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1 A EDUCAÇÃO NO SISTEMA CARCERÁRIO BRASILEIRO: AVANÇOS, E SEUS DESAFIOS Dayton Clayton Reis Lima1 Josinaldo Leal de Oliveira2 (Orientador) RESUMO O presente trabalho discorre sobre a educação no sistema carcerário brasileiro. O pressuposto é de que a educação está prevista constitucionalmente. Portanto, é dever do Estado garanti-la a todos os indivíduos. Há vasta e sistêmica legislação que assegura o direito à educação no cárcere; entretanto, os problemas e desafios vêm obstando a tutela do direito garantido. Este estudo faz uma abordagem geral sobre os avanços da legislação em sua análise histórica; perquire acerca dos problemas enfrentados para uma efetiva entrega do que predispõem os textos normativos em termos disciplinares; e finaliza com os desafios enfrentados para que a docência seja levada aos segregados da sociedade de modo escorreito. O método utilizado para o desenvolvimento deste estudo é de caráter qualitativo, e a pesquisa empregada é de base bibliográfica e exemplificativa. O aparato legal utilizado para o desenvolvimento do presente estudo encontra-se contido na LEP (Lei de Execução Penal), que objetiva demonstrar que a educação é um mecanismo de libertação da mente, do corpo e da alma. Palavras-chave: Educação. Cárcere. Desafios. Direito. Penitenciário. 1 Discente do Curso de Direito da Faculdade Anísio Teixeira (FAT). Membro do IBCCRIM. E-mail: dayton.fatdireito@gmail.com. (Este Artigo Científico foi elaborado pelo discente Dayton Clayton Reis Lima, Curso Direito, da FAT. A cópia ou reprodução total ou parcial, sem autorização, é expressamente proibida, nos termos da Lei de Direitos Autorais, Lei nº 9.61098). 2 Advogado e Professor da Universidade do Estado da Bahia - UNEB. Pós Doutor em Direito; Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais; Pós-Graduado em Direito Civil, Direito do Consumidor e Docência do Ensino Superior. E-mail: naldo@josinaldoleal.com.br 2 EDUCATION IN THE BRAZILIAN PRISON SYSTEM: ADVANCES AND ITS CHALLENGES ABSTRACT This paper discusses education in the Brazilian prison system. The assumption is that education is constitutionally foreseen. Therefore, it is the duty of the State to guarantee it to all individuals. There is vast and systemic legislation that guarantees the right to education in prison; however, problems and challenges have been hindering the protection of the guaranteed right. This study takes a general approach to the advances in legislation in its historical analysis; investigate about the problems faced for an effective delivery of what predisposes the normative texts in disciplinary terms; and ends with the challenges faced so that teaching is taken to the segregated of society in an efficient way. The method used for the development of this study is of a qualitative nature, and the research used is based on bibliography and examples. The legal apparatus used for the development of the present study is contained in the LEP (Criminal Execution Law), which aims to demonstrate that education is a mechanism for the liberation of the mind, body and soul. Keywords: Education. Prison. Challenges. Right. Penitentiary. ____________________ 3 SUMÁRIO Introdução..................................................................................................................................4 1 Avanços da Legislação Aplicável à Educação no Sistema Carcerário Brasileiro..........................5 2 Dificuldades inerentes à Educação no Carcere.................................................................................9 2.1 Alguns entraves para a efetividade da educação no cárcere.................................................................9 2.2 Enclausuramento do pensamento crítico.........................................................................................12 3 Os obstáculos de lecionar em estabelecimentos prisionais..............................................................13 Considerações........................................................................................................................................16 Referências............................................................................................................................................17 Agradecimentos....................................................................................................................................19 4 INTRODUÇÃO O sistema educacional brasileiro é falho desde a sua concepção. A afirmação é categórica, porém nem por isso deixa de ser verdadeira. Tamanha fragilidade é estampada ao se perceber os níveis de evasão escolar – que tende ao crescimento nos últimos anos. Alinha-se a isso o fato de que as taxas de evasão do ensino médio não diminuem. Segundo dados da OCDE, em pesquisa realizada em 2020, quase 47% da população adulta ainda não concluíram o ensino médio (DIAS, 2021). Se a educação para pessoas em condições “normais” já é precarizada, esse problema tende ao infinito ao debruçar-se com problemas em que o sistema prisional brasileiro enfrenta no que diz respeito à falta de educação para os indivíduos em situação de cárcere. É inegável que a educação é fator emancipador na vida do cidadão, porém, para os apenados, o acesso à educação é quase utópico. Observando a precariedade da educação no sistema carcerário brasileiro e advogando a tese da educação como fator emancipador na vida do apenado, percebe-se a suma importância da elaboração do presente estudo. Este, ao seu turno, tem por objetivo geral: • investigar qual é o papel fulcral da educação nos estabelecimentos prisionais para os indivíduos em situação de cárcere. Enquanto objetivos específicos, busca: • fomentar a discussão acadêmica acerca do tema da ressocialização do apenado; • demonstrar os malefícios que a sociedade padece com a falta de efetiva política pública de educação prisional; incentivar a propositura de ações afirmativas para alcançar o poder público, buscando tutelar os direitos do apenado de ser efetivamente educado. É sabido que desde a formação dos primeiros clãs, os indivíduos se desviam das normas de condutas pactuadas entre os semelhantes. Sendo essas regras jurídicas ou morais, a subversão das condutas humanas, tida como escorreita, é patente. A partir do momento de que se tem a plena consciência da dubiedade da vida – “certo ou errado” –, o direito penal surge como regulador da adequação social. Para os indivíduos que se desviam das regras estabelecidas pela própria sociedade, através da participação indireta no poder legiferante, é imposta uma pena – no caso em análise, a de prisão. Poucos dentre a sociedade têm a clareza de que ao encarcerado não pesa contra si 5 uma medida “vingadora”. A pena que lhe é imposta tem a função retributiva na justa medida ao mal praticado, como visa sua ressocialização. Uma sociedade justa é, sobretudo, uma organização social autônoma no pensar e no agir. Essa autonomia observa-se a partir do momento em que o “homem é senhor dos seus desejos”, sendo este um ser capaz de “domá-lo” ao ser colocado em situação que perturbe a sua paz interior, em que possa sopesar entre agir e manter-se inerte, buscando a ordem – condição que se adquiri através da educação. Malograr a importância da educação para o apenado é desconhecer que sem o braço forte e afável da educação, os indivíduos encarcerados retornarão ao convívio social com as mesmas mazelas que adentraram no sistema prisional. E o que é ainda pior: com a agravante de serem reinseridos na sociedade com um degrau acima no conhecimento criminoso e dezenas de degraus abaixo na condição de autocontrole emocional e consciência moral. A pesquisa está embasada nas obras de eminentes pensadores que se debruçaramsobre o tema. A saber: Paulo Freire (1996), Foucault (1999), Duarte e Sivieri-Pereira (2018), Onofre e Julião (2013), Sá (1998), Campos (2015), Cacicedo (2016), Silva (2011) e Ribeiro (2017). Para o referencial teórico, diversas leis também foram objetos de estudo: Decreto-Lei nº 687, de 18 de julho de 1969; Lei nº 3.274, de 2 de outubro de 1957; Decreto nº 7.626, de 2011, Lei nº 13.163, de 9 de setembro de 2015. Acredita-se que a presente análise é de suma relevância para o mundo acadêmico, uma vez que o estudo tem um viés de informação técnica, trazendo para o meio da seara jurídica um tema pouco explorado e que objetiva chamar a atenção da academia jurídica para que volte o seu olhar a um tema tão sensível; e que, no decorrer dos anos, o poder público possa tornar efetivos os direitos das pessoas em cárcere. 1 AVANÇOS DA LESGILAÇÃO APLICAVÁVEL À EDUCAÇÃO NO SISTEMA CARCERÁRIO BRASILEIRO É comum depara-se com questionamentos acerca das atuais políticas de segurança pública, sobretudo no que que concerne as mazelas nas quais as pessoas em situação de cárcere são expostas. Emerge um pensamento pautado no senso comum de que a legislação pouco tutela os direitos básicos constitucionalmente garantidos do cidadão enclausurado nos estabelecimentos prisionais no país afora. Não obstante essa afirmação surgir desnudada do tecnicismo acadêmico, com ausência quase absoluta de produção científica para corroborar essa tese, é recorrente as afirmações da 6 omissão legal frente aos problemas aqui em tela, dentro do âmbito acadêmico, principalmente nas universidades e centros de estudos, que deveriam presar pela busca ávida da verdade, ou o mais próximo disso possível. Ao perquirir sobre os avanços da legislação brasileira no tocante aos centros de estudos em estabelecimentos prisionais, percebe-se que, embora ainda distante do ideal desejável, os institutos jurídicos existentes sofreram significante e memoráveis alterações ao decorrer do tempo. Muito se tem a percorrer, entretanto, a distância do “ponto de partida” salta à vista é acende os faróis da esperança. No Brasil, ainda colônia de Portugal, em meados do século XVII, as características das penas eram de natureza cruel e desumana. Nesse período da História, não se falava em privação da liberdade, os indivíduos “arcavam” com o próprio corpo os danos causados à sociedade em razão das condutas desvirtuosas. Havia também a custódia do acusado, obstando sua fuga e extraindo provas sob tortura. Já no século XVIII, a pena de privação da liberdade começa a tomar força e, gradativamente, as penalidades com enfoque na crueldade são expurgadas do rol de penas adotadas no direito penal brasileiro. Esse novo modelo de punir, vigente no mundo inteiro, traz consigo uma nova forma de aprisionamento, que acondiciona, ao mesmo tempo e espaço, a prisão do corpo, da alma e da mente, como explica Foucault na sua obra vigiar e punir (1999). “Mas a relação castigo-corpo não é idêntica ao que ela era nos suplícios. O corpo encontra-se aí em posição de instrumento ou de intermediário; qualquer intervenção sobre ele pelo enclausuramento, pelo trabalho obrigatório visa privar o indivíduo de sua liberdade considerada ao mesmo tempo como um direito e como um bem. Segundo essa penalidade, o corpo é colocado num sistema de coação e de privação, de obrigações e de interdições. O sofrimento físico, a dor do corpo não são mais os elementos constitutivos da pena. O castigo passou de uma arte das sensações insuportáveis a uma economia dos direitos suspensos. Se a justiça ainda tiver que manipular e tocar o corpo dos justiçáveis, tal se fará à distância, propriamente, segundo regras rígidas e visando a um objetivo bem mais “elevado”. Por efeito dessa nova retenção, um exército inteiro de técnicos veio substituir o carrasco, anatomista imediato do sofrimento: os guardas, os médicos, os capelães, os psiquiatras, os psicólogos, os educadores (FOUCAULT, 1999, p. 15).” Em linhas gerais, Foucault assinala que a punição cruel deixa de ser o sofrimento corporal e passa a se tornar a supressão de direitos dos indivíduos. E o agente de segurança, figura análoga à do carrasco, posiciona-se em relação ao indivíduo encarcerado como “dominador”. Curioso o autor trazer como exemplo os educadores, guardada as proporções do tempo e lugar que ele discorre. 7 É no século XIX que o Brasil sofre uma sistemática alteração no conceito de pena, passando por três modelos distintos até chegar no que se chama de pena-educação. Não deixando de olvidar que as influências da Europa no nosso ordenamento jurídico, no que tange à forma de punição, era naquele tempo acentuada, como esclarecem Duarte e Sivieri-Pereira (2018). “Embora o Brasil tenha recebido fortes influências europeias sobre a forma de punir, devemos igualmente levar em conta nessa época a vigência da escravidão, que veio alterar profundamente a implantação dos métodos punitivos, ou seja, associaram-se de modo indivisível nos regimentos penais prisão, suplícios e trabalho forçado até o final do século XIX. Tivemos no referido século uma transformação do conceito de pena, primeiro para a equação “pena-suplício físico”, “pena-privação de liberdade” e por último o paradigma “pena-educação”, que tem introduzido a educação como forma de tratamento e restauração social das pessoas em privação de liberdade. No entanto, é curioso saber que o modelo “pena-educação” não é fato recente na história das instituições carcerárias de nosso país, havendo registros de seus primórdios nas casas de correção imperial (DUARTE; SIVIERI-PEREIRA, 2018, p. 346).” Ainda no século XIX, editou-se o decreto de nº 678, em seis de julho de 1850, que versa sobre uma educação intelectual com foco nos indivíduos em situação de cárcere. Juntamente com esse decreto, surgia a legislação que instituía a casa de correção da corte. O capelão figurava como “professor”, devendo zelar pela educação moral e religiosa dos apenados, conforme se depreende do Art. 119: “Art. 119. Ao Capellão da Casa de Correcção, alêm do que lhe fica encarregado pelos Art. 95, 97 e 99, incumbe o seguinte: 1º Ajudar o Director na educação moral dos presos, e concorrer quanto em si couber para a sua correcção e reforma. 2º Visitar os presos, exhortando-os ao trabalho, e bom comportamento, ao menos huma vez por semana, e no meio della, alêm do dia de guarda que possa haver (BRASIL, 1850).” No século XX, no governo de Juscelino Kubitschek, nota-se um avanço significativo com a edição da lei nº 3.274, de 2 de outubro de 1957, que viria a ser posteriormente revogada pela LEP (Lei de Execuções Penais). Na edição da referida norma, há previsão expressa para que o Estado proveja a educação dos sentenciados; redação dada pelo inciso XIII, de seu artigo 1°: “Art. 1º São normas gerais de regime penitenciário, reguladoras da execução das penas criminais e das medidas de segurança detentivas, em todo o território nacional: primórdios nas casas de correção imperial. [...] XIII. A educação moral, intelectual, física e profissional dos sentenciados (BRASIL, 1957).” 8 É claro e inequívoco que há avanços ao longo dos anos na atuação do poder legislativo quanto à edição de normas legais, visando amparar os encarcerados no que concerne aos regramentos técnicos e jurídicos acerca do dever de atuar do poder público, e com o fito de prover aos reeducandos medidas necessárias para sua efetiva educação no sistema carcerário brasileiro. Já, nos dias atuais, percebe-se recentes e importantes alterações legislativas, bem como um decreto do poder executivo que corrobora a afirmação deste tópico no sentido de confirmar que há vasto amparo legal para a regulamentação devida e eficaz da implantação sistêmica do ensino público nos estabelecimentos prisionais. Editado em 2011, o Decreto nº 7.626 assim dispõe:“Art. 1º Fica instituído o Plano Estratégico de Educação no âmbito do Sistema Prisional – PEESP, com a finalidade de ampliar e qualificar a oferta de educação nos estabelecimentos penais. Art. 2º O PEESP contemplará a educação básica na modalidade de educação de jovens e adultos, a educação profissional e tecnológica, e a educação superior. Art. 3º São diretrizes do PEESP: I - Promoção da reintegração social da pessoa em privação de liberdade por meio da educação; II - Integração dos órgãos responsáveis pelo ensino público com os órgãos responsáveis pela execução penal [...] (BRASIL, 2011).” Buscando promover a reintegração social, o texto legal acima transcrito visa sobretudo regular o ensino no cárcere, desde o básico ao superior, determinando uma ligação entre os órgãos responsáveis pela execução penal e de controle educacional. Vê-se que a legislação é cristalina ao determinar aos envolvidos que se adeque no intuito de fomentar a formação dos encarcerados. E por derradeiro e não menos importante, temos a mais recente normatização editada no ano de 2015, tratando-se da lei nº 13.163, de 9 de setembro de 2015, que alterou a lei de execução penal para determinar em seu corpo a instituição do ensino médio nas penitenciárias, além de garantir aos apenados acessos a cursos supletivos, mesmo que na modalidade remota: “Art. 18-A. O ensino médio, regular ou supletivo, com formação geral ou educação profissional de nível médio, será implantado nos presídios, em obediência ao preceito constitucional de sua universalização. § 1º O ensino ministrado aos presos e presas integrar-se-á ao sistema estadual e municipal de ensino e será mantido, administrativa e financeiramente, com o apoio da 9 União, não só com os recursos destinados à educação, mas pelo sistema estadual de justiça ou administração penitenciária. § 2º Os sistemas de ensino oferecerão aos presos e às presas cursos supletivos de educação de jovens e adultos. § 3º A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal incluirão em seus programas de educação à distância e de utilização de novas tecnologias de ensino, o atendimento aos presos e às presas (BRASIL, 2015).” É inconteste que o sistema carcerário brasileiro padece de mazelas que flertam com o tratamento desumano, entretanto, a legislação é uníssona ao deliberar acerca do tratamento humanizado nos estabelecimentos prisionais, inclusive de ordem constitucional. É falsa a afirmação de que não há normas legais favoráveis à educação no sistema carcerário, o que se percebe é a ausência da devida aplicação. 2 DIFICULDADES INERENTES À EDUCAÇÃO NO CÁRCERE Ainda no sentido de se aprimorar o sistema educacional no cárcere brasileiro, há de se observar que não basta a existência de avanços nos dispositivos jurídicos que regulamentem as instituições de ensino para as pessoas em situação de cárcere. É salutar que possa haver políticas públicas severas e comprometidas com o desenvolvimento intelectual do apenado, visando a uma efetiva ressocialização. É patente que há um descaso estatal em prover o direito à educação para as pessoas em situação de cárcere, como também a sociedade civil organizada não tem demonstrado interesse no tema. Não obstante, as instituições que deveriam buscar a efetiva tutela dos direitos do apenados mantêm-se inerte. Noutro giro, as poucas que se predispõe a agir, não possuem um aparato estatal suficiente (ONOFRE; JULIÃO, 2013; SÁ, 1998; CAMPOS, 2015). 2.1 ALGUNS ENTRAVES PARA A EFETIVIDADE DA EDUCAÇÃO NO CÁRCERE A de se perquirir acerca dos principais problemas que a efetividade da educação no cárcere enfrenta, a saber: • estrutura física dos presídios; • burocracia de acesso a materiais didáticos; • incompatibilidade de horários entre educação e trabalho. 10 Uma das principais dificuldades encontradas ao debater-se com o sistema de ensino atual nos estabelecimentos prisionais é a baixa ou inexistente estrutura física adequada para que se possa prover um ensino de qualidade. Não é razoável o que se percebe nesses estabelecimentos: uma estrutura precarizada e que não atende o mínimo necessário de um espaço educacional. Neste sentindo escreve, Caciceedo. (CACICEDO, 2016). “A falta de salas de aula, pressuposto básico para o exercício da educação nas prisões, é um fenômeno mundial, conforme constatou o pesquisador Marc De Maeyer, que após visitar prisões de mais de oitenta países, encontrava ao final apenas “algumas classes, não raras vezes, pobremente equipadas, que podiam acolher apenas algumas dezenas de estudantes”22. No Brasil, a questão da ausência de educação nas prisões é tão naturalizada que, a despeito de ser o país com maior crescimento na construção de prisões no mundo23, estas são construídas sem qualquer espaço para práticas educativas ou, na melhor das hipóteses, adapta-se um pequeno local que passa a ter apenas um valor simbólico. (CACICEDO, 2016, p. 131).” Ao buscar a educação como meio de ressocialização, o apenado não deve se deparar com uma estrutura que impeça o seu desenvolvimento intelectivo; no entanto, é notório o fato de que os órgãos de controle burocrático do sistema carcerário brasileiro, não se preocupa com estruturação física decente, haja vista a superlotação recorde não ser objeto de intervenção estatal para buscar sua minoração, no intuito de prover aos encarcerados uma forma mais similar possível com o convivo social. Não podendo deixar de olvidar que ao se falar em estruturação adequada ao exercício efetivo da docência, temos a escassez de materiais necessários para que se crie um caminho menos tormentosos ao aprendizado, o encarcerado, aqui figura como discente e deve este ser tratado como um tal, sendo – lhe disponibilizado os matérias escolares necessários, como caneta, lápis, caderno para anotação e etc. Assim como não se pode conceber a ideia de uma escola em que o ambiente de ensino esta hermético à sala de aula, também não é razoável a hipótese do apenado não ter acesso aos materiais de estudo, dentro de sua unidade de cárcere. Em que pese o Brasil ser o país que mais constrói presídios no mundo, a estrutura educacional é deixada de lado, mormente quando nas construções os espaços educacionais são vilipendiados, deixando de construir espaços suficientemente adequados para uma boa interlocução entre o lecionador e o lecionado (CACICEDO, 2016) Na sequência ainda discorrendo sobre alguns dos entraves para uma efetiva educação prisional, é importantíssimo perquirir a cerca de outra grande dificuldade enfrentada e que deveria ser objeto de intervenção dos órgãos de controle, que é a burocratização do acesso aos materiais didáticos, sobretudo os livros. 11 Atualmente no brasil os livros que compõe a base de ensino e os que tem por objetivo contribuir com a formação intelectiva de modo subsidiário, são mantidos por política de doações, e a regulamentação de acesso exige que o conteúdo dos livros passe pelo crivo da penitenciaria que, após “averiguação”, decide quanto ao acesso destes ou não aos detentos. Pensar em analise quanto ao conteúdo de uma obra para só após haver ou não, o livre acesso para as pessoas em situação de cárcere, é sem dúvidas rememorar com ações os tempos sombrios da ditadura. O que causa espécie estranheza é o fato de que em pleno século XXI, tal situação não seja combatida com forças veementes. Na medida em que se compreende que o homem é fruto do meio, e que todas as influências ao seu derredor constituem um todo, é dever do Estado enquanto agente de controle, apenas fornecer ao homem “em formação” acesso à todas as experiências através dos livros e meios correlatos, dotando este homem de capacidade de fato e de direito para ser senhor de seu destino arcando com as consequências de seus atos. O caminho da censura, para evitar “rebeliões do pensamento” é aprisionara dignidade da pessoa humana. A respeito, do controle discorre Cacicedo (2016): “A ironia de Marc de Maeyer quando afirma que “os livros são bem protegidos” não é sem razão, pois além da dificuldade de acesso aos livros nas prisões, o controle sobre o conteúdo dos livros acessíveis aos presos, em verdadeira prática de censura, agrega mais uma dificuldade às práticas educativas, que, por óbvio, pressupõem a liberdade do pensamento (CACICEDO, 2016, p. 131).” Resta de todo oportuno afirmar -se que não é razoável pensar em acesso irrestrito dos livros sem qualquer prévia análise, e não é o que se busca defender. Inclusive com intuito de se evitar troca de “cartas” a pretexto de ser doações de livros, facilitando a comunicação com o mundo externo. É objeto de critica tão somente a ideia esdrúxula de censura na esteira do pensamento colimado acima, sendo a regra em estabelecimentos carcerários atualmente, deve, pois, ser objeto de intervenção do estado pelo poder legiferante para que supra omissão legislativa vindo socorrer as pessoas que exaustivamente buscam o aperfeiçoamento da educação nos presídios. Por derradeiro, fechando a análise de alguns dos entraves que se enfrenta na incessante busca por uma adequada educação no cárcere, temos a questão do choque entre de horários de aulas com o a disponibilização de postos de trabalho. Na contramão da educação, o trabalho é condição obrigatória para o apenado privado de sua liberdade, como se depreende da simples leitura de alguns dos artigos da lei de execução penal, no capítulo que trata do trabalho do interno. 12 Vejamos a disposição legal: “Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva. § 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho as precauções relativas à segurança e à higiene. § 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho. Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidade. Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado no interior do estabelecimento. Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas em conta a habilitação, a condição pessoal e as necessidades futuras do preso, bem como as oportunidades oferecidas pelo mercado. (BRASIL 1984)” É perceptível que o trabalho é condição obrigatória, entretanto a frequência escolar é facultativa, para que se evite a “evasão” do ingresso das aulas no cárcere, é de extrema importância compatibilidade de horários entre o trabalho e o horário de aulas. Infelizmente não é o que ocorre, pelo fato de que os poucos espaços educacionais que se encontram disponíveis possuem horário de aulas engessado e ocorrem no mesmo período do trabalho remunerado. Sendo o trabalho e a educação ambas as condições passíveis de haver a detração de pena – conforme previsão legal –, não há razão para o apenado optar por estudar, ao invés de trabalhar, visto que o choque de horários é um empecilho. É uníssono na sociedade civil a afirmação de que o preso não trabalha, atribuindo tal condição como se fora uma opção sua, entretanto, basta se emergir nas dificuldades em que enfrentam as pessoas em situação de cárcere para se perceber que faltam postos de trabalho suficientes para todos os que buscam uma oportunidade. E, ao encontrar-se um emprego, não fazem escolha diversa, até pelo caráter remuneratório do trabalho prestado, em detrimento de optar por frequentar as aulas, em mesmo horário da prestação de serviços remunerados. 2.2 ENCLAUSURAMENTO DO PENSAMENTO CRÍTICO As condutas humanas são moldadas a partir das percepções que o indivíduo nutre dentro do seio social a que está inserido. A livre escolha do homem de como se portar frente a uma situação ameaçadora se caracteriza por sua capacidade de dialogar consigo mesmo, para que suas condutas – agir ou deixar de agir – possam não alterar de forma prejudicial o mundo exterior. Essa capacidade cognitiva advém do pensamento crítico. Deixar de aprimorar a criticidade do pensamento humano se revela um tamanho descaso com a principal função da pena; ou seja, a de ressocializar o indivíduo encarcerado com o mundo extramuros. Em razão disso, os espaços acadêmicos dentro do âmbito prisional deveriam presar, antes de mais nada, pela forma ávida de se fomentar a busca pela capacidade cognitiva da escolha. 13 Cacicedo (2016) entende que a prisão, no formato clássico, infantiliza o encarcerado e o faz perder responsabilidades próprias da vida adulta: “No ambiente prisional, os sujeitos são infantilizados, perdem responsabilidades próprias de uma vida adulta e têm na obediência cega um mandamento cujo descumprimento pode endurecer e alongar o seu próprio encarceramento pela imposição de sanções disciplinares. Não é por acaso que no cotidiano da execução penal brasileira reivindicações de direitos por parte dos presos sejam frequentemente enquadradas como forma de incitação ou participação de movimento para subverter a ordem ou a disciplina (art. 50, I, da LEP) ou mesmo como forma de desobediência ou desrespeito ao agente penitenciário (art. 50, VI, da LEP). (CACICEDO, 2016, p. 133).” Formar pessoas em estabelecimentos prisionais já é um grande desafio, porém, na medida em que o aprisionado se encontra em situação de segregação do pensamento, a formação serve apenas de dados numéricos. Quanto ao certificado recebido, é só mais um que não contempla a exata dimensão do que venha a ser a “conclusão” dos estudos. Se a razão de ser do estudioso é aprimorar sua capacidade intelectiva, daí também se depreende a possibilidade do ser humano em ser “senhor” de suas escolhas e apto a compreender as consequências que as suas ações podem trazer ao convivo social. Ao se deparar com uma situação embaraçosa, este ser “educado” poderá sopesar os seus desejos, atento às consequências. As iniciativas de se educar no estabelecimento prisional não se dão por força de uma política pública com um prévio plano pedagógico elaborado para enfrentar os desafios que a educação prisional impõe, antes são desenvolvidas pelos próprios agentes de segurança pública com objetivo de fundo de precaver de uma ociosidade dos apenados (CACICEDO, 2016). Para Freire (1996), é válida a liberdade de decidir mesmo correndo o risco de errar, porque é decidindo que se aprende a decidir. Concluindo, assim, que o pensamento crítico é a mais autêntica forma de libertação, não sendo concebível que os pensamentos sejam de igual modo levados ao cárcere, demonstrando ser essa a mais vil das penas. Liberdade de pensar, liberdade no agir. 3 OS OBSTÁCULOS DE LECIONAR EM ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS A arte de lecionar, segundo Freire (1996, p. 30) “exige a convicção de que a mudança é possível”, acreditando fielmente nela e no poder transformador que a docência exala nos “quatros cantos” do universo. Ensinar não pode ser uma obrigação ou uma moeda de troca, 14 onde se entrega a “docência”, objetivando apenas o retorno financeiro. É preciso encantar ao ensinar. É comum as pessoas buscarem no profissional da educação um mantra de urbanidade e “amor” pela docência, independentemente de qual seja o seu alunado. Entretanto, ao realizarem uma pesquisa cientifica, os professores Novelli e Louzada (2012, p. 72-73), docentes de uma instituição estadual, ao lecionarem no cárcere, perceberam grande receio e até preconceito. Outro grave problema que o sistema carcerário enfrenta ao buscar a efetivação da educação em seu ambiente é a baixa proatividade do corpo docente em prestar um trabalho de excelência. Mormente porque a imensa maioria é admitida via concurso público, e é só após a aprovação que este “descobre” que seu destino é lecionar em estabelecimento prisional. Como nãohá outra forma, e restando como opção trabalhar no cárcere ou a perda do concurso, os profissionais decidem por permanecer trabalhando, mas como uma verdadeira “penitência”. Quando permanecer na docência dentro do sistema carcerário é objeto de obrigação, a forma de ensinar deixará de ser objeto de renovação, e o empenho do profissional tende a zero. Há autores que defendem a necessidade de se admitir professores por meio de análise de perfil, objetivando uma robusta forma de se averiguar se o profissional é um vocacionado para o exercício da docência em estabelecimento prisional. Para Silva (2011), haver professores que não sejam devidamente selecionados, torna a prática educativa nos presídios um desastre. “A grande maioria dos professores que estão nas escolas prisionais nem sempre fizeram esta escolha, mas aspectos procedimentais do sistema educacional os levaram até lá, o que constitui um fato desastroso para uma prática educativa realizada num ambiente de condições tão particulares (SILVA, 2011, p. 150).” Para além da ausência de ensinar com o coração pulsante – o que deveria permear a vontade dos nossos professores –, existe a correlação do medo que os profissionais possuem em adentrar os presídios para que possam exercer livremente a sua docência. Com isso, a ausência de professores se torna ainda mais real, e a falta de aulas se caracteriza como algo natural dentro cárcere. Entretanto, com o passar do tempo, é notável que esses professores se adaptem e superam os seus próprios desafios, inclusive se familiarizando com o alunado. Portanto, esse processo ocorre de forma livre e natural, fazendo surgir o questionamento de como seria a relação do professor com a causa do alunado encarcerado se houvesse uma ampla capacitação profissional. 15 Nesse sentido, Novelli; Louzada (2012) e Freire (1978, 1980) apud Ribeiro (2017), entendem que: “Apesar da inicial resistência, ao relatarem suas percepções profissionais decorrentes da experiência experimentada nas salas de aulas do sistema prisional, os professores são unanimes em pontuar que os medos e inseguranças que marcavam o início da jornada foram superados. Em alguns casos, os professores chegam a externar a satisfação pessoal por fazer parte de um processo que identificam como transformador na vida do indivíduo. Nota-se que, ainda que nenhum tipo de pedagogia específica seja inserido com a intenção de direcionar o tipo de ensino fomentado nos presídios, as experiências práticas evidenciam aspectos que se aproximam das propostas defendidas por Freire em suas obras (RIBEIRO, 2017, p. 68).” Outro vasto problema enfrentado é a quantidade de vagas ofertadas para a educação no sistema carcerário. As poucas instituições que possuem acesso ao espaço educacional não disponibilizam uma quantidade de vagas suficientemente adequada para que seja possível ao profissional da educação perceber uma sistemática mudança no estabelecimento prisional. Por outra, em função da ausência de metodologia específica para este modelo de ensino, cada professor adota uma metodologia que melhor lhe aprouver. Consequentemente, tal realidade fragiliza o aprendizado e não torna possível aos detentos com maior dificuldade de absorver o conteúdo, acompanharem os demais encarcerados. Razão pela qual o nível de aprendizado ainda é baixo. Por fim – e não menos importante –, tem-se a fragilidade emocional dos alunos detentos, pois estes sofrem uma carga de informações ao adentrarem o estabelecimento prisional; e, ao perceberem a presença da educação naquele contexto, entendem como uma extensão de sua “punição”, tendendo a não colaborar com seu próprio aprendizado, como relata a Profa. Freire (2016): “É consenso entre estudiosos e pesquisadores dessa modalidade o quanto esses sujeitos já sentiram o peso da exclusão. Então, o seu retorno com uma proposta educacional que siga a lógica tradicional do chamado “ensino regular”, poderá contar como ponto negativo à sua permanência no contexto escolar. O fato é que dentro do ambiente prisional as tensões são potencializadas pela própria arquitetura física, isolada, vigilante e punitiva, e isso tem tudo para repercutir negativamente na relação com os professores. Acrescente-se a convivência diária entre os diversos sujeitos, sejam os agentes prisionais, corpo dirigente, professores e internos que, mesmo com interesses diferentes, se veem absorvidos por interesses comuns (FREIRE, 2016, p. 92).” Não é admissível que as pessoas em situação de cárcere tenham a percepção de que todas as estruturas de aprisionamento em sua volta estejam voltadas à sua punição, incluindo a educação. É preciso que o Estado contribua para uma organização tal da educação dentro dos 16 cárceres, de forma que ela se apresente ao encarcerado como medida de libertação e nunca de extensão da pena. Nesse sentindo, afirma Foucault (1999): “Para isso, é preciso que o castigo seja achado não só natural, mas interessante; é preciso que cada um possa ler nele sua própria vantagem. Que não haja mais essas penas ostensivas, mas inúteis. Que também cessem as penas secretas; mas que os castigos possam ser vistos como uma retribuição que o culpado faz a cada um de seus concidadãos pelo crime que lesou a todos [...] (FOUCAULT, 1999, p. 128).” Ainda assim, é possível perceber que, para Foucault, a pena é uma justa prestação dada pelo Estado àqueles que, de algum modo, desviaram-se de seu padrão de conduta. Entretanto, ao se deparar dentro de um estabelecimento prisional, o indivíduo já sabe quais ações o levaram à prisão, à sentença e punição, não existindo, portanto, razão para lhe tolher também o acesso à educação – como forma de nova punição. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em face do que foi exposto, conclui-se que, a despeito das percepções trazidas do seio social, pautadas no senso comum de que a legislação não tutela os direitos e garantias individuais das pessoas em situação de cárcere, percebe-se que tais impressões não guardam verossimilhança com a realidade fática, pois a nossa legislação sofreu e sofre avanços significativos ao longo do tempo, e é dever de todos os cidadãos cooperarem para que esse progresso teórico seja efetivado na prática. A população não deve distanciar seus olhos dos problemas infimamente ligados à situação carcerária no que diz respeito à ausência de estruturas dignas e suficientes, para que se possa fornecer a homens e mulheres em situação de cárcere um espaço propenso a educá-los. Não é razoável pensar de modo diverso ao fato de que uma estrutura favorável e um ambiente menos hostil possível é capaz de transformar uma pessoa através da educação. A desburocratização de acesso aos livros é medida de fácil aplicação; e diferentemente dos problemas de estruturas físicas, que requerem a construção de alas e outras providências, facilitar o acesso aos livros é algo que pode ocorrer de modo rápido e prático, recorrendo ao bom senso e a mais elevada virtude de cuidado com a coletividade. A humanização hoje do cárcere refletirá, sem dúvida alguma, na sociedade futura, lembrando que não existe prisão ad eternum. 17 Ao entrar no estabelecimento prisional, na maioria das vezes, o apenado sabe que em determinado momento irá retornar ao convívio social; e quando o sistema carcerário deixa de prestar-lhe assistência digna, contribui para que isso, futuramente, reflita de forma negativa na coletividade, pois, ao sair do estabelecimento prisional, o apenado volta à convivência social, levando consigo tudo o que aprendeu dentro do cárcere, já que, por omissão do Estado em ensinar-lhe boas práticas, as facções se encarregam de ensinar-lhe as péssimas. Reverberando negativamente na sociedade vindoura. É preciso que a sociedade civil se organize, exija dos órgãos de fiscalização que as políticas públicas sejam implementadas, bem como oMinistério Público – como fiscal da ordem jurídica –, deve se imbuir da função de fiscalizar com afinco os estabelecimentos prisionais, requerendo, judicialmente, se necessário, que o poder público passe a cumprir as determinações legais. Dessa forma, espera-se que o presente trabalho contribua na discussão acadêmica acerca da necessidade de se melhor avaliar as políticas públicas adotadas atualmente, com o fito de se aproximar a realidade fática da pretensão da legislação contida no ordenamento jurídico vigente. A verdade é que não se faz justiça sem educação. REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto nº 678, de 6 de julho de 1850. Câmara dos Deputados. Legislação. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-678-6- julho-1850-560002-publicacaooriginal-82510-pe.html>. Acesso em: 14 set. 2022. ______. Lei nº 3.274, de 2 de outubro de 1957. Planalto. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l3274.htm>. Acesso em: 12 nov. 2022. ______. Decreto nº 7.626, de 24 de novembro de 2011. Planalto. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- 2014/2011/Decreto/D7626.htm#:~:text=DECRETO%20N%C2%BA%207.626%2C%20DE% 2024,e%20%C2%A7%204%C2%BA%20do%20art>. Acesso em: 22 nov. 2022. ______. Lei nº 13.163, de 9 de setembro de 2015. Planalto. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13163.htm>. Acesso em: 04 set. 2022. 18 CACICEDO, Patrick. Desafios para a educação nas prisões na era do grande encarceramento. Revista Aracê, Direitos Humanos em Revista. Ano 3, número 4, fevereiro 2016. Disponível em: <https://www.academia.edu/29529937/Desafios_para_a_educa%C3%A7%C3%A3o_nas_pris %C3%B5es_na_era_do_grande_encarceramento>. Acesso em: 7 set. 2022. DIAS, Pâmela. 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RIBEIRO, Rose A. F. Educação e cárcere: uma análise da efetividade das políticas públicas que visam garantir o acesso à educação no sistema prisional. 2017, 100f. Dissertação (Mestrado em Direito Constitucional). Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2017. <http://ppgdc.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/34/2017/06/EDUCA%C3%87%C3%83O- E-C%C3%81RCERE-UMA-AN%C3%81LISE-DA-EFETIVIDADE-DAS- POL%C3%8DTICAS-P%C3%9ABLICAS-QUE-VISAM-GARANTIR-O-ACESSO- %C3%80-EDUCA%C3%87%C3%83O-NO-SISTEMA-PRISIONAL.pdf>. Acesso em 12 nov. 2022. AGRADECIMENTOS A Deus, único e soberano juiz – que julga com exata retidão e que tem me ajudado ao longo da minha existência – grato por sua paciência para comigo. Em todas as vezes que pensei em desistir, pude sentir Sua mão amiga me impulsionando para frente. À minha família, tanto biológica quanto afetiva, por todo carinho, empenho e dedicação durante a jornada da minha graduação, e, principalmente, na jornada da vida, razão de ser o homem que me tornei e que devo a eles. Furto-me de nominá-los para não ser injusto com menções rasas, em detrimento do meu mais profundo e sincero amor. Aos amigos que tive a honra de conhecer no GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADO DO IBCCRIM – AL, que durante os nossos encontros de debates, puder me sentir acolhido sendo irrelevante o fato de ainda ser acadêmico. Agradeço imensamente aos mentores do Grupo de Estudos, pessoas maravilhosas que auxiliaram em todos os momentos. Ao meu orientador e mentor, Professor e amigo Josinaldo Leal, agradeço imensamente por tanto carinho para comigo. Ouso afirmar que não sou merecedor de ter tido a honra de 20 conhecer alguém de um conhecimento jurídico tão extenso quanto a extensão de seu cuidado para com os seus alunos e mentorados. Meu mais profundo e eterno agradecimento. Aos meus amigos, sejam da graduação ou fora dela, saibam todos quanto lerem meu trabalho que serei eternamente grato pela compreensão, por cada vez que falhei em algum compromisso, por me dedicar a essa pesquisa Em suma, são essas as pessoas que levo para a vida! Como sempre costumo afirmar: “A quem nos quer bem, quero bem também e pertinho de mim. Mas a quem não nos quer, sequer os conheço”.
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