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AULA-05-HISTÓRIA-DA-EDUCAÇÃO-1

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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
 
 
Olá, 
 
Na segunda metade do século XVIII, a coroa portuguesa foi influenciada 
pelos princípios iluministas quando Sebastião José de Carvalho entrou no gabinete 
de D. José I. Ele é mais conhecido como o Marquês de Pombal, aquele grande 
ministro estava muito preocupado em modernizar a administração pública de seu 
país e maximizar os lucros do poder colonial, especialmente em relação à colônia 
do Brasil. 
 
Bons estudos! 
AULA 5 – REFORMA 
POMBALINA 
 
 
 
Nesta aula trataremos de fatores importantes e históricos na educação do 
nosso país. Ao final dessa aula, você deve apresentar os seguintes aprendizados: 
• Reconhecer os impactos da Reforma Pombalina na Educação; 
• Entender aspectos do ideal iluminista; 
• Compreender quais foram os métodos pedagógicos tradicionais instituídos 
pela Companhia de Jesus. 
 
5. MARQUÊS DE POMBAL E AS REFORMAS EDUCACIONAIS 
O Período Pombalino durou de 1750 a 1777 e refere-se ao tempo em o 
Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo, serviu como Primeiro 
Ministro de Portugal. O Marquês foi nomeado pelo rei de Portugal, Dom José I, e seu 
governou impondo suas próprias leis a todos. 
Nessa época, Portugal assolava problemas econômicos e era um dos países 
mais fracos da Europa. Eventos como o Tratado de Methuen tornaram o país muito 
dependente da Inglaterra. Apesar de suas modernizações, o governo de Pombal não 
resistiu à influência inglesa ou mesmo à oposição da nobreza e do clero, pois suas 
ações foram muito impressionantes e repentinas. Após a morte de D. José I, D. Maria 
I demitiu o Marquês de Pombal e cancelou algumas das suas iniciativas (FALCON, 
1993) 
No século XVI, a gestão do ensino público passou da Universidade de Coimbra 
para a Companhia de Jesus, que assumiu a autoridade da educação pública de 
Portugal e após do Brasil também. Na realidade, o método educacional jesuíta esteve 
em uso por mais de dois séculos antes de ser substituído pela Reforma Pombalina no 
século XVIII, momento em que a educação se tornou a prioridade nacional de 
Portugal. 
Segundo Falcon (1993), historiadores e estudiosos podem analisar a obra e a 
vida do Marquês de Pombal em seis períodos bem distintos: o primeiro inclui os 
contemporâneos do Marquês; o segundo inclui admiradores imediatos e críticos de 
suas obras; o terceiro inclui os liberais e o mito liberalismo pombalino; o quarto inclui 
os conservadores e o mito da tirania pombalina; e o quinto inclui estudos apresentados 
por pesquisadores e historiadores da primeira metade do séc. XX; o sexto e último 
momento, que iniciou no ano de 1945, abrange análises atuais. 
Conforme Carvalho (1978, p. 29) “os alvarás e regulamentos pombalinos eram 
vistos como se não houvesse alternativa entre o jesuitismo e o antijesuitismo oferecido 
na época”. Nessa alternativa, os jesuítas equivaliam, para os historiadores, tudo o que 
havia de antimodernista, enquanto Pombal e seus homens representavam a autêntica 
expectativa das aspirações modernas. Agora há que admitir que as condições desta 
alternativa é um dos mais importantes obstáculos pra que se entenda um dos 
momentos mais claros da história portuguesa. 
O governo de Pombal quis culpar os jesuítas pelo declínio cultural e 
educacional dos portugueses, atribuindo a eles todas as deficiências da educação 
metropolitana e colonial. Segundo Carvalho (1978), esta corrente, conhecida como 
antijesuitismo, representava uma mentalidade que predominava em muitos países 
europeus e não era exclusiva de Portugal. Dessa maneira, a Companhia de Jesus 
serviu de barreira e fonte de oposição às investidas de aplicação da nova filosofia 
iluminista que rapidamente se espalhou pela Europa (FALCON, 1993). 
Segundo Serrão (1992) e Almeida (2000), o Marquês de Pombal expressou seu 
ódio aos jesuítas em documentos oficiais da época. Carvalho (1978) ressalta que: 
 
 [...] o tão celebrado ódio do Marquês de Pombal à Companhia de Jesus não 
decorreu dos prejuízos opiniáticos de uma posição sistemática previamente 
traçada. Fatores vários e complexos, de ordem social, política e ideológica, 
influíram decisivamente na evolução de uma questão que ainda hoje 
apaixona e obnubila a visão dos espíritos mais esclarecidos. Na brevidade 
desta forma de ideal político nacional a conservação da união cristã e da 
sociedade civil se condensa toda uma filosofia com objetivos claramente 
definidos, responsável, aliás, de certa forma, tanto pelas virtudes quanto 
pelos vícios do despotismo imperante (CARVALHO, 1978, p. 32) 
 
 
Esse espírito antijesuíta é, por fim, visto na atribuição de todos os piores 
aspectos da educação brasileira metropolitana e colonial à Companhia de Jesus e às 
práticas culturais e educacionais predominantes na comunidade portuguesa. 
(SERRÃO, 1992) 
As principais iniciativas tomadas em 28 de junho de 1759 pelo Marquês através 
de Alvará foram as seguintes: 
• A completa destruição da organização educacional jesuíta e sua metodologia de 
ensino no Brasil e Portugal; 
• Criar aulas de gramática latina, grego e retórica; 
• Criação do cargo de "Diretor de Estudos". 
• Tinha a pretensão de ser um órgão administrativo de direção e supervisão 
educacional; iniciação das classes arregimentadas; 
• Aulas isoladas que substituíram o curso secundário de humanidades criado pelos 
jesuítas; 
• Realização de um concurso para selecionar professores para ministrarem as 
aulas régias; 
• Aprovação e instituição das aulas de comércio. 
 
Pombal, que teve influência das ideias do Iluminismo, instituiu uma significativa 
reforma educacional, pelo menos formalmente. O pensamento pedagógico das 
escolas públicas e privadas substituiu a metodologia eclesiástica dos jesuítas. 
Segundo Azevedo (1976, p. 56–57), é a ascensão do espírito moderno que: 
 
[...] marcando o divisor das águas entre a pedagogia jesuítica e a orientação 
nova dos modeladores dos estatutos pombalinos de 1772, já aparecem 
indícios claros da época que se deve abrir no século XIX e em que se 
defrontam essas duas tendências principais. Em lugar de um sistema único 
de ensino, a dualidade de escolas, umas leigas, outras confessionais, regidas 
todas, porém, pelos mesmos princípios; em lugar de um ensino puramente 
literário, clássico, o desenvolvimento do ensino científico que começa a fazer 
lentamente seus progressos ao lado da educação literária, preponderante em 
todas as escolas; em lugar da exclusividade de ensino de latim e do 
português, a penetração progressiva das línguas vivas e literaturas modernas 
(francesa e inglesa); e, afinal, a ramificação de tendências que, se não 
chegam a determinar a ruptura de unidade de pensamento, abrem o campo 
aos primeiros choques entre as idéias antigas, corporificadas no ensino 
jesuítico, e a nova corrente de pensamento pedagógico, influenciada pelas 
idéias dos enciclopedistas franceses, vitoriosos, depois de 1789, na obra 
escolar da Revolução (AZEVEDO, 1976, p. 56-57) 
 
 
5.1 Ideal Iluminista 
 
Conforme as circunstâncias sociais da época, as ideias do Iluminismo foram 
introduzidas pela primeira vez na ciência e na educação. Segundo Boto (1996) 
fortalecer o pensamento pedagógico e cuidar de uma atitude educativa. Alguns 
intelectuais e pensadores franceses acreditavam que o ser humano seria o único 
responsável pelo processo educacional a que é submetido. Nessa abordagem, a 
educação adquire uma expectativa totalizadora e profética, para que por meio dela 
ocorram as indispensáveis reformas sociais diante de um sujeito pedagogicamente 
reformado. 
Para o ideal iluminista, uma sociedade renovada requer um homem renovado, 
que só pode ser formado por meio da educação. Assim, embora a doutrina jesuíta 
tenha sido útil para as necessidades da fase inicial do processo de colonização no 
Brasil, ela não pode mais atender aos interesses dos Estados Modernos em formação. 
Surge então a ideia de educação pública sob o controledos Estados Modernos. Dessa 
forma, o ensino jesuíta torna-se ineficaz para responder às demandas de uma 
sociedade em transformação neste momento histórico (BOTO, 1996). 
A discussão sobre o Iluminismo, particularmente o do Marquês de Pombal, é 
muito importante porque tanto a educação quanto os direitos são fundamentais para 
essas ideias. É fundamental ter em mente que a reforma educacional planejada pelo 
Marquês de Pombal não exclusividade de sua administração, pois vestígios do 
movimento iluminista podem ser encontrados de D. João V a D. Maria I. 
Como ressalta Carvalho (1978): 
 
[...] as reformas pombalinas da instrução pública constituem expressão 
altamente significativa do iluminismo português. Nelas se encontra 
consubstanciado um programa pedagógico que, se por um lado, representa 
o reflexo das idéias que agitavam a mentalidade européia, por outro, traduz, 
nas condições da vida peninsular, motivos, preocupações e problemas 
tipicamente lusitanos (CARVALHO, 1978, p. 25) 
 
 
Ribeiro (1998, p. 35) deixa claro que: 
 
[...] as 'reformas pombalinas' visavam transformar Portugal numa metrópole 
capitalista, a exemplo do que a Inglaterra já era há mais de um século. 
Visavam, também, provocar algumas mudanças no Brasil, com o objetivo de 
adaptá-lo, enquanto colônia, à nova ordem pretendida em Portugal. 
(RIBEIRO,1998, p. 35) 
 
 
Isso resulta em uma nova ordem social, um novo modelo humano e uma nova 
sociedade baseada nos princípios do sistema de produção pré-capitalista. Quando o 
Marquês de Pombal propôs reformas educativas através de decretos sobre a criação 
de novas escolas e reforma das já existentes, deu - se importância principalmente 
para a utilização do ensino público como instrumento ideológico com o objetivo de 
controlar e erradicar a ignorância que se alastrava pela sociedade, condição 
incompatível e incongruente com o ideário iluminista (SANTOS, 1982). 
Segundo Almeida (2000) e Ribeiro (1998), o maior entrave para o alcance 
desses objetivos era a falta de homens qualificados para lecionar no ensino elementar 
e primário. Isto é, havia uma carência significativa de docentes, tanto na metrópole 
quanto no interior, que tivessem capacidade para desempenhar o papel de educador. 
Nesse contexto, é possível dizer que Pombal enxotou os jesuítas e assumiu 
oficialmente o ensino público, com a pretensão de, não só aperfeiçoar o sistema e a 
metodologia de educação, mas também colocá-los às ordens da política do país. 
Conforme Haidar (1973), o objetivo foi fundar uma escola que tivesse utilidade para 
os fins do Estado, e dessa maneira os pombalinos, ao invés de recomendarem o 
trabalho escolar intensivo e generalizado, almejavam fundar uma escola que servisse 
as exigências da coroa antes de convir aos interesses religiosos. 
 
 
5.2 Métodos Pedagógicos 
 
Pombal transferiu a direção da escola e o currículo para a Real Mesa Censória 
em 5 de abril de 1771. Esta organização foi criada em abril de 1768 com o intuito de 
concretizar a emancipação do controle absoluto dos jesuítas no ensino, assim 
passando a autoridade para o Estado. Partindo dessa ação, foram introduzidos no 
Brasil aulas de leitura e escrita e foi criada uma fonte de financiamento conhecida 
como Subsídio Literário para preservar as reformas na educação. Uma consequência 
do declínio da organização educacional jesuítica e da ausência de um projeto de 
educação formal e eficaz foi o atraso na implantação de escolas coloniais no Brasil 
(1976) que ofereciam cursos que ofereciam cursos avançados e sistematizados. 
Almeida (2000) ressalta um ponto essencial para o entendimento da educação 
pública no Brasil colonial: a tentativa da Coroa Portuguesa e do governo colonial local 
de minar o acesso à educação pública aos brasileiros. Esse comportamento foi 
legitimado porque queriam evitar que o crescente espírito nacional se espalhasse 
entre a população. 
Assim, é possível observar uma característica relevante na educação brasileira: 
“a destruição e substituição de propostas educacionais ultrapassadas em favor de 
novas propostas”. Isso aponta para uma falta de consistência geral nas propostas 
educacionais colocadas em prática no Brasil. A partida dos jesuítas e a completa 
destruição de seu projeto educacional pode ser considerada a origem dessa 
peculiaridade tão presente na educação brasileira. 
Segundo Holanda (1989), com a expulsão dos jesuítas, 
 
[...] a instrução pública em Portugal e nas colônias, foi duramente atingida. 
Desapareceram os colégios mantidos pela Companhia de Jesus que 
constituíam então os principais centros de ensino. Urgia, portanto, a adoção 
de providências capazes de, pelo menos, atenuar os inconvenientes da 
situação criada com as drásticas medidas administrativas de Sebastião de 
Carvalho e Melo. O terreno para a implantação de novas ideias pedagógicas, 
entretanto, já havia sido preparado, com vária sorte, pelos esforços isolados 
de alguns homens de ciência e de pensamento, entre os quais figuravam o 
singular Luís Antônio Verney e os padres da Congregação do Oratório de São 
Felipe Néri (HOLANDA, 1989, p. 80-81) 
 
É possível argumentar que o propósito e o esforço para absolver o estado de 
seus compromissos através de artifícios, projetos e impostos destinados a custear a 
educação não são novas nem exclusivas dos governos atuais. Além disso, já existiam 
na época dois tipos de escolas (uma para a prole dos ricos e privilegiados, outra para 
os grupos sociais com menor poder aquisitivo), bem como uma política educacional 
nacional que privilegiava o ensino privado. 
De acordo com Teixeira Soares, mais relevante do 
 
[...] que a reforma e modernização da Universidade de Coimbra foi o Alvará 
de 06 de novembro de 1772, que institui o ensino popular a ser dado nas 
escolas públicas. Pombal não ficou apenas no texto da lei. Passou de 
imediato à fundação de escolas, que deveriam completar um total de 479. A 
lei determinou que o ensino popular poderia também ficar a cargo de 
particulares, que para tanto contariam com apoio do Estado no 
prelecionamento das seguintes matérias: ortografia, gramática, aritmética, 
doutrina cristã e educação social e cívica ('civilidade'). O ensino secundário 
daria ênfase especial ao latim, grego e francês. Ao mesmo tempo em que 
cuidava do ensino popular, fundou o 'Colégio dos Nobres', seminário 
dedicado à educação de filhos da nobreza; e, para manter o equilíbrio social 
e educacional, fundou também o Colégio de Mafra, destinado à educação dos 
plebeus, com programa idêntico ao reservado aos filhos da nobreza. [...] O 
primeiro-ministro criou um imposto especial destinado à manutenção e 
ampliação das escolas fundadas (lei de 10 de novembro de 1772). 
(TEIXEIRA, p. 218, 1961) 
Os métodos pedagógicos tradicionais instituídos pela Companhia de Jesus 
pretendem ser substituídos por uma metodologia educativa nova que esteja em 
consonância com aquela realidade e o reconhecido momento histórico, é isso que o 
Ministro Pombal procura oportunizar. Pretendeu-se, assim, que as escolas 
portuguesas pudessem observar as mudanças ocorridas na época. 
Ao apoiar este alvará, o Marquês de Pombal esperava proporcionar a 
substituição dos métodos pedagógicos tradicionais da Companhia de Jesus por outros 
mais contemporâneos e mais alinhados com os ideais filosóficos do iluminismo. 
(ALMEIDA, 2000). 
Reconhecendo as contribuições do Marquês de Pombal para a educação 
pública, Almeida (2000) e menciona que outras organizações religiosas tentaram dar 
continuidade ao trabalho dos padres jesuítas depois da expulsão e destruição da 
Companhia de Jesus do Brasil, porém não lograram êxito. Ademais, acredita que o 
sucesso do projeto educacional jesuíta se deve em parte à capacidade dos padres em 
cumprir o papel de professor, porque mantiveram muitas escolas dirigidas por 
professores realmente profissionais. 
Carvalho (1978), Avellar (1983) e Ribeiro (1998) consideramque o conteúdo 
da Reforma Pombalina, sob o patrocínio de suas principais inspirações Luis Antonio 
Verney, Ribeiro Sanches e Antônio Genovessi, tem elementos da doutrina tradicional 
ou eclesiástica. Dessa forma, não houve uma ruptura total na educação jesuíta, pois 
as mudanças foram mais no conteúdo do que nas metodologias de ensino. 
De acordo com Falcon: 
 
[...] a partir de Verney, o reformismo ilustrado, apoiado no otimismo jurídico 
que o caracteriza, entra na ordem do dia. A secularização constitui seu traço 
dominante. A fé no progresso, a ênfase dada à razão e a crença no poder 
quase mágico das 'Luzes' completa o ideário. (FALCON, p. 364, 1993) 
 
O "verdadeiro método de pesquisa" de Luis Antonio Verney pretendia 
contrastar com o método pedagógico jesuíta. A obra, que na verdade são dezesseis 
cartas publicadas em Roma e escritas entre 1746 e 1747, analisa as matérias da 
educação portuguesa, que ainda até era ministrada pelo método jesuíta e dá 
instruções para seu ajuste e adaptação à nova realidade. 
Conforme Maciel e Neto (2006): 
 
Cada carta trata de um determinado tema e, no conjunto, compõem as 
disciplinas da proposta pedagógica de Verney: primeira carta - a língua 
portuguesa; segunda carta - o latim; terceira carta - o grego e o hebraico; 
quarta carta - as línguas modernas; quinta carta - a retórica; sexta carta - 
continua a análise sobre o ensino da retórica; sétima carta - a poesia 
portuguesa; oitava carta - a filosofia; nona carta - a metafísica; décima carta 
- a lógica/física; décima primeira carta - a ética; décima segunda carta - a 
medicina; décima terceira carta - a jurisprudência como prolongamento 
natural da moral; décima quarta carta - a teologia; décima quinta carta - o 
direito econômico; décima sexta carta -apresenta uma sequência de planos 
de estudos: os estudos elementares, a gramática, o latim, a retórica, a 
filosofia, a medicina, o direito, a teologia e termina com o apêndice sobre 'o 
estudo das mulheres' (MACIEL E NETO, 2006, p.473 aspas do autor) 
 
 
Algumas dessas propostas estão inseridas em seu projeto pedagógico, entre 
elas: a secularização da educação; elevar o status da língua portuguesa; o papel e a 
importância de aprender o latim, intermediado pela língua portuguesa(uma das razões 
para aprender latim era a oportunidade de facilitar e encurtar a duração dos estudos); 
redução dos anos de estudo nos níveis de ensino inferiores, com o objetivo principal 
de aumentar o acesso ao ensino superior; oferta de um currículo para todos os níveis 
de ensino, desde a educação básica (que começa aos sete anos) até o ensino 
superior; a maioria das disciplinas que compõem sua proposta pedagógica são 
disciplinas literárias, como: Português , Latim , Retórica , Poética , Filosofia (Lógica, 
Moral, ética, Metafísica e Teologia), Direito (Direito Civil e Direito Canônico ), Medicina 
(Anatomia ), grego, hebraico, francês, italiano, anatomia e física(Aritmética e 
Geometria); uma proposta de educação pública gratuita para toda a população 
portuguesa como iniciativa para reduzir o analfabetismo na sociedade portuguesa. 
(MACIEL; NETO, 2006). 
Por isso, recomenda que sejam abertas escolas públicas em todos os bairros 
para que ninguém seja impossibilitado de frequentá-las, é recomendado que haja uma 
transformação no comportamento dos discentes com seus alunos e que as 
universidades sejam abertas ao público e comunidade, ainda que esses não sejam 
academicamente qualificados para fazê-lo. Recomenda-se, ainda, que se haja 
colégios para os pobres com o objetivo de prepara-los com hábitos da burguesia e da 
nobreza. Entende-se fundamental que as mulheres frequentem regularmente as 
escolas para poderem obter conhecimentos necessários à gestão do lar. 
A importância da obra de Verney para o pensamento da época pode ser 
destacada na análise de Falcon: 
 
[...] reside não propriamente no seu 'conteúdo', mas no espírito que as 
acompanham e na ruptura que representam. [...] O espírito a que nos 
referimos é o da crítica irônica, muitas vezes satírica, ao ensino existente em 
Portugal, em todos os níveis, tanto no seu conteúdo quanto nos seus 
métodos, crítica que é também à cultura portuguesa com um todo. Tratava-
se, em suma, de demonstrar que, em qualquer direção que se olhasse, 
Portugal estava atrasada, distanciando do que se passava nos centros 
civilizados. (FALCON, 1993. p. 331) 
 
Conforme Ribeiro (1998), esta nova organização do ensino português é 
considerada um fracasso e um avanço do ponto de vista pedagógico porque exigiu a 
introdução de novos livros didáticos e novas metodologias de ensino. O livro foi 
amplamente divulgado como ferramenta cultural ao longo do reinado de D. José I. 
Vale ressaltar que, apesar das propostas oficiais, as reformas pombalinas nunca 
foram implementadas com sucesso, levando a um longo período (1759-1808) de 
declínio educacional e colapso na colônia. Desta maneira: 
 
[...] a expulsão dos jesuítas em 1759 e a transplantação da corte portuguesa 
para o Brasil em 1808, abriu-se um parêntese de quase meio século, um largo 
hiatus que se caracteriza pela desorganização e decadência do ensino 
colonial. Nenhuma organização institucional veio, de fato, substituir a 
poderosa homogeneidade do sistema jesuítico, edificado em todo o litoral 
latifundiário, com ramificações pelas matas e pelo planalto, e cujos colégios 
e seminários forma, na Colônia, os grandes focos de irradiação da cultura. 
(Azevedo, 1976, p. 61) 
 
É assim que Carvalho caracteriza Luis Antonio Verney: 
 
[...] nenhum, entretanto, tão ilustre como Verney, pela universalidade do plano 
concebido e pela ambição por que procurou, por intermédio de suas obras, 
realizar o programa planejado quase no verdor dos anos. É neste sentido que 
Luís Antonio Verney é um pedagogo e, enquanto pedagogo, 'um iluminista' 
na medida em que o iluminismo é uma forma de pensar comum de homens 
que, em atitudes diversas de pensamento, procuram fazer da cultura um 
instrumento do progresso e da perfeição das sociedades e dos homens. Em 
Verney, não há apenas o programa de uma reforma sobre os estudos; há 
ainda a consciência da necessidade do desdobramento de uma tarefa 
pedagógica, realizando na ordem prática as diretrizes que o conhecimento 
das realidades portuguesas e das conquistas recentes da cultura impunham 
como propósito preliminar de uma política destinada a 'iluminar' 
verdadeiramente a nação lusitana (CARVALHO, 1978, p. 61-62) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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2.ed. São Paulo: EDUC/INEP/MEC, 2000. 
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2.ed. Brasília: FUNCEP/Editora da Universidade de Brasília, 1983. 
AZEVEDO, F. de. A transmissão da cultura: parte 3. São Paulo: 
Melhoramentos/INL, 1976. (5. ed da obra "A cultura brasileira"). 
BOTO, C. A escola do homem novo: entre o Iluminismo e a Revolução Francesa. 
São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1996. 
CARVALHO, L. R. de. As reformas pombalinas da instrução pública São Paulo: 
Saraiva/Editora da Universidade de São Paulo, 1978. 
FALCON, F. J. C. A época pombalina: política econômica e monarquia ilustrada. 
2.ed. São Paulo: Ática, 1993. 
HAIDAR, M. de L. M. A instrução popular no Brasil antes da República. In: BREJON, 
M. (Org.). Estrutura e funcionamento do ensino de 1ş e 2ş graus São Paulo: 
Pioneira, 1973. p. 37-51. 
HOLANDA, S. B. de. História geral da civilização brasileira: a época colonial. v. 1, 
8.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989. 
MACIEL L., Neto Shigunov A. A educação brasileira no período pombalino: uma 
análise histórica das reformas pombalinas do ensino. Educação e Pesquisa, São 
Paulo, v.32, n.3, p. 465-476, set./dez. 2006. 
RIBEIRO, M. L. S. História da educação brasileira: a organização escolar. 15.ed. 
Campinas: Autores Associados,1998. 
SANTOS, M. H. C. dos. Poder, intelectuais e contra-poder. In: SANTOS, M. H. C. dos 
(Org.). Pombal revisitado v. 1, Lisboa: Editorial Estampa, 1982. p. 122-129. 
SERRÃO, J. V. História de Portugal: o despotismo iluminado (1750-1807). v. 6, 
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TEIXEIRA SOARES, Á. O Marquês de Pombal Brasília: Editora da Universidade de 
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