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APOSTILA_Redação_Oficial_2011_07_25

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REDAÇÃO OFICIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL 
FUNDAÇÃO ESCOLA DE GOVERNO DE MATO GROSSO SO SUL 
ESCOLAGOV-MS 
 
 
 
 
 
 
 
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS 
DESENVOLVIMENTO DE COMPETENCIAS GERAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REDAÇÃO OFICIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPO GRANDE – MS 
 
2011 
 
 
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Rua Pedro Celestino, 437 • Centro • Campo Grande / MS • Fone: (67) 3321-6100 • CEP: 79.004-560 
 
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SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO 
FUNDAÇÃO ESCOLA DE GOVERNO DE MATO GROSSO DO SUL 
 
Rua Pedro Celestino, 437 - Centro 
79.004-560 – Campo Grande – MS 
Telefone: (67) 3321-6100 
 
 
 
ANDRÉ PUCCINELLI 
Governador do Estado de Mato Grosso do Sul 
 
THIE HIGUCHI VIEGAS DOS SANTOS 
Secretária de Estado de Administração 
 
ÉDIO DE SOUZA VIÉGAS 
Diretor-Presidente da Fundação Escola de Governo de Mato Grosso do Sul 
 
JACKELINE MARIA FERNANDES 
Gerente de Qualificação e Formação de Recursos Humanos da 
Fundação Escola de Governo de Mato Grosso do Sul 
 
 
 
ELABORAÇÃO DESTA COLETÂNEA 
Georgina de Fátima Caldeira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Permitida a reprodução total ou parcial desde que não se destine para fins comerciais 
e que seja citada a fonte 
 
 
 
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1. ORIENTAÇÕES PARA OS(AS) PARTICIPANTES 
 
Prezado(a) participante, 
É com muita satisfação que recebemos você na Fundação Escola de Governo de 
Mato Grosso do Sul – ESCOLAGOV. 
A seguir apresentamos algumas informações básicas de como proceder em algumas 
situações do seu dia-a-dia. 
O período em que você estiver conosco será marcado pela troca de experiências e 
aprendizagens. 
Assim como você, outras pessoas estarão freqüentando os cursos oferecidos nesta 
Instituição. 
Nossa equipe estará a sua disposição para quaisquer outros esclarecimentos quanto 
ao funcionamento da ESCOLAGOV. 
Seja bem-vindo! 
Estamos torcendo pelo seu sucesso. 
 
1.1. Quem pode fazer os cursos da ESCOLAGOV? 
 
 Os cursos do catálogo ESCOLAGOV, são destinados prioritariamente aos (as) 
servidores(as) públicos(as) estaduais, podendo, no entanto, caso a atividade esteja prevista 
em algum programa de parceria, ter parte de suas vagas destinadas a servidores 
municipais, federais ou a indicações da sociedade civil. 
 
1.2. Qual é o custo dos cursos do Catálogo ESCOLAGOV para os(as) servidores(as)? 
 
 Os cursos geralmente são gratuitos, tanto para servidores (as) efetivos (as) e 
comissionados (as), podendo, no entanto, ocorrer algum tipo de cobrança caso se verifique 
a necessidade de complementação de seus custos devido à insuficiência orçamentária. 
 
1.3. Qual é a carga horária dos cursos? 
 
 A carga horária dos cursos será de acordo com a área (turmas abertas) e a demanda 
das instituições (turmas fechadas). Os(As) instrutores(as) convocados(as) serão 
comunicados(as) com antecedência para adequar a carga horária de acordo com a 
demanda. 
 
1.4. Onde encontrar informações sobre a programação de cursos? 
 
 No site www.escolagov.ms.gov.br, acessando o link “cursos”, o interessado encontrará 
o catálogo de cursos com as datas, horários e carga horária. 
 
1.5. Como fazer as inscrições? 
 
http://www.escolagov.ms.gov.br/
 
 
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 Para se inscrever o (a) interessado (a) deve procurar o(a) Coordenador de Capacitação 
do seu órgão e preencher a ficha de inscrição. 
 
 Somente serão aceitas as fichas enviadas pelos(as) Coordenadores de Capacitação. 
 
 A inscrição não garante a participação no curso. O(A) interessado(a) deverá aguardar a 
confirmação da matrícula por e-mail. 
 
1.6. Quais são as regras para a participação nos cursos? 
 
 Para a participação nos cursos devem ser observadas as seguintes regras: 
 
 A freqüência mínima exigida para certificação é de 75% da carga horária total dos 
cursos. 
 
 Somente as disciplinas transversais podem ser justificadas e o servidor(a) será 
orientado para fazer a disciplina em outro curso. O cumprimento da carga horária 
destinada aos temas transversais é obrigatório para a certificação. 
 
 Quando o(a) servidor(a) já tiver participado de alguma disciplina transversal, deverá 
comunicar a coordenação do curso, por escrito, quando e em qual curso foi cumprida a 
carga horária. 
 
 Em caso de desistência do curso o(a) servidor(a) deverá imprimir o Formulário de 
Justificativa da Desistência, encontrado no site www.escolagov.ms.gov.br, 
preenchê-lo, solicitar a assinatura pela chefia imediata e entregar na Fundação Escola 
de Governo. Sem esse procedimento o(a) servidor(a) perderá, por um prazo de 02 
(dois) anos, a oportunidade de matricular-se em outro curso oferecido na 
ESCOLAGOV. 
 
 Em caso de desistência em até 03 (três dias) antes do início do curso, o(a) servidor(a) 
NÃO precisa apresentar uma justificativa formal, MAS deverá entrar em contato com a 
coordenação do curso para informar a desistência. Caso ele(a) não faça a 
comunicação, incidirá as penalidades de desistente sem justificativa. 
 
 O certificado será expedido em até 30 dias após a conclusão do curso e o(a) 
servidor(a) deverá retirá-lo na ESCOLAGOV. 
 
 A avaliação da aprendizagem será processual e definida pelo(a) instrutor(a) no plano 
de curso. Em alguns cursos o aproveitamento dos(as) participantes será avaliado 
mediante uma média final. 
 
 Os dirigentes dos órgãos públicos serão informados a respeito do aproveitamento que 
seus respectivos servidores obtiverem nos cursos. 
 
1.7. Como obter o material didático (apostilas, livros, textos) usados nos cursos? 
 As apostilas e textos ficam disponibilizados no site www.escolagov.ms.gov.br, 
acessando o link “cursos” para os(as) servidores(as) matriculados(as) nos cursos. Os(As) 
mesmos(as) deverão imprimir o seu material e encaderná-los quando for o caso. 
 
http://www.escolagov.ms.gov.br/
http://www.escolagov.ms.gov.br/
 
 
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SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO...................................................................................................... 08 
PARTE I ............................................................................................................... 09 
1. Fundamentos da Comunicação.................................................................... 09 
1.1 Elementos da Comunicação................................................................ 09 
1.2 Processo de Comunicação.................................................................. 10 
1.3 Organização das Ideias....................................................................... 12 
1.4 Articulando as Ideias no Papel............................................................. 13 
1.5 Língua Falada e Língua Escrita...........................................................14 
1.6 Níveis de Linguagem........................................................................... 14 
1.7 Princípios Básicos da Redação Técnica.............................................. 17 
1.8 Impessoalidade.................................................................................... 19 
1.9 A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais................................ 19 
1.10 Formalidade e Padronização............................................................. 21 
1.11 Concisão e Clareza............................................................................ 21 
PARTE II............................................................................................................... 22 
2. Características da Redação: Qualidades e Defeitos................................... 22 
2.1. Dificuldades da Norma Culta.............................................................. 28 
2.1.1. Ortografia – Novo Acordo Ortográfico................................... 32 
2.1.2. Sintaxe................................................................................... 40 
2.1.2.1. Problemas com o Sujeito............................................. 40 
2.1.2.2. Frases Fragmentadas.................................................. 41 
2.1.2.3. Erros de Paralelismo.................................................... 41 
2.1.2.4. Erros de Comparação.................................................. 42 
2.1.2.5. Ambiguidade................................................................ 43 
2.1.2.6. Semântica.................................................................... 43 
PARTE III.............................................................................................................. 45 
3. Comunicação Oficial...................................................................................... 45 
3.1. Pronomes........................................................................................... 45 
3.2 Pronomes de Tratamento.................................................................... 45 
3.3 Emprego dos Pronomes de Tratamento.............................................. 46 
3.3.1 do Poder Executivo................................................................... 46 
3.3.2 do Poder Legislativo................................................................. 47 
3.3.3 do Poder Judiciário................................................................... 47 
3.4. Identificação do Signatário.................................................................. 47 
3.4.1 O Envelope e o Endereçamento............................................... 48 
3.4.2 Fechos para Comunicação....................................................... 49 
PARTE IV............................................................................................................. 50 
4. Normas Gerais de Elaboração da Redação dos Documentos Oficiais..... 50 
4.1 Comunicação Interna........................................................................... 51 
4.2 Siglas e Acrônimos.............................................................................. 53 
4.3 Uso de Abreviaturas e Sinais............................................................... 54 
4.4 Grafia dos Numerais............................................................................ 55 
PARTE V............................................................................................................. 57 
 
 
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5. O Padrão de Ofício......................................................................................... 57 
5.1 Partes do Documento no Padrão Ofício.............................................. 59 
5.2 Forma de Diagramação....................................................................... 60 
5.3 Definição de Finalidade........................................................................ 60 
5.4 Forma e Estrutura................................................................................ 61 
PARTE VI............................................................................................................. 69 
6. Textos Técnicos ou Correspondência Empresarial Moderna.................... 69 
6.1. Ata e Ata de Reunião.......................................................................... 69 
6.2. Relatório de Reunião.......................................................................... 73 
6.3. Aviso................................................................................................... 74 
6.4. Comunicado........................................................................................ 75 
6.5. Memorando......................................................................................... 75 
6.6. Edital................................................................................................... 76 
6.7. Circular Interno e Externo................................................................... 77 
6.8. Convocação........................................................................................ 78 
6.9. Declaração.......................................................................................... 78 
6.10. Recibo............................................................................................... 79 
6.11. Contrato............................................................................................ 79 
6.12. Atestado............................................................................................ 80 
6.13. Requerimento.................................................................................... 80 
6.14. Abaixo - assinado.............................................................................. 82 
6.15. Procuração........................................................................................ 83 
6.16. Carta Comercial................................................................................ 84 
6.17. Correio Eletrônico............................................................................. 85 
PARTE VII............................................................................................................ 86 
7. Questões Fundamentais de Técnicas Legislativas..................................... 86 
7.1. Identidade Visual................................................................................. 86 
7.2. Artigos................................................................................................. 86 
7.3. Parágrafos........................................................................................... 86 
7.4. Incisos e Alíneas................................................................................. 86 
ANEXOS............................................................................................................... 88 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.................................................................... 97 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
 
Comumente ouvimos a expressão Redação Técnica, mas afinal, o que é 
isso? Denomina-se Redação Técnica todo tipo de composição que deixa em 
segundo plano o efeito artístico da frase. Abrange todos os documentos trocados 
entre autoridades ou funcionários de repartições públicas e/ou empresas. Sua 
preocupação é com a objetividade, a eficáciae a exatidão da comunicação. 
Exemplos: Redação oficial, Correspondência Comercial e Bancária, Requerimento, 
Declaração, Atestado, entre outros. 
 
“Qualquer um de nós, senhor de um assunto, é, em princípio, 
capaz de escrever sobre ele. Não há um jeito especial para a 
redação, ao contrário de que muita gente pensa. Há apenas uma 
falta de preparação inicial, que o esforço e a prática vence.” 
 
J. Mattoso Câmara Jr. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PARTE I 
1. FUNDAMENTOS DA COMUNICAÇÃO 
A vida social do ser humano se constitui a partir da sua capacidade de 
interagir com os seus semelhantes por meio da linguagem. Esta por sua vez, se 
manifesta como um contínuo diálogo, no sentido mais amplo possível do termo: 
quando uma situação de interlocução se constrói, cada elemento da interação tem 
importância na constituição dos sentidos. Os interlocutores envolvidos não apenas 
comunicam informações uns aos outros, mas assumem seus papeis sociais um 
diante do outro e procuram se expressar de acordo com esses papeis sociais 
assumidos. 
A Língua Portuguesa, falada ou escrita, é o elemento fundamental para que 
se efetive o processo comunicativo. Ela é o meio de expressão usado para 
questionamentos como também para troca de experiências. 
Conhecer os componentes do ato da comunicação, procurar compreendê-
los, pensar sobre eles permite-nos uma avaliação mais consciente da nossa posição 
nas diferentes situações comunicativas diárias. 
 Em todo ato de comunicação, seja no trabalho, na escola, na família ou em 
outro lugar qualquer, encontramos os seguintes elementos: 
Emissor ou Remetente; Receptor ou Destinatário; Mensagem; Canal de 
Comunicação; Código; Referente ou Contexto (objeto ou situação a que a 
mensagem se refere). 
Procure conhecer e estudar a Língua Portuguesa. Ela é a sua língua! 
Compreendendo-a você estará apto para utilizá-la com eficiência e beleza tanto na 
produção como na interpretação dos textos, exercendo assim, seu papel de cidadão. 
Sendo o Homem um ser social, relaciona-se de modo interdependente com 
os indivíduos do grupo em que vive. A convivência realiza-se pela comunicação, que 
pode ser gestual, oral ou escrita. A eficácia determina a escolha da modalidade de 
que se utiliza; por vezes, combinam-se duas ou mais formas de comunicação. 
 
1.1 ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO 
Os elementos que atuam ao se comunicar são: 
 
 Mensagem 
Ambiente emissor ----------------- meio ---------------------- receptor 
 
 Retorno 
Em que alguém (emissor) comunica algo (mensagem) a outra pessoa 
(receptor) por algum meio em algum ambiente e, para perceber a eficácia da 
comunicação, observa as reações (retorno). 
 
 
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O emissor, para conseguir os efeitos desejados, deve desenvolver suas 
habilidades comunicativas a fim de que a mensagem atinja adequadamente seu 
interlocutor. 
Na expressão oral, o conteúdo deve ser exposto com idéias claras, no nível 
de entendimento do seu interlocutor, usando vocabulário que lhe seja 
compreensível, em seqüência lógica fácil de acompanhar. Quanto à forma, é 
necessário falar de modo que possa ser entendido por quem o ouve. 
O retorno – a percepção de como a comunicação está sendo recebida - é 
difícil, demorado ou impossível na língua escrita. Na fala, normalmente, é imediato. 
O falante percebe a reação do seu ouvinte e, com base nisto, vai usando os vários 
recursos de que dispõe para conseguir os efeitos desejados de convencimento e de 
adesão do receptor. 
Na expressão escrita, além de se dominar o assunto, deve haver 
preocupação com uma cuidadosa organização do texto: relacionar os itens 
pertinentes, selecionar os que possibilitem uma planificação harmoniosa. A língua 
escrita requer mais organização das idéias e mais correção gramatical ao se 
comunicar. 
Leve em consideração o meio pelo qual a mensagem está sendo 
comunicada. Falar perante a pessoa ou falar por telefone exige recursos diferentes, 
pois não há gesticulação perceptível. Um bilhete para um amigo não será escrito do 
mesmo modo que uma carta formal. Nos meios de comunicação social, o veículo é a 
mídia: jornais, rádio, televisão, revistas, etc. 
Considere a capacidade de entendimento de seu receptor para você regular 
o modo de expressar-se. 
Um bom receptor deve ter a atenção auditiva dirigida para o emissor e 
concentrar-se em ouvir bem o que lhe é dito. Não é só uma questão de boas 
maneiras com seu interlocutor; é, principalmente, uma questão de tornar mais 
efetivo o ato de comunicação. Ouça, deixe o outro falar, não interrompa. Quando 
você falar, o outro deverá ter a mesma atitude. 
A mensagem deve ser adequada ao conjunto dos elementos de 
comunicação, tanto no conteúdo, quanto na forma pela qual é expressa, utilizando-
se determinado meio para melhor atingir o receptor. 
O ambiente em que se dá a comunicação influência e determina a atuação 
do emissor da mensagem. Ele deve ter sensibilidade para perceber como agir 
naquele ambiente, naquela situação e adaptar sua fala ou texto ao momento. 
Ter idéias, entender o assunto de pouco lhe adianta se não souber como 
comunicar seus conhecimentos. Isso vale tanto na sua vida social quanto na 
profissional. Você terá mais facilidade de convivência e m,ais prestígio se souber se 
comunicar bem, falando ou escrevendo. 
 
1.2. PROCESSO DE COMUNICAÇÃO 
A comunicação é um processo, uma concatenação ou sucessão de 
fenômenos ligados à troca de mensagens. Por isso, o sucesso ou fracasso na 
comunicação não pode ser atribuído a um único fator, uma vez que no processo de 
comunicação intervêm vários elementos básicos, como remetente (destinador, fonte, 
ou emissor), destinatário (receptor), canal, código, referência e mensagem. 
 
 
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O remetente, também conhecido como emissor, é o elemento que dá 
origem à mensagem, que inicia a comunicação. 
O destinador, ou remetente, emite uma mensagem para um destinatário. 
Como ele tem em vista produzir uma reação sobre outrem, a comunicação é eficaz 
quando atinge seu objetivo, ou seja, produz a resposta desejada. 
O Destinatário é um dos principais fatores da comunicação: aquele a quem 
se dirige a mensagem, que recebe a comunicaçãoe a decodifica. A interpretação da 
mensagem depende da aptidão do receptor para decodificá-la, da capacidade de 
seu repertório. 
Repertório é um conjunto dos elementos que possuem significação; um 
conjunto de signos (vocabulário) conhecidos ou assimilados por um indivíduo, uma 
espécie de reservatório ou estoque de experiência. À comunicação é indispensável 
algum campo de experiência comum para que uma mensagem, codificada por um 
destinador, possa ser compreendida pelo destinatário. 
Para transmitir informações novas de maneira eficaz, ou seja, ampliar o 
repertório da audiência, o destinador trabalha com uma mediada adequada de 
redundância, diminuindo, portanto, a entropia, mas aumentando a possibilidade de 
compreensão de sua mensagem. 
O código é um conjunto de signos relacionados de tal modo que formam e 
transmitem mensagens; um conjunto de regras necessárias para a efetivação da 
comunicação (no nosso caso a Língua Portuguesa). 
Outro fator do processo de comunicação a que se deve dar máxima atenção 
é o canal, o suporte material que possibilita veicular uma mensagem a um 
destinatário, através do espaço e do tempo. É um meio mediante o qual a 
mensagem atinge o receptor, que a recebe e a interpreta. A escolha de um canal 
inadequado para veicular mensagem influencia negativamente a mensagem que se 
quer transmitir e, conseqüentemente, corre-se o risco de não atingir os objetivos 
almejados. 
As informações chegam ao receptor de vários modos: face a face, por meio 
de cartas, telefonemas, fax, e-mail. Se a escolha do canal não for compatível com a 
mensagem, a comunicação perde a eficácia. 
Uma mensagem pode implicar diversos níveis de significado, conforme o 
repertório e o estado de espírito do destinatário, as circunstâncias da comunicação. 
Assim, uma informação que parte de um redator sem credibilidade é encarada 
diferentemente daquela que parte de um redator criterioso, que goza da confiança 
da audiência. As palavras podem ser idênticas, mas despertam sensações diversas. 
Mensagem, em sentido amplo, é sinônimo de conteúdo, é o que está escrito 
em um texto, o que é dito em um discurso, o que se passa de significativo na 
comunicação entre destinador e destinatário. É uma unidade básica de 
comunicação, porque gera reações e comportamentos. Para que a mensagem 
possa afetar o destinatário, é necessário coerência entre mensagem e 
comportamento do destinador, credibilidade quanto ao valor das fontes e dos meios, 
compreensibilidade. Se o autor do texto, carta, relatório administrativos ou qualquer 
outro veículo de comunicação não merece confiança, o destinatário tende a 
desconfiar da informação. O efeito positivo desse fenômeno chama-se efeito de 
halo. Se o redator tem um halo na cabeça, como se fosse uma santa, uma 
divindade, o destinatário reconhece nele uma fonte segura, merecedora de 
confiança. O efeito negativo chama-se efeito de halo de espinhos ( Minicucci, 
1992,p.53). 
 
 
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Considera-se ruído todo sinal indesejável que ocorre na transmissão de 
uma mensagem por meio de um canal. É tudo o que dificulta a comunicação, 
interfere na transmissão e perturba a recepção ou compreensão da mensagem; tudo 
o que possibilita a perda de informação durante o transporte da mensagem entre o 
destinador e o destinatário. São exemplos de ruído: um texto mal escrito, erros 
ortográficos, incorreção na pronúncia, emprego de palavras de difícil compreensão 
pela audiência, mensagem mal estruturada, ambígua, obscura. 
Todo o sistema de comunicação está sujeito a erros ou falhas, que são 
denominados ruídos ou distúrbios. Se a ocorrência de ruídos é grande, também é 
elevada a taxa de distúrbios, e tal fato reduz a possibilidade de comunicação.Uma 
mensagem transmitida por telefone, por exemplo, utiliza vocabulário simples, 
,palavras breves, com repetições durante todo o diálogo, porque se deseja superar o 
ruído do ambiente e garantir a efetiva transmissão da mensagem. Já em um 
relatório comercial, é possível ampliar o vocabulário e reduzir as repetições. No 
entanto, não cabe o exagero da busca de palavras raras ou difíceis no dicionário 
para impressionar o destinatário. 
A redundância é o elemento utilizado em uma mensagem para reduzir os 
riscos de ruído. É a informação que se transmite adicionalmente para proporcionar 
compreensão; a reiteração de determinadas frases, de explicações, de 
esclarecimentos adicionais. .É desejável, porém, que a redundância não se 
transforme em aborrecimento ou falta de cuidado com a linguagem. Mais que a 
repetição de palavras, a linguagem empresarial repele a repetição de idéias. 
Dentro do estudo da comunicação ainda cabe estudar o feedback e o 
contexto. O primeiro é um processo mediante o qual se controla o resultado do 
desempenho de uma mensagem sobre o destinatário. Com base em erros 
verificados, podem ser feitas correções na elaboração da mensagem. O feedback 
permite ao comunicador determinar se a mensagem foi recebida ou se produziu a 
resposta desejada.Já o contexto consiste no envolvimento circunstancial em que a 
mensagem é transmitida. Dele depende o sentido das palavras. A palavra só realiza 
sua potencialidade dentro de um contexto. Uma mensagem passa ter credibilidade 
quando há coerência entre ela e o comportamento do emissor; quando há 
credibilidade quanto ao valor da fonte, quando o receptor a aceita quando há clareza 
e precisão lingüística. 
 
1.3. ORGANIZAÇÃO DAS IDEIAS 
Na vida cotidiana, constantemente temos de expor idéias, opiniões, pontos 
de vista. Precisamos, muitas vezes, deixar claro às pessoas com quem convivemos 
o que pensamos sobre determinado assunto. Em alguns casos, é necessário 
persuadi-las a adotar ou aceitar a nossa forma de pensar. Isso acontece em nossos 
relacionamentos e convivências diárias com amigos e familiares. Essas situações 
nos levam a utilizar a linguagem para dissertar, ou seja, organizamos as palavras, 
frases, textos, a fim de, por meio da apresentação de idéias, dados e conceitos 
chegarmos a conclusões. 
É a atitude lingüística da dissertação que nos permite fazer uso da 
linguagem a fim de expor idéias, desenvolver raciocínios, encadear argumentos, 
atingir conclusões. A obtenção de informações referentes aos diversos assuntos é 
produto de uma atitude permanentemente dinâmica em relação ao mundo que nos 
cerca. 
 
 
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A elaboração de um texto escrito deve ser produto de um plano de trabalho, 
do qual fazem parte as informações e conceitos que vamos manipular, a posição 
crítica que queremos manifestar, o perfil da pessoa ou grupo, a que nos dirigimos e 
o tipo de reação que o nosso texto deve despertar. 
Existe uma forma para organizar as nossas idéias no texto. Consiste em 
estruturar o material de que dispomos em três momentos principais: a introdução, o 
desenvolvimento e a conclusão. 
Introdução – é o ponto de partida do texto. Por isso deve apresentar de 
maneira clara o assunto a ser tratado e também delimitar as questões referentes a 
esse assunto que serão abordados. Dessa forma, a introdução encaminha o leitor, 
estabelecendo para ele a orientação adotada para o desenvolvimento do texto. 
Desenvolvimento – é a parte do texto em que idéias, conceitos, informações 
e argumentos de que você dispõe serão desenvolvidos, de forma organizada e 
criteriosa.O conteúdo do desenvolvimento pode ser organizado de diferentes 
maneiras de acordo com as propostas do texto e as informações disponíveis. 
Conclusão – é a parte final do texto, um resumo forte e sucinto de tudo o 
que já foi dito e deve expor, claramente, quando necessário, uma avaliação final do 
assunto discutido. 
 
1.4. ARTICULANDO AS IDÉIAS NO PAPEL 
Será que é possível encontrarmos técnicas para redigir e expressar as idéias 
no papel? 
Realmente é possível sim expressar o pensamento com clareza, embora 
essa característica se relacione diretamente com a disciplina de apresentação das 
idéias. O que mais prejudica o texto escrito é o acúmulo e a desordenação das 
idéias que dificultam o objetivo da mensagem. 
Técnicas de chegar à exposição mais clara e ordenada do pensamento 
(idéias): 
1ª técnica – fixação do objetivo – fixar o objetivo para orientar o que se vai 
escrever sobre um assunto delimitado é selecionar a linha de pensamento que 
estará presente em todo o texto. Essa orientação é tão fundamental que determina 
textos diferentes, apesar de o assunto ser o mesmo. 
2ª técnica – identificação da idéia-núcleo – para escrever bem qualquer tipo 
de texto é preciso saber definir com muita precisão as idéias. A confusão de idéias 
tem sido a causa da ineficácia de muitos textos. O parágrafo ficará mais claro, 
objetivo e bem escrito se a primeira frase expressar a ideia geral do que se pretende 
desenvolver. Cada parágrafo deverá girar em torno de uma ideia – núcleo ( ou 
principal). Portanto, para qualquer tipo de texto não deixe que haja mistura de idéias 
e procure estabelecer logo a idéia – núcleo do parágrafo e perceba que o conteúdo 
da ideia venha desenvolvido naquele mesmo parágrafo sem que haja intercalações 
de idéias alheias. 
 
Quanto mais nítida a transmissão da mensagem, mais eficiente será o 
intercâmbio das idéias. 
Não devemos esquecer os seguintes passos: 
a) Discrimine as ideias principais; 
b) Depois identifique as secundárias; 
 
 
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c) Organize todas as ideias por ordem de importância; 
d) Redija frases curtas sobre as ideias; 
e) Elimine frases dispensáveis; 
f) Redija o parágrafo. 
 
1.5. LÍNGUA FALADA E LÍNGUA ESCRITA 
Língua é um código que possibilita a comunicação. É um sistema de signos, 
combinações e de sons, de caráter abstrato, utilizado a fala. A fala é regida pelo uso 
consensual que os falantes fazem dos elementos do sistema. 
A linguagem, por sua vez, é o meio que se utiliza para exprimir idéias, 
desejos, sentimentos. A comunicação estabelece-se mediante o uso da linguagem, 
verbal ou não verbal. 
A linguagem utiliza-se da fala para transmitir pensamentos. O homem pensa 
por meio da linguagem e a linguagem existe porque há o pensamento. A linguagem 
desenvolve-se com base no uso de um sistema, um código de comunicação (a 
língua). 
A língua escrita e a língua falada não têm o mesmo vocabulário, a mesma 
gramática, a não ser que seja a expressão oral de um texto da língua escrita. 
Os recursos de expressividade são distintos. O sistema lingüístico é o 
mesmo, mas a efetivação é diferente. Não se fala como se escreve nem se escreve 
como se fala. Os recursos de sonoridade, gestos, expressão facial são próprios da 
fala. 
A língua escrita registra a comunicação superando os limites de espaço e3 
de tempo. Sendo o escrito um documento, a tendência é de elaboração ser 
cuidadosa e formal que a da língua oral, de acordo com os elementos envolvidos na 
informação e de suas finalidades. 
Tanto na língua escrita quanto na falada, é importante o remetente escolher 
a modalidade lingüística adequada e expressar-se no nível conveniente. 
 
1.6. NÍVEIS DE LÍNGUAGEM 
O conjunto de elementos que compõem uma língua tem uma uniformidade 
que distingue de uma outra, língua. Não há duas pessoas que falem da mesma 
forma; mas, mesmo assim, podem estar falando a mesma língua. O modo de cada 
um de nós utilizar os recursos, lingüísticos, de uma língua produz a diversidade. 
Esta oposição de uniformidade/ diversidade faz-se notar mais na língua 
falada do que na escrita, que é mais conservadora e obedece a padrões mais 
rígidos. 
A diversidade lingüística é resultante de vários motivos: 
 
 Regionais: a pronúncia é o primeiro sinal de regionalismo que se nota. O 
vocabulário e o uso de normas gramaticais também denotam algumas diferenças; 
Socioculturais: idade, sexo, cultura, profissão, posição social, nível de 
estudos. 
Contextuais: assunto, tema, lugar, momento, relações entre os 
interlocutores. 
 
 
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As línguas se alteram no decorrer do tempo em vários aspectos. O 
vocabulário se enriquece com palavras de novos produtos, novos hábitos, novas 
criações artísticas. O vocabulário cresce com a evolução da sociedade. 
Dino Preti (1982,p.32) classifica os níveis de linguagem do ponto de vista 
sociolingüístico, considerando três divisões: nível culto, comum e popular. O nível 
culto caracteriza-se como uma linguagem que se utiliza da língua-padrão, desfruta 
de prestígio,, é utilizada em situações formais e os falantes são altamente 
escolarizados. É a linguagem usada pela literatura e modalidades variadas da 
língua escrita; apresenta sintaxe complexa, vocabulário amplo e técnico, é 
gramatical. Já o nível popular ocupa o outro extremo do eixo. São suas 
características: subpadrão lingüístico, ausência de prestígio, uso em situações 
informais, falantes pouco ou não escolarizados, simplificação sintática, vocabulário 
restrito, uso da gíria e linguagem obscena; nesse caso, a linguagem distancia-se da 
gramática. Intermediando essas duas categorias, culto e popular, há o nível comum, 
uma variante de linguagem nem tão tensa nem tão distensa, empregada por falantes 
medianamente escolarizados e pelos meios de comunicação de massa. 
 
 Registro Formal Registro Comum Registro informal 
 Nível culto Nível familiar Nível popular 
 ou 
 coloquial 
 
A linguagem formal é elaborada de acordo com as normas gramaticais. É 
burocrática e conservadora, precisa,,impessoal, destituída de espontaneidade e, não 
raro, de graça e beleza. Em termos de vocabulário, ela deve adaptar-se ao 
ambiente, assim como às normas sintático-morfológicas. 
 Nível Culto - A linguagem culta corresponde à variante padrão que é 
utilizado por intelectuais, diplomatas e cientistas, principalmente na forma escrita. 
Em termos de língua oral, esse nível raramente é utilizado, mas dele se aproximam 
os discursos de cerimônias ou situações formais. O vocabulário é diversificado, rico, 
a sintaxe é complexa e as normas gramaticais são respeitadas. 
São características da linguagem culta: linguagem, em geral,,obediente aos 
padrões lingüísticos; supressão da gíria; exploração da conotação; uso de 
vocabulário variado; criação de um texto capaz de despertar emoções(literário); 
eliminação do vulgar, das exposições planas, dos clichês; linguagem trabalhada e 
original. 
Linguagem técnica e científica. É uma variante de linguagem que se 
aproxima do nível culto. 
A linguagem técnica é um tipo de registro verbal que pertence ao nível culto. 
Consiste nouso de uma linguagem que se apóia também na gramaticalidade para 
transmitir a idéia de precisão, de rigor, de neutralidade. Utiliza vocabulário específico 
para designar instrumentos empregados em determinado ofício ou ciência, ou para 
apresentar conceitos científicos, transações comerciais, financeiras ou econômicas. 
A linguagem científica caracteriza-se pelo alto grau de abstração do 
pensamento. Linguagem pretensiosamente neutra, de vocabulário preciso, 
construída sob o rigor da subordinação e da ausência de emoção. 
Variante de linguagem burocrática. Embora essa variante procure seguir de 
perto a norma padrão, ela é despida de conotações e figuras de linguagem 
 
 
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requintadas. A linguagem pragmática das relações comerciais é representativa 
dessa variante. É uma linguagem repleta de formalidades, em que as formas 
estabelecidas têm primazia sobre os fatos. Veja-se o caso da redação comercial. É 
comum nesse tipo de variante lingüística o uso do vocabulário próprio: no lugar de 
você, o tratamento é V.S.ª. 
Linguagem Profissional. Dentro do nível culto, podem-se considerar variadas 
subdivisões que se valem também da variante culta da linguagem. Evidentemente, 
não conta com o esmero nem com as preocupações estéticas do nível literário, mas 
recorre tanto quanto aquela variante a um padrão de linguagem que, geralmente, se 
aproxima do nível culto da linguagem. 
Acquaviva (1994,p.11) ensina que, para os bacharéis e estudantes de 
Direito; a terminologia jurídica deve ser vista “como um motivo de orgulho, porque 
ela é a mais antiga linguagem profissional que se conhece”. 
Ao lado da linguagem profissional gramatical, existe a de determinados 
profissionais que se caracteriza pelo uso da variante popular, como é o caso dos 
profissionais com baixa escolaridade: pescadores, carvoeiros, garimpeiros. 
 
 Nível Familiar (comum). O nível de linguagem familiar foge às 
formalidades e os requintes gramaticais. É utilizado nas conversas despretensiosas, 
principalmente por pessoas que conhecem a gramática, mas utilizam um registro 
menos formal. O vocabulário é limitado e pouco variado, e a sintaxe é simples, 
incluindo freqüentemente frases curtas e orações coordenadas. Outra característica 
desse nível são as repetições. Esse registro de linguagem tanto pode servir à 
linguagem oral como à escrita, mas, evidentemente, nesta última variante não 
haverá reprodução daquela, pois a linguagem escrita não é tão espontânea quanto 
a oral. Haverá nesse caso certo policiamento, certa preocupação com a gramática e 
o estilo. Finalmente, é de dizer que a televisão, o rádio, os jornais e as revistas 
valem-se dessa variante de linguagem. 
O nível familiar, intermediário do culto e popular, é o de caracterização mais 
complexa. Ele subdivide-se em duas variantes: familiar tenso e familiar distenso. O 
familiar tenso utiliza uma linguagem comum, coloquial, com vocabulário usual, mas 
que obedece às normas gramaticais. No familiar distenso, a linguagem é também 
coloquial e são admitidas pequenas transgressões às normas gramaticais, como 
sintaxe (concordâncias: verbal e nominal, colocação pronominal). 
O redator empresarial opta por uma variante que se adapta a seu público-
alvo, mas em geral utiliza o nível comum tenso, ou seja, não redige textos em 
linguagem só compreensível pelos doutores,,nem os escreve utilizando uma variante 
lingüística em que sejam freqüentes agressões ao padrão culto da linguagem, ou 
erros gramaticais. 
 
Nível Popular. Constitui uma variante informal de pouco prestígio se 
comparada com a linguagem coloquial ou culta; é espontânea, descontraída e tem 
por objetivo a comunicação clara e eficaz. Sua expressão é subjetiva, concreta e 
afetiva. É funcional, sobretudo, porque se vale de outros meios de expressão que 
não as palavras, como, por exemplo, a entonação. 
A linguagem coloquial falada é utilizada por pessoas que pertencem ao 
mesmo grupo social e têm baixo grau de escolaridade ou são analfabetos. Por essa 
razão, tal variante lingüística distancia-se da normatividade gramatical. Ela 
compreende: vocabulário pobre ou restrito; construções que se afastam do padrão 
 
 
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gramatical ou simplificação sintática ( utilização de variantes não permitidas pela 
gramática, como: pega ele, namora com ela, ou mistura de pronomes pessoais tu e 
você); repetições freqüentes; uso de gíria ou de linguagem obscena; redundâncias. 
Dentro do nível popular, a língua pode ainda alcançar o nível chamado 
vulgar. Esse tipo de variante lingüística é de uso maior do que se imagina, 
aparecendo não apenas entre as classes de baixo nível de escolarização, como 
também entre as classes média e alta. O palavrão e a gíria, principalmente, 
desconhecem fronteiras econômicas e barreiras de classes sociais, assim como os 
limites da falta de escolarização. Poderão até prevalecer entre os que detêm menor 
soma de anos de escolaridade, mas jamais serão de uso exclusivo da classe de 
poder aquisitivo menos favorecida. 
A linguagem vulgar é variante estigmatizada como de nenhum valor nas 
situações sociais que exigem certo grau de formalidade. 
Na categoria de língua especial, encontra-se a gíria. A gíria é uma 
linguagem cuja motivação é a necessidade de segredo que determinados grupos 
sociais têm pela atividade que exercem (malandragem, contrabando, tráfico de 
droga). A gíria diferencia-se da linguagem técnica pelo fato de neste o léxico não ser 
restrito, fazendo parte, às vezes, também da linguagem comum. 
 
1.7 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA REDAÇÃO TÉCNICA 
Não devemos nos esquecer de que a mudança cultural que se impôs na 
linguagem das correspondências reflete, também, um estilo de vida moderno, em 
que a informação valorizada é aquela de mais fácil compreensão, e, quanto menor o 
esforço, do leitor, para decodificar o texto, mais fácil assimilará a mensagem. 
Os princípios básicos da Redação Técnica são os mesmos de qualquer 
outro tipo de composição: concisão, correção, coerência, ênfase, lógica, ordenação, 
clareza e objetividade das informações, etc., embora sua estrutura e seus estilos 
apresentem algumas características próprias. 
A Redação Técnica difere da literária pelas suas finalidades e pela sua 
forma: é uma comunicação objetiva, obedecendo a uma padronização que facilita o 
trabalho de redação e dá ao redator mais segurança de sua eficiência. Caracteriza-
se pelo texto em nível culto, gramaticalmente correto, claro, objetivo e com um 
vocabulário adequado à área de atuação. 
Tão importante quanto ser objetivo, é ser claro. A clareza reflete a 
capacidade de se fazer entendido ao descrever um texto, objetivamente. Simplificar 
os textos o máximo possível, facilita assim o entendimento do leitor. 
Comece o texto com a real mensagem que deseja transmitir. 
 
Exemplo: 
 
Ao invés de: Podemos escrever: 
 
Servimo-nos da presente para informar...  INFORMAMOS 
Vimos pela presente encaminhar-lhes...  ENCAMINHAMOS 
Por intermédio desta solicitamos...  SOLICITAMOS 
Acusamos recebimento...  RECEBEMOS 
Segue anexo a esta...  ANEXAMOS___________________________________________________________________________________________________________ 
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E ainda: CONSULTAMOS, OFERECEMOS, etc. 
 
O fecho é constituído pelo último parágrafo da carta, e possui, além da 
finalidade de concluir o texto, a de saudar o destinatário. Os mais comuns são: 
 
 RESPEITOSAMENTE; CORDIALMENTE; SAUDAÇÕES; 
 ATENCIOSAMENTE; CORDIAIS SAUDAÇÕES. 
Nas correspondências utiliza-se o fecho “Respeitosamente” para 
autoridades superiores, e o fecho “Atenciosamente” para autoridades da mesma 
hierarquia ou de hierarquia inferior. 
Obs.: Está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD). Também não se 
utiliza mais a palavra ilustríssimo (Ilmo.); Detalhes como o endereço completo, 
devem estar no envelope, antes eram inseridos na correspondência. 
Uma coisa que jamais cairá, será o fato de dirigir-se a uma pessoa de forma 
correta, tratando-a pelo seu título (profissional ou social). Portanto é necessário 
revisar as formas de (pronomes) de tratamento corretas, suas formas vocativas e 
também sua abreviação. 
 
Para elaborar uma boa Redação Técnica é preciso: 
• Analisar o assunto a escrever; 
• Informar-se adequadamente sobre o assunto; 
• Usar palavras simples e claras; 
• Não emitir opiniões pessoais; 
• Escrever frases curtas; 
• Ler o texto e verificar se o destinatário vai entender; 
• Cuidar da estética do documento. 
 
É importante reconhecer que um leitor, por mais inteligente que seja, precisa 
de tempo para decodificar as palavras, reconhecer os seus sentidos e identificar as 
relações entre as idéias. Assim, torna-se evidente que, quanto menor o esforço do 
eleitor para decodificar o texto, ou seja, quanto menor for desgaste mental, mais ele 
aprenderá sobre a mensagem. 
Nem o vocabulário sofisticado nem as frases longas e rebuscadas 
contribuem para um rápido entendimento da mensagem, levando o leitor a um 
desperdício de tempo ou, até mesmo, a uma rejeição da mensagem. 
 
Várias entidades dão uniformidade à expressão técnica com suas normas e 
recomendações, como a ABL (Academia Brasileira de Letras), o Inmetro (Instituto 
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), a ABNT (Associação 
Brasileira de Normas Técnicas), e representam entidades internacionais como ISSO 
(International Organization for Standardization), BIPM (Bureau International des 
Poids et Mesures). 
A comunicação das áreas acadêmicas e administrativas, empresariais ou 
oficiais, é redigida em linguagem técnica, com características próprias de cada área. 
Há modalidades que são usuais em mais de uma área como, por exemplo, o 
relatório. 
 
 
 
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1.8. A IMPESSOALIDADE 
 A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita. No 
caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço Público (este ou aquele 
Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção); o que se comunica é 
sempre algum assunto relativo às atribuições do órgão que comunica; o destinatário 
dessa comunicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro órgão público, 
do Executivo ou dos outros Poderes da União. 
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado aos 
assuntos que constam das comunicações oficiais decorre: 
• Da ausência de impressões individuais de quem comunica: embora se 
trate, por exemplo, de um expediente assinado por Chefe de determinada Seção, é 
sempre em nome do Serviço Público que é feita a comunicação; 
• Da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com duas 
possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre concebido como público, 
ou a outro órgão público. Ambos os casos, temos um destinatário concebido de 
forma homogênea e impessoal; 
• Do caráter impessoal do próprio assunto tratado. Não há lugar na redação 
oficial para impressões pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma carta 
a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto literário. A 
redação oficial deve ser isenta da interferência da individualidade que a elabora. 
A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos valemos 
para elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda, para que seja alcançada a 
necessária impessoalidade. 
 
1.9. A LINGUAGEM DOS ATOS E COMUNICAÇÕES OFICIAIS 
A necessidade de empregar determinado nível de linguagem nos atos e 
expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio caráter público desses atos e 
comunicações; de outro, de sua finalidade. As comunicações que partem dos 
órgãos públicos federais devem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão 
brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso de uma linguagem restrita a 
determinados grupos. Não há dúvida que um texto marcado por expressões de 
circulação restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, 
tem sua compreensão dificultada. 
A língua escrita, como a falada, compreende diferentes níveis, de acordo 
com o uso que dela se faça. Por exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos 
valer de determinado padrão de linguagem que incorpore expressões extremamente 
pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico, não se há de estranhar a presença 
do vocabulário técnico correspondente. Nos dois casos, há um padrão de linguagem 
que atende ao uso que se faz da língua, a finalidade com que a empregamos. 
O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por sua 
finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, eles requerem o uso do 
padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão culto é aquele em que a) se 
observam as regras da gramática formal, e b) se emprega um vocabulário comum ao 
conjunto dos usuários do idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do 
 
 
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uso do padrão culto na redação oficial decorre do fato de que ele está acima das 
diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, 
das idiossincrasias lingüísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a 
pretendida compreensão por todos os cidadãos. 
Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de expressão, 
desde que não seja confundida com pobreza de expressão. De nenhuma forma o 
uso do padrão culto implica emprego de linguagem rebuscada, nem dos 
contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem, próprios da língua literária. 
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um "padrão oficial de 
linguagem"; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É 
claro que haverá preferência pelo uso de determinadas expressões, ou será 
obedecida certa tradição no emprego das formas sintáticas, mas isso não implica, 
necessariamente, que se consagre a utilização de uma forma de linguagem 
burocrática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá 
sempre sua compreensão limitada. 
A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações que a 
exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado. Certos rebuscamentos 
acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a determinada área, são de difícil 
entendimento por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado, 
portanto, de explicitá-los emcomunicações encaminhadas a outros órgãos da 
administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos. 
Observações para ajudá-lo construir um bom texto oficial: 
 
• Evite a linguagem técnica. O excesso de linguagem técnica, em vez de 
afirmar competência, revela superficialidade. 
 
Exemplo: “Inolvidável consignar-se que o tema eleito para disciplina 
legislativa também se apresenta insurgente ao interesse público, nos moldes em que 
foi vazada.” 
 
• Evite o uso excessivo de substantivos abstratos. Os substantivos abstratos 
criam a ilusão de profundidade das idéias e contribuem para a obscuridade do texto. 
 
Exemplo: “O modelo de desenvolvimento privilegia o incorporamento das 
funções e descentralização decisional, em uma visão orgânica e não totalizante”. 
 
• Ao escrever seu texto oficial lembre-se, sempre , no destinatário e não 
exija que ele mantenha um dicionário ao lado para decodificar o seu texto, pois isso 
significa perda de tempo e é fator de desmotivação. Prefira sempre palavras de um 
repertório culto, porém simples, pois é, de todo inconveniente, o uso de vocabulário 
prolixo, como se usava no Brasil até a década de 70. 
 
• Evite o parágrafo longo. Para corrigir a tendência ao parágrafo longo e com 
falta de clareza, basta interpretar qual a ideia principal e quais as secundárias, 
transformamos o parágrafo longo em mais um curto e mais claro. 
 
• Evite a frase centopéica. Deve-se tomar cuidado com a frase desdobrada 
ou centopéica, que sobrecarrega de informações o parágrafo, dando a impressão de 
que ele nunca terminará, exigindo do receptor um grande esforço para decifrá-la. Se 
 
 
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a oração principal se torna distante de seu fecho, a frase, além, de obscura, fica 
incompreensível. Esse tipo de construção desnorteia o leitor e não destaca a ideia 
central, prejudicando o sentido do texto. 
 
1.10. FORMALIDADE E PADRONIZAÇÃO 
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, obedecem a 
certas regras de forma: além das já mencionadas exigências de impessoalidade e 
uso do padrão culto de linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de 
tratamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao correto emprego deste 
ou daquele pronome de tratamento para uma autoridade de certo nível (v. a esse 
respeito 2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento); mais do que isso, a 
formalidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto 
do qual cuida a comunicação. 
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária uniformidade 
das comunicações. Ora, se a administração federal é una, é natural que as 
comunicações que expede sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse 
padrão, uma das metas deste Manual, exige que se atente para todas as 
características da redação oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. 
A clareza datilográfica (digitada), o uso de papéis uniformes para o texto 
definitivo e a correta diagramação do texto, são indispensáveis para a padronização. 
 
1.11. CONCISÃO E CLAREZA 
A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto oficial. 
Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informações com um 
mínimo de palavras. Para que se redija com essa qualidade, é fundamental que se 
tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o necessário 
tempo para revisar o texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes se 
percebem eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias de idéias. 
 
A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial.. Pode-se definir 
como claro aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto 
a clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das demais 
características da redação oficial. Para ela concorrem: 
• A impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações que poderia 
decorrer de um tratamento personalista dado ao texto; 
• O uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de entendimento geral e 
por definição, avesso a vocábulos de circulação restrita, como a gíria e o jargão; 
• A formalidade e a padronização, que possibilitam a imprescindível 
uniformidade dos textos; 
• A concisão, que faz desaparecer do texto os excessos lingüísticos que 
nada lhe acrescentam. 
É pela correta observação dessas características que se redige com clareza. 
Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo texto redigido. A ocorrência, em 
textos oficiais, de trechos obscuros e de erros gramaticais provém principalmente da 
falta da releitura que torna possível sua correção. 
 
 
 
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PARTE II 
 
2. CARACTERÍSTICAS DA REDAÇÃO: QUALIDADES E 
DEFEITOS 
 
Estas são as características de um texto moderno: 
 
• Concisão; 
• Objetividade; 
• Clareza; 
• Coerência; 
• Linguagem formal, linguagem informal e não rebuscada; 
• Correção gramatical. 
 
Concisão – significa expressar o máximo de informação com o mínimo de 
palavras. Procura-se informar o que se deseja sem os subterfúgios e os clichês, que 
marcaram o estilo brasileiro até a década de 70. Para atingir esse objetivo há de se 
determinar com precisão as informações realmente relevantes, bem como avaliar 
com precisão o significado das palavras e das expressões utilizadas. 
Apesar de o conceito de concisão se relacionar com uma ideia utilitarista da 
mensagem, ele não deve significar um empobrecimento, mas uma forma mais 
enxuta e condensada de apresentação pelo destinatário. A redação técnica moderna 
privilegia técnicas de expressão que estimulam a compreensão imediata da 
mensagem, apresentando as informações de modo que elas façam sentido na 
mente do destinatário. 
 
Vejamos um exemplo de parágrafo não conciso: 
 
Em razão do questionamento da Presidência quanto à inclusão ou não de 
despesas empenhadas e não pagas no exercício na Conta Restos a Pagar, 
solicitamos melhores esclarecimentos sobre o assunto, considerando os termos do 
art. 38 da Lei 4.320, que determina a reversão das despesas anuladas à dotação 
orçamentária do próximo exercício. 
 
Veja agora o parágrafo conciso: 
 
Solicito a V.S.ª orientação sobre a classificação de Restos a Pagar 
Cancelados fora do exercício de emissão. 
 
Como você pode perceber, a concisão não é uma qualidade tão fácil de ser 
atingida, pois ela supõe uma capacidade de síntese relacionada à capacidade de 
articulação lingüística do emissor. 
 
 
 
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Para reduzir um texto, é necessário estar alerta aos elementos que, 
realmente, são dispensáveis. Sem dúvida, quanto maior o vocabulário de uma 
pessoa, mais ela será capaz de lidar com os diferentes vocábulos e significados. 
 
Outro exemplo de texto inadequado: 
 
Temos a satisfação de levar ao conhecimento de V.S.ª que, nesta data, pela 
Transportadora Transnorte e, em atendimento ao seu prezado pedido nº 432/09, de 
18 de setembro de 2009, demos encaminhamento, pela Nota Fiscal nº 267, às 
mercadorias solicitadaspelo Departamento de Compras de sua conceituada 
empresa. 
 
Reescrevendo o texto e aplicando a concisão, teremos o seguinte exemplo: 
 
Informamos que as mercadorias constantes de seu pedido nº 432/09 foram 
encaminhadas, na data de hoje, pela Transportadora Transnorte, junto à nota fiscal 
nº 267. 
 
Objetividade – refere-se às idéias que são expressas. Em toda situação de 
comunicação há inúmeras idéias que permeiam a informação e todas elas estão, 
direta ou indiretamente, ligadas ao assunto. Mas para expressar-se com 
objetividade, deve-se estar atento para expor ao destinatário as idéias relevantes 
(principais), retirando do texto todas as informações consideradas supérfluas, que 
levam o leitor a perder o foco do assunto tratado. A questão principal, quando se fala 
em objetividade, é saber definir quais são as informações relevantes que desejamos 
transmitir naquele momento. Não devemos esquecer jamais de que um texto técnico 
tem um destinatário e que a correspondência não deve nunca ser um papel a mais, 
sem uma função específica. 
Temos três etapas para redigir com objetividade o texto técnico ou oficial: 
 
1ª etapa: identificar a ideia principal. 
2ª etapa: identificar as ideias secundárias. 
3ª etapa: quais idéias interessam ser expressas e quais devem ser 
dispensadas. 
 
Ideia principal é aquela que tem de ser transmitida ao destinatário, do 
contrário a comunicação torna-se ineficaz. Ideias secundárias é aquela que pode 
estar presente no texto, mas, se não estiver, não prejudica o resultado final, isto é a 
eficácia. 
 
Clareza – o motivo pelo qual se considera a clareza uma das características 
mais difíceis de ser obtida está no fato de, para aquele que emite a mensagem, a 
idéia já estar clara em sua mente, ou seja, o emissor julga estar se expressando 
com a necessária clareza, pois a idéia que está formulando lhe é familiar. A 
conseqüência direta é uma falta de percepção apurada sobre o próprio enunciado, 
uma vez que a sua mente está conectada com a idéia. Portanto, ele não percebe as 
falhas ou lacunas de sentido que possa haver na passagem das idéias para as 
palavras. 
 
 
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Segundo o Professor Rocha Lima, estudioso da Língua Portuguesa, 
devemos perseguir dois objetivos para nos expressarmos com clareza: educar a 
nossa capacidade de organização mental; aprender a pôr em execução 
convenientemente o material idiomático. 
Devemos lembrar sempre que para maior clareza, no texto, é imprescindível 
o uso de vocabulário simples, embora formal, e, também, é fundamental o uso de 
parágrafos menores, com divisão mais explícita de idéias principais e secundárias. 
 
Coerência - a língua escrita exige um rigor e uma disciplina de expressão 
muito maiores do que a língua falada, obrigando o emissor a se expressar com 
harmonia, tanto na relação de sentido entre as palavras, quanto no encadeamento 
de idéias dentro do texto. 
Quando existe harmonia entre as palavras, isto é, quando elas apresentam 
vínculos adequados de sentido, e quando a mensagem se organiza de forma 
seqüenciada, tendo um início, um meio e um fim. A conexão entre as palavras exige 
o conhecimento do significado delas e o melhor meio de adquiri-lo é por meio da 
leitura. Os problemas de incoerência entre as palavras são, muitas vezes, causados 
pela confusão entre o que realmente se diz e aquilo que se quis dizer. 
 
Linguagem formal, linguagem informal e não rebuscada – por que 
devemos utilizar a linguagem formal e não a coloquial, nos textos técnicos ou 
oficiais? Porque a linguagem escrita formal evita: 
- o uso de termos compreendidos só por uma das partes envolvidas na 
comunicação; 
- o uso de expressões informais, tende a evocar mais intensamente nossas 
reações emocionais. Essas expressões determinariam a quebra de uma 
imparcialidade na transmissão da informação e a possibilidade, de descrédito da 
mensagem; 
- a coerência de quebra dos procedimentos gramaticais que constroem a 
imagem de letramento, isto é, de um grau de escolaridade propiciador de 
credibilidade. 
- Observe que já estudamos Níveis de Linguagem no item 1.6 
 
Os Vícios: verbosidade, chavões (ou clichês) e jargão 
Para que um texto se qualifique como adequado, nos tempos atuais, é 
fundamental que ele esteja desembaraçado de vários vícios presentes há até bem 
pouco tempo. É sempre bom esclarecer que vício é um hábito que se tornou padrão, 
adquirindo um caráter negativo. 
 
Verbosidade - é a característica de dizer de forma complexa o que pode 
ser dito de maneira mais simples. Você já deve ter lido diferentes textos que 
apresentavam informações de maneira rebuscada, dando a impressão de que se 
desejava ostentar uma linguagem culta. Veja o exemplo com erro: 
 
Acompanhe o rebuscamento de um memorando elaborado pelo Setor de 
Material de uma empresa. 
 
Como resultante de persistente e continuado suprimento insatisfatório do 
componente &-7 (arruela de equilíbrio do rotor interno), foi determinado pela 
 
 
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autoridade competente que adicionais e/ou novos fornecedores do componente 
acima mencionado deveriam ser procurados com vistas a aumentar o número de 
peças que deveriam ser mantidas disponíveis no armazém de depósito. 
 
Este parágrafo é: 
 
• Monótono e repetitivo: “persistente e continuado”, “do componente acima 
mencionado”; 
• Impreciso: “autoridade competente”; 
• Demasiadamente prolixo: “com vistas a aumentar o número de peças que 
deveriam ser mantidas no armazém de depósito”. 
 
Deve haver uma adequação da linguagem empregada em cada situação e 
certamente uma forma rebuscada e artificial não atende à necessidade moderna, 
tanto empresarial como oficial, na rapidez das decisões. 
O rebuscamento deve ser necessariamente suprimido em nome de um 
contexto mercadológico que exige uma informação de mais rápido entendimento e 
maior agilidade de resposta. 
 
Outro exemplo com erro: 
 
Observe a carta emitida por uma associação de classe profissional. 
 
Solicitamos o pagamento das mensalidades nas datas aprazadas no dito 
carnê, colaborando destarte para a manutenção precípua deste sodalício na 
orientação e assistência dos seus associados. 
 
 
Exemplo corrigido: 
 
Solicitamos o pagamento das mensalidades até as datas de vencimento 
constantes do carnê. 
 
 
Observe o quadro de verbosidades: 
 
Expressões evitáveis Substituir por 
 
Acima citado citado 
Encarecemos a V.S.ª solicitamos 
Somos de opinião que acreditamos, consideramos 
Temos em nosso poder recebemos 
Temos a informar que informamos 
Tendo em vista o assunto em epígrafe tendo em vista o assunto citado 
Levamos a seu conhecimento informamos 
Causou-nos espécie a decisão causou-nos estranheza, fomos surpreendidos, 
 Estranhamos___________________________________________________________________________________________________________ 
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Consternou-nos profundamente lamentamos profundamente 
Devido ao fato de que devido a, por causa de, em virtude de 
Para dirimir dúvidas para esclarecer dúvidas 
Precípua principal 
Destarte dessa forma, dessa maneira 
Referenciado referido 
Desiderato colimado objetivo 
Aproveitando o ensejo, anexamos anexamos 
As palestras já estão inseridas as palestras já estão na 
No contexto da programação programação 
Via de regra, os procedimento geralmente os procedimentos 
Devemos concluir, de acordo com concluímos que 
Antecipadamente somos gratos agradecemos 
 
 
Chavões - expressões antiquadas, porém já condicionadas a pertencer ao 
texto técnico (oficial), denominam-se chavões. Chama-se chavão um vício de estilo 
já incorporado como linguagem do texto técnico. 
Alguns chavões contêm erros gramaticais ou semânticos, mas outros são 
apenas expressões que, de tanto uso, tornaram-se muletas que convêm evitar, uma 
vez que não conferem ao texto a necessária autenticidade. 
 
A principal razão da eliminação dos chavões diz respeito à eficácia do texto. 
Exemplos de chavões: Outrossim, debalde, destarte. 
 
• Outrossim, anexamos a este ofício a cópia do comprovante de 
vencimentos... 
• Outrossim, informamos que não será possível... 
• Debalde nossos esforços, esclarecemos que não nos será possível... 
 
A palavra “outrossim”, embora seja de fato muito expressiva, já que pode 
ser empregada em vários sentidos, não deve mais ser usada nos textos modernos. 
Seu uso, hoje em dia, é absolutamente inadequado por já ser considerado um 
chavão. Nesse contexto, incluem-se debalde, destarte e outras que, embora 
expressivas, denotam o uso de um padrão de linguagem que, por ser muito culto, 
extrapola a qualidade valorizada nos dias de hoje: a simplicidade. 
 
Observe alguns chavões muito usados em introduções: 
 
1. Vimos, através desta, solicitar... 
A palavra através significa atravessar, fazer travessia, portanto, pode- se ver 
através da vidraça, pode-se enriquecer através dos anos, mas não se pode, por 
exemplo, “aprovar o aumento através do decreto nº 33”, pois decreto não é 
atravessado para que o aumento aconteça: pode-se somente “aprovar o aumento 
por meio do decreto”. Logo, não é correta e não deve ser usada a expressão: 
“através desta carta.” 
 
 
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2. Venho, pela presente, solicitar a V.Sª... 
Já que pela “ausente” não se solicita nada, a expressão “pela presente” 
torna-se óbvia e absolutamente dispensável. 
 
3. Solicitamos a V.S.ª a inclusão de Antonia Mara no curso de... 
O pronome de tratamento V.S.ª só será utilizado quando o destinatário exigir 
formalidade, ou por ser de hierarquia superior, ou por tratar-se de destinatário 
externo com quem se deseja manter tal formalidade. 
 
4. Acusamos o recebimento de seu ofício... 
Hoje em dia não se utiliza mais o verbo acusar nos textos técnicos. 
 
5. Em resposta ao contrato referenciado... 
Não existe a palavra “referenciado”, tão usada nos textos, substitua-a pela 
forma correta: mencionado, referido ou citado. 
 
Chavões em fechos: 
 
1. Reiteramos os protestos de levada estima e consideração. 
Esse fecho, exemplo clássico de chavão utilizado em ofícios e 
insistentemente usado por setores do judiciário, está anacrônico desde 1982, 
quando a Instrução Normativa nº 133 do Departamento de Administração do Serviço 
Público recomendou a sua substituição por fechos mais simples. Além disso, esse 
fecho é inadequado por dois motivos: primeiro, por sua incoerência em termos de 
significação; segundo, por seu caráter de chavão burocrático, que, como tantos 
outros, deve ser evitado. 
 
2. Sem mais para o momento. 
Ao analisar o significado dessa frase, percebe-se que ela indica com rudeza 
que não se tem mais nada para acrescentar, portanto, só deve ser usada em 
comunicações em que não se pretenda encerrar de forma polida, como em cartas de 
cobrança ou similares. 
 
Coloquialismo excessivo - é o nome dado à maneira informal de nos 
comunicarmos. É o registro de linguagem que usamos em família. Como cada 
padrão de linguagem deve atender à finalidade para qual é empregado, podemos 
concluir que o coloquialismo não é a forma adequada à comunicação técnica escrita 
– mesmo que esta se dê por correio eletrônico. 
Simplicidade na redação é uma qualidade, já excesso de informalidade é 
considerado falta de credibilidade. 
Exemplo de correio eletrônico em que o usuário não soube se expressar 
adequadamente: 
O objetivo da minha ida a Recife era treinar 11 colegas. Só que eu treinei 
somente três colaboradores, lá o sistema é deficiente para a procura. Das 16 horas 
que eu fiquei no local para cumprir a minha obrigação, lógico que era uma 
obrigação, quando foi solicitado um treinamento e ele foi atendido por parte porque 
só consegui no segundo dia 4 horas direto, das 8 às 12 horas e no primeiro dia 
 
 
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consegui nas quatro primeiras horas pingando sistema fora do ar foram 02 
colaborados, à tarde só dor de cabeça. 
 
Jargão - dá-se o nome de Jargão à maneira característica e específica de 
um determinado grupo se comunicar. Por exemplo: os advogados têm a sua 
linguagem própria, os economistas também têm a sua. Porém, toda a linguagem de 
um grupo fechado deve sofrer uma adequação quando o grupo de destinatários se 
amplia, pois a linguagem deverá atingir também as pessoas que não dominam o 
jargão do grupo. 
 
2.1 DIFICULDADES DA NORMA CULTA 
• à medida que/na medida em que 
À medida que (locução proporcional) – à proporção que, ao passo que, 
conforme: Os preços deveriam diminuir à medida que diminui a procura. Na medida 
em que (locução causal) – pelo fato de que, uma vez que: Na medida em que se 
esgotaram as possibilidades de negociação, o projeto foi integralmente vetado. Evite 
os cruzamentos – bisonhos, canhestros – *à medida em que, *na medida que... 
 
• a partir de 
A partir de deve ser empregado preferencialmente no sentido temporal: A 
cobrança do imposto entra em vigor a partir do início do próximo ano. Evite repeti-la 
com o sentido de „com base em‟, preferindo considerando, tomando-se por base, 
fundando-se em, baseando-se em. 
 
• ambos/todos os dois 
Ambos significa „os dois‟ ou „um e outro‟. Evite expressões pleonásticas 
como ambos dois, ambos os dois, ambos de dois, ambos a dois. Quando for o caso 
de enfatizar a dualidade, empregue todos os dois: Todos os dois Ministros 
assinaram a Portaria. 
 
• anexo/em anexo 
O adjetivo anexo concorda em gênero e número com o substantivo ao qual 
se refere: Encaminho as minutas anexas. Dirigimos os anexos projetos

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