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UNIVERSIDADE PAULISTA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA-UNIP Curso: Letras Português e Inglês Sociolinguística: O Preconceito Linguístico e as Variedades Linguísticas no ensino. Danielly Leite De Melo / 0516577 ITAPORANGA- PB 2022 Danielly Leite De Melo Sociolinguística: O Preconceito Linguístico e as Variedades Linguísticas no ensino. Trabalho Monográfico – Curso de Graduação – Licenciatura em Letras Língua Portuguesa e Língua Inglesa, apresentado à comissão julgadora da UNIP– Alphaville, sob a orientação da professora Deborah Gomes De Paula. ITAPORANGA- PB 2022 Banca Examinadora ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ITAPORANGA-PB 2022 Dedico esse trabalho ao meu pai e à minha mãe que desde sempre me incentivou a estudar e não poupou esforços para me acompanhar nesta jornada acadêmica. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a deus por ter me dado forças para enfrentar todas as dificuldades durante a graduação mesmo em tantas lutas e a Virgem Maria pela sua poderosa intercessão ajudando a vencer todos os conflitos diários. Agradeço à minha família, que desde o princípio me deu apoio incondicional, em especial aos meus pais, Vera e Titico, que em cada momento me incentivaram e acreditaram no meu potencial, sendo minha base para o meu sucesso, que nunca mediram esforços para lutar pela minha formação, por todo o incentivo e ajuda, por todos os conselhos e por sempre mostrar que o estudo é a base de tudo, eles foram a minha força ao longo do caminho, e meu modelo a ser seguido. Ao meu noivo João Paulo que sempre esteve ao meu lado nessa caminhada, mim dando todo apoio para a realização do meu sonho, com quem partilhei das alegrias e dificuldades encontradas e que sempre estava me ajudando com palavras e incentivos. Aos meus familiares, Dyanna, Dienny, Jane e meus irmão que durante este processo teve paciência e sabedoria para me ajudar da melhor forma possível, sempre me motivando a cada instante. As minhas amigas Laís bezerra e Talicia Pereira que estiveram ao meu lado ao longo do curso, que passaram por todas as situações e momentos difíceis comigo, vocês tornaram tudo mais leve, pois eu sabia que poderia sempre contar com vocês. Quero agradecer também à minha professora orientadora, Deborah Gomes De Paula pelos ensinamentos que me permitiu estar concluindo esta graduação. Enfim a todos aqueles que de alguma forma me ajudaram a acreditar em mim, quero deixar um eterno agradecimento, pois sem eles isto não seria possível. RESUMO O presente trabalho de pesquisa trata de um tema de grande importância que é Sociolinguística: O Preconceito Linguístico e as Variedades Linguísticas no ensino, como objetivo de verificar a interferência do preconceito linguístico na aprendizagem, esclarecendo o real papel de poder da disciplina de Português onde busca concentra no ensino do tradicionalismo, fator que centraliza a gramática normativa como a única forma correta, ignorando assim outras variantes linguísticas, o que levará a um viés linguístico em relação a outra Variedade, classificada como falsa de acordo com a especificação padrão, pelo fato de ser um instrumento alfabetizador que desenvolve durante o ensino acadêmico. A partir deste fato, surgiu a pergunta que deu norte a esta pesquisa: Como os pressupostos teóricos da sociolinguística contribuem para o trabalho de ensino da língua materna de alunos do ensino médio? Para chegar a essa resposta, utilizou-se por meio de pesquisa bibliográfica, onde a metodologia empregada neste trabalho segue o método de abordagem dedutiva, utilizando as referências bibliográficas nos estudos de alguns teóricos como: Ferdinand Saussure e Noam Chomsky (1960), Azevedo e Damasceno (2017), Bakhtin (2007), etc.; Bagno (2007) e outros autores que se basearão no estudo. A obra será organizada por capítulos, cada um dos quais abordará um tema diferente, pois contribuem muito para o objetivo principal do trabalho, comprovando que o viés de linguagem interfere no desenvolvimento e aprendizagem dos alunos. Palavras-chave: sociolinguística, variedade linguística, preconceito linguístico, ensino acadêmico. ABSTRACT The present research work deals with a topic of great importance that is Sociolinguistics: Linguistic Prejudice and Linguistic Varieties in teaching, with the objective of verifying the interference of linguistic prejudice in learning, clarifying the real power role of the Portuguese discipline where it seeks to focuses on the teaching of traditionalism, a factor that centralizes normative grammar as the only correct form, thus ignoring other linguistic variants, which will lead to a linguistic bias in relation to another Variety, classified as false according to the standard specification, due to the fact that be a literacy tool that develops during academic teaching. From this fact, the question that guided this research arose: How do the theoretical assumptions of sociolinguistics contribute to the work of teaching the mother tongue of high school students? To arrive at this answer, it was used through bibliographical research, where the methodology used in this work follows the method of deductive approach, using the bibliographical references in the studies of some theorists such as: Ferdinand Saussure and Noam Chomsky (1960), Azevedo and Damasceno (2017), Bakhtin (2007), etc.; Bath (2007) and other authors who will be based on the study. The work will be organized by chapters, each of which will address a different theme, as they contribute a lot to the main objective of the work, proving that language bias interferes with the development and learning of students. Keywords: sociolinguistics, linguistic variety, linguistic prejudice, academic teaching. SUMÁRIO Resumo..........................................................................................................6 Introdução .....................................................................................................9 Capítulo I: Sociolinguística: norma padrão e variação linguística 1.1 Sociolinguística......................................................................................11 1.2 Norma padrão.........................................................................................13 1.3 Variação linguística................................................................................15 1.4 Problematização.....................................................................................17 Capítulo II: Base Teórica 2.1 Preconceito linguístico........................................... ...............................17 2.2 Língua materna: Principais pressupostos teóricos............................24 CAPÍTULO III- Análise e discussão.............................................................27 4. Metodologia...............................................................................................32 5. Considerações finais................................................................................34 6. Referências Bibliográficas.......................................................................35 INTRODUÇÃO A linguagem é dinâmica e tem muitas mudanças. Esse fato vem de toda língua que chamamos de variação linguística, que é limitada pelo contexto histórico, geográfico e sociocultural do falante.A formação social da população brasileira é composta por diferentes contribuições socioculturais como: cor da pele, status social, forma de falar e se expressar ou expressar sua própria cultura, que podem variar de acordo com a região de origem de cada indivíduo, onde os diferentes tipos surgem preconceito. Como essas mudanças são para comunicação, nunca devemos considerá-las erradas. Ao apontar que essas mudanças estão erradas, cometemos o que chamamos de "viés de linguagem". Como todos os preconceitos, o ato maquiavélico é defender uma determinada posição que se impõe porque é mais adequada e às vezes mais "bonita", e infelizmente esse ato errado existe no Brasil. Por exemplo, a retórica depreciativa sobre o discurso dos moradores da zona rural é uma espécie de convecção, que não apenas não promove o processo de educação democrática, mas dificulta nosso enriquecimento do patrimônio cultural. Desta forma, ao contrário do Português Padrão, o Português Não Padrão é característico de falantes marginalizados, economicamente desfavorecidos, “errados” por falarem uma língua diferente da norma padrão tão prestigiada, criando assim vários mitos cotidianos. Principalmente preconceito linguístico. Os linguistas concordam que as normas padrão, uma vez estabelecidas, adquirem tanta importância e tanto prestígio social que todas as outras variantes são consideradas "inadequadas", "insuficientes", feias", "erradas", "falhas”., "pobres"... Norma padrão, norma oficial, usada na literatura, mídia, leis e decretos governamentais, ensinada nas escolas e na interpretação gramatical, é o status socioeconômico. A pesquisa está dividida em 3 abordagens principais de acordo com a classificação de seus objetivos: exploratória, descritiva e explicativa. O tipo mais próximo do trabalho é a pesquisa exploratória. A principal característica da pesquisa descritiva é a pesquisa baseada em livros, escritos acadêmicos, artigos, etc. A obra será organizada por capítulos, cada um dos quais abordará um tema diferente, mas dentro da temática Sociolinguística: O Preconceito Linguístico e as Variedades Linguísticas no ensino, sempre utilizar a obra de autores como Ferdinand Saussure e Noam Chomsky (1960), Azevedo e Damasceno (2017), Bakhtin (2007), etc.; Bagno (2007) e outros autores que se basearão no estudo. Este trabalho tem como finalidade a realização de um estudo com o objetivo de propor uma discussão teórica em torno da sociolinguística e analisar sua presença no contexto educacional, dessa forma, os temas escolhidos para o estudo têm papel fundamental, como ferramenta essencial no ensino e aprendizagem. Seus objetivos específicos são propor definições de normas normativas, variação linguística e preconceito linguístico, estudar a relação entre viés linguístico e aprendizagem do aluno. Conforme mencionado na seção anterior, não é mais possível projete o trabalho em sua língua nativa na sala de aula sem pensar considerado por uma série de estudos sociolinguísticos foram estabelecidos até o momento. Os professores de português refletem a urgência sobre esta questão, vamos incontáveis ilimitados implicar uma distorção do processo, o resultado global Ignorância, porque não dizer, os profissionais da educação estão mal preparados faça negócios neste campo. Dado o que é revelado na introdução, este trabalho garante uma melhor compreensão dos pressupostos teóricos da sociolinguística, e colocaremos em primeiro lugar os estudos da linguagem do século XX em um sentido geral. Comecemos pelo linguista suíço Ferdinand Saussure e pelo linguista americano Noam Chomsky. Para Saussure, a linguística tem por único e verdadeiro objeto a língua considerada em si mesma e por si mesma. Saussure postula algumas dicotomias e vai isolando o que, segundo ele, seria de interesse da ciência linguística. Essas dicotomias, as que são mais importantes langue e parole, sincronia e diacronia, é a perspectiva sincrônica, segundo Saussure, que permite o estudo científico da língua. Nas escolas de hoje, alunos e professores têm um forte viés linguístico contra aqueles que falam línguas diferentes da língua padrão. Esse preconceito leva à discriminação, cria problemas nas interações entre alunos e entre professores e alunos e torna a sala de aula um local de exclusão social. No entanto, nos Estados Unidos, a visão formal da língua ganha destaque, a partir da década de 1960, com Noam Chomsky e a corrente denominada gerativismo, segundo a qual a língua (i) é concebida como um sistema de princípios universais; (ii) é vista como o conhecimento mental que um falante tem de sua língua a partir do estado inicial da faculdade da linguagem, ou seja, a competência. O que interessa ao gerativista é o sistema abstrato de regras de formação de sentenças gramaticais. Como vimos, pelo menos até a década de 1960, as duas abordagens teóricas mais proeminentes em linguística foram o estruturalismo e o gerativismo. De fato, a concepção estruturalista de linguagem de Ferdinand de Saussure elevou amplamente a linguística ao status de um campo científico inteiro, com objetos e métodos bem definidos. Chomsky refinou ainda mais os objetivos dessa ciência, propondo que a habilidade da linguagem é um componente universal e inato da espécie humana, cujas regras podem ser descritas analisando a estrutura gramatical (aceitável) de diferentes idiomas. Destaca-se, portanto, a importância da realização deste estudo, que apresentará e validará a interferência do viés de linguagem na aprendizagem dos alunos e validará as respostas eliciadas por esse fator. O estudo foi realizado com alunos do ensino médio. O conteúdo deste trabalho deve interessar aos estudantes de literatura e aos envolvidos na área de ensino de língua portuguesa que já atuam em ambiente escolar. No Capítulo 1, vamos explorar a variação linguística como um processo linguístico e destacar e comentar os mais diversos tipos de variação. No Capítulo 2 focaliza a fundamentação teórica do viés preconceito linguístico e as condições para seu surgimento e desenvolvimento. No Capítulo 3, que também faz parte do desenvolvimento do trabalho, serão descritos os métodos e meios utilizados para conduzir o estudo. CAPÍTULO I – Sociolinguística: Norma padrão e variação linguística 1.1 Sociolinguística Em contextos escolares e acadêmicos ouve-se falar sobre o termo a sociolinguística, onde é um campo que estuda o uso real da linguagem, levando em conta as relações entre as línguas Aspectos sociais e culturais da estrutura e produção da linguagem linguística. Para essa corrente, a linguagem é uma instituição social e, Como tal, não pode ser estudada como uma estrutura independente, independente do contexto, cultura e história das pessoas que a utilizam como meio de comunicação. De acordo com Alkmin (2003) a ligação entre linguagem e sociedade é inquestionável e a base da constituição do ser humano. Não deveria, então, esta relação estar ausente das reflexões sobre o fenômeno linguístico. No entanto, como você deve lembrar, baseado nos estudos feitos anteriormente em Linguística, nem sempre a questão da natureza social da linguagem foi levada em conta. A seguir, serão apresentadas algumas definições concebidas por alguns autores relacionados a esse assunto. O termo sociolinguístico foi cunhado por William Labo em 1964. Desenvolveu um modelo para descrever e explicar fenômenos linguísticos no contexto social de comunidades urbanas - conhecido como Sociolinguística da Variação ou Teoria da Variação. Em outras palavras, a sociolinguística se concentra na linguagem falada. Em um ambiente socialmente construído. Esses contextos estão relacionados outro conceito importante na área, o conceito de comunidade de voz ou linguística. Antes de a sociolinguística se estabelecer como área de estudo da linguística, já havia pesquisadorespreocupados com a questão da diversidade linguística. Um destes autores foi Antoine Emile (1866-1936). Emile estudou a mudança linguística na França a partir da relação entre a estrutura social e as relações nas quais a linguagem se desenvolve, afirmando assim a forte ligação entre língua, cultura e sociedade. Para Wright um sistema linguístico monolítico realizado sem variações ou com variações fortuitas e imotivadas, é incapaz de explicar toda uma gama de associações da estrutura social. A sociolinguística é uma área que estuda a língua em seu uso real, levando em consideração as relações entre a estrutura linguística e os aspectos sociais e culturais da produção linguística. Para esta corrente, a língua é uma instituição social e, portanto, não pode ser estudada como uma estrutura autônoma, independente do contexto situacional, da cultura e da história das pessoas que a utilizam como meio de comunicação. (CEZARIO; VOTRE, 2009, p. 141). Ottoni– Ricardo (2004), em sua obra Educação em língua materna- a sociolinguística em sala de aula, faz uma observação relacionada aos tão empregados erros de português: “erros de português são simplesmente diferenças entre variedades da língua”, logo, as diferenças linguísticas existentes são vistas como um “erro”. Para contextualizar o que vamos dizer sobre Sociolinguística e ensino, reportemo-nos inicialmente aos PCN de Língua Portuguesa: A língua portuguesa, no Brasil, possui muitas variedades dialetais. Identificam-se geográfica e socialmente as pessoas pela forma como falam. Mas há muitos preconceitos decorrentes do valor social relativo que é atribuído aos diferentes modos de falar: é muito comum se considerarem as variedades linguísticas de menor prestígio como inferiores ou erradas. (BRASIL, 1997, p. 26). Quando nos referimos aos PCN, percebemos o quanto o documento é permeado por pressupostos sociolinguísticos. Podemos pensar sobre algumas das contribuições desta disciplina para o ensino de português, divida-as em três partes: uma em nível conceitual mais amplo e outra sobre a heterogeneidade da língua português e o terceiro menciona a prática docente-pesquisadora. 1.2 Norma padrão Conforme Castilho (1988, apud TRAVAGLIA, 1996, p.63), “a norma culta (culta, da classe de prestígio) constitui o português correto; tudo o que foge à norma representa um erro. ” Há outros que expressam o mesmo ponto sobre esta definição, por exemplo Britto (1997, apud BAGNO, 2001, p.10), cujo afirma que “ resulta da prática social, correspondendo à fala dos segmentos socialmente favorecidos. ” Critérios sociais, a norma certa escolhida com base no discurso da elite, é enfatizada, e tudo o que escapa a essa exclusividade é considerado errado. Seguindo Faraco (2002), o termo norma culta será utilizado para designar os fatos linguísticos do grupo social que mais diretamente lidam com a cultura escrita e com situações formais tanto de fala como de escrita. Faraco observa, contudo, que [...] há na designação norma culta um emaranhado de pressupostos nem sempre claramente discerníveis. O qualificativo ‘culto’, por exemplo, tomado em sentido absoluto pode sugerir que esta norma se opõe a normas ‘incultas’, que seriam faladas por grupos desprovidos de cultura. […]. Contudo, não há grupo humano sem cultura, como bem demonstram os estudos antropológicos. Por isso, é preciso trabalhar criticamente o sentido do qualificativo culta, apontando seu efetivo limite: ele diz respeito, especificamente, a uma certa dimensão da cultura, isto é, a cultura escrita. (FARACO, 2002, p. 39-40). Nas palavras de Bagno: [...] a norma-padrão não faz parte da língua, não corresponde a nenhum uso real da língua, constituindo-se muito mais como um modelo, uma entidade abstrata, um discurso sobre a língua, uma ideologia linguística, que exerce evidentemente um grande poder simbólico sobre o imaginário dos falantes em geral, mas principalmente sobre os falantes urbanos mais escolarizados. (BAGNO, 2007, p. 106). Maciel relatou que Lima (2000, p.7) nos traz outra definição, mas que se baseia em questões sociais, adota uma visão alternativa, e se volta mais para as normas - padrão criadas por escritores dedicados: “Fundamentam-se as regras da gramática normativa nas obras dos grandes escritores, em cuja linguagem as classes ilustradas põem o seu ideal de perfeição, porque nela é que se espelha o que o uso idiomático estabilizou e consagrou. ” Seguindo o mesmo ponto de vista de Maciel, tem-se também Bechara (1989, p. 52) que apresenta o seguinte: “a gramática normativa recomenda como se deve falar e escrever segundo o uso e a autoridade dos escritores corretos e dos gramáticos e dicionaristas esclarecidos” Ambas as afirmações se baseiam na ideia de normas padrão como espelhos para os escritores clássicos, aqueles que melhor sabem expressar a linguagem, usá- la corretamente e se aproximar dos ideais propostos pela gramática. Uma das confusões que permeia o estudo da gramática é a noção de norma, que pode especificar tanto o que é corrente, usual, corriqueiro na língua, quanto o que é regra, regulação, como vemos nas palavras de Faraco (2008): No funcionamento monitorado da língua, porém, a palavra norma é usada com o sentido de preceito, isto é, designa aquilo que tem caráter normativo, que serve, no interior de um projeto político uniformizador, para regular explicitamente os comportamentos dos falantes em determinadas situações. (FARACO, 2008, p. 74). No mesmo sentido, Lucchesi aponta essa contradição ao usar o termo norma, limitando-o ao linguístico, literário, cultural, popular, objetivo, como mostram os trechos a seguir: Em seu sentido mais básico, a expressão “norma linguística” remete a uma forma de um grupo usar a língua dentro de uma comunidade linguística. Nesse sentido, a norma culta designa como as pessoas consideradas “cultas” usam a língua, a norma literária traduz o uso linguístico dos poetas e escritores, assim como a norma popular remete ao uso da língua pelas pessoas do povo, fora do universo do letramento e do saber formal. Na tradição gramatical, o termo “norma” adquiriu o sentido prescritivo de regra a ser seguida, baseada em uma forma codificada de língua que é imposta à coletividade. Em sentido contrário, a Linguística moderna propugnou por uma norma objetiva, que poderia ser depreendida pela descrição do uso concreto da língua. Porém, tanto a tradição normativa quanto os linguistas estruturalistas enredaram-se na tensão entre uso e prescrição. (LUCCHESI, 2015, p. 46). Em relação às variantes padrão, existem outras variantes linguísticas, dentre as quais podemos citar variantes regionais como gaúcho, baiano, paulista, carioca, igreja, sotaque mineiro etc. Na próxima seção, a variação linguística, como ela ocorre e suas características são discutidas com mais profundidade. 1.3 Variação linguística A variação lingüística refere-se a mudanças de linguagem comuns no tempo, geografia, uso e características do falante. As línguas utilizam grupos sociais específicos, caracterizados por variantes próprias, que compõem a língua. Então, é pura ilusão dizer que o esquema da língua é consistente, porque as línguas são heterogêneas. Para Tarallo (1993, p. 8), variantes linguísticas é “[...] diversas maneiras de se dizer a mesma coisa em um mesmo contexto, e com o mesmo valor de verdade. A um conjunto de variantes dá-se o nome de ‘variável linguística’”. O termo variação linguística tem sido usado com frequência desde a década de 1960, década em que a sociolinguística variacionista surgiu nos Estados Unidos após Labov. A corrente sociolinguística busca estudar as mudanças e mudanças que existem na linguagem que podem variar no tempo, no espaço, e ainda com base no contexto social em que os indivíduos se encontram (BAGNO, 2004, p. 43).). SegundoMolina et al. (2003, p.9,10): A sociolinguística é uma das subáreas da linguística e estuda a língua em uso no seio das comunidades de fala, voltando a atenção para um tipo de investigação que correlaciona aspectos linguísticos e sociais. [...] A Sociolinguística considera em especial como objeto de estudo exatamente a variação [...] Calve (2002) afirmou que a maioria dos estudos de variantes se concentrou nos sons da fala porque as variantes nesse nível são mais óbvias e fáceis de descrever. Afinal, um fonema é a menor unidade única e não tem significado. Quanto aos tipos de variação linguística, Molina (2003, p.11) propõe a seguinte classificação: No conjunto de variáveis externas à língua, reúnem-se os fatores inerentes ao indivíduo (como etnia e sexo), os propriamente sociais (como escolarização, nível de renda, profissão e classe social) e os contextuais (como grau de formalidade e tensão discursiva. Banho (2006, p.15) desmascara alguns dos mitos sobre nossa língua, que são relevantes para este tópico, destaca-se o mito nº1, “a língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente”. Em que desenvolve uma observação crítica: Esse mito é muito prejudicial à educação porque, ao não reconhecer a verdadeira diversidade do português falado no Brasil, a escola tenta impor sua norma linguística como se ela fosse, de fato, a língua comum a todos os 160 milhões de brasileiros, independentemente de sua idade, de sua origem geográfica, de sua situação socioeconômica, de seu grau de escolarização etc. Por se falar em variação linguística, o que quer dizer o termo variação? Figueiredo (1945, p.2178) nos apresenta uma definição bastante esclarecedora a esse respeito e ainda a respeito do vocábulo variante, dois termos que possuem uma correlação entre si Falando em variação linguística, o que significa a palavra variação? Figueiredo (1945, p.2178) nos dá uma definição bastante esclarecedora a esse respeito e em relação a dois termos correlatos da palavra variedade: Variação - 1.ato ou efeito de variar. 2. Modificação, variante. 3. Mudança. 4. Inconstância ou variedade de princípios, de sistema etc. Variante – [...] 2. Cada uma das formas diferentes por que um vocábulo pode apresentar-se. 3. Variação. 4. Diferença, diversidade, modificação. Ou seja, trazer variação ao domínio da língua, é a existência de mais de uma “língua” dentro de um único sistema linguístico, neste caso, o português. Representa a diversidade, mas também as diferenças entre palavras individuais. Segundo calve (2002, p.89) variação linguística é “a coexistência de formas diferentes de um mesmo significado”. Dessa forma, um estudo amplo e prático da língua é dado a esse ensino, atentando para todas as conexões linguísticas que compõem o sistema linguístico brasileiro. Além disso, a redução da incidência de práticas discriminatórias e preconceituosas que fogem das normas normativas contra outras raças reflete as realidades linguísticas do Brasil e reduz a frequência de práticas preconceituosas lingüísticas, que veremos com mais detalhes em capítulos posteriores. 1.4 Problematização Como já mencionado anteriormente, é notória e já muito discutida entre estudiosos no ramo da Sociolinguística (Noam Chomsky; Bagno; Bakhtin; Saussure; Labov; entre outros), a forma como alguns professores de português se comportam na sala de aula quando confrontados com o problema das diferenças linguísticas entre os alunos. A reflexão sobre esta questão é ainda mais urgente se considerarmos o que ouvimos e lemos nos muitos estudos sobre o assunto. É preciso discutir como os professores de português se comportam e como abordar a questão da revelação do viés linguístico em sala de aula, seja no contexto da produção oral ou escrita. O ensino de português, na maioria das vezes, é apenas baseado em regras e não dá atenção ao uso da língua em diferentes contextos comunicativos, tornando o ensino mecanizado e pouco importante para a maioria dos alunos, a maioria dos professores foca apenas em falar gramática padronizada ensino. Pela enorme diversidade linguística existente na nossa sociedade, e por ter acrescentado tantas opiniões diferentes e por vezes preconceituosas, o ensino do português como língua materna é posto em causa, sobretudo para os alunos do ensino secundário, que já estão prestes a ingressar no ensino superior. Por meio desse questionamento, a seguinte questão de pesquisa deve ser destacada: 1. Como os pressupostos teóricos da sociolinguística contribuem para o trabalho de ensino da língua materna de alunos do ensino médio? CAPÍTULO II- Base teórico 2.1- Preconceito Linguístico Segundo Azevedo e Damasceno (2017), estruturar o ensino da língua portuguesa em ambiente escolar é um desafio para os professores e uma compreensão distrativa para os alunos, pois no processo o texto não está ligado à experiência do aluno no mundo ligado à compreensão da língua, esse trabalho na escola torna-se chato ou mesmo impossível. Também é preciso promover o ensino de várias línguas em todo o país, como a forma de falar dos nordestinos e sulistas. Segundo Bakhtin (2007), uma vez que certos fatores compõem uma língua tão ampla e diversa, os fatores mais importantes incluem a aquisição de habilidades de leitor e escritor, o poder da linguagem, a relação entre língua e identidade cultural e cidadania, erros em conhecimento, gramática e desvios da linguagem padrão. Confirme: Assim como a linguagem e a fala estão separadas, o mesmo ocorre com a sociedade e o indivíduo. A linguagem não é, portanto, uma função do locutor: ela é produto do registro passivo do indivíduo, nunca é premeditada [...] pelo contrário, as palavras são atos pessoais de vontade e sabedoria. Embora a linguagem seja heterogênea, ela constitui um sistema de símbolos, no qual existe essencialmente apenas uma combinação de sensação e imagens auditivas. (BAKHTIN, 2007, p. 79). De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, BNCC (2018), o português, no conceito de língua/língua, estrutura-se de forma polissêmica e multicultural, pois abrange sua identidade e diversidade linguística. Apropriar-se de diversos gêneros textuais para aproximar o aluno 7 do processo de leitura e escrita, com o objetivo de formar e defender posturas autônomas na formação dos sujeitos. Segundo a BNCC: Se uma face do aprendizado da Língua Portuguesa decorre da efet iva atuação do estudante em práticas de linguagem que envolvem a leitura/escuta e a produção de textos orais, escritos e multissemióticos, situadas em campos de atuação específicos, a outra face provém da reflexão/análise sobre/da própria experiência de realização dessas práticas. Temos aí, portanto, o eixo da análise linguística/semiótica, que envolve o conhecimento sobre a língua, sobre a norma-padrão e sobre as outras semioses, que se desenvolve transversalmente aos dois eixos – leitura/escuta e produção oral, escrita e multissemiótica – e que envolve análise textual, gramatical, lexical, fonológica e das materialidades das outras semioses. Ação social significa desenvolver nos estudantes uma postura autônoma e investigativa, em que sejam capazes de refletir e desenvolve r pensamento crítico. (BRASIL, 2018, p. 82). A respeito do estudo das variações linguísticas, Bagno diz: À professora e ao professor de língua portuguesa cabe o trabalho da reeducação sociolinguística de seus alunos e de suas alunas. O que significa isso? Significa valer-se do espaço e do tempo escolares para formar cidadãs e cidadãos conscientes da complexidade da dinâmica social, conscientes das múltiplas escalas de valores que empregamos em todo momento em nossas relações com as outras pessoas por meio da linguagem (2007, p. 82). Este facto é suportado não só ao nível linguístico, mastambém ao nível da relevância sensorial e imagética. Assim, além de “envolver-se” na leitura, os alunos saberão “nadar” nas correntes do entendimento, orientando-se, enriquecendo e transformando seu mundo quando necessário. Para Bortoni-Ricardo (2005), a influência da diversidade linguística no processo educacional no Brasil não tem recebido a devida atenção, ainda que a ciência linguística, ainda que timidamente, aponte para a melhoria da produtividade educacional e a manutenção do direito de ensina. Sobre esse assunto durante a apresentação de um dos livros de Bortoni- Ricardo, afirma que a noção do “erro” é uma construção social e cultural nascida dos critérios diversos e arbitrários das sociedades ocidentais, e não existe do ponto de vista linguístico: o que existe são formas diferentes de usar os recursos potencialmente presentes na própria língua”, (2004, p. 8). Em um contexto social, o uso da palavra preconceito sobre vários outros termos é significativo, indicando diferentes manifestações de preconceito entre os humanos. Práticas de preconceito social, racial, religioso, sexual, de gênero, corporal, etc., são ouvidas e presenciadas com certa frequência. Dentre esses vieses, outra forma se destaca, a saber, o viés linguístico. Em uma entrevista feita por Abraçado (2008, p.12), Scherre discorre sobre questões relacionadas ao preconceito linguístico, variação e ensino. Em relação ao preconceito linguístico ela propõe a seguinte definição: “[...] o preconceito linguístico é mais precisamente o julgamento depreciativo, jocoso e, consequentemente, humilhante da fala do outro[...]. O preconceito linguístico tem a ver, essencialmente, com a língua falada. ” O viés linguístico não surte tanto efeito nas questões escritas, tende a se manifestar na prática oral onde não há tanto acompanhamento quanto na prática escrita, que ocorre de forma estruturada e mais formal, pensada para estar o mais próximo possível a especificação padrão. O linguista Marcos Bagno publicou em 2002 uma importante obra intitulada Preconceito linguístico – o que é, como se faz, que aborda, entre outras questões, a mitologia existente em torno do tema. Segundo ele, apesar de, nos dias de hoje, observarmos forte tendência à luta contra as mais variadas formas de preconceito, esta parece não se estender ao aspecto linguístico. No entanto, deve-se enfatizar que o objetivo não se trata apenas de eliminar o aprendizado gramática da sala de aula, mas deixe-os mais coerente, mais próximo da realidade Linguística do Orador. Vamos agora destacar alguns mitos, De acordo com Bagno, enraizado na Perfil dos falantes de português brasileiro aprenda sobre eles mesmos e a língua que falam. MITO 1 – A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente Segundo Bagno, esse mito é prejudicial à educação “porque, ao não reconhecer a verdadeira diversidade do português falado no Brasil, a escola tenta impor a norma linguística como se ela fosse, de fato, a língua comum a todos os milhões de brasileiros, independentemente de sua idade, de sua origem geográfica, de sua situação socioeconômica, de seu grau de escolarização, etc”. É preciso, portanto, que não só a escola, mas todas as instituições voltadas para a educação e cultura abandonem esse mito e passem a reconhecer a verdadeira diversidade linguística do Brasil, pois só assim poderá ocorrer a inclusão dos falantes das variedades não-padrão que se encontram marginalizados. MITO 2 – Brasileiro não sabe português/ Só em Portugal se fala bem português Esse mito encontra-se diretamente relacionado ao nosso processo de colonização, o que nos faz pensar erroneamente que o português que falamos em nosso país é uma forma “errada” ou “corrompida” do português de Portugal. Na verdade, o que acontece é que nosso português é diferente, apresenta características próprias não só no vocabulário, como na sintaxe e na morfologia. Segundo Bagno, o brasileiro sabe “o seu português, o português do Brasil, que é a língua materna de todos os que nascem e vivem aqui, enquanto os portugueses sabem o português deles. Nenhum dos dois é mais certo ou mais errado, mais feio ou mais bonito: são apenas diferentes um dos outros e atendem às necessidades linguísticas das comunidades que os usam (...)” MITO 3 – Português é muito difícil Esse mito decorre do fato de que nosso ensino de língua sempre se baseou na norma gramatical de Portugal, ou seja, as regras que aprendemos muitas vezes não correspondem à língua que realmente falamos e escrevemos aqui no Brasil. De acordo com Bagno, “no dia em que nosso ensino de português se concentrar no uso real, vivo e verdadeiro da língua portuguesa do Brasil, é bem provável que ninguém mais continue a repetir essa bobagem. ” O autor reforça que “todo falante nativo de uma língua sabe essa língua. Saber uma língua, no sentido científico do verbo saber, significa conhecer intuitivamente e empregar com naturalidade as regras básicas de funcionamento dela. ” Marcos Bagno (2006, p.40) propõe outra definição de viés linguístico : O preconceito linguístico se baseia na crença de que só existe [...] uma única língua portuguesa digna deste nome e que seria a língua ensinada nas escolas, explicada nas gramáticas e catalogada nos dicionários. Qualquer manifestação linguística que escape desse triângulo escola- gramática- dicionário é considerada, sob a ótica do preconceito linguístico, “errada, feia, estropiada, rudimentar, deficiente [...]. Esse viés é exposto diante das diferenças entre cada forma de falar, onde as pessoas as veem como erros e apenas prestigiam mudanças, normas normativas como aceitáveis, subestimando assim outras linguagens. Para o autor, o viés de linguagem é baseado na crença de que existe apenas um apenas o português é objeto de estudo nos cursos de português, em Gramática e Dicionário. O autor ainda frisa que qualquer manifestação que fuja desse direcionamento é considerada feia, errada. De acordo com Bagno (2007), Quanto mais alta estiver a pessoa na escala sócio econômica, maior será o prestígio atribuído à sua maneira de falar. Do mesmo modo, e inversamente, o maior prestígio social de determinados falantes vai ser correlato da visão pejorativa e depreciativa com que seu modo de falar será avaliado (BAGNO, 2007, p. 76 -77). É esse tipo de pensamento que explora a prática do viés linguístico. A classificação das variantes entre certo e errado cria vieses, que devem ser evitados valorizando a língua e suas variantes, inclinando-se para a diversidade que ela apresenta e passando a ver essa realidade linguística de forma positiva., Como uma das pessoas mais ricas do Brasil, não carrega equívocos limitados por causa de pontos negativos. Ainda sobre o preconceito linguístico entre as camadas sociais, Bagno (2007) afirma: O preconceito linguístico está ligado, em boa medida, à confusão que foi criada, no curso da história, entre língua e gramatica normativa. Nossa tarefa mais urgente é desfazer essa confusão. Uma receita de bolo não é um bolo, o molde de um vestido não é um vestido, um mapa-múndi não é o mundo.... Também a gramática não é a língua. (BAGNO, 2007 p. 20) De acordo com a citação acima, a origem do viés de linguagem é atribuída a criar confusão entre linguagem e gramática canônica, ou seja, a implementação desse viés é de um modo geral, isso acontece quando a sociedade nega a diversidade das línguas mais comuns. A respeito dessa confusão, o autor afirma: Que o preconceito linguístico no Brasil se exerce em duas direções: de dentro da elite para fora dela, contra os que não pertencem as camadas sociais privilegiadas; e de dentro da elite para ao redor de si mesma, contra seus próprios membros. Isso porque, como já disse, existe na mentalidade dos brasileiros em geral, e dos falantes urbanos escolarizados em articular,a convicção muito arraigada de que no Brasil ninguém fala bem o português (BAGNO, 2009 p. 21). De acordo com a citação do autor, o viés linguístico esteve presente desde o início moderna tem lutado com isso por muitos anos e gramática canônica baseia-se no viés social, revelando assim a partir de qual sociedade ela está vindo. “Erros de português são simplesmente diferenças entre variedades da língua. ” (BORTONI-RICARDO, 2004, p.37). É assim que a sociedade vê a diversidade linguística como errada. No entanto, outros preconceitos, como o social, se baseiam no fato de que as pessoas das classes mais baixas são as que mais erram porque não têm chance de ir à escola. “O preconceito linguístico não existe, o que existe, de fato, é um profundo e estranhado preconceito social. ” (BAGNO,2003, p. 16). Diferentes espaços, geografias e diferentes classes sociais. A reputação de uma pessoa pela forma como fala é dada por meio de uma escala a condição socioeconômica a que se enquadra, ou seja, está em status socioeconômico, seu prestígio pela maneira como fala será maior do que por sua vez, maior prestígio social também estará associado à visão. Dada a questão da adequação contextual, não deve haver classificações certas e erradas relacionadas ao uso da linguagem. A adequação contextual é entendida como o uso de certas formas de fala de acordo com o contexto em que o indivíduo se encontra. A fala de um indivíduo dependerá de sua localização, formação ou situação. “ [...] é preciso substituir definitivamente a ideia de uso certo ou errado pelo uso adequado ou não-adequado. ” Essa é uma proposta plausível feita por Travaglia (1988, p.66). Essa proposta é justa, pois assim os falantes podem usar a linguagem de forma livre e consciente, adaptar sua forma de falar ao contexto em que estão, e deixar de ser objeto de ridicularização por não se adequar ao contexto da comunicação. Stella Maris Bortoni- Ricardo (2005) nos traz em sua obra Nós cheguemu na escola, e agora? Sociolinguística e Educação, um enunciado que representa esse problema de adequação contextual: [...] a escolha de determinado grau de formalidade na fala depende basicamente do papel social que o falante desempenha a cada ato de interação verbal. [...]. Em qualquer circunstância, porém, há pelo menos três fatores determinantes dessa seleção: os participantes da interação, o tópico da conversa e o local onde ela se processa. O falante ajusta a sua linguagem variando de um estilo informal a um estilo cerimonioso, a fim de se acomodar aos tipos específicos de situações. Para complementar essa questão, Santos (2002, p. 42) propõe mais caracterizações de como deve ser essa suficiência: “ [...] o aluno deve conhecer que variedade é apropriada a cada situação comunicativa, como fazer a adequação do registro de língua, quando deve falar ou calar-se. Como controlar os gestos de acordo com os atos da fala, etc.” Dessa forma, não existe linguagem errada, existe uso da linguagem no contexto errado, cada variante é necessária para encaixar em cada caso de uso do indivíduo, cabendo ao indivíduo saber escolher de acordo com as necessidades use várias variações. Reiterar, As variedades não são erros, mas diferenças. Não existe erro l inguístico. O que há são inadequações de linguagem, que consistem não no uso de uma variedade em vez de outra, mas no uso de uma variedade em vez de outra numa situação em que as regras sociais não abonam aquela forma de sala. (GERALDI, 1997, p.52). A prática do viés de linguagem é mais pronunciada em ambientes escolares, pois mostra alunos de todos os estilos, raças, locais, culturas etc. A prática de bullying aos alunos que falam uma língua diferente dos outros alunos é muito frequente, suscitando preocupações quanto ao desempenho e aprendizagem destes alunos, mas também porque convivem e riem com colegas que os tornam alvos de zombaria. O ensino tradicionalista acaba perpetuando a prática do viés linguístico, pois de certa forma exclui não só a forma da linguagem, mas também o próprio aluno, pois ele começa a perceber um descompasso entre sua fala e o que está sendo ensinado em sala de aula. O ensino começa com uma linguagem que os alunos não usam, não faz sentido para eles porque não tem nenhum funcionalismo. Com base nessa realidade, Bortoni- Ricardo (2005) faz a seguinte observação: No caso brasileiro, o ensino da língua culta à grande parcela da população que tem como língua materna [...] variedades populares da língua tem pelo menos duas consequências desastrosas: não são respeitados os antecedentes culturais e linguísticos do educando, o que contribui para desenvolver nele um sentimento de insegurança, nem lhe é ensinada de forma eficiente a língua- padrão. O viés linguístico está atualmente difundido pela mídia: Jornais, rádios, revistas, internet, etc., difundem-se todos os dias há apenas uma maneira correta de falar, e essa é tratar e considerar as normas padrão como a única variedade correta e a única seguida, outras são ignoradas Variedade. O viés linguístico é um tópico digno de discussão mais ampla, porque é preciso entender que se trata, afinal, de uma prática que deve ser eliminada, A existência é uma crença usada em linguística. Diante disso, nos tópicos a seguir além desses sentimentos, existem outras emoções negativas que podem surgir de vieses linguísticos que dificultam o bom desempenho dos alunos, com base nos campos que esta pesquisa abordará no próximo capítulo. 2.2- Língua Materna: Principais Pressupostos Teóricos A língua materna, segundo Bortoni-Ricardo (2004), é a primeira língua que uma criança adquire por meio de interações com familiares e pessoas próximas de forma "natural". Portanto, o fato de as formas específicas com que os alunos falarem sua língua nativa não serem levadas em conta nas escolas pode ser um dos fatores que dificultam a aprendizagem dos alunos, pois cria vieses de linguagem que fazem com que os alunos se sintam inseguros em relação ao aprendizado. Sobre seu idioma. A maneira como você se expressa através das palavras. De acordo com Bortoni-Ricardo (2004), a língua materna assume características de espontaneidade e pouca monitoração da linguagem, uma vez que ela emerge a partir de contextos não necessariamente formais e sistematizados. Ainda segundo o autor, as crianças começam a adquirir seu processo de socialização por meio da linguagem, principalmente em três domínios sociais, os espaços físicos em que as pessoas interagem, são eles: em casa, com a família; na rua, por ser diferente da relação de amigos; na escola. Marcuschi (1997, p. 22) vê a “língua como uma dada manifestação particular, histórica, social e sistemática de comunicação humana”. De acordo com a concepção do autor, “As línguas são não apenas um código para comunicação, mas fundamentalmente uma atividade interativa de natureza sócio cognitiva e histórica” (MARCUSCHI, 1997, p. 22). Por isso, é importante que as escolas e outras instituições sociais estejam preparadas para receber alunos de diferentes dialetos e também para reduzir a exclusão e o preconceito em relação às línguas nativas. Nas falas desses autores, as crianças passam a desempenhar papéis sociais por meio de interações que acontecem nesses domínios sociais, como ser criança, amigo e aluno. Ou seja, por meio de interações que acontecem na esfera social. Bortoni-Ricardo (2004) discute a questão da “norma padrão” e da norma “coloquial” relacionada à questão da língua e linguagem. Para a autora, as normas padrão ou normas culturais são utilizadas na maioria dos casos em situações formais e requerem maior atenção à escrita das palavras e à pronúncia das palavras faladas. A escrita é uma técnica em que se começa a registrar em determinado meio o que pensa, o que deseja. No entanto, a escrita tem precedência sobrea fala. De acordo com Soares (1986), são principalmente os alunos das classes populares que se prejudicam por acharem que falam errado porque a escola privilegia e reforça a língua da minoria de língua brasileira entre a classe privilegiada, o que é um dos motivos do fracasso da aquisição pelas séries iniciais conhecimento escolar. Para Bortoni-Ricardo (2004), o professor deve identificar e conscientizar o aluno sobre essas diferenças em suas falas para que ele não se sinta discriminado ao usar sua língua materna. As crianças podem desenvolver diferentes formas de linguagem falada nos primeiros anos escolares, e os professores não devem ignorá- las durante o processo de escolarização, pois essas diferenças na "fala" dos alunos estão relacionadas à sua língua nativa. De acordo com Marcurchi (1997), “A fala é uma atividade muito mais central do que a escrita no dia-a-dia da maioria das pessoas”. Com o desenvolvimento dos setores sociais e econômicos vem a hegemonia da escrita que fragiliza a expressão oral. Os alunos pertencentes às classes populares vêm das mais diversas comunidades linguísticas, muitos dos quais vivem em culturas predominantemente falantes que tiveram pouca transição por culturas alfabetizadas. Segundo Bortoni-Ricardo (2004, p. 62), “O contínuo de oralidade-letramento começa por eventos de comunicação mediados pela escrita chamados de eventos de letramento [...] ou evento de oralidade em que não há influência direta da língua escrita”. Uma conversa informal é um evento de oralidade, mas se alguém começa a explicar uma receita que leu e aprendeu “o evento passa a ter influência de letramento” (BORTONI-RICARDO, 2004, p. 62). Segundo Kleimam (2006, p. 23), a premissa do modelo de alfabetização autodirigida é que existe apenas uma maneira de desenvolver a alfabetização, associada “ao progresso, a civilização, a mobilidade social”, que é um padrão predominante em nossa sociedade e em nossas escolas. No entanto, no modelo ideológico de letramento, afirma-se que existem muitas práticas de letramento “social e culturalmente determinadas, e, como tal, os significados específicos que a escrita assume para um grupo social dependem dos contextos e instituições em que ela foi adquirida”, este modelo difere do modelo autónomo, que, “pressupõe a existência, e investiga as características, de grandes áreas de interface entre práticas orais e práticas letradas”. Sobre alfabetização escolar, o autor sabe: O fenômeno do letramento, então, extrapola o mundo da escrita tal qual ele é concebido pelas instituições que se encarregam de introduzir formalmente os sujeitos no mundo da escrita. Pode-se afirmar que a escola, a mais importante das agências de letramento, preocupa-se, não com o letramento, prática social, mas com apenas um tipo de prática de letramento, a alfabetização, o processo de aquisição de códigos (alfabético, numérico), processo geralmente concebido em termos de uma competência individual necessária para o sucesso e promoção na escola. Já outras agências de letramento, como a família, a igreja, a rua como lugar de trabalho, mostram orientações de letramento muito diferentes (KLEIMAN, 2006, p. 22). Ainda relacionado aos modos autônomos de alfabetização, há um artigo que afirma A superioridade da escrita compromete a expressão oral. Este é um bug no modelo Auto alfabetizado porque segundo o autor, escrito e falado podem ocorrer alterações. Podemos monitorar nossa linguagem falada perfeitamente De acordo com o contexto quando necessário. O grau de supervisão, como nas "conversas" professor- diretor, os coordenadores e outros dentro da escola no exercício de sua autoridade são mais importantes do que quando eles têm conversas informais com colegas ou colegas familiares. Maior grau de acompanhamento dos alunos como o professor pede Eles usam a linguagem padrão porque, infelizmente, as pessoas pensam que as variantes existentes Em sua língua nativa são "erros" que devem ser corrigidos. Nós, educadores, precisamos refletir sobre nosso uso da linguagem, levando em consideração trabalhar com os alunos, levando em consideração o idioma nativo e as mudanças no idioma, partir da sua realidade torna a aprendizagem sempre mais significativa. Isso é necessário também começa com o dialeto dos alunos, para que os alunos se sintam mais envolvido processo de aprendizagem, e pode aprender diferentes formas de linguagem, ser capaz de fazer use sua língua nativa conscientemente, sabendo que ela não é inferior ou errada, mas diferente das variantes de especificação padrão. CAPÍTULO III- Análise e discussão Nesta seção, apresentam-se as análises dos dados, nas quais foram coletados a partir das pesquisas teóricas tomadas como base para este trabalho. Para Carvalho (2000) a análise de dados é “ [...] a etapa de classificação e organização das informações coletadas, tendo em vista os objetivos do trabalho. ” Já para Best (1972 apud Lakatos, 2010) “ representa a aplicação lógica dedutiva e indutiva do processo de investigação”. A linguagem é a soma da língua e da fala, faz parte do processo comunicativo social, o preconceito linguístico ainda é muito presente em sala de aula, uma vez que alguns professores e muitas vezes a própria escola ensinam que apenas as regras dadas pela gramática normativa (quanto ao uso de um único padrão) são aceitas na sociedade, para a sociolinguística, não existe um código linguístico único absolutamente deve orientar a apresentação de todos porque a própria raça , a linguística reflete a diversidade das sociedades e, em uma variante, uma sentença pode não estar em conformidade com as normas gramaticais proposto por critérios padrão, mas pode ser linguisticamente correto, para uma comunicação eficaz. Nessa perspectiva, Maciel (2014) afirma que, “o ensino tradicionalista acaba por perpetuar as práticas de preconceito linguístico, porque de certa forma exclui não só as formas linguísticas dos alunos, mas eles mesmos, pois passam a notar um grande distanciamento da sua fala com relação ao que lhe é ensinado em sala” (MACIEL, 2014, p. 20). A partir do contexto do ensino tradicional, muitos alunos acreditam que por causa dessas regras gramaticais, seja falando ou escrevendo, só existe um jeito de falar, o jeito certo, porém, os professores mostram que nenhuma área é melhor que a outra um fala com mais certeza, ou que ninguém fala mais corretamente que o outro, mas em alguns casos é necessária mais ou menos formalidade na comunicação com outras pessoas. O Preconceito linguístico está atualmente difundido pelos meios de comunicação: jornais, rádio, revistas, internet, etc., todos os dias se espalha a ideia de que há apenas uma maneira correta de falar, que as normas padrão são vistas como a única variedade correta e a única variedade a seguir, ignorando outras variedades. O viés linguístico é um tema digno de discussão mais ampla, pois é preciso entender que é uma prática que deve ser eliminada, afinal, existem crenças utilizadas na linguística. Nesse sentido, os estudos sociolinguísticos oferecem valiosa contribuição no sentido de destruir preconceitos e de relativizar a noção de erro, ao buscar descrever o padrão real que a escola, por exemplo, procura desqualificar e banir como expressão linguística natural e legítima (MOLLICA, 2003). ANTUNES (2011) fala que: O momento nacional é de luta, de renovação e incita à mudança, a favor de uma participação cada vez maior de toda a população e de um exercício cada vez mais pleno da cidadania. O professor não pode ausentar-se desse momento nem, tampouco, estar nele de modo superficial. O ensino da língua portuguesa também não pode afastar-se desses propósitos cívicos de tornar as pessoas cada vez mais críticas, mais participativas e atuantes, política e socialmente (ANTUNES, 2011, p. 15). Eliminarou pelo menos reduzir o viés linguístico na sala de aula e fortalecer a relação entre o uso padrão e o não padrão da linguagem é um fator determinante. Também é importante estimular os alunos a refletir sobre as variantes linguísticas e sua importância nos contextos sociais. Este será o início de uma grande batalha, não a única a mudar a forma como o português é ensinado e aprendido. Portanto, é necessário desfazer preconceito e discriminação uso da língua, cujas consequências são culturalmente prejudiciais a educação social e de qualidade brasileira, pois trata de normas e padrões culturais, não que se deva escrever como ele diz, mas escrever em vários tipos relacionados a diferentes origens sociais uso da língua, levando em conta a dinâmica e a evolução apresentado em todas as línguas, por palestrante. Tipos de variação linguística: A variação diatópica é a variação regional. É uma mesma língua sendo falada de forma diferente dependendo da localidade. A variação diafásica é a variação que ocorre em situações de fala (situacional). A mesma pessoa muda à sua maneira de falar dependendo do ambiente (formal ou informal). A variação diastrática (ou social) se refere às diferenças entre os estratos socioculturais, ou seja, são as variações que acontecem de um grupo social para outro. Relaciona-se a um conjunto de fatores que têm a ver com a identidade dos falantes e também com a organização sociocultural da comunidade de fala. Assim, é possível apontar alguns fatores relacionados às variações de natureza social: a) classe social; b) idade; c) sexo. A variação diacrônica (ou histórica) ocorre através do tempo. São as pessoas do mesmo grupo social ou da mesma região mudando a maneira de falar com o decorrer dos anos. Assim podemos citar que de acordo com Tarallo (1994): Variantes de uma comunidade de fala encontram - se sempre em relação de concorrência: padrão vs.Não-padrão; conservadoras vs. inovadoras; de prestigio vs. estigmatizadas. Em geral, a variante considerada padrão é, ao mesmo tempo, conservadora e aquela que goza de prestígio sociolinguístico na comunidade. As variantes inovadoras, por outro lado, são quase sempre não-padrão e estigmatizadas pelos membros da comunidade. (1994, pp.11 - 12). Portanto, também podemos perceber na seguinte citação de PCN (1998) que há uma mudança na linguagem e, portanto, os alunos devem estar preparados para reconhecer essa mudança.: A variação é constitutiva das línguas humanas, ocorrendo em todos os níveis . Ela sempre existiu e sempre existirá, independentemente de qualquer ação normativa. Assim, quando se fala em “Língua Portuguesa” está se falando de uma unidade que os constitui de muitas variedades. Embora no Brasil haja relativa unidade linguística e apenas uma língua nacional, notam-se diferenças de pronúncia, de emprego de palavras, de morfologia e de construções sintáticas, as quais não somente identificam os falantes de comunidades linguísticas em diferentes regiões, como ainda se multiplicam em uma mesma comunidade de fala. (BRASIL, 1998, p. 29). Segundo Possenti (1996, p. 34-5) existem ainda dois fatores a se levar em consideração a respeito da diversidade linguística, os internos e os externos: Um dos tipos de fatores que produzem diferença na fala das pessoas são externas à língua. Os principais são os geográficos, de classe, de idade, de sexo, de etnia, de profissão (...). Também há fatores internos que condicionam a variação. Ou seja, a variação é de alguma forma regrada por uma gramática interior da língua. Por isso não é preciso estudar uma língua para não “errar”. Em outras palavras “há erros” que ninguém comete, porque a língua não permite. Essa gramática interior a que se refere Possenti é um conjunto de regras internas que nos permite construir e entender frases que fazem sentido. Essa gramática não é aprendida na escola, são os saberes “pré-existentes” de cada indivíduo, que o habilitam para falar sua língua materna. Para Soares (1980), a transformação social através da educação será conseguida com uma escola que leve a um bidialetalismo funcional, porém não com o objetivo de substituir a variedade linguística do aluno pela variedade privilegiada, mas para que o educando compreenda as relações de força que se estabelecem socialmente e qual a posição de sua variedade na economia dessas relações. Em primeiro lugar, uma escola transformadora não aceita a rejeição dos dialetos dos alunos pertencentes às camadas populares, não apenas por eles serem tão expressivos e lógicos quanto o dialeto de prestígio (argumento em que se fundamenta a proposta da teoria das diferenças linguísticas), mas também, e sobretudo, porque essa rejeição teria um caráter político inaceitável, pois significaria uma rejeição da classe social, através da rejeição de sua linguagem. Em segundo lugar, uma escola transformadora atribui ao bidialetalismo a função não de adequação do aluno às exigências da estrutura social, como faz a teoria das diferenças linguísticas, mas a de instrumentalização do aluno, para que adquira condições de participação na luta contra desigualdades inerentes a essa estrutura. (SOARES, 1980:74) À medida que essa visão mudou, uma única variante de idioma não foi mais considerada o idioma correto, e outras variantes de idioma foram consideradas erradas e ruins com base nisso. Dessa forma, podem ser considerados os diversos fatores que contribuem para a diversidade linguística – econômicos, sociais, culturais, políticos, ideológicos – dos quais as escolas e a diversidade linguística são produtos. O ensino da língua materna dedicado ao combate à desigualdade social visa orientar os alunos das classes populares a dominar o famoso dialeto. Isso significa construir um método de ensino, “a partir dos contrastes entre dialetos não-padrão e o dialeto- padrão, possa conduzir eficazmente ao domínio deste” (SOARES, 1980: 79) e assim, o ensino por meio da língua, tornam-se não apenas tarefas técnicas, mas também, e sobretudo, políticas. Desde o nascimento da linguística moderna, com Ferdinand Saussure (2006), passando por teorias de Bakhtin (1990), Jakobson (1973), Chomsky (1965, 1977) e Benveniste (1989), diferentes teorias e sistemas de descrições têm sido elaborados buscando a compreensão da língua e sua delimitação como campo científico de estudo, todavia, pode-se afirmar que a Sociolinguística permitiu, assim, o estudo científico de fatos linguísticos excluídos até então do campo dos estudos da linguagem, devido a sua diversidade e consequente dificuldade de apreensão. Dialeto pode ser pensado como uma variante de um idioma diferente e, dependendo de como os usuários o utilizam, pode ser dividido em duas variantes: uma subcultura ou um idioma popular. Cada um desempenha um papel específico na comunidade, o que chamamos de fenômeno da doglossia. O dialeto culto serve diretamente às intenções do ensino, no sentido de padronizar a língua, criando condições ideais de comunicação entre as várias áreas geográficas e também propiciando aos estudantes meios para a leitura e compreensão dos textos. (PRETI, 1982:27). O autor apresenta um paralelo das características dos dialetos sociais: Culto: padrão linguístico; maior prestígio; situações mais formais; falantes cultos; literatura e linguagem escrita; sintaxe mais completa; vocabulário mais amplo; vocabulário técnico; maior ligação com a gramática e com a língua dos escritores. Comum: É a linguagem intermediária. Popular: Subpadrão linguístico; menor prestígio; situações menos formais; falantes do povo menos culto; linguagem escrita popular; redução sintática; vocabulário restrito; gíria, linguagem obscena; fora dos padrões da gramática tradicional. Essas características tendem a evoluir e mudar. Por exemplo, a linguagem coloquial pode chegara um dialeto social vulgar associado ao analfabetismo. As pessoas que falam os dois dialetos usam uma língua comum. Hoje, tal separação é quase impossível. A cultura alcançou línguas além da realidade falada. No entanto, essa segmentação só cria mais problemas para a diversidade sociocultural das línguas, pois não se sabe mais por onde começará a língua universalmente popular. 4. Metodologia Ao que se refere ao método de abordagem, foi utilizado o método dedutivo que, de acordo com a concepção de Costa (2001) é o método que parte do geral e desce para o subjetivo, ou seja, “[...] Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica. ” Assim sendo, partir dos fenômenos gerais observados, teóricos e empíricos, será exposta uma concepção subjetiva para responder o problema apontado. Concernente ao método de procedimento, foi utilizado o monográfico, uma vez que tem por estrutura a observação direta de um fato, que, de acordo com Lakatos e Marconi (2003, p. 151): [...] um estudo sobre um tema específico ou particular de suficiente valor representativo e que obedece a rigorosa metodologia. Investiga determinado assunto não só em profundidade, mas em todos os seus ângulos e aspectos, dependendo dos fins a que se destina. Procure identificar questões ou questões que servirão como separadores para tópicos de pesquisa. Com esses aspectos em mente, utiliza a pesquisa bibliográfica como ponto de partida para todos os tipos de pesquisa, facilitando a investigação do conhecimento tradicionalmente armazenado em livros e documentos. No entanto, acreditamos que os avanços na tecnologia da informação, e até mesmo na Internet, por meio de documentos eletrônicos, podem facilitar a agilidade nas investigações e novas descobertas em todas as áreas do conhecimento. Neste contexto, é necessária a delimitação do tema e hipóteses. Lakatos e Marconi (2009) afirmam que “toda pesquisa deve ter um objetivo determinado para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar”. Sob estas perspectivas, os procedimentos utilizados para a realização da pesquisa em questão foram: Definição do tema a ser trabalhado. Delimitação do tema e problema da pesquisa. Seleção da bibliografia e documentos relevantes ao tema, sendo estes impressos e eletrônicos para a comprovação ou refutação das hipóteses em questão para chegar ao objetivo final da pesquisa. Leitura, análise e compreensão dos materiais selecionados. Explanação dos resultados obtidos, em forma de texto dissertativo, escrito e referenciado por autores e estudiosos da área. Portanto, pode-se entender que um procedimento monográfico se refere ao estudo de uma determinada propriedade a partir de um conceito cientifico de um fato ou fenômeno. 5. Considerações finais Para abordar o tema proposto o presente trabalho abordou em seus primeiros três capítulos a temática da sociolinguística: Norma padrão e variação linguística, posteriormente seguido do Preconceito Linguístico e Língua Materna: Principais Pressupostos Teóricos com o objetivo de entender e mostrar a relação e importância entre elas. Após a abordagem desses temas, o tópico da metodologia abordou os objetivos de pesquisa, especificando qual método utilizado, quais os participantes que fizeram parte da pesquisa e por fim os procedimentos de análise. Em seguida, o trabalho apresentou as análises dos dados obtidos. Assim, este estudo buscou conhecer a origem social do informante, as dificuldades com a disciplina de português, as possíveis relações associadas ao assunto e as manifestações do viés linguístico sofrido pelos alunos dentro e fora da escola, ao referirem uma variante considerada menos teve prestígio Ao final da proposta, esta pesquisa confirma a existência do viés de linguagem, e nós, professores de línguas, deveríamos estar interessados em combatê-lo em primeiro lugar. Precisamos mostrar aos nossos alunos que, assim como pessoas diferentes têm discursos diferentes, devemos refletir sobre esse fato e suas implicações para as condições cívicas. Embora o governo tenha tomado algumas providências neste momento, como os Parâmetros Curriculares Nacionais, que expõe o assunto e sugere estratégias para utilizá-lo em sala de aula, sabemos que não basta elaborar um documento para combater um viés que afeta milhões de pessoas. Neste contexto, Irandé Antunes (2003) diz que não existe falante sem conhecimento de gramática, ou seja, mesmo que inconsciente ele sabe produzir diálogo, cujo seu interlocutor possa compreender e entender, um analfabeto, pessoa que nunca sentou num banco de escola, para aprender regras gramaticais, se comunica perfeitamente com o povo brasileiro. E principalmente molda a gramática conforme a necessidade e não utiliza da gramática catalogada e nem no que os gramatiqueiros enfatizam, mas sim da forma que eles falam e fazem o uso da língua. A linguista é uma área ampla de conhecimento, a língua tem como objeto de estudo tem a capacidade de formar diferentes contextos na comunicação, e a educação deve buscar assimilar o aprendizado e o ensino das diferentes formas linguísticas existentes, que representam culturas e identidades como afirma Bechara (1989): “A grande missão do professor de língua materna é [...] transformar seu aluno num poliglota dentro de sua própria língua, possibilitando-lhe escolher a língua funcional adequada a cada momento de criação [...]. ” (BECHARA, 1989, p.14). Então, depois de muita pesquisa, artigos, livros que mencionam a sociolinguística, concluiu-se que ela desempenha um papel fundamental na compreensão da linguagem e como trabalhar em sala de aula. Atualmente, principalmente nas universidades, os futuros professores se identificam com a diversidade cultural e linguística do Brasil por meio, aderindo ou aderindo a essa visão. Então, espero que alguém com novas ideias, com um novo conceito de como usar o português, possa quebrar esse paradigma de dominar e gerenciar nossa língua nativa apenas aprendendo ou memorizando uma gramática canônica padrão no processo de desenvolvimento e na aprendizagem. Quando o professor internalizar a relevância desse conceito, com certeza mudará sua prática pedagógica. 6. Referências bibliográficas ALKIMIM, Tânia. Sociolinguística. In: MUSSALIM, F.; BENTES, Anna C. (org.). Introdução à Linguística: domínios e fronteiras. 3.ed. SP:Cortez, 2003 ABRAÇADO, Jussara. Entrevista som Maria Pereira Scherre sobre preconceito linguístico, variação linguística e ensino. Caderno de Letras da UFF – Dossiê: Preconceito Linguístico e cânone literário, n° 36, p. 11-26. 1 sem. 2008. Disponível em: < https://pesquisadores.uff.br/academic-production/entrevista-com-maria-marta- pereira-scherre-sobre-preconceito-ling%C3%BC%C3%ADstico>. Acesso em: 06 de outubro de 2022. 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