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EXTORSÃO
Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa. Pena - reclusão, de 4 a 10 anos, e multa.
Em todas as suas modalidades, tutela-se também a liberdade individual, além do patrimônio, integridade física e psíquica. 
Sujeito passivo
Em todas as suas modalidades pode ser, pessoa diversa da que sofre a perda patrimonial, bem como PJ, sendo seus empregados os coagidos.
Tipicidade objetiva
A conduta nuclear é constranger, coagir, obrigar. Para alguns, não configura este crime a coação a fazer ato juridicamente nulo, como menor assinar documento de divida. Bittencurt discorda deste entendimento pois o intuito de obter indevida vantagem econômica é somente elemento subjetivo especial, que não se confunde com o dolo e, como tal, não precisa consumar-se, sendo suficiente sua existência no psiquismo do autor.
Tipicidade subjetiva
Além do dolo, é composta pela finalidade de obter vantagem econômica indevida. 
A vantagem econômica aqui é mais abrangente, não envolvendo apenas a coisa alheia móvel. Se a vantagem não for econômica, poderá configurar constrangimento ilegal (art. 146). A vantagem precisa ser indevida, distinguindo-se do violento exercício arbitrário das próprias razões (art. 345), porque, neste, a vantagem pretendida é, em princípio, legítima.
Aumento de pena/majorantes
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de 1/3 até metade: aplicam-se as mesmas disposições relativas ao furto. § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior (tendo as mesmas qualificadoras).
Extorsão qualificada (sequestro relâmpago)
§ 3º - “Se o crime [uso de violência ou grave ameaça para obtenção de vantagem econômica] é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima. Pena - reclusão, de 6 a 12 anos”. Ocorre quando o sequestro é condição necessária para a obtenção da vantagem econômica, caso contrário, havendo roubo ou extorsão simples. Tem como foco o constrangimento da vitima, que é conseguido por meio da restrição de sua liberdade, não a privação da liberdade em si.
Quando o sequestro (manutenção da vítima em poder do agente) for praticado concomitante com o roubo, como meio de execução deste ou garantia contra ação policial, estará configurado este último, ou sua majorante constante do art. 157, V. Agora, quando praticado depois da consumação do roubo, sem nenhuma conexão ele, tratar-se-á de concurso de crimes (roubo e a nova extorsão); podendo, inclusive, tipificar a extorsão mediante sequestro, quando, por exemplo, exigir que a vítima mantenha contato com terceiros para assegurar-lhe a vantagem econômica, como condição de sua liberação.
Se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas do art. 159, §§ 2º e 3º.
Diferenciação de outras figuras
- Roubo
Em ambos, o agente emprega violência ou grave ameaça para submeter a vontade da vítima. Classicamente diferem, pois, no roubo, o mal é iminente, e o proveito é contemporâneo; na extorsão, o mal é futuro, assim como a vantagem objetivada. No roubo, o agente toma a coisa, ou obriga a vítima (sem opção) a entregá-la; na extorsão, a vítima pode, inicialmente, optar entre acatar a ordem e oferecer resistência. Bittencourt, porém, critica estas diferenciações, apontando que as duas figuras acabam por se confundir na prática, sendo as consequências disso agravadas pela diferença entre as penas cominadas para o roubo e para a figura qualificada da extorsão.
Desproporção entre as penas de roubo e extorsão qualificada
O roubo tem 3 marcos diferentes de penas:
· Simples (caput): 4 a 10 anos
· Qualificado pela lesão corporal grave (§ 3º, 1ª parte): 7 a 15 anos;
· Qualificado pelo resultado morte (§ 3º, 2ª parte): 20 a 30 anos.
Para Bittencourt, tais penas já são um exagero comparando-se ao homicídio qualificado, demonstrando que maior valorização do patrimônio que da vida. As penas previstas para a extorsão simples são as mesmas cominadas ao crime de roubo, inclusive as relativas às figuras majoradas (§ 1º) e às qualificadas em decorrência de lesão corporal ou morte (§ 2º). No entanto, as penas cominadas ao sequestro relâmpago, injustificadamente, recebem, desproporcionalmente, a seguinte cominação:
· Simples (§ 3º, 1ª parte): 6 a 12 anos; 
· Qualificada pela lesão corporal grave (§ 3º, 2ª parte): 16 a 24 anos;
· Qualificada pelo resultado morte (§ 3º, 2ª parte): 24 a 30. 
Assim, a pena mínima prevista para o sequestro relâmpago qualificado por lesão grave (16 anos), é superior à pena máxima para o roubo com o mesmo resultado (15 anos), e a pena máxima (24 anos) desse mesmo resultado (lesão grave) é superior à máxima prevista para o homicídio (20 anos); aliás, a pena mínima aplicável para o resultado morte (24 anos), é igualmente superior à máxima prevista para o homicídio.
- Estelionato
No estelionato a vítima é enganada com fraude; na extorsão, é coagida com violência.
Conflito aparente de normas com o crime de constrangimento ilegal
A extorsão é espécie do gênero constrangimento ilegal. O que os diferencia e é o motivo pelo qual a ação de constranger é transportada dos Crimes contra a Pessoa para os Crimes contra o Patrimônio é a intenção de obter indevida vantagem econômica. Estar-se-á diante de conflito aparente de normas, que resolve-se pela especialidade, pois considera-se especial uma norma penal (extorsão) quando reúne todos os elementos de uma geral (constrangimento ilegal), acrescidos de mais alguns, denominados especializantes (intuito de obter indevida vantagem econômica). 
Consumação e tentativa
Consuma-se com o comportamento da vítima, fazendo, tolerando que se faça ou deixando de fazer. É desnecessária a efetiva obtenção de vantagem, que se ocorrer, representará apenas o exaurimento da extorsão já consumada. Assim, é admitida a tentativa se interrompida a conduta antes disso. Não se admite como válido o flagrante provocado/crime de ensaio, no qual o delinquente é impelido à prática do delito por um agente provocador (como agente policial ou alguém a seu serviço), pois, conforme sum. 145 STF, não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível sua consumação. Ele difere do flagrante esperado/preparado, lícito, que não impede a ilicitude da conduta, que ocorre quando o agente, por sua exclusiva iniciativa (sem haver agente provocador), concebe a ideia do crime, realiza os atos preparatórios, começa a executá-los e só não consuma porque a autoridade policial, previamente avisada, intervém.
Extorsão mediante sequestro
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate. Pena - reclusão, de 8 a 15 anos.
Sujeito passivo
PJ pode ser sujeito passivo ao ser constrangida a pagar.
Tipicidade objetiva
É modalidade especial da extorsão qualificada em razão do constrangimento ser praticado mediante privação da liberdade da vitima, o sequestro. Não é relevante sua duração, desde que idôneo para produzir na vítima a certeza de que a supressão de sua liberdade está condicionada ao pagamento do resgate. Uma vez que o cárcere privado é mais grave que o sequestro, a extorsão mediante sua pratica também é abrangida por este artigo, já que, em razão da intervenção mínima, se a conduta menos leve é punida, a mais grave também será.
- Qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate
Elemento normativo, cuja definição encerra juízo de valor. 
Condição é coisa, documento, ou ato. Já preço do resgate é vantagem que se concretiza em dinheiro.
Para Bittencurt, diferente da qualificadora já analisada, a finalidade especial da presente conduta é obter qualquer vantagem, que não precisa ser econômica nem indevida. Outros entendem que a vantagem precisa ser ao menos patrimonial, pois caso contrário tratar-se-ia de crime contra a liberdade individual. Para parte da doutrina, se a vantagem for devida, haverá sequestro(art. 148) em concurso com exercício arbitrário das próprias razões (art. 345). Para Bittencurt, porém, tal orientação ignora que, quando a lei assim o deseja, refere-se expressamente a “vantagem indevida”, como no caso da extorsão pura e simples. Além disso, se assim fosse, o crime-fim seria menos grave que o crime-meio.
Este fim nem sempre é anterior ao sequestro, podendo ter sido inicialmente motivado por qualquer razão, desde que, posteriormente, enquanto perdurar a privação de liberdade, o agente condicione a libertação à satisfação de qualquer vantagem, configurando-se a progressão criminosa. 
Tipicidade subjetiva
O elemento subjetivo geral é o dolo, vontade consciente de sequestrar alguém. O elemento subjetivo especial é o pelo fim especial de obter qualquer vantagem, para si ou para outrem, como preço ou condição do resgate. 
Qualificadoras
§ 1º - Se o sequestro dura mais de 24 horas [gerando maior dano], se o sequestrado é menor de 18 ou maior de 60 anos [por razões político-criminais, bem como pela menor resistência gerada na vitima que com maior facilidade entrega o que é solicitado para resgatar seu filho ou pai, por exemplo] – desde que o agente tinha conhecimento disso - ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Pena - reclusão, de 12 a 20 anos.
Conforme art. 288 é quadrilha ou bando é a reunião de mais de 3 pessoas para praticar crimes, com finalidade indeterminada, de modo que não as configura a reunião para praticar um único crime determinado. É de crime de concurso necessário e permanente, que assim difere do concurso eventual de pessoas. 
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave [ou gravíssima]: Pena - reclusão, de 16 a 24 anos. § 3º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de 24 a 30 anos. Tais consequências qualificam o crime quando verificadas tanto na vitima da extorsão, quanto na vitima do sequestro, ou qualquer outra pessoa. Aplicam-se as mesmas disposições relativas ao roubo ao tratar-se de crime preterdoloso.
Causa de diminuição de pena/minorante
§ 4º - “Se o crime é cometido em concurso [eventual ou em quadrilha ou bando], o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de 1/3 a 2/3”, efetuando delação/colaboração premiada. 
Crime hediondo
A figura simples e as qualificadas são crimes hediondos. Ressalta-se que sobre crimes hediondos, conforme art. 157, § 3º, a pena será majorada de metade se a vítima não for maior de 14 anos; for alienada ou débil mental (se o agente souber disso) ou não puder, por qualquer causa, oferecer resistência.
Consumação e tentativa
A consumação ocorre com o sequestro da vitima, a privação de liberdade, mesmo que a vantagem econômica não seja alcançada, visto que o verbo nuclear é “sequestrar”, o recebimento do resgate representando apenas o exaurimento do crime, influindo apenas na dosagem final da pena. A tentativa é admissível se o agente iniciar a ação de sequestrar a vitima sem consumá-la. 
Extorsão indireta
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém [que deixa a vitima mais vulnerável], documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro. Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.
Além do patrimônio e liberdade individual, tutela-se a regularidade, normalidade e moralidade das relações entre devedor e credor. 
Sujeito passivo
É possível a pluralidade de vítimas, a ação podendo ser realizada contra o devedor, mas o documento exigido ou entregue incrimine terceiro.
Tipicidade objetiva
É crime de ação múltipla/conteúdo variado, visto que equipara exigência (imposição de situação ou condição – atividade positiva) a recebimento (aceitação de proposição de iniciativa do devedor, que entrega o documento comprometedor).
O procedimento criminal abrange também as investigações preliminares, não sendo necessário que o procedimento seja iniciado. A legitimidade ou existência da divida ou crime não exclui a extorsão, visto que ilícito não é o crédito, mas a garantia exigida. O crime ocorre mesmo que o devedor possa provar a inautenticidade do documento ao demonstrar a coação ocorrida.
O agente não precisa ter concorrido para o estado aflitivo da vítima, sendo suficiente que se aproveite dele. 
O recebimento puro e simples de cheque sem fundos como garantia não é suficiente para caracterizar o crime (pacificado o entendimento de que cheque dado em garantia de dívida não constitui ordem de pagamento e, por extensão, não constitui aquela modalidade de estelionato - art. 171, § 2º, VI), salvo se resultar de abuso, pelo credor, da condição da vitima. Também não configurem o crime em questão a ameaça de processar, feita por advogado, caso a outra parte não cumpra obrigação assumida.
Tipicidade subjetiva
Composta pelo dolo, vontade consciente de exigir ou receber documento como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, da qual então se deve ter conhecimento. Exige também o especial fim de garantir dívida da qual o sujeito ativo é credor.
Consumação e tentativa
Na modalidade de exigir, formal, ocorre com a exigência, sem ser necessária a entrega do documento, sendo impossível a interrupção do iter criminis, o dano é inerente à apropriação, acarretadora, por si só, de diminuição do patrimônio do ofendido. 
Na forma de receber, material, ocorre com o efetivo recebimento, que pode ser interrompido, sendo admissível a tentativa.

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