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3 Espécies de Controle de Constitucionalidade

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ESPÉCIES DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Em relação ao órgão
No Brasil, é feito por órgãos de todos os 3 poderes.
Político
Não jurisdicional. Numa visão restritiva é aquele exercido por órgão político de hierarquia superior e que não faz parte da estrutura de nenhum dos três poderes clássicos, tratando-se, basicamente, do controle feito pelos tribunais constitucionais europeus.
No Brasil , entretanto, prevalece tese extensiva, sendo possíveis os seguintes meios de controle de constitucionalidade político:
· Pelo legislativo: pelas Comissões de Constituição e Justiça (que é comissão permanente, diferente das CPI’s, que são temporárias) que analisa os projetos de lei durante seu trâmite;
· Pelo executivo: por meio do veto jurídico, feito pelo presidente da republica (chefe d executivo), a um projeto de lei considerado inconstitucional (diferente do veto político, feito pelo a um PL considerado contrário ao interesse nacional). Barroso lembra, porém, a possibilidade de rejeição parlamentar do veto jurídico, pois o juízo do legislativo acerca da constitucionalidade ou não da norma prevalecerá sobre o do executivo, convertendo-se o projeto em lei.
Jurisdicional/judicial
Feito pelo judiciário, quando provocado. Afirma Fix-Zamudio, que todo juiz que decide sobre a constitucionalidade das disposições legislativas, não importando seja juiz ordinário ou a pretexto de decidir um simples caso concreto, efetua tarefa ao mesmo tempo jurisdicional e política, entendida esta última como a interpretação e a aplicação dos valores supremos contidos na carta fundamental.
Misto
No qual certos atos se sujeitam a controle político enquanto outros só podem ser controlados por órgãos jurisdicionais, sendo exemplo o sistema da Suíça.
Em relação ao momento de realização
Preventivo
Feito, anteriormente à promulgação da norma, enquanto o projeto ainda está tramitando, pelo legislativo (por meio da CCJ) e pelo executivo (por meio do veto presidencial). 
Via de regra o judiciário não exerce esse controle, sendo exceção o controle sobre a inconstitucionalidade formal, observando se o processo está tramitando com respeito ao DPL. Este controle pode ser exercido apenas em ação de mandado de segurança (de natureza cível), provocado por parlamentar com assento na Casa Legislativa onde tramita a proposta questionada, visto que ele tem direito a participar de um processo legislativo devido. 
Para Jose Carlos Francisco também teria tal legitimidade o partido politico com representação na Casa. A superveniência da aprovação parlamentar do PL ou da proposta de EC implica a perda da legitimidade ativa dos membros do Congresso. Isto se aplica às 3 esferas de poder (federal, estadual e municipal). 
Ressalta-se que tal controle não incide sobre o conteúdo da lei, que apenas tratando-se de PEC será relevante para a verificação de eventual inconstitucionalidade formal, visto que se envolverem discussão sobre tema de cláusula pétrea (que não pode ser discutido) estar-se-á diante de vício também formal.
Tampouco se admitem causas de pedir fundadas no descumprimento de regimentos internos das Casas Legislativas, pois tais normas se inserem no campo interna corporis, que só pode encontrar solução no âmbito do legislativo.
Repressivo
Aquele feito depois de publicada e em vigor a lei, já se tendo, teoricamente, passado pelos controles anteriores. Via de regra é feito pelo judiciário, sendo exceções relacionadas ao legislativo:
· Sustação parlamentar de ato normativo do Executivo [como lei delegada] que exorbite do poder que lhe fora delegado (art. 49, V, CF);
· Controle legislativo dos pressupostos constitucionais dos decretos de intervenção federal (art. 36, § 1°, CF), estado de defesa (art. 136, §§ 4° a 7°, CF), e a sustação do estado de sítio (art. 49, IV, CF).
O controle dos atos executivos decorrentes do poder regulamentar não constituem controle de constitucionalidade, mas de mera legalidade. 
Afirmam alguns doutrinadores que o executivo pode orientar, em seu âmbito interno, orientar os órgãos que o compõem a não aplicar certo dispositivo entendido como inconstitucional.
O controle judicial de constitucionalidade pode ser difuso ou concentrado:
Difuso/descentralizado
Sistema norte- americano, é aquele feito por todos os juízes em qualquer processo sob seu apreço. Teve como marco, em 1803, o caso Marbury x Madison, no qual o presidente que perdeu a reeleição, no final de seu mandato, nomeou vários juízes, que porém, não receberam a carta de nomeação necessária para assumir o cargo, por questão de tempo. O secretário do novo governo, Madison, nega a nomeação destes juízes, dentre os quais estava Marbury, que entrou com ação semelhante a um mandado de segurança, contra Madison. O caso, na Suprema Corte, acaba por ter de ser julgado por Marshall, que acabara de ser nomeado e foi influente do governo anterior, tento participado da elaboração da lista de juízes. Ele então alega que não poderia decidir, afirmando que a lei que determina a competência da suprema corte era contrária à constituição. 
Tem como vantagem a possibilidade de qualquer um falar e refletir sobre o texto constitucional. A crítica que este sistema recebe é a possibilidade de existência de decisões conflitantes, prejudicando a segurança jurídica. É caracterizado:
Quanto ao plano de incidência, é controle concreto, baseado no caso concreto, diante das circunstancias fáticas que ele envolve, os fatos singulares da causa (que dizem respeito às situações específicas da causa, diferindo de fatos gerais ou legislativos) decorrentes da lide/conflito de interesse, motivo pelo qual é feito por via de exceção/defesa (nela alegado, aparecendo na causa de pedir e nos fundamentos da decisão). Deste modo, a declaração de inconstitucionalidade não é a questão central, o pedido principal do processo, mas uma parte a ser enfrentada, de modo a ser incidental/prejudicial, não fazendo parte do dispositivo já que visto que a decisão deve por fim ao litígio. Por serem consideradas, para a decisão, as repercussões que ela terá no caso, em regra o efeito da decisão declaratória de inconstitucionalidade neste caso é inter partis, e ex tunc.
Concentrado/centralizado
Sistema nascido na Áustria em (em 1920) e na Alemanha, por sugestão de Kelsen. Trata-se de atribuir a um único órgão o controle de constitucionalidade. Tem como vantagem a impossibilidade de decisões divergentes. A crítica é exatamente relacionada ao fato de isto acabar obrigando os demais juízes a dar prosseguimento a processos que envolvam gritante inconstitucionalidade.
Quanto ao plano de incidência, é controle abstrato, da lei em tese, sem ser aplicada ao caso concreto, sendo o judiciário provocado pelos legitimados para tal, presentes n art. 103, CF, de modo a ser feito via ação (nas quais não há uma defesa, visto que não há lide). A declaração de inconstitucionalidade é o pedido principal (não incidental). A decisão, por questões pragmáticas, pode ter efeito ex nunc ou ex tunc. Para Kelsen, neste caso, o órgão julgador desempenha papel de legislador negativo, de modo que tenha efeito erga omnes.
Isto decorre do fato que a EC 45/04, positivando a já consolidada jurisprudência, alterou o art. 102, § 2º CF, que passou a determinar que “as decisões definitivas [do colegiado e transitadas em julgado] de mérito, [...] nas ações diretas de inconstitucionalidade [ADI] e nas ações declaratórias de constitucionalidade [ADC] produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Judiciário e à administração pública [executivo] direta [pessoas públicas] e indireta [autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista], nas esferas federal, estadual e municipal”, não vinculando próprio STF, que pode mudar seu entendimento. Desse modo, não vincula o legislativo em sua atuação legislativa, que alterou a o art. 225 da CF, permitindo a vaquejada, depois desta ter sido declarada inconstitucional. Entretanto, o vincula em outras atribuições, como a de julgamento de crimes de responsabilidade. Da mesmaforma, o presidente da república não está vinculado em suas atribuições legislativas, apenas nas administrativas.
Estes sistemas vem se aproximando, na Alemanha, por exemplo, já é possível que o juiz suscite o órgão responsável a analisar a constitucionalidade no caso.

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