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CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA DO ESTADO
ESTADO E SOBERANIA
Caio Benevides Pedra
Olá!
Esta nova unidade busca apresentar alguns dos grandes pensadores da Ciência Política e do Estado. O material é
uma referência do conteúdo básico da disciplina, então é essencial a leitura de outras fontes de pesquisa. A
leitura deve ser realizada pensando o contexto histórico e as transformaçõessociais.
Traremos elementosteóricos e práticos do surgimento do Estado e da sua relação com o poder. Nos tópicos
sobre a separação de poderes, os regimes políticos e as formas de Estado, trazemos a possibilidade de
comparar o conteúdo com as informações e notícias atuais. Sugerimos, inclusive, que o leitor pense o mundo
atuala partir dos conceitos debatidos.
Bons estudos!
1.0 Estado e soberania: a visão dos clássicos do
pensamento político
O estudo da soberania é ponto importantíssimo na disciplina Teoria do Estado moderno,já que se trata de um
dos elementos essenciais na formação do Estado.
Mas mesmo antes deste conceito de Estado, a soberania era tema dos pensadores políticos que, por sua vez,
influenciaram a construção teórica do que hoje é chamado de governo soberano e que traz os desafios
contemporâneos sobre o tema. Por isso, é necessário compreendermos alguns pontos das teorias mais
comentadas na doutrinaclássica.
Assista aí
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/69a8c70b0a4ddd579c632552d8f4687f
1.1 Doutrinas teocráticas
Inicialmente, destacam-se as doutrinas ou teorias teocráticas, que desenharam o poder soberano de uma forma
em que a legitimação última do exercício da soberania recaía sobre um elemento divino ou natural.
É importante ter em mente que durante parte do Império Romano e a Idade Média os filósofos eram pessoas
ligadas direta ou indiretamente à religião. Além disso, o fundamento religioso operava na ordem de uma
ideologia que compunha o paradigma destes tempos, principalmente na Idade Média.
Por esse contexto, os teólogos assumiram um papel de destaquenateoria filosófica, política e social. Estes, por
sua vez, escreveram que todo poder vem de Deus (omnis potestas a Deo).
Teólogos como Belarmino e Santo Tomás de Aquino fundamentaram a soberania no poder divino, mas
ressaltavam que este poder passava pelo povo. Para Santo Tomás de Aquino, o modo como a soberania se
externaliza e é usada são formas de manifestação do Homem, mas é Deus quem confere o poder soberano. Assim,
para o autor, quando os homens ultrapassam os limites e os princípios divinos, eles são injustos, o que nos
permite dizer que, apesar de haver alguém que exerce o poder soberano, quem traz as regras e a legitimidade é
um poder divino, de tal forma que há um parâmetro para analisar se o poder tem sido exercido conforme a
vontade e as leis divinas. A síntese do pensamento de Santo Tomás de Aquino é expressada como: Omnis
potestas a Deo per populum - Todo poder vem de Deuspelo povo.
Para compreender este ponto, é importante saber que, dentre os diversos teóricos que explicavam a Soberania
como um poder advindo de Deus, cada um possuía sua análise, tendo complexidades e nuances diferentes que
não cabem a este estudo aprofundar. Destacamos,inclusive, que Azambuja menciona autores que, ao trazerem o
elemento do povo para a questão da soberania,já o fizeram em razão das aspirações democráticas.
“A teoria do direito divino providencial, cujos mais ilustres intérpretes modernamente foram De
Maistre e Bonald, ensinava que Deus não intervém diretamente para indicar a pessoa que deve
exercer o poder, mas indiretamente, pela direção providencial dos acontecimentos humanos. E, pois,
uma doutrina semelhante à de Santo Tomás.” (AZAMBUJA, 2008, p. 77).
1.2 O poderpolítico em Nicolau Maquiavel
Nicolau Maquiavel escreveu o famoso livro O Príncipe, de 1513, considerado como um dos textos que funda a
Política como arte de governar o Estado.
Assim, o exercício do poder seria uma forma de manutenção do próprio poder e da estabilidade do Estado, sendo
que a política “era precisamente a arte de conquistar o poder político, conservá-lo e exercê-lo” (AZAMBUJA,
2008, p. 27), razão pela qual a política, o poder e a soberania estão intimamente imbricados em Maquiavel.
Para Azambuja (2008), Maquiavel não quis classificar entre bons e maus os governos. Pelo contrário, quis tentar
sair desta classificação para mostrar como a história possui ciclos fatais, em que homens bons tentam derrubar o
governo anterior, mas seus filhos que não vivem os sofrimentos dos pais acabam por cometer injustiças com os
governados, e assim serão depostos.
A análise empírica de Maquiavel é inserida no contexto de uma Itália instável, formada por diversos estados
assimétricos e com invasões constantes, daí a preocupação central em estabelecer um poder político que consiga
perpetuar no tempo. Mário Lúcio Quintão Soares afirma:
“Maquiavel deve ser analisado em seu contexto histórico, pois foi fiel à sua época e à sua classe, ao
justificar a organização das monarquias nacionais absolutas como forma política do Estado moderno
que permitiria e facilitaria um ulterior desenvolvimento das forças produtivas do capitalismo”
(SOARES, 2011, p. 49).
O autor analisou e trouxe diversas virtudes as quais o bom soberano deveria ter para unificar a Itália,
como ser um príncipe protegido pela fortuna e dotado de virtú. Dessas qualidades, o governante acabaria
por necessitar da sorte, em razão dos elementos externos que estão fora de seu alcance, além de ambição e
sabedoria para tomar as decisões políticas.
A somatória destas e outras características elencadas na obra traria o consentimento dos cidadãos, que
por sua vez permaneceriam fiéis ao poder soberano.
1.3 O conceito de soberania em Jean Bodin
Jean Bodin publicou em 1576 a obra Os Seis Livros da República, que teve grande impacto sobre a temática da
política, poder e soberania.
Mario Lúcio Quintão Soares (2011) relata como Jean Bodin foi o primeiro autor a descortinar o elemento da
Soberania e a buscar sua justificativa. Esse poder soberano clássico, também chamado de summa potestas, não
tinha relação como hoje a um direito internacional, mas em um âmbito interno. Era o poder absoluto e eterno
que não conhecia limites por ninguém, pois não havia autoridade superior ao soberano (majestas est
summa in cives ac súbditos legisbusque soluta postesta). Era exceção justamente aquele que legitimaria este
poder: Deus e as leis divinas.
Nina Ranieri (2019) aponta como Bodin, em Os Seis Livros da República, buscou uma abordagem empírica do
Estado, principalmente em razão da crise de justificação do final do século XVI. Por isso ele também tinha relação
com um modelo absolutista, no sentido de conferir legitimidade a este modelo que poderia trazer estabilidade às
nações europeias naquele momento. Ranieri afirma que, “a despeito da descrição empírica da realidade estatal e
de suas exigências, nele se percebe, sobretudo, o desejo de restaurar o equilíbrio entre Moral e Política, entre
Direito e Poder.” (RANIERI, 2019, p. 65).
Bodin afirmava, inclusive, que a nação que possuía algum tipo de vínculo jurídico com outras nações, como
tratados, por exemplo, não poderia ser chamada de Estado soberano. Segundo ele, um Estado que precisa de um
acordo com outro Estado não pode se considerar soberano. Se o cerne do poder político é a capacidade de
legislar sobre todos que estão abarcados por tal manifestação política de forma irrestrita, independentemente do
consentimento, então os tratados internacionais que impõem limites às nações iriam de encontro à sua noção de
soberania.
Dos escritos de Bodin, podemossintetizar que a soberania é esse poder perpétuo, inalienável e imprescritível
que não tem limites senão em Deus.
Contudo, uma visão rápida poderia nos levar ao erro de acreditar que o Soberano poderia tudo. Mario Lúcio
Quintão Soares (2011) anota que, da limitação das leis divinas, o summa potestas deveria observar certos limitescomo a própria finalidade do Estado e do direito natural, as leis de sucessão ao trono, os tratados que o Soberano
pactuasse (em razão do princípio pacta sunt servanda) e o consentimento dos estamentos.
A importância da teoria de Bodin, principalmente para superação do feudalismo, é indiscutível. No entanto, por
outro lado, o fortalecimento do âmbito internacional e dos tratados é justamente um dos elementos que
possibilitou que os Estados exercessem sua soberania com mais estabilidade política, como será visto a partir da
Paz de Westphalia e a teorização do Estado moderno.
1.4A teoria contratual da origem do Estado
As teorias contratualistas estão inseridas em um movimento jusnaturalista que buscam explicar as relações
sociais e a formação do Estado em umabase hipotética racional, em que é pressuposto um acordo entre as
pessoas em algum momento após o estado de natureza. Assim, as associações só existem porque os homens
aceitarem se reunirem nestes moldes.
Neste sentido, destacamosas palavras de Nina Ranieri:
A doutrina contratualista abriga uma grande diversidade de justificações a respeito do porquê os
homens decidiram unir-se e viver em sociedade. O ponto comum a todas é a negação do impulso
associativo espontâneo como elemento-chave do contrato social: o contrato social é intencional e
representa (RANIERI, 2019, p. 254).
Assim, antes de o ser humano viver em uma sociedade com regras, estruturada em algum arranjo racional, ele
teria vivido na natureza, de forma primitiva e apenas em busca da sobrevivência.
Deste modelo de supor como ocorreu a evolução da humanidade é que foram criadas as teorias contratualistas,
que foi descrita por alguns autores. A partir de agora, vamos entender um pouco melhor quem são eles e quais
suas principais características.
1.5 O estado absoluto de Thomas Hobbes
Thomas Hobbesviveu entre 1588 e 1679, e tem como principal obra O Leviatã. No que diz respeito à justificativa
do Estado e de sua soberania, o autor afirmou que o homem vivia em um estado de natureza anárquico e caótico,
em que o indivíduo vivia ameaçado pelas incertezas, o ataque de oponentes e a morte.
Esse modelo imaginado seria a guerra de todos contra todos, criando no homem um instinto agressivo sempre
presente e natural.
O ser humano vivia em guerra com outros seres humanos em busca de poderes, e somente um governo poderia
punir os excessos destes e possibilitaria a vida em sociedade. Segundo Hobbes, somente o medo da morte faz
com que as pessoas busquem uma organização para se protegerem das outras.
Para pôr fim a essa situação caótica, o homem permitiu que um poder comum governe em benefício de todos.
Essa autoridade política única, que traria a estabilidade e segurança da vida das pessoasseria, então, o Estado.
O Estado seria, portanto, uma abdicação da liberdade total do ser humano, por isso um mal, um monstro, o
Leviatã.
Utilizando-se da imagem bíblica do monstro marinho Leviatã, descreve [Hobbes] o Estado,
significativamente, como o ente que assimila organicamente todos os integrantes da sociedade
política: “uma pessoa de cujos atos uma grande multidão, mediante pactos recíprocos uns com os
outros, foi instituída por cada um como autora, de modo a ela poder usar a força e os recursos todos
da maneira que entender conveniente, para assegurar a paz. (RANIERI, 2019, p. 258).
Esse mandatário teria, para Hobbes, poderes ilimitados, indiscutíveis e absolutos. Uma soberania ilimitada e
acima da moral. O que, no contexto histórico, era exatamente a teoria que os monarcas absolutistas queriam
encontrar.
Podemos afirmar, a partir destes elementos e das leituras sobre Hobbes que o ser humano, sob o medo da
morte, decide abdicar de parte da sua liberdade para criar o Estado.Este, por sua vez, terá seu poder e
soberania para garantir a liberdade e segurança dos indivíduos.
1.6 O estado liberal de John Locke
John Locke viveu entre 1632 e 1704, desenvolveu um contratualismoliberal para justificar o Estado e o exercício
de sua soberania. De forma diversa de Hobbes, não propunha um Estado absolutista.
Para o autor, todos os homenssãoiguais, e essa premissa é muito importante para justificar o direito natural de
cada indivíduo em ser livre. Dessa forma, o homem inserido em um estado natural percebeu que era necessário
criar leis para trazer estabilidade e restabelecer a igualdade e a justiça entre as pessoas que, por sua vez, teriam
sido ameaçadas com a formação das sociedades.
Sahid Maluf (2009) destaca que na obra Ensaio sobre o governo civil, Locke desenvolve uma teoria que
justificaria o Estado inglês do final do século XVII. O autor destaca que Locke afirmou que as pessoas podem
delegam parte de suas liberdades, mas que o fariam apenas com aquelas relacionadas às relações
externas, em sociedade. Assim, por outro lado, algumas liberdades e direitos fundamentais seriam
indelegáveis, e o Estado não teria a possibilidade de restringi-los aos indivíduos:
O homem não delegou ao Estado senão os poderes de regulamentação das relações externas da vida social, pois
reservou para si uma parte de direitos que são indelegáveis. As liberdades fundamentais, o direito à vida, bem
como todos os direitos inerentes à personalidade humana, são anteriores e superiores ao Estado.” (MALUF,
2009, p. 77).
É interessante perceber que em Locke, apesar do grande destaque dado às liberdades em umalógica naturalista
e racionalista, o autor coloca a questão ao lado do bem comum. Esta questão seria a razão de ser do Estado,
formado por um contrato nitidamente objetivo para garantir o bem comum, juntamente com as
liberdades.
Azambuja (2008) também extrai de Locke a ideia de que o poder deve ser exercido pela maioria que, consente
expressamente quandose cria a sociedade estatal e, tacitamente, os seus descendentes. Para o inglês, a melhor
forma de se governar a sociedade seria pela democracia, só sendo admitido um monarcacaso haja um legislativo.
Destacamos, inclusive, que apesar da notoriedade de Montesquieu e sua teoria sobre os três poderes e os
respectivos órgãos, John Locke em sua defesa pela democracia já distinguia os poderes, com destaque para a
função dolegislativo.
1.7A soberania popularde Jean Jacques Rousseau
Jean Jacques Rousseau (1712-1778) é considerado por Maluf (2009) como o teórico contratualista que mais
aprofundou em estudos sobre a justificação do Estado e a soberania, como o autor que mais inspirou a Europa e
a América no século XVIII.
Maluf continua e afirma que em Rousseau temos a afirmação de que a soberania não vem da coroa, mas
dos indivíduos que, a partir da vontade da maioria, convencionam pelo surgimento do Estado.
Neste sentido, considerando que a soberania é do povo, ela nunca poderá ser limitada por um governante, que
deverá garantir o bem comum sob pena de, em algum momento, ser retirado do poder, até mesmo com um novo
pacto a fundar um novo Estado.
Para Rousseau, o homem era livre e feliz, e a sociedade e a propriedade privada trouxeram consequências
negativas aos homens. Para evitar maiores desigualdades e proteger aqueles que foram subjugados é que foi
criado o Estado.
O problema social consistia, assim, em encontrar uma forma de associação capaz de proporcionar os
meios de defesa e proteção com toda a força comum, às pessoas e aos seus bens, e pela qual cada um,
unindo-se a todos, não tivesse de obedecer senão a si próprio, ficando tão livre como antes do pacto”.
(MALUF, 2009, p. 81)
Assim, o homem abre mão de parte da sua liberdade por meio de um contrato social, que terá um poder político
que é a vontade geral. Sobra a cada indivíduo uma parcela da soberania, e por isso a necessidade de uma maioria
para a manutenção do Estado.
As leis trazem, portanto, a vontade geral e o conteúdo das normas deste contrato social que funda e
mantém o Estado. Mario Lúcio Quintão Soares (2011) destaca que o homem abre mão da sua liberdade natural
e, em contrapartida, recebe a liberdade civil.
Outro importante ponto paraa compreensão do Estado segundo Rousseau é compreender que só há a soberania
popular quando os governados e os governantes possuem convergência e uma consequente ação estatal que
respeite a vontade do povo: a democracia (SOARES, 2011).
-10-
 
Fonte: Lisa-S, Shutterstock, 2020
HPraCegoVer: Juiz segurando umlivro grandee virando a página. Não é possível ver o rosto dojuiz.
-11-
2.0 Montesquieu, os três poderes e asleis
A divisão dos poderes é um desenho do exercício dos poderes políticos pelo Estado, também conhecido como
sistema de freios e contrapesos ou, na forma americana, checks and balances system. Juliano Bernardes e Olavo
Ferreira (2019) afirmam que esta forma de distribuir o exercício dos poderes foi pensada por Aristóteles, John
Locke e Jacques Rousseau, apesar de que a definição e divulgação se deu mesmo com Montesquieu, enquanto
que para Soares (2011) a ideia remonta a Platão, tendo Montesquieu inovado quanto à distinção orgânica entre
esses poderes.
Charles-Louis de Secondat, barão de La Brêde e de Montesquieu, ficou conhecido apenas como Montesquieu, e
tem grande importância no estudo das ciências políticas, do estado e do direito, principalmente pelo seu livro L'
esprit des lois, traduzido como O espirito dasleis, de 1747.
Destacamosque, apesar de o autor ser muito citado pela teoria da separação dos poderes, o referido livro não se
resume a isso, sendo na verdade uma teorização sociológica dos governos, do direito e das organizações
políticas. Destaca-se que, inserido em uma onda iluminista, o autor permanece na tentativa de explicar a
sociedade a partir de leis naturais.
Mario Lúcio Quintão Soares destaca que a obra “rompe com a tradicional submissão da política à teologia, ao
definir leis, em seu significado mais amplo, como relações necessárias derivadas da natureza das coisas (liv. I,
cap. 1)” (SOARES, 2011, p. 65).
Para Soares, Montesquieu contemplou em um Reino Unido construída como protótipo os seguintes poderes:
“O Legislativo:
como vontade geral do Estado, deve ser confiado aos representantes do povo e a uma assembleia de nobres,
retratando o pluralismo político do parlamento. Este, como órgão representativo da comunidade política, deve
ser dotado de competência para criar leis por um tempo ou para sempre, e corrigir ou anular aquelas que foram
feiras, e, ainda, servir de obstáculo às eventuais arbitrariedades perpetradas pelo monarca” (SOARES, 2011, p.
66-67);
“O Federativo:
como poder executivo das coisas atreladas ao direito das gentes, deve ser conferido ao príncipe ou magistrado,
encarregado de fazer a paz ou a guerra, exercer o direito de legação, instaurar a segurança e prevenir invasões
estrangeiras” (SOARES, 2011, p. 66-67);
-12-
“O Executivo:
como executivo da vontade geral do Estado ou daquelas coisas que dependem do governo civil, deve ser
outorgado a um monarca inviolável, rodeado de ministros responsáveis, incumbidos da execução das leis. O
poder de julgar os crimes e decidir sobre querelas entre os particulares deve ser exercido por pessoas tiradas do
meio do povo, em certos momentos do ano, de maneira prescrita na lei, para formar um tribunal que só dure o
tempo necessário que a necessidade requer”. (SOARES, 2011, p. 66-67).
Nina Ranieri (2019), aponta que no estudo das leis dos governos e na tentativa de garantir a liberdade de se
fazer aquilo que a lei permite, essa separação de poderes proposta por Montesquieu visa limitar e moderar o
poder do Estado. Dessa forma, se cada um dos poderes for independente, com a possibilidade de frear os abusos
do outro, teríamos uma organizaçãoestatal racionalmente limitada.
A autora aponta como Montesquieu centrava seu pensamento em uma supremacia do parlamento britânico, com
a fórmula King in the Parliament, que busca exatamente desconcentrar o poder, para que ele não ficasse
acumulado em uma única mão. Daí a necessidade de funções dividas, harmoniosamente, sem haver usurpação.
Os poderes seriam separados e complementares.
Em síntese, o avanço teórico de Montesquieu é pensar a divisão das funções estatais também em órgãos. Cada
órgão teria uma das três funções do poder estatal, o que, para a época, trazia um modelo racional de superar o
absolutismo centralizador.
Em umaanálise mais criteriosa e científica, devemosalertar que o mais adequado não é considerar uma divisão
dos poderes, uma vez que o poder político é uno, indivisível e indelegável. Mas, há uma divisão de funções entre
órgãos autônomos, independentes e harmônicos.
Nesse modelo de divisão de funções, três órgãos acabaram por receber o nome de poderes, cada um com suas
funções precípuas.
As constituições norte americanas e francesas, do final do século XVIII, tiveram grande influência deste
pensamento orgânico da separação das competências dos poderes. Era um movimento em que além do
pensamento federalista, havia também o discurso sobre a limitação do Estado e seu controle, como alguns
artigos escritos por James Madison e Thomas Jefferson.
Manoel Gonçalves Ferreira Filho (2015) destaca que a divisão funcional dos poderes nas democracias ocidentais
não foi fruto de uma genialidade de um teórico inspirado, mas o resultado da prática do constitucionalismo
inglês que consagrou o Bill of Rights de 1689. Neste sentido, podemos destacar também o empirismo federalista
norte americano.
O conceito de checks and balances está preconizado na Constituição norte americana, logo nos três primeiros
artigos. Sugerimos a consulta do documento, para a melhor compreensão deste arranjo, em que os papéis estão
-13-
bem delimitados, inclusive com mecanismos de controle, como o julgamento de impeachment do Presidente dos
Estados Unidos, que será presidido pelo Presidente da Suprema Corte e julgado pelos senadores.
Assim, com a teoria de Montesquieu atualizada nos tempos atuais, podemos dizer que temos o Poder
Legislativo, Poder Executivo e o Poder Judiciário.
O poder legislativo tem como razão de ser a representação da população e, quando for caso, dos entes federados
para criar e extinguir leis, bem comofiscalizar as ações do poder executivo para o cumprimento fiel da legislação.
O poder executivo, assim, tem a competência de executar as leis, políticas públicas, serviços públicos e as
atividades decorrentes da administração da máquina estatal, sendo, por isso, chamada também de função
administrativa.
Por sua vez, o poder judiciário tem a competência de analisar a lei nos casos concretos quando provocado,
resolvendo os conflitos de interesses existentes na sociedade, para que todas as pessoas, inclusive o estado,
sejam compelidas a obedecer a legislação.
Podemos assim,sintetizar a divisão entre as competências típicas dos órgãos estatais:
a) Poder legislativo:
legislar e fiscalizar - art. 44 da CF/88.
b) Poder executivo:
administrar o estado — art. 76 da CF/88.
c) Poder judiciário:
julgar casos concretos - Art. 92 da CF/88.
Apesar deste modelo bem delimitado de competências, a explicação teórica teve de criar aquilo que
convencionou-se chamar de funções atípicas dos poderes estatais. Isso ocorreu porque, apesar de cada órgão ter
sua competência justificada em um sistema que traz equilíbrio para o Estado, a prática exige que algumas
funções sejam exercidas, excepcionalmente, por aquele que originalmente não teria tal competência.
Como visto, se a separação funcional e orgânica dos poderes se dá para evitar o abuso e a concentração de
poderes em um só órgão, a teoria estatal criou mecanismos de fiscalização e responsabilização dos poderes
estatais, o que Pedro Lenza (2019) chama de desenho institucional dos freios e contrapesos.
Destacamos que este desenho institucional variará conforme cada ordenamento jurídico, se mencionamos os
três primeiros artigos da Constituição norte americana como exemplo, em nosso ordenamento este arranjo é
feito em diversos artigos. Pedro Lenza destaque os seguintes:
art. 5º, XXXV:
-14-
o Poder Judiciário pode rever atos de determinada CPI (Legislativo)que extrapolem o postulado da reserva
constitucional de jurisdição, quando, por exemplo, o seu presidente expede um mandado de busca e apreensão
em total violação ao art. 5º, XI;
art. 52, I:
compete privativamente ao Senado Federal (legislativo) processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da
República (Executivo) nos crimes de responsabilidade;
art. 53,8 1º,c/co art. 102, I, “b”:
eventual condenação pelo STF (Judiciário) de parlamentar federal corrupto (Legislativo) que se vale de seu
cargo para indevidamente enriquecer (cf. julgamento do denominado “mensalão” na AP 470);
art. 62:
as medidas provisórias adotadas pelo Presidente da República (executivo) poderão ser rejeitadas pelo
Congresso Nacional (Legislativo);
art. 66,8 1º:
o Chefe do Poder Executivo pode sancionar ou vetar projetos de lei aprovados pelo Parlamento (Legislativo);
art. 66,89 4º a 6º:
o Parlamento (Legislativo) poderá “derrubar” o veto lançado pelo Chefe do Poder Executivo;
art. 66,8 7º:
se a lei não for promulgada dentro de 48 horas pelo Presidente da República (Executivo), nos casos dos 84 3º e
5º, o Presidente do Senado (Legislativo) a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-
Presidente do Senado (Legislativo) fazê-lo;
art. 63,1 e II:
cabe emenda parlamentar (Legislativo) em projeto de lei de iniciativa exclusiva do Presidente da República
(Executivo);
art. 64,8 1º:
o Presidente da República (executivo) poderá solicitar urgência para o Parlamento (Legislativo) apreciar os
projetos de sua iniciativa;
art. 97:
-15 -
os juízes (Judiciário) poderão declarar a inconstitucionalidade de lei (Legislativo) ou ato normativo do Poder
Público (inclusive, como exemplo, de decretos autônomos elaborados pelo Executivo);
art. 101, parágrafo único (c/co art. 52,III, “a”,e o art. 84, XIV):
os Ministros do STF (Judiciário) serão nomeados pelo Presidente da República (Executivo), depois de aprovada a
escolha pela maioria absoluta do Senado Federal(Legislativo);
art. 102,1, “a”:
compete ao STF (Judiciário) declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual
(Legislativo). (LENZA, 2019, p. 569-570).
Temos, portanto, as funções típicas de cada um dostrês poderes, que justificam a existência de cada um
destes órgãos, e as funções atípicas, que possuem uma natureza distinta daquela originariamente
pensada para cada um dostrês poderes.
Para ilustrar e não deixar dúvidas: o poder legislativo tem como função típica legislar e fiscalizar, contudo, ele
também julgará o Presidente da República nos crimes de responsabilidade. Importante: essa funçãoatípica está
prevista na constituição e, exatamente porisso, é uma exceção legítima dada ao poder legislativo.
Atenção: O STF (na ADIn 135/PB) já manifestou que o judiciário e o legislativo também terão de exercer a
função administrativa Contudo,tal atividade não é uma exceção às competências dos órgãos. Se a independência
destes órgãos dá a eles a garantia de gerirem seu patrimônio e suas atividades internas, uma consequência é que
eles terão de gerir os servidores públicos que lá trabalham, executar os contratos de compra e prestação de
serviço, realizar licitações, dentre várias outras atividades consideradas administrativas.
É importante perceber que essas atividades serão unicamente no âmbito de cada um dos dois poderes
mencionados e para a fiel execução das suas atividades finalísticas (típicas) e, portanto, trata-se apenas de meio
necessário para seu funcionamento.
- 16 -
3.0 Regimes políticos
Os regimes políticos são formas de concretização de ideias de como se exercer o poder e tomar decisões no
Estado. Manoel Gonçalves Ferreira Filho (2015) explica que, apesar da falta de consenso entre terminologias, é
possível dizer que o sistema político é normatizado pela Constituição do Estado e o regime é o modo efetivo
como esse sistema é exercido. Logo, se a Constituição for inteiramente respeitada, o sistema político e o regime
político serão equivalentes.
Esses regimes são conceituados de formas opostas entre os democráticos e os autoritários, sendo certo que essa
classificação se dá gradualmente, a partir da análise de diversos instrumentos estatais de tomadas de decisão e
exercício do político.
Assista aí
https: //fast.playerliquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2
 
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3.1 Regimesautoritários
Azambuja (2008) aborda aquilo que compreendemos como regime autoritário e como ditadura. Diversos outros
autores, como Ferreira Filho (2015), Maluf (2009) e Ranieri (2019), dedicam-se pouco a falar do autoritarismo
enquanto regime político porque, em alguma medida, sua antítese é o regime democrático.
Por sua vez, a democracia é um regime que poderá ser graduado, de forma que permite uma comparação entre
regimes ou teoria de sistemas políticos, para concluirmos se o regime é mais ou menos democrático do que o
comparado.
Dessa forma, um estado autoritário é aquele que tem menos instrumentos de decisão política considerados
democráticos.
Podemos dizer que alguns regimes autoritários se instauram sob a justificativa de transitoriedade e por isso
podem, a depender do caso concreto, ser chamados desta forma: regimes de transição.
De toda sorte, se a reflexão perpassa pelo debate atual de regimes de governo, bem como os tratados
internacionais e os debates que focam nos direitos humanos, esses regimes autoritários, ainda que transitórios,
seriam considerados reprováveis.
Podemos afirmar, portanto, que os regimes autoritários são aqueles em que há supressão ou redução de
direitos fundamentais e de instrumentos democráticos que possibilitam à população participar da
instância política do Estado.
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3.2 Regimes democráticos
Os regimes democráticos trouxeram uma complexidade maior na intervenção do Estado na vida dosindivíduos.
Diferentemente do que propunhao liberalismo político, o Estado está presente de forma intensa na vida dos
cidadãos mas, por outro lado, busca não restringir direitos individuais. Além disso, são exigidas dele
intervenções para que os projetos de vida, múltiplos, possam ser exercidos. Há o crescimento da esfera pública e
da participação popular, bem como um espaço de possibilidade de diálogo em que os cidadãos possam deliberar
sobre a vida pública.
Depois da segunda guerra mundial, algumas Constituições, como a de Bonn (Alemanha - 1948), a Constituição
italiana de 1948, espanhola de 1978, a portuguesa de 1976 e a brasileira de 1988, são exemplos de Estados que
adotaram regimes democráticos que visam o reconhecimento da diversidade e do pluralismo social.
As Constituições passam a ter uma importância de destaque. Com um papel mais do que político, assumem a
supremacia em um sistema jurídico que serve de contenção para abusos das demais esferas da sociedade,
incluindo os poderes econômico e político.
Neste contexto, o legislativo tem seu papel reafirmado, pois é a instância na qual a vontade popular se manifesta.
Contudo, o poder judiciário passa a ser o órgão constitucionalmente legitimado para ser o guardião do sistema
jurídico e das instituições.
Os direitos humanos passam a integrar os princípios democráticos em seu rol na terceira onda geracional e,
numa via de mão dupla, os Estados democráticos somente serão assim considerados se há um elevado grau de
tutela aos direitos humanos. Assim, só podemos falar em um Estado democrático se a participação popular vier
acompanhada de proteção efetiva aos direitos humanos.
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3.3 Regimestotalitários
Para Manoel Gonçalves Ferreira Filho (2015), o regimetotalitário
“Apresenta-se marcado por uma ideologia oficial, um partido único, de massa, que controla toda a
mobilização política e o poder concentrado em mãos de um pequeno grupo que não pode ser
afastado do poder por meiosinstitucionalizados e pacíficos.” (FERREIRA FILHO, 2015, p. 107).
Nina Ranieri (2019) anota que, filosoficamente, os Estados totalitários se opõem aoliberalismo,e no plano dos
regimes políticos à democracia. Tal forma de organização política parte do pressuposto de que o Estado é
eticamente superior aos indivíduos, razão pela qual se colocam de forma a suprimir a individualidade em nome
do bem comum, com um único governante ou partido.
O Estado que adota tal regime não admite conceitos que estejam fora da máquina estatal e, por isso, aniquilam a
subjetividade e a identidade dos indivíduos. Suas ações só poderiam ser aquelas autorizadas pelo poder
Soberano.
Apesar dessa oposição ao modelo filosófico liberal, Azambuja (2008) anota que na perspectiva política não há
uma identificação com as teorias, sendo possível encontrarmos estados totalitários com ideias socialistas, como a
União Soviética, ou modelos capitalistas como naItália Fascista.
Como forma de demonização ideológica, esses regimes políticos utilizam do discurso nacionalista, em busca de
identidade popular que coadune com a ideia de povo, em que as pessoas convirjam para esse bem comum que o
Estado simbolizaria e materializaria.
Apesar de ter semelhanças práticas entre Estados liberais e o Estado autoritário (autoritarismo), eles não se
confundem, pois a ideia de oposição política não existe em nenhuma medida no totalitarismo que, como o nome
indica, tem tudo sob o domínio do governante ou seu partido.
Os clássicos exemplos de Estados totalitários, que foram responsáveis por anularem direitos individuais e
colocarem o Estado sempre acima do indivíduo, foram a Alemanhanazista, a Itália fascista e a União Soviética.
Recomendamos ao estudante que se aprofunde sobre o tema, que é de grande relevância no momento político
atual e, assim, possa formar sua opinião enquanto cidadão crítico. Sugerimos a leitura do livro literário 1984, de
George Orwell, e da obra política As origens do totalitarismo, de Hannah Arendt.
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Fonte: tlegend, shutterstock, 2020
PraCegoVer: Ummartelo de juiz em cima de umgrandelivro. Ao lado, outros dois livros grandes e sobre eles
uma balança, símbolo da justiça. Tudo está sobre uma mesa de madeira, e ao fundo há umarmário de livros e
algumascadeiras.
4.0 Formas de Estado
A forma de Estado relaciona-se com a maneira como o Estado organiza suas funções políticas, em uma análise a
partir do grau de centralização destes poderes políticos que compõem o Estado. Na prática é objeto de
debates pois, se há mais ou menos centralização, é possível ampliar ou reduzir a proximidade daqueles que
governam com os cidadãos, o que variará muito em relação à extensão territorial do país, a quantidade da
população e o arranjo adotado.
Sobre as formas de Estado, Ranieri afirma:
“Um Estado pode adotar diferentes formas de organização política e administrativa, conforme o grau
de descentralização territorial do poder entre os entes que o compõem. Essa descentralização é
denominada vertical, posto que, em qualquer hipótese, promoverá a repartição de competências
entre a entidade central e as periféricas, dotando-as ou não de autonomia política.” (Ranieri, 2019, p.
145).
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4.1 Estados unitários
O Estado é considerado como unitário (ou também chamado de simples) se organiza-se em um poder central,
ainda quese divida em regionais e províncias, que por sua vez não têm autonomias de poderes.
Azambuja (2008) tenta uma forma empírica de analisar e conceituar o estado unitário, diferindo o que é um
Estado e o que são apenas circunscrições territoriais descentralizadas, que por sua vez estão presentes em
estadosunitários.
O autor sublinha, portanto, que há nestes estados um único poder legislativo, um poder executivo e um
poder judiciário. Há, neste ponto, uma ênfase ao poder legislativo que, sendo apenas um órgão, terá poder para
editar regras neste Estado.
Ainda que haja alguma descentralização administrativa, com administradores das províncias, ou até mesmo com
conselhos, estes terão algum grau de subordinação, hierarquia e serão fiscalizados pelo poder central, o que não
ocorre no modelo estatal antagonista, o federalismo.
Anotamos aqui para o estudante que a descentralização política não deve ser confundida com a administrativa.
Enquanto a política refere-se à capacidade de editar leis, a segunda está ligada ao gerenciamento da máquina
administrativa estatal que tem por finalidade a prestação do serviço público - e este é um assunto relevante para
a disciplina do Direito Administrativo e da Administração Pública.
Nina Ranieri (2019), por sua vez, elenca três características aos Estados unitários: a) centralização política, com
unidadejurídica; b) descentralização decisória, sob determinadas condições; c) burocracia única.
Azambuja (2008) alerta que esse modelo essencialmente centralizado só existiria em lugares muito pequenos e
pouco populosos. Podemos afirmar, assim, devido à raridade deste estado unitário puro, que a melhor forma de
analisá-los seria por graus de centralização. Propomos, portanto, a separação dos estados mais ou menos
centralizados segundo os seguintes critérios:
a) centralizados: os estados unitários são centralizados quando o governo é exercido com centralização total na
figura do governante, ou a delegação de competência da gestão está centralizada em órgãos próximosa ele.
b) descentralizados: por outro lado, temos a possibilidade de o governo central repassar serviços públicos a
outras instâncias, que terão algum grau de autonomia na gestão dos serviços, ainda que reste ao governo central
os poderes de fiscalização.
Mais uma vez, é necessário não confundir com descentralização política, que seria a possibilidade de outros
entes ou órgãos editarem leis. Nesse caso, identificada tal características, estamos diante de um estado federado.
Um exemplo que os autores sempre citam como Estado unitário é a França (além de Portugal e Uruguai).
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Neste sentido, anotamos que na França temos coletividades territoriais, que são organizações regionais, que
podem administrar os serviços público por meio de conselhos, mas estes não possuem um poder legislativo e,
portanto, não têm a possibilidade de exercer autonomia política.
4.2 Estados compostos
Os Estados compostos, também chamados de estados complexos, são formas de Estado que apresentam mais de
um centro político. Mario Lúcio Quintão Soares (2011) afirma que esta forma de Estado é resultado da
aglutinação de vários outros estadose que a centralização do poder não é acentuada, como no Reino Unido.
Assista aí
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4.3 Estados federados
O termo federação possui sinônimo de união, aliança, cooperação. Um Estado federado, por sua vez, surge do
pacto de entre outros estados (que geralmente serão chamados de estados-membros) que decidem perder
sua soberania em favor da União Federal. Há, portanto, o surgimento de um novo Estado.
Geralmente, a formação deste estado federado se dá pela Constituição, que instrumentaliza a criação da União a
partir desse movimentopolítico dos estados-membros.
Azambuja (2008) aponta que uma das características do federalismo é que a união tem a intenção de ser
perpétua, razão pela qual os estados-membros não terão direito a sair do Estado, ou seja, não há no estado
federado o direito de secessão.
No Estado federado, da perspectiva da União, ocorre uma descentralização política, que é a distribuição de
competências de editar normas entre os entes federados.
A origem histórica do federalismo remete às treze colônias inglesas nos Estados Unidos da América: Era uma
confederação que se reuniu (confederados da Filadélfia) e decidiu abdicar da soberania, constituindo um Estado.
À representação inicial foi feita por embaixadores e a manutenção, por Senadores.
Destaca-se que este movimento de primeiro haver uma confederação, para em seguida formarem a união, é
chamado de Movimento Centrípeto, uma vez que a soberania sai dos extremos para se aglutinar no centro, a
União.
Retomando os conceitos,visualizamos que há um arranjo para a atribuição das competências de forma vertical,
que vai centralizar com mais ou menosforça, conforme cada caso.
De uma síntese do que as referências aqui citadas mencionam, podemos afirmar que para a formação do
federalismo são necessários alguns requisitos:
há a necessidade de um liame normativo comum, geralmente realizado pelas
Constituição
Constituições.
os entes federados têm de possuir autonomia, que pode variar em graus. Essa autonomia
Autonomia está ligada à administração interna e à amplitude da possibilidade de fazer leis. Não se
confunde com Soberania, que só o Estado tem.
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Manifestação Os entes federados devem manifestar favoravelmente à federação. Isso geralmente se dá
da vontade como Senado, que é composto por representantes dos estados-membros.
dos entes
federados
Auto-
organização Os estados-membros também devem ter a possibilidade de organização própria, o que
em geralmente se dá por meio de constituições.
Constituições
Por outro lado, há características comuns para a manutenção da federação:
a) Rigidez Constitucional: esse elemento traz a impossibilidade constitucional de alterações quanto ao sistema
federal.
b) Um órgão de controle concentrado de leis que garanta que não haja interferência nas autonomias federativas.
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4.4 Confederações
As confederações surgem de um tratado entre cada Estado, e deste tratado não surge um Estado novo, não há
uma soberania única e por isso não é forma de estado, apesar de ser comum ver autores colocarem as
confederaçõesnesta classificação de Estados complexos.
Os Estados permanecem cada um com sua soberania, independentes, e pactuam em prol de objetivos comuns,
geralmente ligados à paz e questões comerciais. E, por se formar a partir de um tratado, há na confederação o
direito de secessão.
Historicamente, registra-se que as treze colônias inglesas da América firmaram uma Confederação (1781), que
logo em seguida se transformou em federação, assim como na Suíça e na Alemanha.
Hoje a União Europeia pode ser considerada como um novo modelo de confederação, em que há o
compartilhamento de elementos que relativizam a soberania dos estados por meio de um tratado, a moeda
comum e regras de entrada e saída mais flexíveis entre os cidadãos dos países membros.
Fique de olho
 
“, Compreender essa posição crítica sobre o fato de as confederações não serem formas de
(0: Estado pode ser considerado um diferencial do estudante, principalmente em sua
fundamentação, pois demonstrará que domina os elementos que compõem um Estado e suas
 
formas de organização. Ademais, aprofundar-se sobre a organização da União Europeia é
necessário para aqueles que querem dominara disciplina na atualidade.
 
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4.5 Estados Regionais
São estados que estão entre o estado unitário e o estado federado. Alguns autores não aderem esta classificação
pela dificuldade entre criar critérios adequados para distinguir dos outros dois modelos de Estado.
Pedro Lenza (2019) destaca que alguns autores classificam a forma de Estado em regional por discordarem da
ideia de que poderia existir um estado unitário mais descentralizado. O autor anota que alguns também trazem a
classificação de Estado autonômico, como seria o caso da Espanha. Assim, afirma:
Certos autores, ao analisar alguns casos particulares, entendem imprecisa essa alocação dentro
dessa categoria de Estado unitário de maior grau de descentralização, preferindo, então, criar outras,
localizadas entre o Estado federal e o unitário, quais sejam, os denominados Estado regional (Itália)
e Estado autonômico (Espanha), que se identificam não apenas pela descentralização administrativa
como também — e aí a marca — pela legislativa. Haveria um único poder constituinte, mas
pluralidade de fontes legislativas/normativas. (LENZA, 2019, p. 476-477).
Dessa forma, podemosafirmar que estes Estados regionais possuem unidades que possuem alguma liberdade
normativa, geralmente exercida por conselhos, e estão entre Estadosunitários e os federados.
Na Itália há 20 regiões autônomas, que a Constituição estabelece uma autonomia peculiar, tendo, portanto, mais
poderes políticos que em estados unitários, mas sem uma autonomia total comoosentes federados.
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4.6 O novo federalismo brasileiro
O federalismo brasileiro deu-se a partir do Decreto nº 1, de 1889, em que foi fundado os Estados Unidos do
Brasil. O intuito era ter a facilidade de gerir as especificidades de um país continental, com a descentralização
das competências políticas, em especial o exercício das funções executivas e legislativas. Com o advento da
Constituição republicana de 1891, o federalismo brasileiro foi consolidado.
Apesar de nunca ter deixado de existir após a primeira república, nos momentos em que a democracia foi
reduzida com regimes de governos mais autoritários, a autonomia dos estados-membros também foi diminuída.
Assim, nos períodos ditatoriais era comum a inobservância de cláusulas federalistas, inclusive com mecanismos
de intervenções federais, como as ocorridas nos períodos de 1937 a 1945 e nos anos de 1967 a 1985.
Destacamos que esse processo inicial de formação do federalismo brasileiro é denominado de movimento
centrífugo. Ao contrário do que ocorreu nos Estados Unidos da América, é possível perceber que com o fim do
império brasileiro e o golpe republicano, a unidade política central resolve delegar poderes políticos ao estados-
membros com o intuito de obter uma melhor gestão política e administrativa. Por isso a nomenclatura utilizada
refere-se a um poder que era concentrado em uma unidade e, posteriormente, parte dele é delegado para os
membros federados.
Michel Temer (2006) diz que o Brasil hoje possui um federalismo de cooperação, em virtude de arranjos que
compartilham, por exemplo, recursos para tentar trazer justiça distributiva. No entanto, Barroso (Lenza, 2019)
critica exatamente este ponto por entender que no Brasil não há um sentimento de nação, o que faz com que as
unidades federativas vivam em competição por recursos, poder e protagonismos.
Composto pela União indissolúvel dos Estados, Municípios e Distrito Federal (art. 18, da Constituição
Federal), O Estado brasileiro assumiu a forma federada na Constituição de 1988, colocando tal característica
como imutável.
Os entes federativos que compõem o Estado brasileiro são autônomos, o que não se confunde com Soberania,
comojá frisamos.
Fique de olho
 
Á “, O federalismo brasileiro de 1988 inovou ao dar autonomia aos Municípios. A bibliografia
| e analisada traz que nos demais Estados pelo mundo,ainda que haja algum tipo de autonomia,
os Municípios não possuem autonomia legislativa e de auto-organização semelhante ao Brasil.
Esta é a razão pela qual, no Direito brasileiro, há autores que estudam especificamente o
direito municipal.
 
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A partir da teoria analisada nos subtópicos anteriores, podemos verificar alguns elementos da forma de estado
arquitetada na Constituição Federal de 1988. O objetivo é concluirmoscientificamente se vivemos realmente em
um Estado federado, ou se a nomenclatura é utilizada de forma inadequada.
Assim, podemos perceber que:
a) Há descentralização Constitucional de competências políticas: da leitura dos arts. 21 a 24 da CF/88, em
que é estabelecida a lógica de competências, em que os Estados assumem competências legislativas residuais em
relação às da União, é possível afirmar que há descentralização política e autonomia administrativa e legislativa
dos estados-membros.
Por sua vez, o art. 30 traz as competências aos Municípios, que de forma geral podem legislar sobre interesse
local ou para suplementar as leis federais e estaduais conforme o arranjo do art. 24 e seus parágrafos. Aqui
também fica demonstrado como os municípios também receberam autonomia, o quefoi inédito na história das
nossas constituições.
A título de esclarecimento, o Distrito Federal atua de forma cumulativa, como estado-membro e como município,
conformeo8 1º do art. 32 da Constituição.
b) Representação de todos Estados na formação da federação: O Brasil adota o sistema bicameral, o que
significa dizer que oslegisladores federais são os deputados federais, representantes do povo, e os senadores,
que são representantes dos estados-membros.
Importante perceber que é no Senado que há equilíbrio quantitativo na representação legislativa. Cada estado
possui três representantes no Senado, independentemente do tamanho da sua população, e os senadores fazem
o papel contínuo de confirmarem a posição do seu estado nosinteresses federados.
HI - Auto Constituição e Organização: O art. 25 da Constituição Federal traz que os Estados-membros serão
organizadose regidos por suas próprias Constituições.
E, apesar do debate teórico sobre a real natureza da Lei Orgânica Municipal na Constituição Federal de 1988,
sendo que o STF se posiciona no sentido de não compreendê-la como uma Constituição, é nítido que a
Constituição Federal deu à Lei Orgânica, por meio doart. 29, o status de um instrumento jurídico-político para a
auto organização dos Municípios.
Dessa forma, percebemos que os Estados e Municípios possuem o poder político de auto organizarem, com o
enquadramento prático na teoria do federalismo.
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IV - Rigidez Constitucional: O inciso I do $ 4º do art. 60 da Constituição Federal coloca o federalismo como
cláusula pétrea, consagra, assim, o aspecto teórico da rigidez constitucional e a ausência do direito de recessão.
Dessa forma, nenhuma alteração da constituição por Emenda à Constituição poderá tentar abolir a forma
federativa de governo que nosso país adotou.
V - Órgão de controle de leis que violem o pacto federativo: O STJ possui atribuições que buscam evitar a
quebra do pacto federativo e a ausência de isonomia da aplicação das normas por entes federativos através de
dos tribunais de justiça, conformese vê no inciso III do art. 105 da Constituição Federal.
Por outra via, o STF tem a possibilidade de realizar o controle das cláusulas que tentem abolir a forma federativa,
bem comoatose leis que negam a aplicação de normasfederais, conforme inciso III do art. 102 da CF.
Os dois tribunais superiores exercem, portanto, uma função importante na manutenção da forma federativa por
meio da atuação do poder judiciário, caso o legislativo extrapole suas funções ou os órgãos do judiciário estadual.
VI - Intervenção federal: Os mecanismos de intervenção federal que servem para garantir a própria forma
federativa devem ser exceção e utilizados em último caso. Ou seja, se por um lado deve ser evitada qualquer
interferência de um ente federado em outro, por outro lado em algumas circunstâncias é essa intervenção que
permitirá a estabilidade jurídica e social para que o federalismo não seja rompido.
Assim, o art. 34 da CF/88 traz as hipóteses em que é possível a intervenção da União nos Estados-membros e
Distrito Federal:
Art. 34, A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
II - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
V- reorganizaras finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de
força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos
prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução delei federal, ordem ou decisão judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
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c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a
proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
públicos de saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
Podemoscitar, a título exemplificativo, que a União intervirá para manter a integridade nacional, repelir invasão
estrangeira ou de uma unidade da federação a outra, pôr termo a grave comprometimento da ordem pública,
prover execução de lei federal, ordem ou decisão judicial, dentre outras circunstâncias previstas na Constituição.
Em 2018 ocorreu a única intervenção federal após a Constituição de 1988. Com fundamento no inciso III do art.
34, o governo federal trouxe medidas interventivas no Rio de Janeiro (analisaremos o ocorrido no final do
capítulo).
A constituição também prevê a intervenção de Estado nos Municípios. No mesmo sentido, a intervenção é
medida excepcional.
É possível ocorrer a intervenção, dentre outros motivos, em razão do Município não prestar contas devidas,
conforme a lei, ou não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
É importante perceber que,nalógica da intervenção, quando a União age, ela está atuando em nome de todos os
entes federados, para conseguir reestabelecer a ordem normal da federação, assim como os estados-membros, e
quando intervém no Município, o faz em nome dos demais Municípios também.
A Constituição atribui ao chefe de Estado a competência para decretar a intervenção, ainda que a pedido do
Legislativo ou judiciário, e dependerá de apreciação do legislativo.
é isso Aí!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
* conhecer sobre algumasteorias que justificam a soberania estatal e explicam comoesse poderé
exercido pelo Estado.
* entender a respeito da separação orgânica dos poderes, teoria de Montesquieu que até hoje influencia
grandemente os Estados ocidentais e que sempre é tema das questõesjurídicas em nossa realidade.
* verificar que o Estado pode exercer sua soberania de forma democrática e autoritária, certo de que, com
a nova ordem internacional em que vivemos, a democracia é um valor fundamental dos cidadãos, razão
esta pela qual voltaremos ao assunto de forma mais aprofundada na próxima unidade.
* analisar as formas de Estado, com uma ênfase maior nos Estados unitários e federados, pois
compreendem a maior incidência de organização presente no mundo hoje.
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* compreender que o Brasil se insere no modelo de Estado Federado, inclusive com a particularidade de
termos Municípios com autonomia de auto-organização.
Referências
AZAMBUJA, D. Teoria geral do Estado. 4º ed. São Paulo: Globo, 2008
BERNARDES, J. T.; FERREIRA, O. A. V. A.. Direito Constitucional: Tomo I - Teoria da constituição. 9º ed.
Salvador: Editora juspodivm, 2019.
FERREIRA FILHO, M. G. Curso de direito constitucional. 40 ? ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
MALUF, S. Teoria geral do estado. Atualização prof. Miguel Alfredo Malufe Neto. 29º ed. São Paulo: Saraiva,
2009.
RANIERI, N. Teoria do Estado: do estado de direito ao estado democrático de direito. 2º ed. Barueri:
Manole, 2019.
SOARES, M. L. Q. Teoria do Estado: novos paradigmas em face da globalização. 4º ed. São Paulo: Atlas, 2011.
TEMER, M. Elementos de direito constitucional. 21º ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
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