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Livro - Ciências Políticas e Ética

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CIÊNCIAS POLÍTICAS 
E ÉTICA
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Dr. Sidelmar Alves da Silva Kunz
Indaial - 2020
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jairo Martins 
Jóice Gadotti Consatti
Marcio Kisner
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2020
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
K96c
 Kunz, Sidelmar Alves da Silva
 Ciências políticas e ética. / Sidelmar Alves da Silva Kunz. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2020.
 133 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-222-6
 ISBN Digital 978-65-5646-223-3
1. Ciência política. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 320
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
Ciência Política, Estado e Governo: 
Fundamentos Básicos ..................................................................7
CAPÍTULO 2
Democracia, Poder e Eleição sob a Ótica do Estado 
Democrático de Direito .............................................................45
CAPÍTULO 3
Ética e Política nas Relações Estado-sociedade ..................83
APRESENTAÇÃO
Olá, pós-graduando! Seja bem-vindo a essa experiência reflexiva na qual 
você será conduzido em direção a um aprofundamento sob a perspectiva teórica 
e prática concernente à compreensão de assuntos caros em nossa sociedade: a 
Ciência Política e a Ética.
No primeiro capítulo, trataremos dos fundamentos conceituais e 
epistemológicos cruciais para a vida na atualidade. Nesse tocante, promoveremos 
a sua aproximação a temas consagrados e que merecem a nossa atenção 
e esforço para o entendimento em relação as suas peculiaridades: a Ciência 
Política, o Estado e o Governo.
No segundo capítulo, enfrentaremos de modo esclarecedor e instigante 
temas clássicos como a Democracia, o Poder e a Eleição. Essa abordagem se 
pautará no horizonte de interpretação filosófica e metodológica alinhada à noção 
colmatada pelo Estado Democrático de Direito.
No terceiro capítulo, procuraremos fazer um recorte sobre a Ética tratando 
do tema Política nas relações Estado-Sociedade, visto como integrador dos 
assuntos abordados neste livro. A análise procedida busca apresentar aos 
estudantes familiaridade com os conceitos essenciais para o entendimento das 
relações existentes entre Ciência Política, Estado e Governo. Além de assumir 
que a compreensão dos processos não ocorre de modo fragmentado, pois a 
sociedade é dinâmica e a sua análise implica uma visão sistêmica articulada 
à pretensão de pensar o todo. Dessa forma, acreditamos que será possível 
contribuir para a qualificação dos olhares dos discentes, bem como assegurar 
o necessário exercício reflexivo acerca das relações Estado-Sociedade, tendo 
como sustentação a interface entre a ética e a política. 
Bons estudos!
Professor Dr. Sidelmar Alves da Silva Kunz.
CAPÍTULO 1
Ciência Política, Estado e Governo: 
Fundamentos Básicos
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• apresentar conhecimentos teóricos básicos acerca dos conceitos de Ciência 
Política, Estado e Governo, bem como de suas conexões;
• conceituar Ciência Política, Estado e Governo; 
• utilizar os conceitos, temas e concepções aprendidos para construção do 
entendimento das relações existentes entre Ciência Política, Estado e Governo.
8
 Ciências Políticas e Ética
9
Ciência Política, Estado e Governo: Fundamentos BásicosCiência Política, Estado e Governo: Fundamentos Básicos Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste capítulo, vamos estudar os conceitos de Ciência Política, Estado 
e Governo e a conexão existente entre eles. Serão abordados também os 
principais elementos utilizados para a análise da política e a partir dessa leitura 
compreenderemos o que está intrínseco ao conceito de política, e a concepção de 
que esta se apresenta em diferentes configurações e meios. A complexidade do 
termo é ampla, o melhor exemplo é a definição no Dicionário Aurélio: 
Conjunto dos fenômenos e das práticas relativos ao Estado ou 
a uma sociedade; arte e ciência de bem governar, de cuidar 
dos negócios públicos; qualquer modalidade de exercício da 
política; habilidades no trato das relações humanas; modo 
acertado de conduzir uma negociação estratégica (FERREIRA, 
2009, p. 649). 
Neste capítulo, também trabalharemos as formas que representam o modo 
como um determinado governo estrutura os poderes e exerce o poder sobre 
os governados. Mostraremos que as principais classificações sobre as formas 
de governos remontam a Aristóteles, Maquiavel e Montesquieu. Aristóteles, na 
Antiguidade, as classificou como monarquia, aristocracia e democracia. A partir do 
período moderno, duas concepções de governo que ganharam destaque foram 
as classificadas por Maquiavel: a monarquia e a república; e as de Montesquieu: 
república, monarquia e despotismo. A partir dessa leitura, percebe-se que as 
formas de governo incluem sistemas democráticos e não democráticos de 
governar e estão relacionadas ao número de pessoas que detêm o poder.
Ao final deste capítulo, perceberemos que existem várias perspectivas 
acerca do tema e não é nossa pretensão esgotá-lo. No entanto, a importância 
desse debate nos dá subsídios para analisar os conceitos, temas e concepções 
apresentadas para a construção das relações existentes entre ciência política, 
estado e governo.
2 CIÊNCIA POLÍTICA E ESTADO
Na visão de Bonavides (2000, p. 26), a “[...] caracterização da ciência implica, 
segundo inumeráveis autores, a tomada de determinada ordem de fenômenos, em 
cuja pluralidade se busca um princípio de unidade”. Essa busca tem como pauta 
a investigação da evolução, das causas, das circunstâncias e das regularidades 
passíveis de serem observadas no âmbito do fenômeno tratado, como podemos 
observar na Figura 1.
10
 Ciências Políticas e Ética
FIGURA 1 – FENÔMENO POLÍTICO
FONTE: <https://blogdaqualidade.com.br/3-dicas-para-fazer-a-politica-
da-qualidade-valer-a-pena/>. Acesso em: 4 set. 2020.
Desde Platão e Aristóteles, constata-se que a política se dava na polis, a 
ideia de constituição da polis é perpassada pelo princípio de que a cidade deve ser 
dirigida por governantes sábios, justos e virtuosos. É de Aristóteles a afirmação 
de que o homem é um animal político (zoon politikon). Na chamada polis grega, 
tanto o estudo da ética quanto da constituição da polis (da política) lançam as 
bases para o comportamento justo do indivíduo e do cidadão. O filósofo Platão 
compara a ideia de justiça, tanto no indivíduo quanto na sociedade, como sendo a 
harmonia entre suas partes.
Dias (2007) retrata acerca da origem e da evolução do pensamento científico 
e nos informa que a ciência no Ocidente passou por dois grandes momentos 
de transformação na sua evolução. E é nesses momentos que “[...] seus 
principais elementos foram definidos, organizados, construídos, reconstruídos e 
questionados” (DIAS, 2007, p. 28-29). A primeira ruptura aconteceu nos séculos 
VI e V a.C., na Grécia Antiga, e a segunda na Renascença, sobretudo a partir do 
século XVI com a força da modernidade europeia. Nesses períodos, notamos o 
triunfo da ciência em detrimento de outras formas de pensar a realidade (DIAS, 
2007). 
Roque (2009) elucida que na Grécia Antiga a ciência tinha como propósito 
alcançar as verdades universais, sendo que tais verdades eram, para Platão, 
independentesdos nossos sentidos, pois, em sua visão, somente a razão e a 
reflexão filosófica poderiam conduzir o ser humano até a verdade. Por seu turno, 
Aristóteles, diferentemente de Platão, entendia que a verdade partia da nossa 
experiência sensorial. 
11
Ciência Política, Estado e Governo: Fundamentos BásicosCiência Política, Estado e Governo: Fundamentos Básicos Capítulo 1 
Os escolásticos (termo que se refere aos estudiosos que produziram um 
método filosófico entre os séculos IX e XIII d.C.) se concentraram na dimensão 
lógico-dedutiva, uma intensa mobilização para o conhecimento das questões 
metafísicas e das ciências naturais. A Escolástica visou, sob grande influência do 
platonismo e, principalmente, do aristotelismo, a responder às diversas questões 
que a fé cristã suscitava no período.
Sobre ciência e política, o sociólogo Max Weber retrata que “a ciência é 
um produto da reflexão do cientista, enquanto a política é produto do homem de 
vontade e de ação, ou do membro de uma classe que compartilha com outras 
ideologias e interesses”. E é essencial distinguir a política e a ciência e considerar 
que esta tampouco está isenta de valores” (QUINTANEIRO; BARBOSA; 
OLIVEIRA, 2008, p. 98). 
A fim de colaborar com a compreensão da Escolástica que se trata do 
segundo período da filosofia cristã no contexto do Renascimento Carolíngio, 
indicamos assistir ao vídeo Filosofia Medieval. Escolástica - Prof. 
Anderson, do canal “Filosofia Total com Prof. Anderson”, disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=knoTMbvQoVA.
A influência de Francis Bacon (1561-1626), considerado o fundador da 
ciência moderna, foi tão significativa que o método experimental passou a receber 
a conotação de método científico. Ressalta-se que, conforme Eva (2008), para 
Bacon, o conhecimento era concebido num recorte pautado na lógica indutiva, 
cuja captação da realidade se dava por intermédio dos sentidos. Postula-se a 
existência de um conhecimento verdadeiro que pode ser alcançado ao percorrer 
o caminho da observação, coleta, organização dos dados empíricos, explicações 
gerais e comprovação de hipóteses. A perspectiva de Bacon é marcada pelo 
otimismo metodológico, ou seja, a crença na “[...] obtenção de um método de 
interpretação da natureza, capaz de conhecer verdadeiramente as formas das 
coisas” (EVA, 2008, p. 48). 
Desta forma, os escritos de Bacon combatiam o pensamento de seus 
antecessores que, em seu entendimento, faziam uma exaltação às forças do 
espírito humano, porém, não promoviam auxílios concretos para que o homem 
dedicasse mais atenção para as sutilezas da natureza a fim de evitar as coisas 
insanas (EVA, 2008). A base empirista de Bacon (também chamada de insular 
12
 Ciências Políticas e Ética
ou britânica) ia de encontro a outra frente filosófica da Modernidade, a idealista 
(ou continental, liderada por René Descartes). Essa dualidade iria perdurar 
por séculos, chegando com força nesses extremos, a depender da inclinação 
interpretativa das ciências. O empirismo subleva o idealismo justamente por 
garantir a verificação, algo mais tangencial no ideal-racionalismo francês, seu 
oposto – e por que não complemento – imediato, não ignorando as etapas de 
verificação experimental, mas com maior atenção para o patamar racionalista 
(KUNZ; ARAÚJO; CASTIONI, 2017, p. 20).
Para o aprofundamento acerca do método experimental e 
do pensamento de Francis Bacon, sugerimos assistir ao vídeo 
Videoaulas Poliedro | Francis Bacon, do canal “TV Poliedro”, 
disponível em https://www.youtube.com/watch?v=UfyOLHiY-lE.
A partir do período conhecido como Renascentismo, uma corrente filosófica 
é criada, chamada de Racionalismo. Com inspiração na filosofia grega, o objetivo 
era teorizar o modo de conhecer dos seres humanos, não aceitando qualquer 
elemento empírico como fonte do conhecimento verdadeiro. Nesse cenário são 
considerados filósofos racionalistas: Descartes, Spinoza e Leibniz.
O desenvolvimento intelectual e social em curso na Europa alcançou seu 
auge no século XVIII, com o Iluminismo. A ciência tornou-se a defensora da 
rebelião contra o dogma dos filósofos católicos. Na França, o grupo de intelectuais 
conhecido como Les Philosophes, que incluía Voltaire, Rousseau e Diderot, 
produziu a vasta reunião de informações chamada Encyclopédie, cuja ambição 
era catalogar o conhecimento humano num espírito da nova ciência. Rousseau 
contestou a velha ordem ao declarar que, em toda parte, o homem nasce livre. 
A pressão social por um sistema de governo mais igualitário levou à Revolução 
Francesa, em 1789, seguida pelas Guerras Revolucionárias e Napoleônicas, que 
sacudiram a ordem política estabelecida. Dentre os principais pensadores dessa 
corrente filosófica destacam-se: Voltaire, John Locke, Jean-Jacques Rousseau, 
Montesquieu, Diderot, Adam Smith, David Hume e Immanuel Kant.
A partir do início do século XIX, o Positivismo de Auguste Comte rejeitou 
qualquer pretensão ao conhecimento não baseada na investigação científica e 
13
Ciência Política, Estado e Governo: Fundamentos BásicosCiência Política, Estado e Governo: Fundamentos Básicos Capítulo 1 
considerou os pensamentos religioso e metafísico antiquados. O filósofo afirmou 
que a sociedade devia ser tratada como um objeto de estudo científico e cunhou 
o termo sociologia.
Para o aprofundamento acerca do pensamento positivista, 
sugerimos assistir ao vídeo Cientificismo, Positivismo Lógico e 
Positivismo Jurídico, do canal “Direito Sem Juridiquês”, disponível 
em https://www.youtube.com/watch?v=g6mvj9-P00M. 
Com o intuito de colaborar com a apreensão do pensamento de 
Karl Popper, considerado um severo crítico do positivismo, indicamos 
assistir ao vídeo Karl Popper - FALSEABILIDADE | Prof. Anderson, 
do canal “Filosofia Total com Prof. Anderson”, disponível em https://
www.youtube.com/watch?v=eg9KKUAGv6M. 
Como abordado anteriormente, a ciência e a política tinham extrema 
importância na antiguidade grega, com o surgimento da polis, e posteriormente, na 
república romana. Muitos estudiosos trataram esses conceitos separados e juntos 
através dos séculos, e um dos melhores exemplos é a obra O Príncipe, de Nicolau 
Maquiavel, escrito na segunda metade do século XV. A referida obra retrata o 
contexto político de uma Península Itálica conturbada, marcada por constante 
instabilidade, uma vez que eram muitas as disputas políticas pelo controle 
e manutenção dos domínios territoriais das cidades e estados. Sua obra seria 
uma espécie de manual político para governantes que almejassem não apenas 
se manter no poder, mas também ampliar suas conquistas. A originalidade de 
Maquiavel estaria em grande parte na forma como lidou com essa questão moral 
e política, trazendo uma outra visão ao exercício do poder outrora sacralizado 
por valores defendidos pela Igreja. Considerado um dos pais da Ciência 
Política, sua obra pioneira, já abordava questões que ainda são importantes 
na contemporaneidade, tal como a legitimação do poder, principalmente se 
considerarmos as características do solo arenoso que é a vida política.
14
 Ciências Políticas e Ética
A Ciência Política propriamente dita só se constituiu muito mais tarde, no 
decorrer do século XIX. Ela reuniu filosofia moral, filosofia política, política 
econômica e história, por exemplo, para compor análises sobre o Estado, o 
governo e suas funções. Além disso, o século XIX ficou reconhecido por ser a 
era de surgimento das Ciências Humanas, tais como Sociologia, Antropologia e 
História. Surgiria nessa época algo diferente da Filosofia Política praticada pelos 
gregos antigos (JUNIOR, 2020).
O termo Ciência Política foi cunhado por Herbert Baxter Adams, professor 
de História na Universidade Johns Hopkins (EUA), em 1880. Atualmente, aplica-
se à teoria e à prática da política, assim como envolve descrições e análises dos 
sistemas e dos comportamentos políticos. Como ciência de estudo da política, 
dedica-se aossistemas políticos, às organizações e aos processos políticos. 
Atenta-se também para o estudo das estruturas e das mudanças nas estruturas, 
assim como análises de governo. Entre os focos de atenção dos cientistas 
políticos podem estar empresas, sindicatos, igrejas e vários outros tipos de 
organização dotados de estruturas e processos que se aproximem de um governo 
(JUNIOR, 2020).
Na Figura 2 apresentamos os tipos de conhecimentos, para elucidar a 
demarcação da ciência na constituição do pensamento humano ao longo da 
história de como a ciência avançou e passou a ocupar espaço privilegiado na 
sociedade moderna e contemporânea, ressaltando as afirmações supracitadas 
no texto.
FIGURA 2 – TIPOS DE CONHECIMENTO 
FONTE: <https://www.diferenca.com/conhecimento-empirico-
cientifico-filosofico-e-teologico/>. Acesso em: 3 set. 2020.
15
Ciência Política, Estado e Governo: Fundamentos BásicosCiência Política, Estado e Governo: Fundamentos Básicos Capítulo 1 
Quando olhamos para o quadro do século XIX, notamos que houve uma 
confiança exagerada da modernidade na ciência e nas suas possibilidades. A 
ciência se firmou como “[...] a religião da modernidade”, o próprio Comte, com 
sua nova ideologia positivista, propôs uma religião ateísta com suas próprias 
cerimônias e festas (DIAS, 2007, p. 36).
 A Figura 3 ilustra bem essa legitimação do conhecimento científico, 
apontando-o como sendo o único caminho e processo necessário para se obter 
a verdade, inclusive no plano espiritual em que se tenta construir bases para 
produzir explicações racionais associadas ao plano da fé. 
FIGURA 3 – CIÊNCIA COMO RELIGIÃO DA MODERNIDADE
FONTE: <https://istoe.com.br/quando-ciencia-encontra-deus/>. Acesso em: 3 set. 2020.
E foi nesse momento marcado pelo cientificismo que nasce as ciências 
sociais e, na atualidade, a visão que prevalece acerca do seu entendimento 
consiste em considerá-la como “uma busca constante de explicações e soluções, 
de revisão e reavaliação dos resultados, apesar de sua falibilidade e limites. É por 
meio destes conceitos, leis e teorias que se busca compreender e agir sobre as 
coisas, como um processo dinâmico e em construção” (CARTONI, 2009, p. 15). 
Com a divisão da ciência que se constituiu em uma construção para facilitar 
a exploração da realidade, a qual se apresenta complexa e desafiante. A divisão 
ocorreu em campos específicos para viabilizar o aprofundamento dos distintos 
objetos de investigação; de modo a proporcionar aprofundamento e acumulação 
de conhecimentos à medida que os pesquisadores conseguem verticalizar, cada 
vez mais, as suas análises concernentes as suas realidades de pesquisa. 
16
 Ciências Políticas e Ética
A preocupação é no sentido de incentivar a interdisciplinaridade e a 
autonomização científica. Cada área ou ciência precisa convencer a si própria 
e as outras áreas de que o seu recorte da realidade tem objetividade, existe e 
merece ser analisada. O exemplo a ser citado da distinção das áreas e/ou ciências 
é querela entre Filosofia Política e Ciência Política. Sobre esse assunto, o filósofo 
Norberto Bobbio considera que: 
Para se legitimar como ciência, a Ciência Política se mostrou 
como diferente da Filosofia política. Uma vez que, ela teria 
uma função descritiva ou explicativa cujo objeto de análise 
seria avaliar a política tal como é (a “verdade efetiva”) com 
uma projeção “futurível”. Enquanto a Filosofia Política com sua 
função prescritiva apresentaria em objeto de análise “a política 
tal como deveria ser” assumindo uma projeção de teoria de 
uma idealização de governo (BOBBIO, 2000, p. 1).
Os cientistas políticos se convenceram de que a realidade política existia e 
merecia ser recortada para aprofundamento, pois a política é explicada através de 
fatos políticos, econômicos, sociais e culturais. Assim, a ciência política assumiu a 
sua autonomização na justa medida em que os fatos políticos foram vistos como 
variáveis independentes e capazes de explicar outros fatos. A autonomização da 
ciência política não se deu somente no plano lógico, mas também no movimento 
histórico que tornou evidente o seu objeto de investigação.
Em tal horizonte, a Ciência Política é apresentada como uma ciência que se 
submeteu a diversas críticas que colocavam em dúvida a sua existência como 
ciência, dado que havia uma inquietação do quadro científico quanto ao termo 
político que é entendido como movediço e instável (BONAVIDES, 2000). 
O cientista político Paulo Bonavides caracteriza que em razão da 
mutabilidade do material de estudo que o cientista político lida são constituídos 
“[...] não somente óbices quase invencíveis ao estudioso, como torna penosíssimo 
senão impossível o reconhecimento, na Ciência Política, de leis fixas, uniformes, 
invariáveis” (BONAVIDES, 2000, p. 41). 
Na esteira desse pensamento, também é inconcebível o cientista político se 
neutralizar perante o objeto que está analisando, dado que há uma tendência da 
consciência do pesquisador se conectar com o fenômeno em apreciação. A esse 
respeito, Bonavides (2000, p. 41) esclarece que:
Sua aderência a determinado Estado, seu lastro ideológico, 
sua vivência em certa época, suas reações psicológicas 
em presença dos mais distintos grupos, desde a igreja, 
o sindicato e a comunidade até a família e a escola, fazem 
desse observador unidade irredutível, capaz de emprestar 
ao fenômeno observado todo o feixe de peculiaridades que o 
acompanham, recebidas ou inatas. 
17
Ciência Política, Estado e Governo: Fundamentos BásicosCiência Política, Estado e Governo: Fundamentos Básicos Capítulo 1 
O filósofo salienta ainda que “a Ciência Política, em sentido lato, tem por 
objeto o estudo dos acontecimentos, das instituições e das ideias políticas, tanto 
em sentido teórico (doutrina) como em sentido prático (arte), referido ao passado, 
ao presente e às possibilidades futuras” (BONAVIDES, 2000, p. 42).
É importante ressaltar que a formação do pensamento político diz respeito 
a um dos aspectos da realidade que é fundamental para a compreensão da 
sociedade. E, nesse sentido, a ciência política sustenta sua relevância em função 
de tratar das temáticas relacionadas ao poder em vários aspectos ou momentos. 
Assinala-se que onde se tem poder e suas relações sociais encontra-se a política, 
haja vista que a política se manifesta nas relações de poder inerentes à vida 
social. Além disso, não há que se falar em um poder em apenas um ponto da 
estrutura social. O poder está nas práticas realizadas, não se refere a nenhuma 
coisa em específico, se estabelece por meio de mecanismos e dispositivos que 
se apresentam em uma rede de relações. Na ótica de Bonavides (2000, p. 24):
[...] o fenômeno do poder, as competições de grupos e 
indivíduos para lograr influxo sobre a formação da vontade 
oficial ou apoderar-se dos instrumentos estatais de decisão, 
bem como as instituições existentes e os canais abertos ao 
curso dessa ação, constituem o substrato de toda a matéria 
política, cujo entendimento requer e impõe exigências de 
fundo teórico.
Essas relações de poder estão presentes em distintos momentos na vida 
dos indivíduos. Os fatores políticos permeiam a vida em todos os aspectos, no 
entanto, os cientistas políticos definem a atividade, papel e área da ciência política 
relacionada ao Estado. Na Figura 4 fica evidenciada a atuação do fenômeno do 
poder no cotidiano das pessoas.
FIGURA 4 – AS CONEXÕES DO PODER NA VIDA CULTURAL
FONTE: <http://www.acervofilosofico.com.br/walter-benjamin-a-reprodutibilidade-
da-obra-de-arte/o-conceito-da-industria-cultural-14/>. Acesso em: 12 set. 2020.
18
 Ciências Políticas e Ética
A Ciência Política busca a “[...] discussão de proposições respeitantes 
à origem, à essência, à justificação e aos fins do Estado, como das demais 
instituições sociais geradoras do fenômeno do poder, visto que nem todos 
aceitam circunscrevê-lo apenas à célula mater” (BONAVIDES, 2000, p.44). Tal 
célula embrionária diz respeito ao Estado e cada vez mais, na atualidade, se tem 
alargado as consciências, incorporando as contribuições dos partidos, sindicatos, 
igreja, organismos internacionais, dentre outros.
A manutenção da ordem, da estabilidade e da boa convivência social 
constituiu a dimensão do Estado em separação da religião, da moral, do senso 
comum, da economia e do jurídico. O Estado passou a figurar com características, 
lógica e fim próprio. É necessária uma dimensão lógica e histórica centrada no 
aspecto político em separação de outros aspectos da realidade para viabilizar a 
existência de um Estado. 
Tendo em vista a existência e a necessidade de se ter uma situação sólida do 
Estado é fundamental considerar que o processo eleitoral, na contemporaneidade, 
tem avançado com vistas a concatenar o mundo político com a estabilidade das 
demais dimensões da vida, as quais suscitam integração do pensamento com as 
ações práticas. Deste modo, o mundo político não deve desestabilizar o mundo 
econômico. Nessa acepção, o atual processo histórico indica a pertinência de se 
conceber a sociedade conectada a seus distintos atores políticos como alternativa 
para assegurar a estabilidade na ordem econômico/social, como podemos 
perceber na figura a seguir.
FIGURA 5 – POLÍTICA E ECONOMIA
FONTE: <https://www.bombagiu.it/economia-e-politica/>. Acesso em: 3 set. 2020.
19
Ciência Política, Estado e Governo: Fundamentos BásicosCiência Política, Estado e Governo: Fundamentos Básicos Capítulo 1 
 Os aspectos do social com a política estão intrínsecos no marxismo e 
na chamada social democracia. No marxismo, conforme Quintaneiro, Barbosa 
e Oliveira (2008, p. 38), [...]“a consciência de classe conduz, na sociedade 
capitalista, à formação de associações políticas (sindicatos, partidos) que buscam 
a união solidária entre os membros da classe oprimida com vistas à defesa de 
seus interesses e ao combate aos opressores”. Em relação à social-democracia, 
surgida na Alemanha no início do século XX, dispunha como propósito realizar 
reformas sociais dentro do capitalismo. Vários países aderiram, sobretudo, 
através das políticas trabalhistas. Isso é política social.
A partir desses elementos, entendemos que não é possível discutir acerca 
da ciência política sem entender o significado do Estado, considerando que ele é 
o seu objeto de estudo, e é nele que acontecem as decisões políticas e jurídicas 
da sociedade. Destarte, pontuamos que esse enquadramento torna fundamental 
a apreensão de sua estrutura em face do fato de que cada Estado tem a sua 
organização política, jurídica e societária específica. 
Como salienta Bonavides (2000), desde a Antiguidade aos nossos dias, o 
Estado é conhecido como ordem política da sociedade, embora essa denominação 
nem sempre tenha pertencido a ele. Na Antiguidade, a ideia de Estado era 
traduzida pela polis dos gregos ou a civitas e a república dos romanos, sobretudo, 
modelo do vínculo comunitário, de aderência instantânea à ordem política, como 
também a de cidadania. 
1) Produza um texto em que você expresse a importância do 
conhecimento sobre Ciência Política, Estado e Governo para 
pensar as realidades políticas na atualidade. 
3 FORMAS DE ESTADO
O termo Estado (do latim status: modo de estar, situação, condição) data 
do século XIII e se refere a qualquer país soberano, com estrutura própria e 
politicamente organizado, bem como designa o conjunto das instituições que 
controlam e administram uma nação. Segundo Ferreira Filho (2001, p. 45), 
o conceito de Estado é o que estabelece ser ele “uma associação humana 
(povo), radicada em base espacial (território), que vive sob o comando de uma 
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 Ciências Políticas e Ética
autoridade (poder) não sujeita a qualquer outra (soberania)”. Nesta noção se 
encontram presentes os elementos do Estado, quais sejam, povo, território, poder 
e soberania.
Vários filósofos se debruçaram sobre a definição e os desdobramentos 
sobre o conceito de Estado. Os ingleses Hobbes e Locke são considerados 
precursores da Teoria Clássica da concepção de Estado. De acordo com esta 
teoria, o Estado se originou de um “acordo entre os indivíduos, que ameaçados 
pela desagregação, buscaram uma forma de manterem-se seguros, assim como 
a suas propriedades considerados, como hoje, direitos essenciais à subsistência 
da vida em sociedade” (RAMOS, 2012, p. 4). 
Para Hegel (1770-1831), por sua vez, introduz na Teoria do Estado uma 
visão liberal tecnocrática. Para o filósofo, o Estado se sobrepõe aos interesses 
particulares, colocando a salvo o que há de essencial em cada interesse, 
isoladamente considerado, impondo princípios de racionalidade à sociedade. A 
família e a sociedade, em Hegel, condicionam-se à ideia de Estado.
Opondo-se ao pensamento de Hegel, Marx, com sua crítica, levou a uma 
nova e revolucionária concepção de Estado, que pode ser entendida como uma 
teoria econômica da origem do Estado, apoiada, ainda, por Engels. Karl Marx 
contestava o Estado Liberal, que se tornara incapaz para resolver os conflitos de 
classes – capitalistas e operários. Caberia ao Estado buscar, além da igualdade 
jurídica, a igualdade econômica. Desta forma, o Estado era um “mal necessário”, 
pelo que, deveria ser transitório, isto é, deveria ser extinto como governo 
de pessoas, para dar lugar a um sistema de administração de coisas comuns 
(RAMOS, 2012, p. 6).
Max Weber (1864-1920), ao discorrer sobre o fenômeno da centralização 
do poder, afirma ser o mesmo “monopólio da força legítima”. Segundo o 
autor, o surgimento do Estado Moderno se confunde com a história da tensão 
existente entre a descentralização do poder, ou policentrismo do feudalismo e 
a centralização do poder do Estado territorial “concentrado e unitário”, ou ainda, 
com a ampliação do espaço público, em detrimento do privado. Assim, Weber 
dimensionou o fenômeno administrativo do Estado ao afirmar que a burocracia 
supera as demais formas de administração. Ele definia a burocracia como uma 
forma de organização humana, baseada na racionalidade, entendida como 
adequação dos meios aos objetivos e fins pretendidos, a fim de garantir a máxima 
eficiência possível. A burocracia é tida, ante estes conceitos, como forma de 
poder (RAMOS, 2012).
Mesmo na atualidade, a definição do que se entende por de Estado é vasta, 
complexa e abrange uma ampla diferenciação acerca da sua caracterização. 
21
Ciência Política, Estado e Governo: Fundamentos BásicosCiência Política, Estado e Governo: Fundamentos Básicos Capítulo 1 
Na esteira desse pensamento, Pereira (2009) mostra que há estudiosos que 
acreditam que não existe divergência acerca da concepção e definição do Estado, 
entretanto, não se trata de um consenso, dado que alguns pensadores consideram 
que definir Estado é complexo e se constitui como um grande desafio, tendo em 
vista que é concebido por vários aspectos que interferem na sua definição. 
Pereira (2009, p. 289) esclarece que o grupo que concorda que há uma 
definição do Estado ressalta a presença contínua de três elementos fundamentais:
a) Um conjunto de instituições e prerrogativas, entre as quais, 
o poder coercitivo, que só o Estado possui por delegação 
da própria sociedade; b) o território, isto é, um espaço 
geograficamente delimitado onde o poder estatal é exercido. 
Muitos denominam esse território de sociedade, ressaltando 
a sua relação com o Estado, embora esse mantenha relações 
com outras sociedades, para além de seu território; c) um 
conjunto de regras e condutas reguladas dentro de um 
território, o que ajuda a criar e manter uma cultura política 
comum a todos os que fazem parte da sociedade nacional ou 
de que muitos chamam de nação.
É interessante termos em vista essas considerações e demarcarmos que 
esses elementos se apresentam de uma forma mais ideal do que real, visto 
que, na perspectiva de Pereira (2009), há uma grande dificuldade por parte do 
Estado em efetivarseu poder, regular a sociedade, regular e gerenciar o ingresso 
de elementos externos no seu território. Nesse sentido, acentua que “[...] não 
é pacífica a existência do Estado e nem sua relação com os seus elementos, 
particularmente com a sociedade” (PEREIRA, 2009, p. 289).
Conforme Bonavides (1986, p. 207), existem dois tipos de Estados, sendo 
que o Estado Federal ou Confederação:
[...] deparam-se vários Estados que se associam com 
vistas a uma integração harmônica de seus destinos. Não 
possuem esses Estados soberania externa e do ponto de 
vista da soberania interna se acham em parte sujeitos a um 
poder único, que é o poder federal, e em parte conservam 
sua independência, movendo-se livremente na esfera de 
competência constitucional que lhes for assinalada para efeito 
de auto-organização. 
O Estado federado também conhecido como Estado federativo ou composto 
são estruturados na descentralização política em que os entes federativos 
podem exercer os seus poderes com base nos regramentos instituídos pela 
Constituição Federal. Há uma única soberania, a do Estado, mas os membros 
gozam de autonomia, então, os estados membros compartilham o poder central 
(CARVALHO FILHO, 2001). 
22
 Ciências Políticas e Ética
O chamado Federalismo tem uma classificação própria, podemos considerar 
em federalismo por agregação, por desagregação ou segregação. No primeiro 
tipo, por agregação, estados soberanos e independentes abrem mão de parte 
de sua soberania para a formação de um novo Estado federativo, passando a 
ser apenas autônomos entre si, temos os Estados Unidos como exemplo. No 
federalismo por desagregação, o Estado federativo surge a partir de um Estado 
unitário que se descentraliza, normalmente por razões políticas e de eficiência, 
temos o Brasil como exemplo.
Quanto à separação das competências e atribuições, o federalismo é dividido 
em federalismo dual e federalismo cooperativo. No dual, há uma separação rígida 
entre essas competências, não havendo qualquer interpenetração entre elas nem 
colaboração entre os entes, exemplo foram os Estado Unidos em sua origem. 
No federalismo cooperativo, as atribuições são exercidas de forma comum ou 
concorrente, privilegiando a atuação em conjunto e aproximando os entes 
federativos. Por esse motivo, o federalismo dual, no mundo moderno, está sendo 
gradualmente substituído pelo cooperativo.
Outra classificação divide o federalismo em simétrico e assimétrico. No 
federalismo simétrico, há entre os entes federados uma homogeneidade quanto 
à cultura, ao desenvolvimento e à língua também, como nos Estados Unidos, 
por exemplo. No assimétrico, há uma diversidade cultural e linguística entre 
esses entes, como ocorre no Canadá, um país não só bilíngue, mas também 
multicultural.
Também convém citar o federalismo orgânico, em que o Estado federal é 
considerado um organismo, buscando uma sustentação do todo em detrimento 
das partes. Esse modelo de federalismo é marcado por uma concepção 
centralizadora, em que os Estados-membros são enfraquecidos pelo poder 
central. Outro tipo, o federalismo por integração, há também uma preponderância 
do governo central em relação aos demais entes federativos. Porém, ele busca 
atenuar algumas características do modelo federativo clássico em nome da 
integração nacional. E por último, o federalismo de equilíbrio, que por sua vez, 
busca manter a harmonia entre os entes federados, reforçando suas instituições 
e utilizando estratégias como a criação de regiões de desenvolvimento, regiões 
metropolitanas, concessão de benefícios e programas para redistribuição de 
renda.
O segundo Estado retratado por Bonavides (1986, p. 189) é o Estado 
Simples ou Unitário: “das formas de Estado, a forma unitária é a mais simples, 
a mais lógica, a mais homogênea. A ordem jurídica, a ordem política e a ordem 
administrativa se acham aí conjugadas em perfeita unidade orgânica, referidas a 
um só povo, um só território, um só titular do poder público de império”.
23
Ciência Política, Estado e Governo: Fundamentos BásicosCiência Política, Estado e Governo: Fundamentos Básicos Capítulo 1 
No Estado unitário, faz uso do mecanismo de desconcentração do poder para 
assegurar a sua efetividade nas distintas localidades, no entanto, as instâncias 
administrativas ficam subordinadas à administração central. Desse modo, “[...] 
os órgãos que exercem a soberania nacional são unos para todo o território” 
(BASTOS, 1995, p. 96). 
Na tentativa de expor o outro ângulo, pondera-se que é perceptível 
a dificuldade de definir esse ente abstrato chamado Estado, sobretudo ao 
considerar os seguintes elementos problematizadores, como a compreensão 
do que é Estado de Direito, Estado Liberal e Estado de Bem-Estar Social. Cada 
formato de Estado reflete um contexto social, e sugiram ao final do século XIX e 
início do século XX. 
De maneira simples, o chamado Estado de Direito é quando o governante 
não detém poder absoluto, apenas a lei que está acima de todos, ficando acima 
até mesmo dos governantes. Nessa perspectiva, somente um Estado com esse 
formato “fundado nas leis definidas pela vontade geral, seria capaz de limitar 
os extremos de pobreza e riqueza presentes na sociedade civil e promover a 
educação pública para todos – meio decisivo para a livre escolha” (BEHRING; 
ROSSETTI, 2009, p. 58). Já o Estado Liberal se caracteriza pela valorização 
da autonomia e pela proteção dos direitos dos indivíduos, de modo a lhes 
garantir a liberdade de fazer o que desejarem desde que tais ações não violem 
o direito dos outros, ou seja refere-se a uma “sociedade fundada no mérito de 
cada um em potenciar suas capacidades supostamente naturais” (BEHRING; 
ROSSETTI, 2009, 58). Nessa perspectiva, Pereira (2009, p. 286) analisa que a 
liberdade individual que se tornou central no liberalismo clássico do século XVIII, 
bem como no novo liberalismo (neoliberalismo) da contemporaneidade remete à 
“chamada liberdade negativa que, em consonância com os anseios da burguesia 
nascente de substituir no poder uma decadente aristocracia feudal, é definida 
como: a liberdade que nega qualquer interferência do Estado ou dos governos 
nos assuntos privados, especialmente no mercado”.
O Estado de Bem-Estar Social (ou Estado-providência, ou Estado social) é 
um tipo de organização política, econômica e sociocultural que coloca o Estado 
como agente da promoção social e organizador da economia. Existe uma enorme 
produção acerca desse assunto que demanda um esforço para mostrar os 
pressupostos distintos de teóricos, de várias áreas do conhecimento, sobre esta 
temática. Desse modo, pontuamos os principais argumentos sobre este assunto. 
Em seus estudos, Lemos (2009) identificou quatro correntes de pensamento 
diferentes. O primeiro grupo corrobora as ideias de Marshall, precursor desta linha 
de pensamento, sustenta que o surgimento do Estado de Bem-Estar a partir dos 
conceitos de cidadania e solidariedade. Para esses estudiosos, a construção do 
24
 Ciências Políticas e Ética
Estado de Bem-Estar não teve como alicerce a sua funcionalidade em relação ao 
sistema capitalista, pelo contrário, foi erguido graças aos seus próprios benefícios 
num cenário específico de industrialização. Nesse sentido, o determinismo 
econômico condiz com o evolucionismo ao indicar que “os direitos sociais nascem 
da ampliação progressiva e natural dos direitos políticos. Seu raciocínio parte do 
princípio de que uma crescente igualdade política teria levado à construção de 
políticas sociais minimizadoras das desigualdades econômicas” (LEMOS, 2009, 
p. 79). 
Uma segunda classificação, predominantemente econômica e que apresenta 
como principal aspecto explicativo do desenvolvimento desse modelo o processo 
de industrialização, tem como principal referência Titmuss. A terceira abordagem 
é a marxista, que sustenta que o surgimento do Estado de Bem-Estar é 
“intrínseco ao modo de produção capitalista, portanto, um problema “estrutural”,na sua tradição teórica” (LEMOS, 2009, p. 82). E, por fim, a última abordagem, de 
Esping-Andersen, que reelaborou a classificação de Titmuss e a classificação dos 
Estados de Bem-Estar em três modelos políticos: o liberal, o social-democrático e 
o conservador corporativista.
Também é preciso considerar os conceitos de Estado Democrático e Estado 
Totalitário. O Estado Democrático (de Direito) é uma forma de Estado em que 
a soberania popular é fundamental. É marcado pela separação dos poderes 
estatais, a fim de que o legislativo, executivo e judiciário não se desarmonizem 
e comprometam a soberania popular. Outro aspecto significativo que caracteriza 
essa forma de Estado é o respeito aos Direitos Humanos que são fundamentais e 
naturais a todos os cidadãos. 
Em relação ao Estado Totalitário, este é considerado um sistema político 
caracterizado pelo controle absoluto de uma pessoa ou de um partido sobre toda 
uma nação. No sistema totalitarista, a pessoa (no cargo de líder) ou o partido 
político – ambos representando o Estado – detém um controle total e absoluto 
sobre a vida pública e privada por meio de um governo autoritário, que para 
Chauí (2000, p. 550) “significa Estado total, que absorve em seu interior e em 
sua organização o todo da sociedade e suas instituições, controlando-a por 
inteiro”. É importante destacar que este regime se sustenta geralmente por um 
forte militarismo — muito útil para calar as vozes dissidentes — e é acompanhado 
por forte aparato de propaganda ideológica, cujo principal objetivo consiste em 
promover o culto ao líder, ressaltar os feitos do regime e, sobretudo, manter o 
poder de Estado para desenvolver para o desenvolvimento harmonioso da nação 
e sociedade. O terror era outra arma utilizada pelos regimes totalitários e seu 
objetivo era amedrontar os opositores.
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Ciência Política, Estado e Governo: Fundamentos BásicosCiência Política, Estado e Governo: Fundamentos Básicos Capítulo 1 
Essas distinções acontecem em função da natureza, da historicidade e 
das condições desenvolvidas nos processos sociais, políticos, econômicos e 
jurídicos em curso em cada sociedade. A figura a seguir retrata essas diferentes 
perspectivas.
FIGURA 6 – TOTALITÁRIO VERSUS DEMOCRÁTICO
FONTE: <https://www.todamateria.com.br/regimes-totalitarios-
na-europa/>. Acesso em: 17 set. 2020.
O que temos de fato é que o Estado alcança todas as dimensões da vida 
das pessoas em sociedade, assumindo diferentes responsabilidades no sentido 
de atender e administrar as distintas demandas constituídas resultantes de 
interesses diversos. Ele é resultado da sociedade que o engendra e o estabelece 
e é constituído para desempenhar os interesses da sociedade e deve trabalhar 
a seu favor. Sendo assim, Dallari (2001, p. 243) assevera que “o Estado exerce 
influência fundamental na vida de todas as pessoas e de todos os grupos 
humanos. Esse é um fato do nosso tempo, independente da vontade de cada, 
não havendo uma só pessoa, rica ou pobre, poderosa ou humilde, que possa ficar 
totalmente livre da influência do Estado”.
Lembrando que o Estado é uma forma de organização do poder político, 
que tem sua origem na Europa do século XIII e envolve: (a) um território próprio, 
independente e reconhecido, um povo com demandas, direitos e deveres; (b) forma 
de governo, uma forma de poder consensual ou não; e (c) constitui instituições 
políticas com regras e etapas que precisam ser cumpridas, ordenamento jurídico, 
instituições administrativas, econômicas e policiais.
26
 Ciências Políticas e Ética
O Estado consiste na pessoa jurídica territorial soberana, constituída pelos 
elementos povo, território e governo soberano. Ele possui o monopólio do uso da 
força (WEBER, 1982), que pode ser verificado pela presença de forças armadas 
e auxiliares na maioria dos países. A figura a seguir ilustra o peso do controle do 
uso da força nas relações sociais.
FIGURA 7 – O USO DA FORÇA
FONTE: <https://brainly.com.br/tarefa/30580694>. Acesso em: 12 set. 2020.
O cientista político Luiz Carlos Bresser-Pereira (2017, p. 155) afirma que:
O Estado, suas leis e suas políticas são sempre a expressão 
do poder presente nas formas sociais de intermediação política 
entre a sociedade e o Estado, mas o poder que encontramos 
na nação, na sociedade civil e nas coalizões de classe está 
longe de ser o poder do conjunto dos cidadãos iguais perante 
a lei.
A partir dessa compreensão podemos romper com a visão simplista que 
manifesta o entendimento de que a “história do surgimento do Estado moderno e 
da formação do estado-nação é uma história de grandes lutas políticas que deixam 
claro como as nações veem seu Estado – como seu instrumento fundamental de 
defesa de seus próprios interesses” (BRESSER-PEREIRA, 2017, p. 155). 
Sobre as formas de Estado, indicamos assistir ao vídeo Aula 8 - 
Ciência Política - Formas de Estado, do Canal “Leão Nepomuceno”, 
disponível em https://www.youtube.com/watch?v=36juD-Qen9A. 
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Ciência Política, Estado e Governo: Fundamentos BásicosCiência Política, Estado e Governo: Fundamentos Básicos Capítulo 1 
A caracterização do Estado Federal está intimamente ligada à formação 
histórica do sistema no país. No caso brasileiro, o federalismo como forma de 
Estado foi criado em 1891, após a proclamação da República, por um decreto que 
colocou fim ao Estado Unitário e centralizado e permitiu a criação dos Estados 
Federados. O período desde a Constituição de 1891 até a atual Constituição foi 
marcado por um ciclo que alternou fases de descentralização e centralização do 
poder político, administrativo e fiscal.
FIGURA 8 – CARACTERÍSTICAS DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA
FONTE: <https://liciniarossi.com.br/mapas-mentais/caracteristicas-
da-federacao/>. Acesso em: 19 set. 2020.
Como exemplo do caso brasileiro, podemos citar os embates no contexto 
da pandemia do COVID-19 pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) (que se 
apresenta como um dos maiores desafios sanitários em proporção mundial 
deste século). O presidente da República concebe uma normativa geral e cada 
governador e prefeito avalia se aquela normativa terá vigência em seus territórios 
e não tem autoridade de intervir em um estado que diverge dele alegando a 
sua autonomia. Isso é uma manifestação da condição da forma de Estado do 
nosso país que é um Estado simples Federal. No federalismo brasileiro, a União 
28
 Ciências Políticas e Ética
representa a unidade dos Estados e, por esse motivo, “somente ela detém a 
soberania e a independência nacionais, consubstanciadas na reserva da defesa 
dos interesses nacionais e na competência privativa acerca de determinadas 
matérias, consideradas de interesse nacional, expressamente discriminadas na 
Constituição Federal” (SIMÕES, 2009, p. 40-41).
Desse modo, entendemos que a União é o ente poderoso típico, pois só a 
união pode legislar sobre liberação de drogas, aborto, pena de morte, ao passo 
que outras questões são de competência dos Estados, municípios e Distrito 
Federal. 
Como o nosso movimento foi de desagregação ou de um federalismo 
centralizador, o Quadro 1 mostra a repartição hierárquica que institui os poderes.
QUADRO 1 – REPARTIÇÃO HIERÁRQUICA QUE INSTITUI OS PODERES
Nível Federal Nível Estadual Nível Municipal
Congresso Nacional de natureza 
bicameral (Câmara dos Deputa-
dos e Senado).
Assembleias legislativas (dep-
utados estaduais).
Câmaras de vereadores.
Executivo Federal (Presidência 
da República, ministérios, au-
tarquias, fundações, empresas 
públicas e de economia mista).
Governos estaduais (gover-
nador, secretarias de estado, 
autarquias, fundações, em-
presas públicas e de econo-
mia mista).
Prefeituras (prefeito, secre-
tarias municipais, autarquias, 
fundações, empresas públicas e 
de economia mista).
Judiciário Federal (Supremo 
Tribunal Federal, Superior Tribu-
nal de Justiça, Tribunal Superior 
do Trabalho, Tribunal Superior 
Eleitoral e Superior Tribunal Mil-
itar, tribunaisregionais federais, 
tribunais regionais do trabalho, 
auditorias militares, juízes fed-
erais, juizados especiais, juízes 
do trabalho, juízes eleitorais e 
juntas eleitorais.
Judiciário estadual (tribunais 
de justiça e do Distrito Feder-
al, juízes estaduais e juizados 
especiais cíveis e criminais).
FONTE: Adaptado de Simões (2009)
Outro exemplo importante refere-se aos Estados Unidos, cujos estados 
abdicaram das liberdades que almejavam mantendo o que lhes interessava, 
conservando assim uma notável autonomia político-administrativa. Desse modo, 
aos estados é permitido discutir de modo independente e as competências são 
compartilhadas de modo mais equilibrado. No Brasil, o movimento foi do centro 
para fora e nos Estados Unidos foi de fora para dentro. 
Existe um tipo de federalismo chamado de Federalismo Cooperativo, que 
para Zardin (2016, p. 6) é o que representa atualmente a mais moderna forma de 
Estado, sendo o sistema adotado por diversos Estados Nacionais, pois “permite 
29
Ciência Política, Estado e Governo: Fundamentos BásicosCiência Política, Estado e Governo: Fundamentos Básicos Capítulo 1 
uma maior descentralização de poder, com a concessão de autonomia federativa 
aos entes federados e distribuição de competências comuns e concorrentes entre 
os entes federativos”.
 
No federalismo cooperativo há competências comuns entre a União e os 
estados. O Brasil adotou os direitos sociais, prestados pelo Estado para atender 
à população. As diferenças de poder econômico colocam em questionamento se 
de fato isso acontece no Brasil. A preocupação com o bem-estar da população 
é de incumbência a todos os entes. O federalismo brasileiro é centrífugo com 
concentração de competências na União, em um federalismo cooperativo e de 
duplo grau em que se inclui os municípios como entes da federação.
Os Estados compostos são as aglomerações de países soberanos que 
se unem. Na forma de estado composto não há um único Estado soberano. A 
organização em confederação é a união de países que defendem objetivos 
comuns. Os Estados Unidos da América são uma federação, no entanto, no 
passado eram 13 colônias que ao obter a independência da Inglaterra se tornaram 
13 estados independentes em que cada um tinha a sua soberania. Entenderam 
que era melhor formalizar um tratado para consolidar uma confederação para 
lutar contra possíveis intentos da Inglaterra de recolonização que a antiga 
metrópole poderia encampar a qualquer uma das 13 colônias recém-declaradas 
independentes. Cada um tinha sua soberania, lei interna, seu próprio executivo e 
judiciário. Era um acordo para unir forças e fazer resistência por meio da união de 
forças militares por meio da confederação.
FIGURA 9 – CONFEDERAÇÃO
FONTE: <https://www.esquematizarconcursos.com.br/artigo/
formas-de-estado>. Acesso em: 19 set. 2020.
30
 Ciências Políticas e Ética
1) Estude o conteúdo apresentado acerca das formas de Estado 
e pesquise a forma de Estado unitário da Argentina atual e do 
Brasil no período do Império. Em seguida, elabore um texto que 
explique as características e o funcionamento dessa forma de 
Estado.
4 GOVERNO: FORMAS E SISTEMAS
Bonavides (2000) considera que há uma confusão entre os autores 
estrangeiros no tocante ao emprego das expressões formas de Governo e 
formas de Estado. Os alemães, por exemplo, denominam formas de Estado 
(Staatsformen), enquanto para os franceses essa expressão é usada para 
denominar aquilo que eles conhecem como formas de Governo, equivalente 
àquelas classificações mais tradicionais e antigas: a monarquia, a aristocracia e a 
democracia. 
Ao nos valermos do entendimento de Bonavides (2000), notamos que como 
formas de Governo temos a organização e o funcionamento do poder estatal de 
acordo com os parâmetros estabelecidos para a determinação de sua natureza, 
sendo destacados três: 1) número de titulares do poder soberano; 2) separação 
dos poderes, com rigoroso estabelecimento de suas respectivas relações; 
e 3) princípios fundamentais que animam as práticas governamentais e em 
consequência o exercício limitado ou absoluto do poder estatal.
Sobre esses aspectos, Bonavides (2000) explica que o número de titulares 
do poder soberano é influenciado pelo nome de Aristóteles e daqueles que 
corroboraram com seu pensamento seguindo sua célebre classificação das 
formas de governo, mesmo que houvesse alguma mudança no formato original. 
Já a separação dos poderes e os princípios fundamentais “[..] são mais recentes, 
traduzindo melhor a compreensão contemporânea do fenômeno governativo 
e sua institucionalização social” (BONAVIDES, 2000, p. 248). A separação dos 
poderes “[...] dominou durante toda a idade do Estado Liberal, representando uma 
das faces do formalismo constitucional do século passado, apoiado na teoria de 
Montesquieu, sem que este modo algum pressentisse essa eventual aplicação” 
(BONAVIDES, 2000, p. 248). 
31
Ciência Política, Estado e Governo: Fundamentos BásicosCiência Política, Estado e Governo: Fundamentos Básicos Capítulo 1 
Na opinião do autor, as classificações mais importantes são as que seguem 
ao primeiro critério exposto, incluindo a classificação de Aristóteles, Maquiavel 
e Montesquieu. Em complemento a essas ideias recorremos ao entendimento a 
seguir:
[...] a análise das Formas de Governo atende à dinâmica 
das relações entre o poder executivo e o poder legislativo e 
respeita, em particular, às modalidades de eleição dos dois 
organismos, ao seu título de legitimidade e à comparação 
das suas prerrogativas. Além disso, dada a natureza dos 
regimes democráticos modernos, assume uma importância 
fundamental na compreensão e explicação do funcionamento 
das diversas Formas de Governo a organização dos 
sistemas partidários neles presentes e operantes (BOBBIO; 
MATTEUCCI; PASQUINO, 1998, p. 517). 
 
A proposta teórica de Aristóteles foi feita para o homem comum que dirige 
a sua obra e possui posses que viabilizam a ele custear os seus estudos e ao 
mesmo tempo desfrutar do ócio, de modo que isso influencie a sua compreensão 
da realidade e participação na atividade política. O homem só pode se desenvolver 
na polis como uma comunidade bem estruturada de acordo com o bem comum. A 
polis foi uma invenção urbana dos gregos e nela eram ordenadas estruturas para 
que o homem pudesse alcançar o maior patamar de compreensão da realidade 
política.
Após análise de 158 constituições de cidades-estados ou reinos diferentes, 
Aristóteles classificou a mais antiga das formas de governo e baseou-a em dois 
critérios: a primeira corresponde à ordem moral, em que divide as formas de 
governos em puras e impuras, conforme a qualidade da autoridade exercida, e a 
segunda classificou o governo de acordo com a concentração do poder exercido, 
se está nas mãos de um só, de vários homens ou de todo o povo. Ao combinar 
esses dois critérios, apresentou três regimes políticos: a monarquia, a aristocracia 
e a democracia.
A monarquia é a primeira das formas apresentadas por Aristóteles e 
corresponde ao poder exercido por um só, visando ao bem comum. Para 
Bonavides (2000), esse tipo de regime responde à exigência unitária na 
organização do poder político apresentando uma configuração de governo no 
qual é fundamental o respeito das leis.
A segunda forma na classificação de Aristóteles corresponde à aristocracia, 
que é o governo de alguns, o governo dos melhores cidadãos, aqueles que 
32
 Ciências Políticas e Ética
possuem a melhor formação intelectual e moral para atender aos interesses 
do povo, em outros termos, uma forma de governo na qual o poder político era 
exercido por nobres. 
A origem da palavra aristocracia remete à ideia de força, que de acordo com 
Bonavides (2000), tem a raiz envolvida naturalmente para a compreensão de 
força da cultura, da inteligência, uma força apreendida de modo qualitativo, uma 
força resultante dos melhores, daqueles que tomam a direção do governo.Nessa 
perspectiva, Aristóteles considera que a condição para todo governo aristocrático 
deve ser a de escolher os mais talentosos, os melhores. 
A democracia é o terceiro tipo de governo incluído na classificação de 
Aristóteles e se opõe às outras formas até então estabelecidas em que o poder 
é exercido apenas por um indivíduo ou por um pequeno número de pessoas. 
Nesse modelo de governo, as reivindicações da sociedade de preservação e 
observância dos princípios da liberdade e igualdade devem ser atendidas. Esses 
pontos apresentados por Aristóteles podem ser melhor visualizados no Quadro 2.
QUADRO 2 – FORMAS DE GOVERNO – ARISTÓTELES
FONTE: <https://ebrael.wordpress.com/2014/05/02/aristoteles-e-
o-cinismo-da-democracia-contemporanea/tabela-das-formas-de-
governo-segundo-aristoteles/>. Acesso em: 20 set. 2020.
A organização política dos postulados de Nicolau Maquiavel marca o início 
de um pensamento moderno acerca da política, o qual se manifesta como uma 
atividade separada da religião, assim:
Da Democracia entendida em sentido mais amplo, Aristóteles 
subdistingue cinco formas: 1) ricos e pobres participam 
do Governo em condições paritárias. A maioria é popular 
33
Ciência Política, Estado e Governo: Fundamentos BásicosCiência Política, Estado e Governo: Fundamentos Básicos Capítulo 1 
unicamente porque a classe popular é mais numerosa. 2) Os 
cargos públicos são distribuídos com base num censo muito 
baixo. 3) São admitidos aos cargos públicos todos os cidadãos 
entre os quais os que foram privados de direitos civis após 
processo judicial. 4) São admitidos aos cargos públicos todos 
os cidadãos sem exceção. 5) Quaisquer que sejam os direitos 
políticos, soberana é a massa e não a lei. Este último caso 
é o da dominação dos demagogos, ou seja, a verdadeira 
forma corrupta do Governo popular (BOBBIO; MATTEUCCI; 
PASQUINO, 1998, p. 517).
Bonavides (2000) explica que aqueles que criticaram Aristóteles por haver 
concebido as formas de governo com critério qualitativo não consideraram que 
o referido filósofo distinguiu as formas de governo puro das formas de governo 
impuro. No pensamento de Aristóteles, os governos puros correspondem àqueles 
em que os titulares da soberania – quer se trate de um, de alguns ou de todo –, 
desempenham o poder soberano tendo constantemente o enfoque no interesse 
comum, enquanto os governos impuros equivalem àqueles em que predominam 
o interesse pessoal em detrimento do bem comum, o interesse particular dos 
governantes em oposição ao interesse geral da coletividade.
Com essas considerações é possível apreender que para Aristóteles, no 
momento em que se priorizam os interesses pessoais na administração dos 
negócios públicos em detrimento aos interesses da sociedade, aquelas formas 
de governo já apontadas degeneram totalmente. Nessa perspectiva, o conceito 
fundamental do governo que obedece às leis, a monarquia se transforma em 
tirania, ou seja, governo de um só que elege o desprezo da ordem jurídica 
(BONAVIDES, 2000). 
Uma questão importante a ser lembrada é que o pensamento de Aristóteles é 
marcado pela relação estabelecida entre “quem” e “como” esse alguém exercerá 
o poder no Estado, nesse sentido é que surge a distorção em que o interesse 
individual prevalece em detrimento dos interesses coletivos, e essa observação 
do filósofo é indispensável para compreender a influência que essas deformações 
exercem nas formas de governos recentes, com o objetivo de atender aos 
interesses individuais que caracterizam o totalitarismo vivido no século XX.
Maquiavel foi o responsável por uma nova classificação de formas de governo 
elegendo apenas duas, diferente da teoria clássica tripartida: a monarquia (poder 
singular) e a República (poder plural), sem, todavia, fazer acepção a respeito 
de suas formas corruptas. Sob essa perspectiva, a monarquia corresponde ao 
reino e a república abrange a democracia e a aristocracia. Na sua percepção, os 
resultados são mais importantes do que a ação política em si, legitimando desse 
modo a violência contra aqueles que confrontam os interesses estatais.
34
 Ciências Políticas e Ética
Para Maquiavel, ao chefe de Estado cabe agir de acordo com as 
circunstâncias e não a partir de preceitos morais individuais. Por esta razão, o 
que distingue a bondade da maldade na ação política é sempre o bem coletivo e 
jamais os interesses particulares. O que determina se uma atitude é ética é a sua 
finalidade política. Neste sentido, os valores morais só podem ser compreendidos 
a partir da vida social. Assim, sublinha Maquiavel, existem virtudes que podem 
arruinar o Estado e vícios que, inversamente, podem salvá-lo. O que do 
ponto de vista da moral tradicional é plenamente condenável, na ética política 
maquiaveliana é perfeitamente aceitável.
Na esteira desse pensamento, a adoção da monarquia ou da república 
variava conforme o contexto social e político do momento, ou seja, se a conjuntura 
fosse tranquila de paz e estabilidade institucional, a melhor escolha seria a forma 
de governo monárquico. Enquanto que, se o contexto fosse de conflitos extremos, 
teria preferência o governo da república. Sob essa concepção não é possível 
rotular uma forma de governo essencialmente boa ou má. 
O entendimento era que o que classificava a forma de governo sendo 
boa ou má era a intenção do governante. Isso significa que as formas de 
governos, monarquia e república, em si, não apresentavam natureza negativa 
ou positiva. Para Maquiavel, o que interessava era o modo e propósito que o 
príncipe utilizava para governar, desse modo, se o governo fosse conduzido para 
atender ao interesse público, em favor da comunidade política governada, em 
que prevalecesse as prioridades públicas do Estado, tanto a monarquia como a 
república seriam boas. Não obstante, caso o governo fosse direcionado voltado 
para os interesses individuais, particulares e mesquinhos, era considerado por 
Maquiavel como um governo corrupto e degenerado (WINTER, 2006).
Após a classificação de Maquiavel, é interessante você conhecer uma outra 
bastante conhecida na Idade Moderna que foi a elaborada por Montesquieu. 
Para esse pensador não havia uma forma de governo padrão que se adaptasse 
a qualquer povo em qualquer época, significa dizer que a estrutura de uma teoria 
sociológica do governo e da lei depende das circunstâncias em que cada povo 
vive, tendo a obra O Espírito das Leis, em 1748. Nessa obra classificou as formas 
de governo da seguinte maneira: a república, a monarquia e o despotismo.
Indicamos assistir ao documentário O Príncipe (Nicolau 
Maquiavel), do Canal “grandeslivros”, disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=LUDOnaqziLo. 
35
Ciência Política, Estado e Governo: Fundamentos BásicosCiência Política, Estado e Governo: Fundamentos Básicos Capítulo 1 
Segundo Bonavides (2000), em toda forma de governo, Montesquieu 
diferencia a natureza e o princípio desse governo. A natureza do governo se 
manifesta naquilo que faz com que ele seja o que é, enquanto o princípio do 
governo corresponde àquilo que o faz atuar, que estimula o funcionamento do 
poder, como exemplo, podemos citar as paixões. Portanto, para elaborar um 
sistema de governo político e estável era necessário antes de tudo considerar o 
desenvolvimento socioeconômico, determinantes geográficos, climáticos, pois na 
sua avaliação esses aspectos influenciavam, sobremaneira, a forma de governo.
Para Montesquieu, cada forma de governo era fundamentada em um 
princípio. A república abrange a democracia e a aristocracia. Na sua interpretação, 
a natureza de todo governo democrático constitui-se que soberania deve residir 
nas mãos do povo. Já a democracia abrange a virtude de uma nação que é 
externada no amor da pátria, na igualdade, na consciência dos deveres cívicos. 
Por outro lado, a natureza da aristocracia consistia na soberania pertencer a 
alguns e seu princípio a moderação dos governantes (BONAVIDES, 2000).Sobre a monarquia, Montesquieu a considera como o regime das diferenças, 
das separações, das transformações e dos equilíbrios sociais, isso porque sua 
natureza deriva de ser o governo de um só, desse modo, cabe ao soberano 
governar por meio das leis fixas e estabelecidas. A característica da organização 
política dessa forma de governo denota como traço marcante a presença de 
poderes ou corpos intermediários na sociedade. O clero, a justiça e a nobreza 
fazem parte dessas organizações privilegiadas e hereditárias que exercem a 
presença do trono como poderes subordinados e dependentes. Seu princípio 
essencial é fundamentado no sentimento de honra, no amor das distinções, 
na devoção aos privilégios. O pensador finaliza sua classificação elencando o 
despotismo. Em sua percepção, essa forma de governo é traduzida na ignorância 
ou violação da lei. A monarquia é reinada fora da ordem jurídica impulsionada 
pelos caprichos e desejos pessoais (BONAVIDES, 2000). Desta forma:
O princípio de todo o despotismo reside no medo: onde há 
desconfiança, onde há insegurança, onde há incerteza, onde 
as relações entre governantes e governados se fazem à base 
do temor recíproco, não há, segundo Montesquieu, governo 
legítimo, mas governo despótico, governo que nega a liberdade, 
governo que teme o povo (BONAVIDES, 2000, p. 252).
Por fim, o filósofo avalia que o despotismo não chega nem ao menos ser 
considerado como uma forma de governo, haja vista que enquanto o governo, 
em sentido figurado, representa o lavrador que semeia e colhe, o despotismo 
simboliza o selvagem, cujo papel consiste em cortar a árvore para colher os 
frutos. Em outras palavras, a interpretação de Bonavides (2000) expressa que o 
despotismo se configura como uma multidão de iguais e um chefe.
36
 Ciências Políticas e Ética
O princípio da monarquia se cifra no sentimento da honra, no 
amor das distinções, no culto das prerrogativas. Interpretando 
o pensamento de Montesquieu, assevera Emílio Faguet que 
esse princípio monárquico não é o sentimento exaltado da 
dignidade pessoal, nem tampouco o orgulho feudal, mas o 
desejo de ser distinguido numa corte brilhante, a satisfação 
do amor próprio numa posição, num grau, num título, numa 
dignidade. A honra, como princípio monárquico, desperta 
nos servidores da Coroa a paixão da fidelidade pessoal, a 
dedicação, o altruísmo, a abnegação, o desapego e o sacrifício 
(BONAVIDES, 2000, p. 252).
Indicamos a leitura do livro Dicionário de Política. Referência 
completa da obra: BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; 
PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. Brasília: Editora 
Universidade de Brasília, v. 1, 1998. Também pode ser acessado 
no seguinte endereço eletrônico: https://edisciplinas.usp.br/
pluginfile.php/2938561/mod_resource/content/1/BOBBIO.%20
Dicion%C3%A1rio%20de%20pol%C3%ADtica..pdf. 
Em face dos conceitos expostos, temos um panorama da classificação das 
principais formas de governo e elucidaremos, agora, os sistemas de governo. 
Ressaltamos que é muito comum as pessoas confundirem as “formas de governo” 
com os “sistemas de governo”, mas iremos mostrar a distinção existente entre 
elas para facilitar sua compreensão. 
Entendemos por sistema de governo a forma como o poder de um país é 
dividido e exercido e varia conforme a distribuição de funções entre os poderes 
executivo e legislativo. Desse modo, a separação dos poderes mais frequentes na 
modernidade se organiza em torno de dois regimes, que apresentam diferentes 
características: presidencialismo e parlamentarismo.
Estados Unidos foi o pioneiro em adotar o presidencialismo. De acordo 
com Winter (2008), o sistema presidencialista foi concebido na Convenção da 
Filadélfia pelos norte-americanos e consolidado na Constituição Federal de 1787,
[...] pela qual instituíram sua União, conferindo ao governo 
central uma esfera de autoridade soberana, que não mais 
tinham o poder de recusar. Instituíram um Poder Legislativo 
37
Ciência Política, Estado e Governo: Fundamentos BásicosCiência Política, Estado e Governo: Fundamentos Básicos Capítulo 1 
central (Congresso Nacional) com regras para eleição de 
seus parlamentares; um Poder Executivo central; assim como 
um Judiciário federal, representado pelo Supremo Tribunal, 
com poderes para anular os atos legislativos estaduais, 
que entrassem em conflito com a Constituição Comum. A 
Constituição Federal, as leis e tratados, instituídos em seu 
cumprimento, foram proclamados leis supremas de um único 
país. Os juízes de todos os Estados deviam observá-la, 
rigorosamente, sem levar em conta as disposições contrárias 
nas constituições estaduais. Criou-se um colégio eleitoral para 
escolher o presidente da nação, devendo cada Estado eleger 
seus senadores (SIMÕES, 2009, p. 32).
 Na atualidade, esse sistema é o predominante entre vários países. Ainda 
que figurem vários sistemas presidencialistas é salutar destacarmos que o 
presidencialismo não é homogêneo na sua forma de governo, há distinções e 
peculiaridades em função da história e cultura de cada Estado-nação. Dessa 
maneira, as características gerais são reconhecidas como fundamentais 
para o desenho e a identificação do sistema de governo. Apesar disso, o 
presidencialismo se refere ao sistema político governado por um presidente, bem 
como a organização política dessa estrutura prevê a separação clara entre os três 
poderes.
 O formato desse sistema apresenta como diferencial o fato de o presidente 
exercer a dupla função simultaneamente de chefe de estado e chefe de governo. 
Ele é eleito por meio de eleições diretas (sistema democrático) e não pode 
ser destituído do cargo durante o período de vigência do seu mandato (que é 
pré-determinado), exceto em caso de impedimento de mandato, ao contrário 
do que ocorre no parlamentarismo, em que o chefe de governo é eleito pelos 
parlamentares. O presidente, também como chefe da administração pública, de 
acordo com Winter (2008, p. 56-57), é:
[...] responsável pela condução da política externa (nesta 
condição encarna a irresponsabilidade política, ele representa a 
nação no exterior), é chefe das Forças Armadas, é responsável 
pela condução da política de governo, tem autonomia na 
escolha de seus ministros, e, em relação ao Poder Legislativo, 
tem direito à iniciativa na elaboração das leis (ou seja, está 
investido de importantes funções legislativas), além do direito 
do veto (que pode, eventualmente, ser derrubado). Em relação 
ao Poder Judiciário, escolhe os juízes das Cortes Superiores 
(mesmo que a escolha tenha que ser aprovada pelo Poder 
Legislativo), embora exista, conceitualmente, uma separação 
de poderes, estes seriam independentes e autônomos 
(WINTER, 2008, p. 56-57).
 
É interessante saber que, no Brasil, a forma de estado é a Federada, a forma 
de governo é republicana e o sistema de governo é o presidencialista. Sartori 
(1993, p. 5) aponta que “[...] na maioria dos países latino-americanos (destacando-
38
 Ciências Políticas e Ética
se a Argentina, Uruguai, Brasil e Chile), a democracia presidencialista só foi 
restabelecida nos anos 80”. O sistema de governo adotado no Brasil é motivo de 
discordância entre alguns estudiosos pela “[...] forte concentração de poder numa 
só figura, o que potencializa o risco de autoritarismo, e a possibilidade de crises 
institucionais graves causadas pelo desacordo entre o Executivo e o Legislativo” 
(BARROSO, 2006, p. 296-297). 
Sugerimos assistir ao filme Dheepan (O Refúgio no Brasil). 
Direção: Jacques Audiard. 2015.
Com o intuito de esclarecer as diferenças dos sistemas de governo, 
apresentamos o Quadro 3, que explicita as principais características dos sistemas 
de governo.
QUADRO 3 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS DE GOVERNO
 Presidencialismo Parlamentarismo Semipresidencialismo
Presidente ou 
Monarca
Exerce a função de 
chefe de estado e 
chefe de governo.
Chefe de estado (sem re-
sponsabilidade política).
Chefe de governo (pri-meiro-ministro).
Chefe de estado compartil-
ha o poder com o primeiro 
ministro.
Forma de 
eleição
Eleições diretas. Eleições indireta, o chefe de 
governo é escolhido pelo 
parlamento.
Chefe de estado eleito pela 
população (eleições dire-
tas). 
Mandato Tem um mandato 
pré-determinado.
 
Não é pré-fixado, pois terá 
duração de acordo com a 
confiança da Assembleia.
 
Tem um mandato pré-deter-
minado.
Equipe de gov-
erno
Escolhida pelo pres-
idente (ministros).
Escolhida pelo parlamento.
 
O primeiro-ministro é indi-
cado pelo presidente.
Exemplos de 
Países
Afeganistão, Argen-
tina, Angola, Brasil, 
Estados Unidos, 
México.
Austrália, Inglaterra, Japão,
Suécia, Itália, Portugal, 
Holanda, Noruega.
Argélia, França, Portu-
gal, Egito, Rússia, Ucrânia, 
Romênia.
FONTE: O autor
39
Ciência Política, Estado e Governo: Fundamentos BásicosCiência Política, Estado e Governo: Fundamentos Básicos Capítulo 1 
Tendo em vista os aspectos expostos no Quadro 3, de maneira oposta ao 
presidencialismo, no parlamentarismo o Executivo e o Legislativo caminham 
juntos e cada um desses poderes tem um representante, sendo o Parlamento 
uma instituição soberana. 
Na concepção de Cintra (1993), o sistema parlamentar visa à harmonia 
entre os poderes e as funções efetivas de governo são assumidas pelo chefe 
de governo (primeiro-ministro), que tem várias responsabilidades, enquanto 
o chefe de Estado tem poderes limitados e, na maioria das vezes, exerce um 
papel meramente simbólico. Em sistemas parlamentaristas, o voto é indireto, ou 
seja, a população elege os legisladores e o chefe de governo é escolhido pelo 
parlamento, sendo que estes podem do mesmo modo destituí-lo do cargo.
Um terceiro sistema de governo é caracterizado por combinar aspectos do 
presidencialismo e do parlamentarismo. Nessa dinâmica, o poder executivo é 
composto por um presidente, um primeiro-ministro e ministros de gabinetes. O 
presidente exerce a função de chefe de Estado ao passo que o primeiro-ministro 
é o chefe de governo, estabelecendo estrutura dual no Executivo (TAVARES, 
2017). Nesse formato de sistema, as eleições presidenciais são independentes 
das eleições legislativas. Considerando esses elementos, são apontadas cinco 
características do semipresidencialismo:
(i) chefe de Estado eleito pelo povo; (ii) compartilhamento de 
poder com um primeiro-ministro, estabelecendo estrutura dual 
no Executivo; (iii) presidente que não depende do Parlamento, 
mas que deve canalizar sua vontade por meio do Governo; 
(iv) o Governo estar sujeito à confiança do Parlamento; e (v) 
flexibilidade de exercício do poder (SARTORI apud TAVARES, 
2017, p. 148-149).
Como podemos observar, o semipresidencialismo é um sistema que contém 
características do sistema presidencialista e também do sistema parlamentarista, 
tornando-o peculiar. Seu formato permite que o presidente assuma as funções 
objetivas do governo e, portanto, há uma responsabilidade política, diferente do 
que ocorre no parlamentarismo. 
Sugerimos assistir à série The Crow. Websérie. Diretores: 
Stephen Daldry, Philip Martin, Julian Jarrold e Benjamin Caron. 2016.
40
 Ciências Políticas e Ética
Outro fator interessante é que o poder executivo também é compartilhado 
com o primeiro-ministro, que geralmente fica responsável pelos assuntos políticos 
do país, enquanto o papel do presidente está direcionado para intervir nos 
assuntos externos, mas isso não significa que se ausente dos assuntos internos. 
Pelo contrário, o poder é compartilhado entre o executivo e o parlamento e isso 
tem gerado profícuos debates acerca da sua eficácia em determinados países.
1) Fazendo uso do conteúdo trabalhado, construa um texto que 
expresse o entendimento de Aristóteles acerca das formas de 
governo.
5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Ao longo deste capítulo, desenvolvemos importantes reflexões sobre os 
fundamentos históricos e teóricos da Ciência Política, do Estado e do Governo, 
assim como a relação existente entre eles. As ideias trabalhadas aqui partiram de 
estudos realizados por diversos autores e trouxeram elementos importantes para 
que você possa ter clareza entre Estado e governo, bem como as suas relações 
com a ciência política.
Como foi possível ser observado, os estudiosos da ciência política não 
se limitam em somente definir o Estado, pelo contrário, há uma preocupação 
e necessidade entre eles em entender como se organiza. O percurso que 
desenvolvemos nos levou à noção de que o Estado é formado pelos elementos 
povo, território e governo (soberano), e a partir desses aspectos torna-se viável 
analisar o seu funcionamento e compreender a sua natureza. E, ainda, registramos 
a relevância da apreensão de que as relações de poder entre governantes e 
governados são materializadas em leis e decisões políticas.
Também verificamos que os Estados podem ser classificados como 
simples ou composto, e que as classificações da forma de Estado nos ajudam a 
compreender a distribuição do poder no território e as suas relações com o povo, 
assim como as dinâmicas que envolvem a soberania. 
41
Ciência Política, Estado e Governo: Fundamentos BásicosCiência Política, Estado e Governo: Fundamentos Básicos Capítulo 1 
As formas e sistemas de governo também foram abordadas, para 
tanto, utilizamos autores de referência nesse debate e exploramos as suas 
classificações, dando ênfase nas contribuições de Aristóteles, Maquiavel e 
Montesquieu para elucidar as formas e os sistemas de governo.
REFERÊNCIAS
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BASTOS, C. R. Curso de Teoria do Estado e Ciência Política. 3. ed. São 
Paulo: Saraiva, 1995.
BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. Política Social: fundamentos e história. 6. ed. 
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BOBBIO, N. Teoria geral da política: a filosofia política e as lições dos clássicos. 
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BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. Dicionário de Política. 
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42
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