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EnfErmagEm Profª. Aline Wisnieski Lemke Profª. Danieli Holderried Grübel Profª. Miriam Quadros de Oliveira mEtodologia do Cuidado dE Indaial – 2022 1a Edição Impresso por: Elaboração: Profª. Aline Wisnieski Lemke Profª. Danieli Holderried Grübel Profª. Miriam Quadros de Oliveira Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI. Núcleo de Educação a Distância. LEMKE, Aline Wisnieski. Metodologia do Cuidado de Enfermagem. Aline Wisnieski Lemke, Danieli Holderried Grübel, Miriam Quadros de Oliveira. Indaial - SC: Arqué, 2022. 193p. ISBN 978-65-5466-214-7 ISBN Digital 978-65-5466-211-6 “Graduação - EaD”. 1. Tratamento 2. Materiais 3. Saúde CDD 610 Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Metodologia do Cuidado em Enfermagem, que trata de assuntos voltados às teorias de Enfermagem, abordando pontos de destaque de atuação dos principais teoristas que norteiam a consulta de Enfermagem e embasam as visitas domiciliares. Assim, possibilita a atuação do profissional enfermeiro, não apenas dentro das suas unidades de saúde como nos domicílios quando necessário. Na Unidade 1, veremos as principais teorias da Enfermagem que dão suporte a nossa atuação profissional. A profissão dos enfermeiros tem ganhado mais visibilidade no decorrer dos anos e, com isso, novas atribuições passaram a ser garantidas por lei a esses profissionais. Na Unidade 2, estudaremos a consulta de Enfermagem. Embora muitas pessoas vejam a consulta, na área da saúde, como uma atividade somente do médico, o que muitos não sabem é que a Enfermagem também tem que a realizar consultas, prescrever condutas de cuidados, entre outras atribuições, conforme a legislação vigente. Todavia, todo esse processo deve seguir etapas para que se alcance os objetivos desejados. E, por último, porém não menos importante, na Unidade 3, estudaremos a visita domiciliar, que não é algo novo. Com certeza, já ouvimos nossos pais e avós falarem que, antigamente, os médicos e enfermeiros realizavam atendimentos em casa. Atualmente, os programas do Governo Federal também estabelecem condutas que devem ser acompanhadas pela equipe de saúde no domicílio do paciente. Bons estudos! Profª. Aline Wisnieski Lemke Profª. Danieli Holderried Grübel Profª. Miriam Quadros de Oliveira APRESENTAÇÃO GIO Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! QR CODE SUMÁRIO UNIDADE 1 — INSTRUMENTOS METODOLÓGICOS DO CUIDAR .............................1 TÓPICO 1 — PRINCIPAIS TEORIAS DE ENFERMAGEM .......................................... 3 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 2 TEORIA AMBIENTALISTA ..................................................................................... 3 3 TEORIA DO AUTOCUIDADO ................................................................................. 6 4 TEORIA DA ADAPTAÇÃO ................................................................................... 10 5 TEORIA DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS (NHB) ..............................11 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................... 16 AUTOATIVIDADE ....................................................................................................17 TÓPICO 2 — CONSULTA DE ENFERMAGEM .......................................................... 19 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 19 2 CONSULTA DE ENFERMAGEM ........................................................................... 21 3 PROCESSO DE ENFERMAGEM .......................................................................... 27 RESUMO DO TÓPICO 2 ..........................................................................................36 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 37 TÓPICO 3 — VISITA DOMICILIAR ..........................................................................39 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................39 2 VISITA DOMICILIAR ...........................................................................................39 3 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO – LEGISLAÇÃO .................................................... 47 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. 51 RESUMO DO TÓPICO 3 ..........................................................................................57 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................58 REFERÊNCIAS .......................................................................................................60 UNIDADE 2 — SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM (SAE) .......69 TÓPICO 1 — COMPETÊNCIAS REQUERIDAS PARA O TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ..................................................71 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................71 2 HABILIDADES E ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE TRABALHO .........................................................................................................71 3 LEGISLAÇÃO E COMPETÊNCIA DO PROCESSO DE TRABALHO DE ENFERMAGEM ...................................................................................................80 RESUMO DO TÓPICO 1 ..........................................................................................89 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................90 TÓPICO 2 — CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM (SAE) ..........................................93 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................93 2 ENTENDENDO A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM (SAE) ..................................................................................................................94 3 ETAPAS DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM ENFERMAGEM (SAE)..96 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................104 AUTOATIVIDADE .................................................................................................105 TÓPICO 3 — LEGISLAÇÃO E RACIOCÍNIO CRÍTICO NA ENFERMAGEM ............ 107 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 107 2 RACIOCÍNIO CLÍNICO ....................................................................................... 107 3 PENSAMENTO REFLEXIVO, PENSAMENTO CRÍTICO E DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM .................................................................................................. 110 4 LEGISLAÇÃO DE ENFERMAGEM ...................................................................... 111 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................ 118 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................120 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 121 REFERÊNCIAS .....................................................................................................124 UNIDADE 3 — SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM E PRÁTICA BASEADA EM EVIDÊNCIA ........................................... 129 TÓPICO 1 — SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM (SAE) E PRÁTICA BASEADA EM EVIDÊNCIA ................................................131 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................131 2 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM (SAE) .....................131 3 PRÁTICAS DE ENFERMAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIA ..............................134 3.1 EXEMPLO DE CASO CLÍNICO ......................................................................................... 141 3.2 FISIOPATOLOGIA DA ÚLCERA VENOSA ..................................................................... 146 3.2.1 Tratamento farmacológico da úlcera venosa ...................................................147 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................ 153 AUTOATIVIDADE .................................................................................................154 TÓPICO 2 — PRINCIPAIS SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO E TAXONOMIAS – NANDA, NIC, NOC ........................................................................... 157 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 157 2 SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DE ENFERMAGEM ....................................... 157 3 CLASSIFICAÇÃO NANDA .................................................................................160 4 CLASSIFICAÇÕES NOC E NIC .........................................................................164 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................ 167 AUTOATIVIDADE .................................................................................................168 TÓPICO 3 — CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM (CIPE®) E SOAP (SUBJETIVO, OBJETIVO, AVALIAÇÃO E PLANO) .....................................................................171 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................171 2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA CIPE® .....................................................................171 2.1 EIXOS DA CIPE® .................................................................................................................173 2.2 CIPE® – LINGUAGEM E CUIDADO .................................................................................175 3 MÉTODO SOAP (SUBJETIVO, OBJETIVO, AVALIAÇÃO E PLANO) ..................177 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................185 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................ 187 AUTOATIVIDADE .................................................................................................188 REFERÊNCIAS ......................................................................................................191 1 UNIDADE 1 — INSTRUMENTOS METODOLÓGICOS DO CUIDAR OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • aprender as principais teorias de Enfermagem; • conhecer a consulta de Enfermagem, que faz parte da assistência prestada ao paciente e deve ser realizada pelo profissional enfermeiro; • identificar a atuação do enfermeiro na visita domiciliar; • conhecer as etapas da consulta de Enfermagem. A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – PRINCIPAIS TEORIAS DE ENFERMAGEM TÓPICO 2 – CONSULTA DE ENFERMAGEM TÓPICO 3 – VISITA DOMICILIAR Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 PRINCIPAIS TEORIAS DE ENFERMAGEM TÓPICO 1 — UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Na década de 1960, declaramos o marco do surgimento das primeiras teorias de Enfermagem, com o objetivo de fazer a relação científica entre as evidências, encontradas pelos profissionais enfermeiros, e a ciência. Portanto, a prática profissional está associada, principalmente, aos cuidados do que outros aspectos da profissão (HORTA, 1979). A evolução científica das teorias de Enfermagem continuou repercutindo em 1970, com o surgimento de novos estudos e pesquisas na área, destacando, ainda mais, a atuação do enfermeiro no cuidado ao paciente. Entre os anos 1980 e 1990, seguindo essa crescente evolução das pesquisas de Enfermagem, tornou-se evidente a necessidade de fundamentação e aplicação das teorias de Enfermagem na assistência prestada aos pacientes em todos os serviços de saúde. Essas teorias surgiram no contexto de orientações filosóficas, pela forma como o mundo é visto de um determinado ponto (OLIVEIRA; CURADO, 2019). Para aprofundar o seu conhecimento sobre o tema, sugerimosa leitura do artigo Teorias de Enfermagem na ampliação conceitual de boas práticas de Enfermagem: http://twixar.me/YNMm. DICA As teorias de Enfermagem possibilitam a atuação profissional, com base no cuidado, e a associação com o conhecimento científico, auxiliando os profissionais da área a compreenderem e terem um melhor entendimento de vários aspectos que interferem no cuidado do paciente. 2 TEORIA AMBIENTALISTA A enfermeira Florence Nightingale foi reconhecida pela sua atuação profissional na guerra da Crimeia, em 1854, ficou conhecida popularmente como a Dama da Lâmpada (COREN-SP, 2021), objeto que se tornou símbolo universal da Enfermagem. 4 Durante a Guerra da Crimeia, em 1854, Florence Nightingale foi Enfermeira de guerra. Os soldados a transformaram em seu anjo da guarda porque ela ia nas enfermarias e acampamentos dos batalhões de lanterna na mão, iluminando o caminho, para cuidar dos doentes. É por isso que Florence Nightingale é conhecida como a Dama da Lâmpada (COREN-SP, 2021). Ao retornar para casa, quatro meses depois do término da guerra, Florence foi recebida como uma heroína, com reconhecimento internacional pela sua atuação profissional com os soldados durante a guerra. Figura 1 – Florence Nightingale Fonte: http://twixar.me/VNMm. Acesso em: 25 set. 2022. Em 1859, surgiu a Teoria Ambientalista, criada por Florence Nightingale (PADILHA; MANCIA, 2005), que se refere ao meio em que se vive como “Todas as condições e influências externas afetam a vida e o desenvolvimento do organismo são capazes de prevenir, suprimir ou contribuir para a doença e a morte” (MEDEIROS; ENDERS; LIRA, 2015, p. 522). Alguns aspectos gerais da Teoria Ambientalista podem ser destacados, como: • Um ambiente saudável é essencial para a cura. • As janelas devem ser abertas possibilitando a entrada da luz para todos os ocupantes e um fluxo de ar fresco. • Com a vestimenta adequada, pode-se manter, ao mesmo tempo, o paciente aquecido no leito e em ambiente muito bem arejado. • A administração apropriada da residência interfere na cura dos enfermos. • Os cuidados de Enfermagem envolvem a casa na qual o paciente vive e os que têm contato com ele, sobretudo os cuidadores. • O ruído é prejudicial e perturba a necessidade de repouso do doente. 5 • Alimentação nutritiva, leitos e roupas de cama apropriadas e higiene pessoal do indivíduo são essenciais. • A limpeza previne a morbidade. • Com o ambiente limpo o número de casos de infecção diminui. • Todas as condições e influências externas que afetam a vida e o desenvolvimento de um organismo são capazes de prevenir, suprimir ou contribuir para a doença e a morte (MEDEIROS; ENDERS; LIRA, 2015, p. 522). Florence traz, na sua teoria, como principais fatores envolvidos no cuidado em saúde: o paciente, ambiente e o profissional de saúde. “O meio ambiente foi por ela definido como tudo aquilo que cerca ou que envolve os seres vivos, sendo as condições externas que exercem influência na vida e no desenvolvimento das pessoas, favorecendo meios de prevenção e contribuindo para a saúde ou para a doença” (SCHAURICH; MUNHOZ; DALMOLIN, 2020, p. 14). Cabe ao profissional de Enfermagem manter o equilíbrio entre esses fatores, trazendo o aspecto de liderança nas condutas a serem tomadas para o tratamento do paciente. Acadêmico, sugerimos a leitura do livro Enfermagem – História de uma profissão, de Maria Itayra Padilha e Miriam Süsskind Borenstein. DICA Figura – Enfermagem – História de uma profissão Fonte: http://twixar.me/NNMm. Acesso em: 1 jun. 2021. Atualmente, uma homenagem importante é o Dia da Enfermagem, no qual é ressaltado o termo anjos, que faz referência à Florence e a como ela ficou popularmente conhecida durante a guerra da Crimeia: 6 Dia 12 de maio é comemorado o Dia Mundial do Enfermeiro. A data é celebrada em homenagem a Florence Nightingale, um marco da Enfermagem que ficou conhecida como a Dama da Lâmpada, por percorrer os leitos de soldados durante a noite em tempos de guerra. Ela foi a fundadora da primeira Escola de Enfermagem da Inglaterra, no Hospital Saint Thomas, em 1859. No Brasil, em 20 de maio comemora-se o Dia Nacional dos Técnicos e Auxiliares de Enfermagem, na data do falecimento de Ana Neri, a primeira enfermeira voluntária do País. Assim como a europeia, ela deu nome à primeira Escola de Enfermagem oficializada pelo Governo Federal, em 1923. Enfermagem é a arte de cuidar do ser humano, protegendo, prevenindo e tratando da reabilitação e recuperação da saúde de todos. A coluna Presença de hoje estampa os profissionais do corpo de Enfermagem da Irmandade de Santa Casa de Misericórdia, que é um dos hospitais referência em tratamento do novo coronavírus na cidade, além de profissionais da Unidade Pré-hospitalar da Zona Leste (GARCIA, 2020, s. p.). Em 13 de agosto de 1910, Florence Nightingale faleceu em Londres, com 90 anos de idade. Antes de falecer, ela ficou em tratamento domiciliar e repouso absoluto no leito, tendo sido acometida por febre tifoide e sérias complicações, o que a levou ao óbito. 3 TEORIA DO AUTOCUIDADO Entre os anos de 1959 e 2001, Dorothea Orem desenvolveu a teoria de Enfermagem do Autocuidado ou o Modelo Orem de Enfermagem, com relevância para a atuação dos enfermeiros, por trazer conceitos gerais aplicáveis a todas as instâncias de Enfermagem (GONZALO, 2021), independentemente da atuação profissional do enfermeiro. Figura 2 – Dorothea Orem Fonte: https://quien.net/dorothea-orem/. Acesso em: 25 set. 2022. https://quien.net/dorothea-orem/ 7 A teoria de Dorothea Orem integra três teorias inter-relacionadas: a do autocuidado, a do déficit de autocuidado e a dos sistemas de Enfermagem. Figura 3 – Relação das teorias de Dorothea Orem Fonte: as autoras No Quadro 1, veremos a classificação das teorias de Orem, enfatizando a importância do autocuidado com as suas três classificações. Quadro 1 – Classificação das teorias de Orem Teoria do déficit do autocuidado Autocuidado individual. Reflexão do autocuidado relacionado à saúde. Teoria do autocuidado Enfermagem é indispensável. Teoria generalista. Teoria dos sistemas de Enfermagem Déficit de autocuidado do paciente. Ênfase nos cuidados de Enfermagem. Fonte: as autoras Segundo Bub et al. (2006), a teoria do autocuidado destaca: O tema do Cuidado de si mesmo foi abordado de forma específica durante o curso ministrado no Collège de France nos anos de 1981 e 1982, e publicado no Brasil sob o nome de “A hermenêutica do sujeito”. Para poder fazer uma aproximação a este tema é importante não esquecer que o pensamento de seu autor, no momento da sua produção, está atravessado por dois conceitos que organizam sua obra, o de biopoder e o de biopolítica (BUB et al., 2006, p. 153). 8 Acadêmico, sugerimos a leitura do artigo Metodologia do cuidar em Enfermagem na abordagem fenomenológica, para aperfeiçoar os seus conhecimentos: http://twixar.me/cNMm. DICA O Quadro 2 descreve a concepção de um plano de cuidado de Enfermagem, que visa ao autocuidado. Quadro 2 – Plano de cuidado de Enfermagem Diagnóstico de Enfermagem Plano Intervenção Evolução Adaptação prejudicada relacionada ao sistema de suporte inadequado Meta Levar a paciente a adaptar-se a sua nova situação. Orientar a paciente sobre a aceitação de sua gravidez por meio do diálogo, e dar apoio quanto à mudança no seu padrão de vida, com uma melhor aceitação para o novo colégio. A paciente tem aceitado a sua gravidez; já frequenta as aulas no novo colégio, relaciona-se com novos colegas e pensa concluir seu curso secundário. Objetivos Dar condições a uma melhor adaptação da gravidez da paciente e a sua mudança de colégio. Sistema de Enfermagem De apoio-educação. Método Orientação e apoio. Distúrbio do padrão do sono relacionado a alterações sensoriais internas Meta Promover sono e repouso adequado às suas necessidades fisiológicas. Orientar edemonstrar a paciente novas técnicas para mudança postural: • decúbito ventral com apoio de travesseiros sob o tórax; • decúbito lateral apoiando o abdome sobre os travesseiros; • colocar travesseiros sob as pernas quando em decúbito dorsal e posição de semi-Fowler. A paciente já consegue dormir e repousar com o apoio de travesseiros como foi ensinado Objetivo Tentar adaptar a paciente a novas posições para o sono e repouso. Sistema de Enfermagem De apoio-educação. Método Orientação e ensino. 9 Processo familiar alterado relacionado à situação de transição Meta Reduzir o desequilíbrio e o desajuste familiar. Orientar a paciente e seus familiares sobre a situação transitória que estão passando e apoiá-los nas discussões dos problemas, através do diálogo. A paciente refere que os seus pais já estão aceitando a gravidez e a presença do companheiro no convívio familiar (só a mãe), a qual demonstra interesse em sua gravidez; o companheiro começou a ajudar na compra do enxoval do bebê. Objetivo Melhorar o relacionamento e o convívio familiar. Sistema de Enfermagem De apoio-educação. Método Orientação e apoio. Fonte: adaptado de Torres; Davim; Nóbrega (1999) O plano de cuidado em Enfermagem está relacionado à Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), sendo o diferencial na atuação do enfermeiro no tratamento aos pacientes que buscam atendimento em saúde. Desse modo, o processo de Enfermagem fica dividido em cinco etapas, sendo elas: coleta de dados, diagnóstico de Enfermagem, planejamento de Enfermagem, implementação da SAE e avaliação de Enfermagem, todas as etapas envolvidas em um processo sistemático, conforme mostra a Figura 4. Figura 4 – Etapas da SAE Fonte: Ribeiro; Pereira; Padoveze (2020, p. 39) 10 Portanto, para o desenvolvimento saudável de um ser humano, o autocuidado é essencial. Quando identificamos um déficit no autocuidado, é o momento da Enfermagem atuar e, literalmente, entrar em cena para auxílio ao paciente. 4 TEORIA DA ADAPTAÇÃO A enfermeira pesquisadora Callista Roy destaca a Enfermagem como ciência e prática. O ser humano se adapta às situações ambientais, no âmbito que envolve a saúde e a doença (KAMIYAMA, 1984; COELHO; MENDES, 2011). Figura 5 – Callista Roy Fonte: https://nurseslabs.com/wp-content/uploads/2014/08/Sister-Callista-Roy.jpg. Acesso em: 25 set. 2022. Três aspectos da sua Teoria da Adaptação são fundamentais, segundo Roy: • Pessoa/grupo: sistema adaptativo em que se manifestam os principais mecanismos de adaptação categorizados como reguladores, sensoriais ou perceptores e as formas de adaptação identificadas: fisiológicas, de autoconceito, desempenho de papel e interdependência. • Meio: refere-se ao conjunto de três estímulos internos e externos inerentes à pessoa ou ao grupo (focal, contextual e residual), ou seja, todas as condições, circunstâncias e influências situacionais que afetam o desenvolvimento da pessoa/grupo. São estímulos importantes, na adaptação humana, o estágio do desenvolvimento da pessoa, a família e a cultura. • Saúde: o objetivo da Enfermagem é o de promover a adaptação e contribuir para a saúde que é um estado e processo do ser humano como um todo integrado, que tem o seu estilo peculiar de vida (KAMIYAMA, 1984, p. 202-203, grifo nosso). https://nurseslabs.com/wp-content/uploads/2014/08/Sister-Callista-Roy.jpg 11 A adaptação é necessária para manter o equilíbrio do ser humano, no âmbito da saúde perante as mudanças do meio interno e externo. As respostas adaptativas são consideradas estimulantes, diante de todas as alterações do meio e do nível de adaptação da pessoa/grupo. A questão comportamental envolve aspectos de sobrevivência, crescimento, reprodução e domínio sobre si, de sua vida e do ambiente (KAMIYAMA, 1984; COELHO; MENDES, 2011). Callista Roy expôs o processo de Enfermagem, para assistir a pessoas/grupos, como: • identificação de problemas; • diagnóstico de Enfermagem ou classificação sumária do compor- tamento da pessoa/grupo; • determinação dos objetivos da assistência; • intervenção de Enfermagem; • avaliação de Enfermagem (KAMIYAMA, 1984, p. 203). A teoria de Roy, cada dia mais, tem sido aplicada pela Enfermagem, tendo em vista as necessidades patológicas do paciente em recuperação, com base no autocuidado em saúde. Assim, podemos evidenciar o avanço científico da atuação do enfermeiro. 5 TEORIA DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS (NHB) A enfermeira brasileira Wanda de Aguiar Horta nasceu em Belém do Pará, em 1926, estudou na escola de Enfermagem, que ficava no Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), e se tornou professora, em 1959, dessa instituição. Aprimorou seus conhecimentos quando criou a Teoria das Necessidades Humanas Básicas (GONÇALVES, 1988). Figura 6 – Wanda de Aguiar Horta Fonte: https://portal.uepg.br/noticias.php?id=14804. Acesso em: 25 set. 2022. https://portal.uepg.br/noticias.php?id=14804 12 Wanda Horta implantou a sua teoria nos atendimentos de saúde, tornando- os humanizados, ao levar em consideração sentimentos e emoções do paciente, que, posteriormente, nortearam a aplicação dos métodos de Enfermagem. Para saber mais sobre Wanda Horta e a sua teoria, sugerimos a leitura do artigo Fragmentos da trajetória pessoal e profissional de Wanda Horta: contribuições para a área da Enfermagem: https://www.souenfermagem. com.br/biblioteca/artigos/Wanda_Aguiar_Horta.pdf. DICA Para Horta (1979, p. 133), “Enfermagem é ciência e a arte de assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, de torná-lo independente desta assistência através da educação; de recuperar, manter e promover sua saúde, contando para isso com a colaboração de outros grupos profissionais”. Uma frase de destaque da trajetória dessa importante figura na Enfermagem é “gente que cuida de gente” (COREN-SP, 2021). Acadêmico, sugerimos a leitura do livro Processo de Enfermagem, da autora Wanda Horta. DICA Figura – Livro Processo de Enfermagem Fonte: http://twixar.me/MNMm. Acesso em: 23 set. 2022. Embora tenha sido desenvolvida a partir da Teoria da Motivação Humana de Maslow, que se fundamenta nas necessidades humanas básicas, a teoria de Wanda Horta foi aplicada à Enfermagem (HORTA, 1979). https://www.souenfermagem.com.br/biblioteca/artigos/Wanda_Aguiar_Horta.pdf https://www.souenfermagem.com.br/biblioteca/artigos/Wanda_Aguiar_Horta.pdf 13 Segundo Horta (1979), as leis que dão embasamento à Teoria das Necessidades Humanas Básicas são: • Lei do equilíbrio: todo universo se manter por processos de equilíbrio dinâmico entre seus seres (homeostase e hemodinâmica) • Lei de adaptação: todos os seres do universo interagem com seu meio externo buscando sempre forma de ajustamento para se manterem em equilíbrio. • Lei do holismo: o universo, o ser humano e as células são um todo, esse todo não é uma mera soma de partes constituintes de cada ser (HORTA, 1979, p. 28, grifo nosso). TEORIA DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS I- A ENFERMAGEM É UM SERVIÇO PRESTADO AO HOMEM — O Homem é parte integrante do Universo dinâmico e como tal sujeito a todas as leis que o regem, no tempo e no espaço. — A dinâmica do Universo provoca mudanças que o levam a estados de equilíbrio e desequilíbrio no tempo e no espaço. Resulta, pois: 1. O Homem como parte integrante do Universo está sujeito a estados de equilíbrio e desequilíbrio no tempo e no espaço. — O Homem se distingue dos demais seres do universo por sua capacidade de reflexão, por ser dotado do poder de imaginação e simbo lização e por poder unir presente, passado e futuro. — Essas características do homem permitem sua Unicidade, Autenticidade e Individualidade (HORTA, 1974, p. 8). Fonte: HORTA, W. A. Enfermagem: teoria, conceitos, princípios e processo. Rev. Esc. Enf. USR, v. 5, n. 1, p. 7-15, 1974. Disponível em: http://twixar.me/QNMm. Acessoem: 28 set. 2021. A partir da Figura 7, podemos entender melhor a Teoria das Necessidades de Maslow, que proporcionou embasamento científico para a Teoria das Necessidades Humanas Básicas. 14 Figura 7 – Teoria das Necessidades de Maslow Fonte: https://www.psicologia.pt/artigos/textos/AOP0443/Piramide_Maslow.jpg. Acesso: 25 set. 2022. Ainda sobre as necessidades humanas básicas, destacamos o enfoque no conceito, nas proposições e nos princípios: CONCEITO, PROPOSIÇÕES E PRINCÍPIOS — A ciência da Enfermagem compreende o estudo das necessidades humanas básicas, dos fatores que alteram sua manifestação e atendimento, e na assistência a ser prestada. — Alguns princípios podem também ser deduzidos: • A Enfermagem respeita e mantém a unicidade, autenticidade e individualidade do Homem. • A Enfermagem é prestada ao homem, e não à sua doença ou desequilíbrio. • Todo o cuidado de Enfermagem é preventivo, curativo e de reabilitação. • A Enfermagem reconhece o homem como membro de uma família e de uma comunidade. • A Enfermagem reconhece o ser humano como elemento participante ativo no seu autocuidado. Para que a Enfermagem atue eficientemente, necessita desenvolver sua metodologia de trabalho que está fundamentada no método científico. Esse método de atuação da Enfermagem é denominado processo de Enfermagem. Fonte: HORTA, W. A. Enfermagem: teoria, conceitos, princípios e processo. Rev. Esc. Enf. USR, v. 5, n. 1, p. 7-15, 1974. Disponível em: http://twixar.me/QNMm. Acesso em: 28 set. 2021. https://www.psicologia.pt/artigos/textos/AOP0443/Piramide_Maslow.jpg 15 Acadêmico, sugerimos a leitura do artigo Enfermagem: teoria, conceitos, princípios e processo, para uma melhor compreensão do processo de Enfermagem: http://twixar.me/QNMm DICA Para Horta (1979, p. 39), as necessidades humanas básicas podem ser descritas como “estados de tensões conscientes ou inconscientes, resultantes dos desequilíbrios hemodinâmicos dos fenômenos vitais”. Acadêmico, neste tópico, tivemos a oportunidade de ampliar o nosso conhecimento sobre as teorias de Enfermagem e estudar sobre a sua importância para o desenvolvimento de nossas atividades profissionais no dia a dia. No Tópico 2, estudaremos a consulta de Enfermagem, apresentando quais são as nossas atribuições, enquanto profissionais da saúde e membros de equipes, no atendimento ao paciente. NOTA 16 Neste tópico, você aprendeu: • Florence Nightingale é responsável pela Teoria Ambiental e reconhecida, mundialmente, como uma referência na área de Enfermagem. Os principais fatores envolvidos no cuidado em saúde nessa teoria: o paciente, o ambiente e o profissional de saúde. • Wanda de Aguiar Horta criou a teoria das Necessidades Humanas Básicas, que foi implantada nos atendimentos de saúde, tornando-os humanizados, ao levar em consideração sentimentos e emoções do paciente, que, posteriormente, nortearam a aplicação dos métodos de Enfermagem. • Existem quatro principais teorias de Enfermagem: ambiental, autocuidado, adaptação e necessidade humanas básicas. RESUMO DO TÓPICO 1 17 1 As teorias definem e esclarecem a Enfermagem e a finalidade da sua prática, para distingui-la das outras profissões de atendimento, estabelecendo seus limites profissionais. Descreva o tema central das teorias de Enfermagem desenvolvidas por Florence Nightingale e Dorothea Orem. 2 O uso da teoria de Enfermagem oferece estrutura e organização ao conhecimento de Enfermagem e proporciona um meio sistemático de coletar dados para descrever, explicar e prever a prática da profissão. Ela confere um propósito mais claro, enunciando não apenas o foco dessa prática, mas ainda metas e resultados específicos. Sobre as teorias, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A teoria de Florence Nightingale dá particular importância para a manutenção do ambiente, visando a facilitar a execução dos cuidados prestados pelos enfermeiros, com destaque para a ventilação, a iluminação, o calor, a limpeza, os ruídos, os odores e a alimentação. b) ( ) A teoria de Orem define três outras teorias sequenciais: teorias do autocuidado, do déficit no autocuidado e de sistemas de Enfermagem, sendo a teoria do déficit do autocuidado a principal, pois orienta o desenvolvimento das outras duas teorias, que devem ser aplicadas, de forma simultânea e sistemática, durante a realização do cuidado. c) ( ) Um metaparadigma representa a visão de mundo de uma disciplina – a perspectiva mais global, que subordina visões e abordagens mais específicas aos conceitos centrais com os quais a disciplina se preocupa. Acredita-se que o metaparadigma da Enfermagem comumente consiste nos conceitos de indivíduo, ambiente, saúde e Enfermagem. d) ( ) A teoria das Necessidades Humanas Básicas, de Wanda de Aguiar Horta, recebeu forte influência da teoria de Maslow. Horta classificou as necessidades humanas básicas em diferentes níveis: necessidades fisiológicas, de segurança, de aceitação, de amor, de estima e de autorrealização. e) ( ) Florence Nightingale define três categorias dentro da sua teoria: autocuidado, déficit no autocuidado e de sistemas de Enfermagem. 3 As teorias de Enfermagem auxiliam a compreensão da realidade, favorecendo a reflexão e a crítica, evitando a naturalidade e a banalidade dos fenômenos, com base em elementos científicos no entendimento e na análise da realidade. A Teoria Ambientalista demonstrou que, com um ambiente limpo, o número de infecções diminui. Assinale a alternativa CORRETA sobre a teórica responsável por essa teoria: AUTOATIVIDADE 18 a) ( ) Wanda de Aguiar Horta. b) ( ) Joyce Travelbee. c) ( ) Hildegard Peplau. d) ( ) Florence Nightingale. e) ( ) Dorothea Orem. 4 O processo de Enfermagem é instrumento que carece de suporte teórico para a sua utilização. Segundo estudos, existem diferentes teorias e modelos teóricos e todos eles refletem os conceitos centrais da Enfermagem. Quais são esses conceitos? 5 A Enfermagem tem como base teórico-científica seus métodos próprios de cuidado e teorias que apoiam esse cuidado, fazendo parte de todo o processo de saúde aplicado pela equipe de Enfermagem. O Processo de Enfermagem está dividido em cinco etapas. Quais são essas etapas? 19 CONSULTA DE ENFERMAGEM UNIDADE 1 TÓPICO 2 — 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, estudaremos a consulta de Enfermagem, que é um conjunto de ações realizadas, exclusivamente, pelo enfermeiro, sendo este o único profissional da equipe de saúde responsável e habilitado para fazer a consulta – portanto, trata-se de uma atribuição privativa do enfermeiro. Figura 8 – Consulta de Enfermagem Fonte: http://twixar.me/xNMm. Acesso em: 25 set. 2022. A consulta de Enfermagem tem como objetivo identificar possíveis problemas de saúde do paciente, podendo fazer uso de algumas prescrições de Enfermagem e implantar medidas de Enfermagem que visem à promoção, à proteção, à recuperação e à reabilitação do paciente. A consulta pode ser prestada de forma individual, quando se trata de um paciente, e de forma coletiva, quando prestamos atendimento aos familiares e, até mesmo, à comunidade, como nos grupo de apoio nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). 20 Figura 9 – Acolhimento da comunidade nas UBS Fonte: https://redehumanizasus.net/95313-unidade-basica-de-saude-ubs/. Acesso em: 26 set. 2022. Para complementar os seus estudos, acesse a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências: http://twixar.me/6NMm. INTERESSANTE Conforme a Lei nº 7.498/1986 (BRASIL, 1986), regulamentada pelo Decreto nº 94.406, de 9 de junho de 1987 (COFEN, 1987), determina que cabe ao enfermeiro as atividades privativas de consulta de Enfermagem, prescrição e assistência de Enfermagem, sendo este profissional o responsável pelo atendimento ao paciente. Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe: I- privativamente: a) direção do órgão de enfermagemintegrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública e privada, e chefia de serviço e de unidade de enfermagem; b) organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços; c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de enfermagem; [...] h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de enfermagem; i) consulta de enfermagem; j) prescrição da assistência de enfermagem; https://redehumanizasus.net/95313-unidade-basica-de-saude-ubs/ 21 l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida; m) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas (BRASIL, 1986, p. 2-3). 2 CONSULTA DE ENFERMAGEM Na atenção básica de saúde, os enfermeiros devem garantir a aplicabilidade da consulta de Enfermagem, sendo parte da assistência prestada ao paciente. A consulta de Enfermagem deve ser aplicada para integrar os primeiros cuidados de Enfermagem que devemos aplicar ao paciente, sendo assim fazemos o acompanhamento, proteção e principalmente nos preocupamos com a bem-estar físico e mental do paciente. A Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017, do Ministério da Saúde, descreve as atribuições de cada profissional na atenção básica e, entre as diversas atribuições do enfermeiro, destacam-se: I- Realizar atenção à saúde aos indivíduos e famílias vinculadas às equipes e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre outras), em todos os ciclos de vida. II- Realizar consulta de Enfermagem, procedimentos, solicitar exames complementares, prescrever medicações conforme protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão (BRASIL, 2017, s. p.). Para aprimorar os seus conhecimentos, sugerimos a leitura do artigo O conceito de ação comunicativa: Uma contribuição para a consulta de Enfermagem, disponível em: http://twixar.me/2NMm. DICA A consulta de Enfermagem é de grande importância, seja na atenção básica, no ambiente hospitalar e privado. Sousa et al. (2020) destaca a atual relevância na assistência prestada pelo enfermeiro com o reconhecimento e crescimento ao prestar a consulta de Enfermagem. 22 O grau de satisfação daqueles que recorrem a atenção básica está intimamente ligado à capacidade de resolutividade dos enfermeiros que os atendem. Neste sentido a resolutividade tem grande importância tanto para as diretrizes da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) quanto para o enfermeiro (SOUSA et al., 2020, p. 25). Figura 10 – Atuação do enfermeiro Fonte: http://twixar.me/xNMm. Acesso em: 25 set. 2022. No que se refere à consulta de Enfermagem, cabe ao enfermeiro realizar ou supervisionar o acolhimento, de forma qualificada, efetuando a classificação de risco, estruturar um plano de cuidados, efetuar a estratificação de risco com equipes multidisciplinares, elaborar atividades em grupo e realizar o encaminhamento dos usuários, quando necessário, a outros serviços de saúde. Na Figura 11, temos a classificação de risco, bem como os seus resultados na forma de escore, para auxiliar o enfermeiro durante a atuação na consulta de Enfermagem. 23 Figura 11 – Classificação de risco Fonte: http://twixar.me/HNMm. Acesso em: 27 set. 2022. Após a aplicação da classificação de risco, cabe ao enfermeiro realizar a somatória dos resultados e interpretar a avaliação de escore, que nada mais é do que o resultado dos dados coletados do paciente. Assim, o enfermeiro precisa a conduta da equipe de Enfermagem, para a atuação no paciente. O escore possibilita conduta referente à reavaliação, após a aplicabilidade dos resultados, determinando o encaminhamento a ser dado ao paciente, conforme podemos observar na Figura 12. 24 Figura 12 – Escore Fonte: INTS (2021, p. 3) Compete ao enfermeiro, ainda, gerenciar, planejar e avaliar ações a serem realizadas por técnicos ou auxiliares de Enfermagem, agentes de combate às endemias (ACE) e agentes comunitários de saúde (ACS), além de supervisionar os procedimentos feitos por cada profi ssional envolvido no atendimento ao paciente. Figura 13 – Representação de uma equipe de saúde Fonte: http://twixar.me/kNMm. Acesso: 27 set. 2022. O enfermeiro deverá implementar e atualizar protocolos, fl uxos e rotinas pertinentes a sua área de competência na UBS, assim como exercer as atribuições, conforme a legislação vigente, dos profi ssionais na área de atuação (BRASIL, 2017). No Quadro 3, apresentamos as principais atribuições do técnico de Enfermagem e do enfermeiro na UBS. 25 Quadro 3 – Principais atribuições do técnico em Enfermagem e do enfermeiro Técnico em Enfermagem Enfermeiro Prestar assistência de Enfermagem segura, humanizada e individualizada aos pacientes, sob supervisão do enfermeiro, assim como colaborar nas atividades de ensino e pesquisa desenvolvidas na instituição. Direção do órgão de Enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública ou privada, e chefi a de serviço e de unidade de Enfermagem. Coletar e/ou auxiliar o paciente na coleta de material para exames de laboratório, segundo orientação. Organização e direção dos serviços de Enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços. Realizar exames de eletrodiagnósticos e registrar os eletrocardiogramas efetuados, segundo instruções médicas ou de Enfermagem. Planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de Enfermagem. Orientar e auxiliar pacientes, prestando informações relativas a higiene, alimentação, utilização de medicamentos e cuidados espe- cífi cos em tratamento de saúde. Consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de Enfermagem. Verifi car os sinais vitais e as condições gerais do paciente, segundo prescrição médica e de Enfermagem. Consulta de Enfermagem. Preparar e administrar medicações por via oral, tópica, intradérmica, subcutânea, intramuscular, endovenosa e retal, segundo prescrição médica, sob supervisão do Enfermeiro. Prescrição da assistência de Enfermagem. Cumprir prescrições de assistência médica e de Enfermagem. Cuidados diretos de Enfermagem a pacientes graves com risco de vida. Realizar a movimentação e o transporte de pacientes de maneira segura. Cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos científi cos adequados e capacidade de tomar decisões imediatas. Auxiliar nos atendimentos de urgência e emergência. Participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde. Realizar controles e registros das atividades do setor e outros que se fi zerem necessá- rios para a realização de relatórios e controle estatístico. Participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde. Efetuar o controle diário do material utilizado, bem como requisitar, conforme as normas da instituição, o material necessário à prestação da assistência à saúde do paciente. Prescrição de medicamentos, previamen- te, estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde. Efetuar o controle diário do material utilizado, bem como requisitar, conforme as normas da instituição, o material necessário à prestação da assistência à saúde do paciente. Participação em projetos de construção ou reforma de unidades de internação; prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar, inclusive como membro das respectivas comissões. 26 Manter equipamentos e a unidade de trabalho organizada, zelando pela sua conservação e comunicando ao superior eventuais problemas. Participação na elaboraçãode medidas de prevenção e controle sistemático de danos que possam ser causados aos pacientes durante a assistência de Enfermagem. Executar atividades de limpeza, desinfecção, esterilização de materiais e equipamentos, bem como seu armazenamento e distribuição. Participação na prevenção e controle das do- enças transmissíveis em geral e nos progra- mas de vigilância epidemiológica. Propor a aquisição de novos instrumentos para reposição daqueles que estão avariados ou desgastados. Prestação de assistência de Enfermagem à gestante, parturiente, puérpera e ao recém- nascido. Realizar atividades na promoção de campanha do aleitamento materno bem como a coleta no lactário ou no domicílio. Participação nos programas e nas atividades de assistência integral à saúde individual e de grupos específicos, particularmente daqueles prioritários e de alto risco. Auxiliar na preparação do corpo após o óbito. Acompanhamento da evolução e do trabalho de parto. Participar de programa de treinamento, quando convocado. Execução e assistência. participação nos programas de treinamento e aprimoramento de pessoal de saúde, particularmente nos programas de educação continuada. Executar tarefas pertinentes à área de atuação, utilizando-se de equipamentos e programas de informática. Participação em programas e atividades de educação sanitária, visando à melhoria de saúde do indivíduo, da família e da população em geral. Executar outras tarefas compatíveis com as exigências para o exercício da função. Participação nos programas de higiene e segurança do trabalho e de prevenção de acidentes e de doenças profissionais e do trabalho. Auxiliar o superior na prevenção e no controle das doenças transmissíveis em geral, em programas de vigilância epidemiológica e no controle sistemático da infecção hospitalar. Participação na elaboração e na operacionalização do sistema de referência e contrarreferência do paciente nos diferentes níveis de atenção à saúde; participação no desenvolvimento de tecnologia apropriada à assistência de saúde. Fonte: adaptado de Brasil (1986) São inúmeros os tipos de demanda em que o enfermeiro da UBS irá realizar a consulta de Enfermagem, porém é importante ressaltarmos alguns deles, como atendimento a gestantes de baixo risco, realização do preventivo de coleta de secreção do colo uterino (Papanicolau) e orientação para a realização do exame de mamas para a prevenção do câncer. 27 Figura 14 – Modelo de formulário da consulta de Enfermagem Fonte: http://twixar.me/qNMm. Acesso em: 3 out. 2022. Na consulta de Enfermagem, deve-se orientar as puérperas, esclarecer as dúvidas sobre o aleitamento materno, enfatizar e explicar a cobertura vacinal e sua importância para a vida saudável do bebê, sendo este um direito dele, e realizar o acompanhamento no desenvolvimento infantil. Ainda, na saúde do adulto e do idoso, o enfermeiro irá atuar no controle e no monitoramento de comorbidades e morbidades, na manutenção e na autonomia desses pacientes (BORGES, 2018), promovendo, assim, o seu reestabelecimento social e profissional o mais rápido possível. 3 PROCESSO DE ENFERMAGEM A consulta de Enfermagem ocorre, de forma sistematizada, por meio do processo de Enfermagem, o qual é usado como uma ferramenta que orienta o profissional no cuidado, seja no âmbito público, privado de forma sistemática. 28 Figura 15 – Consulta de Enfermagem sistematizada Fonte: http://twixar.me/fcMm. Acesso em: 25 set. 2022. O processo de Enfermagem ocorre em cinco etapas: coleta de dados de Enfermagem ou histórico de Enfermagem, diagnóstico de Enfermagem, planejamento de Enfermagem, implementação e avaliação de Enfermagem. Quadro 4 – Etapas do processo de Enfermagem Etapas do processo de Enfermagem Coleta de dados Diagnóstico de Enfermagem Planejamento de Enfermagem Implementação Avaliação de Enfermagem Fonte: as autoras A primeira etapa é a coleta de dados de Enfermagem , que tem como propósito obter informações básicas, como histórico de usuário, família ou comunidade. Na coleta de dados, abre-se espaço para o paciente dialogar, criando um vínculo e agindo de forma terapêutica. Figura 16 – Enfermeiros Fonte: http://twixar.me/3cMm. Acesso em: 25 set. 2022. 29 A coleta de dados no processo de Enfermagem é considerada a primeira a ser aplicada ao paciente, porém, como profissionais de Enfermagem, sabemos que ela continua durante todo o tratamento do paciente. Para realizar a coleta de dados, alguns pontos devem ser seguidos pelos enfermeiros: • Domínio profissional, a partir das suas responsabilidades práticas no atendimento. • Coletar apenas informações necessárias para o tratamento do paciente. • Escolha correta na elaboração de perguntas e observações pertinentes ao atendimento de saúde do paciente. Figura 17 – Tipos de coletas de dados Fonte: adaptada de Tannure; Gonçalves (2008) A coleta de dados deve iniciar no momento que o paciente chega para o atendimento, independentemente do local, seja público ou privado. O enfermeiro pode escolher qual tipo de coleta de dado ele prefere utilizar para esse atendimento, porém, independentemente da escolha, esta deve ser clara, sem condições para julgamento. Durante a coleta de dados, o enfermeiro precisa encontrar e identificar dois tipos de dados: objetivos e subjetivos. 30 Quadro 5 – Tipos de coleta de dados objetivos e subjetivos Dados objetivos Realizados pelo enfermeiro, quando se deve verificar órgãos dos sentidos, com auxílio de equipamentos específicos, sendo: balança, estetoscópio, esfigmomanômetro, termômetro, entre outros. Dados subjetivos Serão obtidos na forma de perguntas ou instrumento científico, no qual o paciente irá confirmar os dados. Ao realizar a coleta de dados, verificar se o ambiente que será usado se encontra livre de ruídos interrupções, sendo bem iluminado e tranquilo. Fonte: adaptado de Tannure; Gonçalves (2008) No processo de coleta de dados, o enfermeiro avaliará, perante a observação e o que o paciente relata, a fim de que os dados coletados indiquem uma intervenção sobre a presença ou não de um problema (TANNURE; GONÇALVES, 2008, p. 24) No entanto, os dados coletados precisam apresentar algumas características muito importantes: primeiramente, precisam ser válidos, ou seja, representar a resposta humana (por exemplo, relatos de dor); a segunda característica é que eles precisam ser confiáveis, de preferência, que possam ser coletados a partir de uso de equipamentos específicos (por exemplo, balança, esfigmomanômetro); e, por fim, está a relevância desses dados para o fechamento do diagnóstico do paciente. Quadro 6 – Tipos de dados Confiáveis Obtidos por meio de instrumentos acurados e que são representativos da resposta humana; nesse caso, pode-se considerar desde a utilização de equipamentos calibrados, como uma balança ou esfigmomanômetro. Válidos Representam as propriedades da resposta humana que está sendo julgada; por exemplo, o relato verbal de dor pode ser considerado um dado válido para afirmar o diagnóstico dor (aguda ou crônica), mas, por outro lado, o relato verbal de ocorrência de edema, ao final do dia, não parece ser um dado válido para afirmar o diagnóstico débito cardíaco diminuído. Relevantes São os dados válidos, porém, levando-se em conta o propósito da coleta de dados; por exemplo, a observação da presença de edema pode ser um dado válido para o diagnóstico débito cardíaco diminuído, porém a informação de que ele ocorre ao final do dia torna o dado pouco relevante para esse diagnóstico. Fonte: adaptado de Barros et al. (2015) A segunda etapa é o diagnóstico de Enfermagem e consiste em realizar o planejamento de atuação e a compreensão com o agrupamento das informações coletadas sobre o processo saúde-doença, seja de usuário, família ou comunidade, contemplando tudo na tomada de decisão do diagnóstico de Enfermagem. 31 O diagnóstico de Enfermagem é centralizado no cuidado ao paciente,podendo ser realizado a curto, médio e longo prazos. O enfermeiro usa, como principal referencial, a aplicação de diagnóstico de Enfermagem NANDA (acrônimo para North American Nursing Diagnosis Association), internacionalmente conhecido como NANDA-I, que utiliza, como padrão, para as respostas, o corpo humano na sua essência. Figura 18 – NANDA Fonte: http://twixar.me/KcMm Acesso: 27 set. 2022 Ainda no planejamento de Enfermagem, a terceira etapa da consulta de Enfermagem é o planejamento, quando os enfermeiros definem as ações e as intervenções de Enfermagem que devem ser realizadas e aplicadas no paciente. Nessa etapa da consulta de Enfermagem, deve-se enfatizar a promoção, a prevenção, a recuperação e a reabilitação da saúde. Portanto, esse planejamento é de extrema importância para determinar os resultados que a equipe de Enfermagem busca alcançar, já constatados no diagnóstico de Enfermagem. 32 Com a finalidade de estabelecer resultados dos diagnósticos de Enfermagem, devemos utilizar a Classificação de Resultados de Enfermagem, conhecida como NOC. NOC é um tema que será abordado, de forma mais clara, na Unidade 2. ESTUDOS FUTUROS Para aprimorar seus conhecimentos sobre os protocolos de Enfermagem, acesse: http://twixar.me/ncMm. DICA As intervenções de Enfermagem podem ser selecionadas com linguagem padronizada, conforme a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE) ou a Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC). A quarta etapa se caracteriza pela implementação, a qual é executada pela equipe de Enfermagem, composta por enfermeiros, técnicos e auxiliares de saúde. Nesse momento, a equipe técnica e auxiliar deve aplicar a prescrição de Enfermagem feita pelo enfermeiro. Nessa etapa do processo, toda a equipe envolvida deve realizar as suas anotações no prontuário do paciente, seja físico ou eletrônico. 33 Figura 19 – Prontuário eletrônico Fonte: http://twixar.me/1cMm. Acesso em: 5 out. 2022. Na consulta de Enfermagem, a quinta etapa do processo de Enfermagem é a avaliação, um método sistemático e contínuo, no qual será analisada a resposta do paciente e do quadro clínico, para verificação de mudanças ou adaptações do processo de Enfermagem. Nesse momento, cabe ao enfermeiro fazer o levantamento das ações, avaliar os resultados, observando-se os casos que não obtiveram resultado evidenciados, a fim de podermos compreender a evolução do paciente durante todo o processo de atendimento da saúde. 34 Figura 20 – Diferenças entre evolução e anotação de Enfermagem Fonte: https://br.pinterest.com/pin/711850284846678483/. Acesso: 27 set. 2022. Segundo Borges (2018), o método SOAP (do acrônimo subjetivo, objetivo, avaliação e plano) baseia-se em um suporte teórico, a fim de orientar o processo de Enfermagem como um todo, contemplando as ações de Enfermagem a serem utilizadas no registro do prontuário do paciente (Quadro 7). Quadro 7 – SOAP Subjetivo (S) Nessa parte, anotam-se as informações recolhidas na entrevista clínica sobre o motivo da consulta ou o problema de saúde em questão. Inclui as impressões subjetivas do profissional de saúde e as expressadas pela pessoa que está sendo cuidada. Se tivermos como referencial o “método clínico centrado na pessoa” (MCCP), é nessa seção que exploramos a “experiência da doença” ou a “experiência do problema” vivida pela própria pessoa, componente fundamental do MCCP. Objetivo (O) Nessa parte, anotam-se os dados positivos (e negativos que se configurarem importantes) do exame físico e dos exames complementares, incluindo os laboratoriais disponíveis. https://br.pinterest.com/pin/711850284846678483/ 35 Avaliação (A) Após a coleta e o registro organizado dos dados e informações subjetivas (S) e objetivas (O), o profissional de saúde faz uma avaliação (A) mais precisa em relação ao problema, queixa ou necessidade de saúde, definindo-o e denominando-o. Nessa parte se poderá utilizar, se for o caso, algum sistema de classificação de problemas clínicos, por exemplo, o CIAP. Plano (P) • A parte final da nota de evolução SOAP é o plano (P) de cuidados ou condutas que serão tomados em relação ao problema ou necessidade avaliada. De maneira geral, podem existir quatro tipos principais de planos: • Planos Diagnósticos: nos quais se planejam as provas diagnósticas necessárias para elucidação do problema, se for o caso. • Planos Terapêuticos: nos quais se registram as indicações terapêuticas planejadas para a resolução ou manejo do problema da pessoa: medicamentos, dietas, mudanças de hábitos, entre outras. • Planos de Seguimento: nos quais se expõem as estratégias de seguimento longitudinal e continuado da pessoa e do problema em questão. • Planos de Educação em Saúde: nos quais se registram brevemente as informações e orientações apresentadas e negociadas com a pessoa, em relação ao problema em questão. Fonte: adaptado de http://twixar.me/mcMm. Acesso: 26 set. 2022 Caro acadêmico, chegamos ao final deste tópico, no qual conhecemos todas as etapas para realizar a consulta de Enfermagem. No Tópico 3, continuaremos nossos estudos sobre como ocorre a visita domiciliar e por que ela é tão importante no processo de recuperação do paciente. ESTUDOS FUTUROS 36 Neste tópico, você aprendeu: • A consulta de Enfermagem é um conjunto de ações realizadas, exclusivamente, pelo enfermeiro, sendo este o único profissional da equipe de saúde responsável e habilitado para fazer a consulta – portanto, trata-se de uma atribuição privativa do enfermeiro. • A classificação de risco não tem a função de diagnosticar doenças, sendo apenas um instrumento para hierarquizar a prioridade do atendimento, conforme a gravidade do paciente. • Escore da escala de classificação de risco: ◦ Emergência – deve ser feito o encaminhamento direto para a sala de ressuscitação; atendimento imediato; e casos de risco de morte muito alto (por exemplo, parada cardiorrespiratória, infarto, politrauma, choque hipovolêmico); ◦ Urgência – paciente deve ser encaminhado para consulta médica imediata, avaliação em, no máximo, 30 minutos e elevado risco de morte (por exemplo, trauma moderado ou leve, queimaduras menores, dispneia leve a moderada, dor abdominal, convulsão, cefaleias, idosos e grávidas sintomáticos). ◦ Pouca urgência – deve ser feito encaminhamento para consulta médica; urgência menor; avaliação em, no máximo, 1 hora; reavaliação periódica; e sem risco de morte (por exemplo: ferimento craniano menor, dor abdominal difusa, cefaleia menor, doença psiquiátrica, diarreias, idosos e grávidas assintomáticos). ◦ Não urgente – encaminhamento para atendimento por ordem de chegada; não há urgência; tempo de atendimento alvo: 2 horas; sem risco de morte (por exemplo, dor leve, contusões, distensões, mialgias, escoriações e ferimentos que não requerem fechamento). • A consulta de Enfermagem ocorre, de forma sistematizada, por meio do processo de Enfermagem, o qual é usado como uma ferramenta que orienta o profissional no cuidado, seja no âmbito público, privado de forma sistemática. • O processo de Enfermagem ocorre em cinco etapas: coleta de dados de Enfermagem ou histórico de Enfermagem; diagnóstico de Enfermagem; planejamento de Enfer- magem; implementação; e avaliação de Enfermagem. • O método SOAP (do acrônimo subjetivo, objetivo, avaliação e plano) serve como embasamento teórico para a realização do processo de Enfermagem. RESUMO DO TÓPICO 2 37 1 Quando realizado em instituições prestadoras de serviços ambulatoriais de saúde, domicílios, escolas, associações comunitárias, entre outros, o Processo de Enfermagem corresponde ao, usualmente, denominado nesses ambientes como: a) ( ) Histórico de Enfermagem. b) ( ) Consulta de Enfermagem. c) ( ) Planejamento de Enfermagem. d) ( ) Avaliação de Enfermagem. 2 A consulta de Enfermagem é um conjunto de ações realizadas, exclusivamente, pelo enfermeiro, sendo este o único profissional da equipe de saúderesponsável e habilitado para fazer a consulta. Sobre a consulta de Enfermagem, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A consulta de Enfermagem é uma atividade privativa de toda a equipe de Enfermagem. b) ( ) A consulta de Enfermagem utiliza componentes do método científico para identificar situações de saúde-doença, prescrever e implementar medidas de Enfermagem. c) ( ) A consulta de Enfermagem apenas pode ser realizada em consultórios formais destinados para tal função. d) ( ) A consulta de Enfermagem apenas está autorizada de forma presencial, não sendo permitido ao enfermeiro realizá-la na forma de teleconsulta. e) ( ) Apenas as etapas de coleta de dados e de diagnósticos conseguem ser realizadas durante uma consulta de Enfermagem. As demais etapas apenas são possíveis diante de pacientes hospitalizados. 3 Cabe ao enfermeiro as atividades privativas de consulta de Enfermagem, prescrição e assistência de Enfermagem, sendo este profissional o responsável pelo atendimento ao paciente. Sabendo que o processo de Enfermagem é composto por cinco etapas inter-relacionadas, assinale a alternativa CORRETA: ( ) Coleta de Dados de Enfermagem (ou Histórico de Enfermagem); Diagnósticos Médicos; Planejamento de Enfermagem; Prescrição de Enfermagem; e Avaliação de Enfermagem. ( ) Coleta de Dados de Enfermagem (ou Histórico de Enfermagem); Dados Subjetivos; Dados Objetivos; Análise de Enfermagem; e Plano de Enfermagem ( ) Coleta de Dados de Enfermagem (ou Histórico de Enfermagem); Diagnóstico de Enfermagem; Planejamento de Enfermagem; Implementação; e Avaliação de Enfermagem. AUTOATIVIDADE 38 ( ) Coleta de Dados de Enfermagem (ou Histórico de Enfermagem); Diagnósticos Médicos; Prescrição Médica; Observações Complementares; e Prescrição de Enfermagem. ( ) Observações e Anotações de Enfermagem; Coleta de Dados de Enfermagem (ou Histórico de Enfermagem); Diagnóstico de Enfermagem; Implementação; e Avaliação de Enfermagem. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) V – F – V – V – F. b) ( ) F – F – V – V – F. c) ( ) F – F – V – F – F. d) ( ) V – V – V – V – V. 4 O Processo de Enfermagem é organizado em cinco etapas inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes. Qual é a etapa que tem por finalidade a obtenção de informações sobre a pessoa, a família ou a coletividade humana e sobre as suas respostas em um dado momento do processo saúde e doença? 5 O método SOAP baseia-se em um suporte teórico, a fim de orientar o processo de Enfermagem como um todo, contemplando as ações de Enfermagem a serem utilizadas no registro do prontuário do paciente. O que significa a sigla SOAP? 39 TÓPICO 3 — VISITA DOMICILIAR UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, estudaremos a visita domiciliar (VD), prevista no Sistema Único de Saúde (SUS), na Política Nacional de Atenção Domiciliar, que define a Atenção Domiciliar (AD) como uma modalidade de atenção à saúde “substitutiva ou complementar as já existentes, caracterizada por um conjunto de ações de promoção à saúde, prevenção, tratamento de doenças e reabilitação prestadas em domicílio, com garantia de continuidade de cuidados e integrada às Redes de Atenção à Saúde (RAS)” (BRASIL, 2012). Para complementar os seus estudos, acesse a Portaria nº 825, de 25 de abril de 2016, que redefine a atenção domiciliar no âmbito do SUS e atualiza as equipes habilitadas: http://twixar.me/bcMm. INTERESSANTE A visita domiciliar, exercida pelo enfermeiro, tem o objetivo de aproximar a equipe de Enfermagem (profissionais), o paciente e seus familiares, atuando todos juntos na terapêutica do paciente. Além disso, a visita domiciliar de Enfermagem contempla vários requisitos, a fim de desenvolver um conjunto de atividades, com a pretensão de determinar um plano assistencial, conforme as demandas estabelecidas pelos familiares e paciente, tendo o enfermeiro como principal profissional para essa atuação e condução de caso. 2 VISITA DOMICILIAR A visita domiciliar garante a continuidade da assistência prestada e funciona, de forma complementar, com um conjunto de características para a promoção da saúde. Proporciona, aos profissionais e usuários, uma maior aproximação, valorizando as práticas em saúde, facilitando a comunicação da equipe de saúde e usuários. Desse modo, a visita domiciliar possibilita aos profissionais de saúde entender as condições de vida das pessoas, a fim de dimensionar e adequar os cuidados, ampliando o serviço prestado àqueles que estão restritos ao leito ou ao domicílio. Nesse sentido, pode-se dizer que a visita domiciliar visa à aproximação de profissional e usuário, à promoção da equidade e à melhora da compreensão do contexto da vida. 40 Para aprimorar os seus conhecimentos, sugerimos a leitura do artigo: A contribuição do enfermeiro no contexto de promoção à saúde através da visita domiciliar: http://twixar.me/gcMm. DICA Figura 21 – Possibilidades da atenção domiciliar Fonte: Ribeirão Preto (2021, p. 5) Usuário é cada um daqueles que usam ou desfrutam de alguma coisa coletiva, ligada a um serviço público ou particular (SAITO et al., 2013). Fonte: SAITO, D. Y. T. et al. Usuário, cliente ou paciente? Qual o termo mais utilizado pelos estudantes de Enfermagem? Texto Contexto Enferm., Florianópolis, v. 22, n. 1, p. 175-183, jan.-mar. 2013. NOTA 41 Segundo a Resolução Cofen nº 0464/2014, a visita domiciliar de Enfermagem são ações desenvolvidas para promoção, prevenção e tratamentos de saúde, abrangendo também a reabilitação e cuidados paliativos. Todas as ações no atendimento domiciliar, sejam educativas ou assistenciais, destinadas ao paciente ou a seus familiares, são desenvolvidas pelos profissionais de Enfermagem. Figura 22 – Visita domiciliar do enfermeiro Fonte: http://twixar.me/wcMm. Acesso em: 24 set. 2022. As características da visita domiciliar podem ser desempenhadas no campo da atenção primeira ou secundária, seja de forma autônoma ou em equipes multidisciplinares de instituições públicas, privadas ou filantrópicas. Todas as condutas de Enfermagem, realizadas durante o atendimento, devem ser registradas no domicílio do paciente, assim como a execução de toda SAE e dos cuidados de Enfermagem. A visita domiciliar deve ser registrada no prontuário, a fim de otimizar a assistência prestada (COFEN, 2014). A Figura 23, mostra um modelo de formulário/roteiro que deve ser preenchido na visita domiciliar, para a coleta de dados, podendo conter uma forma estrutural mais objetiva e de simples preenchimento. 42 Figura 23 – Roteiro visita domiciliar Fonte: http://twixar.me/9cMm. Acesso em: 29 set. 2022. 43 A visita domiciliar acontece com a atuação da equipe da atenção básica, a partir de algumas ações nos domicílios dos pacientes, iniciando por cadastramento dos usuários, busca ativa, ações de educação e vigilância em saúde. Há várias maneiras de solicitação para inclusão da visita domiciliar, algumas delas podem ser requeridas pela unidade de pronto atendimento, pela UBS, pelos hospitais, pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), por familiares, pelo próprio paciente ou, até mesmo, por demandas judiciais (RIBEIRÃO PRETO, 2021). Para que a visita domiciliar aconteça de forma efetiva, três questões devem ser atendidas: • A visita domiciliar tem contribuído para melhoria na demanda do usuário? • Avaliar a aceitabilidade da visita domiciliar. • Aceitação do usuário e de familiares ao acompanhamento da visita, com comprome- timento mútuo com tratamento. A Figura 24 apresenta um fluxograma com as etapas que auxiliam para uma melhor compreensão do planejamento da visita domiciliar. Figura 24 – Etapas do planejamento da visita domiciliar Fonte: as autoras Existem alguns tipos de chamados de visita domiciliar, como mostra a Figura 25. 44 Figura 25 – Tipos de visita domiciliar Fonte: as autoras Os pacientes que possuem comorbidades controladas ou compensadas, que dificultam ou impossibilitam a realização das atividadesda vida diária ou que apresentam dificuldade de locomoção para o seu deslocamento até a unidade de saúde podem solicitar a visita domiciliar, assim como outras circunstâncias específicas, como: • adaptações iniciais no puerpério, redução de mobilidade transitória ou permanente de idosos, composição sócio-familiar-econômica frágil, que afete, indireta ou diretamente, o estado de saúde do usuário; • pacientes com afecções crônicas ou agudas, conforme o grau de comprometimento da doença e os cuidados paliativos, com o intuito de minimizar o sofrimento e para controle da dor, necessitando, assim, de cuidados semanais; • bebês prematuros com baixo peso com demanda de ganho ponderal (RIBEIRÃO PRETO, 2021). Destacamos, também, uma importante atuação para pacientes que precisam de cuidados da equipe multiprofissional com uso de equipamentos, introdução de procedimentos de maior complexidade, como nutrição parenteral ou transfusão sanguínea, necessitando de, pelo menos, uma visita domiciliar na semana (RIBEIRÃO PRETO, 2021). A Visita Domiciliar também deve ser considerada no contexto de educação em saúde por contribuir para a mudança de padrões de comportamento e, consequentemente, promovera qualidade de vida através da prevenção de doenças e promoção da saúde. Garante atendimento holístico por parte dos profissionais, sendo, portanto, importante a compreensão dos aspectos psicoafetivo-sociais e biológicos da clientela assistida (SOUZA; LOPES; BARBOSA, 2004, p. 3). 45 Figura 26 – Atendimento durante a visita domiciliar Fonte: http://twixar.me/JcMm. Acesso em: 24 set. 2022. A visita domiciliar proporciona maior proximidade entre os profissionais e o pa- ciente e seu modo de vida, permitindo que o processo saúde e doença seja determinante para o âmbito familiar. Assim, possibilita identificar, no meio familiar, a forma de vida e a solidariedade, compreendendo, assim, as funções socioeconômicas e ideológicas, e contribuindo para o processo de cuidado, recuperação e cura do paciente (SOUZA; LO- PES; BARBOSA, 2004). Figura 27 – Acompanhando o paciente na visita domiciliar Fonte: http://twixar.me/ycMm. Acesso em: 24 set. 2022. A Figura 28 demonstra um formulário de aviso de visita domiciliar, para assegurar o acompanhamento do paciente na visita domiciliar. 46 Figura 28 – Aviso de visita domiciliar Fonte: http://twixar.me/5cMm. Acesso em: 29 set. 2022. Para que a visita domiciliar ocorra com melhor êxito, o enfermeiro deverá destinar a escolha correta de alguns materiais a serem utilizados pela equipe de Enfermagem e equipe multidisciplinar (RIBEIRÃO PRETO, 2021). Alguns materiais podem variar conforme a complexidade do paciente: • estetoscópio; • esfigmomanômetro; • termômetro; • otoscópio; • glicosímetro, fita de reagente para glicemia capilar e lanceta; • oxímetro de pulso portátil; • álcool 70%; • algodão; • garrote; • luvas de procedimentos e demais EPIs; • luvas estéreis; • óculos de proteção; • avental; • touca; • máscara; • materiais para coleta de exames (agulhas, seringas, agulhas a vácuo e tubos); • materiais para curativos (gaze, instrumentais, soro fisiológico [SF] 0,9%, coberturas, pomadas, faixas); • caixa para perfurocortantes pequena; • saco de lixo para contaminantes; • documentos para realizar anotações (RIBEIRÃO PRETO, 2021). 47 Para êxito na visita domiciliar, o profissional deve observar o meio em que esse paciente e seus familiares vivem, averiguar questões referentes a saneamento básico, coleta de lixos, acúmulo de lixos nas ruas e localidade, e observar o grau de segurança da localidade bairro ou rua na qual será realizado o atendimento de saúde. Além disso, é preciso atentar para os vínculos familiares, comportamento e comunicação; verificar condições básicas de higiene, organização, iluminação no interior da residência, objetos que possam ser obstáculos (tapetes, degraus, vasos e rampas, entre outros); verificar se a família dispõe de produtos de limpeza e a disposição de medicamentos, principalmente quando houver crianças na residência; e orientar sempre referente aos cuidados com a automedicação e possíveis criadouros de insetos e animais peçonhentos (RIBEIRÃO PRETO, 2021). Para entender melhor sobre o tema, sugerimos a leitura do artigo Sistematização da assistência de Enfermagem: vislumbrando um cuidado interativo, complementar e multiprofissional: http://twixar.me/ScMm. DICA É de suma importância manter a cordialidade e postura profissional, respeitando limites e crenças, sem invadir a privacidade da família e do paciente. Ainda, é fundamental informar e explicar ao paciente todo procedimento e cuidados a serem realizados, orientar e ouvir o usuário sem julgamentos, mantendo a postura profissional. Ao término da visita domiciliar, cabe à equipe de saúde realizar as anotações de Enfermagem, bem como os procedimentos feitos e os materiais utilizados durante o procedimento, a fim de registrar no prontuário do paciente. Segundo Horta (1979, p. 10), “Cabe à Enfermagem comunitária, assistir ao ser humano, dentro da família e da comunidade, direta ou indiretamente, através da enfermeira e de pessoal auxiliar, para atender às necessidades humanas básicas e intervir na história natural da Enfermagem em todo os níveis de prevenção”. 3 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO – LEGISLAÇÃO A visita domiciliar deve ser realizada pela equipe de saúde, cabe ao enfermeiro a condução correta da equipe. Para que isso ocorra de forma segura e correta, esse profissional precisa estar seguro das suas competências a serem realizadas. Nesse sentido, o Art. 2º da Resolução nº 0464/2014 descreve como competências do enfermeiro: 48 I- Dimensionar a equipe de Enfermagem. II- Planejar, organizar, coordenar, supervisionar e avaliar a prestação da assistência de Enfermagem. III- Organizar e coordenar as condições ambientais, equipamentos e materiais necessários à produção de cuidado competente, resolutivo e seguro. IV- Atuar de forma contínua na capacitação da equipe de Enfermagem que atua na realização de cuidados nesse ambiente. V- Executar os cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnico-científica e que demandem a necessidade de tomar decisões imediatas (COFEN, 2014). Sobre a atuação do enfermeiro durante a visita domiciliar, atualmente, não temos vigente, na legislação, uma indicação da quantidade ou um limite de visitas para cada paciente. Essa avaliação e decisão de conduta cabe ao enfermeiro, em conjunto com a equipe de saúde que irá prestar atendimento ao paciente. A visita domiciliar “considera um contato pontual da equipe de Enfermagem para a avaliação das demandas exigidas pelo usuário e/ou familiar, bem como o ambiente onde vivem, visando estabelecer um plano assistencial, programado com objetivo definido” (COFEN, 2014). Na realização da visita domiciliar, o enfermeiro deve aplicar o processo de Enfermagem, proporcionando qualidade no atendimento e seguindo uma ordem lógica de raciocínio. Portanto, a aplicação da SAE é de fundamental importância, para nortear as condutas da equipe. A Resolução Cofen nº 0464/2014 estabelece: Art. 3º A atenção domiciliar de Enfermagem deve ser executada no contexto da Sistematização da Assistência de Enfermagem, sendo pautada por normas, rotinas, protocolos validados e frequentemente revisados, com a operacionalização do Processo de Enfermagem, de acordo com as etapas previstas na Resolução COFEN nº 358/2009, a saber: I- Coleta de dados de (Histórico de Enfermagem). II- Diagnóstico de Enfermagem. III- Planejamento de Enfermagem. IV- Implementação. V- Avaliação de Enfermagem (COFEN, 2014). O enfermeiro deve levar em consideração, durante o atendimento ao paciente, suas particularidades, podendo, assim, planejar o atendimento adequado para cada paciente, de forma individualizada, seguindo também a Resolução Cofen nº 358/2009. A Resolução Cofen nº 0464/2014 classifica em três modalidades de atendimento na visita domiciliar: atendimento domiciliar,
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