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SA-2014-LCL-MAmesis

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA 
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EDITORA DA UFSC 
D iretor Executivo 
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editora@editora.ufsc.br 
www.editora.ufsc.br
Luiz Costa Lima
MÍMESIS
desafio ao pensamento
2a edição revista,
com nova introdução e
com posfácio de Sérgio Alcides
í \Ü IIÉ editora ufsc
2014
mailto:editora@editora.ufsc.br
http://www.editora.ufsc.br
© 2014 Luiz Costa Lima
Ia ed., Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2000.
Direção editorial:
Paulo Roberto da Silva
Capa:
Leonardo Gomes da Silva
Editoração:
Tais Andrade Massaro
Revisão:
Letícia Tambosi
Ficha Catalográfica
(Catalogação na publicação pela Biblioteca Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina)
L732m Lima, Luiz Costa
Mímesis : desafio ao pensamento / Luiz Costa Lima. 2. ed. rev. - Florianó­
polis: Ed. da UFSC, 2014.
336 p.
Inclui bibliografia e índice
1. Mimese na literatura. 2. Literatura - Filosofia. I. Título.
CDU: 82.09
ISBN 978-85-328-0680-2
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser 
reproduzida, arquivada ou transmitida por qualquer meio ou forma 
sem prévia permissão por escrito da Editora da U FSC . 
Impresso no Brasil
You must go on, I carít go on, I ’ll go on.
Samuel Beckett, The unnamable, 1949
Wir wollen gehen; dann brauchen w ir die Reibung. Zurück aufdenn rauhen Boden!
(Queremos seguir! Por isso precisam os de atrito. R egressar à terra áspera)
Ludwig Wittgenstein, Philosophische Untersuchungen, #107,1953, 
texto póstumo, edit. por G. E. M. Ascombe, G. H. von Wright, R. Rhees
306 M ÍMESIS: DESAFIO AO PENSAMENTO
X EN O FO N T E : M emorabilia, trad . e anotações de A. L. B onnette , C ornell U niversity 
Press, Ithaca e Londres, 1994.
Z A M M IT O , J. H.: The genesis o fK a n t ’s C ritique of judgem ent (1992), T he U niversity of 
C hicago Press, C hicago-L ondres.
Posfácio
Um livro-limite
Sérgio Alcides
“A mímesis, portanto, lança o sujeito para fora de si” - afirma Luiz Costa 
Lima na preciosa entrevista que acompanha esta segunda edição de Mímesis: 
desafio ao pensamento. O teórico explicava à entrevistadora, Aline Magalhães Pinto, 
como a atração mimética pela alteridade move um desejo específico, uma busca 
de identificação que se dá em nível pré-reflexivo: não é ao entendimento e sim à 
imaginação que esse desejo apela. Por essa fresta se insinua a própria possibilidade 
da ficção.
A curta frase citada parece evocar todo o itinerário teórico ao qual o autor 
tem dedicado seus melhores esforços, há mais de três décadas. Trata-se de um arco 
tão vertiginoso quanto improvável: a reconsideração da mímesis, empreendida 
a contrapelo de todas as expectativas, quando o velho conceito grego se achava 
relegado ao mais completo desprezo, num momento histórico de crise das práticas 
culturais que ele ajudara a criar, e a partir de um ângulo periférico, no desamparo 
de tradições filosóficas e teóricas próprias, que acolhessem a empreitada, a qual 
ainda assim não poderia ser sequer esboçada sem uma ampla rediscussão das fontes 
mais centrais do pensamento e da literatura do Ocidente.
Mímesis: desafio ao pensamento marca um dos ápices desse itinerário, ao 
mesmo tempo em que imprime nele um ponto de inflexão abrupto: impossível 
sem o que viera antes, decisivo para o que viria depois. “O que aqui se discute é 
um livro-lim ite” - diz Costa Lima, na mesma entrevista. O acaso não deixou de 
contribuir com ironias e coincidências, no momento da primeira publicação. Era 
o ano 2000, arredondado para a troca de milênio, às vésperas dos acontecimentos 
que em setembro de 2001 trariam de volta aos corações e às mentes o terror do 
irrepresentável e, logo, a necessidade de compreender melhor a representação. Isto, 
num contexto global. O contexto local também se aproximava de uma virada, com a 
estagnação trazida pela adoção sistemática de políticas neoliberais que prometiam 
enterrar para sempre o projeto oitocentista que a editora insistia em relembrar, pelo 
nome, de uma “civilização brasileira”.
Nesse cruzamento, o aspecto mais importante da inflexão impressa por 
este livro diz respeito à contribuição original e inesperada que nele Costa Lima 
dá à crítica contemporânea à metafísica do sujeito moderno. A descoberta de que 
a mímesis “lança o sujeito para fora de si” obrigava o autor a também reconsiderá-
308 MÍMESIS: DESAFIO AO PENSAMENTO
lo, como um passo indispensável à reconsideração maior que se desenrolava desde 
muito antes. Isto implicava aumentar o risco de ser tido como um especialista em 
trastes obsoletos. Costa Lima já era aquele que reivindicava um termo grego contra o 
caráter antirrepresentacional dominante no pensamento estético desde pelo menos 
o início do século XX . Agora chegara sua vez de questionar também a “morte do 
sujeito” declarada por alguns dos maiores nomes do “pós-estruturalismo”, ao som de 
amém nas principais universidades do mundo e do país. No entanto, seria impossível 
confundir a divergência aqui com o reacionarismo de quem simplesmente tapa os 
ouvidos, os olhos e a boca diante de tudo o que não conste no sumário de seus 
velhos manuais escolares. Em Costa Lima, a retomada da mímesis não significa a 
volta a um primado da realidade na teoria da representação; ao contrário, seus dois 
momentos inaugurais trataram de distingui-la da mera reprodução de semelhança 
(como “produção de diferença”) e dos mal-entendidos despertados pela tradução do 
termo grego por imitatio, em latim. Da mesma forma, ao reabrir a questão do sujeito, 
o autor faz o oposto do que seria um plaidoyer pela solaridade do “eu” substancial 
e cogitológico, fonte estável de sua identidade e de suas manifestações: o “sujeito 
fraturado” aqui descrito se mostra, antes, acêntrico e heterodirigido.
Uma vez empreendido, o enfrentamento da questão do sujeito neste livro 
parece uma tendência quase espontânea do itinerário teórico que Costa Lima 
vinha seguindo desde que abandonara a orientação estruturalista de seus primeiros 
trabalhos - ao se aproximar do campo das estéticas da recepção e do efeito, no 
final da década de 1970. É neste sentido que se pode dizer que Mímesis: desafio ao 
pensamento leva a um ponto-limite as implicações despertadas na teoria do “controle 
do imaginário”. Esta mostrara como os modos dominantes da razão ao longo dos 
tempos modernos procuraram levantar barreiras aos potenciais disruptivos da 
imaginação, uma instância não movida nem pelo entendimento nem pela percepção 
sensória. Mas essa correlação não estaria inteiramente esclarecida sem o exame 
crítico da concepção de sujeito que está pressuposta nessa racionalidade, e que com 
ela se desenvolveu historicamente. O controle do imaginário se exerce exatamente 
a partir da ideia de um sujeito unitário, comandante de suas representações: “sendo 
a mímesis um modo de representação”, diz Costa Lima, “ela não passaria de uma das 
emanações do sujeito”.
Isto nos ajuda a entender a relação de desdobramento e aprofundamento 
que se nota quando relemos este livro pensando nos primeiros pontos altos da 
retomada costalimiana da mímesis, que se dão na seqüência iniciada com O controle 
do imaginário: razão e imaginação no Ocidente (1984, revisto em 1989) e continuada 
com Sociedade e discurso ficcional (1986) e com O fingidor e o censor, no Ancien Régime, 
no Iluminismo e hoje (1988). E significativo que só depois de levar o “desafio ao 
pensamento” à zona limítrofe do “sujeito fraturado” Costa Lima tenha se animado a 
reunir esses três livros anteriores, em Trilogiado controle (2007). Mais que um evento
P o s f á c io | UM LIVRO-LIM ITE 309
editorial e uma oportunidade de revisão, tratava-se ali de consolidar uma versão 
acabada. E o volume resultante saiu do prelo com esse ar de pedra fundamental, 
com a espessura de suas quase mil páginas.
No entanto, a chegada a um limite também funda uma origem, um recomeço. 
Daí não ser possível compreender sem este livro os principais acréscimos que vieram 
depois, já neste século: História. Ficção. Literatura (2006), O controle do imaginário & 
a afirmação do romance (2009) e A ficção e o poema. Antonio Machado, W. H. Auden, P. 
Celan, Sebastião Uchoa Leite (2012).
O primeiro deles reata e desenrola uma série de problemas que vinham 
surgindo como questões subsidiárias ao veio principal da teorização de Costa 
Lima, sobretudo quanto à discussão sobre os aspectos discursivos da historiografia 
- questão à qual o autor se dedicou com bastante intensidade nos anos 1990, mas 
ainda parecia uma espécie de “ponta solta” da sua obra. Salvo engano, é em Mímesis: 
desafio ao pensamento que o autor percebe com inteira nitidez que seu interesse pela 
teoria da história não era uma digressão e sim uma demanda da própria teoria do 
controle. Por exemplo, quanto ao privilégio do factual sobre o representacional, que 
liga o prestígio da história à sua disposição “montada sobre representações validadas 
por fatos comprováveis”. Ou quanto ao atrelamento entre a literatura e a nação: “a 
história nacional da literatura reintroduzira a mímesis, ainda quando, teoricamente, 
a renegasse (como sinônimo de imitação)”. Esses aspectos e outros serão repensados 
e aprofundados em conjunto na primeira parte de História. Ficção. Literatura - mas 
sempre a partir da base estabelecida neste livro, principalmente no que concerne 
à rediscussão da teoria do sujeito. Porque é neste livro que o autor destaca as 
conseqüências da concepção unitária do sujeito moderno, entre as quais está “o 
privilégio da história como a encarnação da ciência do homem pour excellence”.
Sobre o segundo ponto alto entre as obras mais recentes do autor, seria 
possível apontar muitos laços com o legado de Mímesis: desafio ao pensamento, 
inclusive por se tratar de uma nova revisão da teoria do controle a partir dos ramais 
percorridos por Costa Lima desde o livro-limite do ano 2 0 0 0 . Era como repisar o 
itinerário de sua questão vital, mas usando calçados novos em folha, que permitiam 
a visita a desvios antes inacessíveis. Mas talvez o nexo mais arrojado se dê apenas 
no terceiro dos grandes livros “zerocentistas” - e é justamente com a teorização que 
lhe serve de abertura, sobre a “mímesis zero”.
O estudo dessa formulação é particularmente sugestivo, por exemplificar 
bem o entra e sai das ideias de Costa Lima. “Sequer lembrava que a nomeara”, 
disse o autor à sua arguta entrevistadora, em 2007, antes de ele finalmente se deter 
sobre o assunto, alguns anos depois. No livro-limite, a “mímesis zero” aparece 
repentinamente, depois de uma “pequena nota” em torno de Freud, ao final do 
capítulo decisivo acerca do sujeito moderno. Este aparecera aí caracterizado 
como ser fraturado, constituidor do horizonte de expectativas onde se projeta
310 M ÍMESIS: DESAFIO AO PENSAMENTO
uma “representação-efeito”, irredutível a uma cena referencial que lhe embasasse 
empiricamente. Diz Costa Lima que “a mímesis já traz consigo as formas sociais 
da realidade”, para em seguida indagar: “Mas que dizer daquele instante em que 
a mímesis apenas parte, sem ainda estar imantada por um objeto? Chamemos esse 
estado de mímesis zero”. Vinha então a leitura de “M attina”, uma espécie de poema 
instantâneo de Giuseppe Ungaretti. Era apenas o amanhecer de uma indagação que 
não poderia ter nascido antes dos conceitos de “sujeito fraturado” e “representação- 
efeito” - que são as principais contribuições teóricas deste livro. Praticamente isento 
de referências, o poema italiano prescinde de interpretação, “movimento que nasce 
de o receptor procurar dar sentido ao efeito que o mímema lhe proporcionou” (grifo 
do autor). Costa Lima então remete à perspectiva “não hermenêutica” aberta por 
seu interlocutor Hans Ulrich Gumbrecht, mas acaba desenhando uma noção que 
este certamente levaria em conta em trabalho posterior: essa “mímesis zero” estaria 
ligada a uma “experiência da presença”, na qual o sentido se dá sem demandar que 
interpretem sua base. No entanto, é como se a ideia ocorresse ao teórico brasileiro 
apenas como arremate para o capítulo que expunha uma visão do sujeito como 
“multiplicidade de fraturas”. “Em casos excepcionais”, conclui Costa Lima, “sua 
produção se dá entre essas próprias fraturas. Ou melhor, na simulação de um estado 
anterior às suas fraturas” (grifo do autor).
A condição limítrofe deste livro permite então que esse mero raiar de um 
problema evoque uma fonte muito anterior, recuada até o momento inaugural 
mesmo do deslanchar da obra madura de Costa Lima. A mímesis zero, diz ele, 
se distingue “porque pouco deve ao mundo, mas, ao contrário cria uma situação 
de mundo”. Surpreendentemente, o autor então a identifica como a “mímesis da 
produção” teorizada em Mímesis e modernidade (1980) e aí contraposta a uma “mímesis 
da representação”, levando ao argumento que propunha estar a operação mimética 
mais voltada para a diferença do que para a semelhança.
Em 2007, instigado pela pergunta recebida, o entrevistado volta a se exercitar 
em volta da mesma noção, que reconhece ter desaparecido de sua mente. “Hoje”, 
afirma, “a pensaria como a mímesis em estado puro”, ou seja, “anterior a alguma 
configuração concreta”. Essa pureza mimética haveria então de levar em conta os 
parâmetros que o teórico neste livro considerou como próprios da mímesis: “a pré- 
reflexividade demandante de uma identificação (o desejo)”.
Era ainda bem pouco diante da primeira versão mais acabada dessa frente de 
trabalho, que o autor apresentou no encerramento de um ajornada Luiz Costa Lima 
que foi realizada em M ariana-M G, no Instituto de Ciências Humanas e Sociais da 
Universidade Federal de Ouro Preto (ICHS, Ufop), em novembro de 2010. A forma 
final apareceu como um preâmbulo de A ficção e o poema, já desprendida da noção de 
pureza que se insinuara no meio-tempo, mas novamente associada, embora de outro 
modo, à obra de Freud. A mímesis zero já começa a ser aí delineada como concernente
PdSFÁC IO | UM LIVRO-LIM ITE 311
não àphysis, ao mundo, e sim a si mesma, pela “energia que nela vibra”. O conhecedor 
dos primeiros meandros de O controle do imaginário certamente lembrará então da 
rediscussão da Poética de Aristóteles com que Costa Lima impugnou a tradição 
da imitatio - por excluir precisamente a enérgeia que o estagirita incluía na alçada 
mimética, que assim se estendia também à natura naturans, para além da natura 
naturata, como imitação não apenas do que já é, mas da própria possibilidade do ser 
em processo, da própria condição criadora da natureza.
Mas a importância que Aristóteles tem para aquele momento do itinerário de 
Costa Lima é comparável à que Kant passará a ter justamente a partir de Mímesis: desafio 
ao pensamento, com a ressalva de que o pensador prussiano já tinha sido abordado 
com maior profundidade em obra intermediária, Limites da voz (1993, reeditada em 
2005). E a ideia apenas enunciada no livro-limite poderia então ser desenvolvida, com 
um surpreendente cruzamento entre a estética transcendental kantiana e a teoria 
freudiana da libido. Entre outras operações teóricas, o autor correlaciona a teoria da 
sublimação da libido de Freud e a proposição da Terceira Crítica de Kant sobre o belo 
como “finalidade sem fim”. Argumenta Costa Lima então que a mímesis “se desvia do 
fim a que a libido, enquanto associada à pulsão, está condicionada” (grifo do autor). 
Esse desvio lhe permite “condensar sua energia no ‘corpo’ artificial que cria”, o qual 
assim se torna uma “finalidade sem fim”. A partir daí as pontas são reatadas com a 
conclusãoa que chegara um comentador de Freud, Mikkel Borch-Jacobsen, também 
antes citada e examinada no livro-limite: o verbo fundamental do desejo não é ter 
(usufruir de) e sim ser (ser como) - no que ele se equipara com o desafio da mímesis e 
sua irredutibilidade a uma cena referencial que a anteceda e determine. “O propósito”, 
explica o teórico, “não é de ter um outro” e sim “fazer surgir um outro: o ser do mímema” 
(COSTA LIMA, 2012, p. 27, grifo do autor). A mímesis zero, mais propriamente do 
que uma pureza, é teorizada por fim como um potencial inato, uma espécie de pulsão 
humana, independente da realidade e da própria subjetividade - instâncias que a 
atualização dela contribui decisivamente para configurar.
Assim, este livro tem uma importância ao mesmo tempo consolidadora e 
inseminadora - e é esta a especificidade contida na sua condição limítrofe. O que 
em nada diminui as contribuições inestimáveis que foram geradas nessa mesma 
interseção entre o já feito e o por fazer. Sobressaem aí os conceitos de “sujeito 
fraturado” e “representação-efeito”. A articulação entre ambos é torneada de um 
modo tão habilidoso que só pode ser descrito com uma palavra: elegância. Uma 
simples frase basta para explicitá-la, apesar da extrema complexidade que ela oculta: 
"Muito embora a representação-efeito continue a ter como sede engendradora o 
sujeito, sua tematização perturbava a concepção de um sujeito unitário”. Daí que 
esses dois construtos teóricos indefectivelmente costalimianos brotem um do 
outro e se entrelacem numa espécie de dança que só foi possível porque Costa Lima 
decidiu aceitar o “desafio ao pensamento” levantado pela mímesis.

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