessário para começar o trabalho. Esse documento pode ser verificado e revisado quantas vezes forem necessárias; quanto mais informações ele contiver, melhor será o resultado. Essa fase inicial de levantamento de dados e entrevista com o cliente servirá como base para a elaboração do projeto; por isso, Fischer ([2018]) ressalta que é importante juntar o máximo possível de informações sobre o que vai ser Geração de alternativas2 projetado, entendendo o contexto do local e sua relação com toda a edificação e o espaço urbano. Além disso, é importante buscar boas referências de projeto com usos e contextos parecidos, pois isso facilitará no momento da elaboração do programa de necessidades. O que deve conter no briefing do cliente? O ideal é que o cliente consiga expor informações como: Objetivo do projeto Essa é uma das fases mais importantes do processo de criação do briefing. Você precisa compreender completamente qual o objetivo do seu cliente, seja um projeto comercial, um blog, um site, uma peça impressa, uma peça para ser divulgada ou uma nova identidade visual. Todos esses, ou qualquer outro objetivo, precisam ser muito bem definidos para que o cliente saia satisfeito. Público-alvo Por mais que pareça estranho, muitas empresas não conhecem o seu público-alvo. Por isso, é fundamental que seu cliente saiba definir se o público dele faz parte da classe A, B, C ou D; além disso, definir a idade do seu público é outro ponto importantíssimo. Todas as características que o cliente puder descrever e oferecer sobre seu público-alvo serão muito bem-vindas nesse processo de “brifagem”. Concorrência Mostre ao seu cliente que os concorrentes dele são um parâmetro para que ele cresça cada vez mais. Assim, é importante fazer uma lista dos principais concorrentes da empresa para que se tenha uma ideia do que se deve criar (ainda que seja algo melhor ou no mesmo patamar), bem como analisar os concorrentes, para se ter uma referência do que pode ou não ser feito para o seu cliente. Orçamento Ainda que você se sinta desconfortável, não hesite em perguntar qual o orçamento disponível para executar o projeto. É raro encontrar pessoas que não se incomodam ao falar de gastos, contudo, esse fator influenciará no valor do projeto; por isso, pergunte e discuta sobre essa questão. Sabendo do real montante que o seu cliente poderá investir no projeto, fica muito mais fácil desenvolver um serviço de acordo com o capital que ele pode oferecer. Nesse processo é importante compreender que o ideal é ajustar o projeto ao valor investido, sem que a qualidade seja comprometida. 3Geração de alternativas Após essa busca por informações do cliente e referências projetuais, inicia- -se a etapa de interpretação e seleção desses dados. Para Fischer ([2018], documento on-line), essa etapa é fundamental, pois “[...] muitas vezes, aquilo que o cliente diz que quer, não é a melhor solução para os seus problemas”. Assim, é função do profissional perceber quais sãos as reais necessidades e o que precisa ser resolvido. Segundo Kowaltowski (2011, p. 89): A análise, como um processo racional, está relacionada à obtenção e ao gerenciamento de informações e dados advindo de: pesquisas de comporta- mentos e entrevistas aos clientes; casos precedentes; códigos de edificações; condicionantes culturais, econômicos e ambientais etc. Essas informações não são o principal objetivo da fase de análise em si, mas sim a maneira como são organizadas, de modo que possam ser úteis para as etapas subsequentes dos estágios de decisão. Para isso, a utilização de métodos e procedimentos precisos é importante nesta fase do projeto. Nesse momento, a partir das indicações passadas pelo cliente, é possível elaborar o programa de necessidades. O programa de necessidades consiste em uma lista com todos os ambientes que o projeto deve contemplar. Se- gundo Pinhal (2009, documento on-line), “[...] é o conjunto sistematizado de necessidades para um determinado uso de uma construção”, servindo para o desenvolvimento do projeto e o norteamento das decisões a serem tomadas na próxima etapa. Para Pinhal (2009), o programa é um dos principais determi- nantes do projeto, poisé ele que expressa as metas do cliente e as necessidades dos futuros usuários da obra. Coimbra (2015, documento on-line) ressalta que: Prazos Independentemente de qual seja o projeto do seu cliente, o ideal é que sejam estabelecidos prazos para cada etapa até que o mesmo seja entregue. Essa combinação de prazos é essencial para que o cliente compreenda o seu tempo de produção e, claro, para que vocês alinhem da melhor maneira possível o prazo de entrega, sem afetar a produção e sem prejudicar o cliente. Objeções Dizer apenas o que se quer em um projeto nunca foi o ideal; é de extrema importância que você e sua equipe saibam o que o seu cliente não gosta. Saber o que pode e o que NÃO pode ser feito no projeto em questão é a chave para que se obtenham resultados extraordinários. Fonte: Marques (2017). Geração de alternativas4 [...] a listagem de necessidades feita pelo cliente será muitas vezes algo que ele imagina ou sonha, isso não significa que é possível incluir todos os ambientes que deseja, cabe ao profissional realizar os cálculos, principalmente o de zoneamento, aferindo as possibilidades e orientando-o de possíveis alterações. Para Pinto (2013, documento on-line): [...] o programa não descreve a forma ou seus aspectos; mas, sim, estabelece o problema a que a forma deverá responder, ou seja, ele apenas expõe as pro- priedades funcionais exigidas pelo contexto, pois seu objetivo é descrever o contexto do projeto, a fim de que o problema seja identificado e compreendido. Moreira (2007, p. 83) acredita que “[...] o programa arquitetônico é o estágio de definição do projeto — o momento de descobrir a natureza do problema de projeto, em vez de a natureza da solução de projeto”. Para Piñón (2006, p. 46): Só se pode iniciar a concepção quando se consegue captar a estrutura da atividade, estrutura que não pode reduzir-se à soma dos requisitos funcionais particulares, senão que define o âmbito de possibilidade da forma, na medida em que consegue apreciar as estruturas formais compatíveis com o sistema de atividades que prevê o programa. Só por meio de um certo distanciamento durante a consideração do programa — isto é, tratando de entender a atividade em seu conjunto — pode-se apreciar sua virtualidade formal e propor, portanto, estruturas espaciais que o satisfaçam em sua totalidade e, ao mesmo tempo, cumpram todos e cada um dos seus requisitos. Assim, a elaboração do programa de necessidades é de extrema impor- tância, pois é ele que será a base para a geração de alternativas nas etapas subsequentes. Pinto (2013) destaca que, entendendo quais são as tarefas que serão desempenhadas em cada espaço do programa de necessidades, é possível dimensionar esses locais. Nesse dimensionamento “[...] são quantificados os equipamentos, os mobiliários, as circulações, as infraestruturas técnicas, os serviços de apoio necessário e suas consequentes correspondências com as dimensões humanas”, conforme leciona Pinto (2013, documento on-line). Para a projetação futura dos espaços, é o programa de necessidades que vai sugerir a divisão das atividades de modo adequado às tarefas e aos usuários, especificando os setores e suas ligações. Ainda conforme Pinto (2013, docu- mento on-line), “[...] ao programa cabe estabelecer se as atividades e os setores possuem dependência física, ou seja, relacionam-se diretamente, ou se devem estar apenas próximos, ou ainda se devem estar totalmente afastados”. Para 5Geração de alternativas a autora, além de definir previamente as dimensões e ligações, o programa pode recomendar qual o tipo de contato visual que deve ser estabelecido, se as atividades e os setores devem estar escondidos dos olhos dos usuários, pois requerem privacidade e sigilo, ou se devem ser mostrados, pois representam a instituição e são motivos de orgulho. Assim, percebe-se que o programa de necessidades é um instrumento que, além de facilitar a resolução do problema, serve como orientação para a gera- ção de alternativas, porque já deixa claro e especificado tudo o que é preciso pensar para se chegar a uma proposta que, de fato, atenda às necessidades do cliente. Ainda segundo Pinto (2013, documento on-line): A maneira como todas estas informações, princípios, restrições, relações, pré-dimensionamentos e outros são organizados é fundamental para a inte- ligibilidade desses dados, pois o objetivo maior do programa de necessidades não é apenas fazer uma lista de restrições e diretrizes, mas, sim, codificá- -las de forma clara para que o problema a ser atendido seja compreendido e corretamente assimilado. Dessa maneira, um programa bem elaborado e organizado torna-se uma síntese projetiva, que facilita as atividades das etapas posteriores. É importante ressaltar, conforme acrescenta Pinto (2013), que o programa não estabelece diretrizes definitivas, mas serve para dar um norte ao profissional, auxiliando nas escolhas futuras. Etapa de geração de alternativas Após a defi nição do programa de necessidades do projeto de interiores co- mercial, inicia-se a fase da geração de alternativas. Nessa etapa, o objetivo é buscar ideias para a resolução da proposta, deixando-a de acordo com as necessidades elencadas e os setores e as ligações organizados por meio do programa de necessidades. Segundo Ferroli e Librelotto (2016, documento on-line): A evolução do processo de desenvolvimento de um produto passa por uma série de tomadas de decisões, cruciais em determinados momentos. O processo de geração de alternativas no design ocupa lugar de destaque nos métodos de projeto existentes, estando sempre localizado no período intermediário do processo. Geração de alternativas6 Trata-se, portanto, da etapa de criação. Segundo Löbach (2001), a ge- ração de alternativas está voltada para a escolha dos melhores métodos para solucionar os problemas, por meio da produção de ideias, conceitos, esboços e alternativas. Para Fischer ([2018], documento on-line), “[...] é nessa hora que podemos perceber que uma solução de projeto não convencional e pouco usual em referências de propostas do tipo pode ser a melhor para a solução que estamos lidando”. Para Nunes (2012), esse é o momento em que as ideias surgem, por meio das conexões feitas a partir das pesquisas e dados levantados na fase anterior. Pereira (2006) nomeia esse estágio como laboração; segundo ele, nessa fase são geradas alternativas analíticas e gráficas relativas ao novo projeto, para a posterior seleção da melhor opção e descrição das prescrições de projeto. Segundo Vianna (2012), é importante que esse processo de concepção de ideias seja colaborativo entre equipes multidisciplinares, pois, assim, ele gera interações e aprendizados constantes. Para Fischer ([2018], documento on-line), “[...] não vai ser raro surgirem ideias que em nossas cabeças e no papel funcionam perfeitamente, mas que na hora de transformá-las em algo concreto — um partido arquitetônico — perdem totalmente o sentido”. Por isso, quanto mais pessoas gerando ideias e possibilidades para a resolução das questões projetuais, mais fácil será chegar a uma decisão correta. O arquiteto indica que, em um primeiro momento, nenhuma ideia deve ser descartada e nada deve ser considerado absurdo. Com o desenvolvimento das ideias e a reflexão sobre as mesmas, será possível selecionar as mais pertinentes para as questões a serem resolvidas. Ainda conforme Fischer ([2018], documento on-line): Crie a mais variada gama de propostas possível. É provável que muitas delas vão ser descartadas. Mas ao mesmo tempo, considerar alternativas diversas vai abrir sua cabeça para soluções mais adequadas. Desenvolva com mais detalhes as propostas que se apresentarem mais promissoras — normalmente vão ser aquelas que estão de acordo com suas primeiras ideias e que resolvem os problemas de projeto identificados nas fases anteriores. Para Fischer ([2018]), saber identificar e interpretar os reais problemas de projeto é fundamentalpara evitar desperdícios, obras desnecessárias, uso exagerado de materiais, compra descabida de mobiliário e, principalmente, dores de cabeça ao longo da execução. Se deixarmos de considerar o mais simples dos fatores, corremos o risco enorme de termos uma surpresa negativa na hora da execução. 7Geração de alternativas É importante esclarecer que, nessa etapa de geração de ideias, além do programa de necessidades a ser utilizado como referência, existem diversos recursos que colaboram para o pensamento criativo. Para Suwa e Tversky (1997), algumas maneiras que contribuem para a criação são a elaboração de diagramas, esboços, desenhos, mapas, gráficos e até anotações escritas, que se comportam como representações externas do pensamento do projetista. Segundo os autores, essas representações externas são utilizadas não apenas como auxiliares da memória, mas também como facilitadores de tarefas de projeto, como a verificação do atendimento a condicionantes, a compreensão do problema e a própria busca de soluções por meio da geração e do registro de alternativas para posterior avaliação, confrontação e refinamento. Ainda de acordo com Suwa e Tversky (1997, documento on-line): Essas funções facilitadoras atribuídas às representações externas ou às formas de concepção e representação do projeto se originam, além do próprio ato de sua execução, da interação entre a representação e os processos cognitivos de sua interpretação. Os esboços e croquis dos arquitetos representam um bom exemplo dessa interação. O registro de ideias colocadas no papel permite ao projetista a sua análise. À medida que analisam e interpretam seus próprios esboços, arquitetos e projetistas conseguem visualizar relações espaciais e formais não previstas, além de outros fatores relacionados ao objeto em estudo. Goldsmith (1994, documento on-line) explica que todos esses recursos e a maneira de expressão e representação das primeiras ideias “[...] também atuam como instrumento de geração de novas ideias, ou seja, croquis executados de forma aleatória, sem uma intenção prévia de representação de algum conceito, podem vir a gerar representações de soluções inicias para um determinado problema”. Todos os desenhos usados para a projetação, na fase de definição e desenvol- vimento dos princípios de solução, são executados, segundo Borges e Naveiro (2001), principalmente, como forma de estudar a arquitetura, encontrar e testar ideias e desencadear e desenvolver o processo criativo de forma inventiva e especulativa. Apesar dessa diversidade de formas de expressão, a sua função é caracterizada como um meio de descoberta de caráter pessoal. Geração de alternativas8 Como você deve ter percebido, a etapa da geração de ideias é intensa, pois nesse momento são externalizadas as mais variadas suposições para cada intervenção. O desenho, como principal ferramenta de expressão criativa na arquitetura, colabora para registrar no papel todas as possibilidades que surgirem. Exemplos de geração de alternativas em arquitetura de interiores Na arquitetura de interiores comercial, assim como nas demais áreas, todos os elementos utilizados nos projetos têm um fundamento. Esses elementos podem ser usados somente como decoração, mas, na maioria dos casos, eles apresentam outras funções advindas das ideias inovadoras dos profi ssionais responsáveis. A geração de alternativas permite que cada decisão projetual possa cumprir mais de uma função, contribuindo para diversos aspectos dentro do projeto. Existem variados exemplos na arquitetura de elementos e materiais que são pensados para causar a sensação de espaços mais amplos ou menores, mais alegres ou tranquilos, mais vivos ou aconchegantes. Além disso, materiais reaproveitados, mobiliários adaptáveis e elementos fl exíveis garantem uma maior contemporaneidade aos espaços. Por exemplo, a proposição de brises em pontos externos específicos de um projeto garante que seu efeito seja sentido na parte interna. Os brises são elementos que, conforme leciona Gutierez e Silva ([2018], documento on-line): [...] barram a incidência da radiação solar antes que ela atinja a fachada e, consequentemente, o ambiente interno, reduzindo o calor recebido. Em com- paração a outros dispositivos de proteção solar, oferece melhor controle dos ganhos térmicos, iluminação natural adequada e ventilação. Esses elementos podem ser tanto fixos como móveis e, além de contribuírem para o controle da incidência solar nos ambientes, podem ser também um ele- mento decorativo, visto que existem vários modelos e cores dessa alternativa. 9Geração de alternativas Uma alternativa que está tomando conta dos espaços de interiores diz respeito aos mobiliários multifuncionais (Figura 1). Trata-se de móveis que servem para mais de uma função e podem ser adaptados à necessidade de cada usuário. Conforme Simionato (2012, documento on-line): O mobiliário multifuncional aproveita bem o espaço porque permite que uma mesma área seja utilizada de várias formas, sem a necessidade de adquirir várias peças e espalhá-las pelo ambiente. Mas ele também pode ser utilizado quando se quer leveza e maior sensação de amplitude em situações em que uma das funções é muito pouco utilizada. Figura 1. Exemplo de mobiliário multifuncional. Fonte: Aleksander Krsmanovic/Shutterstock.com. Uma opção utilizada na arquitetura de interiores que vai muito além de um elemento de decoração é o uso de espelhos (Figura 2). Segundo Bucchioni (2016), os espelhos são um recurso muito utilizado em arquitetura e decoração de interiores como um truque para trazer amplitude a um ambiente, multiplicar a luz natural, esconder o que não precisa ser mostrado ou mesmo criar com- posições de diferentes tamanhos, formatos e tipos de moldura, tornando-se um objeto de decoração que enriquece qualquer ambiente. Geração de alternativas10 Figura 2. Uso de espelhos nos espaços internos. Fonte: Dariusz Jarzabek/Shutterstock.com. Para Santos (2017), a proposição de mobiliários verticais é uma alterna- tiva que contribui para a otimização do espaço interno. Juntamente a isso, os mobiliários sob medida não só permitem uma maior personalização do ambiente como também ajudam no aproveitamento de todos os pormenores do espaço, conforme mostra a Figura 3. Figura 3. Aproveitamento de espaços com mobiliários sob medida. Fonte: Jo Ann Snover/Shutterstock.com. 11Geração de alternativas Quanto aos revestimentos, a geração de ideias possibilita que sejam elabo- rados revestimentos com restos de materiais inutilizados (Figura 4). Segundo Correia (2018), algumas novidades são o uso do bambu, os porcelanatos feitos com materiais reciclados, as tintas ecológicas e os pisos feitos com garrafa pet. Figura 4. Exemplo de revestimento de parede que combina sobras de materiais. Fonte: Ilija Erceg/Shutterstock.com. Na arquitetura, o uso de móveis, revestimentos e decorações está cada vez mais atrelado à diversidade de funções que os mesmos podem desempenhar, não se limitando a apenas uma finalidade. Isso mostra que a geração de alternativas é uma etapa fundamental no projeto de arquitetura de interiores, pois, a partir da criação de propostas inovadoras, é possível gerar novos usos, conceitos e aplicações dentro de um ambiente. Geração de alternativas12 1. O projeto de interiores é uma atividade bastante complexa que leva em consideração variados aspectos e dados que servem como embasamento para a futura proposta. Sobre as fases dessa tarefa, é correto afirmar: a) O problema a ser resolvido no projeto de interiores aparece em uma das fases finais. b) A fase de elaboração do conceito consiste na revisão do programa de necessidades. c) A etapa de estabelecer um partido diz respeito ao momento de definir a melhor alternativa. d) As oportunidades, condicionantes e potencialidades devem ser analisadas após a geração de ideias. e) O aprimoramento da proposta é uma fase intermediária que colabora parao produto final. 2. O briefing realizado junto ao cliente é um documento que tem grande importância para as etapas posteriores do processo projetual. Sobre esse documento, assinale a alternativa correta: a) No briefing são definidas as melhores estratégias e soluções para o problema em questão. b) É uma síntese com as principais informações que devem ser consideradas para a proposta. c) Ele contém os principais desenhos e detalhamentos do projeto de interiores. d) Ele deve ser acessado somente por pessoas autorizadas da obra, além do cliente. e) É bastante rígido e tem características de contrato, sendo vedada sua retificação. 3. A partir do levantamento de dados e das informações necessárias, podemos interpretá-los para elaborar o programa de necessidades que a futura proposta deverá atender. Sobre o programa de necessidades, é correto afirmar: a) Trata-se da enumeração e descrição de todos os ambientes que farão parte do projeto. b) Trata-se de um agrupamento complexo e desordenado das utilidades da edificação. c) Tem por objetivo desencaminhar as etapas de geração de ideias e tomada de decisões. d) É uma lista que deve ser elaborada e mantida sem alterações até o fim do projeto. e) Trata-se de um momento de definição de formas, conceitos e partidos da proposta. 4. Como uma fase inicial do projeto, o programa de necessidades apresenta algumas funções com relação ao processo de criação e elaboração de ideias. Sobre as funções do programa de necessidade, assinale a alternativa que apresenta uma delas: a) Mimetizar as propriedades funcionais do projeto. b) Expandir o contexto em que o projeto será inserido. 13Geração de alternativas c) Modificar as estruturas e os fluxos das atividades. d) Ser referência para a fase de geração de alternativas. e) Dimensionar e especificar os materiais da obra. 5. Com o programa de necessidades definido e todos os dados levantados e analisados, inicia-se a fase da geração de alternativas. Nesse momento, a criatividade é um dos principais requisitos para a elaboração das mais variadas ideias. Sobre a fase de geração de alternativas, é correto afirmar: a) Está voltada para a escolha do método que apresenta o menor custo–benefício para o cliente. b) Está voltada para a elaboração de ideias padronizadas e tradicionalmente conhecidas. c) Pode ser compreendida como uma fase de laboração, onde são geradas possibilidades diversas. d) É um processo rígido e individualizado que deve ser realizado por uma só pessoa. e) Deve-se trabalhar somente com ideias extremamente fundamentadas, evitando alternativas em vão. BORGES, M. M.; NAVEIRO, R. M. Considerações acerca das formas tradicionais e recursos computacionais para a representação do projeto. Revista Escola de Minas, v. 54, n. 1, Ouro Preto, Jan./Mar. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artt ext&pid=S0370-44672001000100004>. Acesso em: 9 out. 2018. BRASIL. Conselho de <arquitetura e Urbanismo do Brasil. Resolução Federal n°. 76, de 10 de abril de 2014. 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