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Ebook _ Leitura Interpretação e Produção Textual

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O48ll Oliveira, Joaquina Maria Batista de. 
 Leitura, interpretação e produção textual / Joaquina Maria Batista 
de. -- Manaus: CEUNI-FAMETRO, 2021.
 224p. 
 ISBN: 978-85-64293-02-1 
 1. Língua portuguesa 2. Leitura 3. Interpretação 4. Produção 
textual I. Título.
 CDU.:801.7 
Todos os direitos reservados © FAMETRO
IME Instituto Metropolitano de Ensino Ltda
Wellington Lins de Albuquerque | Presidente - IME
Maria do Carmo Seffair Lins de Albuquerque | Reitora
Cinara da Silva Cardoso | Vice-Reitora
Iyad Amado Hajoj | Diretor de EaD e Expansão
Leonardo Florêncio da Silva | Diretor Editorial e Gestor de EaD
Adilsimar Saraiva Maciel | Coordenação Pedagógica EaD
Luciana Braga | Projeto Gráfico, Capa e Editoração
Ana Augusta de Oliveira Simas | Supervisora de Revisão e Revisora
Anne Caroline do Nascimento Ribeiro | Revisora
Karoline Alves Leite | Revisora
Liene Costa | Revisora
Amenayde Cristine Corrêa | Assistente Editorial
Imagens | depositphotos.com
 Responsável Técnico: Lorena de Fátima Vidal (CRB: 410/11-AM) 
Biblioteca CEUNI-FAMETRO
FAMETRO
Av. Djalma Batista, Nossa Sra. das Gracas. Manaus, AM
"Nos termos da Lei n.º 9.610/98, o autor desta obra é titular de todo o complexo de 
direitos autorais sobre a presente criação. Assim, é vedada a cópia, reprodução, 
edição ou distribuição desta obra sem autorização expressa do Autor ou da Edito-
ra e, ainda é vedado utilizar, citar, publicar esta obra integral ou parcialmente sem 
deixar de indicar ou anunciar o nome, pseudônimo ou sinal convencional do autor 
sob pena da aplicação das medidas previstas nos Art. 101 a 110 da Lei n.º 9.610/98."
Ficha catalogada na Biblioteca CEUNI-Fametro
“Sejam todos e todas bem-vindos ao EaD 
do Centro Universitário Fametro”
O Centro Universitário Fametro acredita que o 
papel de uma instituição de ensino é formar não apenas 
profissionais, mas também formar profissionais no 
Ensino Superior, com valores éticos, humanísticos e 
com respeito ao meio ambiente capazes de contribuir 
para o desenvolvimento da nossa Amazônia. 
A Fametro, portanto, tem premissas claras a 
cumprir como instituição de ensino de qualidade. 
Praticar o ensino, pesquisa e extensão é a sua principal 
bandeira. 
A Fametro, ao longo das últimas duas décadas, 
vem se consolidando como a melhor instituição de 
ensino do Norte, um espaço democrático e docentes 
com variadas visões de mundo. Somos uma instituição 
de ensino plural que avança a cada ano em busca 
sempre de desenvolver a economia da Amazônia. Nossa 
estrutura é moderna, estamos em diversos municípios 
levando uma educação inclusiva e de qualidade.
Conheça o Centro Universitário Fametro e viva a 
experiência em estudar numa instituição com o corpo 
docente com mestres e doutores e de qualidade de 
ensino comprovada pelo MEC. 
Maria do Carmo Seffair
Reitora
Pa
la
vr
a 
da
 R
ei
to
ra
“É a educação que faz 
o futuro parecer um 
lugar de esperança e 
transformação”.
UNIDADE I
 
Linguagem e seus domínios
1.1 Linguagem verbal
1.2 Linguagem não verbal
1.3 Linguagem mista 
1.4 Conceitos e importância da leitura
1.5 Tipos e técnicas de leitura
1.6 Análise e estrutura de um livro/texto
1.7 Interpretação do conteúdo de um livro 
1.8 Crítica de um livro como 
transmissão de conhecimentos
 
1.9 Anotação
Su
m
ár
io
13
15
16
16
16
25
31
32
33
38
UNIDADE II 
Interpretação: da palavra à comunicação
2.1 Tipologia textual
2.2 Narração
2.3 Descrição
2.4 Injunção 
2. 5 Dialogal 
2.6 Dissertação
2.7 Organização do texto
2.8 Análise
UNIDADE III 
Semiótica e texto não-verbal: 
principais conceitos
3.1 Linguagem verbal 
3.2 Linguagem não verbal
3.3 Linguagem mista
3.4 Interpretação de texto não verbal
45
64
65
72
75
78
83
92
97
103
104
104
104
111
UNIDADE IV 
Coesão e coerência textual
4.1 Coerência
4.2 Tipos de parágrafos dissertativos
4.3 Texto dissertativo: 
reconhecer e produzir
4.4 Texto dissertativo: artigo de opinião
Referências 
Caderno de Exercícios
131
144
147
164
172
184
189
U
ni
da
de
 1
Videoaula 1
Videoaula 2
13
LINGUAGEM E 
SEUS DOMÍNIOS1
É através da linguagem que 
o ser humano se constitui 
social e individualmente. 
A linguagem se divide em 
verbal e não verbal e pode 
ser também mista. Segundo 
Bechara (2004), a linguagem 
é qualquer sistema de signos 
simbólicos empregados na 
intercomunicação social para 
expressar e comunicar ideias e 
sentimentos, isto é, conteúdo 
da consciência. Sendo assim, a 
língua é o grande potencial da 
linguagem verbal, sendo vital 
para o desenvolvimento da 
1 Fonte: BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. rev. e ampl. Rio de 
Janeiro: Lucerna, 2004.
14
Anotações: humanidade. Segundo Faraco e Mandryk (2012), “a 
realidade humana é, de fato, inseparável da língua”. 
Neste sentido, é através dela que constituí-
mos a interação verbal – maior modo de comuni-
cação humana e, também, como nos constituímos 
como pessoas. Assim, a língua é parte fundamental 
e determinante na vida do homem e na manutenção 
da vida em sociedade. Os falantes, portanto, desde 
o seu nascimento, já estão inseridos em uma língua, 
no caso dos brasileiros, da língua portuguesa. Esta 
língua é assimilada de modo muito rápido pelo fa-
lante, que já mantém uma característica inata para 
aprendê-la, segundo o linguista americano Noam 
Chomsky. Além disso, a língua é moldada de acordo 
a situação de convívio social, o que possibilita afir-
mar que todos os nativos de uma língua conhecem 
plenamente a sua língua. 
É importante lembrar que o compêndio gra-
matical é diferente da língua. Pode ser entendido 
como um livro com as regras e normas descritas e 
um conjunto de regras pré-estabelecidas da língua. 
A língua envolve toda a prática linguística utilizada 
por indivíduos em uma comunidade e pode não es-
tar dentro das regras gramaticais, mas dentro da 
organização linguística da comunidade de falantes. 
Assim, ela é um conjunto de práticas sociais mais 
amplo que a gramática. Um falante nativo não “erra” 
a sua língua, uma vez que as questões históricas e 
geográficas influenciam na língua falada pela co-
munidade. Deste modo, considerar que uma comu-
nidade fala melhor que a outra, que os falantes de 
um Estado falam melhor que os de outros Estados, 
é uma forma de inferiorizar grupos sociais. O que 
devemos considerar é a situação e a intenção. No 
campo da linguagem verbal, temos os três grandes 
15
 
eixos desta disciplina: leitura, interpretação e es-
crita, sem deixar de lado a linguagem não-verbal, 
presente na interpretação do mundo e da escrita. 
1.1 LINGUAGEM VERBAL
Existem várias formas de comunicação. Quan-
do o homem se utiliza da palavra, ou seja, da lingua-
gem oral ou escrita, dizemos que ele está usando 
uma linguagem verbal, pois o código é a palavra. Tal 
código está presente quando falamos com alguém, 
lemos ou escrevemos. 
De acordo com Fiorin (2002), a linguagem ver-
bal é, então, a matéria do pensamento e o veículo 
da comunicação social. Assim como não há socie-
dade sem linguagem, não há sociedade sem comu-
nicação. Como realidade material – organização de 
sons, palavras frases - a linguagem é relativamente 
autônoma: como expressão de emoções, ideias, 
propósitos, no entanto, ela é orientada pela visão 
de mundo, pelas injunções da realidade social, his-
tórica e cultural de seu falante. 
A linguagem verbal é a forma de comunicação 
mais presente em nosso cotidiano. Mediante a pa-
lavra falada ou escrita, expomos aos outros as nos-
sas ideias e pensamentos, estabelecemos comuni-
cação e existimos em um mundo feito de palavras. 
Ela está presente em textos, em propagandas, em 
reportagens (jornais, revistas, etc.), em obras lite-
rárias e científicas, na comunicação entre as pes-
soas, em discursos (políticos, representantes de 
classe, candidatos a cargos públicos, etc.); e em 
várias outras situações.
A linguagem verbal 
é produzida com a 
utilização da língua e 
pode-seapresentar 
na modalidade oral 
(falada) ou escrita.
16
1.2 LINGUAGEM NÃO VERBAL 
Linguagem não verbal é o uso de imagens, figu-
ras, desenhos, símbolos, dança, pintura, música, mí-
mica, escultura e gestos como meio de comunicação. 
Neste contexto, temos a simbologia que é 
uma forma de comunicação não verbal. Exemplos: 
sinalização de trânsito, semáforo, logotipos, ban-
deiras, uso de cores para chamar a atenção ou ex-
primir uma mensagem. É muito interessante obser-
var que, para manter uma comunicação, utilizamos 
tanto a linguagem verbal quanto a não verbal. 
1.3 LINGUAGEM MISTA
Linguagem mista ou híbrida é o uso simultâ-
neo da linguagem verbal e da linguagem não verbal. 
Muito comum nas histórias em quadrinhos e nas 
propagandas. É uma linguagem com muito poten-
cial, pois a união de ambas, amplia o poder comu-
nicacional.
2. CONCEITOS E IMPORTÂNCIA 
DA LEITURA
Em conformidade com Paulo Freire2, a leitu-
ra de mundo antecede a da palavra, logo, a leitura 
posterior não se pode desconsiderá-la, visto serem 
interdependentes. Linguagem e realidade se entre-
A linguagem mista 
ou híbrida é feita 
com a utilização da 
linguagem verbal e 
não verbal ao mesmo 
tempo.
A linguagem não 
verbal é feita sem a 
utilização da língua e 
engloba: sons, cores, 
gestos, símbolos.
2 FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se 
completam. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989.
17
laçam dinamicamente, de modo que a compreen-
são do texto a ser alcançada por sua leitura crítica, 
implica a percepção das relações entre o texto e o 
contexto. Para o educador, o mundo do leitor é fun-
damental para a compreensão da leitura.
Por exemplo, se alguém gosta de carros e tra-
balha em uma concessionária de veículos, saberá o 
nome das marcas, dos modelos e, provavelmente, 
acompanha toda a tecnologia de produção dos au-
tomóveis. Este alguém, certamente, terá domínio do 
vocabulário relacionado ao tema, carros. Por isso, se 
for necessário ler algum material sobre este tema, 
será mais fácil compreender o texto. Por outro lado, 
se esse alguém não sabe nada sobre enfermagem, 
algumas ou muitas expressões serão incompreensí-
veis. E, se o assunto não faz parte do seu mundo, terá 
muito mais dificuldade de compreensão. 
Portanto, ainda segundo Paulo Freire (1989), a 
compreensão do texto a ser alcançada por sua lei-
tura crítica implica a percepção das relações entre o 
texto e o contexto. O contexto, então, é fundamental 
para a compreensão, não só de leitura, mas também 
de interpretação e produção dos mais diversos tipos 
de texto.
O contexto se dá de dentro para fora do tex-
to. É como se determinadas palavras, expressões 
levassem do sentido do texto para o mundo real. 
Esse mundo real é o contexto. É possível partir de 
contextos para o texto, quando se observa o mundo, 
os acontecimentos e, depois, vai-se aos textos para 
compreender o fato através das palavras. Sendo as-
sim, o contexto é um dos fatores determinantes para 
o entendimento da leitura. 
Contexto é tudo 
aquilo que, embora 
não esteja no texto, é 
importante para sua 
compreensão. É o 
ambiente, é o sujeito 
da ação e sua função 
social, são os fatores 
sociais, culturais 
e psicológicos. É a 
situação concreta 
a que o texto se 
refere. Há diferentes 
tipos de contextos 
(social, político, 
cultural, estético, 
esportivo, educacional, 
histórico...).
18
Anotações: Exemplo 1
Fonte: <http://g1.globo.com/jornal-nacional/noti-
cia/2018/04/>.
Exemplo 2
Fonte: <https://www.otempo.com.br/capa/brasil/>.
A palavra guerra aparece nas duas manche-
tes, porém ela tem significado diferente, na primei-
ra, sabe-se que há conflito armado na Síria e ocorre 
verdadeiramente uma guerra; já no exemplo dois, 
trata-se da grande violência proporcionada pelo 
tráfico, mas não pode ser compreendida na mes-
ma acepção do exemplo 1. Como sabemos disso? 
Simplesmente pelo contexto, somos brasileiros e 
sabemos que não estamos em guerra armada, por 
isso, somos levados a compreender sob outra óti-
ca. Outro exemplo é quando lemos uma placa como 
a da figura, sabemos que o lugar de compra é a casa 
onde está a placa. Como sabemos isso?
Fonte:< http://www.fatoreal.blog.br/seguranca/falta-de-se-
guranca-e-uma-solucao-criativa/>.
19
Anotações:É simples, a partir do nosso conhecimento de 
mundo, ou seja, o contexto nos indica um conheci-
mento para além do que está escrito. Então, isto vai 
ao encontro do pensamento de Paulo Freire, ao afir-
mar que não lemos apenas palavras, lemos, antes, o 
mundo. Caso não sejamos bons leitores do mundo, 
teremos dificuldade na leitura das palavras. Ob-
servem que, para compreendermos um conceito, 
tivemos que refletir sobre ele, ampliá-lo, entender 
o que significa a palavra mundo, o que é contexto, 
para então, compreender plenamente o que o autor 
entende por leitura do mundo. 
Assim deve ser feito em todo ato de leitura, 
pois ler é um processo, é uma ação que envolve re-
flexão, busca, paciência e, principalmente, prática. 
Quanto mais lemos, mais adquirimos habilidade. 
Devemos também considerar a inter-relação entre 
leitor e texto, pois ele não é um ser passivo, sem 
conhecimento anterior. Quando se põe a desvendar 
um texto, os conhecimentos anteriores são aciona-
dos e pode haver um diálogo com o texto. Soares 
(2000) amplia a concepção de leitura ao apresentar 
a relação entre leitor e autor mediado pelo mundo: 
Leitura não é esse ato solitário; é in-
teração verbal entre indivíduos, e in-
divíduos socialmente determinados: 
o leitor, seu universo, seu lugar na 
estrutura social, suas relações com o 
mundo e com os outros; o autor, seu 
universo, seu lugar na estrutura so-
cial, suas relações com o mundo e os 
outros (SOARES, 2000, p. 18).
Portanto, o processo de interação entre livro 
e leitor é discutido por Leffa (1999) ao considerar a 
20
leitura como um processo interativo entre os es-
quemas do leitor e do autor, vivendo um momento 
sócio histórico. Dessa forma, a concepção de leitu-
ra interativa compreende leitura não como uma ati-
vidade de decodificação de itens linguísticos, como 
um processo dinâmico de construção de sentidos. 
Nessa concepção de interação, o leitor não é mero 
receptor de mensagens, ele se porta como coautor.
Ampliando o conceito de leitura, Kleiman 
(2002) entende como um processo cognitivo que 
envolve uma relação entre “o sujeito leitor e o texto 
enquanto objeto, entre linguagem escrita e com-
preensão, memória, inferência e pensamento”. 
Para a autora, a leitura só pode acontecer quando 
aspectos cognitivos são acionados, dentre eles: 
compreensão, memória, inferência e pensamento. 
Destes quatro aspectos, dois merecem destaque: 
memória e inferência.
Em primeiro plano, a memória é fator primor-
dial na leitura porque será acionada para relembrar 
conhecimentos que se unirão ao novo conhecimen-
to da leitura. Todas as vezes que se faz uma leitura, 
vem à mente outras leituras já feitas. Certamente 
que, a memória só pode ser acionada se houver co-
nhecimentos prévios. Quanto mais leitura se tem, 
maior é o repertório para ser relembrado. O segun-
do termo utilizado, inferência3 , também é impor-
tante para a realização de uma leitura completa:
A Inferência textual está relacionada à com-
preensão da leitura. Significa interpretar os ele-
mentos que estão explícitos e implícitos no texto, 
de modo que o leitor consiga ampliar a análise de 
Inferência é 
uma dedução 
feita com base em 
informações ou um 
raciocínio que usa 
dados disponíveis 
para se chegar a uma 
conclusão. Inferir é 
deduzir um resultado, 
por lógica, com base 
na interpretação de 
outras informações. 
Inferir também pode 
significar chegar 
a uma conclusão 
a partir de outras 
percepções ou da 
análise de um ou mais 
argumentos.
3 < https://www.significados.com.br/>.
21
tudo que foi escrito e compreender a ideia central 
do texto. A inferência textual pode requerer al-
gum conhecimento prévio sobre o tema da leitura. 
Quando se realiza o atode ler, nem sempre as in-
formações estão claras e visíveis, nem é possível 
compreender um texto apenas fazendo uma leitura 
literal. Para ampliar a compreensão, alguns concei-
tos devem ser considerados, como os de IMPLÍCI-
TOS E EXPLÍCITOS4. 
Informações explícitas são aquelas gritante-
mente expostas no texto. Não há necessidade de 
se aguçar a mente, de fazer um grande esforço para 
compreender as informações. Neste caso, a inter-
pretação deve se voltar apenas ao que foi redigido no 
texto. Já os implícitos são os elementos que o leitor 
deverá deduzir a partir de informações explícitas.
O implícito requer a capacidade do leitor de 
deduzir o que o autor quis dizer no texto, mas não 
disse. Ou seja, é necessário que o leitor enxergue 
o que não está escrito, o que está nas entrelinhas. 
Vamos ler o implícito dos textos5 abaixo:
Implícito: se a tartaruga não for monitorada, 
dificilmente se saberá a idade dela.
Implícitos – 1) o inchaço é passageiro, não é 
duradouro; 2) se for um número grande, pode trazer 
consequências mais graves. No campo dos implíci-
tos estão os PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS 
que também são responsáveis por fazer uma boa 
Quantos anos vive uma 
tartaruga?
A tartaruga vive entre 
80 e 100 anos. [...] As 
tartarugas estão entre os 
animais de vida mais longa 
e é o único animal hoje que 
vive mais que o homem. 
[...] Um dos critérios 
usados para saber a idade 
da tartaruga é contar os 
anéis que formam seu 
casco. 
Mas, com o passar do 
tempo, esse critério 
deixa de ser útil porque o 
número de anéis aumenta 
muito e não é mais 
possível distingui-los. 
Muitas vezes, o tamanho 
da tartaruga pode ser um 
indicativo da sua idade. 
SUPERINTERESSANTE, 
fev.1995.
4 Marcelo Rosenthal; Lilian Furtado; Tiago Omena; Pedro Henrique. 
Interpretação de Textos e Semântica para concursos: teoria, es-
quemas, exercícios e questões de concursos comentadas. Cam-
pus concurso. Acessado em <www.elsevier.com.br>
5 <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materi-
ais/0000014237.pdf>.
22
Anotações: leitura. Vamos agora verificar qual a distinção entre 
eles:
PRESSUPOSTOS: o autor do texto emprega 
palavras ou expressões com a intenção de que o lei-
tor realize a inferência. Ele não passa uma informa-
ção completa, mas o uso de determinada palavra ou 
expressão dá a ideia pretendida. Os pressupostos 
podem ser marcados por:
Verbos – os alunos deixaram o curso de língua 
inglesa, porque essa matéria não foi incluída no edi-
tal do concurso. 
• Com o emprego de DEIXARAM, o autor dá a 
entender que os alunos vinham cursando o 
Inglês, até a publicação do edital; não está 
escrito no texto que estavam cursando, 
mas, pressupõe-se por conta do verbo.
Advérbios – “João também não fez o que foi 
solicitado. ” 
• Com o emprego do advérbio TAMBÉM, o 
autor da frase afirma que além de João, 
outras pessoas não fizeram o solicitado.
Adjetivos – Os candidatos estudiosos têm 
grandes possibilidades de aprovação. 
• Com o emprego do adjetivo ESTUDIOSOS, 
o autor pretende dizer que há candidatos 
estudiosos e candidatos não estudiosos. 
E mais: que o candidato não estudioso 
tem menos possibilidades de aprovação.
Orações adjetivas – Os funcionários que fize-
ram greve foram demitidos. 
• Com a oração adjetiva QUE FIZERAM GRE-
VE com caráter restritivo, o autor leva o 
leitor a pressupor que aqueles que não fi-
zeram greve continuaram empregados.
Palavras denotativas – Mesmo João fez to-
dos os exercícios. 
23
Com o emprego da palavra denotativa de in-
clusão MESMO, pressupõe-se que todos fizeram os 
exercícios, inclusive João. Também se depreende 
que João era a pessoa com a menor expectativa de 
que fizesse os exercícios.
SUBENTENDIDOS: a partir de uma informa-
ção, pelo menos aparentemente independente – já 
que o autor não usa palavra ou expressão eviden-
ciando a intenção, o leitor realiza uma leitura das 
entrelinhas, de elementos que não estão expostos, 
explícitos, mas que são lógicos em relação ao con-
texto. Às vezes, para se observar o subentendido, 
é necessário conhecer o contexto (momento políti-
co, social e até mesmo pessoal do autor).
Vejamos nos exemplos6 abaixo como se dá o 
subentendido:
O adolescente é um bicho ético, que detesta 
a hipocrisia: está procurando, em cada experiência 
nova, um fundamento da arte de viver. Para isso, a 
verdade é essencial. Cada experiência é decisiva 
porque ele sabe que em cada escolha está se cons-
truindo como pessoa. Tudo tem que ser falado, dis-
secado em miúdos.
Coloquei uma carta
Numa velha garrafa
Mais uma carta
De solidão
Coloquei uma carta
Um pedido da alma
Salvem meu coração
LS JACK. Uma carta. In: ÁLBUM:V.I.B.E.[s.l.]
Subentendido 
– quando sai da 
adolescência pode 
se tornar hipócrita. 
Os adultos são mais 
hipócritas que os 
adolescentes.
Subentendido – na 
letra da canção o autor 
relata que colocou 
uma carta em uma 
garrafa e embora não 
esteja escrito neste 
trecho que a garrafa 
será jogada na água, 
nosso conhecimento 
de mundo, nossa 
interpretação do 
contexto nos leva a esta 
compreensão, a este 
subentendido.6 < http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/
materiais/0000014237.pdf>.
24
Inferência: 
dedução feita 
com base nas 
informações
Explícitos: 
interpretação do 
que foi realmente 
escrito no texto
Implícitos: 
enxergar nas 
entrelinhas do 
texto
Pressuposto: 
palavras do texto 
que remetem ao 
entendimento
Subentendido: 
não há palavras 
que remetam ao 
entendimento. 
Apenas o contexto.
Na Lanchonete, Zezinho pede uma média com 
leite e pão com manteiga. Depois de pagar, ele bebe 
o café, sente que não tem açúcar e pergunta:
Zezinho: Tem açúcar?
Garçonete: Tem sim.
Zezinho: Tenho que pagar de novo?
Garçonete: Não
Zezinho: Então me dá 2kg...
Esquematizando as informações destacadas 
acima a respeito da inferência, temos:
Leitura: perspectivas disciplinares. 
São Paulo: Ed. Ática, 2000. p. 18-29.
Diante das abordagens, já foi possível perceber 
que a leitura é fundamental para o desenvolvimento 
do ser humano.
Subentendido - 
a garçonete subentende 
que o açúcar era para 
adoçar o café e não um 
pacote. Não foi dito pelo 
Zezinho a quantidade de 
açúcar, mas no contexto 
da lanchonete, 
entende-se que é 
uma quantidade 
suficiente apenas para 
adoçar o café.
25
Anotações:
Neste sentido, na universidade, será impres-
cindível para dar conta das exigências, pois nenhu-
ma formação acadêmica se faz sem leitura e escrita. 
Observe no esquema abaixo os principais conceitos 
relacionados à leitura estudados.
1.5 TIPOS E TÉCNICAS DE LEITURA
Vamos agora estudar a respeito dos tipos de 
leituras que podemos fazer e das técnicas que po-
dem tornar as leituras mais eficazes. Não se trata 
de receita para ler melhor, mas de processos de es-
tudo bem definidos e detalhados que, se seguidos, 
podem proporcionar melhor desempenho na habili-
dade da leitura.
LEITURA
Mundo
Memória
Pressuposto
Subentendido
Interação
Inferência
26
Para Adler7 (1974), o processo de compreen-
der um livro pode ser assim dividido:
• Deve se aproximar dele, primeiro, consi-
derando-o um todo, com uma unidade e 
uma estrutura de partes; 
• e, segundo, considerando seus elemen-
tos, suas unidades de linguagem e pensa-
mento.
Para auxiliar neste 
campo, a obra “A Arte 
de Ler”, de Mortimer 
J. Adler (1974) será de 
grande subsídio. Assim 
como a obra de Molina, 
“Ler Para Aprender”.
7 ADLER, Mortimer J. A arte de ler: Como adquirir uma educação lib-
eral. Tradução de: Inês Fortes de Oliveira. Rio de Janeiro: AGIR ed-
itora, 1974. Copyright de ARTES GRÁFICAS INDÚSTRIAS REUNIDAS 
S. A. (AGIR).
27
Anotações:Significa que o livro ou texto trata de um as-
sunto em geral, o todo; mas esse todo é dividido em 
partes, capítulos e subtópicos. Além disso, deve-se 
considerar a linguagem do texto, a organização e o 
pensamento veiculado por ele. 
Na leitura que se faz, devem-se considerar 
estas questões:
Qual o todo deste texto – o assunto geral?
Como está dividido?
Como se organiza?A linguagem é simples ou precisa de mais atenção?
Qual o pensamento veiculado pelo autor?
Qual ideia realmente o autor quer passar?
Adler (1974) lista três leituras distintas para 
que se obtenha um bom resultado.
• A primeira leitura pode ser chamada es-
trutural ou analítica. O leitor procede do 
todo para as partes. 
• A segunda leitura pode ser chamada inter-
pretativa ou sintética. O leitor procede das 
partes para o todo. 
• A terceira leitura pode ser chamada crítica 
ou avaliadora. O leitor julga o autor e vê se 
concorda ou não com ele. 
Para realizar a primeira leitura, ESTRUTURAL 
OU ANALÍTICA, é preciso saber: 
1. que tipo de livro se lê, isto e, qual o assunto 
dele; 
2. o que o livro, como um todo, procura dizer; 
3. em quantas partes esse todo se divide e 
4. dos problemas principais, quais são os 
que o autor está procurando resolver. 
Para a segunda leitura, INTERPRETATIVA OU 
SINTÉTICA, os passos são:
28
Anotações: 1. descobrir e interpretar as palavras impor-
tantes do livro; 
2. fazer o mesmo para as sentenças impor-
tantes e 
3. para os parágrafos que exprimem argu-
mentos. 
4. saber quais de seus problemas o autor re-
solveu, e quais deixou sem solução. 
Quanto à leitura CRÍTICA OU AVALIADORA, vá-
rias observações podem ser feitas – quatro ao todo. 
Antes de criticar ou julgar um autor, 
tem-se sempre que compreendê-lo. 
Conheci muitos “leitores” que fazem, 
primeiro, a terceira leitura. Pior do 
que isso, nunca chegam a fazer as 
duas primeiras. Pegam o livro e logo 
começam a mostrar os defeitos dele. 
Estilo cheios de opiniões, e o livro é 
apenas um pretexto para exprimi-las. 
Não deviam ser chamados “leitores”. 
São como muitas pessoas que vocês 
conhecem, que acham que conversar é 
falar e, nunca, ouvir. Essas pessoas não 
merecem o esforço que se faz falando 
com elas, e, muitas vezes, nem mere-
cem ser ouvidas. (ADLER 1974, p. 106)
Esta leitura apresenta nível mais de comple-
xidade maior porque, como leitor, precisa-se ana-
lisar a obra lida e discutir o assunto a partir de ou-
tros conhecimentos já existentes, bem como fazer 
algumas críticas. A respeito do conceito de crítica, 
deve-se compreender numa visão mais ampla, pois 
muitos acreditam que criticar é falar mal, é discor-
dar, é procurar defeito. No campo da ciência, criti-
29
Anotações:car é estabelecer juízos a partir de outros conheci-
mentos. Pode-se questionar:
• A respeito deste assunto, em que o autor 
amplia a discussão?
• Quais elementos novos o autor estabelece 
para esta teoria, para este tema?
• Quais aspectos o autor não trata?
• Em que se parece com as ideias de outros 
autores?
• Em que difere de outros autores?
• Comparando com a realidade, como o se 
aproxima ou se distancia dela?
Há que se ter, pois, muito cuidado para não 
fazer críticas com base no senso comum, manifes-
tando meramente sua opinião, sem nenhuma base 
teórica. Não se emite opinião pura e simples quan-
do se trata de teoria, de conceito, de informação 
científica. Por isso, dizer que concorda ou discorda 
só porque “acha”, não é o suficiente para fazer uma 
crítica da leitura.
Para melhor compreensão do processo de lei-
tura estabelecido por Adler (1974, p. 209-210), far-
-se-á uma análise de texto como exemplo.
Vamos tomar como base uma notícia veicula-
da pela revista Isto É,8 que trata sobre o estudo de 
pessoas com necessidades especiais.
Cresce o número de estudantes com 
necessidades especiais
Nos últimos cinco anos, de 2014 a 2018, o 
número de matrículas de estudantes com neces-
sidades especiais cresceu 33,2% em todo o país, 
8 <https://istoe.com.br/>. em 31/01/19 - 11h02
30
Anotações: segundo dados do Censo Escolar divulgados hoje 
(31) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesqui-
sas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). No mesmo 
período, também aumentou de 87,1% para 92,1% o 
percentual daqueles que estão incluídos em clas-
ses comuns.
Em 2014, eram 886.815 os alunos com defi -
ciência, altas habilidades e transtornos globais do 
desenvolvimento matriculados nas escolas bra-
sileiras. Esse número tem aumentado ano a ano. 
Em 2018, chegou a cerca de 1,2 milhão. Entre 2017 
e 2018, houve aumento de aproximadamente 10,8% 
nas matrículas.
De acordo com dados do CEN-
SO, na rede pública está o maior ín-
dice dos estudantes em classes 
comuns. Nas escolas, 97,3% 
dos alunos com necessi-
dades educacionais es-
peciais estavam nessas 
classes em 2018. Na 
rede particular, o per-
centual foi 51,8%.
Por lei, pelo Plano 
Nacional de Educação (PNE), 
o Brasil deve incluir todos os es-
tudantes de 4 a 17 anos na escola. 
Os estudantes com necessidades 
especiais devem ser matriculados 
preferencialmente em classes co-
muns. Para isso, o Brasil deve garantir 
todo o sistema educacional inclusivo, 
salas de recursos multifuncionais, 
classes, escolas ou serviços especia-
lizados, públicos ou conveniados.
nas matrículas.
De acordo com dados do CEN-
SO, na rede pública está o maior ín-
dice dos estudantes em classes 
comuns. Nas escolas, 97,3% 
dos alunos com necessi-
dades educacionais es-
peciais estavam nessas 
Nacional de Educação (PNE), 
o Brasil deve incluir todos os es-
tudantes de 4 a 17 anos na escola. 
Os estudantes com necessidades 
especiais devem ser matriculados 
preferencialmente em classes co-
muns. Para isso, o Brasil deve garantir 
todo o sistema educacional inclusivo, 
salas de recursos multifuncionais, 
classes, escolas ou serviços especia-
lizados, públicos ou conveniados.
31
Anotações:Segundo os dados do Censo, 38,6% das es-
colas públicas de ensino fundamental e 55,6% 
das privadas têm banheiros para pessoas com 
necessidades especiais. Além disso, também no 
ensino fundamental, 28% das escolas públicas 
e 44,7% das particulares têm dependências 
adequadas para pessoas com necessidades 
especiais.
No ensino médio, 60% das escolas públicas e 
68,7% das escolas particulares dispõem de banhei-
ro especial e 44,3% das públicas e 52,7% das priva-
das têm dependências adequadas.
1.6 ANÁLISE E ESTRUTURA 
DE UM LIVRO/TEXTO
 
Veja abaixo um exemplo de análise da estrutura:
Tipo e assunto: o texto é uma notícia de jor-
nal. Seu assunto é a inclusão de pessoas com ne-
cessidades especiais na escola.
Constituição: dividido em 6 parágrafos com 
informações e muitos dados estatísticos.
Enumeração das partes: 
• Apresenta o aumento de pessoas com ne-
cessidades nas escolas;
• Retrospectiva – de 2014 a 2018;
Classificá-lo de acordo com seu tipo e seu assunto.
Expor, com a máxima brevidade, sua constituição.
Enumerar as partes principais em sua ordem e 
relação, e analisá-las como se analisou o todo.
Definir o problema ou problema; que o autor está 
procurando resolver.
32
• Censo;
• Lei - Plano Nacional de Educação (PNE);
• Censo;
• Diferença escola pública e escola particu-
lar.
Problema: a inserção de pessoas com ne-
cessidades especiais nas escolas brasileiras.
1.7 INTERPRETAÇÃO DO CONTEÚDO 
DE UM LIVRO
Proposições principais: 
• De 2014 a 2018, o número de matrículas de 
estudantes com necessidades especiais 
cresceu 33,2% em todo o país.
• Entre 2017 e 2018, houve aumento de apro-
ximadamente 10,8% nas matrículas.
• Plano Nacional de Educação (PNE): o Bra-
sil deve incluir todos os estudantes de 4 a 
17 anos na escola, preferencialmente em 
classes comuns. 
• Todo o sistema educacional inclusivo: sa-
las de recursos multifuncionais, classes, 
Vejamos agora como 
proceder para fazer 
a interpretação do 
conteúdo do livro ou 
do texto estudado:
Compreender as proposições principais do autor, 
estudando suas sentenças mais importantes. 
Conhecer os argumentos do autor, descobrindo-
-os na série de sentenças ou construindo-os fora 
delas.
Indicar quais problemas o autor resolveu e que 
problemas não resolveu; e, quanto aos últimos, 
ver se o autor reconheceu seu fracasso.
33
Anotações:escolas ou serviços especializados, públi-
cos ou conveniados.
• Segundo os dados do Censo, metade das 
escolas públicas e particulares têm estru-tura para receber alunos com necessida-
des especiais.
Argumentos do autor:
• O argumento principal do autor está nos 
dados estatísticos do Censo e de outras 
pesquisas.
Problemas que o autor resolveu e não resolveu
• O autor claramente aponta o crescimento 
das matrículas dos alunos com necessida-
des especiais. Destaca de forma satisfa-
tória o crescente número de alunos nesta 
condição nas escolas brasileiras. De forma 
superficial trata a respeito das condições 
das escolas para receber estes alunos, 
mas não enfatiza o descaso com muitos 
prédios escolares que sequer têm rampa 
para cadeirantes. Além disso, o autor não 
trata da formação dos professores para 
atender à necessidade deste público.
1.8 CRÍTICA DE UM LIVRO COMO 
TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTOS
Antes de iniciar esta etapa de leitura, atente 
para as Máximas Gerais propostas pelo autor: 
1. Não começar a crítica antes de completar 
a análise e a interpretação. (Não digam 
que concordam, discordam ou deixam 
34
Anotações: de julgar, antes de poderem dizer “Com-
preendo”.) 
2. Não discordar, como se se estivesse bri-
gando ou disputando. 
3. Respeitar a diferença entre o conhecimen-
to e a opinião, apresentando os motivos de 
qualquer julgamento crítico que se fizer.
Critérios Específicos de Observação 
Crítica
Autor não está informado:
• Qual a estrutura necessária para receber 
alunos com necessidades especiais;
• Formação adequada de professores para 
esta necessidade dos alunos;
• Recursos pedagógicos.
Autor mal-informado:
• Acredita que apenas banheiros adequa-
dos é o suficiente para inserir um aluno 
com necessidade especial na escola.
Autor ilógico:
• Nos dados estatísticos percebe que ape-
nas metade das escolas atendem às ne-
cessidades dos alunos com necessidades 
especiais em relação ao banheiro, mas 
Mostrar em que o autor não está informado.
Mostrar em que o autor está mal informado.
Mostrar em que o autor é ilógico.
Mostrar em que a análise ou concepção do autor 
é incompleta.
35
não faz nenhuma referência para mostrar 
a ineficiência das escolas neste campo.
Análise incompleta:
• Não demonstra a realidade das esco-
las brasileiras, pois em grande parte não 
têm condições estruturais para receber 
surdos, cegos, autistas e demais neces-
sidades especiais. Mostrando apenas os 
dados de matrícula aparenta dizer que es-
tas crianças estão verdadeiramente tendo 
acesso à educação, mas resta saber se 
completam o ano escolar e o que apren-
dem durante o ano.
FAULSTICH9 (2002) também estabelece tipos 
de leitura pra os textos técnicos. Ele divide em 2 ti-
pos de leitura, a INFORMATIVA e a INTERPRETATI-
VA, como demonstrado:
9 FAULSTICH, Enilde L. de J. Como ler, entender e redigir um texto. 
Petrópolis: Editora Vozes, 2002.
LEITURA 
TÉCNICA
LEITURA 
INFORMATIVA
LEITURA SELETIVA
Identificar em cada parágrafo a palavra-chave 
da ideia central e as palavras-chave das ideias 
secundárias.
Selecionar na sequência esse conjunto de 
palavras que formará o resumo do texto. 
LEITURA CRÍTICA
Leitura abrangente do assunto. 
Reconhecer a hierarquia das ideias.
Verificar como o texto está organizado, 
dividido.
36
É importante destacar que Faulstich (2002) 
segue as capacidades cognitivas estabelecidas por 
Benjamin Bloom10 et, al adaptadas para o processo 
de leitura interpretativa. Como pode ser observa-
do, a leitura não é uma tarefa simples como muitos 
acreditam ser. Ela requer tempo e cuidado para que 
não seja superficial e sem significado.
Compreender a leitura como um processo, 
contribui para a aquisição da habilidade na interpre-
tação. Se se pensar em leitura como pegar o texto, 
10 BLOOM. S. B. et. alii. Taxionomia dos objetos educacionais. 
Porto Alegre, Globo, 1973.
LEITURA 
TÉCNICA
LEITURA 
INTERPRETATIVA
COMPREENSÃO
Entender a mensagem literal defendida pelo 
autor, entender o ponto de vista, a tese.
ANÁLISE
Desdobrar o texto em partes percebendo a 
relação das partes com o todo.
SÍNTESE
Retirar de cada parágrafo as ideias centrais e 
ordenar as ideias principais.
APLICAÇÃO
Associar assuntos paralelos. Utilizar o assunto 
aprendido no texto em outros textos. projeção 
de novas ideias a partir do conhecimento 
adquirido.
37
Anotações:ler de qualquer jeito e finalizar, possivelmente se-
rão perdidas muitas informações. Por isso, tem-se 
a ideia de processo: primeira leitura para conhecer 
o texto e fazer um rápido mapeamento; segunda 
leitura para apreender a essência do texto, a ideia 
defendida pelo autor e, só então, poder fazer críti-
cas ao texto e relacionar o texto com outros textos.
Destaca-se que um livro, um texto e um artigo 
podem ser relacionados a outros tipos de informa-
ção como documentários, filmes, séries, novelas, 
desenhos animados, músicas e quadros. Lembre-
-se de que todo o conhecimento de mundo deve 
ser acionado quando se faz uma leitura porque, só 
assim, é possível estabelecer relações, comparar e 
criticar.
Neste capítulo, foram apresentados dois 
modelos de técnicas e de processo de leitura: a 
primeira, de Mortimer (1974), com 3 etapas bem 
detalhadas e que podem servir para leituras mais 
exigentes; a segunda, de Faulstich (2002) apresen-
ta 2 etapas que servirão para leituras mais rápidas. 
Ao final desta unidade, o que se deve ter com-
preendido é que a leitura é parte do processo de 
formação universitária. Não há formação, tampou-
co, conhecimento sem leitura, por isso, quando se 
investe em uma formação acadêmica séria, consis-
tente, para ter sucesso, deve-se ler todos os textos, 
todos os livros indicados e solicitados pelo profes-
sor. Há que se ler com cuidado, com calma e paciên-
cia. Mesmo que no começo pareça uma tarefa chata 
e enfadonha, não é bom desistir. Cada vez que se lê 
um texto completo, mais fácil fica a leitura do próxi-
mo e, assim, constrói-se o gosto pela leitura.
38
Anotações: Formação + Leitura = Excelência
 Apesar de ser um assunto tratado pela dis-
ciplina de Metodologia do Estudo, tratar-se-ão de 
algumas técnicas utilizadas na universidade duran-
te o processo de leitura ou mesmo após a leitura. 
As informações são de Medeiros (2011) e são úteis 
para cumprir as principais atividades de leitura na 
universidade. Durante o estudo, em especial, um 
estudo independente em que está apenas o leitor e 
o texto, precisa: 
a) Anotar;
b) Esquematizar o texto;
c) Transformar o texto em roteiro;
d) Realizar resumos.
1.9 ANOTAÇÃO
Este é um ponto de partida para qualquer es-
tudante, seja diante de uma aula expositiva, uma 
palestra ou um livro. Realizar anotações ajuda a 
compreender melhor o que está sendo lido e de-
pois serve como ponto de partida para outras ati-
vidades. Medeiros, (2011, p. 8) considera a anotação 
como “[...] processo de seleção de informações 
para posterior aproveitamento.”
Antes de iniciar as anotações é preciso defi-
nir onde elas serão feitas e isso depende do leitor e 
do propósito da leitura. Pode-se anotar no próprio 
livro/texto, em um caderno, em um bloco de ano-
tações ou mesmo no computador ou tablet. Caso 
esteja lendo vários livros, é bom registrar a fonte de 
onde as anotações foram extraídas.
39
Anotações:Ex.: MEDEIROS, João Bosco. Como tornar 
o estudo e a aprendizagem mais eficazes. In: ___. 
Redação científica: a prática de fichamentos, resu-
mos, resenhas. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2011. cap. 1, 
p. 5-18.
Medeiros, 2011 classifica as anotações em:
a) Anotações corridas:
• Realizar a leitura total do texto, sem inter-
rupção;
• Reler o texto, levando em consideração as 
palavras desconhecidas; localizando-as 
no dicionário – anotar o mais próximo pos-
sível;
• Buscar em enciclopédias e almanaques, 
informações relevantes para a compreen-
são do texto, sejam elas: históricas, geo-
gráficas entre outras;
• Só destacar os trechos e as palavras-cha-
ve após ter compreendido o texto;
• Realizar a redação da anotação corrida e 
submetê-la a uma avaliação própria; ha-
vendo a necessidade de correções, refa-
zer a redação.
b) Anotações esquemáticas: “ordenamhierarqui-
camente as partes principais do conteúdo de uma 
comunicação” (MEDEIROS, 2011, p. 8).
• Deve ser realizada após o estudo do texto 
e as anotações corridas.
• Pode ser apresentado como: 1) esquema 
vertical das ideias do autor; ou 2) por cha-
ves ou diagramas.
• Há diversos tipos de esquemas, dentre 
eles o mapa-conceitual, os organogramas;
40
Anotações: c) Anotações resumidas: “[...] proporciona melho-
res resultados para a leitura, bem como para a pró-
pria redação. [...] só consegue fazer um bom resu-
mo quem realmente assimilou as ideias principais 
do texto” (MEDEIROS, 2011, p. 13).
• Apresenta a síntese de informações extraí-
das de livros, artigos e exposições orais.
• O resumo consiste na condensação de um 
texto, apresentando as ideias principais, 
respeitando a estrutura e a inter-relação 
das ideias.
• Deve ser feito em parágrafos mantendo as 
ideias do texto, mas com a escrita do alu-
no; resumo não é cópia de partes do texto, 
é uma síntese das principais ideias, rees-
crita pelo aluno.
MEDEIROS (2011) chama atenção para dois fa-
tores importantes:
A técnica de SUBLINHAR, tão comum no ato 
de ler, porém mal utilizada pelos alunos, pois ten-
dem a sublinhar indistintamente, sem considerar o 
que de fato importa. O autor indica que não deve ser 
feito na primeira leitura e deve-se sublinhar apenas 
as ideias principais, as palavras-chave.
Também solicita atenção especial para o VO-
CABULÁRIO, pois “[...] quem pouco lê tem vocabu-
lário reduzido” (MEDEIROS, 2011, p. 16). A leitura se 
torna incompreensível, portanto, ineficaz, se não 
há domínio do vocabulário. Recomenda-se buscar 
no dicionário toda palavra desconhecida que apa-
rece no texto ou tentar descobrir o sentido da pala-
vra no contexto.
41
42
U
ni
da
de
 2
Videoaula 1
Videoaula 2
45
INTERPRETAÇÃO: 
DA PALAVRA À 
COMUNICAÇÃO
Parece simples afirmar 
que a interpretação de um tex-
to está diretamente ligada às 
palavras do texto e só elas são 
importantes. Já vimos na uni-
dade que trata da leitura a sua 
ampla concepção, envolvendo o 
conhecimento de mundo. Todo 
o aprendizado sobre a leitura é 
importante para esta etapa em 
que trataremos da interpreta-
ção textual. É preciso ter em 
mente que interpretar um texto 
não é um processo complexo, 
mas envolve diversos campos 
do conhecimento, como o sen-
46
tido das palavras, gênero e processo de comunica-
ção. Primeiramente, vamos tratar do sentido que as 
palavras apresentam no texto, pois assim teremos 
condição de focar nossa atenção e direcionar a in-
terpretação do texto para o sentido que as palavras 
ganham no texto.
No que se refere a palavra, há dois sentidos, 
a denotação e a conotação. Estes mecanismos 
devem servir para que o leitor atente melhor para 
o que foi escrito/dito e, assim, interpretar mais fa-
cilmente o que foi comunicado. O sentido do texto 
nem sempre está no sentido real da palavra, ou seja, 
no sentido literal, por isso, o produto do texto vela 
significados para desvelá-los (...). Para que o leitor 
entenda os textos, é preciso perceber a relação en-
tre o que se diz e o que se quer dizer (PLATÃO E FIO-
RIN11 , 2006, p. 328). Dependendo do contexto em 
que as palavras estão inseridas, seu sentido pode 
ser alterado e ter significado fora do usual. Por isso, 
é importante conhecer os dois sentidos. Vejamos:
Ex: Eu acredito em anjo, por isso peço prote-
ção a eles.
Neste exemplo, a palavra anjo significa: no 
cristianismo, no judaísmo e no islamismo, ser pu-
ramente espiritual, servidor de Deus e mensageiro 
entre Ele e os homens. Podemos observar que o 
sentido desta palavra é o usual, o literal, logo, po-
demos afirmar que ela está no sentido denotativo.
11 SAVIOLI, F. Platão & FIORIN, J. Luiz. Lições de texto: leitura 
e redação. São Paulo: Ática, 2006, p. 328.
SENTIDO DENOTATIVO
É o literal, comum; 
aquele que exprime a 
significação usual da 
palavra.
47
Se utilizarmos anjo em outro contexto.
Ex: Aquele menino sempre foi um anjo.
Vamos observar que o sentido da palavra é fi-
gurativo, é uma forma de dizer que o menino é bom, 
não está empregada de modo literal. 
De modo sintético, podemos dizer que:
Vamos compreender o conceito aplicado a al-
guns exemplos:
Exemplo 1
É preciso ter cuidado com as palavras. Elas 
são verdadeiras armas. Algumas vezes mortais. 
Certas pessoas têm o dom de dizer as mais afiadas, 
que entram feito uma flecha envenenada. Porém, 
em muitos casos, o atingido é aquele que usou a 
arma, ou seja, o falador. Esse, por exemplo, pode 
SENTIDO CONOTATIVO
Figurado: depende 
de um contexto 
particular.
PALAVRA DENOTAÇÃO
CONOTAÇÃO SENTIDO 
REAL
SENTIDO 
FIGURADO
48
Anotações: sofrer horríveis arrependimentos por ter dito o que 
não deveria ter dito. Mas como não dizer aquilo 
que pensamos? Há maneiras de dizer sem dizer, e 
de dizer, desdizendo. (Ana Miranda. O oráculo in-
sondável. In: Correio Braziliense, Caderno C, p. 10, 
2/4/2006 (com adaptações).
Veja a relação feita pela autora do texto. Ela 
associa a palavra “palavra” a “armas”, afiadas, fle-
cha. Temos aqui o sentido conotativo, pois as pa-
lavras não são armas de verdade, a autora está uti-
lizando o sentido figurado. Neste caso, o trabalho 
do leitor, para interpretar o texto, é maior, pois ele 
precisa compreender o sentido que palavras que-
rem dar ao texto. No caso do texto em questão, 
quando afirma que as palavras são armas, ela quer 
dizer que podem machucar, ofender, causar danos; 
quando se refere a flechas, quer enfatizar o quan-
to uma palavra pode adentrar a mente e ficar por 
muito tempo. Portanto, a associação de palavras a 
armas simboliza o perigo. Como afirma Affonso Ro-
mano De Sant’anna:
Há vários modos de matar um homem:
com o tiro, a fome, a espada
ou com a palavra - envenenada. 
Não é preciso força.
Basta que a boca solte
a frase engatilhada
e o outro morre - na sintaxe da emboscada.
Diariamente utilizamos expressões que são 
conotativas e precisam ser traduzidas para obter-
mos o sentido que verdadeiramente querem dar. 
Em outros casos, as palavras estão no seu sentido 
literal:
49
Anotações:A menina passou o dia de cara amarrada.
A sacola foi amarrada para maior segurança.
O temporal varreu as ruas assustadoramente.
A vizinha varreu a rua.
Ele ficou no fundo do poço por causa das drogas.
O homem desceu até o fundo do poço para colocar 
o equipamento.
Observe algumas expressões idiomáticas co-
notativas que utilizamos no dia a dia:
Olha o passarinho!
Na metade do século 19, os fotógrafos tinham 
de permanecer parados por até 15 minutos, a fim 
de que sua imagem fosse impressa dentro da má-
quina. Fazer as crianças ficarem imóveis por tanto 
tempo era um verdadeiro desafio. Por isso, gaiolas 
com pássaros ficavam penduradas atrás dos fotó-
grafos, o que chamava a atenção dos pequenos. As-
sim, a expressão “Olha o passarinho” ficou conheci-
da como a frase dita pelo fotógrafo na hora da pose 
para a foto.
Motorista barbeiro
Antigamente, os barbeiros eram conhecidos 
não apenas por realizar o corte de cabelo e barba, 
mas também por desempenhar tarefas como: ex-
tração de dentes, remoção de calos e unhas, entre 
outros. Geralmente, os serviços extras deixavam 
consequências desagradáveis aos clientes. No sé-
culo 15, o termo “barbeiro” era atribuído a atividades 
mal executadas. Com o tempo, passou a ser rela-
cionado aos motoristas. Daí a expressão “motorista 
barbeiro”, ou seja, mau motorista.
50
Anotações: Bafo de onça
A onça é um animal carnívoro que se lambuza 
bastante na hora de comer a caça. Por esta razão, 
fede muito e sua presença é detectada a distância, 
na mata. Assim, pessoas que possuem o hálito fé-
tido passaram a ser chamadas de “bafo de onça”. A 
expressão também faz referência ao hálito de quem 
está (ou esteve) alcoolizado.
Santinha do pau oco
Expressão que se refere à pessoa que se faz 
de boazinha, mas não é. Nos séculos 18 e 19, os 
contrabandistas de ouro em pó, moedas e pedras 
preciosas utilizavam estátuas de santos ocas por 
dentro.O santo era “recheado” com preciosidades 
roubadas e enviado para Portugal.
Disponível em: http://www.soportugues.com.br/
secoes/proverbios/index.php. 
Outro aspecto fundamental na interpretação 
do texto é saber como a comunicação/oral ou es-
crita está sendo produzida, qual é o centro dela. 
Para isso, precisamos estudar o processo da comu-
nicação, como afinal acontece esse processo tão 
comum entre os seres humanos? A teoria da comu-
nicação será estudada a partir da perspectiva do 
estudioso desta questão Roman Jakobson12 (2007). 
Ele estabeleceu alguns elementos importantes 
quando acontece ou para que aconteça a comuni-
cação. Nas palavras do autor:
12 JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. Tradução 
de Izidoro Blikstein e José Paulo Paes. São Paulo: Editora 
Cultrix, 2007.
51
Anotações:Analisemos os fatores fundamentais 
da comunicação linguística: qualquer 
ato de fala envolve uma mensagem e 
quatro elementos que lhe são conexos: 
o emissor, o receptor, o tema (topic) da 
mensagem e o código utilizado. A re-
lação entre esses quatro elementos é 
variável (JAKOBSON, 2007, p. 19).
Esses elementos podem aparecer sozinhos ou 
em conjunto em um texto e constituem uma hierar-
quia entre elas, por isso, é importante saber qual é 
o verdadeiro eixo da comunicação, a função primá-
ria, as funções secundárias e a intenção do escritor, 
para qual elemento, a comunicação, volta-se.
Amemos! 
Quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
(Álvares de Azevedo)
Na poesia de Álvares de Azevedo temos a 1ª 
pessoa e a 2ª pessoa, mas o predomínio é da 1ª pes-
soa, pois é o EU que direciona o texto, é, portanto 
predominantemente emotivo, embora tenha trecho 
conativo. Importante também destacar que “o pro-
blema essencial para a análise do discurso é o do 
código comum ao emissor e ao receptor e subja-
cente à troca de mensagens” (JAKOBSON, 2007, p. 
21). Como será visto posteriormente, o código ver-
bal é a língua portuguesa e deve ser comum tanto 
para o emissor quanto para o receptor, sem isso, 
não há comunicação entre ambos. Para esta teoria, 
Jakobson (2007, p. 122) definiu que:
52
O REMETENTE envia uma MENSAGEM 
ao DESTINATÁRIO. Para ser eficaz, a 
mensagem requer um CONTEXTO a 
que se refere (Ou “referente”, em outra 
nomenclatura, algo ambíguo), apreen-
sível pelo destinatário, e que seja ver-
bal ou suscetível de verbalização; um 
CÓDIGO total ou parcialmente comum 
ao remetente e ao destinatário (ou, 
em outras palavras, ao codificador e 
ao decodificador da mensagem); e, 
finalmente, um CONTACTO, um canal 
físico e uma conexão psicológica en-
tre o remetente e o destinatário, que 
os capacite a ambos a entrarem e per-
manecerem em comunicação. 
Todos estes fatores da comunicação verbal 
foram esquematizados pelo autor como: 
 
CONTEXTO
REMETENTE MENSAGEM DESTINATÁRIO
-------------------------------------------------------
CONTACTO - CANAL
CÓDIGO
53
Vamos analisar melhor cada um destes ele-
mentos propostos por Jakobson (2007):
Vejamos como esse processo de comunicação 
se dá, analisando algumas situações concretas:
Situação de escrita:
Quando escrevemos, temos a intenção que al-
guém leia o conteúdo e o entenda. Quem escreve é 
o emissor. Quem lê é o receptor. O meio, o veículo 
nos quais vamos fixar as palavras, podem ser papel, 
computador, celular, muro, camisa, entre outros. 
EL
EM
EN
TO
S 
DA
 C
OM
U
N
IC
AÇ
ÃO
REMETENTE: 
também considerado EMISSOR – o que manda, envia, fala, escreve 
uma mensagem. Está centrada no EU – primeira pessoa singular;
DESTINATÁRIO: 
também denominado RECEPTOR – o que recebe a mensagem. Está 
centrado no TU/VOCÊ – 2ª. Pessoa;
CONTEXTO: 
também conhecido como REFERENTE - é a informação, o conteúdo, 
o assunto a ser tratado;
CÓDIGO: 
símbolo utilizado para a realização da comunicação. Se for verbal é a 
língua falada; se for não verbal é o gesto, o som, as cores etc.;
CONTACTO: 
também denominado de CANAL – é o veículo/meio por onde passa ou 
se fixa o código;
MENSAGEM: 
significado da comunicação, entendimento.
54
Anotações: Estes são chamados de canal. O assunto, os fatos, 
o raciocínio que o emissor expõe são denominados 
referentes ou contextos. A língua que o emissor uti-
liza é o código. E o entendimento é a mensagem.
Jornal da TV:
 O apresentador do jornal é o emissor. Quem 
assiste ao jornal é o receptor. Imagine que a notícia 
seja um campeonato de futebol. Este é referente ou 
contexto, ou seja, é o assunto do qual se trata. Sua 
voz e todos os aparatos tecnológicos da TV são o 
canal, são o veículo por onde passa a comunicação. 
Ele usa principalmente a língua portuguesa, que é 
o código. A compreensão do tema é a mensagem.
Um telefonema:
Quem liga é o emissor, quem atende é o re-
ceptor. O assunto tratado é o referente ou contexto. 
A voz e o telefone são os veículos por onde o código 
passa, é o canal. A língua portuguesa é o código. O 
entendimento do assunto é a mensagem.
Uma mensagem no muro:
Fonte: tumblr.com
55
Anotações:Quem escreveu a mensagem no muro é o 
emissor, todos os que lerem a informação, serão 
receptores. O assunto tratado é o referente ou con-
texto. O canal, ou seja, o veículo onde está fixado 
o código é o muro. A língua portuguesa escrita é o 
código. O entendimento é a mensagem.
Uma camisa:
Fonte: <https:usesambarelove.com.br>.
Quem vai usar a camisa será o emissor, todos 
os que lerem a informação, serão receptores. O as-
sunto tratado é o referente ou contexto. O canal, ou 
seja, o veículo onde está fixado o código é a camisa. 
A língua portuguesa escrita é o código. O entendi-
mento é a mensagem.
Assim, para que a comunicação possa acon-
tecer de forma satisfatória, todos estes elementos 
devem ser considerados, sob pena de termos um 
ruído na comunicação:
56
Após compreender este assunto, vamos am-
pliar nosso estudo para as funções da linguagem, 
tema que está diretamente ligado aos elementos 
da comunicação já estudados. É importante tê-los 
compreendido para entender com facilidade o que 
será estudado agora. Cada função da linguagem 
está relacionada a um elemento de comunicação. 
Assim, cada um dos fatores determina uma diferen-
te função da linguagem. Estes elementos, dificil-
mente, são encontrados isolados nos textos, visto 
que podem ser interdependentes ou complemen-
tam informações. 
Se a informação se volta para o emissor – 
FUNÇÃO EMOTIVA.
Se a informação se volta para o receptor – 
FUNÇÃO CONATIVA.
Se a informação se volta para o canal – 
FUNÇÃO FÁTICA.
Se a informação se volta para o código – 
FUNÇÃO METALINGUÍSTICA.
Se a informação se volta para o contexto – 
FUNÇÃO REFERENCIAL.
Se a informação se volta para a mensagem – 
FUNÇÃO POÉTICA.
Jakobson (2007, p. 123-126) determina 
as funções como forma de compreender em 
que elemento da comunicação a informação 
está centrada, tendo em vista que se o objetivo 
da comunicação for o emissor, o centro da 
comunicação é ele, ou seja, o assunto a ser 
tratado é o próprio emissor. Se sabemos desta 
informação, certamente teremos mais facilidade 
para compreender o texto em questão.
Ruído: é tudo o 
que dificulta a 
comunicação, interfere 
a transmissão e 
perturba a recepção 
ou compreensão da 
mensagem; tudo 
o que possibilita a 
perda de informação 
durante o transporte 
da mensagem entre o 
emissor e o receptor. 
57
Detalhando cada uma delas, temos:
• Função EMOTIVA ou “expressiva”, centra-
da no REMETENTE/EMISSOR, “visa a uma 
expressão direta da atitude de quem fala 
em relação àquilo de que está falando. 
Tende a suscitar a impressão de uma cer-
ta emoção, verdadeira ou simulada”. Nesta 
função, o tema é tratado em 1ª pessoa do 
singular, são as opiniões, os sentimentos 
do emissor.
Vejamos o exemplo:
• Função CONATIVA, centrada no receptor. 
Esta função age diretamente sobre o 
receptor de modo a fazer com que ele 
execute a solicitação, a ordem,o pedido do 
emissor. São comunicações que partem 
do emissor com a intenção de que sejam 
executadas pelo receptor. É a função feita 
em 2ª pessoa – TU/VOCÊ; é a função do 
verbo no imperativo, os verbos de ordem; 
também pode ser feita em forma de pedido 
ou solicitação.
A PRIMEIRA NOITE DE LIBERDADE
Cristovão Tezza
Fui levado pela velha até o sótão; o excesso 
de gentileza era a evidência de que me enganavam. 
Docilmente me deixei levar; mãos nas minhas cos-
tas, ela me conduzia balbuciando consolos. Não ou-
sei fazer perguntas. De qualquer modo, me respon-
deriam com mentiras.
Obs: só poderá ser 
função emotiva se a 
comunicação for feita 
em 1ª pessoa. Caso 
contrário, será outra 
função.
Observe no exemplo 
que o texto está em 
1ª pessoa singular, 
sabemos disso 
pelos pronomes e 
pelos verbos, como 
destacados. O objetivo 
desta comunicação 
é tratar do sujeito 
que fala, que escreve 
para contar sobre si 
mesmo. Temos aqui a 
comunicação centrada 
no emissor.
58
Ex: 
Use camisinha! (ordem)
Beba Coca-Cola! (ordem)
Diga não às drogas! (ordem)
Se dirigir, não beba! (ordem)
“Se você procura o melhor imóvel, vá logo ao 
endereço certo” (uso da 2ª. Pessoa você) (Folha de 
São Paulo)
Por favor, dê-me o caderno de anotações! 
(pedido) 
• Função FÁTICA, vão aparecer em mensa-
gens que servem basicamente para pro-
longar ou interromper a comunicação, 
para verificar se o canal funciona (“Alô, 
está me ouvindo?”), para atrair a atenção 
do interlocutor ou confirmar sua atenção 
continuada (pois, é; huhum; é...; então; 
isso, isso...; hummm).
• Função METALINGUÍSTICA, voltada para 
o código. No caso, se a linguagem for ver-
bal, o código dos brasileiros é a língua por-
tuguesa. Assim, toda comunicação feita 
para tratar do código está na função me-
talinguística. Dizemos que seria o código 
– língua portuguesa que tem como assun-
to o próprio código – a língua portuguesa. 
Ex: o dicionário usa a língua verbal escrita 
– língua portuguesa para tratar do signifi-
cado das palavras da língua portuguesa. 
Observe que temos um material em língua 
portuguesa que trata da língua portugue-
sa, é, portanto, função metalinguística.
Obs: diz-se que 
a função fática 
não favorece uma 
comunicação. Seu 
objetivo maior é manter 
uma conversa ou 
checar se o canal está 
funcionando e pode ser 
utilizado, é o caso do 
alô, para checar se o 
telefone – canal desta 
comunicação – está 
funcionando; caso 
também de quando 
checamos aparelhagem 
de som: “alô, som, 
testando, 1,2,3”.
Obs: deverá vir em 2ª 
pessoa, mesmo que 
oculta ou com verbos 
no imperativo.
59
Em que língua está escrita? Ou qual a forma de 
composição?
Qual o assunto?
Se a resposta para as duas for: “a língua portu-
guesa, teremos função metalinguística.
Vamos a alguns exemplos:
a) A gramática é metalinguística 
Em qual língua está escrita? Língua portuguesa.
Qual o assunto? Normas e regras da Língua 
portuguesa.
Temos então, o código para tratar do código.
B) Um manual de redação 
Qual a forma de composição? Redação.
Qual o assunto? Normas e regras da produção 
de redação.
Temos então, o código para tratar do código, 
ou seja, temos um material escrito em língua por-
tuguesa, utilizando redação para tratar do assunto 
redação.
Uma poesia cujo assunto é a poesia:
Qual a forma de composição? Poesia.
Qual o assunto? Poesia.
Temos então, o código para tratar do código, 
ou seja, a poesia foi feita para tratar dela mesma. 
E se o assunto da poesia fosse o amor, ainda 
seria metalinguística?
Não, porque o código não estaria tratando 
dele mesmo, estaria tratando de outro assunto. 
Observe: 
“Gastei uma hora pensando no verso
Que a pena não quer escrever
(...) mas a poesia deste momento
Obs: uma forma de 
reconhecer a função 
metalinguística é fazer 
duas perguntas: 
60
Anotações: Inunda minha vida inteira”
(Carlos Drummond de Andrade)
Temos função poética por conta da estrutura 
em verso, mas se perguntarmos, qual a forma de 
composição? A resposta é: em verso; qual o as-
sunto? A escrita de um verso. Temos função meta-
linguística porque o código se volta para o código. 
Também podemos afi rmar que há função emotiva 
no 1º e 4º versos por conta da 1ª pessoa do singular – 
eu. Importante destacar que também temos função 
metalinguística na linguagem não verbal ou mista, 
como podemos observar abaixo:
Neste caso, a palavra jornalismo carrega os 
símbolos do jornalismo. Utilizou-se a palavra para 
representar os elementos relacionados à palavra. 
Podemos dizer que o código (palavra) está sendo 
61
utilizado para tratar do próprio código (elementos 
da profi ssão).
• Função REFERENCIAL, está centrada na 
informação, o fato, o assunto. O objetivo 
desta função é tratar especifi camente 
do assunto sem interferência do emissor 
e sem apelo ao receptor. Há uma preten-
sa busca pela imparcialidade. É feita em 
3ª pessoa singular/plural ou mesmo na 1ª 
pessoa do plural. Esta é a função dos tex-
tos acadêmicos, de toda comunicação 
científi ca.
Quando os favores acabam, 
começa a ingratidão
Por Delmo Menezes - 
5 de agosto de 2016
Ingratidão é uma 
forma de fraqueza. 
“A ingratidão é o mais 
horrendo de todos os pe-
cados”, já dizia Alexandre Her-
culano. Ser ingrato tem a ver com 
o ser humanista, porque o humanista 
atribui suas vitórias a ele mesmo, e não 
a um ser supremo. Johann Goethe diz: 
“Jamais conheci homem de valor que 
fosse ingrato”.
O ingrato não reconhece que sem 
ajuda, não chegaria a lugar nenhum. Es-
quece com muita facilidade as coisas 
boas que lhe fi zeram. Vive no “seu mun-
do”, busca apenas os seus próprios inte-
Quando os favores acabam, 
começa a ingratidão
forma de fraqueza. 
“A ingratidão é o mais 
horrendo de todos os pe-
cados”, já dizia Alexandre Her-
culano. Ser ingrato tem a ver com 
o ser humanista, porque o humanista 
atribui suas vitórias a ele mesmo, e não 
a um ser supremo. Johann Goethe diz: 
“Jamais conheci homem de valor que 
fosse ingrato”.
O ingrato não reconhece que sem 
ajuda, não chegaria a lugar nenhum. Es-
quece com muita facilidade as coisas 
boas que lhe fi zeram. Vive no “seu mun-
do”, busca apenas os seus próprios inte-
Obs: atente para não 
confundir, a função 
emotiva está ligada à 1ª 
pessoa do singular. A 
função referencial aceita 
a 1ª. pessoa do plural. 
Quando a comunicação é 
feita com vistas a tratar 
do assunto, sem utilizar 
a 1ª pessoa singular 
ou a 2ª pessoa. Assim, 
se o tema é “trabalho 
infantil”, deve-se tratar 
especifi camente do 
assunto sem dar opinião 
pessoalizada – eu acho, 
eu penso, eu acredito 
ou fazer apelo ao 
receptor – você deve 
ter cuidado. O exemplo 
abaixo demonstra como 
o assunto é tratado de 
modo isento de opinião 
e apelos.
62
resses. É um tipo de pessoa que se torna cega para 
o amor (e doação) de quem está ao lado. O pior erro 
de um ingrato, é afastar as pessoas que mais se im-
portam com ele. As pessoas esquecem que um dia 
podem precisar de você novamente.
A ingratidão é falta de bom senso, de visão, de 
sabedoria e de humildade. O ingrato não vê o que 
os outros veem e nem sentem o que os outros sen-
tem, não por que não querem ou não desejam, mas 
por incapacidade, por fraqueza moral e ausência de 
amor. Há na cabeça do ingrato, um vazio de amor ao 
próximo, que se manifesta não eventualmente, mas 
permanentemente. [...]
Função POÉTICA, quando a mensagem é cen-
tro da informação. Embora ela esteja voltada para a 
mensagem, esta função tem características muito 
particulares, quais sejam: estrutura em forma de 
verso, estrofes e pode ter linguagem figurada.
Importante considerar as duas formas de 
composição: prosa e verso.
Prosa – toda comunicação feita em parágrafos;
Verso – toda comunicação feita em linhas.
Exemplo:
Minha terra tem palmeiras (1ª Linha – 1º Verso)
Onde canta o sabiá (2ª Linha – 2º Verso)
As aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá 
[...]
Não permita Deus que eu morra sem que eu volte 
para lá
Sem que desfrute os primores que não encontro 
por cá. [...]
Podemos considerarque a função é poética 
Obs: pode-se dizer 
que toda comunicação 
estruturada em forma 
de versos – em linhas – 
está na função poética, 
independente de outras 
características que 
possa ter. 
63
por conta da estrutura em versos. Também po-
demos considerar que no 1º, 4º e 5º versos temos 
também função emotiva por conta da 1ª pessoa do 
singular – eu.
Observe outro exemplo:
“Só uma coisa me entristece
O beijo de amor que não roubei
A jura secreta que não fiz
A briga de amor que eu não causei.”
(Abel Silva)
Neste exemplo, temos uma letra de música 
que é também função poética por causa da estru-
tura em verso, mas também é emotiva por conta da 
1ª. Pessoa singular em todos os versos.
Vejamos o esquema dos fatores fundamentais 
com um esquema correspondente das funções:
 REFERENCIAL
EMOTIVA POÉTICA CONATIVA
 
FÁTICA
 
METALINGUÍSTICA
Fonte: Jakobson (2007).
Dificilmente encontramos mensagens em que 
FUNÇÕES DA LINGUAGEM
EMOTIVA CONATIVA FÁTICA REFERENCIAL METALINGUÍSTICA POÉTICA
Centrada no 
emissor
EU
Centrada no 
receptor
TU_VOCÊ
Feita para 
checar o 
canal
Voltada 
para o 
assunto
O código 
é utilizado 
para tratar 
do próprio 
código
Atenta 
para a 
mensagem. 
Estrutura 
em versos
64
Anotações: haja apenas uma dessas funções. Normalmente 
elas se organizam em nossa vida de modo que a uti-
lizamos de acordo com nossas necessidades. Em 
um mesmo texto temos, em alguns casos, mais de 
uma função, por isso, nas questões de prova, deve-
mos atentar para o que predomina, o que se apre-
senta de forma mais intensa.
2.1 TIPOLOGIA TEXTUAL
Abordar a tipologia textual, enquanto ele-
mento de interpretação textual, é considerar que 
quando se tem conhecimento sobre ela, facilita in-
terpretação e, consequentemente a sua produção, 
isto porque cada texto atende a uma estrutura dife-
rente e a uma finalidade própria. Assim, ao se depa-
rar com um texto descritivo e o conhece, é possível 
antecipar algumas considerações, antes mesmo 
de conhecer o conteúdo tratado nele. Por exemplo, 
sabe-se que trata de caracterização, de especifica-
ção e de detalhamento, pois os textos descritivos 
têm estas características.
Tradicionalmente, os tipos textuais são clas-
sificados de três formas: narrativo, descritivo e 
dissertativo (informativo ou argumentativo). Atual-
mente, foram acrescidos mais dois tipos para me-
lhor agrupamento: o injuntivo e o dialogal. Embora 
tenham características diferentes na sua composi-
ção e organização, nem sempre, são constituídas 
apenas por um tipo textual. É normal haver mais 
de uma tipologia em um mesmo texto, neste caso, 
teremos uma predominância de um tipo textual. Se 
tomarmos um romance como exemplo, veremos 
que possui características da narrativa, mas em di-
65
versos trechos encontraremos a descrição. Obser-
vem a síntese do que estudamos nesta etapa:
Para que fique mais fácil compreender, vamos 
analisar abaixo cada tipo textual, iniciando pela 
NARRAÇÃO:
2.2 NARRAÇÃO
O centro do texto narrativo é o FATO, a história 
a ser contada – seja verídica ou inventada. Para que 
o fato seja contado, alguns elementos são necessá-
rios como personagens, espaço e tempo. 
Na narração, há um narrador que relata um 
fato, ocorrido num determinado espaço e tempo. Ele 
pode aparecer de forma clara no texto ou de modo 
implícito. Os fatos são apresentados em uma se-
quência de ações que vão se desenrolando com cer-
ta lógica até que atinja o ponto máximo do problema 
da narração e assim tenha o desfecho, ou seja, o final 
da trama. 
Toda narração precisa de um conflito, sem 
este não há fato para contar. Os conflitos são de 
diversas ordens: inveja, assassinato, brigas por di-
versos motivos, assalto, doença, guerra, traição, 
mistérios, amor, paixão etc. Pode-se dizer que os 
conflitos são a base dos fatos, portanto, sem con-
flitos não há narração.
Vejamos alguns exemplos de textos narrativos:
Observe o texto e 
vamos verificar se 
ele apresenta as 
características da 
tipologia narrativa:
NARRAÇÃO
 Fato
DESCRIÇÃO
Característica 
INJUNÇÃO
Ordem 
DIALOGAL
Diálogo
DISSERTAÇÃO
 Informação 
66
Texto 1 - Poesia
HISTÓRIA ANTIGA
No meu grande otimismo de inocente, 
Eu nunca soube por que foi... um dia, 
Ela me olhou indiferentemente, 
Perguntei-lhe por que era... Não sabia...
Desde então, transformou-se de repente
A nossa intimidade correntia
Em saudações de simples cortesia
E a vida foi andando para frente...
Nunca mais nos falamos... vai distante...
Mas, quando a vejo, há sempre um vago ins-
tante
Em que seu mudo olhar no meu repousa, 
E eu sinto, sem, no entanto, compreendê-la, 
Que ela tenta dizer-me qualquer cousa, 
Mas que é tarde demais para dizê-la...
(RAUL DE LEONI)
Texto 2 - Música
Faroeste caboclo
Legião Urbana
E Santo Cristo há muito não ia pra casa
E a saudade começou a apertar
“Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lúcia
Já tá em tempo de a gente se casar”
Chegando em casa então ele chorou
E pro inferno ele foi pela segunda vez
Com Maria Lúcia Jeremias se casou
E um filho nela ele fez
[...]
O texto conta a 
história de duas 
pessoas que se 
separaram e ficaram 
com uma história mal 
resolvida. De modo 
muito sintetizado, 
temos uma narração.
67
Anotações:Sentindo o sangue na garganta,
João olhou pras bandeirinhas e pro povo a aplaudir
E olhou pro sorveteiro e pras câmeras e
[...]
E nisso o sol cegou seus olhos
E então Maria Lúcia ele reconheceu
Ela trazia a Winchester-22
A arma que seu primo Pablo lhe deu
[...]
E Santo Cristo com a Winchester-22
Deu cinco tiros no bandido traidor
Maria Lúcia se arrependeu depois
E morreu junto com João, seu protetor
E o povo declarava que João de Santo Cristo
Era santo porque sabia morrer
[...]
E João não conseguiu o que queria
Quando veio pra Brasília, com o diabo ter
Ele queria era falar pro presidente
Pra ajudar toda essa gente que só faz...
Não tinha medo o tal João de Santo Cristo
Era o que todos diziam quando ele se perdeu
[...]
Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai 
morreu
[...]
E João aceitou sua proposta
E num ônibus entrou no Planalto Central
[...]
E o Santo Cristo até a morte trabalhava
Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar
 [...]
E João de Santo Cristo ficou rico
E acabou com todos os traficantes dali.
68
[...]
Já no primeiro roubo ele dançou
E pro inferno ele foi pela primeira vez
[...]
Foi quando conheceu uma menina
E de todos os seus pecados ele se arrependeu
Maria Lúcia era uma menina linda
E o coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu
[...]
Mas acontece que um tal de Jeremias,
Traficante de renome, apareceu por lá
Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo
E decidiu que, com João ele ia acabar
[...]
Texto 3 - Fábula
O VELHO, O MENINO E O BURRO
Num lugar que você sabe, este fato aconte-
ceu. A pessoa que eu descrevo, você, talvez, tenha 
conhecido. E se você não se lembra, procure na 
consciência. Porque se houver semelhança, não é 
mera coincidência.
O burrico vinha trotando pela estrada. De um 
lado vinha o velho, puxando o cabresto. Do outro 
vinha o menino, contente, que o dia estava fresqui-
nho e o sol brilhava no céu. Sentados no barranco 
estavam dois homens. No que viram o burro mais o 
velho e o menino, um cutucou o outro:
– Veja só, compadre! Que despropósito! Em 
vez do velho montar no burro, vem puxando ele!
O velho e o menino se olharam. Assim que 
viraram na primeira curva, o velho parou o burro e 
montou nele.
Podemos observar 
que o texto é uma 
letra de música, 
mas que conta uma 
narrativa, relata 
um fato a partir da 
grande problemática 
da personagem 
João de Santo Cristo 
de conseguir uma 
vida melhor. Temos 
personagens, conflito, 
tempo, espaço que se 
desenvolvem numa 
ordem lógica.
69
Anotações:O menino segurou o cabresto e lá se foram os 
três, muito satisfeitos. Até que perto da ponte tinha 
uma casa com uma mulher na janela.
– Olha só, Sinhá, venha ver o desfrute! O velho 
no bem-bom, montadono burro, e o pobre do meni-
no gramando a pé!
O velho e o menino se olharam de novo. As-
sim que saíram da vista da mulher, o velho desceu 
do burro e botou o menino na sela. E foram andan-
do um pouco ressabiados, o velho puxando o burro 
pelo cabresto, pensando no que o povo podia dizer. 
Logo, logo, passaram numa porteira onde estava 
parada uma velha mais uma menina.
– Mas que absurdo, minha gente! Um velho 
que nem se aguenta nas pernas andando a pé, e o 
guri, bem sem-vergonha, escanchado no burro!
Os dois se olharam e nem esperaram. O velho 
mais que depressa montou na garupa do burro e lá 
se foram os três. Dali a pouco encontraram um pa-
dre que vinha pela estrada mais o sacristão:
– Olha só, que pecado, onde é que já se viu? 
O pobre do burro, coitadinho, carregando dois pre-
guiçosos! Mas isso é coisa que se faça?
O velho e o menino, desanimados, desmonta-
ram e nem discutiram: saíram carregando o burro. 
Mas nem assim o povo sossegou! Cada vez que pas-
savam por alguém, era só risada!
– Olha só os dois burros carregando o terceiro!
Quando chegaram em casa, o velho sentou 
cansado, se assoprando:
– Bem feito! — ele dizia. — Bem feito!
– Bem feito o quê, vô?
– Bem feito pra nós. Que a gente já faz muito 
de pensar pela própria cabeça, e ainda quer pensar 
70
Anotações: pela cabeça dos outros. Agora eu sei por que é que 
meu pai dizia:
“Quem quer agradar a todos a si próprio não 
faz bem! Pois só faz papel de burro e não agrada a 
ninguém!”
Fato – conflito: montar ou não no burro
Personagem: menino, padre, as pessoas
Espaço: lugar que você sabe qual é
Tempo: indeterminado
Podemos afirmar que o texto é uma narrativa, 
pois seu propósito é relatar um fato, contar um con-
flito através de personagens que agem num tempo 
e num espaço.
Texto 4 - Piada
- Bonito papel! 
Quase três da madrugada e os senhores com-
pletamente bêbados, não é?
Foi aí que um dos bêbados pediu:
- Sem bronca, minha senhora. Veja logo qual 
de nós é o seu marido que os outros querem ir para 
casa. (Stanislaw Ponte Preta)
Neste texto, também temos uma narração 
que se desenvolve a partir de um problema - os ho-
mens estarem bêbados -, apresentando como per-
sonagens os bêbados e uma senhora, no tempo de 
três horas da manhã, no espaço, a casa da senhora.
71
Texto 5 - Conto 
Tragédia brasileira
Manuel Bandeira
Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos 
de idade.
Conheceu Maria Elvira na Lapa – prostituída, 
com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empe-
nhada e os dentes em petição de miséria.
Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a 
num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, 
manicura… Dava tudo quanto ela queria.
Quando Maria Elvira se apanhou de boca boni-
ta, arranjou logo um namorado.
Misael não queria escândalo. Podia dar uma 
surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso: mu-
dou de casa.
Viveram três anos assim.
Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, 
Misael mudava de casa.
Os amantes moravam no Estácio, Rocha, 
Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bom 
Sucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, 
Niterói, Encantado, Rua Clapp, outra vez no 
Estácio, Todos os santos, Catumbi, Lavradio, Boca 
do Mato, Inválidos…
Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, 
privado de sentidos e de inteligência, matou-a com 
seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decú-
bito dorsal, vestida de organdi azul.
Sintetizando a tipologia textual narração, temos:
O conto apresenta 
uma clara estrutura 
narrativa: o fato é o 
casamento de Misael 
com Maria Elvira 
(personagens); o 
conflito se dá por conta 
dos namorados de 
Maria Elvira; o espaço 
são vários bairros 
do Rio de Janeiro, 
não há um tempo 
determinado. O texto se 
organiza de modo que 
o conflito vai tomando 
proporções maiores 
à medida que o texto 
progride, chegando ao 
clímax quando Misael 
fica privado de seus 
sentidos e mata a 
esposa, num desfecho 
trágico da trama. 
72
Anotações:
2.3 DESCRIÇÃO
A outra tipologia textual é a DESCRIÇÃO, cujo 
eixo norteador é a CARACTERIZAÇÃO. Descrever é 
apresentar o ser, objeto ou lugar da forma como é 
ou está; é detalhar, pormenorizar, apresentar seu 
estado. É um tipo de texto normalmente curto e 
quase nunca existe sozinho, está inserido em ou-
tras tipologias como a narração, a dissertação ou 
mesmo a injunção. Esta tipologia é muito utilizada 
nos romances para caracterizar as personagens, o 
espaço, os objetos. É de fundamental importância 
na construção da narração para que o leitor possa 
compreender melhor os fatos que estão sendo nar-
rados.
 Seu processo de composição se dá através 
de elementos como: adjetivos e verbos de ligação. 
Pode-se fazer descrição técnica e literária. A des-
crição técnica é feita por diversos campos de co-
nhecimento, tais quais: arquitetura, engenharia, 
psicologia. Já a descrição literária, fica por conta 
dos contos, dos romances, das poesias etc.
 Vejamos algumas descrições:
ENREDO
É a própria 
narrativa, 
a história 
contada.
TEMPO
 Data: mês, 
ano, século, 
dia da 
semana.
PERSONAGEM 
Pessoa, 
animal, objeto 
personificado.
ESPAÇO
Lugar onde 
acontece o 
fato.
CONFLITO
O problema 
vivido pelas 
personagens.
NARRAÇÃO
73
Texto 1 - Trecho de música
Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher
Ter uma casinha branca, de varanda, um 
quintal e uma janela
Para ver o sol nascer
 
Texto 2 - Poesia
RETRATO
Cecília Meireles
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?
Texto 3 - Descrição técnica
O motor está montado na traseira do carro, fi-
xado por quatro parafusos à caixa de câmbio, a qual, 
por sua vez, está fixada nos coxins de borracha na 
extremidade bifurcada do chassi. Os cilindros estão 
dispostos horizontalmente e opostos dois a dois. 
Observe que as 
palavras destacadas 
são características do 
lugar e da casa.
74
Anotações: Cada par de cilindros tem um cabeçote comum de 
metal leve. As válvulas, situadas nos cabeçotes, 
são comandadas por meio de tuchos e balancins. 
O virabrequim, livre de vibrações, de comprimento 
reduzido, com têmpera especial nos colos, gira em 
quatro pontos de apoio e aciona o eixo excêntrico 
por meio de engrenagens oblíquas. As bielas con-
tam com mancais de chumbo-bronze e os pistões 
são fundidos de uma liga de metal leve.
(Fonte: Manual de instruções [Volkswagen]. In: 
Comunicação em prosa moderna. GARCIA Othon, 
Rio de janeiro: Editora FGV, 1996, p.388.)
Texto 4 - Descrição literária
Havia à Rua do Hospício, próximo ao campo, 
uma casa que desapareceu com as últimas recons-
truções.
Tinha três janelas de peitoril na frente; duas 
pertenciam à sala de visitas; a outra a um gabinete 
contíguo.
O aspecto da casa revelava, bem como seu in-
terior, a pobreza da habitação.
A mobília da sala consistia em sofá, seis ca-
deiras e dois consolos de jacarandá, que já não 
conservavam o menor vestígio de verniz. O papel da 
parede de branco passara a amarela e percebia-se 
que em alguns pontos já havia sofrido hábeis re-
mendos.
O gabinete oferecia a mesma aparência. O 
papel que fora primitivamente azul tomara a cor de 
folha seca.
Havia no aposento uma cômoda de cedro que 
também servia de toucador, um armário de vinháti-
co, uma mesa de escrever, e finalmente a marque-
75
Anotações:sa, de ferro, com o lavatório, e vestida de mosqui-
teiro verde.
Tudo isto, se tinha o mesmo ar de velhice dos 
móveis da sala, era como aqueles cuidadosamente 
limpo e espanejado, respirando o mais escrupuloso 
asseio. Não se via uma teia de aranha na parede, nem 
sinal de poeira nos trastes. O soalho mostrava aqui 
e ali fendas na madeira; mas uma nódoa sequer não 
manchava as tábuas areadas.” 
(José de Alencar)
2.4 INJUNÇÃO
Na INJUNÇÃO,

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