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Transtorno do Espectro Autista: Características e Estratégias

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24/03/2023, 21:22 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/22
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA
AULA 1
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24/03/2023, 21:22 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/22
Prof. Bruno Luis Simão
CONVERSA INICIAL
“Indivíduos com transtorno do espectro autista têm condições e podem aprender! Eles podem se
comunicar!” (Prof. Bruno Luis Simão)
Antes de darmos continuidade à nossa conversa, faço-lhe um convite a reler a frase acima, pois
será sob essa perspectiva que conversaremos sobre o que é o transtorno do espectro autista (TEA) e,
mais à frente, sobre as avaliações, os modelos de rastreio e as intervenções práticas no TEA. Sabemos
que cada pessoa tem suas individualidades, suas habilidades, suas dificuldades e seus contextos, o
que claramente sabemos que influenciará sua aprendizagem. Porém, é desse ponto de vista, de que
crianças e adultos com TEA se comunicam e aprendem, que vamos nos guiar. Reforço, ainda, que
esse ponto de vista se baseia em evidências científicas e experiência prática!
Nosso objetivo, ao escrever o conteúdo desta aula, é levar o educando a conhecer as principais
características das pessoas com TEA, bem como conhecer e compreender as principais estratégias
utilizadas no processo pedagógico, obtendo-se assim maior inserção desses alunos no ambiente
escolar.
Incluir crianças com TEA atualmente é desafiador tanto para a família quanto para a escola.
Assim, podemos dizer que esse grupo de crianças é o que mais proporciona novos desafios,
principalmente ao ambiente escolar, em um processo inclusivo muito mais assertivo.
Nesta aula, discutiremos questões relacionadas a:
Os primeiros ditos sobre o autismo;
Os transtornos globais do desenvolvimento;
As classificações do autismo;
O autismo e o “transtorno mental”;
Transtornos do neurodesenvolvimento.
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Assim, esperamos que você consiga mergulhar nesse conteúdo, tão necessário para que
possamos cada vez mais apostar no aprofundamento interdisciplinar do autismo e, sobretudo, em
sua intervenção individualizada e diferenciada, de modo que o desenvolvimento holístico de tais
crianças e jovens seja mais frutuoso.
TEMA 1 – OS PRIMEIROS DITOS SOBRE O TEA
Hoje em dia, muito se fala sobre o trabalho de inclusão de alunos com deficiência nas salas de
aula regulares. Porém, poucas pessoas sabem que um longo percurso foi percorrido para que a
educação inclusiva chegasse ao que é hoje. Assim, mesmo que tenhamos conquistado mudanças e
procedimentos como grandes avanços, ainda se faz necessário ter a consciência de que ainda temos
muito a desenvolver e aprender.
Nesse sentido, entendendo que o TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento, afetando
principalmente a área da comunicação, muitas pessoas ainda podem ter uma ideia errônea de que o
indivíduo com espectro autista não aprende. Porém, já temos muitos estudiosos da área que
defendem e pesquisam a ideia da capacidade de aprender de um autista.
Também já existem estudos comprovando que, nas salas onde temos alunos autistas, o processo
inclusivo foi essencial para o bom desempenho, não só para toda a sala, mas para toda a instituição
escolar. O trabalho de incluir trata de saber respeitar, de saber acolher e de saber conviver com as
diferenças, bem como saber viver em sociedade, em comunidade.
O autismo é mais antigo do que podemos imaginar. Crianças autistas sempre estiveram
presentes, com seus modos “estranhos”, “diferentes”, mais recolhidas em seu mundo interno. A
definição do grego nos apresenta a identificação desse comportamento:
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De acordo com estudo de Bereohff (1993), por muito tempo o autismo foi considerado e
confundido de forma equivocada com uma forma de esquizofrenia cujo diagnóstico foi considerado
difícil. Durante muitos anos, os indivíduos autistas ficaram à mercê de condutas de avaliação que não
apresentavam clareza em sua organização. Muitos dos problemas que eram encontrados no que
definia o autismo eram reflexos da dificuldade de construção de estratégias e instrumentos
adequados para a avaliação e o diagnóstico desses indivíduos.
Leo Kanner e Hans Asperger foram os primeiros médicos a identificar métodos capazes de
identificar o autismo. Diversos foram os estudiosos que se debruçaram nos estudos sobre essa
condição, tendo como bases incontáveis teorias e caminhos. Teorias como a psicogenética travavam
a origem do autismo com a relação da ausência de afetividade por parte das famílias dos indivíduos
autistas. Atualmente esse tipo de conclusão não faz mais sentido, e comprovadamente já há estudos
que mostram que o autismo está relacionado com fatores de disfunção biológica estrutural ou
funcional, alterando o desenvolvimento e a maturação do sistema nervoso central.
Leo Kanner, médico psiquiatra (1943), publicou um artigo com o nome de Distúrbios autísticos de
contato afetivo na revista Nervous Child, que trazia o relato de 11 casos clínicos de indivíduos que
apresentavam uma diferente condição. Kanner identificou nos indivíduos autistas dificuldades
relacionadas a: desenvolvimento psicomotor; linguagem; sono; alimentação; um exagerado
isolamento. Outras características encontradas em seus estudos incluíram:
a incapacidade de estabelecer uma relação interpessoal;
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a comunicação estabelecida por ruídos ou por gestos;
a memória de repetição;
uma grande repetição de frases sem real significado (ecolalia);
a utilização de forma inadequada de pronomes em sua comunicação;
problemas com ruídos/sons fortes.
Assim, como qualquer outra patologia, quando apresentados de forma mais grave, os casos de
autismo são diagnosticados mais facilmente, porém vale ressaltar que diversos indivíduos autistas
apresentam um desenvolvimento motor normal, bem como um comportamento estranho para o que
se considera normal. Alguns indivíduos apresentam rejeição com o contato físico até mesmo com
seus familiares. Ao contrário de outros indivíduos, que apresentam a busca de um contato físico, às
vezes de forma excessiva, incluindo o contato estranho.
O que causa o autismo ainda é desconhecido, porém muitos estudos apontam que ele possa
estar relacionado à genética. Mello (2007) diz que vários pesquisadores acreditam que a origem
esteja associada a anormalidades em alguma parte do cérebro ainda não definida, e provavelmente
genética, ou em problemas ocorridos durante a gestação e na hora do parto.
Sendo hoje do conhecimento de todos, inspirando até mesmo filmes e séries, o autismo
apresenta uma grande variedade de características, bem como a presença de aparência normal em
grande parte dos indivíduos.
Por isso, é importante conhecermos um pouco de como esse transtorno foi sendo estudado, até
o que o caracteriza atualmente. Façamos, então, um breve passeio por sua história.
1908
Suíço Eugen Bleuler: médico psiquiatra que foi o primeiro a utilizar o termo autismo,
descrevendo assim o grupo de sintomas que estavam relacionados à esquizofrenia.1943
Austríaco Leo Kanner: médico psiquiatra, naturalizado nos Estados Unidos. Foi diretor do
Hospital Johns Hopkins, no setor de Psiquiatria Infantil;
Publicou a obra Distúrbios autísticos do contato afetivo, que descreve 11 casos de crianças com
características comuns relacionadas ao isolamento extremo (desde o início da vida) e ao desejo
pela preservação da mesmice. Dentre outras características observadas, destaca resposta
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incomum ao ambiente, maneirismos motores (estereotipados), insistência na monotonia
(possível resistência à mudança) e ecolalia;
Deu ênfase aos déficits de relacionamento social e de comportamentos incomuns.
1944
Austríaco Hans Asperger: pesquisador e médico psiquiatra quetem, como um dos seus
trabalhos mais famosos, o artigo A psicopatia autista na infância, publicado em 1945;
Destaca, em suas observações, o padrão de comportamento e as habilidades que ocorriam
principalmente em meninos. Essas crianças tinham características como deficiências sociais
graves, movimentos desordenados, falta de empatia, intenso foco em apenas um assunto,
sempre de interesse pessoal, e baixa capacidade em fazer amizades. Observou também que as
crianças apresentavam precocidade verbal e a habilidade de discorrer sobre temas de maneira
detalhada, vindo a ser chamadas de pequenos professores;
Seu principal trabalho foi lançado no período da Guerra e recebeu pouca atenção. Foi na
década de 1980 que seu nome foi reconhecido como sendo um dos pioneiros dos estudos
relacionados ao autismo.
1950
Durante a década, a natureza e a etimologia do autismo causaram intensa confusão entre os
especialistas. Acreditava-se que a causa do autismo estivesse ligada a pais não emocionalmente
responsivos, o que levaria à utilização do termo mãe geladeira, derivado da ideia da falta do
calor maternal a seus filhos;
Leo Kanner apresentou o termo, porém quem o popularizou foi o psicanalista Bruno
Bettelheim;
Logo após a Segunda Guerra Mundial, muitos trabalhos (sobre autismo) relacionados à
psicanálise surgiram, relatando apenas o impacto na vida das pessoas com o transtorno,
deixando de considerar questões genéticas e biológicas (sendo hoje as causas principais).
1952
É publicada, pela Associação Americana de Psiquiatria, a primeira edição do DSM (manual
diagnóstico e estatístico de doenças mentais);
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É nesse manual que foram registrados os critérios e as nomenclaturas padronizados para o
diagnóstico de transtorno mental;
Nessa edição, sintomas de autismo estavam classificados dentro de um subgrupo da
esquizofrenia infantil, não sendo considerado um diagnóstico separado.
1960
Foi crescente o número de evidências sugerindo o autismo como sendo um transtorno cerebral
presente desde a infância, indiferente da localidade ou grupo social e étnico racial;
Kanner, nesse período, percebeu que sua teoria relacionada à “mãe geladeira” causou uma
compreensão errônea perante as mães, tentando retratar-se publicando o livro Em defesa das
mães;
Posteriormente, essa ideia foi abandonada.
1965
A americana Temple Grandin – autista, com síndrome de Asperger – criou a máquina à qual deu
o nome de máquina do abraço. O aparelho tinha como principal função abraçar e acalmar
Temple e outras pessoas com o transtorno;
Temple se destacou por revolucionar práticas ainda hoje utilizadas em fazendas de abate,
indústrias pecuárias, entre outras, tornando-se uma profissional muito bem-sucedida;
Destacou-se também por ressaltar em suas palestras a importância de ajudar crianças autistas a
desenvolver suas potencialidades.
1968
Neste ano, foi lançada a segunda edição do DSM;
Nela os sintomas não traziam detalhes em algumas desordens – apenas eram classificados
como reflexo de grandes conflitos subjacentes e até mesmo reações de má adaptação aos
problemas da vida, que se enquadravam em uma distinção entre psicose e neurose.
1978
Uma nova classificação é proposta para o autismo. Dessa vez, Michael Rutter traz uma definição
que se baseia em quatro critérios;
O primeiro está relacionado ao atraso e desvio social não apenas como deficiência intelectual;
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O segundo relaciona-se a problemas de comunicação e, mais uma vez, não apenas em função
de deficiência intelectual associada;
O terceiro compreende comportamentos incomuns, como movimentos estereotipados e
maneirismos;
E o quarto e último: inicia-se antes dos 30 meses de idade;
Isso significa que, ao propor essa classificação para o autismo, Rutter cria um marco divisor na
compreensão do transtorno.
1980
Após a definição de Rutter e o grande número de pesquisas e trabalhos sobre autismo, uma
nova condição foi apresentada no DSM-III. Assim, o autismo foi reconhecido e classificado em
uma nova classe de transtornos – nesse momento, passou a ser classificado como fazendo
parte dos transtornos invasivos do desenvolvimento (TIDS).
1981
A psiquiatra inglesa Lorna Wing desenvolveu o conceito de espectro de condições para o
autismo;
Logo após, reforçou o termo síndrome de Asperger em uma referência à pesquisa realizada por
Hans Asperger. Esse trabalho revolucionou a forma como o autismo era considerado,
influenciando todo o mundo;
Lorna era pesquisadora clínica e mãe de uma criança com autismo, que sempre defendeu uma
compreensão mais clara e serviços mais assertivos para pessoas com autismo, bem como para
suas famílias;
É fundadora da National Autistic Society – NAS – e do Centro Lorna Wing, junto com Judith
Gold.
1988
Foi publicado um estudo pioneiro pelo psicólogo Ivar Lovaas, demonstrando como a terapia
comportamental intensa pode ajudar pessoas com autismo, trazendo uma esperança para os
familiares;
Nesse estudo direcionado à análise do comportamento, Ivar Lovaas apresentou 19 crianças
entre 4 e 5 anos, com diagnostico de autismo, submetidas a 40 horas de atendimento
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(intervenção precoce). Após dois anos, o quociente de inteligência (QI) dessas crianças havia
apresentado um aumento de 20 pontos em média. As crianças que não haviam passado por
esse tipo de terapia não apresentaram melhoras;
Nesse ano, o DSM substitui o termo autismo infantil por uma nomenclatura mais ampla,
transtorno de autismo, já com uma lista de critérios diagnósticos;
Ainda nesse mesmo ano, Rain Man foi apresentado como um dos primeiros filmes comerciais a
caracterizar um personagem com autismo. Esse título foi fundamental para que a
conscientização e a sensibilização sobre o transtorno fossem ampliadas a toda a opinião
pública.
1994
É lançado o DSM-IV, trazendo novos critérios para o autismo, assim como várias condições
possíveis de entrar na mesma categoria do TID. Todas foram avaliadas em um estudo
multicêntrico, que incluía mais de mil casos avaliados por mais de cem avaliadores clínicos;
Nessa ocasião, o sistema de avaliação do CID-10 e do DSM-IV tornam-se equivalentes para
evitar uma possível confusão entre pesquisadores, muitos deles espalhados pelo mundo e
guiados por sistemas nosológicos.
1998
Nesse ano, a revista Lancet publicou um artigo afirmando que algumas vacinas poderiam ser a
causa do autismo, dentre elas a tríplice (MMR – sarampo, catapora e rubéola). O autor do artigo
foi o inglês Andrew Wakefield;
O estudo foi fortemente criticado e desacreditado por outros cientistas, sendo descartada essa
possibilidade. Em maio de 2014, Andrew Wakefield perdeu o registro de médico, e a revista
Lancet se retratou e excluiu seu artigo dos arquivos, por falta de comprovação de resultados
daquilo que o cientista havia proposto;
Atualmente, mais de 20 estudos mostram que não há fundamento na associação do autismo à
vacina. Nos Estados Unidos, já temos outro estudo reforçando estudos anteriores
demonstrando a real inexistência de evidência científica que comprove tal suspeita.
2007
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Esse foi o ano escolhido para instituir o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. A data é
comemorada no dia 2 de abril e foi escolhida para chamar a atenção para o transtorno e, assim,
fazer com que a sociedade desperte seu interesse e compreenda melhor o que ele significa.
Isso promoveu a abertura de possibilidades para melhorar o diálogo entre famílias, profissionais
da área e os próprios indivíduos com o transtorno. A intenção era criar um alerta para os
transtornos invasivos do desenvolvimento antes tratados como raros, passando assim a ser
vistos com mais responsabilidade. A partir dessa data, o interesse na pesquisa do autismose
tornou mais relevante e a cada ano tende a aumentar, trazendo maior conhecimento sobre o
assunto e desmitificando crenças.
2013
Foi lançada a edição DSM-5, na qual todos os subtipos que apresentavam os transtornos do
espectro autista foram excluídos. Nesse momento, passa-se a entender que o diagnóstico é
classificado como sendo um único espectro com diferentes níveis de gravidade. O espectro
autista passa a carregar todas as condições em um único diagnóstico, chamado diagnóstico
guarda-chuva, recebendo o nome (classificação) de TEA – transtorno do espectro autista;
Já não se considera a síndrome de Asperger como sendo uma condição distante/distinta, e o
diagnóstico é definido com duas categorias, definidas como: presença de comportamentos
repetitivos e estereotipados e alteração da comunicação social.
2014
Em 2014, pesquisas apontavam que 1% da população apresentava um quadro autístico e mais
de 70 milhões em nível mundial são autistas. Desses 70 milhões, 2 milhões estão no Brasil;
Dados apresentados pelo CDC – Centro de Controle e Prevenção de Doenças – dizem que uma
dentre 68 crianças, mais ou menos um em cada 42 meninos e uma em cada 189 meninas, tem o
TEA;
Estudos realizados na Suécia mostram que fatores ambientais são considerados tão
importantes quanto a genética dentro das causas do autismo. Segundo os autores do estudo,
esses fatores incluem nível socioeconômico familiar, complicações durante o parto, infecções
sofridas pela mãe e o uso de drogas (pela mãe durante a gestação). A pesquisa foi realizada por
pesquisadores do King’s College, de Londres, e do Instituto Karolinska, de Estocolmo. Foi o
maior estudo realizado apresentando as origens da genética autística.
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2015
Por meio da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência – 13.145/15, foi criado o
Estatuto da Pessoa com Deficiência. Isso aumentou significativamente a proteção das pessoas
com TEA ao defini-las como pessoas que têm impedimento de longo prazo, podendo ser de
natureza física, mental, sensorial ou intelectual, além de trazer uma defesa na igualdade de
direitos e no combate à discriminação e a regulação da acessibilidade.
1.1 MAS O QUE É O AUTISMO?
Atualmente, o DSM-5 (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), da Associação
Americana de Psiquiatria, classifica o autismo como transtorno do espectro autista (TEA), dentro os
chamados transtornos do neurodesenvolvimento. O TEA está definido como sendo um transtorno do
desenvolvimento neurológico e global, presente desde a infância, com déficits importantes nas
questões sociocomunicativas e comportamentais. Segundo esse manual:
“O transtorno do espectro autista caracteriza-se por déficits persistentes na comunicação social e
na interação social em múltiplos contextos, incluindo déficits na reciprocidade social, em
comportamentos não verbais de comunicação usados para interação social e em habilidades para
desenvolver, manter e compreender relacionamentos. Além dos déficits na comunicação social, o
diagnóstico do transtorno do espectro autista requer a presença de padrões restritos e repetitivos
de comportamento, interesses ou atividades. Considerando que os sintomas mudam com o
desenvolvimento, podendo ser mascarados por mecanismos compensatórios, os critérios
diagnósticos podem ser preenchidos com base em informações retrospectivas, embora a
apresentação atual deva causar prejuízo significativo.” (DSM-5, 2014, p. 31/32)
Importante
DSM-5 é uma sigla inglesa, Diagnostic and Statistical Manual, que significa Manual de
Diagnóstico e Estatística, e o número 5 da sigla é usado para indicar que já foram feitas cinco
revisões.
O DSM-5 abrange apenas os transtornos mentais e tem sido mais utilizado em ambientes
de pesquisa, porque possui itens mais detalhados, em forma de tópicos. Foi elaborado pela
Associação Americana de Psiquiatria.
24/03/2023, 21:22 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/22
O termo TEA foi definido/implementado no ano de 2013, tendo como objetivo envolver todos
aqueles transtornos que apresentavam as mesmas características com diagnósticos diferenciados.
Antes esses transtornos faziam parte do que se chamava de guarda-chuva, porém hoje tudo é uma
coisa só, e o autismo passou a ter graus diferentes.
O transtorno do espectro autista pode ser, muitas vezes, associado a deficiência intelectual,
dificuldades de coordenação motora e de atenção. Em inúmeras situações indivíduos com autismo
apresentam problemas de saúde física ligadas ao sono e a distúrbios gastrintestinais, assim como
podem apresentar questões relacionadas à síndrome de déficit de atenção e hiperatividade, dislexia,
apraxia ou dispraxia.
Indivíduos com TEA podem apresentar, também, dificuldades de aprendizagem em vários
estágios da vida, desde questões acadêmicas/escolares até hábitos da vida diária (tomar banho,
escovar dentes, fazer comida etc.), enquanto outros necessitam de apoio individualizado ao longo de
toda a vida. O autismo é uma condição permanente: o indivíduo nasce autista e se torna um adulto
autista.
Alguns autistas podem demonstrar formas de sensibilidade sensorial diferenciadas, presentes em
um dos cinco sentidos ou mais: paladar, visão, olfato, tato e audição, possivelmente mais ou menos
intensos.
1.2 COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO
 O diagnóstico, ou hipótese diagnóstica, do TEA é realizado por meio de observações diretas do
comportamento realizado por psicólogos, podendo ser estendida a investigação de equipe
multidisciplinar, como terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicopedagogos etc. É finalizado por
um neurologista/neuropediatra.
1.3 QUAIS SÃO OS SINTOMAS
Os indivíduos com TEA apresentam as primeiras características já nos primeiros meses de vida.
Vejamos quais são os principais sinais precoces do autismo, com base no manual DSM-5:
Quadro 1 – Principais sinais precoces do autismo
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Idade Comportamento
6 meses · Não sorri sob estímulos;
· O contato visual é ausente ou pode ser limitado;
· Apresenta ausência de grandes sorrisos ou de expressões de ternura.
9 meses · Não retribui ou compartilha sons, sorrisos ou expressões faciais.
12 meses · Não balbucia;
· Não usa gestos como “apontar” ou “dar tchau”;
· Não atende quando é chamado pelo nome.
16 meses · Não fala nenhuma palavra.
24 meses · Não forma frases de, pelo menos, duas palavras.
Outras
idades
· Apresenta atraso na fala;
· Não olha nos olhos;
· Apresenta preferência por estar sozinho;
· Apresenta comportamentos repetitivos;
· Resiste a pequenas mudanças em sua rotina;
· Apresenta reações inadequadas a estímulos visuais, auditivos e/ou táteis;
· Apresenta interesses limitados em outras crianças;
· Evita sensações;
· Pode recusar o uso de sapatos, roupas ou a ingestão de certos tipos de comida;
· As brincadeiras podem ser pobres, inapropriadas, como alinhar coisas ou adotar padrões repetitivos de
comportamento com brinquedos e objetos.
Observação: os sintomas podem variar de leves a mais graves.
TEMA 2 – CLASSIFICAÇÕES DO AUTISMO (SEGUNDO DSM-5, CID-10
E CID-11)
Atualmente, o TEA já está descrito na Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados à Saúde – CID-11 (sigla em inglês que significa International Statistical
Classification of Diseases and Related Health Problems).
Esse documento seguiu o que foi apresentado na versão do DSM-5, lançada em 2013, que reúne
os transtornos que estavam dentro do espectro do autismo no diagnóstico de TEA.
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Importante
CID-10 significa classificação internacional de doenças, e o número 10 indica a versão, ou
seja, já foram realizadas 10 atualizações e revisões desse código.
CID-10 é o critério adotado no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Abrange todas as
doenças, incluindo ostranstornos mentais, e foi elaborado pela Organização Mundial da Saúde
(OMS).
Vamos entender como estava e como está a nova classificação do TEA no CID:
Quadro 2 – Classificação do autismo no CID-10
· F84 – Transtornos globais do desenvolvimento
o F84.0 – Autismo infantil
o F84.1 – Autismo atípico
o F84.2 – Síndrome de Rett
o F84.3 – Outro transtorno desintegrativo da infância
o F84.4 – Transtorno com hipercinesia associada a retardo mental e a movimentos estereotipados
o F84.5 – Síndrome de Asperger
o F84.8 – Outros transtornos globais do desenvolvimento
o f84.9 – transtornos globais não especificados do desenvolvimento
Fonte: cid-10.
Quadro 3 – Classificação do autismo no CID-11 (para 2022)
· 6A02 – Transtorno do espectro do autismo
o 6A02.0 – Transtorno do espectro do autismo sem deficiência intelectual (DI) e com comprometimento leve ou ausente de
linguagem funcional
o 6A02.1 – Transtorno do espectro do autismo com deficiência intelectual (DI) e com comprometimento leve ou ausente de
linguagem funcional
o 6A02.2 – Transtorno do espectro do autismo sem deficiência intelectual (DI) e com linguagem funcional prejudicada
o 6A02.3 – Transtorno do espectro do autismo com deficiência intelectual (DI) e com linguagem funcional prejudicada
o 6A02.4 – Transtorno do espectro do autismo sem deficiência intelectual (DI) e com ausência de linguagem funcional
o 6A02.5 – Transtorno do espectro do autismo com deficiência intelectual (DI) e com ausência de linguagem funcional
o 6A02.Y – Outro transtorno do espectro do autismo especificado
o 6A02.Z – Outro transtorno do espectro do autismo não especificado
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https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/22
Fonte: OMS.
Assim como o CID, o DSM passa por uma atualização e apresenta uma nova classificação
referente ao TEA. Vejamos, a seguir, como o transtorno era classificado e como ele está atualmente:
Como estava no DSM-IV:
Quadro 4 – classificação do autismo no DSM-IV  
Transtornos globais do desenvolvimento
· Transtorno autista;
· Transtorno de Rett;
· Transtorno desintegrativo da infância (síndrome de Heller, demência infantil ou psicose desintegrativa);
· Transtorno de Asperger;
· Transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação.
Como está no DSM-5:
quadro 5 – Classificação do autismo no DSM-5
Transtorno do espectro autista
· Nível 1: grau leve (necessita de pouco suporte) – com suporte, pode ter dificuldade para se comunicar, mas não é um
limitante para interações sociais. Problemas de organização e planejamento impedem a independência;
· Nível 2: grau moderado (necessita de suporte) – semelhante às características descritas no nível 3, mas com menor
intensidade no que cabe aos transtornos de comunicação e deficiência de linguagem;
· Nível 3: grau severo (necessita de maior suporte/apoio) – diz respeito àqueles que apresentam um déficit considerado
grave nas habilidades de comunicação verbal e não verbal. Ou seja, não consegue se comunicar sem contar com suporte.
Com isso, apresentam dificuldade nas interações sociais e têm a cognição reduzida. Também possuem um perfil inflexível de
comportamento, com dificuldade em lidar com mudanças. Tendem ao isolamento social se não estimulados.
Ainda seguindo o que o DSM-5 apresenta, vejamos um resumo do que trata a descrição
referente aos níveis de gravidade para TEA.
Quadro 6 – Nível 1: necessidade de pouco apoio e Quadro 7 – Nível 2: necessidade de apoio
substancial
24/03/2023, 21:22 UNINTER
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Comunicação social Comportamentos repetitivos e restritos
A criança apresenta um déficit notável nas habilidades de
comunicação tanto verbais como não verbais.
Apresenta inflexibilidade comportamental e evita a mudança
na rotina, pois tem dificuldade em lidar com ela.
Percebe-se acentuado prejuízo social devido à pouca
tentativa de iniciar uma interação social com outras pessoas.
Essas características podem ser notadas por um parente ou
amigo que raramente visita a casa da família.
Quando o outro inicia o diálogo, as respostas, geralmente,
mostram-se reduzidas ou atípicas.
A criança se estressa com facilidade e tem dificuldade de
modificar o foco e a atividade que realiza.
Quadro 8 – Nível 3: necessidade de apoio muito substancial
Comunicação social Comportamentos repetitivos e restritos
Há severos prejuízos na comunicação verbal e não verbal;
apresenta grande limitação em iniciar uma interação com
novas pessoas e quase nenhuma resposta às tentativas dos
outros.
Há presença de inflexibilidade no comportamento.
Tem extrema dificuldade em lidar com mudanças na rotina
e apresenta comportamentos restritos/repetitivos que
interferem diretamente em vários contextos.
Alto nível de estresse e resistência para mudar de foco ou
atividade.
TEMA 3 – TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO
Os transtornos globais do desenvolvimento (TGDs) são classificados como uma categoria em
que estão agrupados transtornos que têm em comum características relacionadas às funções de
desenvolvimento afetadas. Nesse sentido, é importante a compreensão de que nem sempre os
indivíduos que têm diagnóstico de algum tipo de transtorno metal são indivíduos da educação
especial. Na categoria de TGD, segundo o antigo DSM-IV, estão inclusos indivíduos com diagnóstico
de:
Transtorno autista;
Transtorno de Rett;
Transtorno desintegrativo da infância;
Síndrome de Heller, demência infantil ou psicose desintegrativa;
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Síndrome/transtorno de Asperger;
Transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação.
No TGD, é comum a utilização dos termos síndrome e transtorno, e nesse sentido convém saber
diferenciar uma questão de outra. Segundo o DSM-5:
Síndrome: refere-se ao conjunto de sintomas, não restrito a uma só doença, que ocorre no
indivíduo;
Transtorno: utiliza-se o termo para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou
comportamentos que transcorrem na infância, como um comprometimento ou atraso no
desenvolvimento e na maturação do sistema nervoso central.
Assim, podemos dizer que o transtorno não se desenvolve a partir de um traumatismo ou de
uma doença cerebral adquirida. Ele trará indícios de uma desordem neurológica e tem sua origem de
anormalidades no processo cognitivo com derivação de disfunções biológicas.
A síndrome de Asperger e o autismo fazem parte de um grupo de problemas que estão
relacionados aos desvios nas áreas do relacionamento social e da comunicação, sendo denominados
de transtornos globais do desenvolvimento – TGDs. Existem, ainda, dois outros termos que são
empregados em nossa língua e que são uma tradução de pervasive developmental disorder:
transtornos invasivos do desenvolvimento e transtornos abrangentes do desenvolvimento. Essa
multiplicidade de terminologias ocorre pela ausência do consenso na tradução do inglês do termo
pervasive, que tem origem no latim pervasis.
Segundo Klin (2006) e Mercadante (2009), muito embora tenhamos critérios para a realização de
um diagnóstico do autismo, é notória a variabilidade de representações clínicas. Os autores ainda
afirmam que podemos presumir que não exista um único modelo ou padrão de autismo, mas sim
variáveis no desenho do cérebro social, cujas implicações estão nos modos de funcionar, distintos
mesmo que tenham em comum (quase sempre) uma desadaptação precoce dos processos de
sociabilidade.
Ainda segundo Mercadante (2009), o cérebro social tem sua definição pela neurociência, como
sendo um conjunto de regiões do cérebro que são ativadas na execução de atividades sociais. Assim,
forma-se uma cadeia associativa ou de redes neurais. Ele também afirma que a forma de agir
socialmente depende do modelo de desenho neuronal dessas redes.
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É importante salientar que todas essas questões pontuadas referentes aos TGDs são
mencionadasno DSM-5 (2014). Porém, houve mudanças significativas no que tange à denominação
dos quadros clínicos anteriormente associados à área dos TGDs. O que antes era chamado de
autismo infantil precoce, síndrome de Asperger, transtorno desintegrativo da infância, TGD sem outra
especificação, autismo de Kanner, autismo infantil, autismo de alto funcionamento, hoje passa a fazer
parte do termo transtorno do espectro autista, conforme descrito no DSM-5:
“Fusão de transtorno autista, transtorno de Asperger e transtorno global do desenvolvimento no
transtorno do espectro autista. Os sintomas desses transtornos representam um continuum único
de prejuízos com intensidades que vão de leve a grave nos domínios de comunicação social e de
comportamentos restritivos e repetitivos em vez de constituir transtornos distintos. Essa mudança
foi implementada para melhorar a sensibilidade e a especificidade dos critérios para o diagnóstico
de transtorno do espectro autista e para identificar alvos mais focados de tratamento para os
prejuízos específicos observados.” (DSM-5, 2014, p. 42)
Assim, por exemplo, indivíduos com diagnóstico de síndrome de Asperger, seguindo as novas
orientações, receberiam um diagnóstico de TEA sem comprometimento linguístico ou intelectual.
Ainda segundo o DSM-5:
“No diagnóstico do transtorno de espectro autista, as características individuais são registradas por
meio de uso de especificadores (com ou sem comprometimento intelectual concomitante; com ou
sem comprometimento da linguagem concomitante; associados a alguma condição médica ou
genética conhecida ou a fator ambiental), bem como especificadores que descrevem os sintomas
autistas (idade da primeira preocupação; com ou sem perda de habilidades estabelecidas;
gravidade). Tais especificadores oportunizam aos clínicos a individualização do diagnóstico e a
comunicação de uma descrição clínica mais rica dos indivíduos afetados.” (DSM-5, 2014, p. 32)
Essa alteração ocorreu porque a comunidade científica considerou que o transtorno autista, o
transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação e a síndrome de Asperger não são
desordens que possam ser consideradas distintas, porém, que estão dentro de um único transtorno
que pode ser considerado de médio a severo prejuízo, nos domínios da comunicação, dos
comportamentos e interesses restritos e/ou repetitivos.
TEMA 4 – AUTISMO E TRANSTORNO MENTAL
Segundo o DSM-5, os transtornos mentais estão classificados como síndromes e/ou padrões
comportamentais ou psicológicos:
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“[...] um transtorno mental é uma síndrome caracterizada por perturbação clinicamente significativa
na cognição, na regulação emocional ou no comportamento de um indivíduo que reflete uma
disfunção nos processos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento subjacentes ao
funcionamento mental. Transtornos mentais estão frequentemente associados a sofrimento ou
incapacidade significativos que afetam atividades sociais, profissionais ou outras atividades
importantes. Uma resposta esperada ou aprovada culturalmente a um estressor ou perda comum,
como a morte de um ente querido, não constitui transtorno mental. Desvios sociais de
comportamento (p. ex., de natureza política, religiosa ou sexual) e conflitos que são basicamente
referentes ao indivíduo e à sociedade não são transtornos mentais a menos que o desvio ou
conflito seja o resultado de uma disfunção no indivíduo, conforme descrito.” (DSM-5, 2014, p. 20)
Nesse sentido, os transtornos mentais são caracterizados por uma causalidade “mental”, como
causas que não são físicas, porém, por uma expressão clínica metal, por alterações da experiência
subjetiva e do comportamento que se manifestam indiferente das causas, sejam sociais, psicológicas
ou biológicas. Entende-se então que os transtornos são categorias caracterizadas como descritivas e
não explicativas. Esse é o motivo que levou a definição do termo transtorno no lugar de utilizar o
termo doença, visto que doença sugestiona etiologias ou patofisiologias biológicas conhecidas, o que
não se aplica à maioria dos transtornos mentais.
Assim, o TEA não está associado, necessariamente, a uma deficiência intelectual. Segundo a
literatura científica sobre TEA, uma pessoa com TEA pode também apresentar deficiência intelectual,
ou poderá ter outras condições singulares. Ou seja, um indivíduo com TEA pode apresentar TEA e
dislexia, surdez, apraxia ou outras condições diversas.
Ou seja, indivíduos com TEA podem apresentar alguma sensibilidade sensorial em um ou até
mais sentidos (visão, audição, olfato, tato e paladar). Porém, alguns indivíduos com TEA possuem
inteligência de acordo com a média apresentada pela população e outras com inteligência, inclusive,
muito acima do que é a média da população. Há pessoas com TEA em conjunto com altas
habilidades. Assim, é correto afirmar que o TEA não é uma deficiência intelectual.
TEMA 05 – TRANSTORNO DO NEURODESENVOLVIMENTO
Transtornos do neurodesenvolvimento são classificados como sendo um grupo de condições
que têm seu início no período de desenvolvimento do indivíduo. Os transtornos manifestam-se
muito cedo no desenvolvimento, muito antes de o indivíduo ter ingressado na escola, tendo assim
suas características nos déficits no desenvolvimento, com prejuízos no funcionamento social, pessoal,
https://diversa.org.br/tag/transtorno-espectro-autista-tea/
https://diversa.org.br/tag/deficiencia-intelectual/
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acadêmico ou até profissional. Esses déficits de desenvolvimento podem variar desde limitações bem
especificas na aprendizagem ou até no controle de funções executivas, ou prejuízos globais nas
habilidades sociais ou de inteligência.
É comum identificarmos a ocorrência de mais de um dos transtornos do neurodesenvolvimento;
por exemplo, podemos encontrar indivíduos com TEA apresentando deficiência intelectual
(transtorno do desenvolvimento intelectual), ou até indivíduos com transtorno do déficit de
atenção/hiperatividade (TDAH) que podem exibir algum transtorno especifico da aprendizagem.
Assim, quando falamos de alguns transtornos, a apresentação clínica inclui sintomas
relacionados tanto no excesso quanto de déficits e atrasos em atingir os marcos esperados. Nesse
sentido, podemos exemplificar o TEA, que só é diagnosticado quando os déficits característicos de
comunicação social vêm acompanhados pelos comportamentos excessivamente repetitivos, por
interesses restritos e insistência nas mesmas coisas.
Segundo o DSM-5:
“[...] O uso de especificadores para diagnósticos de transtornos do neurodesenvolvimento
enriquece a descrição do curso clínico e da sintomatologia atual do indivíduo. Além de
especificadores descritores da apresentação clínica, como idade de início ou classificações da
gravidade, os transtornos do neurodesenvolvimento podem incluir o especificador ‘associado a
alguma condição médica ou genética conhecida ou a fator ambiental’. Esse especificador
oportuniza aos clínicos a documentação de fatores que podem ter desempenhado um papel na
etiologia do transtorno, bem como daqueles capazes de afetar o curso clínico. Exemplos incluem
doenças genéticas, como síndrome do X-frágil, esclerose tuberosa e síndrome de Rett; condições
médicas, como epilepsia; e fatores ambientais, inclusive muito baixo peso ao nascer e exposição
fetal ao álcool (mesmo na ausência de síndrome do álcool fetal).” (DSM-5, 2014, p. 33)
Transtornos do neurodesenvolvimento apresentam alta “herdabilidade”, em que os fatores de
nível genéticos são favoráveis para que eles ocorram. Porém, a origem desses transtornos pode estar
também nas alterações ou nos fatores de risco ambientais que podem acontecer nos primeiros
períodos do desenvolvimento. Esses fatores, durante a gestação, podem ser identificados por: baixo
peso ao nascimento e/ou prematuridade, exposição ao estresse, prejuízosno período perinatal,
exposição a toxinas e a determinados medicamentos.
Estudos científicos apontam que os transtornos do neurodesenvolvimento são mais frequentes
em meninos, porém podem ser manifestados também em meninas. Os sintomas iniciam-se logo nos
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primeiros anos de vida desses indivíduos e perduram ao logo do seu desenvolvimento.
Os principais transtornos do neurodesenvolvimento são:
TDAH;
TEA;
Transtornos de aprendizagem.
NA PRÁTICA
Tendo como referências os conteúdos apresentados nesta aula, procure rever e aprofundar ainda
mais o que estudamos, com foco no contexto histórico do TEA. Você, profissional que atua ou
pretende atuar com indivíduos com TEA, leve em conta os conhecimentos, relatos, estudos
científicos, até que consiga descrever com clareza e segurança a estrutura evolucional do TEA.
Procure refletir sobre alguma experiência ou relato que presenciou sobre um indivíduo com TEA e,
por meio de seus estudos e pesquisas, busque compreender as principais características desse
indivíduo.
FINALIZANDO
Nesta aula, tratamos de questões relacionadas aos primeiros estudos sobre o autismo, bem
como sobre suas classificações e características. Compreendemos que o autismo tem demandado
estudos e indagações, permanecendo desconhecido de grande parte dos profissionais que atuam
com indivíduos com TEA. Entendemos que o espectro possui diferentes níveis de gravidade e está
relacionado a outros sintomas que começam na infância. É certo, contudo, que o indivíduo com TEA
não está desprovido da sua condição de aprendente.
REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: Diagnostic and Statistical Manual of Mental
Disorders. 5. ed. Arlington, 2013.
ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. DSM-IV: manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais. 3. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
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BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Transtornos globais do
desenvolvimento. Brasília, 2010.
KANNER, l. Autistic disturbances of affective contact. Nervous Child, v. 2, p. 217-250, 1943.
MERCADANTE, M. T.; ROSÁRIO, M. C. Autismo e cérebro social. São Paulo: Segmento Farma,
2009.

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