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Livro - Sistema Único de Assistência Social

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SISTEMA ÚNICO DE 
ASSISTÊNCIA SOCIAL
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Ms Silvana Braz Wegrzynovski
Indaial - 2021
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Copyright © UNIASSELVI 2021
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
W412s
 Wegrzynovski, Silvana Braz
 Sistema único de assistência social. / Silvana Braz Wegrzy-
novski. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
 154 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-185-4
 ISBN Digital 978-65-5646-186-1
1. Assistência social. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da 
Vinci.
CDD 361.981
Impresso por:
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Jairo Martins
Marcio Kisner
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS
BRASILEIRAS, UM PROCESSO DE CONTRUÇÃO .......................7
CAPÍTULO 2
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL .......53
CAPÍTULO 3
GESTÃO SOCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA
SOCIAL – NOVOS DESAFIOS DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO
SOCIAL ........................................................................................ 116
APRESENTAÇÃO
A disciplina que iniciamos agora, Sistema Único de Assistência Social (SUAS), 
tem como objetivos principais: conhecer por meio do exercício teórico – prático 
as realidades históricas, organizacionais e teóricas da política de assistência 
social; entender também as prioridades dos gestores que acabam impactando 
na realidade social da população brasileira; compreender o SUAS como um 
instrumento na garantia dos direitos sociais e redução das desigualdades.
No primeiro capítulo abordaremos a assistência social e as políticas sociais 
brasileiras, através de uma contextualização histórica dessa política pública no 
Brasil, desde o legado elitista e autoritário na representação total das políticas 
sociais, das reformas neoliberais, que envolvem contrassensos e retrocessos e a 
função do Estado Brasileiro diante das novas políticas sociais.
No segundo capítulo, estudaremos o SUAS, por meio dos conceitos teóricos 
do SUAS e de seus eixos estruturantes, abrangendo quais são os níveis e tipos 
de gestão, do reordenamento (tipificação) dos serviços, programas e projetos 
socioassistencias dos instrumentos de Gestão do SUAS: Plano de Assistência 
Social e Plano de Ação e as Políticas de Recursos Humanos (NOB/RH), e os 
atuais desafios do SUAS .
No terceiro e último capítulo, versaremos sobre a importância do Serviço 
Social na gestão social das políticas sociais através das políticas sociais e da 
fundamentação teórica metodológica e como avaliar os processos profissionais 
perante a Reforma do Estado.
Então chegou a hora de iniciarmos nossos estudos, vamos lá ....
Prof.ª MS. Silvana Braz Wegrzynovski
CAPÍTULO 1
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS 
SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO DE 
CONTRUÇÃO
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Reconhecer as políticas sociais no Brasil como uma bandeira de luta;
• Distinguir os diferentes interesses de implementação das políticas sociais;
• Entender a função do Estado Brasileiro diante das novas políticas sociais.
8
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
9
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste primeiro capítulo deste Livro Didático temos como objetivo avaliar quais 
são os principais processos econômicos, sociais e políticos que são determinados 
às polícias públicas sociais no Brasil, em especial à Política de Assistência Social.
No desenvolver dos tópicos deste capítulo, visamos apresentar e materializar 
os conhecimentos sobre as confi gurações específi cas em cada esfera sociopolítica 
das ações estratégicas que são realizadas no que se refere à proteção social 
das pessoas em situação de vulnerabilidade, através das percepções históricas 
e críticas da formação econômica e social do país, dando ênfase nas demandas 
culturais e políticas.
A contribuição teórica – metodológica enfatiza um enfoque na 
problematização dos conceitos propostos ao estudo, uma vez que estão voltados 
para uma compreensão histórica das políticas públicas sociais no Brasil, com foco 
nas que estão ligadas em um contexto socioassistencial, que exige a atuação de 
um profi ssional que atue nas áreas sociais.
Este resgate histórico tem sua concretude para focar em um conhecimento 
sobre a formação econômica e política brasileira, visando um melhor pensar e 
avaliar como aconteceu o descobrimento do Brasil e em sua dinâmica histórica.
Segundo Motta (1994, p. 19), “[...] tentando não cair na velha tradição 
historicista de “contar a história tal qual ela se passou”. Perante à refl exão teórica-
histórica que esta unidade de ensino se apresentará, buscando o resgate de 
contradições e de perspectivas da política de assistência social, como política 
pública no Brasil.
Caro acadêmico, então, buscando o resgate histórico da assistência social, 
vamos aos estudos!
2 A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS 
POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, 
UM PROCESSO DE CONTRUÇÃO
Avaliando o percurso histórico da política de assistência social no Brasil, 
constatamos que a sua recorrência é típica e que não se manteve mudança na 
sua formulação político-assistencial até o fi nal dos anos 1990 e início dos anos 
2000. 
10
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
A assistência social era vista na sua prática como política para aperfeiçoar 
e complementar diferentes áreas que a atuação do Estado não conseguia suprir, 
nesse sentido corria o risco de se reproduzir no seu original projeto, ou seja, a 
suplementação das demais políticas sociais, como a educação, saúde, habitação.
Diante disso os tópicos deste capítulo irão ressaltar toda a trajetória desta 
política pública.
2.1 O PROCESSO HISTÓRICOS DAS 
POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL
O alcance histórico das políticas sociais no Brasil, destacando a política 
de Assistência Social, suscita algumas provações que se destacam diante 
das dimensões das análises e refl exões que envolvem o Serviço Social como 
profi ssão.
De acordo com Iamamoto (1998, p. 20):
Para garantir uma sintonia do Serviço Social com os tempos 
atuais, é necessário romper com uma visão endógena, 
focalista, uma visão’ de dentro’ do Serviço Social, prisioneira 
em seus muros internos. Alargar os horizontes, olhar para mais 
longe, para o movimento das classes sociais e do Estado, em 
suas relações com a sociedade; não para perder ou diluir as 
particularidades profi ssionais, mas ao contrário, para iluminá-
las com maior nitidez. 
Segundo Teixeira (1987, p. 48), esta compreensão está explícita através do 
contexto teórico – metodológico, pois:
A emergência e desenvolvimento de uma política social é, por 
um lado, a expressão contraditória da relação apontada [capital 
e trabalho], sendo, ao mesmo tempo, fator determinante no 
curso posterior desta mesma relação entre as forças sociais 
fundamentais. Assim sendo, para o campo das políticas sociais 
confl uem interesses de natureza contraditória, advindos 
da presença de cada um destes atores na cena política, de 
sorte que a problemática da emergência da intervenção 
estatal sobre as questões sociais encontra-se quase sempre 
multideterminada.
Perante os diversos interesses e algumas determinações visíveis que foram 
eleitas como expressõessintéticas que se concentram em questão específi ca, 
pela qual a assistência social, através da Constituição Federal de 1988 – CF/88, 
passou a ser parte integrante de proteção social.
11
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
Conforme a CF/88:
Seção IV
 DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela 
necessitar, independentemente de contribuição à seguridade 
social, e tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência 
e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de 
defi ciência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à 
pessoa portadora de defi ciência e ao idoso que comprovem 
não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la 
provida por sua família, conforme dispuser a lei.
É importante destacar que a assistência social, diante da CF/88, teve um 
novo desenho e função nas políticas sociais e se institui como mecanismo dos 
princípios da seguridade social. Quando analisamos na íntegra, podemos verifi car 
que o conceito de seguridade social, na legislação atual, tem uma compreensão 
mais compreensiva, se for comparada às outras versões.
A CF de 88 representou um marco importante na inclusão da 
população no sistema público de seguridade social, através do chamado 
tripé da seguridade social.
Para Wegrzynovski (2015, p. 212), “Um novo conceito de 
seguridade social foi a partir da Constituição Federal que se constituiria 
em uma sociedade mais justa e solidária com as pessoas em situações 
de vulnerabilidade social”.
Todos os conceitos e informações relacionados à seguridade 
social ganham destaque no sistema capitalista no início do século XX. Nesse 
período aconteceu a efetivação dos Estados de Bem – Social, em que o governo 
britânico, durante a guerra de 1941, requereu a constituição de uma comissão 
interministerial para que se realizasse um estudo, visando reformas do sistema de 
seguro do país.
Esse estudo que foi realizado, fi cou conhecido como Plano Beveridge e a 
comissão foi presidida pelo Sir William Beveridge, sociólogo inglês. Dessa forma 
deu-se origem a uma nova forma de seguridade social inglesa, que foi colocada 
em prática somente após a Segunda Guerra Mundial.
A CF de 88 
representou um 
marco importante 
na inclusão da 
população no 
sistema público de 
seguridade social, 
através do chamado 
tripé da seguridade 
social.
12
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
Esse plano tinha como foco a proteção social de todas as pessoas que 
moravam na Grã-Bretanha, fundamentado sempre no princípio da “necessidade”. 
Ele se desenvolveu através do auxílio de benefícios igualitários, que tinham como 
variante o estado civil ou sexo, sem ser considerado o rendimento anterior. Por 
meio desse plano, aconteceu a unifi cação das instituições de seguro social, 
através de apenas um serviço público, esta política social é centralizada no 
Ministério da Seguridade Social.
Esse modelo de seguridade social infl uenciou o Brasil nas primeiras décadas 
do século XX, sendo identifi cado nas reproduções e discursos dos técnicos e dos 
dirigentes dos institutos de previdências e do Ministério do Trabalho.
Os autores Oliveira e Teixeira (1989) realizam uma avaliação conjuntural 
através do documento do Serviço Atuarial do Ministério do Trabalho, Indústria e 
Comércio de 1950. Essa avaliação compreende:
[...] a tendência moderna nesta questão é ampliar o âmbito dos 
antigos seguros sociais, para compreender nas fi nalidades do 
Estado, neste setor, não somente a Previdência stricto senso, 
como também a assistência, a garantia do emprego etc., [...], 
a seguridade social do trabalhador[...]; da Previdência Social 
propriamente dita (seguro de pensões), desenvolver um 
amplo sistema de assistência social (prestações em natureza 
ou em serviços) [...]. Para que possa o segurado gozar dos 
benefícios da Previdência, [...] para que possa ser aposentado 
por velhice, precisa antes de mais nada sobreviver; a condição 
primordial é a saúde, a qual depende em grande parte de 
uma boa assistência médica, cirúrgica e hospitalar. Por outro 
lado, essa assistência, prevenindo os riscos de invalidez e 
morte prematuras, alivia o encargo de seguros de pensões. 
(OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1989, p. 175, grifos da autora).
Conforme os mesmos autores, o ideário da seguridade social, mediante 
os modelos idealizados inicialmente pela comissão de Lord Beveridge, foi logo 
depois implementado na grande maioria dos países da Europa Ocidental, na 
ótica dos governos socialdemocratas e trabalhista, e que são originados no 
meio de uma articulação política, que era composta pelos países capitalista que 
estavam aliados a Segunda Guerra e que tinham como objetivo a reconstrução de 
hegemonia, com a elaboração de novas estratégias.
Esse movimento corresponde, na verdade, à parte de um 
amplo processo de enfrentamento, no plano ideológico, 
simultaneamente aos projetos fascista e socialista de 
organização da sociedade, o primeiro dos quais, apesar 
de derrotado militarmente, demonstrara ter encontrado 
signifi cativa aceitação em amplos setores de diversos países, 
enquanto o segundo estava em plena ascensão ao fi nal do 
confl ito [...]. A democracia liberal procurava demonstrar, em 
13
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
síntese que, como seus interlocutores, também tinha uma 
proposta avançada para a satisfação das ‘necessidades 
sociais’ (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1989, p. 176, grifo da autora).
Cabe destacar alguns dos princípios norteadores de concepção que moldam 
o padrão de Seguridade Social e serviram de bases estruturais dos Estados do 
Bem-Estar (Welfare State). Eles também foram utilizados como as principais 
referências, os princípios teóricos e políticos para pensar, elaborar e implementar 
as legislações sociais na sua totalidade, mesmo sendo alvo de críticas durante 
todo processo.
• A contribuição será adequada à capacidade do segurado e, 
também, não obrigatória. 
• O direito a uma renda mínima será para todo cidadão, 
involuntariamente de contribuição, garantindo um padrão mínimo 
de bem-estar, apontado de acordo com a situação histórica 
concreta. 
• A concessão do benefício não estará acondicionada a critério de 
mérito, instituído pelos agentes causadores da precisão.
Citando novamente Oliveira e Teixeira (1989, p. 178):
A Seguridade Social seria, nesta perspectiva, algo além de 
um mero sistema de concessão de benefícios. Consistiria, 
também, numa Política de Seguridade Social, na sua acepção 
mais abrangente, contemplando, além dos benefícios 
pecuniários tradicionais, ações de saúde, saneamento básico, 
educação, habitação, medidas de garantia do pleno emprego, 
redistribuição de renda e outros.
Na década de 1950 o modelo de proteção social que estava no auge era 
fundamentado nos atributos acima citados, que não se concretizou no Brasil. 
Sendo que o oposto aos modelos históricos que estavam se confi gurando nas 
políticas sociais, no país, passou a ser caracterizado pelo domínio de um perfi l 
limitativo e discriminatório, no que se refere aos direitos sociais de todos os 
cidadãos.
Avaliando as primeiras medidas no campo da legislação trabalhista e social, 
pode-se perceber que existe uma lógica da acumulação que tem se elevado aos 
14
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
interesses e anseios coletivos da classe trabalhadora, resultado da correlação de 
forças antidemocráticas instituídas entre o Estado e Sociedade.
Mediante as correlações de forças antagônicas que as políticas sociais no 
Brasil foram se delimitando, em destaque a de Assistência Social, de forma que 
passou a ser vistacom mais clareza e nitidez, conforme já citado, a partir da 
CF de 88, tornando-se o mecanismo de efetivação dos direitos do cidadão e o 
dever do Estado, no que conduz a proteção social e de suas potencialidades de 
aprimoramento na execução dos objetivos propostos. 
Analisando a história política do país, a década de 1930 foi o momento inicial 
mais representativo de intervenção estatal nas esferas das políticas sociais e 
econômicas, decorrente do período da modernização industrial e das relações 
sociais que foram constituídas, como a ordem capitalista. Isso ocasionou para 
o Estado uma maneira para explorar formas de gerenciamento institucional, 
buscando uma regulação social, através de novas iniciativas governamentais.
Neste período o Brasil estava saindo de uma grande crise 
econômica e política, que foi originada devido ao colapso monocultor 
da oligarquia cafeeira.
A oligarquia dominante naquele período possuía interesses 
diferenciados de outros setores, principalmente em relação às 
oligarquias gaúchas e mineiras, responsáveis pela produção do 
algodão, açúcar, carne e laticínio, os quais eram abasteciam o mercado 
interno. Desde o início do século, com o surgimento de novos grupos 
econômicos, outros sujeitos históricos se fortaleceram, como a classe 
burguesa industrial, os operários e a denominada classe média, composta pela 
burocracia civil e militar.
Nessa época, precisava-se de uma nova política de exportação, que fosse 
articulada aos novos preceitos econômicos e que era regida por pressões da 
classe operária urbana para melhoria das condições de trabalho e vida.
Neste período o 
Brasil estava saindo 
de uma grande 
crise econômica 
e política, que foi 
originada devido ao 
colapso monocultor 
da oligarquia 
cafeeira.
15
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
De acordo com Coutinho (1989, p. 123), 
Naquele período, o movimento operário lutava pela 
conquista de direitos civis e sociais, enquanto as 
camadas urbanas emergentes exigiam uma maior 
participação política. Essas pressões ‘de baixo’ (que não 
raramente assumiam a forma de um ‘submersíssimo, 
esporádico, elementar, desorganizado’) fi zeram com 
que um setor da oligarquia agrária dominante, o setor 
mais ligado à produção para o mercado interno, se 
colocasse à frente da chamada Revolução de 30. O 
triunfo dessa Revolução levou à formação de um novo 
bloco de poder, no qual a fração oligárquica ligada à 
agricultura de exportação foi colocada numa posição 
subalterna, ao mesmo tempo em que se buscava 
cooptar a ala moderada da liderança político militar das 
camadas médias (os tenentes).
A diferenciação deste movimento revolucionário se deu pelo seu caráter 
elitista, através da nova classe econômica, ou seja, um novo bloco de poder, que 
constituiu o reordenamento e a rearticulação interna dos setores econômicos 
e oligárquicos. Esse movimento entre as oligarquias, pela sua natureza, foi um 
movimento antipopular e conservador, através da incorporação dos setores mais 
conservadores e que ainda não obtinham o controle da máquina estatal, como o 
setor cafeeiro de São Paulo. 
Através da criação de um bloco de poder elitista, os setores populares 
foram excluídos da discussão política, econômica e outras. Esses indícios são 
fundamentais para compreender os caminhos constitutivos da formação histórica 
social do Brasil. 
Para Coutinho (1993), essa manutenção da classe dominante revela o 
perfi l antidemocrático e de exclusão da classe trabalhadora, dos processos de 
transformações sociais, sendo vista como uma “revolução passiva”, caracterizada
no pensamento de Gramsci.
Ainda que sem representação política muitas reivindicações e demandas 
apresentadas pelas classes subalternas deveriam ter sido aceitas pela classe 
dominante que estava no poder, para que fosse possível a implementação de um 
projeto político e econômico, visando a negociação de interesses.
16
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
Os setores dominantes da sociedade brasileira, que estavam sob o comando 
de Getúlio Vargas, quase que radicalizaram o autoritarismo, por meio de um regime 
de exceção mais correspondente, para um projeto de sociedade capitalista. Neste 
sentido, Coutinho (1989) refl ete que:
Reprimido com extrema facilidade putsch [conhecido como 
Intentona Comunista] será o principal pretexto para a instauração 
da ditadura Vargas. Contudo, apesar de seu caráter repressivo 
e de sua cobertura ideológica de tipo fascista, o ‘Estado Novo’ 
varguista promoveu uma acelerada industrialização do País, 
com o apoio da fração industrial da burguesia e da camada 
militar; além disso, promulgou um conjunto de leis de proteção 
ao trabalho, há muito reivindicadas pelo proletariado (salário 
mínimo, férias pagas, direito à aposentadoria etc.), ainda 
que ao preço de impor uma legislação sindical corporativista, 
copiada diretamente da Carta del Lavoro de Mussolini, que 
vinculava os sindicatos ao aparelho estatal e anulava sua 
autonomia (COUTINHO,1989, p.123-124).
 A ditadura no período do Estado Novo foi responsável pela implementação 
de uma política econômica que estimulou a industrialização, por meio de 
mecanismos que gerou a acumulação de bens, através da intervenção estatal e 
que garantiu o mercado interno. 
O desenvolvimento da economia capitalista depende da organização, 
infl uência e reprodução de um mercado interno de força de trabalho, com 
condições de promover a mão de obra assalariada, no que se refere às qualidades 
político-ideológicas e culturais para seu uso.
Diante das novas dinâmicas econômicas, sociais, políticas e culturais que 
se instauraram no país, Vargas implementou uma legislação social e trabalhista, 
que além de sua amplitude, detinha o controle direto da classe trabalhadora e 
da regulamentação das organizações sindicais, sendo ligadas ao Ministério do 
Trabalho, que foi criado nesse período.
O que antes se denominava de discurso da “colaboração de classe” acabou 
sendo estabelecido como um reconhecimento legal das vulnerabilidades sociais 
desta classe trabalhadora, focando na renúncia da chamada “destrutiva” ideologia 
de luta e fi cando limitada a sua organização em uma representação de caráter 
corporativo ao próprio Estado.
Sendo assim, a partir dos objetivos apresentados acima foram anunciados 
diversos decretos que afetaram diretamente as organizações sindicais, que 
estabeleceram o sindicalismo único e unidade sindical. Criava-se assim a 
possibilidade da intervenção do Ministério do Trabalho, que teria autonomia 
17
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
sufi ciente para intervir na direção sindical, podendo até destituir uma direção 
eleita, se não fosse de acordo com as ideias do governo.
Faleiros (1992, p. 100) avalia essas diretrizes afi rmando:
Como os sindicatos se transformaram em ordens de 
colaboração com o Estado, as reivindicações dos 
trabalhadores são canalizadas pelos novos aparelhos 
semiofi ciais. A função principal das organizações 
sindicais não é mais a reivindicação e a pressão, 
mas a assistência médica, jurídica e cultural de seus 
membros. Despolitiza-se a ação sindical e, ao mesmo 
tempo, retira-se dela o seu potencial de mobilização 
reivindicativa e política.
O perfi l elitista das políticas sociais e trabalhistas, diante da institucionalização, 
acentuou diretamente no campo da assistência social que acabou sendo 
caracterizado pelas ações de caridade e fi lantropia, através do imediatismo e 
interesses de quem necessitava.
No Brasil o Serviço Social surge durante o século XX, como um mecanismo 
para atender imediatamente às demandas sociais, que se fundamentavam nesse 
novo período da história do modelo capitalista. O Estado começa a ser obrigado 
a responder aos problemas sociais que estão surgindo no contexto da sociedade.
 Durante o século XX, começarama ser criadas as primeiras políticas 
públicas sociais para atender às necessidades da população e instrumentalizar o 
Serviço Social como profi ssão.
18
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
Para Iamamoto (2007, p. 171, grifo do autor), “A 
profi ssionalização do Serviço Social pressupõe a expansão de 
produção e de relações sociais capitalistas, impulsionadas pela 
industrialização e urbanização, que trazem, no seu verso, a questão 
social”.
Referente às ações que estavam sendo desenvolvidas na área da 
assistência social, Spozatti (1987, p. 45, grifo da autora) observa que:
A assistência Social [...] se reveste de maior 
racionalidade, introduzindo serviços sociais de maior 
alcance, sem perda, no entanto, de sua característica 
básica; o sentido do benefício ou da benevolência, só 
que, agora, do Estado. [...] é em 1938 que o Decreto-lei 
nº 525 estatui a organização nacional de Serviço Social 
enquanto modalidade de serviço público, através do 
Conselho Nacional de Serviço Social, junto ao Ministério 
de Educação e Saúde.
Criado por decreto, o Conselho Nacional de Serviço Social, teve sua atuação 
em diversos meios de discussão com objetivos e na área da assistência social, 
sendo apontado por suspeitas de uso manipulados das verbas e também de 
indevidas subvenções sociais, que são próprias do modelo de clientelismo político.
A assistência social, como política social, tem sua história marcada por 
mais de meio século de corrupção, por meio de desvio de recurso fi nanceiros 
destinados a essa área, sendo evidenciados para a sociedade, através dos 
escândalos que envolviam parlamentares que faziam parte da Comissão de 
Orçamento do Congresso Nacional, no período do governo do Presidente da 
República Fernando Collor de Melo.
Nesse período, o Conselho Nacional de Serviço Social – CNSS, foi inefi caz 
no que se referia ao combate das práticas de corrupção, com recursos públicos, 
ou até cúmplice das irregularidades na utilização das verbas que eram destinadas 
à implementação de políticas sociais e que acabaram sendo desviadas para a 
19
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
utilização clientelista dos diversos setores governamentais, como deputados, 
senadores e até por membros do Executivo.
Avaliando o que representa o uso indevido, o mau uso dos recursos públicos, 
está longe de ser reprimido no Brasil, pois as práticas que estão fundamentadas 
nessa natureza, nutrem várias estruturas de poder e de desenvolvimento ilícitas 
que se fazem presentes na atual conjuntura política e econômica.
Pode-se perceber que a trajetória da formação da classe burguesa no Brasil 
é contraditória e evidencia um reconhecimento parcial aos princípios de cidadania 
pela classe dominante e pelo Estado, através das transformações institucionais e 
políticas a partir da Revolução de 1930.
O autor Marshal (1967) apresenta, em seu escrito Cidadania e Classe 
Social, que na formação do processo histórico brasileiro há uma contradição nas 
sequências cronológicas das aquisições e conquistas dos direitos sociais, tendo 
como referência a Grã-Bretanha, para consolidar a lógica de implementação 
desses direitos, que se estruturam inicialmente pelos direitos civis, seguidos dos 
direitos políticos e fi nalizando com os direitos sociais.
Através do reconhecimento dos direitos sociais, outros direitos, que 
benefi ciaram em especial a burguesia e as classes dominantes no país, como 
os direitos trabalhistas e social, impostos na Era Vargas, acabaram sendo 
considerados ações de um governo repressor para os segmentos de oposição 
política. No entanto cauteloso com as necessidades de legitimação da classe 
de trabalhadores, desprovidas de qualquer forma de politização. A Era Vargas 
acabou se tornando um governo vigilante nas demandas dos trabalhadores, mas 
receptivo à reivindicação de organização, representação e reprodução da força de 
trabalho, necessárias ao modelo capitalista.
Nesse sentido, acaba-se adotando certa prática vinculada a uma coerência 
excludente e inefi caz do sistema de seguridade social no Brasil, que refl ete de 
forma antidemocrática a relação que o Estado estabeleceu com os cidadãos 
brasileiros. Isso se dá a partir do momento em que ele leva ao desconhecimento 
dos direitos e interesses fundamentais e legítimos da classe operária, gerando 
assim um aumento do empobrecimento dos trabalhadores, tanto por bens 
materiais quanto de formação política no resgate da cidadania.
20
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
Para uma melhor compreensão das políticas socias pós 1930, 
Santos (1979, p. 132) apresenta o conceito da conquista da cidadania 
e o papel do Estado, como “cidadania regulada”, sendo entendida 
da seguinte maneira: “Por cidadania regulada, entendo o conceito de 
cidadania cujas raízes encontram-se não em um código de valores 
políticos, mas em um sistema de estratifi cação ocupacional [...]”.
O conceito apresentado por Santos tornou-se um importante referencial 
característico da formação social da população brasileira, devido à inclusão 
parcial e seletiva de alguns setores e segmentos sociais, principalmente, os 
que envolvem as classes trabalhadoras, no que diz respeito à participação dos 
trabalhadores no processo decisório das políticas sociais e econômicas do país.
1 Descreva o que você entendeu sobre cidadania regulada.
O Brasil, através do modelo de cidadania regulada dos processos históricos, 
passou a ter atitude centralizadora e autoritária pós 1930, despontando que 
sempre esteve a serviço dos interesses da iniciativa privada. Sendo que esse 
princípio de privatização se perpetua até os dias de hoje.
Coutinho (1993, p. 87) apresenta que:
O fato de ter sido esse Estado sempre muito forte e 
de ter aparentemente se superposto à ordem privada 
não anula, de modo algum, a realidade fundamental: a 
de que toda essa força foi sempre, em primeira ou em 
última instância, mais em primeira do que em última, um 
poderoso e efi ciente instrumento a serviço de interesses 
estritamente privados.
21
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
No decorrer da história do Estado brasileiro, pode-se analisar que ele foi se 
modulando na década de 1930 e, cada vez mais, foi aperfeiçoando-se durante o 
período pós 1964 e no período da ditadura militar, como patrimonialistas, pois os 
diferentes governos que se sucederam nesses anos eram eleitos e representados 
pelas elites dominantes e seus dirigentes.
Esses atributos estavam centrados em ações com visões tradicionalistas, 
paternalistas e clientelistas, que vigoraram até o governo do presidente 
Fernando Henrique Cardoso (FHC), que tinha como promessa desmontar o 
modelo patrimonialista. Ele teve em seu mandato as evidências dos anteriores, 
principalmente, no que se refere à privatização das empresas estatais.
A privatização de vários segmentos públicos se expressa através da 
intervenção estatal, do Estado, na inovação das condições favoráveis para 
a ampliação do capital privado, que desde o Golpe Militar de 1964, passou a 
consentir prioritariamente aos interesses do capital fi nanceiro multinacional, sendo 
este um caminho que se efetua em grandes dimensões na chamada política de 
globalização, a partir de 1995, como o governo de FHC. 
Esse período da história do Brasil não veio de encontro à equidade social e 
efetivação da cidadania, como se almejava, e, sim, ocorreu um redirecionamento 
do Estado em relação ao seu papel econômico, através de seu desempenho 
protagonista no modelo de inserção de sistema capitalista monopolista mundial, 
gerando um regime antidemocrático dos direitos sociais e políticos da classe 
trabalhadora.
Diante da função de acumulação desenvolvida do capital 
monopolista por parte do Estado, desde 1964, o autor Coutinho 
(1989, p. 124), baseado nas refl exões de Gramsci, descreve o 
conceitode “revolução passiva”:
As forças produtivas da indústria, através de uma intervenção 
maciça do Estado, desenvolveram-se intensamente, com 
o objetivo de favorecer a consolidação e a expansão do 
capitalismo monopolista. A estrutura agrária, por seu turno, 
mesmo conservando o latifúndio como eixo central, foi 
profundamente transformada, sendo hoje predominantemente 
capitalista. A camada tecnocrático-militar, que se apoderou 
do aparelho estatal, certamente controlou e limitou a ação do 
capital privado, na medida em que submeteu os interesses 
dos múltiplos capitais ao capital em seu conjunto, mas adotou 
essa posição ‘cesarista’ precisamente para manter e reforçar 
o princípio do lucro privado e para conservar o poder das 
22
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
classes dominantes tradicionais, quer da burguesia industrial e 
fi nanceira (nacional e internacional), quer do setor latifundiário 
que ia se tornando cada vez mais capitalista.
A categoria denominada de “revolução passiva” também foi usada pelo 
pensador marxista, que serviu para esclarecer a mudança do capitalismo italiano, 
que estava em transição da fase concorrencial para a fase monopolista.
A ditadura brasileira adotou alguns procedimentos que fortaleceram o projeto 
de dominação imposto pelo sistema que estava em vigor.
Segundo Faleiros (1992, p. 179):
O capital multinacional, que tende à moligopolista, implanta-
se através dos setores mais modernos e mais rentáveis, 
isto é, na indústria de bens duráveis. Ocupa, ao mesmo 
tempo e gradativamente, os espaços de fi nanciamento para 
compra desses produtos, sua comercialização, e alcança os 
investimentos agrícolas. Formam-se conglomerados cada vez 
maiores em todos os setores da economia. Nesse processo, 
entram na órbita do capital multinacional várias empresas 
nacionais, por compra ou simples associação [...] O Estado 
propicia tal concentração através dos seus mecanismos 
de união do bloco dominante e de controle do conjunto das 
medidas econômicas.
Outros fatores devem ser considerados importantes e que precisam ser 
destacados e avaliados no modelo econômico. Durante o período da ditadura, 
esses fatores relacionados a categorias fundamentais foram essenciais para a 
implementação de um padrão antipopular e concentrador de poder e de riquezas, 
tais como: o recurso à violência (diversas formas), repressão, coerção direta e 
plena restrição da liberdade.
É importante destacar que, no período de repressão política e militar, foram 
fi xados os movimentos sociais organizados, como sindical, estudantil e social, 
atrelados como uma extorsiva política salarial, que objetivava o achatamento e 
perdas salariais, que só foram possíveis através da violência institucionalizada 
pelo regime militar no Brasil.
O autoritarismo foi considerado um dos instrumentos mais utilizado para a 
negociação das políticas públicas sociais, tendo sempre relevância os interesses 
das classes dominantes. Nesse sentido, não somente os canais de participação 
popular, como partidos políticos, sindicatos e organizações sociais sofreram 
retaliações em relação à formação política das massas trabalhadoras.
23
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
Para Viana (1989, p. 26):
Agências formuladoras ou reguladoras de políticas 
econômicas (aquelas que têm a ver com o processo produtivo), 
responsáveis por traduzir demandas setoriais em decisões 
generalizantes, estabelecem vínculos diretos com ‘clientelas’ 
selecionadas, garantindo no interior do aparelho estatal o lócus 
para a articulação técnica de seus interesses.
A forma de aparente neutralidade, que acontece o reconhecimento dos reais 
interlocutores dos diversos setores internos geridos da burguesia, não vem de 
encontro aos verdadeiros interesses sociais. Sendo assim, conservou-se as 
chamadas classes “clientelas” ou “pelegas” no movimento sindical, pois não 
possuíam representatividade ou comprometimento na defesa dos trabalhadores.
Perante a negação dos direitos políticos e sociais em todos os setores da 
sociedade que visavam combater democraticamente os direitos da sociedade 
civil, as opções de ampliação dos recursos na área social foram limitadas.
Nesse sentido, o mito das opções técnicas e racionais se tornam 
automatizadas, pela abrangência, mediante os discursos que foram propagados 
equivocadamente aos interesses políticos individualistas e particularistas.
Mediante essa questão, Viana (1989, p. 26) observa que:
Mantida a aparência constitucional, com a realização de 
eleições periódicas e câmaras legislativas em funcionamento, 
a política social, através das imensas máquinas burocráticas 
de suas agências, cargos disponíveis e serviços prestáveis, 
transformou-se em esfera ideal para o fazer política, uma 
política estreita e eleitoreira, alternativa ao tipo de competição 
política em que se reconhecem pressões confl itantes e se 
negociam interesses divergentes em arenas abertas. 
Em todo este período que contemplou o regime autoritário aconteceu a 
materialização institucional fundamentalmente conservadora no sistema de 
proteção social, sendo que os princípios de fi nanciamento são edifi cados através 
de critérios contrários ao da equidade social. 
Dessa forma ocorreu um bloqueio em todas as formas de transferências 
de rendas, através de setores e fontes de recursos de fi nanciamento e de 
transferência de renda. Essas medidas afetaram diretamente os trabalhadores e 
operários assalariados, pois contribuíram de forma decisiva para a eliminação dos 
meios de acesso da população às políticas públicas sociais, em especial as de 
assistência social.
24
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
Acadêmico, aprofunde seus estudos lendo o livro cuja capa está 
representada na fi gura a seguir, ele é importante para sua atuação 
profi ssional.
FIGURA – CAPA DO LIVRO OS DONOS DO PODER 
FONTE: <https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/
I/31jlAOei-QL._SX346_BO1,204,203,200_.jpg>. Acesso em: 12 jan. 2021. 
A obra é um ensaio fundamental para a compreensão da 
formação social e política brasileira. Partindo das origens portuguesas 
de nosso patronato político, o autor demonstra como o Brasil foi 
governado, desde a colônia, por uma comunidade burocrática que 
acabou por frustrar o desenvolvimento de uma nação independente. 
Sua análise abarca o longo período que vai da Revolução Portuguesa 
do século XIV até a Revolução de 1930 no Brasil. Esta edição foi 
revista e acrescida de um índice remissivo.
FAORO, Raymundo. Os donos do poder, formação do 
patronato político brasileiro. 5. ed. Rio de Janeiro: Ed. Globo, 2012.
25
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
1 Na Constituição Federal de 88, a proteção social passou a ser 
garantida aos cidadãos brasileiros devido à multiplicidade de 
interesses e determinações visíveis que foram eleitas como 
expressões sintéticas que podem se concentrar como questões 
específi cas, como a assistência social. Diante disso, cite na 
íntegra o artigo da CF de 88 que apresenta a assistência social 
como direito garantido.
2.2 A HERANÇA ELITISTA E 
AUTORITÁRIA NA REPRESENTAÇÃO 
DAS POLÍTICAS SOCIAIS
Perante o contexto histórico das políticas públicas sociais, a previdência 
social, em que se sabe, possuí um modelo de fi nanciamento que admite 
diminuídas transferências de ativos para inativos, enfatizando um padrão 
simplesmente horizontal na distribuição do benefício para os benefi ciários da 
política de assistência social.
A política de previdência social, no período da década de 90, consegue 
verifi car que ela relevava várias propostas de mudanças na regulamentação 
da previdência, mediante a revisão constitucional que estava em curso. As 
preposições convergiam contrárias às reformas neoliberais que recém estavam 
implementadas no Brasil.
Outra propriedade que se pode apontarsobre o sistema nacional de 
arrecadação, mencionado anteriormente, na época citada, refere-se ao repasse 
integral dos custos das contribuições sociais aos valores das mercadorias por 
parte das empresas, assim os assalariados e os consumidores, os fi nanciadores 
dos programas sociais, acabam gerando uma maior economia.
De acordo com Carmargo (1991), o regime militar, diante ao fi nanciamento 
das políticas sociais, apresentou-se através de um perfi l mais limitado e restrito, ou 
seja, autoritário e antipopular, para ampliar a arrecadação por meio da captação 
compulsória de poupança, usando as contribuições sociais, ao invés de ampliar 
a arrecadação das cargas tributárias, caracteristicamente fi scal, preservando o 
capital de realizar maiores gastos nas políticas sociais.
26
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
Neste sentido, a quantia de recursos que foram recolhidos com as 
contribuições sociais computou, naquele momento, mais de 50% da receita 
tributária de toda a União, que são recursos procedentes de um orçamento 
paralelo coberto pelo consumo compulsório das contribuições sociais.
Essas contribuições foram impostas com a justifi cativa de subsidiar 
as aplicações, projetos, programas e benefícios de instância social, 
consequentemente o Estado, União, estaria em última instância comprometido 
com as despesas sociais, pois fi caram acopladas diretamente ao fundo 
público exclusivo de cada área, e que já estavam discriminadas cada fonte de 
fi nanciamento.
O Estado se tornou um mecanismo completamente insufi ciente para 
responder, de maneira democrática, às necessidades primordiais e básicas da 
população brasileira.
A especialidade desse modelo do sistema de arrecadação e fi nanciamento, 
por mais injusto e induzido que seja, e o seu comprometimento com as políticas 
sociais incidem somente para uma parte da sociedade, nesses moldes, a classe 
trabalhadora e o Estado, sempre descomprometido com os interesses sociais, 
sem disponibilidade de orçamento, mesmo através das arrecadações fi scais.
Os dados apresentados, no período militar, mostram que o Produto Interno 
Bruto (PIB) tinha um percentual pequeno, relacionados à população, sendo 1% 
das famílias mais ricas e que possuíam aproximadamente 20% de toda a renda 
nacional. Contrapondo essa realidade, 50% dos mais pobres centralizavam 
apenas 10% de toda a riqueza produzida, o remanescente estava apropriado pelos 
extratos da proletarização da política recessiva. Esses dados foram ratifi cados 
através de relatório do Banco Mundial e apresentam dados inquestionáveis.
Para Romão (1991, p. 104):
Com efeito, os conhecidos relatórios anuais do Banco 
Mundial fornecem algumas estatísticas básicas sobre 
129 países-membros, afora aqueles com população 
inferior a um milhão de habitantes. Na sua última versão, 
o relatório apresenta informações de distribuição de 
renda para 46 países e entre estes o Brasil é o que 
aparece com o perfi l mais iníquo.
27
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
Com os problemas encontrados para superar a crise econômica, outros 
caminhos foram trilhados, sendo esses mais atrozes e inefi cientes, causando a 
recessão, fundamentados no ideário neoliberal.
Esses fatores foram utilizados para combater, de qualquer forma, a infl ação 
durante aquele período no qual aconteceu um arrocho ainda maior dos salários, 
demissão em massa dos trabalhadores, um enorme sucateamento dos patrimônios 
públicos, efetivando os cortes nos recursos das políticas sociais e aumentando 
consequentemente as desigualdades sociais, fome, pobreza e desemprego. 
Outros segmentos com muito mais estrutura econômica se preveniam de qualquer 
forma de perdas. 
Essa chamada “herança indesejada” foi apresentada por 
Benjamim (1991, p. 50): 
O atual sistema de poder, que começa na 
hiperconcentração da riqueza e da terra, passa pelo 
predomínio dos oligopólios na economia, reproduz-
se no controle dos meios de comunicação de massa, 
apresenta poder de corrupção virtualmente ilimitado, 
garante sobre representação de oligarquias no 
Congresso Nacional e tem como reserva um judiciário 
conservador, esse sistema de poder, aprisiona um 
grande país [...].
O poder das elites brasileiras no sistema econômico em discussão tem se 
vinculado e deixado em seu caminho a marca da exclusão na história da sociedade 
brasileira. Destaca-se uma importante modifi cação nas estruturas obsoletas e 
distribuídas, que foi o processo de ampliação e materialização do processo das 
liberdades democráticas, mesmo que limitadas na dimensão política.
O Estado brasileiro era o retentor de extensos e ilimitados poderes, mediava 
em torno de si os setores politizados da sociedade, através de uma disputa 
corporativa de interesses, que se construiu durante este processo de resistência 
ao regime militar e nas lutas pela cidadania, uma combativa sociedade civil, que 
estava reconstruída através da participação e mobilização popular.
Nos anos de 1990, a sociedade civil esteve submersa em um período 
de instabilidade política, em que as classes trabalhadoras tiveram que outra 
28
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
vez reconquistar e buscar a capacidade de organização e de luta. Isso se deu 
mediante a degradação dos modelos de proteção social e de trabalho que foram 
implementados para a sociedade através das políticas sociais de interesses dos 
partidos social democratas e liberal que estavam no poder.
Como se sabe a ditadura investiu de diferentes maneiras no 
controle coercitivo da sociedade civil que, apesar da repressão e da 
desigualdade econômica, cresceu e se fortaleceu simultaneamente 
ao amadurecimento e à ampliação das forças produtivas sob o 
regime militar, potencializando-se pela multiplicação de interesses 
diversifi cados surgidos com a modernização econômica. A luta pela 
anistia, o multipartidarismo (que deu oportunidade de expressão a 
novas forças políticas, como o Partido dos Trabalhadores – PT, 
por exemplo), as manifestações de rua pelas eleições diretas 
para a presidência da República, a retomada dos sindicatos como 
espaço de luta política e não apenas de prestação de serviços, a 
mobilização em torno da Constituição de 1988 e as campanhas 
eleitorais, bem como, o movimento pela ética na política que detonou 
o impeachment de Fernando Collor de Melo, são apenas alguns 
exemplos emblemáticos dessa capacidade de mobilização e de ação 
da sociedade civil.
Esse processo pôde ser constatado através das últimas 
eleições majoritárias e proporcionais ocorridas com o fi m da ditadura. 
Com o aumento crescente dos coefi cientes eleitorais, embora ainda 
aquém do necessário para alçar o poder, as esquerdas passaram 
a expressar e a reunir as aspirações políticas e éticas de vastos 
setores democráticos no País, ativadas, principalmente, através da 
militância contra a ditadura e na luta pelos direitos dos trabalhadores. 
O Partido dos Trabalhadores, de maior expressão política, e os 
demais partidos realmente progressistas vêm indubitavelmente 
demonstrando, tanto em suas atuações no interior dos parlamentos 
quanto no desafi o das administrações de muitas cidades e governos 
estaduais e também na luta do dia a dia dos movimentos populares, 
que é perfeitamente viável a construção de uma sociedade mais 
justa, ética e democrática, na recriação da história presente e futura 
deste país.
As políticas neoliberais já foram devidamente implementadas e 
nem por isso a infl ação, combatida a qualquer preço, cedeu. Há que 
se propor e levar à frente novas alternativas de solução para a crise 
econômica e social que vem solapando o cotidiano do trabalhador 
29
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
brasileiro.
Assim sendo, essa conjuntura contraditória precisa ser reavaliada 
nos seus desdobramentos e condicionantes, pois coexistem num 
mesmopaís uma sociedade civil representativa e organizada e uma 
população faminta em torno de 35 milhões de habitantes: são mais 
de três Somálias dentro do Brasil, já que naquele infeliz país africano 
a população gira em torno de 10,5 milhões. Com efeito, se for 
perpetuado esse desolador quadro econômico e social, incompatível 
com os princípios da democracia, pode-se gerar a impressão de que 
a transição democrática processada na luta contra a ditadura não 
teve o fôlego necessário para possibilitar a superação dos principais 
elementos de atraso e da exclusão gestados ao longo da história 
brasileira.
Em função do pacto que levou a uma transição “sem 
traumas”, todos os ônus recaíram pesadamente sobre a população 
trabalhadora, que tem – às custas de muito trabalho mal pago – 
sustentado um modelo econômico concentrador de riquezas, modelo 
sustentado e aprofundado pelos governos civis que subiram ao poder 
depois da ditadura, os de José Sarney, Fernando Collor de Melo, 
Itamar Franco, a primeira e a corrente versão do governo Fernando 
Henrique Cardoso.
Resgatando aquele traço recorrente da dinâmica política, 
pode-se repensar essa transição à luz da já aludida noção de 
“revolução passiva”: dado o aspecto conciliatório característico da 
transição democrática, tornou-se possível desconsiderar a legítima 
participação das massas populares na derrocada da ditadura, com a 
aceitação da eleição para presidente no Colégio Eleitoral criado pela 
ditadura, através da composição Tancredo Neves/José Sarney, e não 
pela via direta, como foi amplamente reivindicado naquele momento.
Porém, essa não foi a única medida conciliatória e “pelo alto” 
imposta contra os apelos de participação democrática; pode-
se recordar também o processo de convocação da Assembleia 
Constituinte, duramente golpeado pela manobra do Governo 
Sarney, que preferiu a solução de atribuir poderes constituintes a 
um Congresso instituído segundo as regras eleitorais e institucionais 
herdadas da ditadura. Portanto, os que redigiram a nova Constituição 
não o fi zeram legitimamente, já que não foram eleitos para elaborar 
a primeira Carta democrática do país, e sim para legislar dentro 
da rotina normal do Parlamento. Essa manobra, muito combatida 
pelos setores progressistas, garantiu uma composição ideológica 
no Congresso Constituinte bastante favorável e adequada aos 
interesses das elites dirigentes; basta recordar o famoso “centrão”, 
que articulou uma fi rme resistência às mudanças pretendidas pelos 
segmentos democráticos.
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 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
PAIVA, Beatriz Augusto de. Assistência social e políticas sociais no 
Brasil: confi guração histórica, contradições e perspectivas. Revista Katálysis, 
Florianópolis, n. 4, p. 11-34, jan. 1999. Disponível em: https://periodicos.ufsc.
br/index.php/katalysis/article/view/6250/5828. Acesso em: 19 ago. 2020.
Para Coutinho (1993, p. 53, grifos da autora):
[...] se praticamente todos os sujeitos políticos 
oposicionistas se empenharam na ‘guerra de posição’ 
que pôs fi m à ditadura, nem todos levaram em conta, 
na época, o risco contido nessa forma de transição 
relativamente ‘negociada’. Nela se verifi ca [...]e, como 
tentamos indicar, a combinação de processos ‘pelo 
alto’ e de processos provenientes ‘de baixo’; e, decerto, 
é o predomínio de uns ou de outros o que determina 
o resultado fi nal, a natureza do terminus de quem dá 
transição. A partir do momento em que, com a ida da 
oposição ao Colégio Eleitoral criado pela ditadura, 
preponderou uma solução ‘pelo alto’, concretizou-se o 
risco a que aludimos: o de que a transição terminasse 
por reproduzir, ainda que ‘atenuados’ e ‘modernizados’, 
alguns dos traços mais característicos do tradicional 
modo ‘prussiano’ e ‘passivo’ de promover as 
transformações sociais no Brasil. Uma transição desse 
tipo – que poderíamos chamar de ‘fraca’ – implicava 
certamente uma ruptura com a ditadura implantada em 
1964, mas não com os traços autoritários e excludentes 
que caracterizam aquele modo tradicional de se fazer 
política no Brasil.
Mediante este conjunto de restrições objetivas ao direito de exercer a 
cidadania, acaba refl etindo diretamente nas políticas sociais de maneira cada 
vez mais decisiva, pois passou a ser alvo preferencial nos cortes dos recursos e 
despesas públicas. 
O corte de recursos fi nanceiros nas políticas públicas sociais acompanhou 
paralelamente o arrocho salarial. Constando uma difi culdade na reversão desta 
representação, principalmente no que se refere ao sistema tributário do Brasil, 
pois representa uma fonte de recursos para a redistribuição de recursos pelas 
políticas públicas.
31
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
A demanda da composição fi scal envia possíveis alternativas para a 
universalização e remanejamento na importância de estrutura fi scal remetente, 
portanto, que são produzidas coletivamente de maneira que as políticas sociais se 
constituem, sendo um elemento determinante para a estratégica e tática na luta 
pela democracia, através da socialização de bens de consumo e produção.
O sistema tributário no Brasil, desde sempre, esteve fundamentado em 
critérios mais contraditórios e injustos possíveis, sendo um determinante na 
diferenciação da concentração de rendas, afl igindo diretamente os assalariados, 
principalmente, os que recebem uma menor renda e os consumidores, que são 
afetados através dos impostos que indiretamente são introduzidos nos preços das 
mercadorias.
Perante a conjuntura apresentada, o porcentual tributário do PIB é um 
dos mais baixos se for comparado com todos os outros países, isso devido à 
sonegação de impostos que atinge quase que a metade do que poderia ser 
arrecadado. 
Todo o sistema fi nanceiro, juntamente com os setores industriais nacionais e 
multinacionais, como os produtores agrários e os latifundiários; os trabalhadores 
ativos e inativos de todo o sistema privado e público; os cargos eletivos, executivo 
e legislativo de todas as esferas, e ministros; além de partidos políticos; do 
Fundo Monetário Internacional, maior fi nanciador das políticas, através de 
ações desordenadas, discutem o fi m das contribuições sociais, com elas os 
investimentos das políticas sociais e continuando a estrutura regressiva, sendo 
esta de interesse dos empresários, propondo um aumento de alíquotas, afetando 
o assalariado, que estarão relacionadas aos impostos estaduais, municipais, 
ICMS e ISS, e transforma contribuições em impostos e com uma Contribuição 
Provisória sobre a Movimentação Financeira – CPMF.
Neste período de implementação das políticas neoliberais, algumas das 
propostas elaboradas por segmentos de esquerdas foram debatidos, como o 
início das progressividades na pertinência das taxas e alíquotas, em conjunto 
com a melhora na Receita Federal, que objetivasse o combate à sonegação de 
impostos.
Diante dessas medidas econômicas e políticas, houve uma maior precisão, 
sem elas os compromissos com uma redistribuição perdem o sentido, em que 
as políticas públicas seriam apenas um instrumento ratifi cador e reprodutor das 
desigualdades sociais.
32
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
Para Benjamim (1991, p. 49):
Em sociedades capitalistas, nunca houve, nem haverá, 
transição de modelos se os agentes transformadores não 
puderem exercer controle sobre a taxa de investimento 
[...]. Para controlar as variáveis macroeconômicas 
fundamentais, prover bens e serviços coletivos, induzir 
distribuição de renda, estabelecer a forma de exploração 
dos recursos não renováveis, promover o progresso 
científi co e tecnológico e regular o intercâmbio com 
exterior, o Estado não precisa deter muito mais do que 
25% ou 30% do PIB.
O autor citado no trecho anterior defende ainda a suposição clássica, em 
que o processo distributivo deveria ser entregue somente para as políticas 
governamentais, de transferir o excedente,que era irrealizável no país, pelos 
índices de pobreza e desigualdade impostos na sociedade brasileira.
O acúmulo dos impostos é grande, comparado ao excedente que é mínimo, 
sendo necessária a realização de transformações qualitativas no setor econômico, 
pois só assim o modelo de exclusão social poderá ser superado.
 A política de Assistência Social, nesse contexto, precisa estar atrelada a uma 
efi caz política de redistribuição de renda igualitária. Sendo assim, desenha-se o 
início da construção efetiva da cidadania, através da elaboração, estruturação e 
implementação de benefícios, programas, projetos e serviços, que deveriam ser 
universalmente custeados através das contribuições tributárias do capital vigente, 
por meio de captação e alocação dos recursos públicos, por meio de um claro e 
criterioso planejamento das ações que utilizem os recursos públicos. 
Apesar das estratégicas conservadoras que foram utilizadas no processo 
constituinte e das forças contrárias da sociedade civil que muitas conquistas 
foram afi rmadas na Constituição Federal de 1988, no que diz respeito aos direitos 
de cidadania da população brasileira. Isso resultou na chamada “Constituição 
Cidadã”.
É na CF de 88 que são contemplados os direitos sociais à educação, à 
saúde, ao trabalho, à segurança, à previdência social, à proteção à maternidade e 
à infância, à assistência aos desamparados (cf. Título II, “Dos Direitos e Garantias 
Fundamentais”, Capítulo II, “Dos Direitos Sociais”, artigo 6º).
33
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
A assistência passou a ser uma referência diretamente interligada com 
o direito de cidadania, através da aproximação e reconhecimento com área da 
seguridade, ou seja, passou a ser considerada uma política social específi ca, 
conforme o artigo 194 (Capítulo II, “Da Seguridade Social”, do Título VIII, “Da 
Ordem Social”). A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações 
de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade destinadas a assegurar os 
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. 
Esses direitos sociais foram reconhecidos como os novos princípios políticos 
relacionados a uma estrutura mais racionalizada e democrática na utilização dos 
recursos e serviços oferecidos pelas políticas públicas, tais como: 
• Universalidade da cobertura e do atendimento para todos cidadãos.
• Igualdade e equivalência dos benefícios e serviços para populações 
urbanas e rurais. 
• Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços.
• Irredutibilidade do valor dos benefícios.
• Igualdade na forma de participação do custeio, através da participação 
dos estados e municípios na composição dos fundos sociais. 
• Diversidade na base de fi nanciamentos. 
• Caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, através 
da participação da sociedade civil, em especial, da classe trabalhadora, 
empresários e aposentados.
A democratização dos recursos públicos e das políticas sociais, que foram 
apontadas na CF/88, está fundamentada nos princípios citados acima, porém, 
na prática, os cumprimentos das políticas públicas não são efetivados na sua 
totalidade. Se analisarmos a política de saúde, que está regulamentada pelo 
Sistema Único de Saúde (SUS), é evidente a diferença entre o discurso político, 
independentemente, de partido político e da ação ética de quem está na gestão. 
Sobre a Previdência Social, desde a CF/88, foram obtidas algumas conquistas 
importantes para os trabalhadores, podendo ser citadas a regularização dos 
direitos do trabalhador doméstico; a ampliação da licença maternidade; entre 
outras.
Se faz necessário ponderar todos esses avanços cautelosamente. Apesar 
de conquistas formais, é importante constar que existe falta de correspondência 
e diálogo entre tais avanços com a promulgação da CF/88, impedindo assim 
avanços no âmbito da legislação. Dessa forma, em partes, foi possível materializar 
os direitos sociais enquanto prestação efetiva de serviços prescritos, excetos os 
itens legais, que estavam centralizados na época pelo existindo Ministério da 
Previdência e Assistência Social (MPAS), desde o ano de 1995.
34
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
Esses obstáculos na efetivação das políticas públicas podem ser apontados 
diante do processo de revisão Constitucional, que era defendido ardorosamente 
pelos setores empresariais e pelo governo. Esta revisão apontava alterações 
muito desfavoráveis aos interesses da classe trabalhadora.
A sistematização jurídica-formal da seguridade social, realizada para uma 
análise da assistência social como política social, destina-se a ampliar a discussão 
desta área com outro ponto de vista. Isso constitui analisar a questão da política 
pública de assistência social através de novas condições, através de um processo 
de regulamentação legal. 
Assim, no ano de 1993, foi aprovada a Lei Orgânica da Assistência Social 
(LOAS). Desde então, estão sendo efetivados os serviços assistenciais por meio 
de novas confi gurações da Política de Assistência Social. 
A Política de Assistência Social será apresentada na sua integra nos próximos 
capítulos. 
1 Após a CF/88, a assistência social se tornou uma referência 
diretamente interligada com o direito de cidadania permeando 
os direitos sociais e que foram reconhecidos através dos novos 
princípios políticos. Cite-os.
2.3 A FUNÇÃO DO ESTADO 
BRASILEIRO PERANTE AS NOVAS 
POLÍTICAS SOCIAIS
Avaliando a trajetória histórica da política de assistência social no Brasil, 
averiguamos a recorrência de particularidades típicas que se mantiveram sem 
mudança na sua formulação político-assistencial, até o fi nal dos anos 90 e inícios 
dos anos de 2000. A assistência era mencionada na prática como política para 
completar as diferenças das áreas que a atuação do Estado não conseguia suprir, 
correndo o risco de se reproduzir no seu original projeto, ou seja, a suplementação 
das demais políticas sociais, como a educação, saúde, habitação.
35
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
A assistência social estava reconhecida como um instrumento transversal 
que permeia as ações efetivadas pelas demais políticas sociais, mediante a 
estratégia da universalização dos direitos sociais previstos na CF/88.
Os exemplos de presença dos componentes assistenciais nas outras 
políticas são evidentes na educação básica, através de liberação de recursos para 
uniformes e merendas escolares, a viabilidade do material didático, oportunizando 
a continuidade de crianças e adolescentes nas escolas. Na saúde, os serviços 
assistenciais estão confi gurados no cerne da política, pois qualquer ação de 
planejamento estratégico, que se refere ao SUS, implica em recursos para o 
abastecimento e fornecimento de medicamentos, de aparelhos específi cos para 
cada especialidade, de condução de pacientes, entre outros.
Na constituição que está em vigor é possível verifi car que a assistência 
mantém conexões com todas as políticas sociais dos mais diversos setores e 
também com as políticas de fundo econômico.
A compreensão da análise apresentada anteriormente pode ser verifi cada 
diante da conjuntura de pauperização da sociedade, na época de implementação 
da CF/88, signifi cando reconhecer que a maior parte da população se encontrava 
excluída dos acessos mínimos para uma condição digna de vida.
Diante da qualidade de demissão e das insufi ciências características da 
pobreza e da miséria, são reproduzidos através de um ciclo de gerações familiares 
os herdeiros de uma sociedade escravista e autoritária, resultando em uma 
população suprimida por uma luta cotidiana em prol da própria sobrevivência.
Das categorias mais complexas e diversas, estes são os usuários da política 
de assistência social, ou seja, os excluídos no sistema capitalista. Na visãode 
seguridade social que estava assegurada na legislação vigente, a assistência 
social conduz aos setores e segmentos na condição de vulnerabilidade social, 
ou seja, sem condições de prover o sustento, são os excluídos do mercado de 
trabalho formal e informal.
36
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
O período de implementação de discussão da Constituição 
Federal e da implementação das políticas neoliberais, a realidade 
estava concretizada, segundo Menezes (1994, p. 103), da seguinte 
forma:
Em 1981, a soma de trabalhadores sem rendimento 
(10%), com rendimento até um salário mínimo (23%) e 
entre um e dois salários mínimos chega a 58,8% de toda 
PEA (População Economicamente Ativa). Se levarmos 
em conta que esse padrão de remuneração caracteriza 
o chamado “estado de pobreza”, quase 60% da PEA 
trabalham com assalariamento abaixo da remuneração 
mínima; portanto, são potencialmente usuários das 
políticas sociais de assistência. Em 1989, a faixa de até 
um salário mínimo sobe para 8,1% e aquela entre um e 
dois salários mínimos também decresce para 21,4%. O 
‘estado de pobreza’ atinge um percentual de 56,7% no 
fi nal dos anos 80.
Analisando o início dos anos 90, o Brasil estava com aproximadamente 
60,2% da população em vulnerabilidade social, de acordo com pesquisas do 
Banco Mundial, sendo uma realidade gravíssima e alarmante que ultrapassa as 
probabilidades de utilização dos recursos estatais destinados às políticas sociais.
Essa análise da situação econômica, social e política dos anos de 1990 
apresenta dados complexos à realidade dinâmica da sociedade brasileira, 
ponderando os próprios riscos de uma aproximação que se almeja historicamente 
no que se refere à dinâmica peculiar das políticas sociais, sendo que ela se 
encontra ponderada aos processos conjunturais correntes, através de ambíguas 
mudanças na defi nição do desenvolvimento de tais políticas.
Nesta perspectiva se faz necessário entender a lógica que muitas vezes se 
esconde e que preside nos acontecimentos mais acentuados, para conseguir 
elaborar algumas proposições diante dos cenários que foram construídos naquele 
período, através do pensamento neoliberal.
Os acontecimentos mais relevantes da conjuntura daquele período estavam 
fundamentados em uma lógica que explica as questões sociais no Brasil, perante 
a diversidade das características comuns e um mosaico diferenciado de diversos 
elementos, fatores, atores sociais, dos episódios individuais em todas as regiões 
do país.
37
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
Wanderley (1988, p. 17) afi rma que: “A questão social 
fundante, nesses 500 anos de descobrimento, centra-se nas 
extremas difi culdades e injustiças que reinam nas estruturas sociais, 
resultantes do modo de produção e reprodução social, dos modos de 
desenvolvimento”.
Sendo assim, o caráter das questões sociais brasileiras, em seu contexto 
substrato histórico e político, tornou-se a matéria-prima da adaptação pública 
por meio das políticas sociais que, durante o período de implementação do 
neoliberalismo, mantiveram-se nas mesmas proporções, em todos os sentidos, 
ampliando a sua circunscrição, ao se confortar com os dados econômicos e 
sociais do Brasil.
Nesta fase é importante considerar o nível de estatísticas que foram indicados 
no campo das políticas sociais, mediante os indicadores que mais afetam o campo 
das políticas sociais. Entre outros incisivos que reafi rmam as expectativas para 
este período econômico, o crescimento do desemprego e o fechamento de alguns 
postos tradicionais de trabalho foram assustadores, pois não se apontava opção 
alguma de desenvolvimento social, através de um curto prazo, que permitisse 
mais emprego e trabalho para a população economicamente ativa e produtiva.
Além de um desequilíbrio da economia, outras demandas sociais começaram 
a ter evidência no país, como na área da saúde, através da propagação de 
epidemias que estavam controladas, como a dengue, tuberculose e outras, que 
além de exigirem medidas de prevenção também há exigências de tratamentos 
concretos, como no caso da AIDS. 
Na política de saúde as ações estavam em desequilíbrio no que abrangia 
o fi nanciamento para as atividades designadas como prioritárias, como ensino 
básico e fundamental. Isso aconteceu, pois, antes da Constituição de 88, era 
nítida a omissão do Governo Federal em todas as esferas do ensino, desde 
educação para jovens e adultos até cursos profi ssionalizantes, além de um 
amplo sucateamento das universidades públicas e pouco investimento nos outros 
setores da educação, através de programas que garantissem o acesso a um 
ensino de nível superior.
38
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
Na área da Assistência Social, as ações de fi nanciamento do Governo Federal 
não representavam nem 1% do orçamento geral da Seguridade Social, que tinha 
como compromisso o fundo público com o mínimo de 5%, conforme deliberações 
das duas Conferências Nacionais, que foram realizadas pelo movimento social, 
edifi cado pelos profi ssionais do Serviço Social para defender a Lei Orgânica de 
Assistência Social (LOAS).
O início da implementação da LOAS foi marcado por vários equívocos, 
através dos cortes nos orçamentos sociais, ao processo de municipalização da 
lei, refl etindo inteiramente na redução dos programas, serviços e de benefícios 
que estavam destinados à população em condição de vulnerabilidade social. 
Lessan et al. (1997, p. 69) afi rmam que:
[...] no caso da assistência social, os programas foram 
vítimas das sucessivas mudanças na institucionalidade 
do setor, num processo de desmonte da estrutura 
federal sem precedentes, a partir do governo Collor, 
sendo descentralizados, sem gradualidade ou respeito 
às defi nições e mecanismos de controle constantes da 
Lei Orgânica da Assistência Social. Ao cair no vazio de 
recursos e literalmente desaparecer, o sistema vigente 
arrastou consigo a maior parte dos programas de 
alimentação e nutrição, e os programas assistenciais de 
creches, assistência aos defi cientes e documentação 
gratuita, dentre outros.
Diante disso, o cenário político, econômico e social era negativo, pois 
o empenho de esclarecimentos dessas informações não é o mesmo que se 
busca destacar com as conquistas do governo, pois defende e protege o projeto 
governamental na implantação de suas ações estratégicas voltadas ao seu 
interesse. 
Com isso, é importante resgatar as fundamentais linhas de ações que foram 
implementadas pelos dois governos de Fernando Henrique Cardoso (FHC), em 
que a coerência política era seguida pelo projeto neoliberal hegemônico no país, 
além do protótipo duplo ao ajuste fi scal e controle da infl ação.
Singer (1999, p. 30) apresenta que:
39
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
Apesar de todas as provas em contrário, a tese de que a infl ação 
sempre é causada por excessos de gasto público é sustentada 
por evidentes motivos ideológicos. Como os liberais acreditam 
que os mercados deixados livres, sempre se equilibram eles 
não podem admitir que a incessante elevação do índice de 
preços possa ser provocada por disputas entre setores da 
própria sociedade civil. De modo que evitar para eles sustentar 
que qualquer infl ação se origina no setor público e só pode ser 
debelada mediante um ajuste fi scal acompanhado por políticas 
monetárias restritivas.
Boa parte das ações estratégicas do Governo Federal estava em garantir 
a inserção da economia do Brasil no ritmo e no espaço necessitado ao ciclo da 
internacionalização dos mercados de capitais, como no modelo de produção e 
comercialização mundial dos bens de consumo. 
Sendo assim o Brasil passou a ter uma inserção à globalização e ou 
modernização da economia, gerando uma suspensão maior nas barreiras 
alfandegárias para os produtos importados, como tambéma condução dos 
capitais estrangeiros pela alienação do patrimônio público, ou seja, a privatização 
de empresas estatais, o domínio superfi cial da infl ação, na base da manutenção 
dos juros altos e do arrocho salarial. 
A conjuntura econômica, social e política colocou as classes trabalhadoras 
em desgastes, desmobilização política e perda dos direitos sociais. 
Para Fiori (1997, p. 52):
O que os conservadores chamam de ‘custo social’ 
da reestruturação ou ajuste das economias nacionais 
às condições de competitividade global, não seriam 
apenas efeitos transitórios, seriam permanentes e 
crescentes e resultariam da armadilha circular imposta 
pelas políticas defl acionistas quando propõem, 
simultaneamente, a estabilidade e a paridade das 
moedas, a manutenção do equilíbrio fi scal e o aumento 
da competitividade. E não parece difícil perceber que, 
na medida em que aqueles dois primeiros objetivos 
levam a um crescimento econômico medíocre, a 
responsabilidade pelos equilíbrios macroeconômicos 
se transfere, de maneira crônica e impotente, para o 
campo do corte dos gastos fi scais que já estão a esta 
altura no seu limite pressionados pelos altos juros que 
a dívida pública enfrentou nestes últimos quinze anos.
40
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
A abertura da economia e a entrada e saída estimulada do capital especulativo 
fragilizou todo o processo produtivo agrícola e industrial, sendo os dois setores 
não produtivos, pois não tinham como objetivo gerar empregos. 
Netto (1999, p. 79) expõe o seguinte:
A inviabilização da alternativa constitucional de construção de 
um Estado com amplas responsabilidades sociais, garantidor 
de direitos sociais universalizados, foi conduzida por FHC 
simultaneamente à implementação do projeto político do 
grande capital. [...] tratava-se de implementar uma orientação 
política macroscópica que, sem ferir grosseiramente os 
aspectos formais da democracia representativa, assegurasse 
ao Executivo federal a margem de ação necessária para 
promover uma integração mais vigorosa ao sistema econômico 
conforme as exigências do grande capital e, portanto, 
sumamente subalterna. 
Algumas empresas brasileiras, principalmente, as menos competitivas no 
mercado fi nanceiro, tiveram difi culdade em manter a produção dos produtos, 
mediante o encarecimento externo do valor fi nanceiro dos empréstimos para 
dar continuidade ao empreendimento. Muitas delas decretaram falência e outras 
foram vendidas para grandes investidores multinacionais.
Os estados e municípios foram afetados pela diminuição das arrecadações 
tributárias e também pelos fi nanciamentos dos seus programas.
A situação imposta aos trabalhadores destruídos pelo achatamento salarial, 
pelo desemprego, pela completa e total precarização das condições de trabalho e 
também de vida, acabou gerando uma instabilidade dos sujeitos e um alastramento 
da violência social, urbana e doméstica. De acordo com Fiori (1997, p. 51), os 
trabalhadores e familiares: [...] “já abriram mão de muitos de seus direitos e o 
desemprego segue aumentando”. 
O acesso da população brasileira aos direitos sociais garantidos na CF/88 
e condições dignas de vida, no fi nal do século passado, foram registrados em 
uma conjuntura de crise estrutural do sistema econômico, em determinação 
das medidas sobre o ajuste fi scal e de reorganização produtiva e fi nanceira 
que se desenvolveram através de medidas neoconservadoras das instituições 
internacionais e por representação do Governo Federal.
O que acontecia era um contraponto nos termos incontestáveis da agenda 
social para o Brasil, pois o processo de globalização, da maneira que se instalou 
no país, gerou consequências que refl etiram no aumento da exclusão social, 
muito mais que na reversão da recessão da economia. 
41
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
Contrariamente, a análise mais crítica de todo esse processo recomenda 
uma articulação diante dos efeitos e das causas da crise econômica.
Onde o sistema capitalista prevalece só se pode diminuir as taxas de 
empregos e de crescimento econômico, determinando um grande exército 
de pessoas, submetidas a viver na miséria ou abaixo a linha de pobreza. São 
trabalhadores forçados a viver, sobreviver.
Os autores Lessa et al. (1997, p. 68) apresentam que: 
O desmonte do projeto da seguridade social data do início 
dos anos 90, quando o repasse de recursos de contribuições 
sociais arrecadadas pela União em nome da seguridade 
começou a ser de gestão orçamentária em termos de alta 
infl ação, que consistia em cortar gastos, em termos reais, pela 
corrosão de seu valor provocado por atrasos deliberados de 
repasses. Como pobre não tem lobby, os ministérios sociais, 
ditos do ‘gasto’, e suas clientelas têm sido as maiores vítimas 
desse procedimento.
Estes setores sociais não obtiveram proposta alguma do Governo Federal, 
como também as ações e projetos concretos fi caram à mercê do compromisso 
e comprometimento ético, pautados no combate à exclusão social da população 
brasileira. 
Sendo assim, uma subjuntiva maioria da população perdeu os direitos 
sociais, com exceção dos grupos que estão no poder governamental, estimulados 
pelos grandiosos lucros, obtidos através da sonegação fi scal, como já mencionado 
anteriormente.
O Congresso Nacional foi um ator importante neste período, pois através do 
seu apoio maioritário para o governo e para as elites dirigentes conseguiu manter 
a hegemonia diante dos projetos propostos.
Analisando as propostas da eleição presidencial de 1989, na qual Fernando 
Collor de Melo foi eleito pela promessa de “caçar marajás”, percebe-se que 
esta não foi realizada. Já Fernando Henrique Cardoso, quando eleito no ano de 
1994, foi mais sofi sticado e talentoso nos seus programas de governo, através 
da promessa da Reforma do Estado Brasileiro, ou seja, a desmantelar o Estado 
varguista. Mas não foi uma proposta fácil de ser implementada, uma vez que o 
Estado não deixou de ser o instrumento difusor das regulações sociais, mesmo 
com a conjuntura de um mercado livre, expressada pelo neoliberalismo, ou seja, o 
Estado mínimo para os trabalhadores e máximo para capital.
42
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
É visível um movimento de ampliação da centralização do poder político e 
econômico, mediante à revelia da democratização das instituições e da sociedade, 
que são determinadas como as lutas de classes do fi nal século passado.
Para Coutinho (1989, p. 138)
[...] o atual governo adotou um caminho cada vez mais claro. 
Longe de propor medidas que desmontassem os traços mais 
perversos do ‘Estado varguista’ limitou-se em reiterar a ação 
econômica estatal voltada para a defesa dos interesses da 
acumulação capitalista privada e em tentar remover (sempre 
em função dos interesses dessa acumulação) signifi cativos 
direitos sociais, garantidos sobretudo – para além dos marcos 
do ‘Estado varguista’ – pelas lutas populares cristalizadas na 
Constituição de 1988. 
Com as disputas eleitorais que estavam em jogo durante o período pós 
CF/88, a sociedade civil foi alvo de um ciclo de reformas estruturais inacabadas 
e que concluem a chamada programática neossocialista, ou seja, a ascensão 
do poder antipopular com as alianças partidárias do Partido da Frente Liberal 
(PFL) e do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), com a eleição do 
Presidente FHC, no ano de 1994 e no ano de 1988, a mesma aliança foi reeleita, 
e agregou outros partidos, como o Partido Progressista Brasileiro (PPB), Partido 
Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido Liberal (PL), dentre outros. Entre as reformas 
estava a aceitação da anulação e quebras dos monopólios públicos, que estavam 
legalmente amparados constitucionalmente como os monopólios do Petróleo, os 
monopólios das Telecomunicações e os monopólios dos Portos, e logo após as 
privatizações das empresas estatais como a Companhia SiderúrgicasNacional 
(CSN), Usiminas, a Vale do Rio Doce, a Rede Ferroviária Federal, além de 
algumas empresas estaduais do setor elétrico e de abastecimento de água, e em 
último lugar o sistema Telebrás/Embratel.
Os partidos de oposição e os movimentos sociais e políticos tentaram 
combater e resistir a essa nova perspectiva, principalmente na conservação de 
alguns direitos sociais, principalmente da Previdência Social Pública, mas sem 
muito sucesso. Das poucas conquistas, não foram efetivadas como Emenda à 
Constituição e sim como Medidas Provisórias e Decretos Normativos, Portarias 
e ou Ordens de Serviços que reduziram os benefícios que eram antes oferecidos 
pela Previdência Social e Assistência Social, conforme a Constituição Federal de 
1988, com a Lei Infraconstitucional Regulamentadora, nº 8213 de 1992 e com a 
Lei Orgânica da Assistência (LOAS), nº 8742 de 1993.
Para Viana (1989, p. 111), essa análise é fundamentada da seguinte maneira:
43
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
[...] a destruição da seguridade social – destruição ‘subjetiva’ 
porque a discussão girou em torno da previdência, jogando ao 
limbo a seguridade e ‘objetiva’ porque sedimentou-se a fórmula 
da vinculação de receitas específi cas (e separadas) para a 
previdência, saúde e assistência social – propiciou ao governo 
(a todos, desde 1990) uma situação confortável para lidar com 
suas verdadeiras urgências. A saber: apresentar às agências 
multilaterais de crédito (em especial ao FMI) uma prova de 
bom comportamento; oferecer à indústria de previdência (e 
aos planos privados de saúde) mais incentivos; e desmantelar 
boa parte do aparato administrativo público, atribuindo aos 
funcionários a culpa pelos males do Estado. 
Houve neste período uma questão duvidosa no que se referia ao 
fi nanciamento da Seguridade Social, que não teve sua implementação conforme 
as exigências constitucionais, cujos recursos oriundos das contribuições sociais 
careceriam serem destinados para a Saúde, Assistência Social e Previdência 
Social. Esses recursos teriam sidos utilizados para o pagamento da dívida externa.
Neste contexto, da LOAS, o Estado estava implementando as reformas 
administrativas, em que estavam sendo formuladas sem debate ou participação 
democrática da sociedade organizada, através de uma série de medidas que 
acabavam com a responsabilização do governo federal e estaduais na prestação 
de serviços do sistema de proteção social.
Muitas políticas consideradas importantes foram passada para 
responsabilidade sem respaldo técnico e político e sem a carecida suplementação 
fi nanceira necessária. Pode-se citar como exemplos as políticas de Saúde, 
Educação e Assistência Social, de Geração de Emprego Renda, além de outras.
A descentralização das políticas socais estava em risco mediante a dinâmica 
que foi imposta pelo Governo Federal. Os ciclos administrativos das reformas 
neste período permaneceram, em que a reforma político-partidária estava 
reduzida a emenda de reeleição do Governo Federal, que, consequentemente, 
paralisou as ações governamentais e o Congresso Nacional.
A reforma tributária, fundamentada em diversos projetos e concepções, foi 
extraída estrategicamente do cenário político e da mídia em virtude da discrição 
necessária para a negociação pouco transparente nos acordos e consensos 
que estavam sendo implementados. De todas as reformas, os elementos 
políticos utilizados nelas são os mais controversos que poderiam afetar de forma 
geral todos os contribuintes, até os setores vinculados ao capital e que davam 
sustentabilidade política ao poder.
Com essa ideologia de privatização, praticamente o Brasil não precisava 
de uma reforma fi scal, pois praticamente tudo fi caria sobre responsabilidade 
da iniciativa privada, tanto os direitos chamados de ‘mercadorizáveis’, como os 
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 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
serviços na área da Saúde e da Previdência e da Assistência Social, fi cando sobre 
a responsabilidade da sociedade organizada voluntária e solidária. 
Neste sentido, os privilégios da classe dominante continuarão mantidos 
e os supostos impactos contrários foram distanciados, pois o Brasil teve 
uma das maiores arrecadações fi scais de sua história. Isso ocasionou uma 
importante discussão para o governo federal, em que foi defi nido o percentual 
máximo de despesas com a categoria do funcionalismo perante as três esferas 
governamentais, orientados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Diante da clareza que se anseia no detalhamento desses processos 
sociopolíticos e das dinâmicas que ocorrem na sociedade, alude, em explorar 
uma análise diante dos caminhos necessários e das melhores estratégias usadas 
para a execução do projeto político que envolvem os trabalhadores sociais, dentro 
da probabilidade e perspectiva da efetivação de uma sociedade igualitária, justa e 
democrática.
Com esse direcionamento, o Brasil apresentou as suas potencialidades, 
porém, desenvolvê-las e implementá-las é uma missão difícil, pois o país estava 
aprendendo a viver em um sistema democrático. 
No campo político-legal, houve a concentração vitoriosa, que se constitui 
em referências imprescindíveis para a promoção da tão sonhada e almejada 
sociedade igualitária. 
Caro acadêmico, a leitura do livro O neoliberalismo – história 
e implicações é de fundamental importância para os seus 
conhecimentos. 
FIGURA – CAPA DO LIVRO O NEOLIBERALISMO – HISTÓRIA E IMPLICAÇÕES
FONTE: <https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/
I/81COWA0NhrL.jpg>. Acesso em: 12 jan. 2021.
45
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
Os futuros historiadores poderão considerar os anos 1978-1980 
um ponto de ruptura revolucionário na história social e econômica do 
mundo: Deng Xiaoping deu os primeiros passos que iriam transformar 
a China de um remoto país fechado num centro aberto de dinamismo 
capitalista.
HARVEY, David. O neoliberalismo – história e implicações. São 
Paulo: Loyola, 2008.
1 Pesquise e descreva quais as diferenças do plano de governo de 
Fernando Collor de Melo e do governo de Fernando Henrique 
Cardoso.
DEMOCRACIA E SOCIEDADE AUTORITÁRIA
Marilena Chaui
Visto que o pensamento e a prática liberais identifi cam liberdade 
e competição, essa defi nição da democracia signifi ca, em primeiro 
lugar, que a liberdade se reduz à competição econômica da chamada 
― livre iniciativa e à competição política entre partidos que disputam 
eleições; em segundo, que a noção de regime da lei e pela vontade 
da ordem indica que há uma redução da lei à potência judiciária para 
limitar o poder político, defendendo a sociedade contra a tirania, 
pois a lei garante os governos escolhidos da maioria; em terceiro, 
signifi ca que há uma identifi cação entre a ordem e a potência dos 
poderes executivo e judiciário para conter os confl itos sociais, 
impedindo, por meio da repressão e da censura, sua explicitação 
e desenvolvimento; e, em quarto lugar, que, embora a democracia 
apareça justifi cada como ―valor ou como ― bem, é encarada, de 
fato, pelo critério da efi cácia, medida, no plano legislativo, pela ação 
dos representantes, entendidos como políticos profi ssionais, e, no 
plano do poder executivo, pela atividade de uma elite de técnicos 
competentes aos quais cabe a direção do Estado, ou a afi rmação de 
que a democracia é o governo de muitos por poucos. 
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 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
A democracia é, assim, reduzida a um regime político efi caz, 
baseado na ideia de cidadania organizada em partidos políticos, e 
se manifesta no processo eleitoral de escolha dos representantes, 
na rotatividade dos governantes e nas soluções técnicas para os 
problemas econômicos e sociais. 
Ora, há, na prática democrática e nas ideias democráticas, uma 
profundidade e uma verdade muito maiores do que o liberalismopercebe e deixa perceber. 
Que signifi cam as eleições? Muito mais do que a mera 
rotatividade de governos ou a alternância no poder, elas simbolizam 
o essencial da democracia, ou seja, que o poder não se identifi ca 
com os ocupantes do governo, não lhes pertence, mas é sempre 
um lugar vazio que, periodicamente, os cidadãos preenchem com 
representantes, podendo revogar seus mandatos se não cumprirem 
o que lhes foi delegado para representar. Em outras palavras, a 
soberania é popular, como a própria palavra signifi ca, pois, em grego, 
demos é o povo politicamente organizado e kratós, o poder; portanto, 
poder do povo. 
Por isso mesmo é também característica da democracia que 
somente nela se torne claro o princípio republicano da separação 
entre o público e o privado. De fato, com a ideia e a prática de 
soberania popular, nela se distinguem o poder e o governo – o 
primeiro pertence aos cidadãos, que o exercem instituindo as leis e 
as instituições políticas ou o Estado; o segundo é uma delegação de 
poder, por meio de eleições, para que alguns (legislativo, executivo, 
judiciário) assumam a direção da coisa pública.
Isso signifi ca, como indica a expressão latina RES pública, que 
nenhum governante pode identifi car-se com o poder e apropriar-se 
privadamente dele.
Que signifi cam as ideias de situação e oposição, maioria e 
minoria, cujas vontades devem ser respeitadas e garantidas pela lei? 
Elas vão muito além dessa aparência. Signifi cam que a sociedade 
não é uma comunidade una e indivisa voltada para o bem comum 
obtido por consenso, mas, ao contrário, que está internamente 
dividida, que as divisões são legítimas e devem ser expressas 
publicamente.
Da mesma maneira, as ideias de igualdade e liberdade como 
direitos civis dos cidadãos vão muito além de sua regulamentação 
jurídica formal. Signifi cam que os cidadãos são sujeitos de direitos e 
que, onde tais direitos não existam nem estejam garantidos, tem-se o 
direito de lutar por eles e exigi-los. 
 É esse o cerne da democracia: a criação de direitos. E por isso 
mesmo, como criação de direitos, está necessariamente aberta aos 
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A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
confl itos e às disputas. Em outras palavras, a democracia é a única 
forma política na qual o confl ito é considerado legítimo.
O que é um direito? Um direito difere de uma necessidade ou 
carência e de um interesse.
De fato, uma necessidade ou carência é algo particular e 
específi co. Alguém pode ter necessidade de água, outro, de comida. 
Um grupo social pode ter carência de transportes, outro, de hospitais. 
Há tantas necessidades quanto indivíduos, tantas carências quanto 
grupos sociais. 
Um interesse também é algo particular e específi co, dependendo 
do grupo ou da classe social. Necessidades ou carências, assim 
como interesses tendem a ser confl itantes porque exprimem as 
especifi cidades de diferentes grupos e classes sociais. 
Um direito, porém, ao contrário de necessidades, carências e 
interesses, não é particular e específi co, mas geral e universal, seja 
porque é válido para todos os indivíduos, grupos e classes sociais, 
seja porque é universalmente reconhecido como válido para um grupo 
social (como é caso das chamadas ―minorias). Ora, isso signifi ca 
que sob carências, necessidades e interesses, encontra-se algo 
que as explica e determina, isto é, o direito. Assim, por exemplo, a 
carência de água e de comida manifesta algo mais profundo: o direito 
à vida. A carência de moradia ou de transporte também manifesta 
algo mais profundo: o direito a condições de vida dignas. Da mesma 
maneira, o interesse, por exemplo, dos estudantes exprime algo mais 
profundo: o direito à educação e à informação. Em outras palavras, 
se tomarmos as diferentes carências e os diferentes interesses, 
veremos que sob eles estão pressupostos direitos pelos quais se luta 
justamente porque opera com o confl ito e com a criação de direitos, 
a democracia não se confi na a um setor específi co da sociedade no 
qual a política se realizaria – o Estado, mas determina a forma das 
relações sociais e de todas as instituições, ou seja, é o único regime 
político que é também a forma social da existência coletiva. 
Ela institui a sociedade democrática. Dizemos, então, que uma 
sociedade — e não um simples regime de governo — é democrática 
quando, além de eleições, partidos políticos, divisão dos três poderes 
da república, distinção entre o público e o privado, respeito à vontade 
da maioria e das minorias, institui algo mais profundo, que é condição 
do próprio regime político, ou seja, quando institui direitos e que 
essa instituição é uma criação social, de tal maneira que a atividade 
democrática social realiza-se como um poder social que determina, 
dirige, controla e modifi ca a ação estatal e o poder dos governantes.
48
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
Essa dimensão criadora torna-se visível quando consideramos 
os três grandes direitos que defi niram a democracia desde sua 
origem, isto é, a igualdade, a liberdade e a participação nas decisões. 
A igualdade declara que, perante as leis e os costumes da 
sociedade política, todos os cidadãos possuem os mesmos direitos e 
devem ser tratados da mesma maneira. Ora, a evidência história nos 
ensina que a mera declaração do direito à igualdade não faz existir 
os iguais. Seu sentido e importância encontram-se no fato de que ela 
abre o campo para a criação da igualdade por meio das exigências, 
reivindicações e demandas dos sujeitos sociais. Por sua vez, a 
liberdade declara que todo cidadão tem o direito de expor em público 
seus interesses e suas opiniões, vê-los debatidos pelos demais 
e aprovados ou rejeitados pela maioria, devendo acatar a decisão 
tomada publicamente. Ora, aqui também, a simples declaração do 
direito à liberdade não a institui concretamente, mas abre o campo 
histórico para a criação desse direito pela prática política. 
Tanto é assim que a modernidade agiu de maneira a ampliar a 
ideia de liberdade: além de signifi car liberdade de pensamento e de 
expressão, também passou a signifi car o direito à independência para 
escolher o ofício, o local de moradia, o tipo de educação, o cônjuge 
etc. As lutas políticas fi zeram parte da história das conquistas dos 
trabalhadores. 
FONTE: <http://www.revistas.ufg.br/index.php/ci/article/
viewFile/24574/14151>. Acesso em: 30 jun. 2015.
3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A Seguridade Social, como um novo conceito de direito à proteção 
social, foi constituída a partir da Constituição Federal, sendo composta pela 
Saúde, pela Previdência e pela Assistência Social. Juntamente com esse novo 
reconhecimento, veio junto à proteção especial para crianças e adolescentes, 
pessoas com necessidade especiais, pessoas idosas, índios, mulheres, 
populações carcerárias, que promulgaram um conjunto de políticas fundamentais 
e essências para reverter o quadro crítico social do Brasil.
Com a promulgação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), foram 
situados novos e importantes níveis do direito social, através de agendas intensas 
e permanentes, com a estruturação dos serviços a serem proporcionados 
e oferecidos para a população. Esses serviços passariam a ser efetuados 
prioritariamente pelo poder público, através de benefícios de uma renda mínima 
49
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
DE CONTRUÇÃODE CONTRUÇÃO
 Capítulo 1 
para o idoso, pessoas com necessidade especiais, crianças e famílias, ampliados 
por meio de programas e serviços de enfrentamento da pobreza.
Nas legislações vigentes, até o período de desenvolvimento e implementação 
do neoliberalismo, como o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Política 
Nacional do Idoso, o Programa Nacional para Pessoa Portadora de Defi ciência, 
entre outras de extrema importância, que estavam em sintonia com a LOAS, 
formavam um vasto quadrode direitos sociais e de serviços que referenciavam 
as diversas atividades e ações desenvolvidas pelos órgãos responsáveis da área 
da Assistência Social. Essas ações foram se fortalecendo através do debate ético 
político da profi ssão, por meio das parcerias dos municípios, organizações não 
governamentais e governos estaduais, conforme as diretrizes de descentralização 
político-administrativa da LOAS.
A avaliação das problemáticas que fazem parte da composição das 
demandas inseridas na área da Assistência Social apresentou no período um 
grande índice de complexidade, proveniente não só da população que submetida 
encontrava-se em condições de miséria e vulnerabilidade social, mas também 
pelo grande número de condições concretas, características de cada segmento 
social da população excluída do sistema capitalista.
Diante da heterogeneidade das situações sociais, estabeleceu-se a exigência 
das abordagens teóricas, de técnicas através de instrumentos de trabalho do 
profi ssional, assistente social, da prestação de serviços especializados, que 
precisariam suprir as carências materiais imediatas, que fossem voltadas para a 
garantia de sobrevivência física, como também para suprir as necessidades do 
contexto familiar e comunitária no que se refere ao convívio e ao fortalecimento de 
vínculos comunitário e familiares.
Esses programas e serviços deveriam buscar o comando na superação 
determinante das trajetórias históricas de exclusão social, violência e 
subalternidade social, por meio da elaboração e implementação de atividades 
sócio culturais, fazendo com que os usuários tenham a vivência concreta e real 
da cidadania ativa, sendo gestores de suas próprias vidas e cidadãos infl uentes e 
atuantes como trabalhadores emancipados, com seus direitos sociais. 
Na LOAS, as ações designadas como programas e projetos de enfrentamento 
da pobreza, ao serem formuladas dentro dos métodos e de conteúdos teóricos e 
práticos, eram então reorientadas para efetivar estratégias contrárias à alienação 
e favoráveis à emancipação da população com mais vulnerabilidade social. 
Isso dava-se por meio de alguns instrumentos políticos e técnicos que fossem 
produtores de novos espaços de reconhecimento do indivíduo como cidadão de 
direitos, resgatando a autoestima e maior convivência comunitária e coletiva.
50
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
REFERÊNCIAS
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51
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS, UM PROCESSO
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 Capítulo 1 
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2015.
52
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
CAPÍTULO 2
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA
SOCIAL NO BRASIL
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Compreender quais são os conceitos e as bases teóricas do SUAS. 
• Entender quais são os níveis de gestão do SUAS. 
• Conhecer o reordenamento dos serviços, programas, projetos benefícios 
socioassistenciais, instrumentos de Gestão do SUAS.
• Avaliar quais são os desafi os de implementação do SUAS.
54
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
55
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O Serviço Social historicamente sempre acabou sendo repentino das 
ações da assistência social, como uma relação de dependência. Através dessa 
perspectiva e vinculação, pode-se cominar em algumas características que 
apresentaram vários equívocos para a atividade profi ssional e conjuntamente com 
as bases metodológicas tradicionais, positivistas, que orientaram formação e o 
exercício profi ssional, até o fi nal de década de 70, e que estimularam uma visão 
equivocada do perfi l profi ssional.
As mudanças que ocorreram através de estudos e do desempenho de vários 
profi ssionais para apresentar elementos do Serviço Social tradicional, sendo 
essas ações concretizadas sistematicamente, aumentaram a probabilidade de 
conhecer a dinâmica do agir profi ssional no contexto social e técnico da divisão 
do trabalho.
 No Brasil, a assistência social tem sua trajetória atrelada às práticas 
benefi centes e fi lantrópicas, fundamentadas em um ideário positivista, resultando 
em uma visão de naturalidade das desigualdades sociais.
Por meio da Constituição Federal de 1988, emergiu um processo de 
revitalização e democratização da sociedade brasileira, no qual foi regulamentado 
o direito à assistência social, constituindo a Lei Orgânica de Assistência Social – 
LOAS/1993.
O Estado neoliberal e o agravamento das questões sociais distinguiram um 
recuo da assistência social. Objetivando romper esse quadro, foi criado o Sistema 
Único de Assistência Social, que constitui uma nova direção prática para a Política 
de Assistência Social.
Neste segundo capítulo, serão abordadas as questões que dizem respeito 
às perspectivas da política de assistência social, desde a sua implementação e 
efetivação do Sistema Único de Assistência Social.
56
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
2 OS CONCEITOS E BASES 
TEÓRICAS QUE FUNDAMENTAM 
O SUAS E SEUS EIXOS 
ESTRUTURANTES
A metodologia de implementação da Política Nacional de Assistência 
Social (PNAS) teve em seu desenvolvimento um importanteinstrumento na sua 
consolidação, que foi o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), organizado 
com a fi nalidade de materializar o processo de andamento da PNAS como uma 
Política Pública de direito para todos os cidadãos que dela necessitarem.
Com a IV Conferência Nacional de Assistência Social, no ano de 2003, a 
efetivação dos direitos socioassistencias se fortalecem através de uma nova 
agenda política, por meio do SUAS, que se concretiza como sendo modelo 
de gestão para todo o Brasil, por meio de todas as esferas governamentais, 
consolidando um princípio de descentralização conforme LOAS.
O projeto Lei nº 3.077/08 foi considerado o marco legal para legalizar o 
SUAS, tornando uma lei nacional. Durante a tramitação no Congresso Nacional 
para a aprovação desse projeto de lei, houve manifestação de apoio do Conselho 
Nacional de Assistência Social (CNAS) do Conselho Federal de Assistência 
Social (CFESS), Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS), da Executiva 
Nacional de Estudantes de Serviço Social (ENESSO) e outras organizações 
estudantis e de classe.
No dia 6 de julho de 2011, a Lei nº 12.435 foi sancionada pela Presidente do 
Brasil, Dilma Rousseff, e altera a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que 
dispõe sobre a organização da Assistência Social. Ela tem os seguintes objetivos:
Art. 2º A assistência social tem por objetivos:
I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de 
danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente:
a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência 
e à velhice;
b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes;
c) a promoção da integração ao mercado de trabalho;
d) a habilitação e reabilitação das pessoas com defi ciência e a 
promoção de sua integração à vida comunitária; e
e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à 
pessoa com defi ciência e ao idoso que comprovem não possuir 
meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por 
sua família;
57
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar 
territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a 
ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações 
e danos;
III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos 
direitos no conjunto das provisões socioassistenciais.
Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a 
assistência social realiza-se de forma integrada às políticas 
setoriais, garantindo mínimos sociais e provimento de 
condições para atender contingências sociais e promovendo 
a universalização dos direitos sociais (NR) (BRASIL, 2011b, 
s.p.).
Sendo assim, o SUAS se estabelece como um mecanismo para a 
concretização da LOAS, enfatizando a descentralização da gestão nas três 
esferas governamentais com a participação da Sociedade Civil e Estado.
Através desse novo sistema é priorizada a responsabilidade do Estado na 
garantia aos direitos de todos os usuários da Política de Assistência Social, sendo 
esta a única que tem condições de suprir as necessidades básicas do cidadão.
Os eixos estruturantes que serão apresentados neste tópico são as bases 
organizativas, NOB/SUAS/2005, para a gestão do SUAS, defi nindo, organizando 
e fortalecendo a efetivação da Política de Assistência Social em todo território 
nacional.
Os eixos principais que norteiam a implementação desse novo sistema são:
a) Precedência da gestão pública da política de assistência social.
b) Alcance dos direitos socioassistenciais por todos os cidadãos que 
precisarem.
c) Matricialidade familiar.
d) Territorialização.
e) Descentralização político-administrativa e reordenamento institucional 
da gestão.
f) Financiamento partilhado com todos e entre os entes federados.
g) Fortalecimento da relação de democracia entre Estado e sociedade civil.
h) Articulação com toda a rede de atendimento socioassistencial.
i) Valorização do Controle Social.
j) Participação da comunidade/usuário.
k) Qualifi cação dos recursos humanos que atuam na política.
l) Implementação do sistema de informação, monitoramentos, avaliação e 
sistematização de resultados.
58
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
Esses eixos contribuem para a personifi cação, unifi cação e 
qualidade dos serviços ofertados, como também para a avaliação 
dos indicadores através de consulta aos indicadores sociais, além da 
defi nição terminológica das ações socioassistenciais.
O SUAS, através de sua implementação, passou a ser considerado 
como uma revolução na assistência social do Brasil.
Esse sistema é fruto de aproximadamente duas décadas de 
discussão, colocando em prática os princípios da Constituição Federal – 88, 
que integra a Assistência Social, juntamente com Saúde e Seguridade Social à 
Previdência Social.
A Assistência Social, que antes estava fundamentada na prática clientelista, 
assistencialista e tutelada, passa a ter seus benefícios como direitos de cidadania.
Outro eixo do SUAS é a matricialidade sociofamiliar, sendo este a centralidade 
das ações do sistema.
A Assistência Social, 
que antes estava 
fundamentada na 
prática clientelista, 
assistencialista e 
tutelada, passa a 
ter seus benefícios 
como direitos de 
cidadania.
Para Pereira (2009, p. 26), desde os inícios das décadas de 70, 
“[...] a família vem sendo redescoberta como um importante agente 
privado de proteção social”.
Essa é a justifi cativa que faz com que a família seja, hoje, o foco de atenções 
em todas as políticas públicas. Isso decorre da falta de uma política exclusiva no 
Brasil, como também é inexistente em outros países. A família passou a ser um 
objetivo de discussão no meio acadêmico e científi co, perante a relação que se 
constitui entre família e Estado, visto que este é o encarregado e o responsável 
para suprir as demandas sociais das famílias por meio da promoção de políticas 
sociais.
Na década de 90, o neoliberalismo exaltou as diferenças e desigualdades 
sociais e, ao mesmo tempo, existia uma discussão de um Estado como um 
instrumento mais forte, que se fazia presente e interveniente, mas o neoliberalismo 
tinha como um objetivo o Estado estar longe das demandas sociais, passando a 
responsabilidade para a sociedade civil.
59
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
Potyara Pereira (2009, p. 36) defi ne que as instituições 
de assistência social constituem uma organização que precisa 
prover o bem-estar dos usuários por ser: “[...] considerada a célula 
mantenedora da sociedade ou a base sobre a qual outras atividades 
de bem-estar se apoiam, a família ganhou relevância atual justamente 
pelo caráter informal, livre de constrangimentos burocráticos e de 
controles externos”.
O Estado não consegue suprir todas as demandas sociais e acaba passando 
a responsabilidade de proteção para a família, desviando assim o foco do 
responsável pelas disparidades sociais. 
No artigo 226 da Constituição familiar, está expresso que é de 
responsabilidade do Estado a proteção à família, reconhecendo-a como alicerce 
da sociedade, como sujeito de direitos, como outras legislações.
A concepção do conceito que a família é a referência é importante para os 
gestores, para os trabalhadores do SUAS, assim como para os conselheiros da 
assistência social, para que a organização dos serviços seja planejada conforme 
as demandas das famílias. 
O profi ssional que atua em determinado território deve organizar um trabalho 
comunitário, visando o fortalecimento das organizações sociais que já existem, 
através da inclusão dos usuários, buscando assim o fortalecimento e a autonomia, 
com refl exões críticas que consequentemente buscam novos horizontes, que 
esses usuários consigam perceber que fazem parte de uma conjuntura muito 
maior a que pensam que estão incluídos. Ou seja, fazem parte de um sistema 
capitalista, que excluí as pessoas, que a vulnerabilidade social que vivem não 
acontece por falta de capacidade oude capacitação, mas pelo processo de 
exclusão próprio desse sistema.
60
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
A unidade de avaliação de referência para os técnicos se 
denomina família referenciada. Conforme a NOB/SUAS (2005, 
p. 15) “Considera-se “família referenciada” aquela que vive em 
áreas caracterizadas como de vulnerabilidade, defi nidas a partir 
de indicadores estabelecidos por órgão federal, pactuados e 
deliberados”.
Diante disso, consegue-se perceber que nem toda família se torna uma 
instituição que tem condição de fornecer todas as necessidades básicas para os 
seus membros, apesar de que ainda existe, por parte do Estado e também do 
mercado, afi rmação de que isso é possível.
Pereira (2009, p. 36-37) defende que a família é como um:
Forte, porque ela é de fato um lócus privilegiado de 
solidariedades, no qual os indivíduos podem encontrar 
refúgio contra o desamparo e a insegurança da 
existência. Forte, ainda, porque é nela que se dá, de 
regra, a reprodução humana, a socialização das crianças 
e a transmissão de ensinamentos que perduram pela 
vida inteira das pessoas. Mas ela também é frágil, 
‘pelo fato de não estar livre de despotismos, violências, 
confi namentos, desencontros e rupturas’ [...]
Se analisarmos a história da constituição de um núcleo familiar, é visível 
que aconteceram modifi cações na família através de um conjunto de arranjos e 
que não são apenas considerados nucleares. Para o poder público, um desafi o é 
elaborar políticas públicas, considerando os novos padrões de família que surgem 
na contemporaneidade.
61
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
A autora Sarti (2008, p. 29) afi rma que: 
[...] as difi culdades enfrentadas para a realização dos 
papéis familiares no núcleo conjugal, diante de uniões 
instáveis e empregos incertos, desencadeiam arranjos 
que envolvem a rede de parentesco como um todo, a 
fi m de viabilizar a existência da família.
Cyntia Sarti, citada anteriormente, refere-se ainda às famílias que em situação 
de vulnerabilidade social e, diante da fragilidade, estão sob a responsabilidade de 
famílias extensas ou de outras pessoas com maior vínculo familiar, fortalecendo 
assim uma rede de proteção e sociabilidade familiar, portanto é necessário que as 
políticas públicas e os profi ssionais tenham a clareza que:
[...] trabalhar com família requer a abertura para uma 
escuta, a fi m de localizar os pontos de vulnerabilidade, 
mas também os recursos disponíveis [...] cada família 
constrói sua própria história, ou o seu próprio mito, 
entendido como uma formulação discursiva em que se 
expressam o signifi cado e a explicação da realidade 
vivida [...] (SARTI, 2008, p. 26-27).
Através do reconhecimento da importância da família como sendo uma 
unidade de referência na Política de Assistência Social, baseia-se o conceito de 
que este ambiente deve ser considerado o primeiro de proteção aos usuários.
No modelo de família que se refere na Política de Assistência Social entende-
se como família as afi nidades constituídas pelos laços consanguíneos, afetivos e 
de solidariedade.
A família para toda a sociedade é vista como algo de grande valor sentimental. 
Para a população em situação de vulnerabilidade social, pode ser o único bem 
que possui. Para o SUAS, a matricialidade familiar e sua conjuntura sociofamiliar 
são consideradas como um dos eixos principais que formam os pilares desse 
sistema. 
62
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
A Política de Assistência Social (2004, p. 42) considera a família 
como sendo um “[...] espaço privilegiado e insubstituível de proteção 
e socialização primárias, provedora de cuidados aos seus membros, 
mas que precisa também ser cuidada e protegida”.
Todas as mudanças que ocorreram nas últimas décadas, em 
relação ao mundo do trabalho e ao acirramento das expressões das 
questões sociais, afetaram diretamente o núcleo familiar. O assistente 
social deve ter um olhar que consiga compreender a família, como 
sendo:
[...] mediadora das relações entre sujeitos e a 
coletividade, delimitando, continuadamente os 
deslocamentos entre o público e o privado, bem como 
geradora de modalidades comunitárias de vida [...] um 
espaço contraditório, cuja dinâmica cotidiana é marcada 
por confl itos e geralmente, também, por desigualdades 
[...] (PNAS, 2004, p. 41).
As novas confi gurações familiares devem ser compreendidas através das 
alterações e das mudanças ao antigo modelo implementado na sociedade, que 
era constituído por pai, mãe e fi lhos, e com as transformações que ocorreram com 
a modernização da sociedade, a família também se fez parte deste processo.
Um novo conceito de família foi aceito pelas políticas públicas, 
ampliando os serviços ofertados, a partir do momento em que se 
entende a família como: “[...] um conjunto de pessoas que se acham 
unidas por laços consanguíneos, afetivos e/ou de solidariedade” 
(PNAS, 2004, p. 41).
63
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
Dessa forma, as famílias passam a ser acolhidas independentemente da 
confi guração familiar, podendo ser formadas por mãe e fi lhos, pai e fi lhos, ou avós 
e netos, casais homossexuais, ou até mesmo pessoas que moram em repúblicas. 
Resumindo, todas as pessoas ou grupos que residem em um mesmo domicílio 
são considerados famílias, tendo o acesso garantindo de seus direitos.
Dentre essas mudanças pode-se observar um 
enxugamento dos grupos familiares (famílias menores), 
uma variedade de arranjos familiares (monoparentais, 
reconstruídas), além dos processos de empobrecimento 
acelerado e da desterritorialização das famílias geradas 
pelos movimentos migratórios (PNAS, 2004, p. 42).
O trabalho sendo centralizado na família se tornou um instrumento para 
superar as ações de caráter emergencial e passaram a ser realizados serviços de 
prevenção e proteção de todos os seus membros.
Conforme a PNAS (2004, p. 41): “[...] prevenir, proteger, 
promover e incluir seus membros é necessário, em primeiro lugar, 
garantir condições de sustentabilidade para tal”. 
O Estado Democrático e de Direitos tem como comprometimento a obrigação 
de proteger a população, através das necessidades básicas para a sobrevivência.
Segue uma dica de leitura, somente assim seu conhecimento irá 
expandir, não deixe de ler. 
CRUZ, L. R.; GUARESCHI, N. (Orgs.). Políticas públicas 
e assistência social. Diálogos com as práticas psicológicas. 
Petrópolis: Vozes, 2009. 
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 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
O novo modelo de gestão da política da Assistência Social 
prioriza a família como foco de atenção e território como base da 
organização de ações e serviços em dois níveis de atenção: a 
Proteção Social Básica, que é desenvolvida nos CRAS, pautando-
se no fortalecimento dos vínculos familiares e na convivência 
comunitária; e a Proteção Social Especial, desenvolvida nos CREAS, 
com o objetivo de promover o acesso aos serviços de apoio e a 
inclusão em redes de pertencimento. Em ambos os Centros está 
previsto o profi ssional de psicologia na composição da equipe mínima. 
Quais as práticas da psicologia nestes locais? No sentido de contribuir 
com este debate, esta obra reúne trabalhos teóricos e práticos de 
pesquisadores e profi ssionais da psicologia, da assistência social e 
da antropologia, caracterizando a transdiciplinaridade da temática 
das políticas sociais públicas.
A descentralização político-administrativa passou a ser estabelecida 
e permitiu alcançar com maior efi cácia todos os territórios nacionais e suas 
demandas individualizadas.
Dessa forma, uma maior descentralização, (...), costuma 
ser pré-requisito para ações integradas na perspectiva da 
intersetorialidade. Descentralização efetiva com transferência 
de poder e decisão, de competências e de recursos, e com 
autonomia das administrações dos micros espaços na 
elaboração de diagnósticos sociais, diretrizes, metodologias, 
formulação, implementação,execução, monitoramento, 
avaliação e sistema de informação das ações defi nidas, com 
garantias de canais de participação local (PNAS, 2004. p. 44).
Essas mudanças no processo de gestão da política de assistência social 
vêm de encontro aos princípios da Constituição Federal de 88, descentralização 
política-administrativa das atividades e ações governamentais.
Esta diretriz está fundamentada no artigo 204 da Constituição 
Federal de 88:
Art. 204. As ações governamentais na área da 
assistência social serão realizadas com recursos do 
orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, 
além de outras fontes, e organizadas com base nas 
seguintes diretrizes:
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O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
I - descentralização político-administrativa, cabendo a 
coordenação e as normas gerais à esfera federal e a 
coordenação e a execução dos respectivos programas 
às esferas estadual e municipal, bem como a entidades 
benefi centes e de assistência social;
II - participação da população, por meio de organizações 
representativas, na formulação das políticas e no 
controle das ações em todos os níveis.
Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito 
Federal vincular a programa de apoio à inclusão e 
promoção social até cinco décimos por cento de sua 
receita tributária líquida, vedada a aplicação desses 
recursos no pagamento de: 
I - despesas com pessoal e encargos sociais; 
II - serviço da dívida; 
 - qualquer outra despesa corrente não vinculada 
diretamente aos investimentos ou ações apoiadas 
(BRASIL, 1988, s.p.).
E sendo reafi rmadas no artigo 6 da LOAS:
Art. 6º As ações na área de assistência social são organizadas 
em sistema descentralizado e participativo, constituído pelas 
entidades e organizações de assistência social abrangidas 
por esta lei, que articule meios, esforços e recursos, e por um 
conjunto de instâncias deliberativas compostas pelos diversos 
setores envolvidos na área (BRASIL, 1988, s.p.).
Estes princípios mediante a política de assistência social estão manifestados 
pela defi nição de corresponsabilidade em cada esfera governamental que 
concretiza a política, incumbindo: 
• Para a coordenadoria e edição das regras de caráter geral à esfera federal.
• Para os Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a coordenação e 
implemento dos serviços socioassistenciais em suas esferas governamentais. 
• Para todas as esferas de governamentais a responsabilidade pelo 
cofi nanciamento; o monitoramento e a avaliação das ações, programas, projetos 
e serviços.
• O fornecimento da capacitação permanente dos profi ssionais é de 
corresponsabilidade dos Estados e do Governo Federal.
• A sistemática das informações na área é de corresponsabilidade para todas 
as esferas.
66
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
É importante ressaltar que o SUAS é composto por entidades e organizações 
de assistência social, ou seja do terceiro setor, e também pela efetivação dos 
conselhos, planos e fundos da assistência social, sendo estes requisitos básicos 
para a adesão da gestão inicial do SUAS em todas as esferas governamentais.
A descentralização da política está relacionada com características 
socioterritorial de cada local, ou seja, com cada território, em que é necessário 
identifi car as características sociais, culturais, políticas, econômicas da população 
do seu entorno, e que acabam revelando a complexidade da diversidade, das 
desigualdades que existem em todas as regiões do Brasil.
Neste sentido, a:
[...] territorialização é o reconhecimento da presença 
de múltiplos fatores sociais e econômicos que levam o 
indivíduo e a família a uma situação de vulnerabilidade 
ou risco social. É nos territórios que é operado o 
princípio da prevenção na Política de Assistência Social 
(NOB/SUAS, 2005, p.18).
A partir desta diversidade que os serviços socioassistenciais de proteção 
básica foram organizados através de um novo modelo socioassistencial, tendo 
como referência o número de famílias/habitantes que estão referenciados em um 
determinado território. 
A quantidade de família referenciada acontece através dos indicadores 
socioterritoriais que estão disponíveis nos dados censitários do IBGE. 
Toda Política Pública, independentemente da área de atuação, para ser 
efetivada, necessita de investimentos, e que acontecem prioritariamente através 
de fi nanciamento, para compreender este procedimento referente ao orçamento 
da gestão pública, em suas determinadas instâncias.
67
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
Para Assumpção (2007, p. 43):
[...] um instrumento de planejamento da ação 
governamental é composto das despesas fi xadas pelo 
Poder Legislativo e que autoriza o Poder Executivo a 
realizá-las durante o exercício fi nanceiro, mediante 
a arrecadação de receitas sufi cientes e previamente 
estimadas.
Alguns instrumentos que colaboram com a gestão do orçamento público 
foram apresentados na Constituição Federal de 1988. São eles:
• Plano Diretor.
• Plano Plurianual, PPA.
• Lei de Diretrizes Orçamentárias, LDO.
• Lei Orçamentária Anual, LOA.
Para a autora Bernardoni (2010, p. 51):
O Plano Diretor é o início de planejamento municipal 
que deve ser realizado por todos os municípios com 
mais de 20 mil habitantes, o qual deve estar em 
harmonia com a Lei Orgânica do Município e com a Lei 
de Responsabilidade Fiscal. Suas atualizações devem 
ser feitas pelo menos a cada dez anos. Os demais 
instrumentos devem ser norteados pelas diretrizes 
contidas no Plano Diretor. É importante lembrar que 
o Plano Diretor “Constitui-se no principal instrumento 
de planejamento sustentável desses municípios, 
contribuindo na formação de diretrizes para expansão 
urbana e desenvolvimento nas mais diversas áreas, 
visando sempre ao interesse da coletividade”.
68
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
A LDO se torna um planejamento de gestão a curto prazo e que objetiva 
buscar a estabilização entre as receitas e despesas anuais de cada gestão 
pública, sendo considerada um elo entre o PPA e a LOA, pois, ao ser elaborada, 
deve-se levar em consideração pelo gestor as metas elencadas no PPA.
Outro planejamento considerado de curto prazo é a LOA, que deve estar 
fundamentada na LDO.
Assumpção (2007, p. 58) afi rma:
O PPA e a LDO são documentos de planejamento, 
enquanto que a LOA é a indicação de como esse 
planejamento irá ser executado. Para a elaboração 
da LOA, o administrador precisa pensar em várias 
questões da realidade, sendo que uma delas é “[...] sua 
capacidade de arrecadação e expressa essa estimativa 
em números na LOA. Já as receitas são fi xadas, isto é, 
a LOA expressa, em termos numéricos, o valor máximo 
da despesa para cada item do orçamento. Portanto, 
enquanto a RECEITA é PREVISTA, a DESPESA é 
FIXADA”.
Estes instrumentos, PPA, LDO e LOA, precisam estarem interligados entre 
si, para se efetivarem, e devem conter uma justifi cativa, objetivos, público-alvo, 
metodologia de execução e os recursos fi nanceiros a serem gastos.
Citando novamente Bernardoni (2010, p. 39)
[...] por parte do planejador, o processo de planejamento 
pressupõe uma visão holística de todo o cenário que 
envolve as políticas públicas, como também uma 
capacidade de gestão para integrar toda a estrutura da 
administração (organização, pessoas, equipamentos e 
recursos fi nanceiros) [...].
69
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
Todas as políticas públicas nos municípios são planejadas e administradas 
dessa forma, inclusive a Política de Assistência Social. A Constituição Federal 
de 88 garantiu que o fi nanciamento da Seguridade Social tornasse a base de 
fi nanciamento da assistência social, saúde e previdência. 
Os Fundos de Assistência Social (FAS) são as instâncias que representam 
o fi nanciamento da Política de Assistência Social, em todas as esferas 
governamentais. É por meio do FAS que todo e qualquer recursoque precise 
ser destinado aos municípios deve, obrigatoriamente, ser repassado através do 
fundo, garantindo assim que os Conselhos, nas três esferas, consigam controlar 
os gastos do poder público com a Política de Assistência Social, pois este fundo 
promove e facilita a prestação de contas para a toda a população.
Segundo a PNAS (2004, p. 49), “[...] o fi nanciamento dos 
benefícios se dá de forma direta aos seus destinatários, e o 
fi nanciamento da rede socioassistencial se dá mediante aporte 
próprio e repasse de recursos fundo a fundo [...]”.
Sendo assim, nenhum recurso destinado para a Assistência Social poderá 
ser gasto sem a aprovação dos Conselhos de Assistência Social, bem como a 
prestação de contas dos recursos depende da aprovação deles. O que passa a 
ser chamado de Controle Social dos Gastos Públicos.
Para que os municípios possam receber repasses fi nanceiros via fundo, é 
obrigatório que os Conselhos de Assistência Social, Fundo Municipal Assistência 
Social estejam implementados e em pleno funcionamento, além da obrigatoriedade 
da elaboração do Plano de Assistência Social.
Neste sentido, os municípios precisam estar em um processo constante 
de planejamento de suas ações, programas, serviços e projetos, só assim terão 
pleno funcionamento da Política de Assistência Social. 
O Plano de Assistência é considerado um instrumento que objetiva 
o planejamento estratégico, organizando e norteando as ações para sua 
implementação e execução perante a Política de Assistência Social.
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 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
O órgão gestor é responsável pela elaboração deste Plano, sendo que só 
poderá ser executado depois que for aprovado pelo Conselho de Assistência 
Social, tendo este autonomia de pedir reformulações, acompanhar, fi scalizar, 
aprovar ou não.
A Política de Assistência Social, bem como todas as outras políticas públicas, 
para serem executadas, necessitam de uma equipe de trabalhadores, sendo 
esses técnicos ou não, porém, para dar suporte, são orientados através de uma 
Política de Recursos Humanos.
O objetivo da elaboração de uma Política de Recursos Humanos é para 
conseguir afrontar a precarização do trabalho ofertado, infl uenciando na qualidade 
dos serviços continuados.
Quando se refere à precarização do trabalho, logo pensamos na exploração 
do trabalhador que está inserido em uma empresa privada, porém o Estado não 
fi ca muito fora da precariedade do trabalho, podendo ser citados os processos 
seletivos, contratos temporários, licitações, desvio de função, que resultam em 
uma instabilidade para este trabalhador com baixa remuneração.
A PNAS (2004) preocupada com a troca de gestores, prefeitos, a cada 
quatro anos, em que, na maioria das vezes, altera-se por completo a equipe de 
funcionários, pois cada gestão tem seus determinados, chamados de “cabos 
eleitorais” e/ou “militantes” para ocuparem os cargos de confi ança, apontava 
algumas demandas e que foram, congregadas na Norma Operacional de Recursos 
Humanos do SUAS (NOB/RH-SUAS) de 2006, mas não se discutia como sendo 
uma política de recursos humanos.
Através da aprovação da NOB/RH-SUAS, o contexto da Política de 
Assistência Social, inicia seu processo de mudanças, prevendo mudanças 
essenciais para o enfrentamento no que diz respeito à precarização do trabalho 
na área da assistência social.
A NOB/RH-SUAS (2006, p. 8) afi rma que: “O SUAS vem se consolidando, e 
a gestão do trabalho na Assistência Social carece de uma atenção maior devido a 
sua importância para a consolidação do sistema”. 
A Secretaria Nacional de Assistência Social, considera a NOB/RH-SUAS 
como sendo um documento primordial na conciliação da Política de Assistência 
Social, no que conduz a área da gestão do trabalho.
Os princípios que estão elencados nessa norma referem-se à gestão do 
trabalho das políticas sociais públicas e foram congregados pela Política de 
71
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
Assistência Social e pela Política de Recursos Humanos, para que as relações de 
trabalho sejam estáveis e dignas entre todos os trabalhadores e que refl etirá no 
usuário destes serviços.
Por meio dessa Política que a gestão do trabalho no SUAS avança na garantia 
de direitos dos trabalhadores, por meio dos Planos de Carreira, Cargos e Salários, 
PCCS, que constitui um estímulo para a formação e capacitação continuada, e 
que as defi nições dos valores de salário sejam realizadas através do nível de 
formação. O correto seria que todos os trabalhadores que possuem nível superior, 
ou seja, um profi ssional como assistente social e psicólogos, tenham um salário 
igual e não defi nindo por profi ssão.
Para o CFESS (2007, p. 43) isso é principal e fundamental, sendo que:
As possibilidades de atuação profi ssional não podem ser 
desvinculadas das condições e processos em que se realiza 
o trabalho. É nesse sentido que as competências e atribuições 
profi ssionais devem se inserir na perspectiva da gestão do 
trabalho em seu sentido mais amplo, que contemple ao menos 
três dimensões indissociáveis: as atividades exercidas pelos 
trabalhadores (as), as condições materiais, institucionais, 
físicas e fi nanceiras, e os meios e instrumentos necessários 
ao seu exercício. A garantia e articulação dessas dimensões 
são fundamentais para que os (as) trabalhadores(as) possam 
atuar na perspectiva de efetivar a política de Assistência Social 
e materializar o acesso da população aos direitos sociais. 
A NOB/RH-SUAS destaca uma outra questão importante, que está 
relacionada com a maneira e a forma de contratar um trabalhador para 
desenvolver os serviços, programas, projetos previstos na Política de Assistência 
Social, a contratação só será realizada mediante concurso público, possibilitando 
assim uma estabilidade na relação entre trabalhador e usuários dos serviços.
Para o CFESS (2007, p. 43-44) isso signifi ca que: “O estabelecimento de 
relações de trabalho estáveis, a garantia institucional e condições e meios 
necessários à realização das atividades são indispensáveis para o exercício 
profi ssional”. 
Diante disto, a gestão do trabalho no SUAS possibilita um avanço na 
qualidade dos serviços prestados, contribui para enfrentar as relações precárias 
de trabalho e, consequentemente, agiliza a garantia dos direitos trabalhistas e 
sociais de todos os profi ssionais.
72
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
A leitura da NOB-RH/SUAS será fundamental para que você 
consiga aprimorar seus conhecimentos. Ela estabelece parâmetros 
gerais para a gestão do trabalho a ser implementada na área da 
Assistência Social, englobando todos os trabalhadores do SUAS, 
órgãos gestores e executores de ações, serviços, programas, 
projetos e benefícios da Assistência Social.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à 
Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social. Norma operacional 
básica de recursos humanos do SUAS NOB-RH/SUAS anotada e 
comentada. Brasília, 2006. 71p.
O SUAS conta também com outros eixos estruturantes, sendo eles a 
informação e o monitoramento, ambos são de fundamental importância para 
avaliação de todas as políticas públicas, inclusive na Política de Assistência 
Social.
Para que ocorra uma avaliação correta das ações desenvolvidas, é 
necessário que este processo se desenvolvam antes e após do seu desempenho 
e execução. O autor Carvalho (2001) teoriza esses momentos de avaliação como 
sendo ex–ante e post-facto.
Para Carvalho (2011, p. 63), na avaliação do ex-ante é 
imprescindível que se averigue:
[...] as alternativas possíveis e os impactos projetados 
sobre cada uma das alternativas quanto a custos, nível 
de adesão da organização e dos benefi ciários, padrões 
de intervenção, estratégias, processos e resultados. É 
uma avaliação do diagnóstico e da proposta.
73
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
Sendo assim, é de grande importância que exista um acompanhamento nas 
açõespropostas e desenvolvidas, o que se chama de monitoramento das políticas 
públicas.
Falando especifi camente da Política de Assistência Social, através desse 
processo se consegue acompanhar toda a execução das ações, podendo 
reavaliar o planejamento e as estratégias como também outras demandas que 
surgem perante esse processo, sendo assim, “[...] objetivando corrigir distorções 
durante o próprio desenvolvimento do projeto [...]” (CARVALHO, 2001, p. 64).
Carvalho (2001, p. 64) afi rma que, para fi nalizar o ciclo 
avaliativo, é necessário que aconteça o que chama de post-facto, ou 
seja, depois do fato ocorrido, sendo que:
[...] os projetos podem ter resultados e impactos 
esperados e não esperados, tangíveis e intangíveis, 
imediatos ou de médio prazo. Por isso, a avaliação de 
resultados e impactos deve ocorrer não só ao término 
dos projetos, mas também depois de algum tempo”.
As políticas públicas em sua totalidade, inclusive a Assistência Social, não 
devem resistir a esse processo de avaliação, visto que seus princípios estão 
inseridos na prestação dos serviços como qualidade, visando também resultados 
almejados a curto, médio e longo prazo.
Para que isso seja viável, a PNAS (2004) apresentou um sistema de 
informação, monitoramento e avaliação, que tende a garantir o acompanhamento 
dos serviços socioassistências que são oferecidos para a população em condição 
de vulnerabilidade social. 
Sendo assim, o SUAS passa a defender a participação e controle social de 
todas ações que são desenvolvidas na Política de Assistência Social, em que 
qualquer cidadão tem o direito de seguir e acompanhar o fl uxo e o controle dos 
serviços prestados, por meio dos dados que estão inseridos. Esse controle não 
cabe somente à comunidade, mas para os gestores, que, para atingir os objetivos 
dos serviços oferecidos com qualidade, é indispensável que aconteça com 
regularidade o monitoramento e avaliação.
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 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
O SUAS possui uma rede de informações, através de sistemas interligados 
e são constantemente aperfeiçoados, em que a tecnologia consiga contribuir com 
o monitoramento, objetivando uma melhoria na qualidade dos serviços prestados.
Esse sistema precisa se manter através do que se chama de Instrumento de 
Gestão, que:
[...] não se caracterizam como documentos meramente 
burocráticos, mas que têm como objetivo propiciar o 
planejamento, execução, monitoramento e avaliação dos 
serviços, programas e projetos, e benefícios socioassistenciais 
além de municiar as instâncias do sistema descentralizado e 
participativo de assistência social (BRASIL, 2013, p. 27).
Vamos lá para mais uma dica importante de leitura. Esta 
publicação, fruto de uma pesquisa de fôlego, é uma grande 
contribuição para todos os profi ssionais que se defrontam com os 
desafi os postos pelas políticas sociais na atualidade. A autora 
realiza uma análise crítica dos processos e dos resultados de 
avaliação da Política de Assistência Social, buscando identifi car as 
requisições necessárias para sua utilização como parte do conjunto 
dos instrumentos de viabilização da democracia e do exercício do 
controle social dessa política de proteção social. Essa refl exão chega 
ao leitor em uma hora muito oportuna, uma vez que poderá contribuir 
com o debate crítico sobre os rumos e tendências da atual Política 
de Assistência Social que desde 2004, com a aprovação da PNAS/
SUAS, coloca-se o desafi o de estruturar sistemas de gerenciamento 
das informações, monitoramento e avaliação dos resultados.
ALVES, Adriana Amaral Ferreira. Assistência social: história, 
análise crítica e avaliação. Curitiba: Juára, 2011.
O eixo sobre a concepção de participação refere-se à importância da 
democracia participava que começou a se destacar desde a década de 70, 
no Brasil, através dos Movimentos Sociais, que enfatizavam uma reforma 
democrática no modelo de fazer política.
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O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
Segundo a autora Moura (2009, p. 47), “No debate quanto ativa 
reforma da democracia, a ideia de participação de grupos e camadas 
da população tidas como pouco representadas, constituiria incentivo 
para estimular o melhor funcionamento das instituições políticas”.
Sabe-se que os Movimentos Sociais são protagonistas na luta coletiva pela 
transformação da conjuntura econômica, social e política do país.
Para Siqueira (2006, p. 48), “A busca pelo reconhecimento do 
direito de se ter direitos foi o imperativo desses movimentos. Busca-
se ainda o direito de participar e de decidir sobre as ações estatais, 
infl uenciando as políticas e fi scalizando a operacionalização dos 
serviços sociais”.
Alguns autores defendem que atualmente existem três percepções básicas 
no que tange a participação, sendo elas:
• Participação comunitária: que surgiu no século XX e tinha uma base 
conservadora, ressaltando o desempenho de atividades sem a 
preocupação de pensar, elaborar e eleger prioridades.
• Participação popular: surge nos anos 70, durante o auge dos Movimento 
Sociais, que tinham atitude reivindicatórias e de controle das ações das 
empresas estatais. 
• Participação social: que surge com a metodologia da democratização do 
Brasil.
O fortalecimento das reivindicações dos Movimentos Sociais teve início 
através da Constituição Federal de 88, com a institucionalização da participação 
popular, conforme artigo primeiro, parágrafo único, que afi rma: “Todo poder 
emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos diretamente [...]” 
(BRASIL, 1988, Art. 1º). 
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 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
No que se refere à Assistência Social, a Constituição Federal de 88 
esclareceu algumas diretrizes, que são: “[...] II – participação da população, por 
meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle 
das ações em todos os níveis [...]” (BRASIL, 1988, Art. 204).
A participação é um componente importante na constituição da democracia, 
em que os cidadãos são capacitados para avaliarem o desempenho do poder 
público, como também do privado.
Sendo assim, a participação popular poderá ser executada por diversas 
formas e interesses, objetivo e metas, entre outras, que mudam diante da situação 
histórica, cultural de cada sociedade.
Para Souza (2009, p. 170): “[...] a gestão social pode ser 
entendida como processo social, no qual o homem se descobre 
enquanto sujeito político, capaz de estabelecer uma relação direta 
com os desafi os sociais [...]”.
A gestão da Política de Assistência Social precisa ser fl exível e participativa, 
oferecendo espaços para o treinamento pleno do controle social e que possibilitem 
a participação contínua dos usuários e outros interessados, como trabalhadores 
do SUAS, ou governamentais, ou ainda da sociedade civil organizada.
Conforme Nogueira (2005, p. 142):
A participação que se dedica a compartilhar decisões 
governamentais, a garantir direitos, a interferir na elaboração 
orçamentária ou a favorecer sustentabilidade para certas 
diretrizes concentra-se muito mais na obtenção de vantagens e 
de resultados do que na modifi cação de correlações de forças 
ou de padrões estruturais. 
Uma forma de participação popular continuada acontece por meio do controle 
social, sendo um instrumento para a efetivação da gestão político administrativo 
– fi nanceira e também técnico-operativa por meio do caráter democrático e 
descentralizado.
77
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
No SUAS, esses espaços são privilegiados de controle social e se 
consolidam pelas conferências e conselhos de Assistência Social.
As conferências são espaços para avaliar a situação da Política de 
Assistência Social e propor novas diretrizes para essa política. Um outro espaço 
de discussão e diálogo contínuo entre sociedade civil e governo é o Conselho de 
Assistência Social.
Os Conselhos são considerados organizações públicas e são constituídospor representantes governamentais, dos trabalhadores e usuários do SUAS e da 
sociedade civil organizada. Eles têm como objetivo deliberar sobre os rumos da 
política nas esferas governamentais, além de fi scalizar a execução dos serviços 
prestados à população.
Na Política de Assistência Social, a participação no processo de gestão pode 
ser de todos os cidadãos, inclusive dos usuários que utilizam os serviços.
A difi culdade de participação popular no controle dos serviços públicos é 
generalizada por toda a sociedade. Para os usuários, torna-se algo muito difícil, 
porém, não é impossível, pois é um momento de aprendizado e eles são os mais 
indicados para avaliar os serviços de maneira efetiva, já que fazem uso deles. 
[...] só se resulta em democratização quando a 
participação se materializa em políticas para a efetiva 
extensão de direitos e que a cada nova classe de 
direitos alcançados corresponda à efetiva integração de 
cada membro com igual calor na coletividade política” 
(AVELAR, 2004, p. 234).
Os Conselhos se tornam um mecanismo de participação popular, de 
fi scalização e de aprendizado sobre controle social na Política de Assistência 
Social e são compostos de maneira paritária, ou seja:
• 50 % das cadeiras deverão ser ocupadas por representantes dos 
usuários ou da organização dos serviços vinculados aos serviços 
assistenciais, e dos trabalhadores da área e de entidades, que são 
eleitos nas Conferências.
• 50% das cadeiras serão completadas por representantes governamentais.
78
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
Existe uma disparidade na indicação dos conselheiros governamentais, pois 
estes são indicados pelo chefe do executivo em todas as esferas governamentais 
e deveriam ser eleitos nas Conferências como os representantes não 
governamentais.
Estado, Políticas Sociais e Implementação do SUAS
Maria Carmelita Yazbek
[...] o ano de 1988 inaugura um período importante da história 
brasileira. Neste ano é promulgada a Constituição da República 
Federativa do Brasil, que reconhece a assistência social como dever 
de Estado no campo da Seguridade Social e não mais como política 
complementar, de caráter subsidiário às demais políticas. É bom 
lembrar que a noção de Seguridade supõe que os cidadãos tenham 
acesso a um conjunto de certezas e seguranças que cubram, 
reduzam ou previnam situações de risco e de vulnerabilidades 
pessoais e sociais.
[...] Apesar da alteração do antigo paradigma conservador e 
assistencialista estabelecida pela Constituição e pela Lei Orgânica 
da Assistência Social (Loas) para demarcar a assistência social 
como direito social no âmbito da Seguridade Social ao lado da Saúde 
e da Previdência, os anos 90 do século XX apresentam um cenário 
de grandes mudanças no que diz respeito ao papel do Estado. A 
“reforma do Estado”, como é conhecido o processo de mudanças 
que se desenrolou a partir desta década, teve forte caráter neoliberal 
e caracterizou-se principalmente por medidas de ajuste na economia, 
com severas restrições aos gastos públicos em especial na área 
social e privatizações de empresas e organizações estatais. Tratou-
se de um contexto no qual foram encolhidas as responsabilidades 
estatais na regulação das políticas públicas e valorizadas as 
“virtudes” da regulação pelo mercado.
O enfrentamento da pobreza e da desigualdade, no contexto 
neoliberal, passa a ser tarefa da solidariedade da sociedade ou de 
uma ação estatal aleatória e tímida, caracterizada pela defesa de 
alternativas privatistas, que envolvem as organizações sociais e a 
comunidade em geral. Recoloca-se em cena práticas fi lantrópicas 
79
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
e de benemerência, ganhando relevância ações do denominado 
Terceiro Setor (não governamental e não lucrativo), como expressão 
da transferência à sociedade de respostas às sequelas da questão 
social. Vale lembrar que a questão social circunscreve um terreno 
de disputas, pois diz respeito à desigualdade econômica, política 
e social entre as classes na sociedade de mercado, envolvendo a 
luta pelo usufruto de bens e serviços socialmente construídos, por 
direitos sociais e pela cidadania.
Se tomarmos apenas o exemplo da política de assistência social, 
veremos que após a promulgação da constituição um amplo processo 
de debates e lutas no interior da sociedade foram travados para que 
aquilo que consta na constituição tivesse sua regulamentação.
Com isso, cinco anos após a Carta Constitucional, em 7 de 
dezembro de 1993, foi aprovada a Lei Orgânica de Assistência Social 
(LOAS), que regulamentou os artigos 203 e 204 da Constituição e 
tornou possível a assistência social como um dever do Estado e um 
direito de cidadania, sem a necessidade de contribuição prévia. 
[...] A concepção de Assistência Social contida na LOAS visa 
assegurar benefícios continuados e eventuais, programas, projetos 
e serviços socioassistenciais para enfrentar as condições de 
vulnerabilidade social. 
Apesar da conjuntura adversa, pós Constituição de 1988 e pós 
LOAS, tendo em vista os impactos das mudanças do ordenamento 
econômico mundial sobre as condições de vida das populações 
dos países em desenvolvimento destacando-se o Brasil entre eles, 
a assistência social brasileira inicia seu trânsito para um campo 
novo: o campo dos direitos, da universalização dos acessos e da 
responsabilidade estatal.
Nesse sentido, pode-se afi rrmar que a LOAS estabeleceu 
uma nova matriz para a assistência social brasileira, iniciando um 
processo que tem como perspectiva torná-la visível como política 
pública e direito dos que dela necessitarem. Um primeiro passo 
em direção a este fi m foi a criação e instalação de conselhos 
deliberativos e paritários nas esferas federal, estadual, do Distrito 
Federal e municipal de governo. A inserção na Seguridade Social 
aponta também para seu caráter de política de Proteção Social 
como vimos antes, articulada a outras políticas do campo social 
voltadas à garantia de direitos e de condições dignas de vida. 
80
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
Desse modo, a assistência social confi gura-se como possibilidade 
de reconhecimento público da legitimidade das demandas de seus 
usuários e espaço de ampliação de seu protagonismo.
Mas, assim como a regulamentação da constituição foi 
conquistada com muita mobilização, também a efetividade da Loas 
tem sido conquistada por meio de muitos debates e pactuações 
políticas que envolvem todo o conjunto da sociedade.
A tarefa de consolidar a Assistência Social como política 
pública de direitos tem aspectos muito peculiares que difi cultam a 
empreitada. Ou seja, é necessário romper com a ideia do direito 
como favor ou ajuda emergencial prestada sem regularidade e 
através de um processo de centralismo decisório; romper também 
com a lógica de que a assistência social sobrevive apenas com os 
recursos residuais do investimento público (serviços pobres para 
pobres), e ainda: romper com o uso dos recursos sociais de maneira 
clientelista e patrimonialista.
[...] A implantação do Sistema Único de Assistência Social 
(SUAS) é uma verdadeira revolução na assistência social brasileira. 
Fruto de quase duas décadas de debates, o Sistema coloca 
em prática os preceitos da Constituição de 1988, que integra a 
Assistência Social à Seguridade Social, juntamente com Saúde e 
Previdência Social.
De mero favor, de prática assistencialista e tuteladora a 
assistência social, seus serviços e benefícios passam para um 
campo novo, o campo dos direitos de cidadania. Marcada, portanto, 
pelo caráter civilizatório presente na consagração de direitos sociais. 
A Assistência Social exige que as provisões assistenciais sejam 
prioritariamente pensadas no âmbito das garantias de cidadania 
sob responsabilidade do Estado, cabendo a este a universalização 
da cobertura e garantia de direitos e de acesso para esses serviços, 
programas.
A universalização dos direitos sociais é um dos princípiosdeste novo modelo socioassistencial. Neste contexto, a assistência 
social, a partir do princípio da intersetorialidade, propicia o acesso 
a pessoas em situação de vulnerabilidade pessoal e/ou social, às 
demais políticas setoriais, uma vez que busca garantir segurança 
para seus usuários: segurança de sobrevivência (de rendimento e 
81
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
de autonomia); de acolhida e; de convívio ou convivência familiar e 
comunitária. Estas seriam as condições fundamentais para tornar 
o usuário do serviço socioassistencial alcançável pelas demais 
políticas.
Por sua vez, como um sistema de gestão, este arranjo 
institucional propõe pela primeira vez na história do País, sob a 
primazia da responsabilidade do Estado, a organização em todo 
o território nacional de serviços socioassistenciais destinados a 
milhões de brasileiros, em todas as faixas etárias, com a participação 
e a mobilização da sociedade civil nos processos de implantação e 
implementação do Sistema.
O SUAS, pactuado nacionalmente e deliberado pelo CNAS, 
prevê uma organização participativa e descentralizada da assistência 
social, com serviços voltados para o fortalecimento da família, 
sem, no entanto, sobrecarregá-la, mas ao contrário protegendo-a e 
apoiando-a.
Baseado em critérios e procedimentos transparentes, o SUAS 
altera fundamentalmente operações como o repasse de recursos 
federais para estados, municípios e Distrito Federal, a prestação de 
contas e a maneira como os serviços e os entes federados estão 
hoje organizados do ponto de vista da gestão de recursos.
Como se pode concluir, o SUAS promove uma mudança de 
conteúdo e de gestão da política pública de assistência social, ao 
materializar o conteúdo da Loas e defi nir os conceitos e as bases 
que vão orientar a estruturação do sistema nos estados, no Distrito 
Federal e nos municípios, os quais serão aqui destacados por serem 
de fundamental importância para a compreensão do novo modelo 
socioassistencial. Em outras palavras, o SUAS oferece concretude à 
Política Pública de Assistência Social na perspectiva de construir os 
direitos de seus usuários e sua inserção na sociedade [...].
FONTE: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/secretaria-nacional-de-assistencia-
social-snas/cadernos/caderno-suas-volume-1-2013-confi gurando-os-eixos-da-
mudanca/Caderno%20SUAS%20Volume%201%202013%20Confi gurando%20
os%20Eixos%20da%20Mudanca.pdf/download>. Acesso em: 6 set. 2020.
82
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
1 Para a Política de Assistência Social, o que é considerado família?
2.1 OS NÍVEIS DE GESTÃO E 
PROTEÇÃO SOCIAL NO SUAS
O SUAS foi a principal conquista obtida como deliberação da IV Conferência 
Nacional de Assistência Social, que ocorreu em Brasília (DF), esforçando-se para 
viabilizar um processo de desenvolvimento nacional que garanta a universalização 
dos direitos sociais e da proteção social.
O modelo de gestão do SUAS é descentralizado e participativo, consolidando-
se através da regulação e organização em todo país por meio de serviços, 
programas, projetos e benefícios socioassistenciais, de modo contínuo e eventual, 
e que sejam executados e fornecidos por meio de pessoas jurídicas, mas de 
direito público, com critérios universais e de ações interligadas e articuladas com 
a sociedade civil. 
O SUAS defi ne três níveis de gestão inicial, básica e plena e organiza as 
ações em Proteção Social Básica (PSB) e Proteção Social Especial (PSE) de 
média e alta complexidade.
Com estratégia de implementação nos municípios, o SUAS determinou 
três níveis de gestão, sendo: inicial, básica e plena e defi niu responsabilidade 
para cada uma das três esferas governamentais, viabilizando assim uma gestão 
articulada e o aprofundamento do pacto federativo. Esse processo é seguido de 
incentivos aos acessos de fi nanciamento público para a Política de Assistência 
Social.
Os requisitos necessários para cada nível de gestão são:
• Inicial: implementado conselho, fundo, plano e recursos fi nanceiros 
no fundo.
• Básica: implementado conselho, fundo e plano, recursos fi nanceiros 
no fundo, implementado o Centro de Referência da Assistência 
Social, em número e capacidade de acordo com o porte de cada 
munícipio, plano de inserção e acompanhamento de benefi ciários 
do Benefício de Prestação Continuada, BPC, prioridade de acesso 
83
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
aos benefi ciários do Programa Bolsa Família, PBF, diagnóstico 
de áreas de risco e de maior vulnerabilidade social, secretaria 
exclusiva no conselho, conselhos implementados e funcionando , 
como o Conselho Municipal de Assistência Social, CMAS, Conselho 
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, CMDCA e 
Conselho Tutelar.
• Plena: implementado conselho, fundo e plano, recursos fi nanceiros 
no fundo, implementado o Centro de Referência da Assistência 
Social, em número e capacidade de acordo com o porte de cada 
munícipio, plano de inserção e acompanhamento de benefi ciários do 
Benefício de Continuada (BPC), ter uma unidade de recepção para o 
BPC o diagnóstico de áreas de risco e de maior vulnerabilidade social, 
uma secretaria exclusiva no conselho, conselhos implementados 
e funcionando, como o Conselho Municipal de Assistência Social 
(CMAS), Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente 
(CMDCA) e Conselho Tutelar, sistema municipal de monitoramento e 
avalição por nível de proteção social, declarar a capacidade instalada 
de alta complexidade, cumprir os pacto do resultado, gestor do fundo 
nominado e lotado no órgão gestor de assistência social, uma política 
de recursos humanos com carreira para os trabalhadores do SUAS, 
uma unidade de recepção para o BPC e programas eventuais, 
prioridade de acesso aos benefi ciários do PBF, diagnóstico de áreas 
de risco e de maior vulnerabilidade social, secretaria exclusiva no 
conselho, conselhos implementados e funcionando, como o Conselho 
Municipal de Assistência Social (CMAS), Conselho Municipal dos 
Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) e Conselho Tutelar; 
sistema municipal de monitoramento e avalição por nível de proteção 
social, declarar a capacidade instalada de alta complexidade, cumprir 
os pacto do resultado, gestor do fundo nominado e lotado no órgão 
gestor de assistência social, política de recursos humanos com 
carreira para os trabalhadores do SUAS (NOB/SUAS, 2005).
Na gestão inicial, constitui o início da organização da Assistência 
Social, como política nos municípios, por meio de serviços ainda 
muito limitados. Os municípios que estão nesta fase de gestão inicial 
têm o encargo de:
[...] municiar e manter atualizadas as bases de dados 
dos subsistemas e aplicativos da Rede SUAS [...]; 
inserir no Cadastro Único as famílias em situação de 
maior vulnerabilidade social e risco, conforme critérios 
84
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
do Programa Bolsa Família [...] preencher o plano de 
ação no sistema SUAS-WEB e apresentar o relatório 
de gestão como forma de prestação de contas (NOB/
SUAS, 2005, p. 50). 
Analisando o referencial acima, percebe-se que os níveis de gestão básica e 
plena aumentam expressivamente as exigências de condições para a participação 
no Sistema, aumentando as responsabilidades municipais.
Cada município poderá solicitar a gestão básica, a partir do momento que 
começar a executar as ações citadas, acrescentando algumas atividades, para 
atender sua demanda de forma mais efetiva, podendo requerer o co-fi nanciamento 
dos serviços, programas e projetos socioasssistenciais. 
A gestão básica é um importante progresso na representação do SUAS. 
Pois, entre as requisições desacatam-se a implantação do CRAS e a manutenção 
de uma secretaria exclusiva do conselho de assistência social, conforme o porte 
de cada município, realizar o diagnóstico de áreas de maior concentração de 
vulnerabilidade.
Conforme a NOB/SUAS, para estruturarCentros de Referência 
de Assistência Social (CRAS), de acordo com o porte do município, 
em áreas de maior vulnerabilidade social, para gerenciar e executar 
ações de proteção básica no território referenciado, deve-se seguir 
os critérios a seguir:
• Pequeno Porte I – mínimo de 1 CRAS para até 2.500 famílias 
referenciadas. 
• Pequeno Porte II – mínimo de 1 CRAS para até 3.500 famílias 
referenciadas. 
• Médio Porte – mínimo de 2 CRAS, cada um para até 5.000 
famílias referenciadas.
• Grande Porte – mínimo de 4 CRAS, cada um para até 5.000 
famílias referenciadas. 
• Metrópoles – mínimo de 8 CRAS, cada um para até 5.000 
famílias referenciadas.
FONTE: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/arquivo/norma-
operacional-basica-do-suas.pdf/view>. Acesso em: 20 set. 2020.
85
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
O município, neste nível, deverá executar ações para:
[...] prevenir situações de risco por meio do 
desenvolvimento de potencialidades e aquisições. Por 
isso deve responsabilizar-se pela oferta de programas, 
projetos e serviços socioassistenciais que fortaleçam 
vínculos familiares e comunitários que promovam 
os Benefícios de Prestação Continuada (BPC) e 
transferência de renda e que vigiem direitos violados no 
território (NOB/SUAS, 2005, p. 51).
O nível de gestão do SUAS nos municípios se elava, na medida em que 
eles começam a assumir novas ações, como também aumenta as suas 
responsabilidades, recursos, refl etindo em um aumento na abrangência de 
acolhimento e atendimento dos usuários da Política de Assistência Social, 
podendo chegar no terceiro nível de gestão, a plena.
Através da gestão plena, os gestores municipais passam a se 
responsabilizarem pelas atividades e ações dos outros dois níveis de gestão, e 
na organização e implementação da Proteção Social Especial de Média e Alta 
Complexidade. 
Através da descentralização da assistência social para os estados e 
municípios foi necessária uma coordenação estratégica, que tinha capacidade de 
articular e organizar o sistema de gestão, por meio da pactuação de regras claras 
e objetivas, garantindo a efetivação das ações em todos os níveis.
É importante destacar que nem todo município pode aderir ao nível de gestão 
Básica ou da Gestão Plena, a adesão aos níveis mencionados acima depende e é 
realizada em conformidade com o porte de cada município.
Na legislação estão previstas diretrizes e ações com critérios fundamentais 
para a implementação e desenvolvimento da Política de Assistência Social. Nesse 
sentido, é necessário que aconteça a descentralização político-administrativo 
dentre as esferas governamentais.
Existe uma diferença entre descentralizar e municipalizar as políticas públicas 
na sua totalidade, sendo:
86
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
• Descentralizar: quando se distribui, compartilha e/ou divide os recursos 
destinados a uma determinada política pública.
• Municipalizar: quando acontece uma transferência de responsabilidade, 
porém sem partilhar do poder de decisão.
Uma das maiores provações na implementação do SUAS, nos municípios, 
acontece através da descentralização, pois acontece entre todos os entes 
federados, ou seja, em âmbito da União, Estados, Distrito Federal e os Municípios.
Os municípios são os responsáveis pela elaboração, formulação e 
implantação das ações que estão relacionadas diretamente com os usuários, 
através da oferta de serviços, programas e projetos, devido à aproximação da 
própria relação entre os vínculos comunitários e poder público.
Em muitas ações municipais estão sendo utilizados os dados do Cadastro 
Único para Programas Sociais (CadÚnico).
O CadÚnico foi disciplinado pelo Decreto nº 6.135 de 36 de junho de 2007 e 
regulamentado pela Portaria nº 376, de 16 de outubro de 2008, tornando-se um 
instrumento da PNAS, de coleta de dados e informações, buscando a identifi cação 
de todas as famílias com vulnerabilidades sociais e de baixa renda no país, sendo 
considerado como porta de entrada para os programas e serviços sociais.
No CadÚnico deverão serem cadastradas as famílias com renda mensal 
de até meio salário mínimo por pessoa, as famílias com uma renda superior a 
esse critério poderão ser incluídas no cadastro se a inclusão estiver vinculada a 
uma seleção ou acompanhamento em algum programa social, desenvolvido pela 
União, estados ou municípios.
Os dados das famílias são coletados através do preenchimento 
do formulário do CadÚnico, sendo um formulário por família e as 
principais informações cadastradas são: 
• Características do domicílio (número de cômodos, tipo de 
construção, tratamento da água, esgoto e lixo).
• Composição familiar (número de componentes, existência de 
pessoas com defi ciência).
• Identifi cação e documentação de cada componente da família.
• Qualifi cação escolar dos componentes da família.
• Qualifi cação profi ssional e situação no mercado de trabalho.
87
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
• Remuneração.
• Despesas familiares (aluguel, transporte, alimentação e 
outras).
FONTE: <http://www.mds.gov.br/programabolsafamilia/cadastro_
unico/o-que-e-1 Acessado em />. Acesso em: 13 set. 2020.
O CadÚnico é utilizado pelo Governo Federal para identifi car possíveis 
potencialidades dos benefi ciários dos programas sociais, como Bolsa Família, 
Projovem Adolescente/Agente Jovem, Tarifa Social Elétrica e Programa de 
Erradicação do Trabalho Infantil (PETI).
Quando uma família é cadastrada no CadÚNICO, não signifi ca que ela 
será incluída nos programas sociais, sua inclusão acontecerá após a seleção, 
atendimento e acompanhamento por tais programas conforme os critérios e 
procedimentos de cada um.
O CadÚNICO necessita da participação dos três níveis governamentais, 
atuando de forma articulada para cumprir as suas responsabilidades e 
competências para combater a pobreza e as desigualdades sociais.
Dessa forma, compete a cada esfera de governo e Agente 
Operador do CadÚnico o seguinte: 
Compete aos municípios:
• Identifi car as famílias que compõem o público-alvo do Cadastro 
Único e registrar seus dados nos formulários específi cos.
• Analisar os dados e zelar pela qualidade das informações 
coletadas.
• Digitar, em sistema específi co, e transmitir os dados das famílias 
cadastradas, acompanhando o retorno do processamento pela 
Caixa (arquivo-retorno). 
• Manter atualizada a base de dados municipal do Cadastro Único.
• Dispor de infra-estrutura e recursos humanos permanentes para 
a execução das atividades inerentes à operacionalização do 
CadÚnico.
• Estimular a utilização dos dados do Cadastro Único para o 
planejamento e gestão de políticas públicas locais voltadas à 
88
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
população de baixa renda, executadas no âmbito do governo 
local.
• Prestar apoio e informações às famílias de baixa renda sobre o 
Cadastro Único.
• Arquivar os formulários em local adequado por um período 
mínimo de 5 anos.
Compete aos estados:
• Coordenar o processo de cadastramento em âmbito estadual.
• Analisar os dados do Cadastro Único e verifi car as principais 
necessidades das famílias.
• Constituir legalmente e com funcionamento regular um colegiado 
intersetorial ou uma coordenação, do PBF e do CadÚnico, com 
pelo menos um representante de cada uma das seguintes áreas, 
sem prejuízo de outras: a) assistência social; b) educação; c) 
saúde; d) planejamento.
• Contribuir para a ampliação do acesso da população pobre, 
inclusive indígenas e quilombolas, à documentação civil, com 
prioridade para o registro civil de nascimento.
• Promover atividades de capacitação aos municípios, apoiando-os 
técnica e logisticamente.
• Contribuir para a identifi cação e o cadastramento de populações 
tradicionais e específi cas. 
• Estimular o uso do cadastro pelos programas das demais 
Secretarias Estaduais e dos municípios.
• Motivar os municípios a manter atualizada a basede dados do 
Cadastro Único.
Compete à Secretaria Nacional de Renda de Cidadania – 
Senarc, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à 
Fome – MDS:
• Coordenar, acompanhar e supervisionar, no âmbito federal, a 
gestão, a implantação e a execução do CadÚnico.
• Emitir regulamentos e instruções operacionais sobre o CadÚnico, 
para subsidiar procedimentos que se verifi carem necessários à 
operacionalização dele.
• Articular os processos de capacitação de gestores e de outros 
agentes públicos envolvidos com a operação do CadÚnico.
• Avaliar a conformidade e qualidade do CadÚnico, defi nindo 
estratégias para buscar a veracidade e aumentar a qualidade das 
informações nele registradas. 
• Tornar disponível atendimento aos governos locais para 
esclarecimentos de dúvidas referentes ao CadÚnico.
89
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
• Estimular o uso do cadastro por outros órgãos do Governo 
Federal, pelos estados, Distrito Federal e municípios.
• Disponibilizar para os estados, periodicamente, a base de dados 
dos municípios situados em sua área de abrangência.
• Adotar procedimentos de fi scalização e controle, com intuito de 
detectar falhas ou irregularidades.
• Autorizar o envio de formulários de cadastramento aos governos 
locais.
Compete ao Agente Operador do CadÚnico – CAIXA:
• Fornecer e remeter os formulários utilizados para o cadastramento 
das famílias, mediante autorização do MDS.
• Desenvolver, sob supervisão do MDS, os aplicativos necessários 
à digitação e à transmissão dos dados cadastrais.
• Processar os cadastros enviados pelos municípios, identifi cando 
e atribuindo o Número de Identifi cação Social (NIS) para as 
pessoas cadastradas.
• Capacitar gestores e técnicos no sistema operacional, mediante 
autorização do MDS.
• Manter atendimento operacional e suporte técnico próximo aos 
municípios. 
FONTE: <http://www.mds.gov.br/programabolsafamilia/
cadastro_unico/o-que-e-1>. Acesso em: 13 set. 2020.
A inscrição no Cadastro Único ou atualização dos dados cadastrais ou 
quando for necessário é um direito de toda a população de baixa renda, cabe 
aos municípios e ao Distrito Federal manter uma estrutura física e humana 
para acolher a demanda populacional em um tempo ágil, mesmo através de 
agendamento de entrevistas, como hora e data marcada.
Os municípios e o DF precisam dispor de uma equipe técnica de trabalho 
qualifi cada e de uma estrutura física adequada para desenvolver as atividades.
Para conhecer melhor como deve ser composta a equipe técnica do 
CadÚnico e da infraestrutura necessária, acesse o link: <http://mds.gov.br/
assuntos/cadastro-unico>.
Um exemplo de prática da descentralização da Política de Assistência Social 
acontece através da implementação dos Centros de Referências de Assistência 
Social (CRAS) nos territórios municipais, em especial aos que contêm uma maior 
90
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
vulnerabilidade social e também dos Centros Especializados de Referências 
de Assistência Social (CREAS), permitindo assim um atendimento integral, 
territorialidade, intersetorial, através de um trabalho de rede de atendimento 
socioassistencial.
O cuidado que se deve ter com a descentralização é de não isolar as famílias 
em vulnerabilidade social e sim garantir o direito ao acesso a cidades, fortalecendo 
e ampliando os conhecimentos dos seus direitos sociais.
O SUAS precisa garantir toda uma infraestrutura necessária para atender às 
demandas nos territórios e atender às necessidades dos usuários que necessitem 
da Política de Assistência Social através da proteção social.
 A NOB/SUAS (2005) preconiza que a Proteção Social de Assistência Social, 
ao ter um foco voltado para a emancipação dos usuários, através de um processo 
de desenvolvimento humano e social e na conquista de seus direitos, tem como 
princípios fundamentais:
• A matricialidade sociofamiliar.
• A territorialização.
• A proteção pró-ativa.
• A integração à seguridade social.
• A integração às políticas sociais e econômicas.
Com isso, a Proteção Social tem por assegurado a segurança de acolhida, 
a segurança social de renda, a segurança do convívio ou vivência familiar, 
comunitária e social; a segurança do desenvolvimento da autonomia individual, 
familiar e social; e a segurança de sobrevivência a riscos circunstanciais.
O SUAS estabelece os serviços socioassistenciais a partir dos seguintes 
desempenhos:
• Vigilância sociassistencial: consiste na metodologia de gestão da informação 
da realidade social das famílias analisando os territórios onde convivem; implica 
na competência de lançar informações sobre vulnerabilidades territorialidades 
que se sucedem sobre as famílias nos diferentes ciclos de vida.
• Proteção social: consiste no conjunto de ações, cuidados, atenções, 
benefícios e auxílios ofertados pelo SUAS para redução e prevenção do impacto 
das vicissitudes naturais ao ciclo de vida, a dignidade humana e a família como 
núcleo básico de sustentação afetiva, biológica e relacional (NOB/SUAS, 2005, p. 
92).
• Defesa social e institucional: incide na segurança ao acesso aos direitos 
socioassistenciais e seu amparo, necessitando ser por meio de instrumentos 
91
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
como: ouvidorias, centros de referência, centros de apoio sócio jurídico, conselhos 
de direitos.
O SUAS institui uma maneira de organizar as ações de Proteção Social, da 
Política de Assistência Social, conforme a complexidade dos serviços efetuados, 
que foram classifi cadas em:
• Proteção Social Básica.
• Proteção Social Especial, que foi subdividindo-se em: Proteção Social 
Especial de Média e Alta Complexidade.
Os serviços efetuados como os Benefícios Assistenciais continuaram a ser 
desenvolvidos conforme critérios da Política de Assistência Social.
A organização do SUAS mediante os dois tipos de proteção social está 
consolidada através dos equipamentos públicos chamados de:
• Centros de Referência de Assistência Social (CRAS). 
• Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS).
• Centros de Referência para População de Rua (CENTROPOP). 
As responsabilidades desses equipamentos são dos gestores municipais, 
podendo ser ou não cofi nanciados pelo Governo Federal. Os CRAS, CREAS e 
CENTROPOP são unidades públicas e estatais e que percebem e identifi cam 
a presença do Estado nos diferentes territórios, em especial os que possuem o 
maior nível de vulnerabilidade social, como espaço para intervenção profi ssional 
no cotidiano da população, buscando uma nova história de vida para os usuários 
da Assistência Social.
Os serviços, programas, projetos e benefícios são organizados através do 
SUAS, através da referência territorial, levando em consideração as necessidades 
e as demandas dos usuários, porém, o principal foco de atenção deve ser a 
família.
A modalidade diferencia os benefícios sociais da seguinte maneira:
• Benefícios de Prestação Continuada (BPC): é um direito constitucional 
para idosos e pessoas com defi ciência no Brasil, que visa promover a participação, 
a autonomia e a inclusão efi caz destes cidadãos na sociedade. Por ser um 
benefício que possibilita, de maneira articulada com outras políticas de direitos, 
a garantia de renda, constitui-se como um trabalho contínuo com os benefi ciários 
e suas respectivas famílias, visando à superação das vulnerabilidades através da 
inserção deles nos serviços socioassistenciais. 
92
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
O BPC é um benefício individual, não vitalício e intransferível, que garante 
a transferência mensal de 1 (um) salário mínimo para pessoa idosa, com 65 
(sessenta e cinco) anos ou mais, e para pessoa com defi ciência de qualquer 
idade, que comprove não possuir meios de se sustentar ou de ser sustentada pela 
família. 
O BPC é um benefício da política de Assistência Social, que agrega a 
Proteção Social Básica do Sistema Únicode Assistência Social (SUAS). Para ter 
direito a ele, não é necessário ter contribuído com a Previdência Social. De acordo 
com o Art. 21 da LOAS, o BPC deve ser revisto a cada dois anos para avaliação 
da continuidade das condições que lhe deram origem.
 Os programas de assistência social integram atividades integradas 
e complementares, conforme a LOAS, e são defi nidos pelos Conselhos de 
Assistência Social, sendo eles:
• Benefícios Eventuais: esses benefícios estão previstos na LOAS 
(1993) sob a responsabilidade de provisões da gestão municipal, através de 
fi nanciamento e prestação, e estadual, por cofi naciamento.
Esses benefícios são caracterizados pelas atitudes suplementar e provisória 
e são ofertados às pessoas e famílias, em alguma eventualidade, como 
nascimento, morte, calamidade pública e outras vulnerabilidades sociais.
Atualmente os Benefícios Eventuais estão garantidos pelo Art. 22 da Lei nº 
8.742, de 7 de dezembro de 1993, Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), e 
que foi alterada pela Lei nº 12.435, de 6 de julho de 2011. 
Em conjunto com os serviços socioassistencias, associam as garantias do 
Sistema Único de Assistência Social (SUAS), por meio dos embasamentos dos 
princípios de cidadania e dos direitos sociais e humanos.
Os benefícios passaram por diversas e importantes mudanças para se 
chegar na forma que está hoje, em 1954. Através do Decreto nº 35.448, foram 
criados, na conjuntura da Previdência Social, o auxílio-maternidade e o auxílio-
funeral, propostos aos segurados e aos dependentes. 
Eles eram oferecidos no valor de um salário mínimo, por meio de uma 
carência mínima de 12 contribuições mensais ao Sistema da Previdência Social. 
O auxílio-maternidade era prestado à mulher segurada da Previdência ou ao 
segurado em virtude do parto de sua esposa. O auxílio-funeral era coberto a 
quem comprovasse pagar as despesas de funeral com um certo segurado da 
93
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
Previdência Social e não havia tempo mínimo de contribuição para ter acesso ao 
auxílio.
A Lei n° 3.807, aprovada em 28 de janeiro de 1960, chamada de Lei 
Orgânica da Previdência Social (LOPS), causou alterações no auxílio-funeral, que 
passou a ser fi xado em duas vezes o valor do salário mínimo vigente, repassado 
aos dependentes do segurado falecido, para auxiliar nas despesas do funeral, 
conforme o Art. 44, da LOPS, e Art. 105, do Decreto nº 48.959-A/1960. 
Esses benefícios sofreram alterações novamente, através da aprovação da 
Lei nº 8.213, de 24 de agosto de 1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios 
da Previdência Social, introduzindo o início da seletividade, nomeando como 
benefi ciários os segurados com renda, de até Cr$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros), 
valor equivalente a três salários mínimos da época. A da Previdência Social fi cou 
com essa prestação até 1996.
Somente quando a Assistência Social começou a garantir a cautela às 
pessoas por circunstância de nascimento ou morte, na confi guração de benefícios 
eventuais, sem a requisição de contribuições prévias e como uma segurança 
afi ançada por essa Política, que a Previdência Social não fi cou mais responsável 
por esses benefícios.
Os Benefícios Eventuais vêm se consolidando e adotando forma à medida 
que a política de assistência social se concretiza e materializa como um direito do 
cidadão e dever do Estado. 
Através da Resolução nº 212, de 19 de outubro de 2006, o Conselho 
Nacional de Assistência Social (CNAS) e a União, por intermédio do Decreto nº 
6.307, de 14 de dezembro de 2007, constituíram critérios com orientação para a 
regulamentação e a providência de Benefícios Eventuais, na esfera da Política 
Pública de Assistência Social nos municípios, nos estados e no Distrito Federal.
O Decreto nº 6.307/2007 defi ne como modalidades de 
Benefícios Eventuais:
• Natalidade para atender preferencialmente:
• Necessidades do bebê que vai nascer.
• Apoio à mãe nos casos em que o bebê nasce morto ou morre 
logo após o nascimento.
• Apoio à família no caso de morte da mãe.
94
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
• Funeral para atender preferencialmente:
• Despesas de urna funerária, velório e sepultamento.
• Necessidades urgentes da família advindas da morte de um de 
seus provedores ou membros.
• Ressarcimento no caso da ausência do Benefício Eventual, no 
momento necessário.
• Vulnerabilidade Temporária para o enfrentamento de situações 
de riscos, perdas e danos à integridade da pessoa e/ou de sua 
família. 
• Calamidade Pública para o atendimento das vítimas de 
calamidade pública, de modo a garantir a sobrevivência e a 
reconstrução da autonomia delas.
Os programas, serviços, projetos e benefícios que são vinculados com as 
políticas de saúde, educação e outras políticas setoriais, mediante o Art. 9 do 
Decreto nº 6.307/07, não se confi guram como Benefícios Eventuais da Assistência 
Social.
O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome realizou, 
em outubro de 2009, um Levantamento Nacional dos Benefícios Eventuais, 
possibilitando uma ação conjunta com outros segmentos. 
Em outubro de 2009, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à 
Fome (MDS) realizou o Levantamento Nacional sobre os Benefícios Eventuais 
o qual permitiu obter uma visão geral do fornecimento desses benefícios, como 
também um levantamento dos progressos e problemas que a maioria dos 
municípios enfrentam.
Através dos critérios utilizados na coleta de dados deste levantamento, no 
ano de 2010, o CNAS criou o Grupo de Trabalho Benefícios Eventuais através da 
Resolução CNAS nº 21 de julho de 2010, objetivando a discussão do resultado 
do Levantamento Nacional dos Benefícios Eventuais/2009 e propor diretrizes 
para concessão dos benefícios, diante das demandas atribuídas da política de 
assistência social e de saúde.
Através do resultado deste grupo de trabalho, formado por representantes 
do MDS, MS, CNAS e CNS, foi aprovada a Resolução CNAS nº 39, de 9 de 
dezembro de 2010, que dispõe sobre o novo processo de reordenamento dos 
95
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
Benefícios Eventuais da Política de Assistência Social relacionado com à Política 
de Saúde.
No Art 1º desta resolução, dispõe que não são de responsabilidade da política 
de assistência social instrumentos que se referem à órtese e prósteses, cadeiras 
de roda, muletas, óculos, leites, dietas de prescrição especiais, como também o 
fornecimento de fraldas descartáveis para pessoas que necessitam.
O consentimento e o valor dos Benefícios Eventuais devem ser decididos 
pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios e previstos na lei 
orçamentária anual, baseados em critérios e prazos defi nidos pelos Conselhos de 
Assistência Social.
Os Benefícios Eventuais podem ser ofertados através da exposição de 
demandas dos indivíduos e sua família em situação de vulnerabilidade ou então 
por identifi cação das demandas durante o atendimento e acompanhamento 
sociofamilair dos usuários(as) nos serviços de Proteção Social Básica e Proteção 
Social Especial.
As Resoluções do CNAS nº 18, de julho de 2013, e nº 32, de 31 de outubro 
de 2013, constituem as prioridades e as metas para a gestão municipal, estadual, 
e Distrito Federal e as obrigações do Governo Federal. 
O Governo Federal dispõe de alguns Programas Sociais, não podendo 
esquecer que programa não é uma política social, podendo ser extintas conforme 
o interesse de cada gestão.
Como exemplo, pode-se citar o Programa Bolsa Família, que colabora 
e contribui para combater a pobreza e a desigualdade social em todo território 
brasileiro. Foi criado em 2003, no governo do Luiz Inácio Lula da Silva, está 
fi rmado através Lei Federal nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004 e foi regulamentado 
pelo Decreto nº 5.209, de 17 de setembro de 2004, e outras normas. 
É um programa de transferência de renda direta ao usuário, com 
condicionalidades (compromissosassumidos nas áreas de educação, de saúde e 
de assistência social), focado nas famílias em situação de pobreza e de extrema 
pobreza em todo o Brasil. Ele está incluído no Plano Brasil Sem Miséria (BSM), 
fundamentado na garantia de renda, na inclusão produtiva e no acesso aos 
serviços da área social.
96
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
O Bolsa Família possuí três eixos principais, sendo eles:
• Complemento da renda: todos os meses, as famílias atendidas 
pelo Programa recebem um benefício em dinheiro, que é 
transferido diretamente pelo governo federal. Esse eixo 
garante o alívio mais imediato da pobreza.
• Acesso a direitos: as famílias devem cumprir alguns 
compromissos (condicionalidades), que têm como objetivo 
reforçar o acesso à educação, à saúde e à assistência 
social. Esse eixo oferece condições para as futuras 
gerações quebrarem o ciclo da pobreza, graças a melhores 
oportunidades de inclusão social. 
• Articulação com outras ações: o Bolsa Família tem capacidade 
de integrar e articular várias políticas sociais a fi m de estimular 
o desenvolvimento das famílias, contribuindo para elas 
superarem a situação de vulnerabilidade e de pobreza. 
FONTE: <http://mds.gov.br/assuntos/bolsa-familia/o-que-e>. Acesso em: 13 set. 2020.
As condicionalidades impostas pelo programa não se confi guram como uma 
punição e sim na lógica de que os direitos sociais básicos sejam acessados por 
toda a população que se encontre em condições de vulnerabilidades sociais, 
pobreza ou extrema pobreza. Diante disso, todos os níveis de governo devem 
assegurar a oferta de serviços socioassitenciais.
O Bolsa Família, como programa social, tem a competência de agregar e 
articular com outras políticas públicas, focando na estimulação do desenvolvimento 
da autonomia familiar. A gestão do programa é descentralizada, todos 
os entes federados têm suas atribuições na sua execução.
Para saber mais sobre o Programa Bolsa Família, acesse:
<http://mds.gov.br/assuntos/bolsa-familia>
A responsabilidade de realizar as ações socioassistencial 
de Proteção Social Básica e Especial pertence às organizações 
governamentais, através de convênios, parcerias e ajustes com entidade e 
instituições de Assistência Social.
Para saber mais 
sobre o Programa 
Bolsa Família, 
acesse:
<http://mds.gov.
br/assuntos/bolsa-
familia>
97
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
O objetivo da Proteção Social Básica, conforme a PNAS (2004, 
p. 33):
[...] prevenir situações de risco por meio do 
desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o 
fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. 
Destina-se à população que vive em situação de 
vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação 
(ausência de renda, precário ou nulo acesso aos 
serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização 
de vínculos afetivos – relacionais e de pertencimento 
social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou 
por defi ciências, dentre outras).
Conforme a NOB/SUAS (2005, p. 23-24), a Política de Assistente Social 
deverá ser operada por intermédio de:
a) Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), territorialidades de 
acordo com o porte do município.
b) Rede de serviços socioeducativos direcionados para grupos geracionais, 
intergeracionais, grupos de interesse, entre outros.
c) Benefícios eventuais.
d) Benefícios de Prestação Continuada. 
e) Serviços e projetos de capacitação e inserção produtiva.
O CRAS, como equipamento da Política de Assistência Social, deve executar 
os serviços de Proteção Básica, pois é um equipamento estatal do SUAS, visando 
trabalhar as famílias, por meio de uma visão e ações de empoderamento, o que 
signifi ca que, em toda a história da assistência social, trabalhou-se de maneira 
emergencial e com atitudes vocalista, e por meio do SUAS inicia-se um trabalho 
voltado para a prevenção.
O CRAS tem como função oferecer suporte para que o cidadão que se 
encontra em condições de vulnerabilidades social e que acaba sendo envolvido 
em um ciclo de exclusão social, que é originado do modelo de acumulação 
capitalista.
O trabalho realizado pelo CRAS tem como foco central o atendimento à 
família, uma vez que ela se encontra em um contexto de vulnerabilidade e de 
exclusão social, e necessitam de amparo, proteção e sustentabilidade.
98
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
Para as famílias, o CRAS deve ser considerado uma referência, pois será 
através desse equipamento que elas terão possibilidade de acessar outras 
políticas públicas, como também viabilizar a garantia de seus direitos sociais. 
Para realizar as ações previstas no CRAS, é necessário que ele tenha uma 
equipe de referência e que consiga realizar o trabalho de maneira interdisciplinar. 
A ampliação de CRAS nos municípios depende da realização das etapas que eles 
deverão seguir, que abrangem a aceitação formal através do sistema informatizado 
como o Governo Federal, e adotam o cofi nanciamento federal. Através deste ato, 
o município passa a aceitar os compromissos elencados pelo Governo Federal, 
através do Ministério do Desenvolvimento Social, por meio de demonstração de 
condições e capacidade de implementação do Serviço de Proteção e Atendimento 
Integral à Família (PAIF).
A Tipifi cação Nacional de Serviços Socioassistenciais, conforme anexos, 
organizados por níveis de complexidade do SUAS: Proteção Social Básica e 
Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade, será apresentada no 
próximo tópico.
A ampliação de CRAS tem como objetivo a sua universalização, ponderando 
as particularidades e especifi cidades das diversas realidades econômicas, 
culturais, étnicas e sociais de cada região do Brasil. 
Sobre os Serviços de Proteção Social Especial é importante ressaltar que 
eles têm como foco de intervenção as famílias e indivíduos em situação de risco 
pessoal ou social, ou seja, em situação de violência, em que seus direitos são 
violados, ameaçados, ou não há acesso a eles.
Esse nível de proteção tem estreita conexão com o sistema de garantia de 
direitos, atuando nas situações de maus-tratos físicos e ou psíquicos, abandono, 
cumprimento de medidas socioeducativas, uso de substâncias psicoativas, 
situação de rua ou de trabalho infantil, e outras situações de violação de direitos.
Na maioria das situações em que ocorre a violação dos direitos, 
vulnerabilidade e risco social, elas afetam os núcleos familiares e suas relações, 
como também os vínculos comunitários, causando confl itos, discórdias, 
tensões, rupturas, exigindo um atendimento especializado e demandando de 
uma articulação entre os instrumentos de defesa de direitos, como Ministério e 
Defensoria Pública, Conselhos Tutelares, Juizados, Delegacia Especializada e 
outros, como também outras políticas públicas, Saúde, Habitação, Educação e 
outras.
99
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
A Proteção Social Especial está subdividida em Serviços de Média e Alta 
Complexidade.
Conforme a NOB/SUAS (2005, p. 24), a Proteção Social 
Especial, por ter como referencial de atuação as situações de risco 
ou violação de direitos, inclui:
a) Crianças e adolescentes em situação de trabalho.
b) Adolescentes em medida socioeducativa. 
c) Crianças e adolescentes em situação de abuso e/ou 
exploração sexual. 
d) Crianças, adolescentes, pessoas com defi ciência, idosos, 
migrantes, usuários de substâncias psicoativas e outros indivíduos 
em situação de abandono. 
e) Famílias com presença de formas de negligência, maus-
tratos e violência.
A responsabilidade de executar os Serviços de Proteção Social Especial 
de Média Complexidade cabe ao Centros Especializados de Assistência Social 
(CREAS), sendo unidades públicas estatais e que dispõe de atendimento às 
famílias e ao indivíduos em situação de risco, em que os vínculos familiares e 
comunitários não foram interrompidos.
O CREAS realiza serviços especializados para as famílias ouindivíduos 
vitimados e em situação de violação de direitos, através de atendimento e proteção 
imediata. Esses serviços são oferecidos por meio de uma equipe multiprofi ssional, 
através de acompanhamento técnico especializado, e contínua articulação com 
toda a rede de serviços socioassistenciais e outras políticas públicas, como 
também em conjunto com o Sistema de Garantia de Direitos, como Conselho 
Tutelar, Vara da Infância e da Juventude, Ministério Público, Defensoria Pública 
e outros.
Os Serviços de Proteção Social Especial de Alta Complexidade são os que 
garantem a proteção integral, ou seja, alimentação, moradia, higienização e 
proteção, para os indivíduos ou famílias que se encontram em situação de ameaça 
ou sem referência familiar, quando necessitam ser retirados do seu núcleo familiar 
ou comunitário. Estes equipamentos de proteção integral podem ser: Atendimento 
100
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
Integral Institucional, Família Substituta, Família Acolhedora, Casa Lar, Casa 
de Passagem, Repúblicas, Medidas Socioeducativas Restritivas e Privativas de 
Liberdade e Trabalho Protegido.
Esses serviços precisam garantir o fortalecimento dos vínculos familiares e/
ou comunitários e o desenvolvimento da autonomia dos usuários.
Diante das observações descritas anteriormente, os CRAS e CREAS são 
instrumentos fundamentais na efetivação do SUAS, pois concretizam de forma 
coerente e correta a descentralização das Políticas de Assistência Social, fazendo 
com que os serviços, programas e projetos consigam estar mais perto dos 
usuários que necessitarem dessa política pública.
Os CRAS e CREAS, sendo implementados nos territórios das famílias, com 
maior vulnerabilidade social, tornam-se equipamentos em que os profi ssionais da 
Política de Assistência Social, não só o Assistente Social, possam conhecer as 
demandas sociais de cada núcleo familiar, facilitando assim o acesso e a garantia 
dos direitos.
Leitura Complementar 
A Política Pública de Assistência Social Enquanto 
Estratégia na Garantia dos Direitos Humanos
Tiago Gomes Cordeiro
A divisão das atenções por categorias perpassa a perspectiva 
compensatória de entendimento provida pela assistência social, a 
partir do risco já instalado, conforme destaca Sposati (2006, p. 112):
O Suas, ao propor a proteção social básica além da 
especial, ultrapassa o “caráter compensatório” do 
entendimento corrente da proteção social provida pela 
assistência social como política de seguridade social 
por ocorrer, via de regra, após a gravidade do risco 
instalado.
À proteção social básica cabe prevenir situações de risco, 
desenvolvendo potencialidades, por meio do fortalecimento 
dos vínculos familiar e comunitário. Essa proteção prevê o 
desenvolvimento de serviços, programas e projetos de acolhimento 
101
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
para a convivência e socialização das famílias e indivíduos, com o 
objetivo de prevenir situações de risco. Tem como foco populações 
que estejam em situação de vulnerabilidade social decorrente da 
pobreza, privação ou fragilização de vínculos afetivos. As execuções 
desses serviços acontecem de forma direta, por meio do Cras, por 
outras unidades públicas de assistência social, ou até mesmo de 
forma indireta pelas organizações.
No que tange à proteção social especial, tem-se como foco a 
atenção voltada a famílias e indivíduos em situações de risco pessoal 
e social, sendo essas caracterizadas como: situação de abandono, 
maus-tratos físicos ou psíquicos, abuso sexual, uso de substâncias 
psicoativas, cumprimento de medidas socioeducativas, situação de 
rua, situação de trabalho infantil, entre outras (PNAS, 2004).
Quanto aos serviços da proteção social especial, a Pnas (2004, 
p. 31) defi ne que: sociais conveniadas “Têm estreita interface com 
o sistema de garantia de direito exigindo, muitas vezes, uma gestão 
mais complexa e compartilhada com o Poder Judiciário, Ministério 
Público e outros órgãos e ações do Executivo”.
Essa categoria de proteção requer acompanhamento individual, 
com mais ênfase nas famílias e indivíduos. Por tratar de risco pessoal 
e social, deve ser tomada com mais precaução e atenção, sendo 
que muitos casos têm relação próxima com o Poder Judiciário e o 
Ministério Público. Esse modelo de proteção classifi ca-se em duas 
modalidades, de média e de alta complexidade.
Com relação à alta complexidade, os serviços são: “Aqueles que 
garantem proteção integral – moradia, alimentação, higienização e 
trabalho protegido para famílias e indivíduos que se encontram sem 
referência e/ou em situação de ameaça, necessitando ser retirados 
de seu núcleo familiar e/ou comunitário (PNAS, 2004. p. 32). 
Nessa proteção, os serviços concedidos são: atendimento 
integral institucional; casa/lar; república; casa de passagem; albergue; 
família substituta; família acolhedora; medidas socioeducativas de 
privação de liberdade e trabalho protegido (PNAS, 2004). No que se 
refere à média complexidade, a Pnas (2004, p. 32) defi ne que:
São considerados serviços de média complexidade 
aqueles que oferecem atendimentos às famílias e 
indivíduos com seus direitos violados, mas cujos 
vínculos familiar e comunitário não foram rompidos. 
102
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
Neste sentido, requerem maior estruturação 
técnico-operacional e atenção especializada e mais 
individualizada e/ou acompanhamento sistemático e 
monitorado. 
Os serviços oferecidos na proteção de média complexidade são: 
serviço de orientação e apoio sociofamiliar; plantão social; abordagem 
de rua; cuidado no domicílio; serviço de habilitação e reabilitação na 
comunidade das pessoas com defi ciência; medidas socioeducativas 
em meio aberto – Prestação de Serviços Comunitários (PSC) e 
Liberdade Assistida (LA). 
Entre os serviços ofertados, destacamos que o Centro de 
Referência Especializado da Assistência Social (Creas) encontra-se 
situado nessa categoria. Conforme defi ne a PNAS (2004, p. 32):
A proteção especial de média complexidade envolve 
também o Centro de Referência Especializado da 
Assistência Social, visando a orientação e o convívio 
sociofamiliar e comunitário. Difere-se da proteção 
básica por se tratar de um atendimento dirigido às 
situações de violação de direitos. 
 O Creas diferencia-se dos serviços da proteção social básica, 
por dar ênfase ao trabalho especializado, atendendo a situações de 
violação de direitos, mas cujos vínculos familiar e comunitário não 
foram rompidos. 
O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 
(MDS), para dinamizar o Creas, criou o Guia de Orientação no 1 
– Creas (primeira versão) e o documento de Orientações sobre a 
Gestão do Creas (primeira versão, formato didático).
 Nesses documentos, encontra-se todo o conteúdo de 
desenvolvimento do Creas, como: a caracterização, organização, 
gestão, o fi nanciamento, a estrutura de equipe, os serviços ofertados, 
entre outros temas. 
Com relação à característica do serviço, observa-se que este 
deve ser uma unidade pública estatal de atenção especializada 
à população com direitos violados. Suas ações devem fomentar 
o atendimento e o acompanhamento a partir de um conjunto de 
profi ssionais especializados.
O Creas constitui-se numa unidade pública estatal, de 
prestação de serviços especializados e continuados 
a indivíduos e famílias com seus direitos violados, 
103
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
promovendo a integração de esforços, recursos e meios 
para enfrentar a dispersão dos serviços e potencializar 
a ação para os seus usuários, envolvendo um conjunto 
de profi ssionais e processos de trabalhos que devem 
ofertar apoio e acompanhamento individualizado 
especializado (GUIA DE ORIENTAÇÃO Nº 1, 2005, p. 
3). 
Entre os eixos norteadores do trabalho do Creas, destacam-se o território, 
a localização da unidade de atendimento, que deve ser de fácil acesso para aspessoas, e a rede de serviços socioassistenciais.
Quanto ao atendimento, esse deve ter como centralidade da atenção a família, 
potencializando os recursos e o protagonismo na participação social a partir de 
uma atenção especializada, objetivando o acesso a direitos socioassistenciais.
Quanto à orientação para o desenvolvimento do trabalho, a acolhida e a 
escuta especializada devem proporcionar, entre outros aspectos:
• O fortalecimento da função protetiva da família.
• A interrupção de padrões de relacionamento familiares e 
comunitários com violação de direitos. 
• A potencialização dos recursos para a superação da situação 
vivenciada e reconstrução de relacionamentos familiares, 
comunitários e com o contexto social, ou construção de novas 
referências, quando for o caso. 
• O acesso das famílias e indivíduos a direitos socioassistenciais e à 
rede de proteção social. 
• O exercício do protagonismo e da participação social. 
• A prevenção de agravamentos e da institucionalização 
(ORIENTAÇÕES SOBRE A GESTÃO DO CREAS, primeira 
versão, formato didático, 2005, p. 6).
Na perspectiva de articulação da rede de serviços, cabe ao Creas ainda ser 
um dos articuladores da rede de proteção de média complexidade em interface 
com a básica e a especial, junto com as demais políticas públicas e outros setores, 
a fi m de que sejam realizadas ações integradas. Nesse sentido, deve articular 
reuniões e encontros periódicos com a rede de serviços local.
O Creas deve articular os serviços de média 
complexidade e operar a referência e a contra-
referência com a rede de serviços socioassistenciais 
da proteção social básica e especial, com as demais 
políticas públicas e demais instituições que compõem o 
Sistema de Garantia de Direitos e movimentos sociais. 
Para tanto, é importante estabelecer mecanismos de 
articulação permanente, como reuniões, encontros ou 
104
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
outras instâncias para discussão, acompanhamento e 
avaliação das ações, inclusive as intersetoriais (GUIA 
DE ORIENTAÇÃO Nº 1, 2005, p. 5). 
Tanto a PNAS quanto o Suas apresentam importantes 
contribuições para a consolidação da política de assistência 
social, principalmente ao tratarem da centralidade da política na 
matricialidade familiar, garantindo, assim, as convivências familiar e 
comunitária dos indivíduos.
Um importante atributo refere-se ao conjunto de serviços, 
programas e projetos que constituem o Suas, que pode ser prestado 
de forma direta – pelo Estado – ou por meio de convencimento com 
instituições da sociedade civil.
Outra consideração é quanto à divisão das proteções sociais, 
a partir de níveis de complexidades. Dessa forma, diferencia a 
atenção a ser fornecida, ultrapassando o caráter compensatório 
que denotaram historicamente as práticas de assistência social e 
afi ançando, no caso da média complexidade, o Creas como lócus 
para as ações e intervenções especializadas direcionadas às famílias 
e aos indivíduos.
FONTE: <http://www.encontro2014.andhep.
org br/resources/anais/1/1397489466_ARQUIVO 
Apoliticapublicadeassistenciasocialenquantoestrategianagarantiadosdireitoshumanos 
.pdf>. Acesso em: 11 set. 2020. 
1 O SUAS defi ne três níveis de gestão inicial, básica e plena e 
organiza as ações em Proteção Social Básica (PSB) e Proteção 
Social Especial (PSE) de média e alta complexidade. Quais são 
os objetivos de cada tipo de proteção?
2 Pesquise qual é a realidade do SUAS em seu município. Qual é o 
nível de gestão da Política de Assistência Social? Quantos CRAS 
existem e qual é o porte de seu município? Foram implementados 
CREAS e o Serviço de Alta Complexidade? Se existe a gestão da 
política de assistência social, quantos têm e quantas famílias são 
atendidas em ambos os Serviços?
105
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
2.2 A LINHA DO TEMPO DA 
ASSISTÊNCIA SOCIAL
Será apresentada neste subtópico uma síntese dos marcos legais que 
construíram a linha do tempo da assistência social, desde a Constituição de 
1988 até os dias de hoje. Essa síntese se dá pela importância de pontuar as 
principais legislações que marcaram a implementação do SUAS, oferecendo 
assim contribuições e subsídios para que os trabalhadores, usuários, entidades, 
conselheiros e gestores se qualifi quem para discutir sobre o SUAS que temos e o 
SUAS que queremos.
Em 1988 ocorreu a publicação da Constituição Federal, dispondo nos artigos 
203 e 204 a Assistência Social como direito garantido a quem dela precisar.
Em 1993 foi publicada a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), Lei nº 
8.742/93, que dispõe sobre a organização da Assistência Social no Brasil.
Em 1995 aconteceu a convocação da I Conferência Nacional de Assistência 
Social, com o tema: A Assistência Social como um direito do cidadão e dever do 
Estado, sendo realizada entre os dias 20 e 23 de novembro de 1995. 
Em 1997 houve a convocação para a II Conferência Nacional de Assistência 
Social, tendo como tema: O Sistema Descentralizado e Participativo da Assistência 
Social – Construindo a Inclusão – Universalizando Direitos.
Em 2003 foi criado o Ministério de Assistência Social; aconteceu, em 
dezembro, a IV Conferência Nacional de Assistência Social, com o tema: 
Assistência Social como Política de Inclusão: Uma Nova Agenda para a Cidadania 
– LOAS 10 anos, que aprovou a criação do Sistema Único de Assistência Social. 
Através de Medida Provisória, foi criado o Programa Bolsa Família, que unifi cou 
todos os programas que existiam de transferência de renda.
Em 2004 foi criado o Ministério Social de Combate à Fome (MDS), 
fortalecendo a regulamentação da LOAS e a construção do SUAS; houve a 
suspensão da exigência da Certidão Negativa de Débitos, que impossibilitava o 
MDS a repassar para os municípios o valor aproximado de 25 milhões mensais; 
houve a publicação da Política Nacional de Assistência Social (PNAS/2004), 
através da Resolução CNAS nº 145, de 15 de outubro de 2004, defi nindo assim as 
diretrizes para a efetivação do novo modelo de gestão para a assistência social; 
com a aprovação da Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004, o Programa Bolsa 
Família foi instituído como lei.
106
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
Em 2005, em dezembro, aconteceu a V Conferência Nacional de Assistência 
Social, com o tema: SUAS Plano 10: Estratégias e Metas para a Implementação 
da Política Nacional de Assistência Social; foi publicada a Norma Operacional 
Básica de Assistência Social (NOB/SUAS/2005), que foi aprovada através da 
resolução CNAS nº 130, em que se cria a Rede SUAS e o Sistema Nacional de 
Informação do SUAS. Neste mesmo ano, houve a promulgação da Lei n° 11.258, 
de 30 de dezembro de 2005, que retifi ca a LOAS, acrescentando o serviço de 
atendimento a pessoas que vivem em situação de rua; foi publicada a Resolução 
CNAS nº 191/2005, que regulamenta o Art. 3º da LOAS, que aborda as entidades 
e organização das entidades e organizações de assistência social. Neste mesmo 
ano também foi publicada a Resolução CNAS nº 209/2005, que estabelece o 
Código de Ética do CNAS.
Em 2006, em dezembro, através da Resolução CNAS nº 269/2006, a Norma 
Operacional Básica de Recursos Humanos (NOB-RH/SUAS/2006), foi publicada 
a Portaria MDS nº 148/2006 que instituiu normas, critérios e procedimentos de 
base para a gestão do PBF e do CadÚnico de Programas Sociais do Governo 
Federal e estabelece o IGD. Neste mesmo ano foram publicadas as seguintes 
resoluções: Resoluções do CNAS nº 23 e 24, que regulamentam o acordo acerca 
dos trabalhadores do setor e dos representantes dos usuários; Resolução da 
CNAS nº 212/2006, que sugere critérios para a regulamentação da providência de 
benefícios eventuais; Resolução nº 237, que propõe diretrizes para estruturação, 
reformulação e funcionamento dos Conselhos de Assistência Social.
Em 2007 aconteceu a VI Conferência Nacional de Assistência Social, 
entre os dias 14 a 17 de dezembro de 2007, tendo como tema: Compromissose Responsabilidades para assegurar a Proteção Social pelo Sistema Único 
de Assistência Social (SUAS); foi difundido o Decreto nº 6.307, de 14 de 
dezembro de 2007, sobre os Benefícios Eventuais que estão na LOAS, no Art. 
22, o Plano Decenal SUAS; que estruturou ações para 10 anos; Plano 10, que 
expõe as metas e as estratégicas do Plano Decenal que foram deliberadas da V 
Conferência Nacional e as Metas do Governo Federal; e, com aprovação destas 
Metas Nacionais pela Resolução CNAS nº 210/2007, através do Decreto nº 
6.214, que regulamenta o Benefício de Prestação Continuada – BPC, destinado à 
pessoa com defi ciência e ao idoso, citado na Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 
1993, outro decreto publicado foi o de nº 6.308, de 14 de dezembro, que dispõe 
sobre as entidades e organizações de assistência social, que dispõe o Art. 3 
da Lei nº 8.742/93. Neste ano foi lançado o Programa de Acompanhamento e 
Monitoramento do Acesso e Permanência na Escola das Pessoas com defi ciência 
e que são benefi ciárias do BPC e BPC na Escola; deu-se início ao Monitoramento 
dos CRAS, Censo CRAS 2007; e foi instituída a Carteira do Idoso, com ferramenta 
para a comprovação para o acesso aos benefícios conforme o Estatuto do Idoso. 
107
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
Em 2008 iniciou-se um novo procedimento para a ampliação do Programa 
de Atenção Integral à Família (PAIF), centralizado no CRAS, sendo este 
acompanhado pelo governo Federal e Estado; através de um ambiente virtual, 
foi criado o primeiro indicador de acompanhamento dos CRAS – IDCRAS; houve 
também a defi nição do programa de monitoramento e avaliação do Benefício de 
Prestação Continuada; através de sistema computadorizado, foi publicada a Lei nº 
11.692 que dispõe sobre o Programa Nacional de Inclusão de Jovens – Projovem; 
iniciou-se o Levantamento Nacional das Crianças e Adolescentes em serviços 
de acolhimento institucional e família; o Decreto do BPC sofreu nova alteração, 
através do Decreto nº 6.564, de 12 de setembro.
Em 2009 foi fi nalizado o processo de transição dos serviços de educação 
infantil para o setor de educação, conforme a PNAS e a LDB; aconteceu a VII 
Conferência Nacional de Assistência Social, entre os dias 30 de novembro a 3 
de dezembro, tendo como tema: Participação e Controle do SUAS; foi criada a 
Rede Nacional de Monitoramento da Assistência Social (RENMAS); no dia 23 de 
dezembro, foi realizada a publicação do Decreto nº 7.053, que institui a Política 
Nacional para a População de Rua e seu Comitê Intersetorial de Acompanhamento 
e Monitoramento; aconteceu a implementação do Cadastro Nacional do SUAS. 
Neste ano foi lançada a coletânea CapacitaSUAS; foi aprovada a Tipifi cação 
Nacional dos Serviços Socioassistenciais, Resolução CNAS nº 109/09, que 
foi publicada no Diário Ofi cial da União, o Protocolo de Gestão Integrada entre 
os serviços e benefícios, objetivando a integração do PBF e do PAIF. Também 
foi aprovada neste ano a Lei nº 12.101/09, que dispõe sobre a certifi cação das 
entidades benefi centes de assistência social, que regula os procedimentos de 
inserção de contribuições para a seguridade social; e foi lançada a Pesquisa 
MUNIC, da qual os resultados foram disseminados somente em 2010.
Em 2010 foram aprovadas as seguintes resoluções: Resolução CNAS nº 
16/10, que dispõe sobre os parâmetros nacionais para inscrição das entidades e 
organizações de assistência social, bem como os serviços, programas, projetos e 
benefícios socioassistenciais nos Conselhos de Assistências Sociais municipais e 
do DF; Resolução CNAS nº 31/10, que destina recursos do FNAS para ações de 
capacitação de profi ssionais que atuam nos CRAS e CREAS; Resolução CNAS nº 
39/10, que dispõe sobre o processo de 2010, que regulamenta a Lei nº 12.101, de 
27 de novembro de 2009, alterado pelo Decreto nº 7.300, de 14 de setembro de 
2010, dispondo sobre o processo de certifi cação das entidades benefi centes de 
assistência social e para obtenção da inserção das contribuições para seguridade 
social. Ainda neste ano foi publicado o Decreto nº 7.334, de 19 de outubro, que 
institui o Censo SUAS.
Em 2011 foi publicada a Lei nº 12.435, que altera a Lei nº 8.742/1993 (LOAS), 
integrando ao texto o SUAS; foi aprovado o Decreto nº 7.617, de 17 de novembro, 
108
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
que altera o Regulamento do Benefício da Prestação Continuada, que foi aprovado 
em 2007 pelo Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 2007; aconteceu a VII 
Conferência Nacional de Assistência Social, no período de 7 a 10 de dezembro, 
tendo como tema geral: Avançando na consolidação do Sistema Único de 
Assistência Social – SUAS, com a valorização dos trabalhadores e a qualifi cação 
da gestão dos serviços, programas, projetos e benefícios; foi publicado o Decreto nº 
7.636, de 7 de dezembro, que dispõe sobre o apoio fi nanceiro da União ao Estado, 
Distrito Federal e Município proposto ao aprimoramento dos serviços, programas 
projetos e benefícios, com base no IGDSUAS; foram aprovadas as seguintes 
resoluções: Resolução do CNAS no 17/11, que retifi ca a equipe de referência 
defi nida pela NOB – RH/SUAS, reconhecendo as categorias profi ssionais de nível 
superior para atender às especialidades dos serviços socioassistenciais e das 
funções essenciais de gestão do SUAS; Resolução CNAS no 32/11, que constitui 
um percentual dos recursos do SUAS, cofi nanciados pelo governo federal, e que 
poderão ser gastos no pagamento de profi ssionais que formam e integram as 
equipes de referências, conforme o Art. 6º da Lei nº 8.742/93, inserido pela Lei 
nº 435/11; Resolução CNAS nº 33/11, que dispõe sobre a ação da Integração ao 
Mercado de Trabalho no campo da assistência social e estabelece seus requisitos; 
Resolução do CNAS nº 34/11, que defi ne a Habilitação e Reabilitação da pessoa 
com defi ciência e a promoção de sua integração à vida comunitária no campo da 
assistência social e estabelece seus requisitos.
Em 2012 houve a aprovação da nova Norma Operacional Básica do Sistema 
Único de Assistência Social (NOB/SUAS); através da Resolução CNAS nº 33/12, 
foi aprovada a Resolução CNAS nº 08/12, que estabelece o Programa Nacional 
de Capacitação do SUAS – CapacitaSUAS; e a última resolução aprovada em 
2012 foi a Resolução CNAS nº 18/12, que estabelece o Programa Nacional de 
Promoção do Acesso ao Mundo do Trabalho – ACESSUAS – TRABALHO.
Em 2013 foram aprovadas as seguintes resoluções: Resolução CNAS 
nº 01/13, que dispõe sobre o reordenamento do Serviço de Convivência e 
Fortalecimento de Vínculos (SCFV); Resolução nº 18/13, que dispõe sobre as 
prioridades e metas específi cas para a gestão municipal do SUAS; Resolução 
nº 31/13, dando ênfase aos princípios e diretrizes da regionalização no SUAS, 
através de novos parâmetros para a oferta do Serviço de Proteção e Atendimento 
Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), e do Serviço de Acolhimento 
para Crianças, Adolescentes e Jovens até 21 anos, como também critérios de 
elegibilidade e divisão dos recursos de cofi nanciamento federal para a ampliação 
dos Serviços; Resolução nº 32/13, dispondo sobre o Pacto de Aprimoramento 
da Gestão dos Estados e do Distrito Federal no âmbito do SUAS, estabelecendo 
a revisão das prioridades das gestões estaduais e do Distrito Federal e dos 
compromissos da União, que foram estabelecidos na Resolução nº 17, de 
novembro de 2010, da Comissão Intergestores Tripartites (CIT). No SUAS, foi 
109
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
realizada a IX Conferência Nacional de Assistência Social, no período de 16 a 19 
de dezembro, com o tema: A Gestão e o Financiamento na efetivação do SUAS. 
Em 2014 foram aprovadas as seguintes resoluções: Resolução nº 4/14, que 
determina o Programa Nacional de Aprimoramento da Rede Socioassistencial 
Privada no SUAS – Aperfeiçoa a Rede e delimita critérios e procedimentos 
visando incentivar e qualifi car os serviçose programas, projetos e benefícios 
socioassistenciais que formam a contribuição das entidades privadas no âmbito 
do SUAS; Resolução nº 9/14, reconhecendo as ocupações profi ssionais de 
ensino médio e fundamental do SUAS, em consonância com via NOB-RH/ 
SUAS; Resolução nº 13/14, que inclui na Tipifi cação Nacional de Serviços 
Socioassistenciais, a faixa etária de 18 a 59 anos no Serviço de Convivência 
Fortalecimento de Vínculos; Resolução nº 14/14, que determina parâmetros 
nacionais para a inscrição das entidades e/ou organizações de Assistência Social, 
serviços, programas, projetos nos Conselhos de Assistência Social; Resolução nº 
27/14, que altera a Resolução do CNAS nº 18/12, que institui o Programa Nacional 
de Acesso ao Mundo do Trabalho; Resolução nº 28/14, que altera a Resolução 
CNAS nº 8/12, que delibera sobre o Programa Nacional do SUAS.
Em 2015 o SUAS comemorou seus dez anos de existência, ou seja, uma 
década de um Sistema Único de Assistência Social no Brasil. Essa experiência de 
implantação de um Sistema público procede na decisão política de dar prioridade, 
na agenda federal, através de maior atenção para as populações com maiores 
vulnerabilidades sociais, com o compromisso e comprometimento dos entes 
federados e com a participação da sociedade civil. Diante disso, o SUAS passou 
a integrar um projeto de país que queira uma sociedade mais justa e igualitária, 
através de uma economia inclusiva. Neste período de 10 anos, o SUAS passou 
por processo de estruturação e implementação do esplendor normativo e legal.
Na NOB/SUAS – 2012, foi refl etido sobre novos desafi os para a década 
seguinte, por meio de um patamar de novas qualidades, como a qualifi cação 
e aprimoramento da gestão e dos serviços ofertados, e também a providência 
da proteção social não contributiva em um panorama que enfatiza e traz para 
o debate novas questões desafi adoras, como as alterações climáticas e 
ambientais, sociodemográfi cas em uma conjuntura econômica. Perante as novas 
responsabilidades para a década seguinte, o CNAS convocou a X Conferência 
Nacional de Assistência Social, tendo como tema geral: Consolidar o SUAS de 
vez rumo a 2026, que foi realizada no período de 7 a 10 de dezembro de 2015 em 
Brasília/DF.
Caro acadêmico, agora cabe a você, como futuro profi ssional, dar 
continuidade na Linha do Tempo da Assistência Social. Seja você também um 
110
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
protagonista dessa Política, sem esquecer, jamais, quais são os PRINCÍPIOS 
ÉTICO-POLÍTICOS DO SERVIÇO SOCIAL.
2016 – foi aprovado o II Plano Decenal da AssistênciaSocial (2016/2026), O 
CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL CNAS; em reunião ordinária 
realizada nos dias 17, 18, e 19 de maiode 2016, no uso da competência que lhe 
conferem os incisos II, V, IX e XIV do artigo 18 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro 
de 1993 – Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, através da RESOLUÇÃO 
Nº 7, DE 18 DE MAIO DE 2016.
Foi instituído por meio do Decreto nº 8.869, de 5 de outubro de 2016, 
e alterado pelo Decreto nº 9.579, de 22 de novembro de 2018, de caráter 
intersetorial e com a fi nalidade de promover o desenvolvimento integral das 
crianças na primeira infância, considerando sua família e seu contexto de vida. 
O Programa tem como objetivos promover o desenvolvimento humano a partir 
do apoio e do acompanhamento do desenvolvimento infantil integral na primeira 
infância; apoiar a gestante e a família na preparação para o nascimento e nos 
cuidados perinatais; colaborar no exercício da parentalidade, fortalecendo os 
vínculos e o papel das famílias no desempenho da função de cuidado, proteção e 
educação de crianças na faixa etária de até seis anos de idade; mediar o acesso 
da gestante, das crianças na primeira infância e das suas famílias às políticas e 
aos serviços públicos de que necessitem; integrar, ampliar e fortalecer ações de 
políticas públicas voltadas para as gestantes, crianças na primeira infância e suas 
famílias.
Nos últimos anos, as políticas públicas, a Assistência Social assim como 
as demais, vêm sofrendo com os ataques neoliberais e neoconservadores de 
políticos descomprometidos com a realidade da população brasileira, valorizando 
os setores econômicos em detrimento do social.
1 Realize uma pesquisa e aponte quais foram as deliberções da 
X Conferência Nacional de Assistência Social, tendo como tema 
geral: Consolidar o SUAS de vez rumo a 2026, que ocorreu em 
2015, no Brasil.
2 Aponte três delibarações da X Conferência Nacional de 
Assistência Social, tendo como tema geral: Consolidar o SUAS 
de vez rumo a 2026, que você considera mais importantes e 
justifi que-as.
111
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Durante as últimas três décadas, o Brasil assistiu a um progressivo 
adensamento de sua proteção social, envolvendo a expansão de redes universais 
de serviços, a ampliação de benefícios monetários e a promoção da equidade. 
Essa construção abrangeu avanços expressivos na defi nição das circunstâncias 
sociais, das responsabilidades protetivas e das ofertas da política de assistência 
social, além da consolidação de arranjos institucionais e operacionais. A política 
de assistência social passou a ocupar um lugar estratégico no sistema de proteção 
social brasileiro. O processo de implementação do SUAS, mesmo permeado por 
confl itos e disputas e dependente da interação de grande número de atores, 
dinâmicas políticas e territórios diversifi cados, tem sido capaz de operar expressivo 
volume de benefícios monetários e ampla rede de serviços, especialmente devido 
ao desenvolvimento de múltiplas dimensões de capacidades institucionais e 
normativas.
As mobilizações em torno da destituição de Dilma Rousseff da presidência 
da república favoreceram uma nova agenda de reformas que ganhou corpo 
rapidamente, embasada em novos horizontes normativos. A oposição ao sistema 
de proteção social constituído no país desde 1988 conseguiu mobilizar-se quando 
a crise política de 2016 abriu uma janela de oportunidades, com possibilidade 
de reversão da trajetória de construção de capacidades estatais na política de 
assistência social abordada neste capítulo.
Nesse novo contexto político, destaca-se a Emenda Constitucional nº 
95/2016, que institui um Novo Regime Fiscal (NRF) no âmbito da União para 
os próximos vinte anos, com congelamento, em termos reais, das despesas 
primárias, e projeta redução real dos gastos nas quatro principais políticas sociais, 
confi gurando um movimento de transformações de longo alcance e profundidade 
na saúde, educação, previdência social e assistência. 
 A restrição da proteção previdenciária e a perspectiva de pressão sobre 
as ofertas da assistência social indicam um modelo liberal, uma infl exão em 
relação à perspectiva abrangente que ainda organiza normativamente a proteção 
social brasileira. Se até recentemente mantinha-se, com tensões, o horizonte de 
focalização nos mais pobres como instrumento complementar em um padrão 
referenciado à universalidade efetiva de políticas sociais, incluindo no radar 
da proteção social o compromisso da equidade e o resgate de populações 
historicamente invisíveis para o poder público, o contexto atual sinaliza em direção 
a uma perspectiva restritiva e residual da proteção social.
Em síntese, se, cabalmente implementado, esse programa reformista 
de grande envergadura implicará alterações profundas no perfi l do sistema de 
112
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
proteção social e no lugar da assistência social, reduzindo expressivamente a 
responsabilidade pública pela política de assistência social ao mesmo tempo em 
que fragiliza sua capacidade protetiva. A crítica ao alto patamar de gasto social 
e a opção por um Estado minimalista já estão embasadas em um novo regime 
fi scal, ao passo que avançam declarações e iniciativas calcadas em exigência 
de maior comprometimento com o trabalho e desenvolvimentode ativos, com 
ênfase na responsabilidade individual, sinalizando reformas também no âmbito da 
assistência social.
Uma vez que não existe um caminho inexorável de “evolução” de programas 
sociais, são propostas que refl etem uma outra visão dos horizontes da proteção 
social. Saem de cena a perspectiva de integração entre políticas sociais, a busca 
ativa de grupos urbanos e rurais ainda distantes dos benefícios e sinaliza-se 
com o reforço da necessidade de comprovação de meios, além de reforçarem 
argumentos meritocráticos e perspectivas morais em torno da pobreza e da 
desigualdade. 
Propostas como a “premiação” de gestores municipais pela saída de 
benefi ciários do programa e o suposto estímulo à inserção de benefi ciários no 
mercado de trabalho ignoram tanto os indicadores recentes que apontam aumento 
da pobreza e da desigualdade no Brasil, bem como a deterioração das condições 
do mercado de trabalho. Saem do radar considerações sobre a volatilidade de 
renda dos mais pobres e sobre os perfi s de inserção profi ssional dos atuais 
benefi ciários. Em síntese, sob a roupagem de maior “fi scalização e efi ciência”, 
esconde-se uma visão liberal e focalizadora da proteção social. Resta observar 
como será o balanço de forças entre a capacidade política do atual governo de 
impor sua agenda — pela via legislativa, por falta de recursos e investimentos em 
capacidades, por modifi cações normativas no nível das burocracias e também via 
modifi cação de instrumentos de políticas públicas — e a capacidade de reação 
e resistência por parte das comunidades de políticas públicas e demais atores 
interessados.
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113
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL Capítulo 2 
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de Atendimento Socioeducativo (Sinase), regulamenta a execução das medidas 
socioeducativas destinadas a adolescente que pratique ato infracional; e altera 
as Leis nos 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); 
7.560, de 19 de dezembro de 1986, 7.998, de 11 de janeiro de 1990, 5.537, 
de 21 de novembro de 1968, 8.315, de 23 de dezembro de 1991, 8.706, de 14 
de setembro de 1993, os Decretos-Leis nos 4.048, de 22 de janeiro de 1942, 
8.621, de 10 de janeiro de 1946, e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), 
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CAPÍTULO 3
GESTÃO SOCIAL DO SISTEMA ÚNICO
DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – NOVOS
DESAFIOS DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO 
SOCIAL
 A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Compreender os impactos sociais e macroeconômicos das reformas do Estado 
e os refl exos sobre as políticas públicas.
• Detalhar os processos de gestão pública nas políticas sociais.
• Apresentar as formas de atuação do Serviço Social na administração dos 
programas e projetos sociais. 
• Realizar um levantamento histórico dos debates teóricos e metodológicos na 
avaliação da gestão social. 
• Instrumentalizar os profi ssionais para realizar a avaliação das politicas, 
programas e projetos. 
• Apresentar os indicadores utilizados para o monitoramento e avaliações das 
Políticas e Projetos Sociais. 
• Apresentar os procedimentos sociais que derivaram a redução da função do 
Estado na área das políticas sociais e quais as atribuições do Estado perante 
as desigualdades sociais no Brasil. 
• Avaliar as ações do Serviço Social nas demandas da gestão de programas e 
projetos sociais. 
• Minimizar o entendimento dos processos na demanda da gestão das políticas 
sociais. 
• Ofertar a capacidade do assistente social na atuação profi ssional e como gestor 
das políticas sociais.
118
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
119
GESTÃO SOCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – NOVOS DESAFIOS
DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL Capítulo 3 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Este capítulo consiste em apresentar uma refl exão crítica das atuais 
tendências da gestão social no âmbito das políticas sociais, levando em 
consideração o despeito que houve com a dispersão e generalização, na década 
de 1990, com o uso da expressão gestão social no país. Isso se deu através 
de uma visão multidisciplinar, em que a expressão passou a ser mecanismo de 
intervenção profi ssional do Serviço Social desde a gênese profi ssional durante 
a década de 1930, porém com formas de abordagens diferentes e de projetos 
societários contrários.
Sobre essa temática, Silva (2013, pp. 33-34) apresenta a seguinte 
abordagem:
a) O conservadorismo católico sob a pretensa equidistância 
entre o liberalismo e o socialismo. 
b) A consolidação da sociedade burguesa em diferentes 
estágios (o “espírito social” do empresariado das primeiras 
décadas do século XX, o controle social do Estado, visa 
o desenvolvimentismo, a modernização conservadora da 
ditadura militar, a reforma e a contrarreforma da década de 
1980, o projeto neoliberal). 
c) E a perspectiva de questionamento e ruptura com os modos 
dominantes de pensar a sociedade e suas infl uências na área 
profi ssional, buscando alternativas no âmbito de um projeto 
societário ancorado em valores democráticos de horizonte 
socialista. 
Para o Serviço Social um dos aspectos importantes e históricos a serem 
considerados entre o período de 1930 e 1999 é a Reforma do Estado, sendo 
considerado um marco nas mudanças que ocorreram nas políticas públicas 
sociais.
Todas essas mudanças refl etiram diretamente na relação entre o Estado e 
a sociedade, na participação da população, nas relações internas de poder entre 
as classes sociais, atingindo a ação do profi ssional nas suas atividades diárias 
em sua atuação nas áreas sociais. Nesta unidade será apresentada a redução 
da função do Estado diante das demandas sociais e quais são suas atribuições 
perante as desigualdades sociais.
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 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
2 OS IMPACTOS SOCIAIS NAS 
POLÍTICAS PÚBLICAS DIANTE 
DAS REFORMAS DO ESTADO 
BRASILEIRO E A FUNÇÃO DO 
SERVIÇO SOCIAL
Os antecedentes históricos que sustentavam a ideologia neoliberal e 
sua erradicação no mundo, em especial na América Latina e no Brasil, são 
fundamentados em um exemplo de desenvolvimento econômico, no qual 
predomina o fortalecimento do mercado, através de um mercado livre e forte que 
abandona a infl uência do estado na economia, fortalecendo no fi nal da década de 
70 um cenário de recessão da economia.
Neste cenário se apresentaram muitos elementos da Reforma do Estado, em 
que esta precisava criar mecanismos e arranjos que conseguissem dar respostas 
ao novo modelo econômico, através de ações efi cientes, efi cazes e efetivas. 
O modelo neoliberal se fortaleceu mundialmente no governo de Margaret 
Thatcher (1979 a 1990) na Inglaterra e de Ronald Reagn (1981 a 1989) nos EUA, 
tendo uma maior adesão nos países que tinham seus fundamentos no modelo do 
Estado do Bem-estar Social, Welfare State.
De acordo com Olivera (1998, p. 19-20), WelfareState
[...] pode ser sintetizado na sistematização de uma 
esfera pública, onde a partir de regras universais e 
pactuadas, o fundo público em suas diversas formas, 
passou ao pressuposto do fi nanciamento da acumulação 
do capital, de um lado, e do outro, o fi nanciamento da 
reprodução da força de trabalho, atingindo globalmente 
toda população por meio de gastos sociais.
 A sugestão neoliberal trazia promessas de liberdade econômica como 
também de prosperidade fi nanceira, mesmo sendo contrárias às formas 
nacionalistas e desenvolvimentista de governar.
121
GESTÃO SOCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – NOVOS DESAFIOS
DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL Capítulo 3 
No começo da década de 80, através da marca de instituições fi nanceiras 
como o Fundo Monetário Internacional – FMI e do Banco Mundial, os prazos de 
pagamento das dívidas externas que foram contraídas devido à crise fi scal e 
econômica acabaram sendo dilatados e os países da América Latina, no caso o 
Brasil também, tiveram que se adequar ao novo modelo econômico que estava 
sendo implementado.
A década 1970 marca o início do período do chamado “milagre 
econômico brasileiro”. Empréstimos e investimentos estrangeiros 
alavancam o processo de desenvolvimento.
Novos empregos e infl ação baixa trazem euforia à classe média 
e ao empresariado. Ao mesmo tempo, vive-se o auge da repressão, 
com censura à imprensa e violência contra a oposição.
É o momento da linha-dura no poder, que tem no presidente 
da República, Emílio Garrastazu Médici, seu grande representante. 
Em seu governo, a infl ação anual fi cou abaixo dos 20 por cento e o 
crescimento do PIB em 1970 foi de 10,4 por cento, chegando a 14 
por cento em 1974.
A ênfase da presença do Estado na economia alinhava-se ao 
projeto Brasil Potência, que o governo militar vislumbrava para o 
país. Iniciativas econômicas grandiosas somadas a uma propaganda 
competente culminaram no governo Medici com o chamado “Milagre 
Econômico” (1968 a 1973). Seu principal artífi ce foi o economista 
Antônio Delfi m Netto, que já tinha sido ministro da Fazenda no 
Governo Costa e Silva.
A crise internacional do petróleo, em 1973, levou a economia 
mundial a uma retração. O Brasil não seguiu essa orientação, optou 
por manter sua política de crescimento. O presidente Ernesto Geisel 
também incentivouos megaprojetos, sobretudo no setor hidrelétrico. 
Em 1975, assinou com a Alemanha um acordo nuclear de US$ 10 
bilhões para instalar oito usinas atômicas no Brasil.
A iniciativa foi atacada pelo péssimo momento econômico 
para o investimento e pela aquisição de uma tecnologia obsoleta e 
defeituosa. Além disso, em nada interessava, externamente, que o 
Brasil avançasse na área nuclear.
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 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
A decadência do regime militar esteve associada à crise 
econômica e à má administração dos governos Medici, Geisel e 
Figueiredo. A oposição ao sistema criticava a intervenção e as 
imposições ditadas pelo FMI. Depois disso, o alvo das oposições foi 
o imperialismo norte-americano, representado pelo governo e pelo 
empresariado.
As multinacionais eram acusadas de ser o escoadouro das 
riquezas do Brasil. As auditorias do FMI nas contas do país eram 
uma dura interferência na soberania nacional.
A transição para a democracia, com o governo José Sarney 
(1985 a 1990), em um período de caos econômico, antes de mais 
nada teve de recuperar a confi ança nacional e internacional.
FONTE: Adaptado de <https://www.algosobre.com.br/historia/
milagre-economico-o.html>. Acesso em: 30 set. 2020.
O ano de 1989 foi marcado no Brasil como sendo um ano da retomada 
de sonhos, em que poderia se construir um país democrático e com menos 
desigualdades sociais, pois a ditadura tinha acabado fazia quatro anos, com o 
término do último governo com um presidente general, este em seus discursos 
dizia que preferia o cheiro de cavalo ao cheiro de gente. 
O ano de 1989 foi um ano marcado mundialmente por diversos 
acontecimentos que mudaram a conjuntura da época e que refl etem até hoje, tais 
como:
• Queda do Muro de Berlim.
• Morte de três mil pessoas na Praça Celestial da Paz, em Pequim.
• Prêmio Nobel da Paz concebido ao Dalai Lama.
No início da década de 1990, o Brasil enfrentava alguns desafi os e 
contradições que estavam centralizadas em um modelo de regime a alta infl ação 
e de incertezas referentes às condutas políticas diante do modelo econômico. 
Neste sentido buscou-se uma maneira de igualar a situação econômica, 
consequentemente, abriu-se espaço para um novo modelo de acumulação de 
capital, a fi nanceira. Perante esta conjuntura, o país passa a ser envolvido em 
uma nova etapa do capitalismo mundial.
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GESTÃO SOCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – NOVOS DESAFIOS
DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL Capítulo 3 
Diante das novas formas e concepções de como gerenciar um Estado 
e qual é seu papel diante dessa nova realidade que foi imposta, a percepção 
de mundo vencedora derrubou as antigas bases políticas que compõem as 
áreas governamentais. Mediante um novo paradigma econômico, esse modelo 
neoliberal se infi ltrou com intensidade em todas as áreas das políticas e gerências 
públicas, em que foi possível apenas se adaptar à nova realidade. 
Através do refl exo das reformas que foram aplicadas ao setor econômico, 
será fundamentado como e quais foram as razões para a ideologia neoliberal se 
instalar no Brasil e na América Latina, ressaltando suas implicações diante das 
políticas sociais nos governos dos anos de 1990, enfatizando os mandatos de 
Fernando Henrique Cardoso.
 O objetivo deste tópico é apresentar a conformação do Neoliberalismo com 
a Reforma do Estado, enfatizando a participação dos segmentos não públicos nas 
demandas sociais.
De acordo com Armando Boito Jr, “a pobreza não é um dado 
natural com o qual se deparam os governos neoliberais; ela é 
produzida pela própria política econômica neoliberal, que reduz o 
emprego e os salários e reconcentra a renda” (BOITO JR, 2003, p. 77).
A América Latina foi considera a terceira civilização a ser cenário das 
experiências neoliberais. Para adaptar a ideologia na América Latina, alguns 
ideólogos defendem que o modelo de governo utilizado é de ideologias 
nacionalistas e desenvolvimentistas.
Mesmo após ocorrer um imenso processo de privatização em massa, em 
especial nos países europeus, o continente latino-americano foi o primeiro a 
experimentar o modelo neoliberal sistemático do mundo. O Chile, apesar dos 
governos ditatoriais de Pinochet, foi o primeiro país a aderir, de maneira rigorosa, 
ao neoliberalismo.
A entrada do modelo neoliberal nos países desse continente aconteceu 
através da renegociação das dívidas externas, pois eles foram obrigados a colocar 
em prática um ajuste fi scal a fi m de quitar as dívidas com os países credores, 
portanto ocorreu uma grande adesão fi nanceira para os países que aderiram a 
esse modelo.
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 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
As instituições fi nanceiras multilaterais como FMI (Fundo 
Monetário Internacional) e os Bancos Mundiais tiveram um 
papel importante nessa conjuntura, pois colocaram à disposição 
empréstimos como um prazo maior para o pagamento das dívidas e 
os países acabaram cedendo as prescrições.
No Brasil as políticas neoliberais foram implantadas a partir do 
governo Collor e o Plano Real foi constituído no governo de Itamar 
Franco, no qual suas metas e diretrizes foram impostas ao Estado.
De acordo com Fiori (1997, p. 14):
FHC é que foi concebido para viabilizar no Brasil 
a coalizão de poder capaz de dar sustentação e 
permanência ao programa de estabilização do FMI, e 
viabilidade política ao que falta ser feito das reformas 
preconizadas pelo Banco Mundial.
O modelo neoliberal e sua lógica foram aderidos no Brasil de maneira mais 
retardatária. A partir desse chamado “atraso”, consegue-se apresentar um fator de 
grande importância na maneira de adiar a chegada do modelo neoliberal no país. 
Para Figueiras (2000), o aumento da frente política de oposição ao regime 
militar no momento fi nal da crise desse regime, dos acordos para a eleição direta de 
Tancredo Neves e José Sarney, estreitou as probabilidades da política econômica. 
Do mesmo modo a crescente mobilização social durante os anos 70 e 80 através da 
representação no Novo Sindicalismo, no Movimento dos Sem Terra e, em seguida, 
no Partido dos Trabalhadores, que fi zeram oposição para que o projeto neoliberal 
não fosse implementado Brasil, como foi na Argentina e no Chile, diminuiu as 
chances da política econômica. 
No ano de 1989, o povo brasileiro, após muitos anos, voltou às urnas para 
eleger, por meio do voto direto, o presidente e o vice-presidente da República.
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GESTÃO SOCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – NOVOS DESAFIOS
DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL Capítulo 3 
No período da eleição, o povo brasileiro estava com um sentimento de 
frustação em relação ao governo Sarney, pois ele havia fracassado nas suas 
promessas repetidamente proclamadas, como: o controle da infl ação, a retomada 
do crescimento econômico, a distribuição de renda e a resolução da dívida externa.
Através de uma disputa bem acirrada, o candidato pelo Partido de Renovação 
Nacional (PRN), Fernando Collor de Mello, o qual era desconhecido, teve sua 
imagem construída pelas grandes mídias, recebeu apoio eleitor delas e infi ltrou-se 
em todos os setores mais elevados do capitalismo no país.
Para Brum (2002), o fracasso do plano econômico Brasil Novo 2 (Plano Collor) 
foi a derrota da mudança econômica, que era fundamentada no pensamento 
neoliberal e tinha como foco uma reorganização do desenvolvimento e do 
crescimento do Brasil, como também uma redefi nição do papel do Estado. Ou seja, 
tratava-se de pensamentos e ideias divulgadas por grande parte dos políticos e da 
burguesia, em relação às necessidades do país com um “choque de capitalismo”. 
O Plano Collor foi caracterizado por ser um programa de estabilização 
articulado a um projeto de mudanças estruturais de longo prazo.
Como seu plano econômico não teve o desempenho esperado, no qual a alta 
infl ação foi mantida, Collor teve seu nome ligado a um processo de corrupção, que 
o levou a ser retirado do cargo de presidente e, consequentemente, postergandoa impetração do modelo neoliberal no país. Com o processo de impeachment 
concluído, seu vice-presidente, Itamar Franco, assumiu a presidência do país.
Itamar Franco tinha como orientação resgatar a ética na política e preparar 
o país para um novo plano econômico de estabilização. À frente desse projeto 
estava um grupo de economistas, que foram comandados na época pelo Ministro 
da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso.
Qual era a ideia?
Fernando Henrique Cardoso tinha como fundamentação a tese de uma 
“liberalização” dos cadeados corporativos que impediam o nascimento de um 
segmento de empresários mais dinâmicos. E o sucesso da sua estratégica 
econômica, o Plano Real, o fez vencer as eleições em 1994, dando andamento 
aos seus projetos.
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 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
O Plano Real contava com uma série de medidas que objetivavam a 
estabilização monetária e o fi m de um regime de hiperinfl ação. O foco desse 
plano era o ajustamento das economias periféricas, que estavam sobre chancelas 
de órgãos internacionais como o FMI e Banco Mundial (FIORI,1997). 
A estratégia adota por Fernando Henrique Cardoso tinha como objetivos: o 
combate à infl ação, por meio da dolarização da economia e juntamente com a 
valorização das moedas nacionais, considerando uma evidência na necessidade 
de um ajuste fi scal; a reforma do Estado, na qual continha as privatizações 
e a reforma administrativa, visando à desregulamentação dos mercados e 
liberalização comercial e fi nanceira.
Socialismo e neoliberalismo são, sem dúvida, duas das 
maiores questões da nossa época. No livro intitulado Crise do 
socialismo e ofensiva neoliberal, os temas são tratados sob uma 
perspectiva fortemente crítica. A crise do socialismo é abordada 
não como signo do ‘fi m da história’, mas como esgotamento de 
um padrão da transição social que se revelou incapaz de realizar 
a dupla socialização que compete ao período pós-revolucionário: a 
socialização do poder político e a socialização da economia. Já a 
ofensiva neoliberal é enfocada como expressão da incompatibilidade 
entre o capitalismo contemporâneo e as instituições democráticas. 
Uma tese fundamental articula os dois ensaios deste livro: enquanto 
a sociedade estiver subordinada ao capital, a história continuará 
mobilizada pelas lutas dos trabalhadores na direção de uma ordem 
societária sem exploração, sem opressão e sem alienações
FIGURA – CAPA DO LIVRO CRISE DO SOCIALISMO E OFENSIVA NEOLIBERAL
FONTE: <https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/41M25N81-
+L._SX334_BO1,204,203,200_.jpg>. Acesso em: 12 jan. 2021.
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GESTÃO SOCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – NOVOS DESAFIOS
DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL Capítulo 3 
A reforma do Estado é um tema que vem sendo discutido nas agendas 
políticas internacionais desde as primeiras décadas dos anos 80. A reformulação 
do aparelho estatal se tornou uma demanda quase que universal, como resposta 
à crise econômica que neutralizou economicamente e politicamente os países nas 
últimas décadas do século XX.
Diante dessa conjuntura, formou-se um paradigma de reforma do Estado, no 
qual o Brasil foi marcado por quatro grandes problemas diante desse processo de 
reformulação do Estado brasileiro. Veja a seguir quais são eles. 
Um problema econômico-político – a delimitação do 
tamanho do Estado; um outro também econômico-
político, mas que merece tratamento especial – a 
redefi nição do papel regulador do Estado; um 
econômico-administrativo – a recuperação da 
governança ou capacidade fi nanceira e administrativa 
de implementar as decisões políticas tomadas pelo 
governo; e um político – o aumento da governabilidade 
ou capacidade política do governo de intermediar 
interesses, garantir legitimidade, e governar (BRESSER 
PEIRERA, 1998, pp. 49-50). 
As reformas do Estado no país iniciaram de forma tímida no governo do 
ex-presidente Fernando Collor de Mello, incialmente começaram com algumas 
privatizações e muita discussão sobre os serviços públicos, que era considerado 
um dos principais problemas do Estado, diante dessas novas medidas.
Porém, foi no governo de Fernando Henrique Cardoso que a Reforma do 
Estado teve ênfase como uma condição para o capital voltar ao crescimento 
econômico e dar continuidade na estabilização da economia brasileira. 
Foi constituído o Ministério da Administração e Reforma do Estado (MARE) 
e era encabeçado por Luís Carlos Bresser Pereira, sendo este o administrador de 
todo o processo de reformulação do Estado brasileiro.
Como uma das partes indispensáveis do processo que visava criar um novo 
modelo econômico baseado nos princípios neoliberais e que foram estimulados, a 
partir do Consenso de Washington, a reforma do Estado foi efetuada. De acordo 
com seus idealizadores, seria uma alternativa para potencializar e liberar a 
economia para uma nova fase de crescimento.
128
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
O Consenso de Washington trata-se de uma reunião sem caráter deliberativo, 
que aconteceu em 1989, entre acadêmicos e políticos norte-americanos e 
latino-americanos com o objetivo de apresentar soluções que fi ndassem com a 
estagnação soberana por mais de vinte anos na América Latina.
Mesmo de formas diferentes, o alcance que houve em cada país e que 
estava condicionado às relações centro/periferia de suas cidades passou por 
duas etapas. Na primeira etapa ocorreu a retomada ofensiva do neoliberalismo 
que se estendeu até 1990.
Para Silva (2003, p. 12), “O Estado foi fortemente criticado pelo 
seu caráter intervencionista, exigindo-se a redução do seu “tamanho” 
como uma condição ao livre funcionamento do mercado”.
Silva (2003) afi rma que a disputa fi cou sobre a distinção exclusiva e não 
exclusiva do Estado. A primeira solução que foi efetivada pelo governo federal 
foi a racionalização dos recursos fi scais, por meio da abertura de mercados, 
das privatizações de empresas estatais. A segunda etapa foi marcada por uma 
provável alternativa ao fracasso das políticas neoliberais, considerando uma 
transformação parcial diante da situação socioeconômica.
Na segunda etapa houve outros objetivos, como a efi ciência 
dos serviços públicos a ser alcançada através da otimização dos 
recursos humanos e fi nanceiros, efetividade de democratização 
(SOUZA; CARVALHO, 1999).
Com o grande aumento da carestia oriundo de décadas e do desempenho 
pouco valorizado do social e do econômico; e com a orientação das políticas 
neoliberais de cortar investimentos com gastos públicos em determinadas políticas 
sociais, o problema da pobreza no Brasil agravou-se mais ainda.
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GESTÃO SOCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – NOVOS DESAFIOS
DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL Capítulo 3 
Nesse sentido, foi chamada a atenção para a promoção das políticas sociais, 
em destaque para o problema do desemprego, da pobreza e para a necessidade 
emergente de regulamentar o movimento do capital no país, em que alguns 
projetos de enfrentamento a essas demandas foram criados.
Um exemplo que pode ser estudado nesse contexto, entre política, programa 
e projetos, é o Projeto Programa Fome Zero, uma proposta de Política de 
Segurança Alimentar para o país, para enfrentar a fome através de caminhos 
considerados analíticos e com ângulos diferentes em suas análises, ou seja, 
caminhos diversos e com diferentes visões.
Esse projeto pode ser considerado um através de três aspectos: o signifi cado 
político face à questão social brasileira; a gestão e as polêmicas de ordem técnica 
e política e a lógica que o preside em tempos de neoliberalismo.
O Programa Fome Zero foi apresentado como uma proposta de Programa 
de todo o Governo Federal e envolvia em suas ações estratégicas todos os 
Ministérios, sendo que na época foi estruturado o Ministério Extraordinário de 
Segurança Alimentar e Combate à Fome (MESA) e o Conselho Nacional de 
Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) para propor políticas e combate 
à fome. Aproposta política do Programa Fome Zero era alinhar as políticas 
específi cas e locais, com uma grande visibilidade pública efetiva.
Para saber mais sobre o Programa Fome Zero, 
acesse o site: <https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-
12902003000100007&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 30 
set. 2020.
Porém esses enfretamentos não signifi caram uma crítica às ideias das 
políticas neoliberais, mas ao contrário, avaliou-se que foram insufi cientes para 
realizar um novo ciclo de desenvolvimento socioeconômico no Brasil, sendo 
necessário melhorá-las. 
Diante dos ideários neoliberais, outro processo foi delimitado perante a 
atuação do Estado, que foi a terceirização dos setores governamentais para o 
setor privado, por meio de licitação pública e de contratos de serviços de apoio. 
Um exemplo é a terceirização da merenda escolar em diversos municípios 
brasileiros, que antes era oferecida pelo poder público e passou a ser fornecida 
pela iniciativa privada.
130
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
Foi através do Programa Nacional de Publicização (PNP) que 
o governo federal passou para “o setor público não estatal”, terceiro 
setor, a produção e o gerenciamento de serviços considerados 
competitivos ou exclusivos do Estado, estabelecendo-se um sistema 
de parceria entre Estado e sociedade para seu fi nanciamento e 
controle (BRASIL, 1995). Essa terceirização abrangeu também 
outras demandas como os serviços de saúde (SILVA, 2003).
A Reforma do Estado que ocorreu no governo de FHC acabou manifestando 
medidas legislativas, regulatórias e ações governamentais para um novo 
redirecionamento estratégico da função do Estado.
O Estado deveria passar de impulsionador do desenvolvimento para 
impulsionador da competitividade da economia.
Porém o que aconteceu foi a transferência do patrimônio público para 
o mercado privado, mudando toda relação do Estado com o setor privado e a 
sociedade, o Estado passou a ser um mecanismo complementar ao mercado 
privado.
É importante ressaltar um aspecto essencial nesse contexto que é a 
política social, pois é considerada uma dimensão fundamental da efetivação da 
democracia nas sociedades modernas e pelo seu conceito estar interligado aos 
valores de equidades sociais.
No meio institucional, as políticas sociais fazem parte de 
um sistema de ação com uma dimensão muito complexa, que é o 
resultado de muitas causalidades e diferentes atores e áreas da ação 
social e pública, como: proteção contra riscos, combate à miséria, 
desenvolvimento de capacidades que possibilitem a superação das 
desigualdades e o exercício pleno da cidadania (IVO, 2004).
131
GESTÃO SOCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – NOVOS DESAFIOS
DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL Capítulo 3 
Considerando assim as políticas sociais como mecanismos e instrumentos 
institucionais fomentados para garantir a cada pessoa condições materiais de vida 
que consintam ao cidadão exercer seus diretos sociais e civis com toda dignidade 
de um ser humano.
No Brasil, as políticas sociais começaram a se devolver a partir do século XX, 
durante um longo período de 80 anos, como um modelo de proteção social que foi 
modifi cado somente com a Constituição Federal de 1988.
Para Fleury e Fleury (2004), o modelo do sistema de proteção 
social brasileiro, que era vigente até o fi nal da década de 80, parecia 
com um modelo de seguro social na área de previdência, incluindo a 
atenção à saúde, como um modelo assistencial para população que 
não tinha vínculos trabalhistas formais.
A Constituição Federal de 1988 é considerada um marco institucional 
relevante por apresentar um novo modelo de seguridade social. 
Esse modelo de seguridade social procurou romper com as noções de 
cobertura restrita a setores que estão inseridos no mercado formal e diminuir 
os vínculos entre contribuições e benefícios, gerando instrumentos mais 
redistributivos e solidários entre contribuintes.
Os benefícios passaram a ser vistos a partir da ótica das 
necessidades, com fundamento nos princípios da justiça social, 
o que tornou compulsória a extensão da cobertura da população 
(FALEIROS, 2004).
Esse modelo estruturou a organização e o formato da proteção social no 
Brasil em busca da universalização e da consagração dos direitos sociais.
132
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
Segundo Fleury e Fleury (2004, p. 113), 
A inclusão da previdência, da saúde e da assistência 
no âmbito da seguridade social introduziu a noção de 
direitos sociais universais como parte da condição 
de cidadania. Antes, esses direitos eram restritos à 
população benefi ciária da previdência.
Dessa maneira, esse novo padrão constitucional de política social diferenciou-
se pela universalização da cobertura e sobretudo pelo reconhecimento dos 
direitos sociais, afi rmação do Estado perante as políticas sociais, submissão das 
ações privadas à regulação do estatal diante da função de grande importância 
pública das ações e serviços prestados nessas áreas. 
O novo modelo de seguridade social estava submisso a dois outros 
componentes essenciais: a participação da sociedade e a descentralização 
político-administrativa.
Para a cientista política Sonia Draibe (2003), mesmo acontecendo o 
fortalecimento de algumas áreas das políticas públicas, como a saúde e a 
assistência social, o modelo do sistema de proteção que se aquiesceu no período 
posterior teve as mesmas características de momentos anteriores, sendo assim, 
o mesmo modelo de sistema historicamente constituído desde à década de 30, 
através de uma base com conceitos categorial e meritocrático.
Draibe (2003) afi rma ainda que essa medida foi uma forma retórica dos 
ideólogos neoliberalista, quando assumiram o poder presencial na metade 
da década de 90, de disseminar a ideia que o modelo estatal era inefi ciente e 
necessitava de algumas reformas que colocassem o país na rota do crescimento 
econômico e diminuiria as desigualdades sociais existentes no Brasil. 
O assessor da área social, Sérgio Tiezzi, do governo de Fernando Henrique, 
descreve a medida acima como:
O sistema de proteção social consolidado ao longo do 
tempo acabou se caracterizando por um esforço de 
gasto relativamente elevado (cerca de 18% do PIB), 
133
GESTÃO SOCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – NOVOS DESAFIOS
DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL Capítulo 3 
grande centralização administrativa, escasso controle 
democrático, grandes inefi ciências operacionais e 
por uma estrutura de benefícios com baixo conteúdo 
distributivo. (...) Neste sentido, era absolutamente 
indispensável assegurar as condições de estabilidade 
macroeconômica, realizar a reforma do Estado (TIEZZI, 
2004, pp. 49-50).
Porém, a correlação de forças políticas que na época favoreceram a 
promulgação da Constituição de 1988 era outra. As ideias neoliberais, vindas do 
grupo conservador que apoiavam a candidatura de Fernando Collor de Mello, 
ganharam força e espaço no contexto político e econômico, minando dessa forma 
os avanços sociais que estavam propostos pela Constituição. 
Um exemplo a ser citado é o da Seguridade Social, pois foi um dos alvos 
privilegiados dessa ofensiva conservadora. Ao mesmo tempo que no país 
instituíam-se mecanismos políticos e democráticos de regulação do modelo 
capitalista, no campo político e econômico, em todo mundo estes mecanismos 
estavam perdendo sua validade e estavam prestes a serem trocados pela 
ideologia neoliberal, visando a desregulação, a fl exibilização e a privatização, 
sendo esses objetos essências para a globalização do capital.
O início do ano de 1995 foi marcado por um governo controlado pelo grupo 
de centro direita e, consequentemente, a reforma do sistema de proteção social 
passou a ser discutida novamente.
Para Draibe (2003), mesmo em outro ambiente intelectual 
e valorativo e diante das restrições fi scais que estavam junto com 
o programa de estabilização e as reformas pró-mercado, um novo 
ciclo de transformaçõeschegou para mudar a fi sionomia do sistema 
brasileiro.
134
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
A estratégia de desenvolvimento social do Executivo Federal que foi apontado 
em 1996 visava a mudanças que estavam estruturadas em três eixos centrais:
O reforço dos serviços básicos de caráter universal; a ênfase 
nos programas de trabalho, emprego e renda; o destaque a 
programas prioritários, voltados para o combate à pobreza, 
porém concebidos com a mescla entre políticas universais e 
políticas focalizadas (DRAIBE, 2003; TIEZZI, 2004).
Essas defi nições apresentadas pelos autores citados acima foram realizadas 
por meio da classifi cação das difi culdades sociais que existiam na época. Um 
aspecto decisivo para a efetivação da estabilização da economia e da Reforma 
do Estado acabou envolvido como sendo a reforma administrativa, fi scal e da 
previdência, sem esquecer os serviços básicos universais, sendo eles: educação, 
saúde, previdência social e assistência social.
O foco dessa reestruturação e a reforma de todas essas 
políticas públicas necessitavam da extinção de desperdícios, do 
aumento das efi ciências delas, de promover a descentralização e 
a universalização, sempre que necessário e quando fosse legítima, 
focando na melhoria da qualidade e na reestruturação dos benefícios 
e dos serviços para gerar um aumento do impacto redistributivo. Por 
fi m, os programas de curto prazo, que são considerados as ações e 
os programas relevantes para afrontar os assuntos mais dramáticos, 
como a redução da mortalidade infantil (TIEZZI, 2004).
Neste sentido, Boito Jr (1999) percebe que as políticas públicas de cunho 
sociais acabaram sendo permeadas pela falta de recursos, pela descentralização 
participativa e pela focalização dos serviços públicos. Como também a 
terceirização dos serviços públicos para o setor privado.
Essas ideias foram oriundas e levadas pelas agências internacionais, como o 
Banco Mundial e o FMI, as quais poderiam fazer das políticas social neoliberal um 
mecanismo para o fortalecimento e erradicação da pobreza em toda a América 
Latina, pois as fundamentações são decorrentes do neoliberalismo.
Durante o governo de FHC, pontuar as políticas públicas sociais na visão 
neoliberal era questionar qual amplitude desses setores e a responsabilidade do 
Estado nas áreas sociais.
135
GESTÃO SOCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – NOVOS DESAFIOS
DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL Capítulo 3 
Com o processo de terceirização dos serviços que o governo FHC via como 
fundamental, o aspecto competitivo no setor social, essas políticas públicas 
acabaram sendo vistas como mercadoria. 
O caráter de direito social fi ca confuso neste processo, pois estava disponível 
somente para quem possuísse condições e recursos econômicos e fi nanceiros para 
adquiri-los. Com as políticas sociais sendo focalizadas, através do racionamento 
dos custos e dos gastos, com a redução da responsabilidade do Estado como 
provedor dos direitos sociais para a população, as políticas neoliberais foram 
o resultado da negação de uma política social inclusiva, resultando em uma 
população miserável e dependente cada vez mais das políticas sociais que não 
atendiam às demandas necessárias.
O Brasil como toda a América Latina, durante a década de 90, aderiu aos 
programas compensatórios, como solução para as vulnerabilidades sociais 
decorrentes do modelo capitalista e do modo de produção. Neste período esses 
programas sociais compensatórios eram deliberados através de critérios políticos 
e partidários, por meio das emendas parlamentares, de transferência de recursos 
fi nanceiros para o estado e municípios, resultando em ações pontuais. 
Com a transferência gradual das execuções das políticas públicas federais 
para os estados e municipais, começaram a aparecer pilares que deram 
sustentabilidade a essa nova forma descentralizada de governar, com aspectos 
legais, disposições institucionais e mecanismo e instrumentos de gestão.
Como aspectos legais podemos citar as leis complementares que instituem e 
regulamentam as políticas públicas e as suas descentralizações, sendo algumas 
delas as seguintes: a Lei nº 8080/90 que institui o Sistema Único de Saúde (SUS), 
a Lei nº 8.742/93, que foi alterada pela Lei nº 12435/11, ou a Lei Orgânica da 
Assistência Social (LOAS), que instituem o Sistema Único de Assistência Social, 
e também da Lei nº 9.394/96, Lei de Diretrizes de Base (LDB). Fora a importância 
dessas leis, é preciso considerar as resoluções dos Conselhos das respectivas 
áreas, as Portarias e as Normas Operacionais.
No que se refere à Assistência Social, a sua consolidação enquanto política 
pública na Constituição Federal de 1988, a Constituição Cidadã, assim conhecida, 
foi o resultado da organização e da luta dos movimentos sociais e das categorias 
dos profi ssionais organizados.
136
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
O artigo 203 da Constituição Cidadão refere-se à Assistência 
Social:
ART. 203. A assistência social será prestada a quem dela 
necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, 
e tem por objetivos:
I - A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência 
e à velhice. 
II - O amparo às crianças e aos adolescentes carentes. 
III - A promoção da integração ao mercado de trabalho. 
IV - A habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de 
defi ciência e a promoção de sua integração à vida comunitária. 
V - A garantia de um salário mínimo de benefício mensal à 
pessoa portadora de defi ciência e ao idoso que comprovem não 
possuir meios de prover a sua própria manutenção ou de tê-la 
provida por sua família, conforme dispuser a lei.
 Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social 
serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, 
previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base 
nas seguintes diretrizes:
I - Descentralização político-administrativa, cabendo a 
coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação 
e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e 
municipal, bem como a entidades benefi centes e de assistência 
social. 
II - Participação da população, por meio de organizações 
representativas, na formulação das políticas e no controle das ações 
em todos os níveis.
137
GESTÃO SOCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – NOVOS DESAFIOS
DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL Capítulo 3 
Na LOAS está evidenciado nos seus artigos a fundamentação de organização 
das ações socioassistenciais em um Sistema Único de Assistência Social (SUAS), 
sendo este cofi nanciado e executado por todos os entes federados. Esse processo 
deu início a uma intensa regulamentação dos instrumentos e até mesmos dos 
conceitos de gestão da Assistência Social de forma universal.
1 As ideias neoliberais estão fundamentadas em um modelo de 
desenvolvimento socioeconômico baseado no fortalecimento do 
mercado e no que ele gera, ou seja, a lei de oferta e procura. Há 
necessidade de um mercado livre e forte, não sendo necessária 
a intervenção do Estado para o crescimento econômico. Perante 
este fundamento, descreva como que esse modelo interferiu na 
efetivação das políticas sociais.
2 No início dos anos 80, por meio das instituições fi nanceiras 
mundiais, todos os prazos de pagamento das dívidas externas 
foram obtidos diante da crise fi scal e econômica, sendo essas 
dilatadas. Todos os países, especialmente os da América Latina, 
passaram por um processo de adaptação do novo modelo 
econômico que estava sendo implementado mundialmente. 
Analise as questões a seguir e assinale a alternativa correta, que 
corresponde ao nome desse novo modelo econômico.
a) ( ) Social democrático. 
b) ( ) Neoliberalismo.
c) ( ) Liberalismo.
d) ( ) Militarismo.
138
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
3 O SERVIÇO SOCIAL COMO 
MECANISMO DE GESTÃO NOS 
PROCESSOS E METODOLOGIAS DE 
GERENCIAMENTO DAS POLÍTICASDE ASSISTÊNCIA SOCIAL NÍVEIS DE 
GESTÃO E PROTEÇÃO SOCIAL NO 
SUAS
O Serviço Social, na sua trajetória histórica como profi ssão, dedica-se à 
implementação das políticas públicas sociais em todas as esferas governamentais, 
resultando assim em uma relação entre o Estado e suas demandas sociais. 
Desde o surgimento da profi ssão, o Serviço Social se fez presente na 
maioria das áreas em que possuía intervenção do Estado, sendo mediador e 
executor das políticas sociais, que são desenvolvidas e implementadas visando o 
enfrentamento e o controle das desigualdades sociais no Brasil. 
O assistente social, como profi ssional, em âmbito governamental, sempre 
interviu nas demandas sociais em diferentes áreas do poder público, como nas 
políticas sociais de saúde, de assistência social, educação, habitação e outras. 
O Estado brasileiro, no que se refere ao enfrentamento das desigualdades 
sociais sempre legitimou às instituições, as políticas sociais e profi ssionais, 
dentre eles os assistentes sociais, sendo reconhecido como profi ssional que está 
apto para intervir nas demandas sociais e na atuação da gestão de tais políticas 
públicas citadas anteriormente, isso ocorre em todos os níveis governamentais.
Neste sentido, o Estado é o maior empregador de profi ssionais do Serviço 
Social, constituindo-se um espaço privilegiado de contratação de assistentes 
sociais. De acordo com Iamamoto (1999, p. 119):
O setor público tem sido o maior empregador de assistentes 
sociais, sendo a administração direta a que mais emprega, 
especialmente na esfera estadual, seguida da municipal. 
Constata-se uma clara tendência à municipalização da 
demanda, o que coloca a necessidade de maior atenção à 
questão regional e ao poder local. 
139
GESTÃO SOCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – NOVOS DESAFIOS
DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL Capítulo 3 
As demandas se interiorizam nos municípios, pois esses são os 
implementadores das políticas públicas sociais e, como isso, os governos 
municipais contratam mais assistentes sociais para realizar a implementação da 
gestão dos programas e projetos sociais relacionados a essas políticas. 
Conforme a Constituição Federal de 88, a descentralização política-
administrativa das políticas públicos, para âmbito municipal, defi ne uma nova 
dimensão de ações profi ssionais para o assistente social. Com o aumento 
considerado dos espaços sócio-ocupacionais, decorrentes da responsabilização 
que os municípios têm no que diz respeito aos provimentos dos serviços 
prestados aos usuários de tais políticas sociais, os assistentes sociais acabam 
desenvolvendo uma função fundamental na implantação, no desenvolvimento, na 
operacionalização e na gestão das políticas públicas sociais.
A atuação do assistente social mediante a gestão das políticas públicas 
sociais vem se destacando cada vez mais na implantação das políticas públicas 
sociais. Porém, a complexidade das demandas estatal requer um profi ssional de 
serviço social, que tenha uma atuação a mais do que só a execução dos programas 
e projetos alocados nos serviços públicos, que atuem juntamente na formulação, 
no planejamento, na avaliação e, em especial, na gestão dos programas, dos 
projetos e dos serviços sociais ofertados para a população usuária.
Para o autor Lewgoy (2010, p. 198), o momento atual necessita 
de um profi ssional que:
[...] saiba planejar, avaliar, implantar e executar os 
serviços incutidos nas políticas sociais. Que também 
se evidencie na esfera dos planos, programas e 
projetos sociais e na prestação de serviços no âmbito 
de benefícios e serviços sociais, nas habilidades de 
elaborar, implementar, organizar, administrar, pesquisar, 
encaminhar, coordenar e assessorar.
O desenvolvimento de competências técnicas e habilidades gerenciais 
voltadas à realização do trabalho profi ssional na esfera da gestão pública das 
políticas sociais contribuem para a substituição do agente subalterno e executivo 
por um profi ssional competente e qualifi cado para as novas funções requisitadas 
ao assistente social.
140
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
Neste sentido, as novas competências técnicas e habilidades gerencias 
focadas na efetivação da atuação profi ssional no contexto da gestão das políticas 
sociais cooperam para a requisição de um profi ssional qualifi cado e competente, 
para atender a essas novas ações e funções que são solicitadas ao serviço social. 
Essas novas modifi cações nas funções do assistente social são consequência 
das novas formas de agir que requerem dos profi ssionais do serviço social novas 
confi gurações de concretizar sua atuação profi ssional.
Ponderando a afi nidade constituída mediante as transformações contextuais 
analisadas no modelo de organização dos mecanismos de produção e de 
reprodução da vida social e material e nas áreas que acontecem a inserção da 
atuação do assistente social, vai requerer e exigir um profi ssional que esteja 
articulado com as formas de organização e gestão do trabalho que estão surgindo 
para a profi ssão.
Diante das transformações analisadas anteriormente e com o crescimento 
efetivo dos espaços sócio-ocupacionais que estão surgindo dentro do Estado, 
que necessita da atuação profi ssional do assistente social no que se refere à 
gestão das políticas sociais, os profi ssionais enfrentam desafi os que estão sendo 
propostos para a Reforma do Estado.
Com todas essas transformações que vem acontecendo na sociedade 
brasileira e na máquina e/ou aparelho estatal, requer-se que o profi ssional não 
seja apenas executor fi nal das políticas públicas sociais e sim:
É necessário ser um profi ssional qualifi cado na execução, 
gestão e formulação de políticas sociais públicas, com uma 
postura crítica e, ao mesmo tempo, criativa e propositiva, ou seja, 
um profi ssional que possa responder com ações qualifi cadas 
que detectem tendências e possibilidades impulsionadoras de 
novas ações, projetos e funções, rompendo com atividades 
rotineiras e burocráticas (SARMENTO, 1999, p. 100).
Com isso, para a efetivação do trabalho do assistente social no quesito 
da gestão pública, é fundamental que o profi ssional tenha como base de ação 
um planejamento organizado com as diretrizes das políticas sociais e esteja 
fundamentado com um conhecimento teórico-prático, que seja amplo e crítico 
sobre a gestão do seu trabalho como profi ssional nas políticas sociais. Dessa 
forma contribui para direcionar a atuação profi ssional, muito além das ações de 
execução fi nal das políticas públicas sociais.
Os assistentes sociais, que atuam nas políticas sociais, deverão transcorrer 
a inquietação dessas novas confi gurações de trabalho e das probabilidades que 
a gestão oferece, superando as práticas conservadoras e minimalistas que até 
então eram instrumentos de ação profi ssional.
141
GESTÃO SOCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – NOVOS DESAFIOS
DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL Capítulo 3 
Segundo Sarmento (1999, p. 100), as novas confi gurações de 
gestão que são verifi cadas no campo das políticas sociais:
Vem exigindo um nível de conhecimento técnico 
bem mais amplo, tanto para a compreensão crítica 
das condições políticas em que estas exigências 
são colocadas, principalmente no que se refere ao 
desmonte das políticas sociais por parte do Estado – 
como da fragilização dos direitos sociais. 
Este processo de assimilação de novos conhecimentos sobre os 
contextos de gestão requer conhecimento e capacidade técnica do 
profi ssional de serviço social para realizar as atividades gerenciais 
que foram propostas no seu campo de trabalho, devendo sempre 
considerar a conjuntura real que cerca a realização das suas ações 
diárias como assistente social. 
Os (as) assistentes sociais trabalham com as mais diversas 
expressões da questão social, esclarecendo à população seus 
direitos sociais e os meios de ter acesso a eles.
O signifi cado desse trabalho muda radicalmente ao voltar-se aosdireitos e deveres referentes às operações de compra e da venda. Se 
os direitos sociais são frutos de lutas sociais e de negociações com o 
bloco do poder para o seu reconhecimento legal, a compra e venda 
de serviços no atendimento a necessidades sociais de educação, 
saúde, renda, habitação, assistência social, entre outras pertencem a 
outro domínio – o do mercado, mediação necessária à realização do 
valor e, eventualmente, da mais valia decorrentes da industrialização 
dos serviços.
Historicamente, os assistentes sociais dedicaram-se à 
implementação de políticas públicas, localizando-se na linha de 
frente das relações entre população e instituição ou, nos termos 
de Netto (1993), sendo “executores das políticas sociais”. Embora 
esse seja ainda o perfi l predominante, não é mais o exclusivo, sendo 
abertas outras possibilidades.
O processo de descentralização das políticas sociais públicas, 
com ênfase na sua municipalização, requer dos assistentes sociais 
– como de outros profi ssionais – novas funções e competências. 
Os assistentes sociais estão sendo chamados a atuar na esfera da 
142
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
formulação e avaliação de políticas e do planejamento, gestão e 
monitoramento, inscritos em equipes multiprofi ssionais. 
Eles ampliam seu espaço ocupacional para atividades 
relacionadas ao controle social, à implantação e orientação de 
conselhos de políticas públicas, à capacitação de conselheiros, 
à elaboração de planos e projetos sociais, ao acompanhamento e 
avaliação de políticas, programas e projetos.
Tais inserções são acompanhadas de novas exigências de 
qualifi cação, tais como: o domínio de conhecimentos para realizar 
diagnósticos socioeconômicos de municípios, para a leitura e 
análise dos orçamentos públicos, identifi cando seus alvos e 
compromissos, assim como os recursos disponíveis para projetar 
ações; o domínio do processo de planejamento; a competência 
no gerenciamento e avaliação de programas e projetos sociais; a 
capacidade de negociação, o conhecimento e o know-how na área 
de recursos humanos e relações no trabalho, entre outros. Somam-
se possibilidades de trabalho nos níveis de assessoria e consultoria 
para profi ssionais mais experientes e altamente qualifi cados em 
determinadas áreas de especialização. Registram-se, ainda, 
requisições no campo da pesquisa, de estudos e planejamento, entre 
inúmeras outras funções.
FONTE: IAMAMOTO, Marilda. O serviço social na cena 
contemporânea. CFESS, ABEPSS. Serviço Social: direitos sociais 
e competências profi ssionais. CEAD/UnB. Brasília. 2009.
Os assistentes sociais que estão inseridos na gerência das políticas 
sociais, em especial da Política de Assistência Social, precisam realizar suas 
ações profi ssionais nos princípios, diretrizes e ética que norteiam a profi ssão. A 
temática gestão das políticas sociais e todo o seu aporte teórico-metodológico é 
inserido dentro de recomendações e normas técnicas, pois vêm de uma área de 
administração pública. 
143
GESTÃO SOCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – NOVOS DESAFIOS
DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL Capítulo 3 
Para Paiva (1999, p. 90):
A conceituação de noções como efi ciência, efi cácia e 
efetividade; o detalhamento das diferentes funções 
gerenciais, planejamento, organização, direção 
e controle; a caracterização dos diferentes níveis 
organizacionais – estratégicos, tático, operacional 
– encontram na bibliografi a pertinente uma série de 
orientações, análise e exercícios que podem ser úteis 
e facilitadores da organização do projeto de intervenção 
do assistente social, que desempenha a função de 
gestor na área social, dependendo do uso que se faça 
deles.
Neste contexto, é necessário entender que a administração se concretiza 
como uma técnica essencial a qualquer ação que abranja recursos e que tenha 
um objetivo para se chegar. Pode-se concluir que a gestão é todo processo que 
tem como objetivo a efi ciência e a efi cácia das ações realizadas.
A administração e/ou a gestão incide em uma ação que não pode ser 
realizada separadamente de qualquer atividade que envolva pessoas, recursos e 
que tenha um objetivo fi m.
Na área administrativa esse processo é compreendido em cinco funções 
essências para que uma entidade ou organização consiga chegar em seus 
objetivos fi ns, sendo eles: planejamento, organização, direção e controle.
O planejamento tem função em seu conceito de determinar e constituir ações 
e situações futuras e almejadas, considerando os recursos necessários para 
realizar a ação proposta, com detalhamento defi nido, através de responsabilidades 
para a efetivação e distribuição dos recursos disponíveis. A função de direção se 
compreende o processo como forma de mobilizar e acionar os recursos tanto 
material como humano para efetivação dos objetivos meios. 
Já a função do controle tem como foco a garantia da realização dos objetivos, 
podendo identifi car se existe a necessidade de mudanças no decorrer das ações. 
O controle, normalmente, surge das avaliações contínuas que infl uenciam no 
desenvolvimento do trabalho dos profi ssionais e de outras pessoas envolvidas no 
processo, visando a uma melhor qualidade nos resultados desejados. 
144
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
A administração é considerada como uma ciência organizada através de 
várias teorias, que são fundamentadas em conceitos que versam diretamente 
as pessoas em sua totalidade. Essas teorias que são o alicerce teórico e 
fundamentam a administração evidenciam que as funções de gestão poderão 
ser realizadas por qualquer pessoa capacitada e responsável por alguma ação 
organizada no seio organizacional.
O assistente social nessa diretriz se torna um agente que interfere 
absolutamente em todas as relações e contextos sociais. O profi ssional tem uma 
certa autonomia para planejar e formular as suas ações de trabalho.
O profi ssional de serviço social necessita de competências e habilidades 
para elaborar modalidades de intervenção profi ssional no seu cotidiano e, com 
isso, precisa estar apto para adquirir novos conhecimentos voltados para as 
competências e habilidades na área de gestão, pois se torna um instrumento de 
atuação e de domínio do assistente social.
Os instrumentos usados na gestão das políticas sociais podem se tornar 
instrumentos de competência e de habilidade para o a Política de Assistência 
Social, analisando que estes podem ajudar na elaboração das ações de trabalho 
e na efetivação dessa política. Ressaltando que o assistente social deverá estar 
aberto para congregar os princípios da gestão no cotidiano de seu campo de 
trabalho.
Esse processo de apropriação da gestão das políticas sociais requer a 
necessidade de aperfeiçoamento dos conhecimentos dos conceitos e princípios 
que dão fundamentação para essa ação profi ssional. Se faz necessário ter 
uma determinada competência de forma crítica para distinguir as exigências 
burocráticas exclusivas dessas funções de gerenciamento das ações das políticas.
O trabalho do assistente social é constituído por particularidades que 
requerem uma atitude crítica e comprometida com a garantia dos direitos sociais 
e não somente com a execução burocrática dos programas e projetos na área 
pública.
Os assistentes sociais precisam desenvolver funções gerenciais que 
deverão estar alinhadas com os princípios e valores descritos no Projeto Ético 
Político profi ssional, fundamentado sempre em prerrogativas legais que regulam 
a profi ssão de assistente social, buscando retirar das suas abordagens cotidianas 
ações funcionalistas ou então apenas executivas.
145
GESTÃO SOCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – NOVOS DESAFIOS
DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL Capítulo 3 
1 A metodologia utilizada para a formulação e implementação das 
políticas sociais é considerada um campo privilegiado de atuação 
do assistente social, além de ter suas práticas profi ssionais 
fundamentadas em conceitose princípios teóricos e práticos 
da gestão de tais políticas, contribuindo dessa forma desde o 
início da formulação e implementação dos serviços públicos que 
atendem às demandas do serviço social. Perante essa afi rmação, 
descreva algumas das ações de gestão que você conhece na sua 
atuação profi ssional.
3 O PROCESSO DE AVALIAÇÃO 
DAS POLÍTICAS, PROGRAMAS E 
PROJETOS SOCIAIS PERANTE A 
ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE 
SERVIÇO SOCIAL
O Serviço Social no Brasil tem suas atribuições e competências em diversos 
espaços sócios-ocupacionais orientadas pelos princípios, direitos e deveres que 
estão inseridos nos documentos: Código de Ética Profi ssional de 1993, Lei de 
Regulamentação da Profi ssão (Lei nº 8.662, de 7 de junho 1993) e nas Diretrizes 
Curriculares da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social 
(ABEPSS, 1996).
Os documentos citados anteriormente se tornam instrumentos essenciais 
e legais na inserção do profi ssional de serviço social nos espaços de gestão, 
planejamento, execução e avaliação de políticas e programas sociais, 
considerando sempre as diretrizes do projeto ético-político da profi ssão.
Neste sentido vale destacar a atuação do assistente social na área de gestão 
e avaliação das políticas sociais em algumas políticas públicas sociais como nas 
áreas de Assistência Social, Educação e Saúde.
Na Política de Assistência Social, a atuação do Serviço Social requer 
atribuições nas atividades de gestão, planejamento, avaliação e execução 
146
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
diretamente dos programas, projetos e serviços aos usuários dessa política, 
dessa forma potencializa o atendimento aos diretos de cada cidadão. 
 Os assistentes sociais contribuem na Política de Saúde através do 
planejamento, gestão, avaliação e execução de programas e projetos desta área 
visando à inserção da população usuária e dos trabalhadores que atuam nesta 
política, no que diz respeito às deliberações e participação social na gestão.
 Já na Política de Educação, o profi ssional de Serviço Social atua 
diretamente com os estudantes e famílias, além dos órgãos de deliberação, 
como os conselhos deliberativos. Os assistentes sociais nesta política, de 
forma coletiva, intervêm juntamente com os movimentos sociais em prol de uma 
educação pública e de qualidade.
Os profi ssionais de Serviço Social visam neste sentido a inserção da 
profi ssão nos espaços democráticos e que buscam o controle social da Política 
de Educação.
As atribuições do assistente social no processo de gestão e avaliação das 
políticas sociais, em especial nas três áreas citadas anteriormente, são exemplos 
de gestão social. Segundo Carvalho (2014, p. 33),
Ancora-se em princípios constitucionais que dão forma e 
conteúdo às políticas, aos programas e aos serviços públicos, 
reconhecendo o Estado como autoridade reguladora das ações 
públicas. Nesta perspectiva, a gestão social tem signifi cado 
abrangente, não se reduzindo apenas à gerência técnico-
administrativa de serviços e programas sociais. Refere-se 
fundamentalmente à governança das políticas e programas 
sociais públicos; à qualidade de bem-estar ofertada à nação e 
à cultura política impregnada ao fazer social.
As ponderações em relação à atuação profi ssional do assistente social no 
processo de gestão e avaliação das políticas públicas sociais têm como objetivo 
entender e apreender qual o cotidiano da ação profi ssional no cumprimento das 
ações para o desenvolvimento, implementação e efetuação de tais políticas, 
através do contexto de um Estado democrático e de direito e que está respaldado 
por meio de uma Constituição que distingue a primazia do Estado na direção das 
políticas públicas e com a participação da sociedade civil.
Será enfatizado neste tópico a atuação do assistente social na Política de 
Assistência, sendo este o maior campo de atuação profi ssional.
A Assistência Social, quando foi reconhecida através do estatuto de políticas 
públicas e quando começou a integrar o tripé que compõe a seguridade social 
147
GESTÃO SOCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – NOVOS DESAFIOS
DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL Capítulo 3 
que está inserida na Constituição Federal, possibilitou a abertura de várias frentes 
de atuação do Serviço Social, juntamente com a Lei de Regulamentação da 
Profi ssão no país.
O Conselho Federal de Assistência Social (CFESS), explanando sobre 
o dispositivo legal que regula a profi ssão no Brasil, determinou e sistematizou 
alguns Parâmetros para a atuação do profi ssional de Serviço Social na Política de 
Assistência Social, lançou a Série Trabalho e Projeto Profi ssional para o trabalho 
dos assistentes sociais. Esta publicação contém refl exões em relação à prática 
profi ssional do Serviço Social em diferentes espaços sócio-ocupacionais. Esses 
parâmetros têm como referência:
[...] as normas reguladoras do Serviço Social, sobretudo 
os valores e princípios do Código de Ética Profi ssional, 
as atribuições e competências asseguradas na lei de 
regulamentação da profi ssão (Lei nº 8662/1993), na Resolução 
CFESS 493/06 e nas Diretrizes Curriculares do Serviço Social 
elaborada pela Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em 
Serviço Social ABEPSS (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO 
SOCIAL, 2010, p. 1-2).
Nas ações cotidianas do assistente social diante da Política de Assistência 
Social, as atribuições dele são conduzidas pelas Normas Operacionais Básicas 
procedidas do Sistema Único de Assistência Social, que tem como foco regular 
e orientar as diretrizes que concordam com o desenvolvimento operacional desta 
política.
As atribuições dos assistentes sociais são ações de formulação, gestão, 
implementação, execução, monitoramento e avaliação dessa política social, que 
é materializada através de uma luta histórica da profi ssão para o reconhecimento 
da assistência social como política pública que tem como objetivo assegurar os 
direitos conquistados dos cidadãos e em resposta a contrariar a lógica da caridade 
e da benemerência que assinalou em épocas passadas o trabalho do assistente 
social. Sendo assim:
[...] a concepção da assistência social como direito impõe 
aos trabalhadores da política que estes superem a atuação 
na vertente de viabilizadores de programas para a de 
viabilizadores de direitos. Isso muda substancialmente o 
processo de trabalho. [...] Exige dos trabalhadores da área o 
conhecimento profundo da legislação implantada a partir da 
Constituição de 1988 (BRASIL, 2004, p. 47).
Na área da assistência social a conquista do estatuto de política pública em 
15 de outubro de 2004, por meio da Resolução nº 145 do Conselho Nacional 
de Assistência Social Social (CNAS), reforça os termos de responsabilidade 
148
 SiSTEmA ÚNiCo DE ASSiSTÊNCiA SoCiAL
do Estado com os setores sociais em condições de vulnerabilidade, visando à 
garantia de direitos e o reconhecimento da condição do cidadão diante de sua 
cidadania.
Em consonância com LOAS, no seu capítulo II, seção I, artigo 
4º, a Política Nacional de Assistência Social (PNAS) é conduzida 
pelos seguintes princípios básicos:
1. Supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre 
as exigências de rentabilidade econômica. 
2. Universalização dos direitos sociais, tornar o destinatário da 
ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas. 
3. Respeito à dignidade do cidadão, a sua autonomia e ao seu 
direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência 
familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória 
de necessidade. 
4. Igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem 
discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às 
populações urbanas e rurais. 
5. Divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e 
projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo poder 
público e dos critérios para a sua concessão (BRASIL, 2004, p.26).
Fundamentadas nestes princípios as competências 
consideradas específicas dos assistentes sociais no quesito da 
Política de Assistência Social, perante os parâmetros que foram 
estabelecidos para atuação do profi ssional em Serviço Social, 
esta área atinge diferentes dimensões que se tornam interativas, 
complementares e indissociáveis da prática diária: 
149
GESTÃO SOCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – NOVOS DESAFIOS
DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL Capítulo 3 
[...] uma dimensão que engloba as abordagens individuais, 
familiares ou grupais na perspectiva de atendimento às 
necessidades básicas e acesso a direitos [...] uma dimensão 
de intervenção coletiva junto a movimentos sociais, na 
perspectiva da socialização da informação, mobilização e 
organização popular [...] uma dimensão voltada para inserção 
nos espaços democráticos de controle social e construção de 
estratégias para fomentar a participação [...] uma dimensão 
de gerenciamento, planejamento e execução direta de bens e 
serviços [...] uma dimensão que se materializa na realização 
sistemática de estudos e pesquisas sobre as reais condições de 
vida e demandas da classe trabalhadora, e possam alimentar 
o processo de formulação, implementação e monitoramento da 
política de assistência social [...] uma dimensão pedagógica-
interpretativa e socializadora de informações e saberes no 
campo dos direitos, da legislação social e das políticas públicas 
(CONSELHO FEDERALDE SERVIÇO SOCIAL, 2010, p. 18-19).
Sendo assim, pode-se perceber que essas dimensões expressam a 
ampliação do campo de intervenção do assistente social na área da Política de 
Assistência Social, porém reforça o compromisso político e ético do profi ssional 
com as demandas pertencentes a esta referida política, como exemplo podemos 
citar: crianças e adolescentes, mulheres vítimas de violência doméstica, idosos e 
outros. 
As ações dos assistentes sociais que dizem respeito à gestão e avaliação da 
Política de Assistência Social acabam compreendendo um conjunto de acúmulo 
de saberes e de experiências que são, de alguma forma, articulados com o 
desempenho dessa política.
As ações realizadas conforme a correlação de forças e de condições 
sociais, políticas, econômicas e culturais são relacionadas à agenda pública 
governamental.
A ação dos profi ssionais do Serviço Social na área da gestão da Política de 
Assistência Social é uma parte que integra uma equipe multidisciplinar formada por 
outras áreas de atuação profi ssional, como advogados, psicólogos e educadores 
sociais; e que focam na materialização intersetorial do profi ssional. 
Essa intersetorialidade é entendida como um empenho para realizar parcerias 
com instituições que são essenciais para garantir o sucesso das ações planejadas 
na Política de Assistência Social, evitando assim o assistencialismo diante das 
demandas sociais.
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Isolada do conjunto das políticas públicas e nem se 
pode reforçar a perspectiva de que o enfrentamento 
das desigualdades estruturais pode se dar pela via 
da resolução de problemas individualizados e que 
desconsiderem as determinações objetivas mais 
gerais da sociabilidade. Os desafi os que se colocam 
demandam dos/as profi ssionais, e dos/as assistentes 
sociais especialmente, uma articulação
na defesa do SUAS e de todas as políticas sociais, a 
partir de uma leitura crítica da realidade e das demandas 
sociais (CONSELHOFEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 
2010, p. 27).
A atuação dos assistentes sociais na Política de Assistência Social requer 
ações na área da Proteção Social Básica e Especial. Na proteção básica as 
ações realizadas têm como foco a prevenção de riscos sociais e isso acontece 
através dos procedimentos que desenvolvem a potencialidade e o fortalecimento 
dos vínculos familiares. Os assistentes sociais que atuam na Proteção Básica 
estão centralizados nos Centros de Referências em Assistência Social (CRAS) e 
tem como fundamento das ações a matricialidade familiar.
A Proteção Social Especial é o atendimento assistencial que se oferece 
às famílias e aos indivíduos que estão e se encontram com seus direitos 
violados através da situação de risco, podendo ser pessoal ou social. Vários 
exemplos podem ser citados, como abandono, trabalho infantil, maus tratos 
físicos e psíquicos, abuso sexual. O assistente social faz parte de uma equipe 
interdisciplinar que visa o acompanhamento individual e social das famílias e dos 
indivíduos em situação de violação dos direitos. Os profi ssionais que atuam na 
Proteção Social Especial desenvolvem seu trabalho nos Centros de Referências 
Especializados de Assistência Social (CREAS).
A Proteção Social Especial requer uma maior articulação profi ssional com 
todo o sistema de garantia de direitos, o que requer uma gestão dos programas 
e projetos mais ampla e compartilhada com outras instituições, como Poder 
Judiciário, Ministério Público e outros.
As atribuições e as competências dos assistentes sociais que atuam na 
Proteção Social Básica ou na Proteção Social Especial requerem, na sua inserção 
profi ssional nas atividades de gestão, planejamento e avaliação, sendo ações 
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DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL Capítulo 3 
fundamentais para analisar o desempenho da política em sua implementação e 
articulação com as demandas apresentadas.
Sendo assim, as contribuições das análises e estudos de avaliação, que 
visam ao aperfeiçoamento da gestão das políticas públicas, fazem com que o 
Estado redirecione e aperfeiçoe as políticas sociais de sua responsabilidade. Na 
Política de Assistência Social este ato representará um resgaste da dívida social 
com os cidadãos excluídos socialmente ao longo da história.
1 O Serviço Social no Brasil apresenta um vasto campo de atuação 
profi ssional, em destaque nas políticas públicas sociais. O Serviço 
Social é a profi ssão que faz a mediação entre os interesses do 
Estado e da população. Nesse sentido contextualize a afi rmação 
anterior relacionada com sua prática profi ssional.
2 De acordo com Armando Boito Jr (1999, p. 77) “a pobreza não é 
um dado natural com o qual se deparam os governos neoliberais; 
ela é produzida pela própria política econômica neoliberal, que 
reduz o emprego e os salários e reconcentra a renda”. Os países 
da América Latina foram considerados a terceira civilização das 
experiências neoliberais e, para adaptar a ideologia na América 
Latina, muitos ideólogos defendem que foram utilizadas algumas 
ideologias para contextualizar esse fato. Com base nessas 
informações, analise as questões a seguir e assinale quais 
ideologias foram utilizadas nesse contexto.
a) ( ) Nacionalista e desenvolvimentista.
b) ( ) Positivista e nacionalistas.
c) ( ) Estruturalista e desenvolvimentistas.
d) ( ) Positivistas e desenvolvimentistas.
4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Como pudemos perceber, a atuação profi ssional dos assistentes sociais no 
Brasil se dá de forma relevante em torno das políticas públicas. O profi ssional 
tem em sua essência de atuação desenvolver a mediação entre as políticas 
sociais implementadas pelo Estado e os interesses dos usuários destas políticas, 
enquanto demanda que necessita de programas, projetos e investimentos.
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 A consolidação desse processo de mediação profi ssional acontece no seio 
de uma sociedade desigual, na qual o Estado assume as políticas públicas de 
forma compensatória perante a dívida social que cada vez mais se acumula diante 
do modelo capitalista no qual estamos inseridos.
Nessa conjuntura, ao avaliar os espaços sócio-ocupacionais que foram 
ocupados pelos assistentes sociais nas instituições públicas, é destacado um 
novo campo de atuação profi ssional, a gestão e avaliação das políticas públicas 
sociais. 
Em cumprimento a essas atribuições específi cas, gestão e avaliação não 
podem acontecer de forma separada das demais ações relacionadas com o 
planejamentoe execução das políticas públicas, como artifício total que permeiam 
os interesses contraditórios que vão além do campo institucional e acaba refl etindo 
na realidade social dos cidadãos.
Os parâmetros e subsídios que orientam a atuação do assistente social 
têm como objetivo estratégico a análise crítica da realidade, fomentando nesse 
sentido a adoção de políticas sociais que efetivem os direitos dos cidadãos e que 
conduzam a uma melhor qualidade de vida, principalmente, para a maioria da 
camada da sociedade, os excluídos. 
Os assistentes sociais, além de intervirem na realidade que lhe capacitam, 
precisam atuar no processo de formulação das políticas socais, nesse sentido, 
os profi ssionais passam a acumular competência teórica, política e técnica, que 
dão habilidades para exercer a profi ssão na área da gestão, execução e avaliação 
direta das políticas públicas, focando em uma perspectiva de garantia ao acesso 
dos direitos sociais para todos cidadãos brasileiros como sujeitos políticos e 
sociais.
Nos espaços sócio-ocupacionais, que são compostos por equipes 
interdisciplinares, os assistentes sociais acabam fundamentando suas práticas 
através de direitos e deveres, atribuições e competências contidas no Código de 
Ética Profi ssional, na Lei de Regulamentação da Profi ssão e na formação técnica 
profi ssional fundamentada em diretrizes curriculares estabelecidas pela ABEPSS.
Diante disso, os assistentes sociais acabam atuando tanto no campo do 
planejamento e gestão, como na execução direta e avaliação das políticas sociais, 
através de um posicionamento crítico e com compromisso político e ético com as 
demandas de sua intervenção profi ssional diária.
A ação profi ssional do assistente social se materializa com o entrosamento 
político dos profi ssionais e de toda sua competência teórica e técnica 
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fundamentada em uma formação profi ssional solidifi cada e que direciona a 
atuação profi ssional no país.
Considerando todas as políticas públicas sociais que demandam de atuação 
de um profi ssional do Serviço Social, este visa dimensionar a sua atuação 
profi ssional na perspectiva da defesa dos direitos sociais e do reconhecimento 
da cidadania para todos em conformidade com a Constituição Federal e com o 
Projeto Ético Profi ssional, sendo este um dos desafi os dos profi ssionais.
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