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1. Um paciente canino, de nome Marley, 6 anos, Border Collie, peso 17 kg, foi levado ao seu consultório. O tutor queixa-se de que Marley está há vários dias demonstrando dor na região de orelha, está sempre com a cabeça pendendo para um lado e não deixa ninguém se aproximar para ver o que está acontecendo. Após avaliação clínica, você constatou que o paciente apresentava uma massa no interior do conduto auditivo vertical. Como proceder diante deste quadro? Qual a sua conduta? Descreva detalhadamente a técnica, com atenção às estruturas anatômicas relevantes encontradas durante o procedimento. Descreva também os cuidados pós-operatórios e a posologia dos medicamentos que você irá prescrever. O indicado para este caso seria fazer a retirada dessa massa e também fazer a biópsia para saber como será o prognóstico. Como a massa está no conduto auditivo vertical, eu indicaria fazer a cirurgia de ABLAÇÃO DE CONDUTO AUDITIVO VERTICAL. Técnica: Fazer ampla tricotomia + antissepsia da região onde será feita a cirurgia Posicionamento do animal: Decúbito lateral 1. A incisão deve ser feita no sentido vertical e seguir até o final do canal, imediatamente abaixo da borda superior do tragus. (A incisão também pode ser feita em “T”) 2. Como uma tesoura de Mayo romba, deve-se divulsionar o tecido subcutâneo e dissecar desde o trago da orelha até o final do canal vertical. Para evitar danos às estruturas musculares da região e principalmente danos ao nervo facial a divulsão deve ser feita rente a cartilagem. 3. Realizar incisão circular circundando a região de helíx e antihélix, de modo que o canal vertical seja destacado 4. Identificar cartilagem anular e posicionar pinça hemostática cerca de 0,5cm - 1cm (para que o flap possa ser feito posteriormente) dessa cartilagem para que seja feita ressecção 5. Fazer 2 incisões no final do canal vertical neste 1cm que sobrou, criando dois flaps; um dorsal e um ventral. Fixar os pontos cardeais do flap posicionando-o. 6. Realizar a sutura no pavilhão auricular com ponto simples separado, começando pela região mais dorsal (teto do T); seguido pelos demais locais abertos. A última sutura a ser feita é no corpo da letra T deve ser feito a sutura em U, a fim de evitar soltura precoce dos fios Cuidados pós operatórios: Manter a atadura sobre a orelha, realizar a limpeza dos pontos com solução de cloreto de sódio 0,9% (BID), utilizar colar elizabetano até a retirada dos pontos (que será em 15 dias) Posologia: Amoxicilina com ácido clavulânico (25 mg/kg, BID, 10 dias) Dipirona (25 mg/kg, TID, 6 dias) Cloridrato de tramadol (4 mg/kg, TID, 4 dias) Meloxicam (0,1 mg/kg, SID, 3 dias) Aplicação tópica de pomada otológica (SID) 2. Quais as principais complicações que podem ocorrer nas cirurgias de ouvido? * Alterações neurológicas presentes antes da cirurgia devem ser anotadas e relatadas aos tutores. Porque uma das principais complicações é a lesão do nervo facial, que pode causar paralisia do nervo, correndo o risco de comprometer toda a face. Pode causar ptose palpebral, labial, paralisia facial, comprometer a produção de lágrimas, etc. Caso não seja feita a ablação total a Otite pode ser recorrente, pode ocorrer drenagem inadequada de secreções, abscessos, surdez, fistulação. Em Felinos, pode ocorrer síndrome de Horner e paralisia do nervo facial transitória, após cirurgias do ouvido. 3. O que é PDA? Qual a técnica cirúrgica para a sua correção? Discorra sobre o assunto de maneira sucinta, e descreva a técnica detalhadamente (posicionamento do paciente, manobras cirúrgicas, estruturas anatômicas relevantes, etc). * É a persistência do ducto arterioso. Ocorre quando o ducto arterioso (que é um vaso fetal) não se fecha, continuando permeável, sendo caracterizado como um defeito cardíaco, podendo causar um shunt, principalmente com desvio p/ esquerda, causando sobrecarga do ventrículo esquerdo causando dilatação do mesmo. Apesar de ser comum em cães (e raro em gatos), a maioria dos cães acometidos são assintomáticos, podem apresentar intolerância ao exercícios, mas que muitas vezes pode acabar passando despercebido pelo tutor. Outros sintomas incluem: Tosse, dispneia, fraqueza de membros posteriores durante atividade física, é um animal que durante a ausculta pode apresentar sopro contínuo, o pulso da femoral pode ser mais intenso devido a diferença de pressão sistólica e diastólica. Técnica: Ligadura do ducto Posicionamento do paciente: Decúbito direito. O ducto está localizado entre a artéria aorta e a artéria pulmonar principal e além disso o nervo vago passa sobre o ducto (o mesmo deve ser identificado e afastado durante a dissecação). Resumindo: A localização do ducto é um tanto quanto delicada. 1. Para acesso deve ser feita a toracotomia através do 5 espaço intercostal esquerdo. O pulmão deve ser rebatido caudodorsalmente para visualização do ducto (o pulmão ser aparado com compressas umidas), que deve ser divulsionado entre margem cranial e caudal. Podem ser usados afastadores de Finochietto para manter o campo aberto. 2. Isolar o ducto arterioso com dissecção delicada. Para evitar manipulação e passagem excessiva de instrumental no local da divulsão, é recomendado que passe 1 fio dobrado, que depois deve ser cortado. 3. Para evitar que o paciente descompense, cada ligadura deve ser feita em um tempo de 10 minutos. Ligar o ducto arterioso persistente (PDA) passando duas ligaduras ao redor do ducto arterioso e amarrando-as separadamente. A primeira ligadura é feita na região do tronco pulmonar. 4. Quais músculos serão incisados em uma toracotomia intercostal (quinto espaço intercostal?) * Mm. cutâneo do tronco, Mm. grande dorsal, Mm. serrátil ventral, Mm. Escaleno (geralmente em cães de grande porte), Mm. intercostais (externo e interno) juntamente com a pleura. 5. Qual o seu diagnóstico? Quais os diagnósticos diferenciais? Descreva a técnica cirúrgica para a correção desta enfermidade. * Prolapso da glândula da terceira pálpebra (cherry eye). Diagnóstico diferencial: Neoplasia da terceira pálpebra, doenças sistêmicas como a raiva e o tétano Técnica de sepultamento da glândula da terceira pálpebra: Essa é uma das exceções onde não é necessário tricotomizar a área a ser operada (a não ser que seja um animal com muitos pelos), não obstante, é necessário realizar lavagem da área ao redor do olho com solução de 10% de iodopovidona. Posicionamento do paciente: decúbito ventral. A glândula deve ser exposta para melhor visualização. Fazer duas incisões paralelas a glândula prolapsada.Realiza-se um ponto de ancoragem na face externa (passar a agulha de fora), este ponto ancorado servirá para início para a sutura em padrão Cushing, que reposicionará a glândula. Ao final da sutura, ancora-se novamente o último ponto na face externa (o nó deverá ficar para o lado externo). 6. Descreva a técnica para realização de lobectomia total (lobo pulmonar caudal direito), iniciando pelo posicionamento do paciente, acesso cirúrgico, e indicando as estruturas anatômicas importantes e as manobras (se houver) cirúrgicas importantes para a realização desse procedimento. * Posicionamento do paciente: Decúbitolateral esquerdo Acesso: toracotomia intercostal Divulsiona-se a base do lobo pulmonar com muita delicadeza até identificar artéria e veia correspondente ao lobo. Realiza-se tripla ligadura nessas estruturas, que serão incisadas (com fio absorvível). (Pode haver variação no número de vasos a serem dissecados) Posicionar pinças hemostáticas (atraumáticas e anguladas, ex. Satinsky) no brônquio uma proximal e uma distal ao local em que será seccionado, incisando o bronquio pulmonar na face cranial da pinça. Realiza-se sutura do tipo “U” contínuo no brônquio, e em sua borda incisada, realiza-se sutura do tipo simples contínuo. Encher a cavidade com solução fisiológica morna. Insuflar os pulmões para verificar se há vazamento de ar. Remover o líquido e fechar o tórax. 7. Assinale a alternativaCORRETA sobre a toracocentese: * Incisão na parede torácica (intercostal ou esternotomia mediana) Drenagem de conteúdo (ar ou líquido) da cavidade torácica Fechamento da cavidade torácica com fios de sutura Nenhuma das alternativas está correta 8. Por traqueotomia se entende: * Incisão da traqueia com a finalidade de se acessar seu lúmen Ressecção de 2 a 8 anéis traqueais, com posterior anastomose A abertura permanente do lúmen traqueal para o exterior, com a finalidade de favorecer a passagem de ar Nenhuma das alternativas está correta