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1 ESTILOS DE JARDIM 1 SUMÁRIO 1. CONTEXTO ................................................................................................................................... 2 2. ESTILOS ...................................................................................................................................... 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 24 2 1. CONTEXTO Do Éden ofertado por Deus e perdido pelo homem ao violar o fruto proibido, às construções egípcias, persas, gregas, romanas e islâmicas, os jardins sempre representaram fartura e bonança (PREST, 1981). Planejados para demonstração de poder, como teatros para celebração dos sentidos ou ainda como retiros para elevação espiritual, os jardins materializavam, dentro de um determinado perímetro a imagem de uma natureza profícua e generosa, recriando assim, sob o controle do homem, um espaço mítico em que plantas, animais, rios e fontes estariam em perfeita harmonia com desígnios divinos de bem-estar (SANJAD, 2001). Nos povos de cultura cristã, a origem dos jardins está associada a propósitos espirituais, sejam religiosos ou filosóficos. Símbolo da benevolência divina, da pureza e da virgindade, a imagem do jardim fechado, ordenado racionalmente em oposição ao mundo exterior selvagem, era frequentemente utilizada na Idade Média para a representação visual do paraíso (PREST, 1981). A possibilidade de reproduzir a natureza, transplantando vegetais para um espaço privado, fascina, encanta e desperta a imaginação das pessoas com a multiplicidade de cores e formas que as plantas proporcionam. Os jardins influenciam, onde estão presentes, o imaginário popular e é considerado o mito fundador da civilização ocidental (RODRIGUES et al., 2005). Neste contexto, a historiadora mexicana Ramona Pérez Bertruy relata que “el jardín surgió como un documento que podía mostrar, siempre en aras del conocimiento, vestigios sobre los orígenes y el devenir del hombre, y que, por ende, forma parte de las raíces que dan identidad a los pueblos” (BERTRUY, 2009, p. 323). Isso significa que os jardins desde as antigas civilizações, são significativos testemunhos da arte, da história e da cultura de humanidade. Foi no início do século 16, o momento em que o jardim assumiu nova configuração, requerendo para si a primeira e mais evidente representação do poder imperial e um marco disso foi a construção dos jardins da Corte Belvedere para a apresentação da coleção papal de escultura (Figura 1). O padrão instaurado no jardim do Éden, a exegese determinava a clausura, no novo jardim do poder, as portas deveriam 3 estar abertas permitindo que as pessoas vissem e fossem vistas (CUNNINGHAM, 1996). Assim como os grandiosos palácios principescos que se espalharam pelas Cortes italianas, francesas e inglesas, os jardins passaram a dizer algo sobre o poderio e a importância dos seus criadores (SANJAD, 2001). Figura 1: Corte Belvedere no Palácio do Vaticano. Fonte: Cunningham, 1996. O jardim botânico, até então, era o mais importante dentre os jardins criados pelo ser humano por desempenhar funções científica, educacional, social, estética, histórica e ecológica. Foi na Mesopotâmia, no antigo Egito e na América pré-colombiana que os primeiros jardins botânicos foram criados. Na Mesopotâmia, imaginava-se que os jardins pertenciam a Nabucodonossor – os Jardins Suspensos da Babilônia, que ficaram conhecidos como uma das sete maravilhas do mundo antigo (SOUSA, 1976). Estes primeiros jardins botânicos tinham como objetivo fundamental cultivar plantas medicinais que deveriam ser estudadas, além de configurar um espaço de convívio para a sociedade. 4 Pode-se dizer também, que o surgimento dos jardins botânicos, provavelmente, está relacionado ao aparecimento da agricultura (ROCHA, 1999). O primeiro jardim botânico ocidental surgiu na cidade de Atenas, Grécia, junto ao Liceu, e foi criado por Teofrasto de Ereso, o pai da botânica, a cerca de 370-285 a.C., que de acordo com Bye (1994), foi criado para atender a demanda científica e educativa até mesmo porque, nele se mantinham plantas para as pesquisas dos estudiosos do Liceu. Contudo, é só durante o Renascimento europeu que as referências aos jardins botânicos ocidentais surgem. Na Idade Moderna, a Europa foi pioneira na criação de jardins botânicos que tinham por objetivo principal o estudo da flora e da aclimatação, bem como o cultivo de plantas úteis. Até então, o jardim botânico não era considerado, a priori, um espaço de deleite, contemplação, a recriação do Éden monitorado pelos humanos. Compreendendo os séculos 16 e 17, tais jardins foram criados e tornaram-se locais de experimentação, ensino e estudo. Os arranjos paisagísticos visavam, principalmente, a praticidade do ordenamento das plantas em gêneros e ou famílias botânicas, ou seja, seguindo a classificação filogenética bem como suas exigências de plantio, o que significou, em certa medida, não adotar a estética dos jardins renascentistas e barrocos. Dentre os primeiros jardins botânicos, destacam-se o de Pisa que foi considerado o primeiro jardim botânico moderno e o que iniciou o uso de estufas de vidro para introdução de plantas exóticas e implantou um herbário para estudos; e o de Upsala pela atuação de Carl von Linneus, considerado o “pai da Taxonomia”, criador do sistema de classificação binária dos seres vivos. O jardim foi projetado para mostrar como as plantas se relacionavam entre si, através, por exemplo, de similaridades e diferenças físicas. Com a difusão dos estudos de Carl von Linneus outros jardins passaram a seguir o exemplo de Upsala. Os babilônios publicaram os textos mais antigos sobre jardins, datando do terceiro milênio a.C.. Descreveram seus jardins como “locais sagrados”. Os Jardins 5 Suspensos da Babilônia destacam-se como sendo uma das sete maravilhas do mundo, principalmente por sua grande dimensão,com 100 m de altura em 15.000 m2. Relatos indicam que tais jardins foram construídos pelo rei Nabucodonosor a partir do ano 605 a.C. Conta-se que os Jardins foram construídos para alegrar a esposa do rei, a Rainha Amyitis, a qual tinha saudades das montanhas verdejantes de sua terra natal, Medes. Como a Babilônia não possuía montanhas, seu esposo decidiu recriar a paisagem de Medes com a construção de uma montanha artificial. Tais jardins se caracterizaram mais pelos novos elementos arquitetônicosincorporados que pela sua vegetação. Entretanto, continha principalmente álamos, jasmins, malvas-rosa, pínos, rosas, tâmaras e tulipas. O geógrafo grego Strabo os descreveu como tendo “terraços superpostos, erguidos sobre pilares em forma de cubos ocos, os quais, preenchidos com terra, abrigavam as árvores. Lateralmente possuía escadas e motores d’água que irrigavam os jardins com água do rio Eufrates”. O geógrafo grego Strabo descreveu os Jardins da Babilônia como tendo terraços superpostos, erguidos sobre pilares, em forma de cubos ocos, os quais, preenchidos com terra, abrigavam árvores. No Egito, os jardins eram constituídos em grandes planos horizontais, acompanhando a topografia do Rio Nilo, os jardins representavam um símbolo da fertilidade e compunham, com seus monumentos, uma simetria de rigidez retilínea, seguindo os quatro pontos cardeais. O jardim oficial de Tebas, de 2.000 a.C, possuía canteiros de flores, cercas vivas, caramanchões e uma piscina, sendo contornado por muros altos, modelo que persistiu até o ano 500 a.C. As 6 principais plantas utilizadas foram: figueiras, palmeiras, plantas aquáticas, sicômoros e videiras. Na Grécia, os jardins, que se esmeravam pela simplicidade, possuíam uma forte influência egípcia, mas com características próprias devido à topografia mais acidentada e pelo clima diferenciado. Os jardins, que imitavam a natureza, ficavam em recintos abertos para pórticos e colunas na entrada, como uma extensão das construções. Na decoração, utilizavam esculturas humanas e animais, próximas do tamanho e forma naturais. Cultivavam-se hortaliças e várias frutíferas como figueiras, macieiras, oliveiras, pereiras, romãzeiras e videiras. Os jardins Romanos seguiram o estilo grego. Posicionavam-se voltados para o interior das habitações e ficavam separados das mesmas por colunas. Suas características eram a grandiosidade e a decoração pomposa, com finalidades recreativas e sociais. Éram metódicos, ordenados e integrados às residências, como os das cidades de Herculano e Pompéia. As sombras proporcionadas por galerias de arcos, reduziam a necessidade de árvores que eram plantadas em grupos. Possuíam tanques d’água para a irrigação planejada, monumentos, mesas e estátuas de mármore, oriundas principalmente de saques na guerra com a Grécia. Algumas plantas utilizadas foram amendoeira, amoreira, buxos, ciprestes, figueiras, coníferas, louro-anão, macieiras, pessegueiros, plátanos e videiras. As vilas romanas são exemplos do conceito “casa-jardim”, empregado na época, com sua horta e terraço ornamentado com flores perfumadas. O uso da topiária, compondo formas de figuras e de nomes, caracterizou o período. 7 Figura 2: Jardinagem. Fonte: Cunningham, 1996. A jardinagem da China teve sua origem ao redor do ano 200 a.C.. Os imperadores criaram jardins cercados, propícios à contemplação, cujos elementos básicos foram as pedras, riachos e lagos, onde se limitava a ordenar as plantas nativas. Naquela época acreditava-se que ao norte da China havia um lugar para os imortais, uma espécie de lago-ilha. A imitação deste local imaginário efetivou o estilo chinês, com palácios vermelhos em meio às rochas, lagos cobertos de lótus e rodeados de chorões. 8 Figura 3: O Jardim. Fonte: Cunningham, 1996. O jardim japonês se baseia no mesmo estilo empregado pelos chineses. A partir de 607 d.C. formou seu próprio estilo de jardim “lago-ilha”, no qual valorizou as formas das plantas e a composição das cores das folhagens e flores. Naquela época surgiram os bonsais, criados pelos monges budistas. Em 1894 construíram o seu mais famoso jardim, o Santuário Heian, em Kioto. Utilizaram-se, em seus jardins, as azaléias, cerejeiras e lírios, entremeados de rochas cobertas por flores e pínos. 9 Figura 4: Lagos. Fonte: Cunningham, 1996. O início do Renascimento data de meados do século XV e tal época ficou assim conhecida devido ao ressurgimento da cultura de um modo em geral. Houve uma renovação do pensamento no que diz respeito às artes, às ciências, à literatura e a filosofia. Consequentemente, houve o renascimento também dos jardins e os países que mais expressaram esta renovação foram Itália, França e Inglaterra. 10 2. ESTILOS Na Espanha, entre os séculos XV (Antiguidade clássica) e XVI (Renascimento), ocorreu um retorno à economia rural e a simplicidade de hábitos. O estilo gótico de seus jardins é uma mistura dos que o precederam. As plantas eram utilizadas, principalmente, para fins alimentícios e medicamentosos. Cultivavam-se árvores frutíferas, hortaliças e flores para uso religioso. Criaram-se os chamados “jardins da sensibilidade” que se caracterizavam pela água, cor e perfume das plantas e pela pequena dimensão. O emprego de canais, fontes e regatos objetivavam amenizar o calor, enriquecer a ornamentação e possibilitar a irrigação das plantas. As espécies vegetais mais cultivadas foram as alfazemas, as anêmonas, os cravos, os jacintos, os jasmins e as rosas. Seguem o estilo dos jardins murados de influência medieval, dos séculos IX a XV, muito utilizado nos monastérios europeus. Principalmente no século XII, seguem mais o estilo Barroco, com liberdade de criação e ornamentação pesada. Neste caso, cultivavam-se principalmente o pínos, oliveira, uva (entre outras frutíferas), hortaliças e medicinais. Podem-se citar dois jardins típicos da Espanha, o Jardim do Conde, em Cáceres, do final do século XIX e o Jardin Del Malecón, em Múrcia, de 1845. Seus principais Jardins Botânicos estão em Barcelona, Córdoba, Málaga, Madri e Valência. 11 Figura 5: Jardim. Fonte: Cunningham, 1996. Os jardins italianos, em meados do século XV, inspiraram-se no estilo romano, com suas estátuas e fontes monumentais, porém, com terraços de vistas panorâmicas, corredeiras d’água e construção através de técnicas de engenharia. Tais jardins uniam-se às casas por meio de galerias externas e outras prolongações arquitetônicas. Destinavam-se ao retiro intelectual, onde se trabalhava ao ar livre aproveitando- se das sombras proporcionadas pelas árvores que comumente recebiam topiárias. O estilo metódico do final da Renascenca e começo do Barroco, segue o exagero e técnicas refinadas influenciadas pelos artistas Micchelangelo e Rafael, como pode ser visto nos jardins da Villa d’Este em Tivoli. As plantas mais utilizadas foram o azinheiro, o buxo, a cipreste, o louro e o pinheiro. Segundo a UNESCO, o Jardim Botânico de Pádua é o mais antigo do mundo, fundado em 1545, seguido pelos de Pisa, em 1546 e o de Bolonha, em 1568. Sendo assim, foi proposto que para o aproveitamento das irregularidades do terreno, se fizesse uso de escadarias e terraços acompanhados de corredeiras de 12 água. Tais jardins deveriam unir-se à casa por meio de galerias externas e outras prolongações arquitetônicas. A vegetação era considerada secundária e se caracterizava por receber cortes adquirindo formas determinadas. Nestes jardins a paisagem era desenhada com régua e compasso, caracterizando a simetria de linhas geométricas. Havia também muito contraste entre as formas naturais e as criadas pelo homem. Figura 6: Geométricas. Fonte: Cunningham, 1996. O estilo francês foi inspirado nos jardins medievais, principalmente nos da Itália. Predominaram as construções de estilo Barroco, com canteiros de flores multicoloridas, hortas com ervas medicinais, espelhos d’água com chafarizes e pontes, plantas com topiárias. Suas formas geométricas podiam ser percebidas tanto nos caminhos e passeios quanto na vegetação,admitindo-se poucos desníveis. São responsáveis pelos maiores jardins formais do mundo, utilizados para fins de lazer e caça. Um dos seus mais famosos jardins é o do Palácio de Versalhes, e o mais antigo é o Jardim Botânico de Montepellier, fundado em 1597, seguido pelo de Paris, em 1626. 13 O mais rígido e formal dos estilos, é caracterizado por linhas retas e formas geométricas. Foi muito utilizado em castelos e palácios, onde vivia a nobreza francesa. O jardim é composto basicamente por arbustos baixos, topiados. Esse estilo de jardim ressaltava as construções, reafirmando a superioridade da nobreza em relação aos seus servos. Sua influência é muito grande nos jardins atuais. O estilo inglês se inspirou nos jardins chineses, ficando conhecidos como “jardins paisagísticos”. Eram irregulares e assimétricos, sendo planejados com liberdade, buscavam refletir a natureza com seus riachos e lagos. De linhas graciosas, amplos gramados, com poucas ruas, porém, amplas e cômodas, belas perspectivas devido às inclinações dos terrenos e pequenos bosques. Utilizavam agrupamentos de árvores pouco numerosas e plantas isoladas. Os ingleses acabaram dando origem aos parques e jardins públicos. Este estilo foi utilizado por quase dois séculos e depois entrou em decadência, dando lugar ao estilo misto. O Jardim Botânico mais antigo da Inglaterra é o de Oxford, criado em 1640. O Jardim Botânico Real de Kew, criado em 1759, é considerado o principal jardim botânico do mundo. Além disso, a Inglaterra possui também o Jardim Botânico mais moderno do mundo, o Jardim do Éden, em Cornwall, que foi criado em 2000. É um estilo que foge à formalidade dos demais jardins, sendo caracterizado pelas curvas; não possui linhas retas, e utiliza intensamente árvores e arbustos, com extensos gramados e formação de bosques, não sendo utilizada a topiaria. O estilo valoriza muito mais a natureza do que a construção em si. É utilizado em jardins de grandes áreas. O estilo também gerou muita influência nos jardins atuais. 14 Figura 7: Jardim. Fonte: Cunningham, 1996. O estilo holandês seguiu, no início, os estilos francês e italiano, porém, devido à sua topografia plana e pelo hábito de cultivo das plantas bulbosas multicoloridas e acabou criando um estilo próprio. Tornaram-se mais compactos e graciosos, de múltiplos recintos e com túneis formados por trepadeiras compondo com intrincados grupos florais ao centro, especialmente Tulipas. As pequenas fontes eram envoltas por cercas vivas e ciprestes com topiárias, colocadas em círculos sobrepostos. Os portões de ferro fundido fechando os jardins, também são sua marca. Seu Jardim Botânico mais antigo é o de Eliden, criado em 1577. O paisagismo holandês é facilmente reconhecido pela simetria, proporção e harmonia, motivo pelo qual transmite uma incrível sensação de equilíbrio e organização. Não deveríamos olhar para nossos jardins como uma extensão dos nossos ambientes? É assim que os holandeses olham para os seus. 15 Figura 8: Jardim Botânico. Fonte: (INNES, 2014). O estilo indiano baseou-se principalmente nos estilos persa, grego e romano. Foram fortemente influenciados pelas religiões dominantes como o Budismo, Hinduismo e Islamismo. Comumente seus jardins são simétricos, irrigados por canais e associados à arquitetura dos edifícios. O louvor às mulheres proporcionou a criação de templos, integrados a jardins contemplativos, e o Taj-Mahal, construído no século XVII, é o seu exemplo mais famoso. O Jardim Botânico de Calcutá (1787) serviu como berçário para disseminação de plantas econômicas para o mundo, especialmente flores e hortícolas. O Jardim Botânico de Ooty, de 1848, esmera pelos seus lagos com arbustos, lírios e eucaliptos. Figura 9: O Jardim Botânico de Ooty. 16 Fonte: (INNES, 2014). O estilo americano teve por base a extrema organização e a praticidade na recepção aos visitantes. Mesmo não imitando a natureza, o gosto pelas flores multicoloridas proporciona uma paisagem muito bonita aos visitantes. No século XVIII utilizou-se do estilo paisagístico. O Jardim Botânico de Filadélfia seria o mais antigo, criado em 1730, se houvesse sobrevivido à guerra da Independência, assim, o Jardim Botânico do Missouri, St. Louis, de 1858, é o mais antigo em atividade. O Jardim Botânico de Nova York, além de ser um dos mais antigos, ainda é um dos maiores do mundo. Figura 10: Jardim. 17 Fonte: (INNES, 2014). O estilo português segue principalmente o estilo do jardim inglês, construído com terraços, possuindo arboretos e contornados por muros com portões e colunas em estilo barroco. As principais plantas cultivadas, além das espécies arbóreas e arbustivas nativas, foram algumas espécies introduzidas das colônias. Cultivaram-se as acácias, araucárias, bambus, buxos, canforeiras, castanheiras, eucaliptos, figueiras, magnólias, nogueiras, palmeiras, plátanos, podocarpos, sequoias e tílias. O Jardim Botânico da Ajuda é o seu mais antigo, de 1768, e o Jardim Botânico de Coimbra é o seu jardim mais famoso, tendo sido criado em 1772. No caso dos jardins da Ilha da Madeira, o Jardim Botânico de Funchal possui conservadas as espécies em risco de extinção, da própria flora local, compondo maravilhosos canteiros florais que podem ser observados dos terraços superiores. Figura 11: Jardim. 18 Fonte: (INNES, 2014). O estilo brasileiro seguiu de certa forma os dos jardins holandeses e portugueses, no período do século XVII até o início do século XX. Os jardins brasileiros, na segunda metade do século XIX, tiveram forte influência do paisagista francês, Auguste Marie François Glaziou, que introduziu o romantismo e o jardim pitoresco, implantando vários jardins e parques públicos na cidade do Rio de janeiro. No segundo quarto do século XX surge o paisagista Atílio Correa Lima, com o chamado movimento renovador e, mais recentemente, na década de sessenta, surgiu o seu mais famoso paisagista Roberto Burle Marx, com grande apego à natureza e o uso prioritário de espécies nativas, principalmente as da própria região do jardim. Figura 12: Paisagismo. 19 Fonte: (INNES, 2014). Os jardins clássicos são marcados pelas formas geométricas, simetria e separação dos espaços. É bastante frequente o uso de coníferas e plantas que podem ser podadas, formando figuras de topiaria (esculturas vegetais). Também são bastante vistos neste tipo de paisagismo estátuas, escadarias e fontes de água. Geralmente tem dimensões monumentais. Tal configuração foi uma evolução dos jardins da época do Renascimento (século XVI) que atingiu seu auge na França e Itália. O jardim era praticamente todo verde, com áreas sombreadas, e podiam conter canteiros com flores para um diferencial na época da primavera-verão. 20 O jardim inglês tem um traçado mais orgânico, em que os diversos elementos se integram visualmente na paisagem. As plantas são mantidas em sua forma natural, ou seja, sem fazer o uso da técnica de topiaria. Este estilo tem bastante influência dos jardins chineses e japoneses e no jardim inglês do século XVIII, que era caracterizado pelo uso de muitas espécies de plantas. Apesar de parecer feito ao acaso, a concepção era formal e muito bem pensada, mas sua implantação seguia de forma despretensiosa. Não havia a preocupação da simetria como no estilo clássico muito pelo contrário, a assimetria era o que trazia o efeito surpresa! Também eram comuns ruínas e elementos arquitetônicos que remetiam à antiguidade, juntamente com espelhos d’ água. 21 Jardim do Palácio de Kensington, Londres. Foto: Leonid AndronovO jardim tropical é quase sempre caracterizado pela forma informal da composição e pela presença de vegetação nativa como palmeiras, plantas aquáticas, bromélias, ágaves, dracenas, monsteras, samambaias, entre outras. Para integrar todos esses elementos visualmente, o gramado ou vegetação rasteira é praticamente obrigatório. 22 Jardim tropical projetado por Alex Hanazaki (Foto: Divulgação) Jardim rochoso ou árido: Como o nome já diz, a vegetação é predominantemente de plantas nativas de clima seco e árido, como as suculentas, plantas xerófitas e cactos. Também há bastante uso de pedras e areia para complementar o conjunto e trazer uma paisagem árida. No jardim árido você nunca verá um gramado verde complementando, por exemplo. 23 Paraíso Invertido, do holandês Arie van der Hout, coberto por pedaços de pneus reciclados e vegetação árida 24 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELTING, Hans. Bild-Anthropologie, München: Wilhelm Fink Verlag, 2001. BELTING, Hans. Após o fim da história da arte, (1985) São Paulo: Coisac Naify, 2012. CHASTEL, André. «Histoire de l’art et histoire», Encyclopaedia Universalis, vol. «Enjeux», 1989, p.491-498. DAMISCH, Hubert. L’origine de la perspective, (1987), Paris: Flammarion, col. «Champs», 1994. DIDI-HUBERMAN, Georges. Diante da imagem. Questão colocada aos fins de uma história da arte. (1990), São Paulo: ed.34, 2013. DIDI-HUBERMAN, Georges. O que vemos, o que nos olha. São Paulo: ed.34, 1998 [Ce que nousvoyons, ce qui nous regarde, Paris: Minuit, 1992]. DIDI-HUBERMAN, Georges. A imagem sobrevivente. História da arte e tempo dos fanstamas segundo Aby Warburg, (2000). Rio de Janeiro: Contraponto, 2013. 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