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Apostila de Direito Constitucional

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Prévia do material em texto

1 
 
 
 
Apresentação 
 
 
 Os apontamentos contidos nesta apostila têm como objetivo dar ao aluno um farto 
material bibliográfico. Afinal, não foi extraído de um único livro, mas de diversos autores 
consagrados. São recortes de importantes obras no que diz respeito ao estudo do Direito 
Constitucional. Pretendemos com isto facilitar a vida universitária do aluno de Direito. 
 
 O estudo diário da disciplina Direito Constitucional I será de fundamental 
importância para o desenvolvimento de todo o Curso de Direito. Assim, a apostila coloca a 
disposição do aluno o conteúdo que irá guiá-lo, não só na vida acadêmica, mas também durante sua 
vida profissional. Portanto, não despreze o estudo desta disciplina. 
 
 Esta apostila contém textos complementares, que muito contribuirá na compreensão 
do conteúdo ministrado em sala de aula. Com o objetivo de fixação do conteúdo, ao final de cada 
unidade o aluno poderá fazer exercícios de fixação do conteúdo relativo a unidade estudada. 
 
 Segue logo abaixo seis passos de como estudar Direito Constitucional extraídos da 
obra de Uadi Lammego Bulos, Curso de Direito Constitucional, que trazem dicas interessantes para o 
desenvolvimento do estudo da disciplina. 
 
 1º) Gostar de estudar: Estudar é hábito. É preciso cultivar uma disciplina feliz. O 
contrário é perda de tempo. Como gostar de estudar? Tendo um objetivo na vida, sabendo querer 
para, desse, modo, centralizar a mente no alvo concreto a alcançar. 
 
 2°) Resumir a lição: Direito Constitucional é uma disciplina ampla. Envolve tudo, 
só existe uma forma para absorvê-la: removendo-lhe o conteúdo. Repita, repita, repita, repita, que 
pega. Ler várias vezes a mesma coisa é atitude de sabedoria, porque as palavras tem vida. O 
significado delas depende da dimensão praxeológica e do nível teorético-científico que o autor lhe 
atribuiu. Por isso, é difícil captar, de um súbito, o conteúdo de uma lei, de uma decisão judicial ou de 
um texto doutrinário. Mas, ruminar a lição não é decorá-la, sem entender a sua essência, é sim 
colocar na mente o cerne do assunto. Isso é algo diverso da cegueira, do mero utilitarismo prático, da 
unidimensionalização do saber jurídico que compromete o alicerçamento da leges artis da profissão. 
 
 3º) Fazer resumos: Resumir o assunto é um modo de evitar o sono durante o 
estudo porque o Direito Constitucional é uma disciplina densa. Por mais que se queira simplificá-lo, 
há momentos em que se torna impossível fazê-lo, sob pena, de torná-lo banal. Mas não basta fazer 
resumos, é preciso concentrar-se naquilo que se está lendo, precisamente para os pontos fortes da 
disciplina adentrarem no subconsciente, evitando os famosos ―brancos‖ ou esquecimentos, na hora 
da prova. 
 
 4°) Não ter pressa em aprender tudo de uma vez só: A ansiedade, a pressa, a 
agonia para estudar tudo de uma só vez gera angústia medo e depressão, criando quadros psicóticos 
profundos. Os apressados vivem uma eterna guerra de pensamento acelerado, sobrecarregam o córtex 
cerebral, escoando a energia vital do espírito. Andam tristes, agitados e esquecidos de tudo e de 
 
2 
 
 
todos. Deixam de contemplar o belo, e, num processo inconsciente, perdem a alegria interior. Como 
não ser apressado? Gostando de si mesmo, pensando para viver, e não viver para pensar. Dinheiro, 
fama, status, cargo publico importante não compensam a sensação de ansiedade. Qualquer vitória só 
faz sentido se for obtida com esforço e em clima de festa. Esse é o único modo de reescrever o script 
de nosso destino, pois podemos ser felizes enquanto lutamos. Por isso é que o estudo do Direito 
Constitucional é uma oportunidade para reeducar hábitos. 
 
 5º) Descansar a mente: Ir a festas é ótimo quando se acha que não se está 
aprendendo mais nada. Jesus Cristo, o Mestre dos Mestres, o príncipe da arte de gerenciar emoções e 
pensamentos, que não seguiu credo religioso algum, adorava socializar-se. Bebia vinho com os 
amigos e estava sempre alegre, mesmo sabendo o calvário que a ignorância humana iria 
proporcionar-lhe. Vivia em perigo constante, e não sofria antecipadamente. Sempre estava com o 
intelecto calmo e descansado. Foi à festa de Cana da Galileia, do tabernáculo, entre outras. Alguns de 
seus melhores ensinamentos foram durante as refeições, embora naquela época inexistissem 
restaurantes. Na realidade, é impossível absorver assuntos tão áridos, como os constitucionais, dentro 
de uma auto cobrança lógica e rígida. Mais uma vez, recordemos do Carpinteiro do amor. Na hora da 
perseguição mais acirrada de sua vida, parou e disse: ―olhais os lírios do campo‖. Descansar a mente 
é atitude de enorme valia para quem deseja a verdadeira vitória: ter paz. 
 
 
 6º) Erigir Deus como o centro de tudo: Quando entregamos a nossa vida a Deus o 
estudo flui. Nem é preciso ter religião para fazer isso; basta quebrantar o coração, entregando-se a 
Ele. Ao reconhecermos que não somos nada sem a Sua presença tudo fica claro. Descobrimos que 
não estamos sozinhos nos embates da vida, pois a Divindade está conosco. Confiar em Deus, Amigo 
incondicional de todas as horas é compensar todo o esforço despendido, coroando a nossa existência 
de luz, temperança e autodomínio. 
 
 Dito tudo isto, mãos a obra, e vamos estudar o Direito Constitucional! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 01 – TEORIA GERAL DO 
ESTADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
Por que estudar uma Teoria Geral do Estado? 
 
 A disciplina Teoria Geral do Estado tem a finalidade de fornecer a compreensão 
do Estado como forma de organização política e de suas relações com o Direito. Muitos autores 
consideram que a Teoria Geral do Estado a ―parte geral‖ da Disciplina Direito Constitucional, 
porque ela estuda ―o Estado‖, abstratamente falando, enquanto que a Disciplina Direito 
Constitucional se refere a ―um Estado‖ determinado, em particular, por exemplo, quando se estuda a 
Constituição Brasileira de 1988, está se estudando a organização política, administrativa, social, 
econômica do Estado brasileiro. 
 Por sua vez, Dalmo Dallari, enfatiza que o estudo da Teoria Geral do Estado diz 
respeito à necessidade de se preparar o profissional do Direito para ser mais do que um manipulador 
de um processo técnico, formalista e limitado a fins imediatos. Lembrando Edgar Bodenheimer, 
ressalta: 
“O que mais se precisa no preparo de juristas de hoje é fazê-lo conhecer bem as 
instituições e os problemas da sociedade contemporânea, levando-os a 
compreender o papel que representam na atuação daqueles e aprenderem as 
técnicas para a solução destes‖ 
 E ainda, citando Bodenheimer. 
―certas tarefas a serem cumpridas com relação a esse aprendizado terão de ser 
deixadas às disciplinas não-jurídicas da carreira acadêmica do estudante de 
Direito‖. 
 Dalari continua apontando o seguinte: 
―Há, nessa referência, três pontos que devem ser ressaltados: 
a) é necessário o conhecimento das instituições, pois quem vive numa sociedade 
sem consciência de como ela está organizada e do papel que nela representa não 
é mais do que um autômato, sem inteligência e sem vontade; 
 b) é necessário saber de que forma e através de que métodos os problemas sociais 
deverão ser conhecidos e as soluções elaboradas, para que não se incorra no 
gravíssimo erro de pretender o transplante, puro e simples, de fórmulas 
importadas, ou a aplicação simplista de ideias consagradas, sem a necessária 
adequação às exigências e possibilidades da realidade social; 
c) esse estudo não se enquadra no âmbito das matérias estritamente jurídicas, 
pois trata de muitos aspectos que irão influir na própria elaboração do direito.‖ 
 
 Como ressalta Dalmo Dallari, a noção da Teoria Geral do Estado, pode-se dizer é 
uma disciplina de síntese, que sistematiza conhecimentosjurídicos, filosóficos, sociológicos, 
políticos, históricos, antropológicos, econômicos, psicológicos, valendo-se de tais conhecimentos, 
para buscar o aperfeiçoamento do Estado, concebendo-o, ao mesmo tempo, como um fato social e 
uma ordem, que procura atingir os seus fins com eficácia e com justiça, 
 
 Veja como a professora Nina Ranieri (2013, p. 2) responde a pergunta: ―Para que 
serve uma teoria do Estado?‖ 
 
5 
 
 
 
―As teorias tem função cognitiva: buscam captar o mundo, racionalizá-lo, 
explicá-lo, dominá-lo. A teoria geral do Estado (TGE) não foge a regra: visa a 
compreender o Estado como fenômeno social, político e jurídico no qual nossa 
vida se desenvolve. 
Existem inúmeras teorias sobre o Estado nas diversas áreas do conhecimento 
humano. São doutrinas filosóficas, políticas, sociológicas, econômicas, 
históricas, etc., que se recortam na especificidade de sua metodologia e de seus 
campos de investigação e, sendo complementares, compõem um amplo quadro 
acerca das origens, da evolução e do desenvolvimento do Estado.” 
 E complementa: 
―A TGE serve-se, dialeticamente, de todas aquelas fontes – dai ser uma teoria 
geral – com o objetivo de reunir, analisar e sistematizar conhecimentos úteis 
ao aperfeiçoamento da vida justa nas sociedades estatais. Incluem-se, 
portanto, entre seus problemas, o estudo das origens do Estado, de seu 
funcionamento, sua finalidades, características, tendências, configurações 
futuras, etc. O que é o Estado? Qual a sua natureza? Para que serve? Quais 
são seus fins? Como surgiram os Estados? Todos são iguais? Como se 
evoluíram? Que formas assumiram? Que formas podem assumir?‖ 
 Por fim, a autora Nina Ranieri (2013, p. 11) conclui: 
―Desde o início do século XXI estamos, em relação ao Estado moderno, diante 
de uma novidade fundamental que se expressa pela relativização da soberania 
do Estado Nacional e pela fundamentação axiológica do Direito e do Estado 
nos planos nacional e internacional. Essa novidade vem delineando uma nova 
modalidade do Estado moderno, que se caracteriza tanto por ser Estado 
internacional e democrático de direito, em razão da emergência do direito 
internacional público, sob a orientação dos valores expressos na Carta das 
Nações Unidas de 1946 e na Declaração Universal dos Direitos Humanos – 
DUDH -, de 1948, em virtude dos valores e princípios de justiça que 
constituem o núcleo do modelo axiológico da Constituição como norma. 
O desafio da teoria do Estado e compreender e explicar esse tipo de Estado, 
acompanhando sua evolução e induzindo mudanças nos paradigmas que o 
orientam, se necessário”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
TEORIA GERAL DO ESTADO 
 
 1. Introdução 
 
 Antes de iniciar o estudo da Teoria Geral do Estado é preciso compreender de que 
―Estado‖ iremos tratar. Observe a frase: 
 
 O Estado de Goiás faz parte do Estado brasileiro, que se constitui em uma federação de 
Estados, que segundo a Constituição de 1988 que adota um sistema de governo conhecido como 
República. 
 
 Pois bem, na frase acima a palavra ―Estado‖ foi utilizada três vezes. Na primeira, ―Estado 
de Goiás‖, significa que ―Goiás‖ faz parte da divisão territorial e administrativa do ―Estado 
brasileiro‖, ou seja, é parte, portanto, é um ―Estado-membro‖. Assim compreendido, não é este o 
―Estado‖ que iremos estudar, ou seja, a parte, mas estudaremos o ―Estado‖ como sendo o todo. No 
exemplo dado, o ―Estado brasileiro‖, adotou uma forma de Estado, denominada Federação, mas 
existem outras formas de Estados, como iremos estudar logo mais, como o Estado unitário. 
 
 Segundo Nina Ranieri (2013, p. 12): 
 
 a) O Estado é uma forma específica de sociedade política, organizada mediante 
regras e dotada de poder superior sobre seus membros. 
 
 b) O Estado é uma pessoa jurídica de direito público interno e internacional. 
 
 O primeiro conceito indica, abstratamente, qualquer tipo assumido pelo Estado em seu 
desenvolvimento no tempo e no espaço, independente de suas variações, considerando-se uma 
sociedade política, sendo a definição de Bobbio a forma mais intensa e vinculante de organização 
da vida coletiva. O segundo conceito, também de forma abstrata, equipara Estado a conotação da 
palavra ―País‖. Em ambos, o Estado é visto como unidade político-jurídica, sendo este o seu 
sentido moderno. 
 
 O Estado aparece, assim, aos indivíduos e à sociedade, como um poder de mando, como 
governo e dominação. O Aspecto coativo e a generalidade são o que distingue as normas por eles 
editadas; e suas decisões obrigam a todos os que habitam o seu território. 
 
 2. ORIGEM DO ESTADO 
 
 Do exposto até aqui se apurou que o Estado é uma sociedade política organizada sob a 
forma de governantes e governados, com território delimitado e dispondo de poder próprio 
para promover o bem de seus membros, isto é, o bem público. 
 
 Para atingir seu objetivo, o Estado ―estabelece e impõe normas e regras que orientam 
sua ação e disciplinam as atividades dos indivíduos e grupos que o compõem‖ (Darcy Azambuja, 
pág. 49/54). 
 
 Mas, com surgiu o Estado? Ou mais especificamente como surgiram as sociedades 
políticas no curso da história da humanidade? É isto que veremos em seguida. 
 
8 
 
 
 
 2.1. ORIGEM DA PALAVRA ESTADO: 
 
 A palavra ―Estado‖, no sentido em que é utilizada atualmente, e usaremos no decorrer de 
nosso estudo, foi usada pela primeira vez por Nicolau Maquiavel, no livro O Príncipe, publicado 
em 1531, para designar uma sociedade política (―todos os Estados, todas as dominações que tiveram 
e tem o império sobre os homens foram e são republicas ou principados‖), está definição de 
Maquiavel é fruto de sua observação da Itália que na sua época era fragmentada em várias cidades 
independentes. 
 
 A partir daí a palavra, Estado passou a ser usada pelos italianos como cidade 
independente. Muito embora, alguns autores não aceitam que o Estado tenha existido antes do século 
XVI, apenas admitindo uso do nome Estado como concepção de sociedade política, quando dotado 
de certas características bem definidas, que serão estudadas logo adiante. (vide texto 01, no final da 
apóstila) 
 
 Entretanto, a maioria dos autores admite que o Estado, como sociedade política, sempre 
existiu, mesmo antes do século XVI, embora com nomes diversos, pois sempre existiram sociedades 
políticas, com autoridade superior, que fixaram regras de convivência observadas pelos seus 
membros. Exemplificando: 
 
 a) Na Grécia: Havia delimitação das cidades-estados, conhecida com a polis grega. Havia 
um conjunto de habitantes, um território delimitado. Existia, ainda uma organização política, com 
diversas formas de governo, como veremos ainda neste estudo. 
 
 b) Em Roma: Existia a Civitas – comunidades de habitantes ou a res publica, um tipo de 
Cidade-Estado, com uma organização política bem desenvolvida. A palavra status republicae, era 
utilizada para designar a situação, a ordem, o estado da coisa pública dos negócios do governo, assim 
considerados status familiae, status libertatis. 
 
 Com o crescimento de Roma e sua expansão no mundo conhecido modifica-se o conceito 
de status romanus, e os juristas romanos passam a empregar a expressão status romanus, embora a 
palavra status nunca empregada de modo absoluto, sozinha, no sentido de Estado. 
 
 c) Na idade Média: Com o sistema feudal, a noção de Estado não ganha força de 
sociedade política, devido a fragmentação dos reinos em feudos ou comunas, bem como a 
fragmentação do poder político. Contudo, percebe-se que estão presentes as figuras do rei, de uma 
população e de um território. 
 
 O certo é que do século XVI em diante, o termo italiano stato, conforme utilizada por 
Maquiavel, se incorporaà linguagem corrente, vai aos poucos tendo entrada na terminologia política 
dos povos ocidentais: É o État no francês, o Staat no alemão, em inglês State, e em português e em 
espanhol Estado. 
 
 
 
 
9 
 
 
 3. ORIGEM DO ESTADO
1
: 
 
 As teorias que buscam justificar ou explicar a época do aparecimento do Estado são 
inúmeras. Examinando as principais teorias que procuram explicar a formação originaria do Estado, 
estas podem ser reduzidas a quatro grupos fundamentais: 
 
 1) O Estado tem origem em Deus: São as teorias teológicas, divididas em Doutrina do 
Direito Divino Sobrenatural e Doutrina do Direito Divino Providencial. 
 2) O Estado, assim, como a própria sociedade existiu sempre: Para esta teoria desde 
que o homem vive sobre a terra, acha-se integrado numa organização social, dotado de poder e com 
autoridade para determinar o comportamento de todo o grupo. (Teoria Familiar, Teoria Natural). 
 3) A sociedade humana, em algum momento existiu sem o Estado, durante certo 
período: Para os defensões desta teoria, por motivos diversos, o Estado surge para atender as 
necessidades ou conveniências dos grupos sociais. (Teoria Contratualista ou Pactuais). 
 4) O Estado como sociedade política, surgiu quando dotado de certas características 
muito bem definidas
2
, tais como: Governo, Território e Povo. 
 
 Passemos a análise de cada uma destas teorias. 
 
 TEORIAS QUE JUSTIFICAM A ORIGEM DO ESTADO: 
 
 3.1. TEORIAS TEOLÓGICAS 
 
 Sobre a origem e justificação do Estado, como já afirmado, existem diversas teorias, 
umas como matrizes do pensamento a respeito do tema, e outras como simples variações de estilo. 
Assim, serão apresentados três grupos de teorias mais gerais. 
 
 1º) O Estado é obra de Deus, por isso são chamadas doutrinas teológicas. Segundo esta 
teoria tudo foi criado por Deus, inclusive, o Estado, daí a sua origem divina. Podem ser divididas em 
duas: 
 A) Doutrina do Direito Divino Sobrenatural: O Estado é obra imediata de Deus, uma 
manifestação direta de seu poder no universo, designando o próprio Deus a pessoa ou a família que, 
assim divinizada iria exercer a autoridade estatal. 
 B) Doutrina do Direito Divino Providencial: O Estado é instituído pela providência 
divina, que o conduz indiretamente, isto é, pela direção providencial dos acontecimentos. Por esta 
doutrina os homens são dotados de livre-arbítrio, praticam atos e se organizam entre si, respondendo, 
no entanto, à onipresença de Deus. 
 
 Segundo os teóricos das doutrinas teológicas, Deus delega aos reis a sua autoridade, e 
estes agem em nome de Deus, por isso, sem muito esforço verifica-se que a doutrina teológica 
contribuiu para o fortalecimento da monarquia de caráter absoluto, ou mais conhecida como o 
absolutismo monárquico. 
 
 
 
 
1
 Segundo Aderson de Menezes – Teoria Geral do Estado. 
2
 Dallari, lembrando Balladore Pallieri, ―a data oficial em que o mundo ocidental se apresenta organizado em 
Estados é a de 1648, ano em que foi assinada a paz de Westfália.‖ 
 
10 
 
 
 3.2. TEORIAS CONTRATUALISTAS: 
 
 Também chamadas como convencionais ou pactuais. Para esta teoria o Estado tem a 
sua origem num acordo entre os homens. Justificando o seu poder com base no mútuo 
consentimento de seus integrantes. 
 
 Segundo os seus defensores foi a inteligência humana, em reciprocidade concordante, que 
contratou, convencionou, pactuou a sociedade política, num determinado local e num certo instante, 
enquanto vivia em Estado de Natureza. Assim, o Estado é criação do homem. Esta teoria tem como 
principais representantes: Thomas Hobbes, John Locke e Jean Jacques Rousseau, entre outros. 
Embora, tenham partido do mesmo ponto (situação do homem vivendo em Estado de Natureza, que 
Marilena Chauí, conceitua assim: “Estado de Natureza tem a função de explicar a situação pré-
social na qual os indivíduos existem isoladamente.” No entanto, os contratualistas divergiram 
quanto a forma como o homem vivia em Estado de Natureza e a finalidade do pacto para sair do 
Estado de Natureza). 
 
 Assim, para cada um dos autores citados acima o homem vivendo em Estado de 
Natureza é explicado de uma forma diferente, vejamos: 
 
 PARA THOMAS HOBBES (1588-1679): Hobbes teve uma origem familiar humilde, 
viveu em um tempo em que a Inglaterra enfrentava sérias crises sociais, políticas e religiosas. Para 
ele o homem vivendo em Estado de Natureza vive isolado, não tem noção do direito, por isso vive 
em constante estado de guerra, com os outros homens, a expressão para definir isto é o ―O homem é 
o lobo do homem‖. O homem vivendo em Estado de Natureza para Hobbes é irracional, não tendo 
limites em suas ações. 
 
 PARA JOHN LOCKE (1632-1704): John Locke diferente de Hobbes, embora fossem 
contemporâneos, nasceu em uma família, se não abastada, mas de origem burguesa, não era nobre de 
nascimento. É considerado um dos principais representantes do liberalismo político. Para Locke, o 
homem em Estado de Natureza vive em perfeita liberdade, guiado pela lei natural, a razão, para ele 
todos os homens são iguais e independentes. ―Todos os homens participariam dessa sociedade 
singular que é a humanidade, ligando-se pelo liame comum da razão. No Estado natural todos 
os homens teriam o destino imediato de preservar a paz e a humanidade e evitar ferir os 
direitos dos outros.‖ (Coleção Os Pensadores, Nova Cultural, Vida e obra de Locke). 
 
 PARA J. J. ROUSSEAU (1712-1778): Por sua vez, Rousseau, suíço de nascimento, 
ficou órfão de mãe ainda na infância, foi criando por um tio, desenvolveu sua obra nos momentos que 
precederam a Revolução Francesa de 1789, e contribuiu enormemente para o seu desfecho, 
principalmente com a publicação do livro ―O Contrato Social‖. Para Rousseau o homem em Estado 
de Natureza vive em pequenos grupos, vivendo para família e para os afazeres domésticos, felizes, 
sem problema, era o ―bom selvagem inocente‖, até o surgimento da propriedade privada
3
, dando 
origem ao Estado de Sociedade, na guerra de todos contra todos
4
. 
 
 
3
 ―A propriedade privada, que causou a miséria de uns e a riqueza excessiva de outros, o luxo, que criou os vícios; 
a instrução, que criou a ambição, as inquietações de espírito.‖ (Aderson de Menezes, pág. 86). 
4
 Esta situação parece a que foi retratada por Thomas Hobbes. 
 
11 
 
 
Soluções apontadas para os problemas criados pelo homem vivendo em Estado de 
Natureza, segundo os autores acima: 
 
 PARA THOMAS HOBBES: Para sair do Estado de Natureza que vivia na guerra de 
todos contra todos os homens voluntariamente renunciam (o pacto é feito entre os homens) a seu 
direito de viver em liberdade, e entregam a um soberano, que seria o Leviatã, encarregado de 
promover a paz, nem que para isso o soberano tenha que usar a espada. ―Os pactos sem espada não 
passam de palavras‖. (pacto da submissão). Portando, Hobbes é um defensor do absolutismo 
monárquico. 
 
 PARA JOHN LOCKE: Os homens que já viviam em perfeita liberdade e igualdade no 
estado natural. Contudo, estariam expostos a certos inconvenientes. De modo que os homens fazem 
um pacto ou contrato, não entre governantes e governados, mas entre homens iguais e livres, para 
organizar a forma de convivência, desse pacto surge o poder político, tendo como forma o Estado 
como estrutura máxima. (pacto do consentimento). Neste caso, os homens não renunciam ao poder, 
mas entrega-o a um terceiro, e a qualquer momento pode reaver o poder, se o terceiro não 
desempenhar o exercício do poder de acordo com os interesses dos homens. (pacto do 
consentimento). John Locke contribuiu enormemente para que o Parlamento inglês se impusesse ao 
poder do rei, na conhecida Revolução Gloriosa de 1688. 
 
 PARA J. J. ROUSSEAU: Os homens vivendo em Estado de Sociedade formularam um 
contrato, denominado ―ContratoSocial‖, este pacto também é feito entre os homens, que renunciam 
a liberdade natural e transferem a um terceiro – o soberano - para criar e aplicar leis – o contrato 
social cria a soberania (que para Rousseau pertencente a vontade geral), surge assim a sociedade 
política. (pacto social). As ideias de Rousseau foram importantes para que a burguesia buscasse uma 
forma de participação política mais abrangente, como o voto censitário, que é o voto qualificado pelo 
poder financeiro, que evolui para o voto universal. 
 
 
12 
 
 
 
 3.3. O ESTADO COMO A PRÓPRIA SOCIEDADE EXISTIU SEMPRE. Para esta teoria 
o Estado é produto social, de origem histórica e evolutiva: Esta teoria pode ser resumida em duas: 
A teoria familiar e a teoria natural (Teoria do impulso associativo). 
 
 a) Teoria Familiar: O Estado se origina na família, e, por isso, é denominada patriarcal. 
É na autoridade social do chefe familiar que encontra justificação o poder político da entidade estatal. 
Para Robert Filmer (contemporâneo de Hobbes), apontado com um expoente desta teoria, cada 
família primitiva se ampliou e deu origem a um Estado. 
 
 a) Teoria Natural: Para os defensores desta teoria, o Estado surge naturalmente, ou seja, 
a sociedade política se formou na ordem regular das coisas, em cujos meandros se firmaram e 
legitimou o poder como decorrência da própria necessidade de vida em conjunto. 
 
 OBSERVAÇÃO: Existem outras teorias que procuram justificar a origem do Estado. 
Dalmo Dallari apresenta ainda as seguintes teorias: 
 
 a) Origem em atos de força, de violência ou de conquista. Com pequenas variantes, 
essas teorias sustentam, em síntese, que a superioridade de força de um grupo social permitiu-lhe 
submeter um grupo mais fraco, nascendo o Estado dessa conjugação de dominantes e dominados. 
Entre os adeptos dessa teoria situa-se Oppenheimer, que, afirmou ter o Estado sido criado para 
regular as relações entre vencedores e vencidos, acrescenta que essa dominação teve por finalidade a 
exploração econômica do grupo vencido pelo vencedor. 
 
 b) O Estado tem origem em causas econômicas ou patrimoniais: Dentre os autores de 
maiores repercussão que justificam a origem do Estado por motivos econômicos foi e continua sendo 
atribuída a Marx e Engels. 
Explicação da Teoria Contratualista, segundo seus autores
1. THOMAS HOBBES (1588-
1679), escreveu o livro 
“LEVIATÔ.
O HOMEM 
VIVENDO EM 
ESTADO DE 
NATUREZA
2. JOHN LOCKE( 1632-1704), 
escreveu o livro “O Segundo 
tratado do Governo Civil.
3. J. J. ROUSSEAU (1712-1778) 
escreveu o livro “O Contrato 
Social”.
O homem vive isolado, 
não tem noção de 
direito, o homem é 
mau, vive em estado de 
guerra
O homem 
vive em 
liberdade, em 
paz, uns com 
os outros.
O homem vive em pequenos 
grupos, cuidando da família e 
dos afazeres domésticos. Até 
que surge alguém e cerca um 
terreno e diz “é meu”, dando 
início a sociedade privada, e o 
Estado de Sociedade(Estado 
hobbesiano).
O homem vivem 
em Estado de 
natureza
Solução 
encontrada
O homem renuncia a 
liberdade natural, faz 
um acordo entre 
eles, e renunciam e 
entregam a um 
terceiro que vai 
governar sobre eles.
Os homens entregam 
o direito de viverem 
livres a um terceiro, 
porém não renunciam 
ao direito de viver em 
liberdade, podendo 
reassumir o poder.
Os homens 
renunciam o direito 
da viverem livres e 
entregam a um 
terceiro, assim, cria 
o corpo político, 
este poder é 
chamado soberania, 
mas é uma 
soberania popular
Justifica
Poder 
absoluto 
dos reis
Poder 
exercido 
tanto pelo 
rei como 
pelo 
parlamento
Um poder 
democrático, 
com a 
participação do 
povo
Pacto da submissão.
Pacto do 
consentimento
Pacto Social
 
13 
 
 
 
 4. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ESTADO COMO FORMA DE SOCIEDADE 
POLÍTICA ORGANIZADA: 
 
 Considerações: 
 
 A história da civilização humana, compreendendo a evolução do Estado, como forma de 
sociedade política, proporciona conhecimentos da máxima importância, para que se tenha uma noção 
exata dos diversos tipos de organizações políticas, que através dos tempos tem se apresentado e 
funcionado a sociedade política, situando o homem em suas relações com a entidade à qual 
compulsoriamente está ligado. Por isso, vamos analisar as diversas formas de sociedade política que 
foram experimentadas pela humanidade. O texto nº 02 no final da apostila complementa este ponto. 
 
 Para efeitos didáticos será apresentada, em sucessão cronológica esta evolução, 
evidenciando as características das sociedades políticas em cada época, para melhor compreensão do 
Estado Contemporâneo, servido ainda como um processo auxiliar para uma futura fixação de tipos de 
Estados. 
 
 A análise das características para os objetivos da disciplina deve ser focada em duas 
situações específicas, a saber: a forma do exercício do poder político e o exercício de direitos por 
seus membros. 
 
 4.1. ESTADO ANTIGO, ORIENTAL OU TEOCRÁTICO: Para este modelo de 
sociedade política, os autores se referem as formas de sociedade política mais recuados no tempo. 
São civilizações que surgiram no oriente e no Mediterrâneo. 
 
 A família, a religião, o Estado, a organização econômica formavam um conjunto 
confuso não havendo uma clara distinção. Existindo duas marcas fundamentais: 
 
 a) A natureza unitária: O Estado Antigo sempre aparece como uma unidade geral, não 
admitindo qualquer divisão interior, nem temporal, nem de funções, há uma confusão de papéis, 
como mencionado acima. 
 
 b) Religiosidade
5
: A presença do fator religioso é tão marcante que muitos autores 
entendem que o Estado neste período pode ser qualificado como Estado Teocrático. 
 
 Traços marcantes do Estado Antigo ou Oriental
6
: 
 
 Teocracia, poder político sob forte influência do poder religioso; 
 Forma monárquica, combinada com a teocracia, pois o monarca é adorado como um deus; 
 Ordem desigual, hierárquica e sagrada da sociedade. É uma sociedade estratificada. 
 Reduzidas garantias jurídicas dos indivíduos; 
 Larga extensão territorial e aspiração para constituir um império universal. 
 
 
5
 A influência predominante foi religiosa, afirmando-se a autoridade dos governantes e as normas de 
comportamento individual e coletivo como expressões da vontade de um poder divino. 
6
 Lugar à parte ocupa apenas Israel, firmado na crença monoteísta, na recusa da natureza divina dos reis e no 
princípio da submissão da vontade destes à lei ditada por Deus. 
 
14 
 
 
 Ilustram esse tipo estatal a antiga Pérsia, por volta do século V a.C., o Egito a partir de 
1.500 a.C., aproximadamente, bem como a China e o Japão. 
 
 4.2. ESTADO GREGO: Embora seja comum a referência ao Estado Grego, não se tem 
notícia de um único Estado Grego. Pode-se falar assim, pela verificação de certas características 
fundamentais, tais como: 
 
 a) A Cidade-Estado – a polis – Apresenta-se como a sociedade política de maior 
expressão. O ideal visado era a autossuficiência, a autarquia, ou seja, como diz Aristóteles. 
 
 ―a sociedade constituída por diversos pequenos burgos forma uma cidade completa, 
com todos os meios de se abastecer por si, tendo atingido por assim dizer, o fim a 
que se propôs.‖ 
 
 b) O indivíduo tem uma posição peculiar – Há uma elite, que compõe a classe política, 
com intensa participação nas decisões do Estado, a respeito dos assuntos de caráter público. 
Entretanto, nas relações de caráter privado a autonomia da vontade individual é bastante restrita. 
 
 Assim, mesmo quando o governo era tido como democrático isto significava que apenas 
uma faixa restrita da população – os cidadãos
7
 – é que participavam das decisões políticas, tomadas 
nas assembleias que eram realizadas em praça pública. Trata-se de um embrião da democracia direta. 
O restante da população (escravos e estrangeiros) não participavadas decisões tomadas nas 
assembleias. 
 
 Traços essenciais da polis, do Estado, na Grécia são: 
 
 Prevalência do fator pessoal - O Estado é a comunidade dos cidadãos, embora não sejam 
estes os únicos habitantes – também há os metecos
8
 e os escravos; 
 Fundamento da comunidade dos cidadãos: a comunidade religiosa, unida no culto de 
antepassados (apesar de a autoridade não ter natureza divina e não predominar a casta 
sacerdotal). 
 Relativa importância territorial, pode ser percebida pela pequena extensão do território (O 
Estado tem caráter municipal, é a Cidade-Estado) 
 Diversidade de formas de governo, sucessivamente ou com oscilações de Cidade para 
Cidade, e conforme a filosofia e as transformações políticas, internas e externas. 
 
 4.3. O Estado Romano (756 a. C a 565 d. C) Começou pela cidade, chamada civitas, 
uma forma de cidade-Estado, formada por famílias e tribos que constituíam as gentes. ―Teve início 
com um pequeno agrupamento humano, experimentou várias formas de governo, expandiu seu 
domínio por uma grande extensão do mundo...‖ (Dallari, pág. 62). 
 
 Ampliou-se a cidade no seu aspecto estatal, conservando a família, no entanto, a sua 
importância primitiva. O governo residia numa assembleia dos pater-familias, ao ponto mesmo de 
manter-se sempre os senadores romanos o tratamento usual de paters. 
 
 
7
 Que não tinha o mesmo significado moderno do termo que damos na atualidade como ―cidadão‖ 
8
 Estrangeiros residentes na polis grega. 
 
15 
 
 
 Para fazer parte de uma gens
9
, era preciso pertencer a uma família, que compreendiam 
duas classes de pessoas: 
 
 a) os patrícios; estes eram de raça nobre, livre de nascimento e descendentes de um pater, 
daí o nome. 
 
 b) os clientes, eram meros servidores de cada grupo familiar, não podendo jamais se 
tornar proprietários. 
 
 Havia outra classe ou, melhor, a espécie humana desqualificada, mas que exerceu 
marcante influência no processo histórico de Roma, composta pelos plebeus. 
 
 De modo que, uma das peculiaridades mais importantes do Estado Romano é a base 
familiar da organização, havendo mesmo quem sustente que o primitivo Estado, a Civitas, resultou 
da união de grupos familiares (as gens), como disse Dallari anteriormente. 
 
Peculiaridades do Estado Romano 
 
 O desenvolvimento da noção de poder político, como poder supremo e uno, cuja plenitude – 
imperium, potestas, majestas – pode ou deve ser reservado a uma única origem e a um único 
detentor; 
 A consciência da separação entre o poder público (Estado) e o poder privado (do pater 
familias) fazendo a distinção entre o Direito Público e o Direito Privado; 
 A consideração como direitos básicos do cidadão romano não apenas do jus suffragii (direito 
de eleger) e do jus honorum(direito de acesso às magistraturas), mas também do jus 
connubii (direito de casamento) e do jus commercii (direito de celebração de atos jurídicos). 
 
 4.4. ESTADO MEDIEVAL: Com a decadência do império romano, instaura-se a Idade 
Média com novos elementos na vida política, tendo como características: 
 
 a) O cristianismo: A doutrina cristã e a propagação da igreja cristã constituíram 
influências importantes na marcha do pensamento político. O Cristianismo surge proclamando que os 
indivíduos adquirem um valor supremo pregando a igualdade de todos os homens. Esta mensagem 
encontrou respaldo entre pessoas humildes e desprezadas. 
 
 A influência da igreja cristã cresce lentamente, e com a decadência do império romano, 
esta influência aumenta rapidamente, e no século IV, se constitui a religião das classes dominantes. O 
imperador Constantino com o Edito de Milão, do ano 313, através do qual assegurou a liberdade 
religiosa no império, torna o Cristianismo a religião oficial do Estado Romano. As autoridades 
eclesiásticas passam a ter muito prestígio e poder, bem como acumularam muitas riquezas. Para se ter 
uma ideia na Idade Média 1/3 das terras pertenciam a Igreja. Este fato demonstra o poder que a Igreja 
tinha e como influenciava no poder político. 
 
 b) Os invasores bárbaros – Com o enfraquecimento do Império Romano as hordas 
bárbaras, eslavos, godos e principalmente os germanos, invadem a Europa, e trazem consigo seus 
costumes, que de alguma forma influenciam na forma de exercício do poder e do direito dos 
 
9
 Grupos familiares 
 
16 
 
 
indivíduos. Põe em relevo a importância do indivíduo em relação ao Estado. Os bárbaros possuíam 
assembleias populares, composta de homens livres que elegiam os chefes das tribos. 
 
 c) Feudalismo: Sistema caracterizado pela dependência territorial nas relações entre os 
homens, associado, na prática, à autoridade política e à influência religiosa. Os homens punham-se 
debaixo da proteção dos próprios homens, ficando, em troca, ligados ao solo e sujeitos à prestação de 
serviço. O feudalismo é uma instituição, em que os fortes e capazes podiam fazer guerras, cunhar 
moedas e firmar jurisdições. 
 
“No Estado Medieval vai ocorrer, sobretudo através de três institutos jurídicos, a 
confusão entre o setor público e o privado. Pela vassalagem os proprietários menos 
poderosos colocavam-se a serviço do senhor feudal, obrigando-se a dar-lhe apoio nas 
guerras e a entregar-lhe uma contribuição pecuniária, recebendo em troca proteção. 
Outra forma de estabelecimento de servidão era o benefício, contratado entre o 
senhor feudal e o chefe de família que não possuía patrimônio. Este último recebia 
uma faixa de terra para cultivar, dela extraindo o sustendo de sua família, além de 
entregar ao senhor feudal uma parcela da produção. Estabelecido o benefício, o 
servo era tratado como parte inseparável da gleba, e o senhor feudal adquiria, sobre 
ele a sua família, o direito de vida e de morte, podendo assim estabelecer as regras 
de seu comportamento social e privado. Por último, é importante considerar a 
imunidade, instituto pelo qual se concedida a isenção de tributos às terras sujeitas 
ao benefício.‖ (Dallari, pág. 69). 
 
 4.5. ESTADO MODERNO: É neste modelo de sociedade política que os elementos 
essenciais do Estado passam a ser delineados, tais como o conceito de soberania, território é povo, 
como veremos adiante. Assim para formação desde modelo de sociedade política, fica evidente que 
as deficiências da sociedade medieval determinaram as características do Estado Moderno que são: 
 
 a) O DECLÍNIO DO SISTEMA FEUDAL: O feudalismo também é compreendido 
como uma estrutura econômica e social de pequenos produtores individuais, com visto acima. Mas, 
com o passar do tempo o que era produzido não dava conta da demanda proporcionada pelo 
crescimento das cidades. O surgimento da burguesia, nesta forma de organização política e social 
irá desempenhar um importante papel na evolução do Estado. É importante destacar que os burgueses 
eram as pessoas que se tornaram independentes da influência do senhor feudal, produziam seus 
produtos e comercializavam no entorno dos burgos, que eram as cidades, daí o nome burguesia, que 
se tornaram os grandes financistas das sociedades conseguindo poder econômico, e a partir daí vão 
lutar para conquistar o poder político. 
 
 b) O ABSOLUTISMO MONÁRQUICO: O fortalecimento do poder real, a partir do 
século XIII, faz com que o rei enfeixasse, ou seja, reunissem em suas mãos todos os poderes. Outro 
fator importante foi o confronto dos reis com a Igreja. A reação dos reis contra o poder da igreja, 
reagindo a autoridade do papa, foi favorecida com o fortalecimento da burguesia, que por sua vez 
também vai se fortalecendo com a descoberta de novas rotas comerciais. 
 
“Sob o aspecto político, a aliança entre reis e burgueses levará à consolidação das 
monarquias nacionais, fundadas na unidade de território, povo e governo. Do século 
XVI ao XVIII, a legitimação da soberaniamonárquica justifica o absolutismo real. 
Do ponto de vista econômico, a intervenção direta do Estado nos negócios 
 
17 
 
 
particulares fortalece o mercantilismo
10
.” (Maquiavel – A lógica da força. Maria Lúcia 
A. Aranha, 2ª ed.. ed. Moderna, p. 17). 
 
‗E ainda: 
 
“é preciso relacionar esses fatos a outros já analisados, tais como o surgimento da 
nova classe burguesa e os ideais de formação das nacionalidades. A busca do 
fortalecimento do poder dos reis e a formação das monarquias nacionais tornam 
inevitável a rejeição da supremacia papal e do universalismo da Igreja. Além disso, 
a Igreja, dona de cerca de um terço das terras da Europa, representava a 
manutenção da ordem feudal.” (Maquiavel – A lógica da força. Maria Lúcia A. 
Aranha, 2ª ed.. ed. Moderna, p. 19). 
 
 c) OS MOVIMENTOS CULTURAIS E POLÍTICOS. Com o fim da Idade Média, 
sobretudo, com o enfraquecimento da igreja, e o surgimento da Idade Moderna favorecesse os 
surgimento dos movimentos culturais e políticos, como a Renascença, o Iluminismo, e também o 
sacrifício imposto pelas guerras patrocinadas pelos reis europeus, financiadas com a cobrança de 
impostos, e a ganância da burguesia, agora detentora do poder econômico, mas querendo o poder 
político, fazendo com que os privilégios dos nobres passassem ser contestado. 
 
 Das características mencionadas acima fazem surgir o Estado Constitucional (que será 
estudo com maior profundidade na Unidade 02, tendo como linhas mestras: 
 
 Limitação da autoridade estatal, pelo delineamento da divisão do poder, na tripartição de 
suas funções executiva, legislativa e jurisdicional. 
 
 A não intervenção do Estado no domínio econômico. Este fator favoreceu a burguesia, que 
impõe o seu modo de organização política, e conquista definitivamente o poder política que 
antes se encontrava em poder dos monarcas. 
 
 A garantia dos direitos individuais. Este foi o artifício utilizado para acabar com os 
privilégios de nascimento pertencentes aos nobres, devidamente assegurados e garantidos e 
disciplinado por um documento sócio-jurídico-político, que passou a ser chamada de 
CONSTITUIÇÃO ESCRITA. (como será visto na unidade 02). 
 
 5. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO: 
 
 Quanto as notas ou elementos característicos do Estado, que alguns autores preferem 
denominar de elementos essenciais ou constitutivos, por serem todos indispensáveis para a 
existência do Estado: Para efeito do nosso estudo vamos considerar os seguintes elementos: 
soberania, o território, o povo, governo e a finalidade, É preciso fazer uma ressalva, os autores de 
Teoria Geral do Estado não são unânimes em aceitar como elementos dos Estado, todos os elementos 
anteriormente mencionados. 
 
 
10
 Mercantilismo: É o nome dado a um conjunto de práticas econômicas desenvolvido na Europa na idade moderna, entre 
o século XV e os fins do século XVIII. O mercantilismo originou um conjunto de medidas econômicas diversas de acordo 
com os Estados. Caracterizou-se por uma forte ingerência do Estado na economia, consistiu numa serie de medidas 
tendentes ao mercado interno e teve como finalidade a forma de fortes Estados-Nação. 
 
18 
 
 
 Traremos inicialmente da Soberania. 
 
 5.1. Considerações iniciais a respeito da soberania: 
 
 ―Quando se diz que o Estado é soberano, deve-se entender que, na esfera da sua 
autoridade, na competência que é chamada a exercer para realizar a sua finalidade, que é o bem 
público, ela representa um poder que não depende de nenhum outro, nem é igualado por nenhum 
outro dentro de seu território‖ (Darcy Azambuja, pág. 90). 
 
 Mas nem sempre o poder político representado pela soberania foi assim, vejamos: 
 
 Nos Estados da Antiguidade até o fim do Império Romano, não se encontra 
qualquer noção que se assemelha ao conceito moderno de soberania, embora 
existisse o exercício de poder, mas não com as características que veremos logo 
mais a frente. 
 
 No império Romano também não se tem qualquer noção que possa ser considerada 
semelhante ou análoga ao conceito de soberania dos tempos modernos. Os termos 
majestas, imperium e potestas, usados em deferentes circunstâncias de poder, 
indicavam o poderio civil ou militar, ou revelava o grau de autoridade de um 
magistrado. Contudo, nenhum deles indicava poder supremo do Estado em relação 
a outros poderes. 
 
 Como o poder não admite vazio, com o declínio do Império Romano, o problema 
ganha importância com o surgimento de inúmeras ordenações independentes 
(feudos ou comunas), que detinham atividades de segurança, tributação, etc. Isto 
iria dar causa aos frequentes conflitos entre as atribuições do Estado e estas 
entidades. 
 
 Até o século XII, o conceito de soberania continua mal definido, aparecendo 
referências a duas soberanias concomitantes no interior do Estado, uma senhorial, 
exercida pelos senhores feudais, que possuíam exercícios, grandes extensão de 
terras, como os feudos, cobravam tributos, etc., e outra de natureza real, exercida 
pelos monarcas. 
 
 É a partir do século XIII que o rei vai ampliando a esfera de sua competência 
exclusiva, afirmando soberano de todo reino, acima de todos os barões, adquirindo 
poder supremo de justiça e de polícia e legislativo. Assim, é que o conceito de 
soberania, inicialmente relativo, adquire caráter absoluto. Já no final da idade 
Média o conceito de soberania está amadurecido, recebendo tratamento teórico e 
sistemático
11
, surgindo o Estado Absolutista. 
 
11
 Dalmo Dallari, diz que Jellinek observou que o fato da antiguidade não ter chegado a conhecer o conceito de 
soberania tem um fundamento histórico de importância, a saber, faltava ao mundo antigo o único dado capaz de trazer a 
consciência o conceito de soberania: a oposição entre o Poder do Estado e outros poderes. De fato, a atribuições muito 
específicas do Estado, que limitados exclusivamente aos assuntos ligados a segurança, não lhe davam condições para 
limitar os poderes privados. Sobretudo no âmbito econômico as intervenções verificadas eram apenas para assegurar a 
ordem estabelecida e arrecadar tributos, não havendo, pois a ocorrência de conflitos que tornassem necessário a 
hierarquização dos poderes sociais. (Dalmo Dallari, pág. 75). 
 
 
19 
 
 
 5.2. TEÓRICOS DA SOBERANIA 
 
 a) Jean Bodin, em 1576 foi um dos primeiros a teorizar acerca do tema Soberania no 
livro Les Six livres de La République‖ (Os seis livros da República): Neste livro ele define soberania 
como um poder perpétuo e ilimitado, tendo limitação apenas na lei divina e na lei natural. Por 
isso, Jean Bodin, conclui que a soberania deve ser concentrada em poder do rei (portanto, ele é 
defensor do absolutismo e do direito natural). 
 
 b) J. J. Rousseau: Este autor debate o tema soberania no livro ―O Contrato Social‖, 
publicado em 1762, dando ênfase no conceito de soberania, mas transferindo sua titularidade do 
governante para a vontade geral. Com a ascensão da burguesia, após a Revolução Francesa a ideia de 
Soberania passa a caminhar no sentido de soberania nacional. 
 
 c) No século XIX, o termo soberania ganha a expressão de poder político, sem qualquer 
restrição jurídica. Trata-se de uma concepção puramente política de soberania. 
 
 d) No século XX, com o aperfeiçoamento da doutrina jurídica do Estado, a soberania 
passa a ser indicada como sua nota característica, passando a ser desenvolvida uma completa teoria 
jurídica de soberania. 
 
 5.3. CONCEPÇÕES E CONCEITO DE SOBERANIA: Procedendo a uma síntese de 
todas as teorias formuladas, o que se verifica é que a noção de soberania está sempre ligada a uma 
concepção de poder. Para Dalmo Dallari, o que realmente diferencia as concepções de soberania é 
uma evolução do sentido eminentemente político para uma noção jurídica de soberania.5.3.1. Concepções de soberania 
 
 a) Concepção em termos puramente político 
 
 Concebida em termos puramente políticos, a soberania expressava a plena eficácia de 
poder, sendo conceituada como o poder incontrastável de querer coercitivamente e de fixar 
competências. Prevalece pela força. 
 
 Por este conceito largamente difundido, verifica-se que o poder soberano não se preocupa 
em ser legítimo ou jurídico, importando apenas que seja absoluto, não admitindo confrontações, e 
que tenha meios para impor suas determinações. Baseia-se na supremacia do mais forte. 
 
 Esta concepção puramente política estimulou um verdadeiro egoísmo entre os grandes 
Estados. Como a França e principalmente a Inglaterra, pois todos se afirmavam soberanos, 
favorecendo ao colonialismo do século XIX, sobretudo, nos países da África e Ásia, sendo que o 
processo de descolonização começou após a Segunda Guerra Mundial, sobretudo, com a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos de 1948. 
 
 b) Concepção puramente jurídica 
 
 Uma concepção puramente jurídica conduz ao conceito de soberania como o poder de 
decidir em última instância sobre a atributividade das normas, vale dizer, sobre a eficácia do direito. 
Ou seja, com respeito a validade das normas que deve ser observada por todos. 
 
20 
 
 
 
 Como fica evidente, embora continuando a ser uma expressão de poder, a soberania é 
poder jurídico utilizado para fins jurídicos, o exercício da soberania passa a ser regulado por normas 
jurídicas. A soberania continua sendo expressão de poder, pois para o seu exercício é necessário 
observar regras universalmente aceitas. 
 
 Partindo do pressuposto de que todos os atos dos Estados são passíveis de enquadramento 
jurídico, tem-se como soberano o poder que decide sobre qual a regra jurídica aplicável em cada 
caso, podendo, inclusive, negar a juridicidade da norma, desde que haja o desrespeito das regras 
impostas por todos. 
 
 Segundo esta concepção não há Estados mais fortes ou mais fracos, uma vez que para 
toda a noção de direito é a mesma (igualdade entre os Estados sob o ponto de vista da soberania). 
 
 A grande vantagem dessa conceituação jurídica é que mesmo os atos praticados pelos 
Estados mais fortes podem ser qualificados como antijurídicos, permitindo e favorecendo a reação de 
todos os demais Estados. Por exemplo: Condenando diplomaticamente, aplicando sanções 
econômicas. Ou seja, o estágio de desenvolvimento da civilização não admite mais o uso puro e 
simples da força. Embora esta atitude não esteja descartada. 
 
 5.3.2. Conceitos de Soberania 
 
 Aderson de Menezes apresenta o conceito de soberania da seguinte forma: 
 
 ―Como a qualidade que o Estado possui, na esfera de sua competência jurídica, de ser 
supremo, independente e definitivo, dispondo, portanto, de decisões ditadas em último 
grau pela sua própria vontade e que pode impor definitivamente pela força coativa.” 
 
 Celso Ribeiro Bastas conceituou soberania da seguinte maneira: 
 
“Soberania é a qualidade que cerca o poder do Estado. [....] indica o poder de mando 
em última instancia, numa sociedade política. [....] a soberania se constitui na 
supremacia do poder dentro da ordem interna e no fato de, perante a ordem externa, só 
encontrar Estado igual poder.” 
 
 5.4. CARACTERÍSTICAS DA SOBERANIA: 
 
 No que diz respeito as características da soberania, praticamente a totalidade dos 
estudiosos a reconhece como sendo UNA, INDIVISÍVEL, INALIENÁVEL e 
IMPRESCRITÍVEL. Vejamos cada uma delas: 
 
 a) Una, porque não se admite num mesmo Estado a convivência de duas soberanias. Seja 
poder incontrastável, ou poder de decisão em última instância sobre a atributividade das normas, é 
sempre poder superior a todos os demais que existam no Estado, não sendo concebível a convivência 
de mais de um poder superior no mesmo âmbito. 
 
 
21 
 
 
 b) Indivisível, porque além das razões que impõem sua unidade, a soberania se aplica à 
universalidade dos fatos ocorridos no Estado, sendo inadmissível, por isso mesmo, a existência de 
várias partes separadas da mesma soberania. 
 
 c) Inalienável, ―A soberania é inalienável, porque está excluída de seu conceito a 
possibilidade de transferência‖. (Aderson de Menezes, pág. 157). 
 
 d) Imprescritível, porque jamais seria verdadeiramente superior se tivesse prazo certo 
de duração todo poder soberano aspira existir permanentemente e só desaparece quando forçado por 
uma vontade superior, no caso de dominação por outro Estado. 
 
 5.5. JUSTIFICAÇÃO E TITULARIDADE: 
 
 Isto tem haver com a legitimidade do poder soberano, ou quem tem a decisão em última 
instância dentro do âmbito de um território de decidir e impor sua vontade perante os demais. De 
modo geral as teorias justificadoras do poder soberano podem ser divididas em dois grandes grupos 
com várias subdivisões: 
 
 
 5.5.1. TEORIAS TEOCRÁTICAS: 
 
 Estas teorias tiveram predomínio no final da Idade Média, quando surgia a clara 
conceituação de soberania, bem como no período absolutista do Estado Moderno. Tinha como ponto 
de partida a máxima do cristianismo, que ―todo poder vem de Deus”, se divide em duas: 
 
 a) Direto divino sobrenatural: quando afirma que o próprio Deus concedia o poder ao 
príncipe. 
 
 b) Direito divino providencial: sustenta que a soberania vem de Deus, como todas as 
coisas terrenas, mas que diretamente ela vem do povo, razão pela qual apresenta imperfeições
12
, e por 
isso deve ser exercida pelo monarca. 
 
MAS, EM AMBOS OS CASOS, O TITULAR DA SOBERANIA 
ACABA SENDO A PESSOA DO MONARCA. 
 
 Está teoria acabou justificando o poder político dos reis, surgindo por via de consequência 
o absolutismo monárquico. 
 
 5.5.2. TEORIAS DEMOCRÁTICAS: 
 
 Sustenta que a soberania se origina do próprio povo. Apresenta três fases sucessivas bem 
distintas: 
 
 
12
―A doutrina do Direito Divino Providencial é mais sofisticada. É a doutrina segundo a qual todo poder vem de Deus, no 
sentido de que Deus é a providência e, portanto, o responsável pelo modo porque a Providência age. Assim, Deus não 
escolheu A ou B, em determinado instante, para ser o regente de determinado Estado, mas simplesmente dispôs as coisas 
de tal forma que isso iria ocorrer necessariamente no seu dado momento.‖ (Manoel Gonçalves Ferreira Filho, p. 27). 
 
 
22 
 
 
 1) Na primeira fase aparece como titular da soberania o próprio povo, como massa 
amorfa (massa incorpórea, inorgânica que vive em determinado momento), situada fora do Estado. 
Concepção defendida por Rousseau, ao dizer que a vontade popular é representada pela vontade 
geral. 
 
 2) Na segunda fase, adquire seu ponto de consolidação com a Revolução Francesa 
influindo sobre as concepções políticas do século XIX e início do século XX, a titularidade é 
atribuída a nação, que é o povo concebido numa ordem integrativa (nação é a encarnação de uma 
comunidade em sua permanência). A soberania vista desta forma favoreceu a burguesia, pois com o 
enfraquecimento do Estado Absolutista é a burguesia que passa indiretamente a exercer o poder, 
como será vista na unidade 02. Esta concepção é defendida por Emmanuel Joseph Sieyès. 
 
 3) Por último, chega-se à afirmação de que o titular da soberania pertence ao Estado, o 
que começaria a ser aceito na segunda metade do século XIX e ganharia prestígio no século XX 
(teoria alemã acerca da personalidade jurídica do Estado), e que em última instância seria exercido 
pelo povo, retornando a tese da teoria da soberania popular. 
 
“O povo mesmo concebido como nação não tem personalidade jurídica. Mas, como ele 
participa do Estado e é o elemento formador da vontade deste, a atribuição da 
titularidade da soberania do Estado atende às exigências jurídicas, ao mesmo tempo 
em que preserva o fundamento democrático.” (Dalmo Dallari, pág. 83). 
 
 É apartir desta teoria que o povo passa a ser considerado o titular da soberania, pois 
consagra nos textos constitucionais do século XX que todo poder emana do povo, e com a adoção do 
sufrágio universal. 
 
 5.6. OBJETO DA SOBERANIA: 
 
 Quanto ao objeto e à significação da soberania, verifica-se que o poder soberano é 
exercido sobre os indivíduos, que são a unidade elementar do Estado, não importando que atuem 
isoladamente ou em conjunto, assim os cidadãos estão sempre sujeitos ao seu poder soberano (poder 
coercitivo). 
 
 A) Relativamente aos que não são cidadãos do Estado, este exerce poder soberano quando 
se encontrem dentro de seu território, embora haja também alguns casos excepcionais, em que o 
estrangeiro não é atingido pela soberania de um Estado, mesmo que se ache em seu território 
(Embaixadas ‗representação política, e consulado ‗representação comercial‘). 
 
 B) A afirmação do poder soberano significa que, dentro dos limites territoriais do 
Estado, tal poder é superior a todos os demais, tanto dos indivíduos quanto dos grupos sociais 
existentes no âmbito do Estado. E com relação aos demais Estados a afirmação de soberania tem a 
significação de independência, admitindo que haja outros poderes iguais, nenhum, porém, que lhe 
seja superior. 
 
 Assim, a soberania do Estado é considerada geralmente sob dois aspectos: interno e 
externo: 
 
 
23 
 
 
 A soberania interna quer dizer que a autoridade do Estado, nas leis e ordens que edita 
para todos os indivíduos que habitam seu território e as sociedades formadas por esses indivíduos, 
predomina sem contraste, não pode ser limitada por nenhum outro poder. 
 
 A soberania externa significa que, nas relações recíprocas entre os Estados, não há 
subordinação nem dependência, e sim igualdade. (Darcy Azambuja, pág. 90). 
 
 5.7. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE SOBERANIA 
 
 O conceito de soberania tem sido de índole exclusivamente política, na sua origem 
histórica, já se acha disciplinado juridicamente, quanto a sua aquisição, seu exercício, e a sua perda. 
 
 De fato, apesar do progresso, a soberania continua a ser concebida de duas maneiras: 
 
 a) Como sinônimo de independência, e assim tem sido invocado pelos dirigentes dos 
Estados que desejam afirmar, sobretudo, ao seu próprio povo, não serem submissos a qualquer 
potência estrangeira. 
 
 b) Como expressão de poder jurídico mais alto significa, que, dentro dos limites da 
jurisdição do Estado, este é o poder de decisão em última instância, sobre a eficácia de qualquer 
norma jurídica. 
 
 Na realidade, o conceito de soberania tem sofrido algumas mudanças importantes, 
sobretudo, com o surgimento dos Estados-comunitários, para verificar isto recomendo a leitura do 
texto ―Soberania e o mundo globalizado‖, no final da apostila. 
 
 6. TERRITÓRIO: 
 
 O Estado não pode existir sem uma porção física, que se chama território. Historicamente 
o Tratado de Westfalia de 1648, que pôs fim a Guerra dos Trinta nos, assinado pelos reis europeus, 
vai ser um fato decisivo para a necessidade de se delimitar os limites territoriais dos Estados, 
principalmente com o amadurecimento do conceito de soberania. 
 
 Portanto, a noção de território, como componente necessário do Estado, só apareceu com 
o Estado Moderno, embora, à semelhança do que ocorreu com a soberania, isso não queria dizer 
que os Estados anteriores não tivessem território. 
 
 Segundo Nina Ranieri (2013, p. 115): 
 
A noção de território estatal é de origem moderna. Até 1500, menos de 
20% da superfície terrestre estava dividida por fronteiras nacionais. 
Antes disso, a humanidade convivera com sociedades politicamente 
organizadas sob o principio da personalidade que sustentava diferentes 
comunidades tribais, povos nômades e suas esferas de competência; e 
além do território do Império Romano, na direção da Ásia, onde se 
situavam as rotas comerciais para o Oriente, tribos nômades 
controlaram caminhos e pessoas, independente de se organizarem 
politicamente sobre qualquer território. Foi justamente, a organização 
 
24 
 
 
territorial dessas unidades de associação que apagou as diferenças entre 
tribos e criou um sentimento comum como se deu na formação das 
cidades da Idade Media. 
 
 6.1. Evolução da noção de território 
 
 No Estado Grego: Na Cidade-Estado, o território era limitado a um centro urbano e a 
uma zona rural circunvizinha, não havendo ensejo para conflito de fronteiras. Assim, não chegou a 
surgir a necessidade de uma clara delimitação territorial. 
 
 Na Idade Média: Com a multiplicação dos conflitos entre as ordens (feudos) e as 
autoridades (monarca), cada um querendo se impor em relação ao outro, tornou-se indispensável a 
definição de território, e isto foi possível através de duas noções: 
 
 a) soberania, que indicava o poder no mais alto grau, e, 
 
 b) território, que indicava onde esse poder (soberano) seria efetivamente mais alto. 
 
 6.2. CONCEITO DE TERRITÓRIO: 
 
 O autor Ranelletti, superando as deficiências apresentadas por algumas teorias propõe 
que o território é o espaço dentro do qual o Estado exerce seu poder de império. Este poder se 
exerce sobre tudo, pessoas e coisas, que se encontre no território. 
 
 O território é o elemento físico do Estado 
 
 ―O território, em sua concepção elementar, pode ser definido como a base física, onde a 
soberania (qualidade intrínseca do Estado), é exercida em sua plenitude‖. (Reis Friede, pág. 56). 
 
 ―O território é a base física, o âmbito geográfico da nação, onde ocorre a validade da 
sua ordem jurídica, conforme definiu Hans Kelsen. ”. (Reis Friede, pág. 56). 
 
 Conclusões de caráter geral, sobre as quais praticamente não há divergência: 
 
 a) Não existe Estado sem território. No momento de sua constituição o Estado integra 
num conjunto indissociável, entre outros elementos, como povo e a soberania, em um território, que 
não pode ser privado sob pena de não ser mais Estado. 
 
 b) O território estabelece a delimitação da ação soberana do Estado. Dentro dos 
limites territoriais a ordem jurídica do Estado é a mais eficaz, por ser a única dotada de soberania, 
dependendo a soberania admitir a aplicação dentro do âmbito territorial, de normas jurídicas 
provindas do exterior (os tratados internacionais, os acordos, as convenções, etc.) 
 
 Dos aspectos acima, pode-se extrair o seguinte princípio: 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 PRINCÍPIO DA IMPENETRABILIDADE: 
 
 Face aos fundamentos anteriores a ordem jurídica estatal, atuando soberanamente em 
determinado território, está protegida pelo princípio da impenetrabilidade, o que significa 
reconhecer ao Estado o monopólio de ocupação de determinado espaço, sendo impossível que no 
mesmo lugar e ao mesmo tempo convivam duas ou mais soberanias. 
 
 A definição espacial do território estatal delimita suas fronteiras e o âmbito de validade 
jurídica de suas normas na sociedade internacional de Estados. Tal delimitação produz dois efeitos 
jurídicos principais: 
 
 a) submete tudo e todos que se encontrem no território estatal as suas normas (efeito 
positivo ou inclusivo); 
 
 b) exclui deste mesmo território, a possibilidade de vigência de outra ordem estatal 
soberana (efeito negativo ou excludente). 
 
 6.3. LIMITES TERRITORIAIS: 
 
 É importante que se faça um estudo dos limites territoriais, sobretudo, tendo em conta a 
ampla utilização ou exploração econômica do mar, de seu solo e subsolo, bem como do espaço aéreo. 
 
 a) Em terra firme, os Estados limítrofes estabelecem a delimitação ou as suas fronteiras, 
por linhas imaginárias, montanhas, acidentes geográficos, etc. Atualmente, as fronteiras dos Estados 
estão definidas, com raras exceções, ainda existem conflitos. Os limites territoriais são fixados em 
Acordos, Tratados e Convenções internacionais. 
 
 b) Extensão territorial sobre o mar: Com a crescente utilização econômicado mar, de 
seu solo, subsolo marinho, a pesca, a fauna, (superando o critério do ‗tiro de canhão‘) cresceu a 
importância do problema, esta faixa de mar passou a ser designado mar territorial. A solução adotada 
pelos países sul-americanos foi a fixação do mar territorial em 200 milhas náuticas, através de 
tratados internacionais e atos unilaterais. 
 
 c) Alto mar: A Convenção sobre os direitos do Mar (1982) considera o alto mar comum 
da humanidade. Nenhum Estado pode reivindicar a propriedade do alto mar. 
 
 d) A Antártida: Está sujeita a um tratado, desde 1959, pelo qual nenhum Estado pode ter 
qualquer pretensão territorial, exercendo soberania sobre o território antártico. 
 
 e) O espaço aéreo: O problema foi acentuado após a 2ª Guerra Mundial, sobretudo, com 
o desenvolvimento da aeronáutica, e a utilização das aeronaves com meio de transporte de 
passageiros. A partir daí sentiu-se a necessidade do estabelecimento de regras para utilização do 
espaço aéreo. Considerou-se indispensável assegurar a passagem inocente das aeronaves de 
transporte de passageiros, considerada passagem inofensiva. Isto ocorreu mediante uma convenção 
sobre aviação civil internacional, em Chicago em 1944, regulamentando o uso do direito da 
passagem inofensiva. 
 
 
26 
 
 
 Com a tecnologia das viagens espaciais, satélites lançados na estratosfera, tornou-se 
ineficaz a regra tradicional da extensão ilimitada, representada por uma coluna de ar que se estendia 
até o infinito. 
 
 Evidente que aviões de uso militar não podem adentrar no território de outro Estado, pois 
isto é considerado ato de hostilidade e violação do espaço aéreo. 
 
 7. ELEMENTO ESSENCIAL DO ESTADO – POVO: 
 
 É unânime a aceitação da necessidade do elemento pessoal para a constituição e a 
existência do Estado, uma vez que sem ele não é possível existir Estado e é para ele que o Estado se 
forma. 
 
 POPULAÇÃO: Há doutrinadores que designe como população esse elemento pessoal. 
 
 Mas, esta designação não é a melhor, vez que a população é mera expressão numérica, 
demográfica, ou econômica, segundo Marcelo Caetano, que abrange: O conjunto das pessoas 
que vivem no território de um Estado ou mesmo que se achem temporariamente. 
 
 Fazendo algumas distinções: 
 
 NAÇÃO: É outra expressão largamente usada com o sentido de povo que tem sido causa 
de grande imprecisão, provocando confusão até mesmo na legislação. MAS O QUE NAÇÃO? 
 
• O termo NAÇÃO surgiu no século XVIII com a pretensão de ser a expressão do povo como 
unidade homogênea, o termo nação adquiriu grande prestígio durante a Revolução Francesa, 
sendo utilizado para externar tudo quanto se referisse ao povo. 
 
• NAÇÃO, expressão usada inicialmente para indicar origem comum, ou comunidade de 
nascimento, não perdeu de todo tal significado, indicando, segundo Miguel Reale, uma 
comunhão formada por laços históricos e culturais e assentada sobre um sistema de relações 
de ordem objetiva. 
 
• NAÇÃO pode ser vista como uma comunidade de base histórico-cultural, pertencendo a ela 
em regra, os que nascem num certo ambiente cultural feito de tradições e costumes, 
geralmente expresso numa língua comum, tendo um conceito idêntico de vida e dinamizado 
pelas mesmas aspirações de futuro e os mesmos ideais coletivos. 
 
 “Nação é um grupo de indivíduos que se sentem unidos pela origem comum, pelos 
interesses comuns e, principalmente, por ideais e aspirações comuns. Povo é uma entidade 
jurídica; Nação é muito mais do que povo, é uma comunidade de consciências, unidos por um 
sentimento complexo, indefinível e poderosíssimo: o patriotismo” (Darcy Azambuja, pág. 58). 
 
 Por tudo isto é que NAÇÃO não se confunde com POVO. 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 7.1. NOÇÃO JURÍDICA DE POVO: 
 
 A noção jurídica de povo é uma conquista bastante recente. O indivíduo deixou de ser 
súdito do rei, para ser cidadão do Estado, portador de direitos constitucionalmente previstos, ou seja, 
a noção de povo surge apenas quando surge a Constituição como documento jurídico fundamental 
para organização jurídica do Estado e o reconhecimento de direitos que deve ser respeitados por 
todos, governantes e governados. 
 
 7.2. Evolução do conceito de povo 
 
 Na Grécia antiga indicava apenas o membro ativo da sociedade política, isto é, aquele 
que podia participar das decisões políticas, junto com estes existiam os homens livres não dotados 
de direitos políticos e os escravos, que compunham a polis ou a Cidade-Estado. Assim, quando se 
fala em povo de Atenas só se incluem nessa expressão os indivíduos que tem certos direitos, de 
modo que a maioria da população, mulheres, escravos e estrangeiros não eram portadores de 
direitos e não participavam das decisões políticas da polis. 
 
 Durante a Idade Média já menos precisa é a noção de povo, pois a extensão dos direitos 
às novas camadas da população, bem como a maior mobilidade desta, até que se começasse a 
delinear os traços do Estado Moderno, tudo isso perturbou os padrões tradicionais. Enquanto povo 
de um mesmo Estado permanecia dividido em diferentes ordenações, sem um centro unificador 
eficaz, não pôde ser concebido como uma unidade. 
 
 Durante o primeiro período do Estado Moderno, enquanto prevaleceu a monarquia 
absoluta, foi-se generalizando, sobretudo na França, a designação de cidadão, o que iria influir para 
que o conceito de povo também se ampliasse. 
 
 Com a ascensão política da burguesia, através das revoluções do século XVIII, 
apareceria, inclusive, nos textos constitucionais a ideia de povo, livre de qualquer noção de classe, 
pretendendo-se mesmo impedir qualquer discriminação
13
 entre os componentes do Estado, como 
bem se percebe pela consagração do princípio do sufrágio universal, que significa o voto igual para 
todos. 
 
 Portanto, o reconhecimento jurídico de povo se dá a partir do momento que os Estados 
passaram a ser organizados através de uma Constituição escrita que assegura ao mesmo tempo a 
limitação do poder, bem como a presença de um rol mínimo de direitos aos cidadãos (Isto é uma 
conquista do Estado Liberal, que será estudado na Unidade 02). 
 
 8. ELEMENTO ESSENCIAL DO ESTADO – GOVERNO: 
 
 O governo é o órgão diretor, o aparelho de mando e coação exercitado pelo Estado. 
Este quarto elemento do Estado manifesta-se de maneira diversa, do território e povo, pois 
pressupõe para sua existência a presença daqueles dois. 
 
13
 Na verdade, as discriminações não desapareceriam na prática, mas, afirmado o princípio, iniciou-se um esforço 
doutrinário no sentido de efetivar, em termos jurídicos, a extensão plena de cidadania. Parafraseando Alexis 
Toccqueville: a cidadania não foi simplesmente a obra de alguns homens, mas sim a culminância de um processo 
histórico. 
 
 
28 
 
 
 
 O governo integrado e composto por pessoas é extraído da população. Uma vez 
constituído, tem de localizar-se num território, onde vai manifestar a sua ação, atingindo o elemento 
humano que ocupam o território. 
 
 8.1. GOVERNO – Teor de independência 
 
 O governo é órgão de autoridade, revela a soberania do Estado, isto é, põe-na 
(soberania) em ação, através de seu poder de mando e coação, impõe regras na 
qual todos que estão no território do Estado estão sujeitos a sua obediência, sob 
pena de sofrer retaliação do Estado. 
 Assim, em sua complexidade estrutural e em sua diversidade formal, o governo 
é que, pressupondo o povo e o território, dá o caráter especial ao Estado como 
um poder de dominação, inconfundível e incontrastável, que é sua soberania. 
 Seja pelo exercício da autoridade, seja pelo sistema de funções (executiva, 
legislativa e judiciária), o governo é expressão diretora, a impor-se 
soberanamente. 
 
NÃO SE DEVE CONFUNDIR GOVERNO COM SOBERANIA, EIS QUE ESTA É TÃO 
SOMENTE A SUBSTÂNCIA DAQUELE PARA EXPRIMIR O ESTADO PERFEITO.De modo que a soberania se expressa ou é manifestada pelo governo. 
 
 ―O governo, como elemento diretivo que revela a soberania do 
Estado é seu veículo na consecução da felicidade pública tem de existir, especialmente agora 
neste apogeu da civilização, sob a égide do Direito‖. (Aderson de Menezes, pág. 142). 
 
 9. ELEMENTO FINAL DO ESTADO: O BEM COMUM 
 
 A finalidade é o elemento do Estado que diz respeito a fundamentação de sua ação. Tais 
fundamentos são simultaneamente teleológicos (isto é, são relativos aos fins do Estado) e axiológicos 
(relativos aos valores sob os quais se orienta a ação do Estado). A mais importante tarefa da política 
esta, justamente em dirigir o poder do Estado para a realização de fins considerados legítimos pelo 
povo. 
 
 Não se admite a existência do Estado sem um fim específico: A doutrina identificou como 
―O bem comum‖. 
 
 A existência da sociedade política com território e população definidos, governo soberano 
e normas comportamentais não se justificam como um fim em si mesmo, mas, sim, para que se 
alcance o bem-estar da mesma população. 
 
 Por isso, é que podemos conceituar bem comum como a realização global do ser humano, 
quer do ponto de vista biológico, quer do psíquico, o que deve ser propiciado pelo Estado. 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 CONCLUSÃO: 
 
 Assim, ―podemos dizer que o Estado realiza o bem comum à medida que mantém a 
segurança interna e externa de um povo (força, policiais armados, em última análise), constrói um 
Estado de Direito (pela aplicação efetiva das normas jurídicas e respeito aos direitos e garantias 
individuais) e atende ao bem-estar de todos.‖ (Manual de Teoria Geral do Estado e Ciência Política, 
José Geraldo Brito Filomeno, pág. 86). 
 
 10. CONCEITO DE ESTADO: Encontrar um conceito de Estado que satisfaça a todas 
as correntes doutrinárias é absolutamente impossível, pois sendo o Estado um ente complexo pode 
ser abordado em diversos pontos de vista. 
 
 Devido a dificuldade em conceituar o Estado, Dalmo Dallari, no seu livro Elementos da 
Teoria Geral do Estado, Ed. Saraiva, 20ª ed. pág. 118, levando em consideração os elementos que o 
compõem: conceituou o Estado: 
 
―Como a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um 
povo situado em determinado território.‖ 
 
 
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30 
 
 
 11. FORMA DE GOVERNO – FORMA DE ESTADO – REGIME DE GOVERNO – 
SISTEMA DE GOVERNO
14
 
 
 Inicialmente faremos uma distinção entre ―formas de governo‖, ―formas de Estado‖, e 
―regimes de governo‖ e ―sistemas de governo‖. Esta distinção é muito importante, por isso, não 
confundi-los, pois cada um tem uma função específica na compreensão do estudo do que será 
denominado genericamente como formas de governo. 
 
 Forma de governo: Modo pelo qual o Estado se organiza e se estrutura, com o 
objetivo de exercer o poder político. 
 
 Regime de governo e sistema de governo: São relações que podem existir entre 
o Poder Executivo e o Poder Legislativo em determinado Estado, para o 
exercício do poder político. 
 
 Forma de Estado: Tem por finalidade classificar os Estados nas suas relações 
com os seus elementos constitutivos: povo, território estatal, governo. 
 
 11.1. CONSIDERAÇÕES: 
 
 Genericamente conceituando, formas de governo é o modo pelo qual o Estado se 
organiza e exerce a suas atividades, ou seja, são as maneiras pelas quais o poder político se 
exterioriza através de seus órgãos políticos, para exercer as atividades típicas do Estado. 
 
 Assim, as formas de governo expressam o modo de realização dos fins do Estado e do 
exercício do poder político. 
 
 11.2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS FORMAS DE GOVERNO: 
 
 Segundo orientação descrita por diversos autores é possível traçar uma genuína evolução 
histórica no que diz respeito ao que estou chamando de formas de governo. Inicialmente é bom 
lembrar que a evolução histórica teve o seu marco de surgimento na Grécia antiga. 
 
 Neste período, vale mencionar nomes como Platão e Aristóteles, que foram os primeiros a 
apresentar conceitos concretos sobre a concepção binária Estado/Governo. 
 
 a) Concepção de Platão 
 
 Para Platão o Estado seria conceitualmente o poder absoluto capaz de controlar a vida e 
a liberdade de cada cidadão. E governo, tendo sua função finalística, teria por base a filosofia, 
devendo ser entregue aos filósofos. 
 
 Platão classifica as formas de governo em três diferentes grupos: Monarquia (governo 
de um só), incluindo a monarquia que poderia ser real, legal e a tirânica. Governo de um grupo, 
incluindo a aristocracia e a oligarquia, e a democracia, se apresentando em duas diferentes 
versões: legal e arbitrária. 
 
14
 Estas nomenclaturas não são unânimes na doutrina, quiçá na legislação. Por isso, utilizaremos neste tópico a 
nomenclatura utilizada por Reis Friede, no seu livro Curso de Ciência Política e Teoria Geral do Estado. 
 
31 
 
 
 b) Concepção de Aristóteles 
 
 Para Aristóteles o governo seria, tendo em vista a sua finalidade, a autoridade suprema 
do Estado, podendo ensejar a permanente possibilidade de deturpação no seu regular exercício. 
 
 As formas ―puras‖ de governo, são aquelas que o governante atende os interesses 
públicos: 
 
 a) monarquia (governo de um) 
 b) aristocracia (governo de um grupo minoritário) 
 c) democracia (governo da maioria) 
 
 As formas ―impuras‖ de governo são aquelas em que o governante visa primeiro o 
interesse particular, esquecendo o interesse público. 
 
 a) tirania, forma impura da monarquia. 
 b) oligarquia, forma impura da aristocracia. 
 c) demagogia, forma impura da democracia. 
 
 c) Concepção de Políbio de Megalópoles 
 
 Baseou-se nas magistraturas de Roma. Políbio conceituou as formas de governo, levando 
em consideração dados históricos, apontando como governo ideal a união da monarquia (quando 
exercida pelos cônsules), aristocracia (quando exercida pelo senado) e democracia (quando 
exercido pelo tribuno da plebe), reunidas estas formas de governo seriam capazes de promover o 
bem-estar social. 
 
 d) Concepção de Maquiavel 
 
 Em sua obra O Príncipe, Maquiavel sugere a seguinte classificação contemporânea de 
forma de Governo: 
 
 a) monarquia: se caracteriza pela vitaliciedade da chefia estatal pelo monarca. 
 b) república: é a forma de governo que tem como traço comum, o poder exercido pelos 
mandatos políticos, por tempo determinado. 
 
 Na sua concepção política apregoava um governo desassociado da moral (inaugurou a 
teoria da lógica do poder como independente da religião e da ética, e da ordem natural). Rejeitou 
a distinção entre formas puras e impuras de Aristóteles. 
 
 e) Concepção de Montesquieu 
 
 Por sua vez, Montesquieu investigando as leis que derivam diretamente da natureza do 
governo, diz existir três espécies: 
 
 a) o republicano, 
 b) o monárquico, e 
 c) o despótico 
 
32 
 
 
 
 ―O governo republicano é aquele que o povo, como um todo, ou somente uma parcela do 
povo, possui o poder soberano; a monarquia é aquela em que um só governa, mas de acordo com 
leis fixas e estabelecidas, enquanto, no governo despótico, uma só pessoa, sem obedecer a leis e 
regras, realiza tudo por sua vontade e seus caprichos‖. 
 
 11.3. FORMAS DE GOVERNO CONTEMPORÂNEAS: Da doutrinação especial de 
Aristóteles, Maquiavel e Montesquieu, resultaram nas formas de governo da atualidade, e foram 
reduzidas a duas vertentes básicas: monarquia e república. 
 
 Contudo, segundo Reis Friede, a modificação conceitual das formas de governo 
decorreu, sobretudo: 
 
 A) Da ampla necessidade de estabelecer um critério mais preciso quanto ao aspecto de 
permanência temporal (aquisição

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