Buscar

INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Questões de múltipla escolha
Disciplina: 536630 - INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS
Questão 1: Considere a charge a seguir, que parodia o famoso quadro O Grito, de Edward Munch.
Disponível em: <http://www.esmaelmorais.com.br/2012/09/23/>. Acesso em: 3 fev. 2013.
I. A charge aponta que o motivo do desespero do personagem é o apelo excessivo dos candidatos políticos pelo voto.
II. A charge apresenta intertextualidade com o quadro e assume uma postura de crítica ao sistema democrático, que impõe ao cidadão a obrigação do voto.
III. A charge é uma defesa do pluripartidarismo, que permite a candidatura de políticos com ideologias diferentes. 
Está correto somente o que se afirma em:
A) I e III.
B) II.
C) III.
D) I e II.
E) I.
Questão 2: Considere a charge a seguir e assinale a alternativa que melhor a interpreta.
Disponível em: <https://www.facebook.com/DepositoDeCartuns/photos/a.141674892627444.26560.141672549294345>. Acesso em: 2 jul. 2017.
A) Hoje em dia, as pessoas não querem ler, gostam apenas de aparelhos eletrônicos.
B) Na vida, a pessoa precisa ter luz própria para achar seu caminho.
C) A leitura transforma o modo como vemos as coisas.
D) O livro impresso é um objeto arcaico, que oferece um modo de leitura pouco atraente.
E) As pessoas andam nas trevas até absorverem mensagens de caráter religioso, que iluminam seus caminhos.
Questão 3: Leia o texto 1, do livro Os nascimentos, de Eduardo Galeano, que narra pensamentos e mitos dos povos pré-colombianos, e o texto 2, da filósofa Marilena Chauí.
Texto 1
O Fogo
As noites eram de gelo e os deuses tinham levado o fogo embora. O frio cortava a carne e as palavras dos homens. Eles suplicavam, tiritando, com a voz quebrada; e os deuses se faziam de surdos. 
Uma vez lhes devolveram o fogo. Os homens dançaram de alegria e alçaram cânticos de gratidão. Mas, de repente, os deuses enviaram chuva e granizo e apagaram as fogueiras. 
Os deuses falaram e exigiram: para merecer o fogo, os homens deveriam abrir peitos com um punhal de pedra e entregar corações. 
Os índios quichés ofereceram o sangue de seus prisioneiros e se salvaram do frio. 
Os cakchiqueles não aceitaram o preço. Os cakchiqueles, primos dos quichés e também herdeiros dos maias, deslizaram com pés de pluma através da fumaça, roubaram o fogo e o esconderam nas covas de suas montanhas.
GALEANO, E. Os nascimentos. Porto Alegre: LP&M, 2010.
Texto 2
O antropólogo Claude Lévi-Strauss estudou o “pensamento selvagem” para mostrar que os chamados selvagens não são atrasados nem primitivos, mas operam com o pensamento mítico. O mito e o rito, escreve Lévi-Strauss, não são lendas nem fabulações, mas uma organização da realidade a partir da experiência sensível enquanto tal. Para explicar a composição de um mito, Lévi-Strauss refere-se a uma atividade que existe em nossa sociedade e que, em francês, se chama bricolage. O que faz um bricoleur, ou seja, quem pratica bricolage? Produz um objeto novo a partir de pedaços e fragmentos de outros objetos. Vai reunindo, sem um plano muito rígido, tudo o que encontra e que serve para o objeto que está compondo. O pensamento mítico faz exatamente a mesma coisa, isto é, vai reunindo as experiências, as narrativas, os relatos, até compor um mito geral. Com esses materiais heterogêneos, produz a explicação sobre a origem e a forma das coisas, suas funções e suas finalidades, os poderes divinos sobre a Natureza e sobre os humanos. O mito possui, assim, três características principais, citadas a seguir. 
1. Função explicativa: o presente é explicado por alguma ação passada cujos efeitos permaneceram no tempo. Por exemplo, uma constelação existe porque, no passado, crianças fugitivas e famintas morreram na floresta e foram levadas ao céu por uma deusa que as transformou em estrelas; as chuvas existem porque, nos tempos passados, uma deusa apaixonou-se por um humano e, não podendo unir-se a ele diretamente, uniu-se pela tristeza, fazendo suas lágrimas caírem sobre o mundo etc.
2. Função organizativa: o mito organiza as relações sociais (de parentesco, de alianças, de trocas, de sexo, de idade, de poder, etc.) de modo a legitimar e garantir a permanência de um sistema complexo de proibições e permissões. Por exemplo, um mito como o de Édipo existe (com narrativas diferentes) em quase todas as sociedades selvagens e tem a função de garantir a proibição do incesto, sem a qual o sistema sociopolítico, baseado nas leis de parentesco e de alianças, não pode ser mantido.
3. Função compensatória: o mito narra uma situação passada, que é a negação do presente e que serve tanto para compensar os humanos de alguma perda como para garantir-lhes que um erro passado foi corrigido no presente, de modo a oferecer uma visão estabilizada e regularizada da Natureza e da vida comunitária. Por exemplo, entre os mitos gregos, encontra-se o da origem do fogo, que Prometeu roubou do Olimpo para entregar aos mortais e permitir-lhes o desenvolvimento das técnicas. Numa das versões desse mito, narra-se que Prometeu disse aos homens que se protegessem da cólera de Zeus realizando o sacrifício de um boi, mas que se mostrassem mais astutos do que esse deus, comendo as carnes e enviando-lhe as tripas e gorduras. Zeus descobriu a artimanha e os homens seriam punidos com a perda do fogo se Prometeu não lhes ensinasse uma nova artimanha: colocar perfumes e incenso nas partes dedicadas ao deus.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1994 (com adaptações).
Com base na leitura, analise as afirmativas.
I. O mito dos povos pré-colombianos em relação ao surgimento do fogo não coincide com o mito grego de Prometeu, o que comprova a invalidade do mito na sua função explicativa dos fenômenos naturais.
II. De acordo com o antropólogo Lévi-Strauss, os mitos não são fabulações, eles correspondem a uma explicação racional e verdadeira do Universo e, por isso, não se pode considerar que os povos indígenas são atrasados.
III. O mito narrado no texto 1 cumpre a função explicativa do domínio do fogo pelos humanos e também revela diferentes comportamentos dos povos em relação ao mesmo dilema.
IV. Tanto no texto 1 quanto no texto 2, o mito sobre o domínio do fogo baseia-se em uma artimanha humana para enganar os deuses.
É correto o que se afirma somente em
A) II, III e IV.
B) I e II.
C) II e IV.
D) II e III.
E) III e IV.
Questão 4: Leia a charge a seguir.
Disponível em: <http://www.bixodagoiaba.com.br/2013/04/padrao-de-beleza-ao-longo-dos-anos.html>. Acesso em: 10 ago.2017.
O objetivo da charge é:
A) Criticar o crescimento da obesidade na sociedade contemporânea.
B) Mostrar que há 400 anos as mulheres tinham uma vida mais saudável e isso se refletia no seu peso.
C) Evidenciar o desenvolvimento tecnológico da pintura para a fotografia.
D) Mostrar que, em épocas distintas, existem pessoas insatisfeitas porque não apresentam o padrão de beleza socialmente determinado.
E) Criticar a imobilidade e a falta de realização prática, provocadas pelo excesso de idealização.
Questão 5: Analise o gráfico, com o levantamento da renda familiar no Brasil em 2013, e as afirmativas a seguir. Considere que o salário mínimo na época da pesquisa era de R$ 678,00.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/fernandocanzian/2014/01/1398643-o-role-do-brasil.shtml>. Acesso em: 22 mar. 2016.
I. Em 2013, a renda de 66% das famílias era de três salários mínimos.
II. O fato de a soma dos percentuais indicados na pirâmide resultar em 96% mostra que o levantamento da renda mensal familiar foi incompleto.
III. Pouco mais de um terço das famílias, em 2013, tinha renda mensal entre dois e cinco salários mínimos.
Está correto o que se afirma em:
A) I e III.
B) II e III.
C) III.
D) I.
E) II.
Questão 6: Leia o texto e analise as afirmativas.
A linguagem como atividade humana
O homem é um ser que fala. A palavra se encontra no limiar do universo humano, pois caracteriza fundamentalmente o homem e o distingue do animal. Se criássemos juntos um bebê humano e um macaquinho, não veríamos muitas diferenças nasreações de cada um nos primeiros contatos com o mundo e as pessoas. O desenvolvimento da percepção, da preensão dos objetos, do jogo com os adultos é feito de forma similar, até que em dado momento, por volta dos dezoito meses, o progresso do bebê humano torna impossível prosseguirmos na comparação com o macaco, devido à capacidade que o homem tem de ultrapassar os limites da vida animal ao entrar no mundo do símbolo. Poderíamos dizer, porém, que os animais também têm linguagem. Mas a natureza dessa comunicação não se compara à revolução que a linguagem humana provoca na relação do homem com o mundo. É interessante o estudo da "linguagem" das abelhas, que dançando “comunicam” às outras onde acharam pólen. Ninguém pode negar que o cachorro expressa a emoção por sons que nos permitem identificar medo, dor, prazer. Quando abana o rabo ou rosna arreganhando os dentes, o cão nos diz coisas; e quando pronunciamos a expressão “Vamos passear”, ele nos aguarda alegremente junto à porta. No exemplo das abelhas, estamos diante da linguagem programada biologicamente, idêntica na espécie. No segundo exemplo, o do cachorro, a manifestação não se separa da experiência vivida; ao contrário, se esgota nela mesma, e o animal não faz uso dos “gestos vocais” independentemente da situação na qual surgem. Quanto a entender o que o dono diz, isso se deve ao adestramento, e os resultados são sempre medíocres, porque mecânicos, rígidos, geralmente obtidos mediante aprendizagem por reflexo condicionado. A diferença entre a linguagem humana e a do animal está no fato de que este não conhece o símbolo, mas somente o índice. O índice está relacionado de forma fixa e única com a coisa a que se refere. Por exemplo, as frases com que adestramos o cachorro devem ser sempre as mesmas, pois são índices, isto é, indicam alguma coisa muito específica. Por outro lado, o símbolo é universal, convencional, versátil e flexível. Consideremos a palavra cruz. Além de ser uma convenção, é de certa forma arbitrária. Mas a palavra cruz não tem um sentido unívoco, na medida em que faz lembrar um instrumento usado para executar os condenados à morte; pode representar o cristianismo; referir-se à morte (ver seção de necrologia dos jornais); se usada de cabeça para baixo, adquire outro significado para certos roqueiros; pode significar apenas uma encruzilhada de caminhos; ou um enfeite, e assim por diante, com múltiplas, infindáveis e inimagináveis significações. 
Assim, a linguagem animal visa à adaptação à situação concreta, enquanto a linguagem humana intervém como uma forma abstrata que distancia o homem da experiência vivida, tornando-o capaz de reorganizá-la numa outra totalidade e lhe dar novo sentido. É pela palavra que somos capazes de nos situar no tempo, lembrando o que ocorreu no passado e antecipando o futuro pelo pensamento. Enquanto o animal vive sempre no presente, as dimensões humanas se ampliam para além de cada momento. É por isso que podemos dizer que, mesmo quando o animal consegue resolver problemas, sua inteligência é ainda concreta. Já o homem, pelo poder do símbolo, tem inteligência abstrata. Se a linguagem, por meio da representação simbólica e abstrata, permite o distanciamento do homem em relação ao mundo, também é o que possibilitará seu retorno ao mundo para transformá-lo. Portanto, se não tem oportunidade de desenvolver e enriquecer a linguagem, o homem torna-se incapaz de compreender e agir sobre o mundo que o cerca. 
Na literatura, é belo (e triste) o exemplo que Graciliano Ramos nos dá com Fabiano, protagonista de Vidas secas. A pobreza de vocabulário da personagem prejudica a tomada de consciência da exploração a que é submetida, e a intuição que tem da situação não é suficiente para ajudá-la a reagir de outro modo. Exemplo semelhante está no livro 1984, do inglês George Orwell, cuja história se passa num mundo do futuro dominado pelo poder totalitário, no qual uma das tentativas de esmagamento da oposição crítica consiste na simplificação do vocabulário realizada pela “novilíngua”. Toda gama de sinônimos é reduzida cada vez mais: pobreza no falar, pobreza no pensar, impotência no agir. Se a palavra, que distingue o homem de todos os seres vivos, se encontra enfraquecida na possibilidade de expressão, é o próprio homem que se desumaniza.
ARANHA, M. L.; MARTINS, M. H. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 2. ed., 1993, p. 28.
I.	A capacidade cognitiva do ser humano está relacionada ao seu domínio sobre a linguagem.
II.	A linguagem afasta o ser humano da realidade concreta, da experiência vivida, e, com isso, dificulta a tomada de consciência do mundo que o cerca.
III.	O empobrecimento vocabular enfraquece a possibilidade de expressão e a capacidade reflexiva.
IV.	A literatura não ajuda no enriquecimento linguístico e no conhecimento de mundo, uma vez que trata de temas ficcionais.
Está correto o que se afirma somente em:
A) I e II.
B) II e III e IV.
C) I e III.
D) III e IV.
E) I, II e III.
Questão 7: Considere a charge e as afirmativas a seguir.
Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/-_rK1dxxjr5A/UEdLJxXuSHI/AAAAAAAAB2U/83zDyMGCxsY/s1600/As+pessoas+de+hoje+em+dia+PROC.png>. Acesso em: 6 mar. 2013.
I. A charge tem por objetivo enaltecer o valor da imagem como registro dos fatos cotidianos.
PORQUE
II. A charge evidencia que a curiosidade das pessoas supera a solidariedade em momentos de tragédia.
Está correto o que se afirma em:
A) As asserções I e II são verdadeiras, e a II justifica a I.
B) As asserções I e II são verdadeiras, e a II não justifica a I.
C) A asserção I é verdadeira, e a II é falsa.
D) A asserção I é falsa, e a II é verdadeira.
E) As asserções I e II são falsas.
Questão 8: Leia a charge a seguir, de autoria de Laerte.
Disponível em: <http://40.media.tumblr.com/e654441e9cf174a5bd39b1521a95f98b/tumblr_nvg2ejfcHR1qmggloo1_500.jpg>. Acesso em: 15 dez. 2015.
Obs.: Nas faixas, da esquerda para a direita, leem-se as seguintes frases: “100 salários mínimos”, “50 salários mínimos”, “10 salários mínimos” e “5 salários mínimos”.
Com base na leitura, analise as afirmativas.
I. O objetivo da charge é criticar as faixas exclusivas de ônibus, que provocam mais congestionamentos nas cidades.
II. A quantidade e o tipo de veículos em cada faixa ilustram a distribuição de renda da população brasileira.
III. O objetivo da charge é mostrar a ascensão da classe média, que pôde conquistar o sonho de adquirir um automóvel nos últimos anos.
IV. De acordo com a charge, a maioria das pessoas tem renda na faixa de 10 salários mínimos.
Está correto o que se afirma apenas em:
A) I e II.
B) II e IV.
C) III.
D) IV.
E) II.
Questão 9: Leia os quadrinhos a seguir.
Disponível em: <http://www.quadrinhosacidos.com.br/2015/07/89-e-mais-facil-descartar.html?m=1>. Acesso em: 17 dez. 2015.
Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta.
I. O objetivo dos quadrinhos é criticar o discurso da descartabilidade da sociedade contemporânea, na qual os objetos e as relações pessoais tendem à efemeridade.
II. Os quadrinhos enaltecem a sociedade contemporânea, na qual problemas são resolvidos rapidamente com a substituição de produtos.
III. A crítica dos quadrinhos concentra-se no machismo, uma vez que os homens esperam que as mulheres resolvam seus problemas cotidianos.
A) Apenas as afirmativas I e II são corretas.
B) Apenas as afirmativas I e III são corretas.
C) Apenas a afirmativa I é correta.
D) Apenas a afirmativa II é correta.
E) Nenhuma afirmativa é correta.
Questão 10: Leia o texto a seguir.
A complicada arte de ver
Rubem Alves
Ela entrou, deitou-se no divã e disse: “Acho que estou ficando louca”. Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. “Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei paraela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões… Agora, tudo o que vejo me causa espanto.”
Ela se calou, esperando o meu diagnóstico.
Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as “Odes Elementales”, de Pablo Neruda. Procurei a “Ode à Cebola” e lhe disse: “Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: ‘Rosa de água com escamas de cristal’. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta… Os poetas ensinam a ver”.
Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.
William Blake sabia disso e afirmou: “A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”. Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.
Adélia Prado disse: “Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”.
Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.
Há muitas pessoas de visão perfeita que nada veem. “Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios”, escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada “satori”, a abertura do “terceiro olho”. Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: “Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram”.
Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, “seus olhos se abriram”. Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em “Operário em Construção”: “De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção”.
A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam… Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que veem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.
Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: “A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as tem na mão e olha devagar para elas”.
Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar “olhos vagabundos”…
Disponível em: <http://www.releituras.com/i_airon_rubemalves.asp>. Acesso em: 28 jul. 2015.
Com base na leitura, analise as afirmativas.
I. O tipo de professor sugerido pelo autor teria a função de reduzir o problema exposto por Alberto Caeiro quando afirma que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores”.
II. De acordo com o texto, a poesia causa perturbações e faz com que as pessoas não vejam a realidade tal qual ela é, como no caso de Drummond, que não viu a pedra.
III. De acordo com o texto, as crianças gostam de brincar com o que veem e o papel do educador é fazer com que elas não percam o foco e aprendam a usar os olhos como ferramentas de conhecimento.
IV. O autor propõe um novo modelo de educação, em que o professor consiga corrigir os desvios individuais da visão e revelar aos alunos a noção correta da realidade.
É correto o que se afirma somente em:
A) I.
B) I e III.
C) III e IV.
D) II e IV.
E) I e II.

Continue navegando