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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO Olá, Na segunda metade do século XVIII, a coroa portuguesa foi influenciada pelos princípios iluministas quando Sebastião José de Carvalho entrou no gabinete de D. José I. Ele é mais conhecido como o Marquês de Pombal, aquele grande ministro estava muito preocupado em modernizar a administração pública de seu país e maximizar os lucros do poder colonial, especialmente em relação à colônia do Brasil. Bons estudos! AULA 5 – REFORMA POMBALINA Nesta aula trataremos de fatores importantes e históricos na educação do nosso país. Ao final dessa aula, você deve apresentar os seguintes aprendizados: • Reconhecer os impactos da Reforma Pombalina na Educação; • Entender aspectos do ideal iluminista; • Compreender quais foram os métodos pedagógicos tradicionais instituídos pela Companhia de Jesus. 5. MARQUÊS DE POMBAL E AS REFORMAS EDUCACIONAIS O Período Pombalino durou de 1750 a 1777 e refere-se ao tempo em o Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo, serviu como Primeiro Ministro de Portugal. O Marquês foi nomeado pelo rei de Portugal, Dom José I, e seu governou impondo suas próprias leis a todos. Nessa época, Portugal assolava problemas econômicos e era um dos países mais fracos da Europa. Eventos como o Tratado de Methuen tornaram o país muito dependente da Inglaterra. Apesar de suas modernizações, o governo de Pombal não resistiu à influência inglesa ou mesmo à oposição da nobreza e do clero, pois suas ações foram muito impressionantes e repentinas. Após a morte de D. José I, D. Maria I demitiu o Marquês de Pombal e cancelou algumas das suas iniciativas (FALCON, 1993) No século XVI, a gestão do ensino público passou da Universidade de Coimbra para a Companhia de Jesus, que assumiu a autoridade da educação pública de Portugal e após do Brasil também. Na realidade, o método educacional jesuíta esteve em uso por mais de dois séculos antes de ser substituído pela Reforma Pombalina no século XVIII, momento em que a educação se tornou a prioridade nacional de Portugal. Segundo Falcon (1993), historiadores e estudiosos podem analisar a obra e a vida do Marquês de Pombal em seis períodos bem distintos: o primeiro inclui os contemporâneos do Marquês; o segundo inclui admiradores imediatos e críticos de suas obras; o terceiro inclui os liberais e o mito liberalismo pombalino; o quarto inclui os conservadores e o mito da tirania pombalina; e o quinto inclui estudos apresentados por pesquisadores e historiadores da primeira metade do séc. XX; o sexto e último momento, que iniciou no ano de 1945, abrange análises atuais. Conforme Carvalho (1978, p. 29) “os alvarás e regulamentos pombalinos eram vistos como se não houvesse alternativa entre o jesuitismo e o antijesuitismo oferecido na época”. Nessa alternativa, os jesuítas equivaliam, para os historiadores, tudo o que havia de antimodernista, enquanto Pombal e seus homens representavam a autêntica expectativa das aspirações modernas. Agora há que admitir que as condições desta alternativa é um dos mais importantes obstáculos pra que se entenda um dos momentos mais claros da história portuguesa. O governo de Pombal quis culpar os jesuítas pelo declínio cultural e educacional dos portugueses, atribuindo a eles todas as deficiências da educação metropolitana e colonial. Segundo Carvalho (1978), esta corrente, conhecida como antijesuitismo, representava uma mentalidade que predominava em muitos países europeus e não era exclusiva de Portugal. Dessa maneira, a Companhia de Jesus serviu de barreira e fonte de oposição às investidas de aplicação da nova filosofia iluminista que rapidamente se espalhou pela Europa (FALCON, 1993). Segundo Serrão (1992) e Almeida (2000), o Marquês de Pombal expressou seu ódio aos jesuítas em documentos oficiais da época. Carvalho (1978) ressalta que: [...] o tão celebrado ódio do Marquês de Pombal à Companhia de Jesus não decorreu dos prejuízos opiniáticos de uma posição sistemática previamente traçada. Fatores vários e complexos, de ordem social, política e ideológica, influíram decisivamente na evolução de uma questão que ainda hoje apaixona e obnubila a visão dos espíritos mais esclarecidos. Na brevidade desta forma de ideal político nacional a conservação da união cristã e da sociedade civil se condensa toda uma filosofia com objetivos claramente definidos, responsável, aliás, de certa forma, tanto pelas virtudes quanto pelos vícios do despotismo imperante (CARVALHO, 1978, p. 32) Esse espírito antijesuíta é, por fim, visto na atribuição de todos os piores aspectos da educação brasileira metropolitana e colonial à Companhia de Jesus e às práticas culturais e educacionais predominantes na comunidade portuguesa. (SERRÃO, 1992) As principais iniciativas tomadas em 28 de junho de 1759 pelo Marquês através de Alvará foram as seguintes: • A completa destruição da organização educacional jesuíta e sua metodologia de ensino no Brasil e Portugal; • Criar aulas de gramática latina, grego e retórica; • Criação do cargo de "Diretor de Estudos". • Tinha a pretensão de ser um órgão administrativo de direção e supervisão educacional; iniciação das classes arregimentadas; • Aulas isoladas que substituíram o curso secundário de humanidades criado pelos jesuítas; • Realização de um concurso para selecionar professores para ministrarem as aulas régias; • Aprovação e instituição das aulas de comércio. Pombal, que teve influência das ideias do Iluminismo, instituiu uma significativa reforma educacional, pelo menos formalmente. O pensamento pedagógico das escolas públicas e privadas substituiu a metodologia eclesiástica dos jesuítas. Segundo Azevedo (1976, p. 56–57), é a ascensão do espírito moderno que: [...] marcando o divisor das águas entre a pedagogia jesuítica e a orientação nova dos modeladores dos estatutos pombalinos de 1772, já aparecem indícios claros da época que se deve abrir no século XIX e em que se defrontam essas duas tendências principais. Em lugar de um sistema único de ensino, a dualidade de escolas, umas leigas, outras confessionais, regidas todas, porém, pelos mesmos princípios; em lugar de um ensino puramente literário, clássico, o desenvolvimento do ensino científico que começa a fazer lentamente seus progressos ao lado da educação literária, preponderante em todas as escolas; em lugar da exclusividade de ensino de latim e do português, a penetração progressiva das línguas vivas e literaturas modernas (francesa e inglesa); e, afinal, a ramificação de tendências que, se não chegam a determinar a ruptura de unidade de pensamento, abrem o campo aos primeiros choques entre as idéias antigas, corporificadas no ensino jesuítico, e a nova corrente de pensamento pedagógico, influenciada pelas idéias dos enciclopedistas franceses, vitoriosos, depois de 1789, na obra escolar da Revolução (AZEVEDO, 1976, p. 56-57) 5.1 Ideal Iluminista Conforme as circunstâncias sociais da época, as ideias do Iluminismo foram introduzidas pela primeira vez na ciência e na educação. Segundo Boto (1996) fortalecer o pensamento pedagógico e cuidar de uma atitude educativa. Alguns intelectuais e pensadores franceses acreditavam que o ser humano seria o único responsável pelo processo educacional a que é submetido. Nessa abordagem, a educação adquire uma expectativa totalizadora e profética, para que por meio dela ocorram as indispensáveis reformas sociais diante de um sujeito pedagogicamente reformado. Para o ideal iluminista, uma sociedade renovada requer um homem renovado, que só pode ser formado por meio da educação. Assim, embora a doutrina jesuíta tenha sido útil para as necessidades da fase inicial do processo de colonização no Brasil, ela não pode mais atender aos interesses dos Estados Modernos em formação. Surge então a ideia de educação pública sob o controledos Estados Modernos. Dessa forma, o ensino jesuíta torna-se ineficaz para responder às demandas de uma sociedade em transformação neste momento histórico (BOTO, 1996). A discussão sobre o Iluminismo, particularmente o do Marquês de Pombal, é muito importante porque tanto a educação quanto os direitos são fundamentais para essas ideias. É fundamental ter em mente que a reforma educacional planejada pelo Marquês de Pombal não exclusividade de sua administração, pois vestígios do movimento iluminista podem ser encontrados de D. João V a D. Maria I. Como ressalta Carvalho (1978): [...] as reformas pombalinas da instrução pública constituem expressão altamente significativa do iluminismo português. Nelas se encontra consubstanciado um programa pedagógico que, se por um lado, representa o reflexo das idéias que agitavam a mentalidade européia, por outro, traduz, nas condições da vida peninsular, motivos, preocupações e problemas tipicamente lusitanos (CARVALHO, 1978, p. 25) Ribeiro (1998, p. 35) deixa claro que: [...] as 'reformas pombalinas' visavam transformar Portugal numa metrópole capitalista, a exemplo do que a Inglaterra já era há mais de um século. Visavam, também, provocar algumas mudanças no Brasil, com o objetivo de adaptá-lo, enquanto colônia, à nova ordem pretendida em Portugal. (RIBEIRO,1998, p. 35) Isso resulta em uma nova ordem social, um novo modelo humano e uma nova sociedade baseada nos princípios do sistema de produção pré-capitalista. Quando o Marquês de Pombal propôs reformas educativas através de decretos sobre a criação de novas escolas e reforma das já existentes, deu - se importância principalmente para a utilização do ensino público como instrumento ideológico com o objetivo de controlar e erradicar a ignorância que se alastrava pela sociedade, condição incompatível e incongruente com o ideário iluminista (SANTOS, 1982). Segundo Almeida (2000) e Ribeiro (1998), o maior entrave para o alcance desses objetivos era a falta de homens qualificados para lecionar no ensino elementar e primário. Isto é, havia uma carência significativa de docentes, tanto na metrópole quanto no interior, que tivessem capacidade para desempenhar o papel de educador. Nesse contexto, é possível dizer que Pombal enxotou os jesuítas e assumiu oficialmente o ensino público, com a pretensão de, não só aperfeiçoar o sistema e a metodologia de educação, mas também colocá-los às ordens da política do país. Conforme Haidar (1973), o objetivo foi fundar uma escola que tivesse utilidade para os fins do Estado, e dessa maneira os pombalinos, ao invés de recomendarem o trabalho escolar intensivo e generalizado, almejavam fundar uma escola que servisse as exigências da coroa antes de convir aos interesses religiosos. 5.2 Métodos Pedagógicos Pombal transferiu a direção da escola e o currículo para a Real Mesa Censória em 5 de abril de 1771. Esta organização foi criada em abril de 1768 com o intuito de concretizar a emancipação do controle absoluto dos jesuítas no ensino, assim passando a autoridade para o Estado. Partindo dessa ação, foram introduzidos no Brasil aulas de leitura e escrita e foi criada uma fonte de financiamento conhecida como Subsídio Literário para preservar as reformas na educação. Uma consequência do declínio da organização educacional jesuítica e da ausência de um projeto de educação formal e eficaz foi o atraso na implantação de escolas coloniais no Brasil (1976) que ofereciam cursos que ofereciam cursos avançados e sistematizados. Almeida (2000) ressalta um ponto essencial para o entendimento da educação pública no Brasil colonial: a tentativa da Coroa Portuguesa e do governo colonial local de minar o acesso à educação pública aos brasileiros. Esse comportamento foi legitimado porque queriam evitar que o crescente espírito nacional se espalhasse entre a população. Assim, é possível observar uma característica relevante na educação brasileira: “a destruição e substituição de propostas educacionais ultrapassadas em favor de novas propostas”. Isso aponta para uma falta de consistência geral nas propostas educacionais colocadas em prática no Brasil. A partida dos jesuítas e a completa destruição de seu projeto educacional pode ser considerada a origem dessa peculiaridade tão presente na educação brasileira. Segundo Holanda (1989), com a expulsão dos jesuítas, [...] a instrução pública em Portugal e nas colônias, foi duramente atingida. Desapareceram os colégios mantidos pela Companhia de Jesus que constituíam então os principais centros de ensino. Urgia, portanto, a adoção de providências capazes de, pelo menos, atenuar os inconvenientes da situação criada com as drásticas medidas administrativas de Sebastião de Carvalho e Melo. O terreno para a implantação de novas ideias pedagógicas, entretanto, já havia sido preparado, com vária sorte, pelos esforços isolados de alguns homens de ciência e de pensamento, entre os quais figuravam o singular Luís Antônio Verney e os padres da Congregação do Oratório de São Felipe Néri (HOLANDA, 1989, p. 80-81) É possível argumentar que o propósito e o esforço para absolver o estado de seus compromissos através de artifícios, projetos e impostos destinados a custear a educação não são novas nem exclusivas dos governos atuais. Além disso, já existiam na época dois tipos de escolas (uma para a prole dos ricos e privilegiados, outra para os grupos sociais com menor poder aquisitivo), bem como uma política educacional nacional que privilegiava o ensino privado. De acordo com Teixeira Soares, mais relevante do [...] que a reforma e modernização da Universidade de Coimbra foi o Alvará de 06 de novembro de 1772, que institui o ensino popular a ser dado nas escolas públicas. Pombal não ficou apenas no texto da lei. Passou de imediato à fundação de escolas, que deveriam completar um total de 479. A lei determinou que o ensino popular poderia também ficar a cargo de particulares, que para tanto contariam com apoio do Estado no prelecionamento das seguintes matérias: ortografia, gramática, aritmética, doutrina cristã e educação social e cívica ('civilidade'). O ensino secundário daria ênfase especial ao latim, grego e francês. Ao mesmo tempo em que cuidava do ensino popular, fundou o 'Colégio dos Nobres', seminário dedicado à educação de filhos da nobreza; e, para manter o equilíbrio social e educacional, fundou também o Colégio de Mafra, destinado à educação dos plebeus, com programa idêntico ao reservado aos filhos da nobreza. [...] O primeiro-ministro criou um imposto especial destinado à manutenção e ampliação das escolas fundadas (lei de 10 de novembro de 1772). (TEIXEIRA, p. 218, 1961) Os métodos pedagógicos tradicionais instituídos pela Companhia de Jesus pretendem ser substituídos por uma metodologia educativa nova que esteja em consonância com aquela realidade e o reconhecido momento histórico, é isso que o Ministro Pombal procura oportunizar. Pretendeu-se, assim, que as escolas portuguesas pudessem observar as mudanças ocorridas na época. Ao apoiar este alvará, o Marquês de Pombal esperava proporcionar a substituição dos métodos pedagógicos tradicionais da Companhia de Jesus por outros mais contemporâneos e mais alinhados com os ideais filosóficos do iluminismo. (ALMEIDA, 2000). Reconhecendo as contribuições do Marquês de Pombal para a educação pública, Almeida (2000) e menciona que outras organizações religiosas tentaram dar continuidade ao trabalho dos padres jesuítas depois da expulsão e destruição da Companhia de Jesus do Brasil, porém não lograram êxito. Ademais, acredita que o sucesso do projeto educacional jesuíta se deve em parte à capacidade dos padres em cumprir o papel de professor, porque mantiveram muitas escolas dirigidas por professores realmente profissionais. Carvalho (1978), Avellar (1983) e Ribeiro (1998) consideramque o conteúdo da Reforma Pombalina, sob o patrocínio de suas principais inspirações Luis Antonio Verney, Ribeiro Sanches e Antônio Genovessi, tem elementos da doutrina tradicional ou eclesiástica. Dessa forma, não houve uma ruptura total na educação jesuíta, pois as mudanças foram mais no conteúdo do que nas metodologias de ensino. De acordo com Falcon: [...] a partir de Verney, o reformismo ilustrado, apoiado no otimismo jurídico que o caracteriza, entra na ordem do dia. A secularização constitui seu traço dominante. A fé no progresso, a ênfase dada à razão e a crença no poder quase mágico das 'Luzes' completa o ideário. (FALCON, p. 364, 1993) O "verdadeiro método de pesquisa" de Luis Antonio Verney pretendia contrastar com o método pedagógico jesuíta. A obra, que na verdade são dezesseis cartas publicadas em Roma e escritas entre 1746 e 1747, analisa as matérias da educação portuguesa, que ainda até era ministrada pelo método jesuíta e dá instruções para seu ajuste e adaptação à nova realidade. Conforme Maciel e Neto (2006): Cada carta trata de um determinado tema e, no conjunto, compõem as disciplinas da proposta pedagógica de Verney: primeira carta - a língua portuguesa; segunda carta - o latim; terceira carta - o grego e o hebraico; quarta carta - as línguas modernas; quinta carta - a retórica; sexta carta - continua a análise sobre o ensino da retórica; sétima carta - a poesia portuguesa; oitava carta - a filosofia; nona carta - a metafísica; décima carta - a lógica/física; décima primeira carta - a ética; décima segunda carta - a medicina; décima terceira carta - a jurisprudência como prolongamento natural da moral; décima quarta carta - a teologia; décima quinta carta - o direito econômico; décima sexta carta -apresenta uma sequência de planos de estudos: os estudos elementares, a gramática, o latim, a retórica, a filosofia, a medicina, o direito, a teologia e termina com o apêndice sobre 'o estudo das mulheres' (MACIEL E NETO, 2006, p.473 aspas do autor) Algumas dessas propostas estão inseridas em seu projeto pedagógico, entre elas: a secularização da educação; elevar o status da língua portuguesa; o papel e a importância de aprender o latim, intermediado pela língua portuguesa(uma das razões para aprender latim era a oportunidade de facilitar e encurtar a duração dos estudos); redução dos anos de estudo nos níveis de ensino inferiores, com o objetivo principal de aumentar o acesso ao ensino superior; oferta de um currículo para todos os níveis de ensino, desde a educação básica (que começa aos sete anos) até o ensino superior; a maioria das disciplinas que compõem sua proposta pedagógica são disciplinas literárias, como: Português , Latim , Retórica , Poética , Filosofia (Lógica, Moral, ética, Metafísica e Teologia), Direito (Direito Civil e Direito Canônico ), Medicina (Anatomia ), grego, hebraico, francês, italiano, anatomia e física(Aritmética e Geometria); uma proposta de educação pública gratuita para toda a população portuguesa como iniciativa para reduzir o analfabetismo na sociedade portuguesa. (MACIEL; NETO, 2006). Por isso, recomenda que sejam abertas escolas públicas em todos os bairros para que ninguém seja impossibilitado de frequentá-las, é recomendado que haja uma transformação no comportamento dos discentes com seus alunos e que as universidades sejam abertas ao público e comunidade, ainda que esses não sejam academicamente qualificados para fazê-lo. Recomenda-se, ainda, que se haja colégios para os pobres com o objetivo de prepara-los com hábitos da burguesia e da nobreza. Entende-se fundamental que as mulheres frequentem regularmente as escolas para poderem obter conhecimentos necessários à gestão do lar. A importância da obra de Verney para o pensamento da época pode ser destacada na análise de Falcon: [...] reside não propriamente no seu 'conteúdo', mas no espírito que as acompanham e na ruptura que representam. [...] O espírito a que nos referimos é o da crítica irônica, muitas vezes satírica, ao ensino existente em Portugal, em todos os níveis, tanto no seu conteúdo quanto nos seus métodos, crítica que é também à cultura portuguesa com um todo. Tratava- se, em suma, de demonstrar que, em qualquer direção que se olhasse, Portugal estava atrasada, distanciando do que se passava nos centros civilizados. (FALCON, 1993. p. 331) Conforme Ribeiro (1998), esta nova organização do ensino português é considerada um fracasso e um avanço do ponto de vista pedagógico porque exigiu a introdução de novos livros didáticos e novas metodologias de ensino. O livro foi amplamente divulgado como ferramenta cultural ao longo do reinado de D. José I. Vale ressaltar que, apesar das propostas oficiais, as reformas pombalinas nunca foram implementadas com sucesso, levando a um longo período (1759-1808) de declínio educacional e colapso na colônia. Desta maneira: [...] a expulsão dos jesuítas em 1759 e a transplantação da corte portuguesa para o Brasil em 1808, abriu-se um parêntese de quase meio século, um largo hiatus que se caracteriza pela desorganização e decadência do ensino colonial. Nenhuma organização institucional veio, de fato, substituir a poderosa homogeneidade do sistema jesuítico, edificado em todo o litoral latifundiário, com ramificações pelas matas e pelo planalto, e cujos colégios e seminários forma, na Colônia, os grandes focos de irradiação da cultura. (Azevedo, 1976, p. 61) É assim que Carvalho caracteriza Luis Antonio Verney: [...] nenhum, entretanto, tão ilustre como Verney, pela universalidade do plano concebido e pela ambição por que procurou, por intermédio de suas obras, realizar o programa planejado quase no verdor dos anos. É neste sentido que Luís Antonio Verney é um pedagogo e, enquanto pedagogo, 'um iluminista' na medida em que o iluminismo é uma forma de pensar comum de homens que, em atitudes diversas de pensamento, procuram fazer da cultura um instrumento do progresso e da perfeição das sociedades e dos homens. Em Verney, não há apenas o programa de uma reforma sobre os estudos; há ainda a consciência da necessidade do desdobramento de uma tarefa pedagógica, realizando na ordem prática as diretrizes que o conhecimento das realidades portuguesas e das conquistas recentes da cultura impunham como propósito preliminar de uma política destinada a 'iluminar' verdadeiramente a nação lusitana (CARVALHO, 1978, p. 61-62) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, J. R. P. de. Instrução pública no Brasil (1500-1889): história e legislação. 2.ed. São Paulo: EDUC/INEP/MEC, 2000. AVELLAR, H. de A. História administrativa do Brasil: a administração pombalina. 2.ed. 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