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Ana Isabel Resende Matos || Medicina Veterinária – UECE CLÍNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA Síndrome Braquiocefálica: o Braquiocefálico: Focinho achatado; o Mesocefálico: Crânio normal; o Doliocefálico: Focinho mais alongado – crânio dolicocefálicos; 1. Estenose de narinas: Comumente observada em raças braquicefálicas de pequeno e grande porte; Refere-se a uma combinação de estenose das narinas, alongamento de palato mole e eversão de sáculos laringianos; Raças mais afetadas: Buldog Inglês, Boston Terriers, Pequinês, Pug, Shih Tzus, Boxer, Lhasa Apso, Mastif. A síndrome é importante devido à gravidade dos sinais clínicos e em seu potencial risco de morte; Um dos sinais clínicos importantes é a respiração pela boca, difícil e ruidosa. Animais com orifícios nasais estenosados, durante a inspiração, apresentam deslocamento medial da asa da narina, colapsando e fechando o espaço aéreo; O diagnóstico da síndrome braquicefálica baseia-se no histórico de obstrução das vias aéreas superiores ocorrendo em raças sabidamente predispostas à síndrome e deve ser identificada em exame físico durante a anamnese; Nas raças braquiocefálicas é indicado realizar a correção cirúrgica das narinas estenóticas o mais jovem possível, já que os cães menores de dois anos submetidos a cirurgia têm um melhor prognóstico, diferentemente dos que sofrem desta síndrome durante muitos anos. A técnica cirúrgica utilizada pode ser a ressecação em cunha nasal onde é feita uma excisão em cunha estendendo-se a partir da asa da narina caudalmente para incluir parte da cartilagem alar, sendo essa a técnica de eleição. A base da cunha deve incluir um terço da metade da borda livre da narina. Ana Isabel Resende Matos || Medicina Veterinária – UECE 2. Prolongamento de palato mole: Considerado uma alteração primária nos cães braquicefálicos, já podendo ser observado em animais ainda jovens, porém muitos autores acreditam que o gene responsável pelo encurtamento do focinho, não afeta os tecidos moles, não estando correlacionado com o prolongamento do palato; O diagnóstico se dá de forma terapêutica, onde o animal deve ser anestesiado, para um exame mais aprofundado, com o uso do laringoscópio examina-se a faringe, deslocando a língua ventralmente, podendo se avaliar a borda caudal do palato mole, que em um paciente normal deveria tocar a ponta da epiglote, porém, em um paciente com prolongamento do palato mole ela ultrapassa esse limite, causando a obstrução. Tratamento se dá de forma cirúrgica, sendo seu principal objetivo a desobstrução causada pelo prolongamento do palato mole. A cirurgia é bem realizada quando o animal é jovem (ou seja, quatro a vinte e quatro meses de idade) antes das cartilagens laringianas degenerarem e colabarem. 3. Eversão de sacos laríngeos: As alterações consideradas como primárias são: estenose de narina, prolongamento de palato mole, cornetos nasais aberrantes, macroglossia e hipoplasia de traqueia. As alterações secundárias são subsequentes de esforço respiratório excessivo e crônico, levando a inflamação local, edema, eversão de sacos laríngeos e colapso laríngeo, diminuindo ainda mais o fluxo de ar, sendo capaz de levar o animal a óbito. Sinais: Dispneia inspiratória culminando em angústia respiratória, ronco, tosse, intolerância ao exercício, cianose, edema de tecidos moles, obstrução de vias aéreas superiores, fluxo turbulento de ar, aparecimento de ruído inspiratório e síncope, podendo culminar em morte. 4. Hipoplasia traqueal: A hipoplasia de traqueia é o estreitamento da luz da traqueia em toda a sua extensão, dificultando a passagem do ar. Trata-se de uma anomalia congênita e está frequentemente associada a animais braquicefálicos, juntamente com outras alterações anatômicas que caracterizam a síndrome braquicefálica. Neste pacientes, os anéis cartilaginosos da traqueia são pequenos e com as extremidades sobrepostas; a membrana traqueal é estreita e em alguns casos pode ser ausente. A hipoplasia da traqueia pode passar despercebida, por ser assintomática, e acaba sendo diagnosticada como achado incidental em exames radiográficos do tórax. Tratamento cirúrgico não é indicado! Quanto maior a obstrução, maior a dificuldade respiratória apresentando, portanto, um potencial risco de morte ao animal. Os sinais clínicos tendem a piorar progressivamente caso os problemas não sejam tratados oportunamente. Ana Isabel Resende Matos || Medicina Veterinária – UECE Cabeça: Cirurgia Nasal: o Rinoplastia Correção cirúrgica da estenose de narina – durante a cirurgia pode sangrar, mas é controlável; Cauterização pode causar edema, por isso não é indicado; Em casos de fazer rinoplastia e palatoplastia é indicado fazer primeiro a rinoplastia, uma vez que a palatoplastia é uma cirurgia que causa bastante infecção por ser na boca. Utilizado ponto simples interrompido por oferecer maior estabilidade e estética. Também deve utilizar linha monofilamentar devido a contaminação, pois o multifilamentar por ter capilaridade pode favorecer a contaminação; o Palatectomia ou estafilectomia: O palato mole pode passar da epiglote e chegar até a traqueia, portanto podemos retirar o palato até antes da epiglote ou na linha da epiglote. Antes da cirurgia devemos aproveitar que o animal está sedado e avaliar o alongamento do palato e marcar onde deve ser retirado. A anestesia pode ser a TIVA ou inalatória, mas a TIVA favorece mais no decorrer da cirurgia. Não deve ser retirado na base do palato, pois pode favorecer o surgimento de doenças de ocorrência bacteriana. Sinais clínicos: Além da dificuldade da passagem do ar, é causada uma vibração que leva exatamente a sons de ronco, engasgos e excesso de saliva. Além de dificultar a passagem do ar, pode até mesmo resultar em pneumonia, já que esse excesso de tecido pode obstruir o fechamento correto da epiglote. Ana Isabel Resende Matos || Medicina Veterinária – UECE Técnica tradicional: Tracionar o palato com pinça e fazer um ponto de sustentação. Não deve ser cortado de uma vez; faz um ponto e depois passa a linha de sutura de forma espiral e corta aos poucos para evitar que sangre. Também é importante não tracionar a língua, pois pode causar parada cardíaca. o Saculectomia: Correção da eversão dos sacos laríngeos; Técnica realizada com objetivo de remover os sacos evertidos, permitindo uma maior passagem de ar e menor pressão negativa; o Hipoplasia traqueal: A hipoplasia traqueal o animal já nasce com a conformação alterada e o diâmetro é alterado. Estreitamento da luz da traqueia em toda a sua extensão, dificultando a passagem do ar. Diagnóstico: Raio X ou traqueoscopia; o Palatoplastia: Fenda palatina acontece de forma congênita ou traumática e a cirurgia deve ser feita de forma rápida, pois a alteração pode interferir na qualidade de vida do animal. Em recém-nascidos, pode esperar até duas semanas. Ana Isabel Resende Matos || Medicina Veterinária – UECE Procedimento mais comum a ser feito em casos de fenda palatina congênita em que o animal ainda não tem formação óssea, realiza-se a reverberação de um lado e solta o tecido do outro lado para doar e fazer a sobreposição. A cicatrização ocorre por segunda intenção. Pode ser feito a técnica em ambos os lados também. o Marsupialização: o Glossorrafia: o Prolapso da bolsa jugal em hamster: o Correção dentária em roedores: Ana Isabel Resende Matos || Medicina Veterinária – UECE o Fístula oronasal: Comunicação anormal entre as cavidades oral e nasal. Causas: Doenças periodontais, abscessos periapicais, traumatismos, neoplasias, má formação congênita, necrose por radiação, extrações dentárias mal executadas, queda de pontos cirúrgicos. A ocorrência é devido a pequena quantidade de tecido ósseo palatino nasalexistente entre o ápice do dente e a cavidade nasal. As fístulas podem ocorrer em qualquer região do palato duro em função do comprometimento de qualquer dente maxilar. Algumas fístulas oronasais discretas não causam sinais clínicos, além disso, a identificação das mesmas durante o exame físico de rotina em pacientes despertos e inquietos pode ser difícil. Cirurgia Bucal Fratura mandibular: Fraturas maxilares e fraturas mandibulares podem resultar de trauma, periodontite grave ou neoplasia. Periodontite é uma reação inflamatória do tecido que circunda um dente e que geralmente resulta da extensão de inflamação gengival para o peridonto. A reparação definitiva das fraturas muitas vezes deve ser retarada até que o animal tenha sido apropriadamente estabilizado. Fraturas mandibulares associadas a neoplasia são tratadas por mandibulectomia e não por reparação definitiva da fratura. Dentes envolvidos em fraturas não devem ser removidos a não ser que estejam frouxos. Isto é especialmente importante nos casos de fraturas que envolvem o corpo mandibular caudal, porque os dentes pré-molares e molares são grandes, ocupam uma porção substancial deste osso e contribuem, essencialmente, para a estabilidade da fratura. Diagnóstico: Predisposição: Cães jovens estão sob maior risco de ocorrer fraturas; fraturas patológicas da mandíbula são particularmente comuns em cães idosos de raças pequenas e miniaturas que não receberam profilaxia dentária regular e são alimentados com comida mole e sobras de refeições. Ana Isabel Resende Matos || Medicina Veterinária – UECE Histórico: Usualmente, uma história de trauma é vista nos animais com fraturas orais traumáticas. Disjunções da sínfise mandibular e fraturas do palato duro podem ocorrer em gatos que caem de grande altura. Exame físico: Os animais com fraturas podem salivar excessivamente, exibir dor à abertura da boca, e frequentemente relutar em comer. A saliva pode estar tingida de sangue; crepitação e instabilidade podem ser palpadas durante exame oral cuidadoso; disjunções da sínfise mandibular permitem que uma mandíbula seja movida separadamente da outra. Diagnóstico por imagem: Radiografias da mandíbula e maxila geralmente exigem que os animais sejam anestesiados. Exame radiográfico completo do crânio geralmente requer um mínimo de quatro vistas radiográficas: dorsoventral ou ventrodorsal, lateral e oblíqua lateral direita e esquerda. Tomografia computadorizada pode ajudar a identificar fraturas no corpo mandibular caudal, ramo vertical e côndilo mandibular. Alterações laboratoriais: Anormalidades específicas não estão presentes em fraturas mandibulares ou maxilares de qualquer causa. Animais traumatizados devem ser submetidos a exame hematológico para determinar se existe contraindicações a anestesia. Tratamento cirúrgico: Tratamento conservador com focinheira de esparadrapo ou adesão com composto dentário pode ser apropriado para algumas fraturas; sistemas de fixação interna aplicáveis para fraturas mandibulares são o fio ortopédico, fios de Kirschner, e placas e parafusos. Pinos intramedulares são contraindicados porque o canal mandibular contém a artéria alveolar mandibular e o nervo alveolar inferior. Fixadores externos são muitos eficazes para fraturas cominutivas não redutíveis. Muitas fraturas maxilares não tem desvio e necessitam apenas de terapia conservadora; entretanto, fraturas maxilares segmentares ou linhas de fratura afundadas podem exigir reposicionamento e estabilização. Fraturas mandibulares ou maxilares que alteram a oclusão normal/fraturas maxilares que resultam em mau posicionamento nasal ou instabilidade devem ser reduzidas ou estabilizadas. Mandibulectomia: Remoção total ou parcial de uma ou de ambas as mandíbulas. Dentre suas indicações em cães, a mais frequente é o tratamento de neoplasias da cavidade oral, tratamento de fraturas cominutivas e de alterações funcionais adquiridas. Maxilectomia: Procedimento cirúrgico em que parte ou toda a maxila é removida. A maxilectomia é frequentemente realizada para ressecação de neoplasia oral. Dependendo da área a ser estirpada, maxilectomias parciais podem ser classificadas como rostral, central ou caudal ou pré-maxilectomia bilateral rostral. Ana Isabel Resende Matos || Medicina Veterinária – UECE As complicações mais comuns encontradas com a realização dos procedimentos cirúrgicos de hemimaxilectomia e maxilectomia caudal incluem sangramento intra- operatório, epistaxe, inchaço incisional e ulceração labial. O sangramento intraoperatório é mais comum com hemimaxilectomia e maxilectomia caudal, seja por meio de abordagem intraoral ou combinada dorsolateral intra oral, do que outros tipos de maxilectomias, por causa da transecção da artéria maxilar a medida que ela percorre o aspecto ventral da órbita inferior. Cirurgia Oftálmica: Alterações palpebrais: o Triquíase: Cílio nasce em direção ao olho de origem da pálpebra de cima ou de baixo, e por ser visto como corpo estranho pode gerar sinais de dor, inflamação. Deve ser feito teste de fluoresceína. Resolução: Epilação. o Distriquiase: O cílio saí da glândula tarsal ou meibômio em direção. Resolução: Epilação. o Cílio ectópico: O cílio saí da glândula tarsal e toca diretamente o olho por atravessar a mucosa. Blefarorrafia ou tarsorrafia: o Baseia-se em suturar a pálpebra, e pode ser feito em animais com muitas dobras. o Também é indicado para pacientes em que há indicação da enucleação. Entrópio: o Utilizada em casos de pálpebra voltada para dentro do olho causando trauma por causa dos pelos. o Deve ser retirado um retalho e é juntado novamente. Ana Isabel Resende Matos || Medicina Veterinária – UECE Ectrópio: o Ocorre quando a pálpebra está voltada para fora que gera muita lacrimejamento resultando em pálpebra ressecada; o Técnica: incisão em V e transforma em Y. Protrusão da glândula da 3° pálpebra: Definições: A protrusão, prolapso ou eversão da glândula da membrana nictitante é causada por defeitos nos anexos entre a glândula da terceira pálpebra e periórbita. Pode estar associada a adenite primária ou secundária, anormalidades de adesão fascial ou patógenos específicos, comprometendo as glândulas. A condição não é causada por inflamação primária, neoplasia ou hiperplasia. Se ocorrer ceratoconjuntivite seca após o prolapso, isso sugere envolvimento tanto da glândula lacrimal quanto da glândula nictitante. Diagnóstico: Predisposição (em determinadas raças e em animais mais jovens), histórico (presença de massa, secreção ocular e/ou conjuntivite), exame físico (massa avermelhada protundindo-se de trás da terceira pálpebra, próximo ao canto medial, conjuntivite, epífora e irritação local), diagnóstico por imagem (não há necessidade) e alterações laboratoriais (inespecíficos). Conduta médica: Antibióticos tópicos com corticosteroides podem ser usados para tratar casos precoces, leves, se a ulceração da córnea não estiver presente. A redução da inflamação e do edema da conjuntiva permite que a glândula retorne a sua posição e tamanho normais. Tratamento cirúrgico: Ana Isabel Resende Matos || Medicina Veterinária – UECE 1. Enucleação: Retirada do bulbo ocular. 2. Evisceração: Retirar o conteúdo interno do olho. 3. Exenteração: Indicado para processos tumorais; retirada do globo ocular + músculos + tecidos adjacentes; Cirurgia Auricular: Otohematoma: Considerações gerais e fisiopatologia clinicamente relevante Os hematomas aurais podem ocorrer em cães ou gatos e geralmente são caracterizados como inchaços cheios de fluído flutuantes na superfície côncava do pavilhão auricular. A causa do hematoma aural não é bem compreendida, no entanto, em muitos casos, parece ser o resultado de agitação da cabeça ou arranhõesno ouvido provocado por ddor ou irritação associada a otite externa (geralmente bacteriano devido a infestação por O. cynotis em gatos). Agitar a cabeça pode causar movimentos de ondas sinusoides no ouvido, resultando em fratura da cartilagem. Formação de hematoma em alguns pacientes pode ser associada ao aumento da fragilidade capilar. O ouvido pode ser lacerado como resultado do combate ou outro trauma. Essas feridas podem ser superficiais, envolvendo a pele em uma superfície de apenas o ouvido ou pode perfurar a cartilagem e envolver ambas as superfícies da pele. Dependendo da gravidade dos ferimentos, alguns podem ser deixados para cicatrizar por segunda intenção, ao passo que outros tem uma aparência mais estética, se as suturas são colocadas. Diagnóstico: Predisposição: cães e gatos com otite externa têm um risco maior de desenvolver hematoma aural. Ana Isabel Resende Matos || Medicina Veterinária – UECE Histórico: Agitação da cabeça violenta e/ou aguda ou otite crônica externa, alguns animais podem não ter histórico anterior de doença do ouvido. Exame físico: Hematomas inicialmente cheios de líquido, suaves e flutuantes, mas podem tornar-se firmes e espessos, como resultado de fibrose. Aparência de couve-flor. Diagnóstico por imagem e alterações laboratoriais: Radiografia ou tomografia computadorizada do crânio pode ser indicada se otite externa está presente, e não há anormalidades. Tratamento cirúrgico: Diversas técnicas cirúrgicas têm sido descritas para o tratamento de hematomas aurais. Os objetivos da cirurgia são remover o hematoma, prevenir a recorrência e manter a aparência natural do ouvido. O procedimento mais comumente usado envolve uma incisão no tecido que cobre o hematoma, evacuando os coágulos de sangue e fibrina, e segurando a cartilagem em justaposição com suturas até que o tecido de cicatrização possa se formar. Como alternativos drenos ou cânulas foram usados para permitir o escoamento por várias semanas, durante o processo de cura. Para evitar o alargamento ou fibrose, hematomas devem ser tratados logo depois que eles ocorrem, de preferência, dentro de vários dias. O laser é usado para fazer uma incisão no hematoma de modo a permitir a evacuação do sangue e, depois, várias pequenas incisões são feitas sobre a superfície do hematoma para estimular a formação de aderências. Nenhuma sutura é colocada. Ana Isabel Resende Matos || Medicina Veterinária – UECE Ressecação do canal auditivo: Ressecção do canal auditivo lateral aumenta a drenagem e melhora a ventilação do canal auditivo. Também facilita a colocação de agentes tópicos dentro do canal horizontal. A ressecção do canal auditivo lateral é indicada em pacientes com hiperplasia mínima do epitélio do canal auditivo ou com pequenas lesões neoplásicas do aspecto lateral do canal vertical. Não deve ser realizada em animais com obstrução ou estenose do canal auditivo horizontal ou otite média concorrente, ou em pacientes com hiperplasia epitelial grave. Pescoço Mucocele salivar: É uma coleção de saliva secretada por uma glândula ou ducto salivar lesionado que é envolvida por tecido de granulação. Tipos: Mucocele cervical, mucocele sublingual, mucocele faríngea (tecidos conjuntivos da faringe), mucocele zigomática e mucoceles complexas (consiste em dois ou mãos tipos de mucocele). Fisiopatologia: A ruptura da glândula salivar ou ducto resulta em extravasamento de saliva para o tecido adjacente. As mucoceles salivares não são cistos. Cistos são cavidades revestidas por epitélio, enquanto o tecido de granulação que reveste a Ana Isabel Resende Matos || Medicina Veterinária – UECE mucocele é produzido secundariamente à inflamação causada pela saliva livre nos tecidos. A causa da mucoceles salivares raramente é identificada, apenas de trauma contuso, corpos estranhos e sialólitos terem sido sugeridas. A saliva tende a tomar o caminho de menor resistência, acumulando-se nos tecidos das regiões cervical cranial intermandibular, sublingual ou faringe. A saliva irrita o tecido e causa inflamação. O inchaço podem ser firmes e doloridos, mas o animal é usualmente assintomático. O tecido de granulação se forma em resposta a inflamação e evita que a saliva migre ainda mais. Diagnóstico: Histórico, sinais clínicos e exame citológico. Radiografias podem determinar quais glândulas estão envolvidas. Conduta clínica: Aspiração de emergência da mucocele pode ser necessária para os animais em sofrimento respiratório. Drenagem repetida ou injeção de cauterização ou agentes anti-inflamatórios não eliminam mucocele, no entanto complica a cirurgia posterior por causar abscessos ou fibrose. Raramente se resolvem sem cirurgia. Tratamento cirúrgico: Excisão completa do complexo glândula-ducto envolvido e a drenagem da mucocele são curativas. O lado de origem da mucocele pode ser determinado por exame oral, palpação, sialografia ou exploração da mucocele. Comentário: Incisão feita em cima da glândula e deve ser retirada a porção monoestomatica e poliestomatica da glândula. Fazer sutura simples. Se você tem dificuldade para identificar o lado afetado em um animal com mucocele cervical, coloque o animal de costas. O conteúdo da mucocele muitas vezes vai, por gravidade, para o lado da glândula acometida. Traqueostomia: Criação de uma abertura temporária ou permanente na traqueia, feita com o objetivo de facilitar o fluxo de ar. Ruptura traqueal: Pode ocorrer devido a trauma; está especialmente associada à insuflação exagerada do manguito do tubo endotraqueal em gatos. A traqueoscopia pode ser o método de eleição para documentar a ruptura traqueal. Os sinais primários de ruptura traqueal são pneumomediastino e enfisema subcutâneo. A ruptura traqueal sem causar pneumotórax é tratada de forma mais eficaz em gaiola de repouso, e a traqueoscopia é desnecessária. A ruptura traqueal com pneumotórax pode requerer cirurgia, sendo geralmente necessária uma traqueoscopia. Colapso traqueal: Definição: É uma forma de obstrução traqueal causada por flacidez e achatamento da cartilagem. Ana Isabel Resende Matos || Medicina Veterinária – UECE Fisiopatologia: Causa multifatorial. As cartilagens traqueais acometidas tornam-se hipocelulares e suas matrizes se degeneram. A cartilagem hialina normal é substituída por fibras de colágeno e fibrocartilagem, e a quantidade de glicoproteína e glicosaminoglicanos é reduzida. As cartilagens perdem a rigidez e sua capacidade de manter a conformação traqueal normal durante o ciclo respiratório. Sinais clínicos: O colapso reduz o tamanho do lúmen e interfere no fluxo de ar para os pulmões. Ocorrem ruídos respiratórios anormais, intolerância ao exercício, náusea e vários graus de dispneia nos casos de colapso de traqueia. A inflamação crônica da mucosa traqueal leva a tosse, o que exacerba a inflamação. Diagnóstico: Predisposição de raças toy e miniaturas; histórico; exame físico (cartilagens traqueais flácidas, com bordas laterais proeminentes, ocasionalmente são observadas a palpação da traqueia cervical; A palpação pode induzir a tosse); diagnóstico por imagem (radiografia lateral do pescoço e tórax, realizados durante inspiração e expiração); laringoscopia (simultâneo a traqueoscopia); traqueoscopia (confirmar o grau de gravidade do colapso). Conduta médica: O tratamento conservador é recomendado para todos os animais com sintomas leves e para aqueles com colapso menor que 50%, pois resulta em melhora dos sinais na maioria dos cães. Modificações no ambiente também são importantes, como uso de peitoral e ambiente sem cigarros. O tratamento clinico para cães inclui uso de antitussígenos (tartarato de butorfanol), antibióticos (ampicilina, enrofloxacina), broncodilatadores (terbutalina, aminofilina), e/ou corticosteroides (prednisolona). Pode sernecessário sedação com acepromazina e/ou diazepam e oxigenioterapia. Tratamento cirúrgico: Recomenda-se cirurgia para todos os cães com sintomas moderados a graves, para os casos de redução de 50% ou mais do lúmen traqueal ou quando os sintomas são refratários ao tratamento médico. O objetivo da cirurgia é estabilizar as cartilagens da traqueia e o músculo traqueal, preservando o máximo possível do suprimento nervoso e sanguíneo dos segmentos da traqueia. Atualmente o uso de próteses de anéis extraluminais ou stent endoluminal é muito utilizado. Próteses traqueias extraluminais podem ser implantadas em cães com colapso traqueal cervical ou colapso traqueal intratorácico proximal. O stent intraluminal pode atender o colapso em qualquer nível, e a colocação envolve menor risco de interromper o suprimento sanguíneo e nervoso. Complicações: Pode ocorrer morte, se a traqueia estiver obstruída por inflamação ou danificada por infecção ou necrose grave com as próteses intra ou extraluminais. A tosse pode ocorrer após a cirurgia, até que haja remissão da inflamação. Hematomas e inchaço cervical leve são esperados no período pós-operatório, após a colocação de próteses extraluminais. Tórax Ana Isabel Resende Matos || Medicina Veterinária – UECE Toracocentese: Consiste em puncionar o espaço pleural (entre o pulmão e a parede do tórax) para retirar efusão ou pneumotórax. O procedimento não necessita anestesia geral, mas recomenda-se leve sedação e analgesia ou bloqueio no local no ponto onde iremos puncionar. Toracotomia: Definição: Incisão da parede torácica que pode ser feita entre as costelas. Conduta: Animais com lesões traumáticas que dificultam a respiração ou com insuficiência respiratória aguda geralmente precisam de estabilização de emergência, seja, estabilização de segmentos costais, toracocentese e administração de antes da cirurgia. Pode ser realizada através de uma incisão entre as costelas ou dividindo o esterno. Independente do tipo de toracotomia deve-se fazer tricotomia e a assepsia de uma área grande para a cirurgia, o que permite a extensão da incisão. Lobectomia parcial: Pode ser feita para a remoção de uma lesão focal envolvendo a metade ou dois terços periféricos do lobo pulmonar ou para biópsia. Ela pode ser feita através de uma toracotomia lateral no quarto ou quinto espaço intercostal ou esternotomia mediana. Técnica: Identificar o tecido pulmonar a ser removido e prendê-lo com um par de pinças proximalmente a lesão. Fazer uma sutura contínua, sobreposta, usando fio absorvível (2-0 a 4-0), a 4 a 6 mm e distância das pinças. Se for necessário, fazer uma segunda linha de sutura de maneira semelhante. Seccionar o tecido pulmonar entre a sutura e as pinças, deixando uma margem de 2 a 3 mm distalmente a sutura. Suturar o pulmão usando um padrão simples, contínuo, com fio de sutura absorvível. Colocar o pulmão dentro da cavidade torácica e encher o tórax com solução fisiológica morna. Insuflar os pulmões e verificar se há vazamento de ar. Remover o líquido antes de fechar o tórax. A lobectomia parcial também pode ser feita usando-se um grampeador que deve ser escolhido com base na largura do pulmão, de forma que a linha de grampos se estenda por toda a extensão do pulmão a ser removida.
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