Buscar

tese-lucia-de-almeida-ferrari-final

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 255 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 255 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 255 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LÚCIA DE ALMEIDA FERRARI 
 
 
Aspectos prosódicos e sintáticos dos pronomes clíticos em 
português do Brasil e no vernáculo florentino 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BELO HORIZONTE 
2015 
 
Lúcia de Almeida Ferrari 
 
 
 
 
 
Aspectos prosódicos e sintáticos dos pronomes clíticos em 
Português do Brasil e no vernáculo florentino. 
 
 
 
 
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Estudos Linguísticos da 
Faculdade de Letras da Universidade Federal 
de Minas Gerais, como requisito parcial para a 
obtenção do título de Doutor em Línguística 
Teórica e Descritiva. 
 
 
Área de Concentração: Linguística Teórica e 
Descritiva 
 
Linha de Pesquisa: Estudos Linguísticos 
Baseados em Corpora 
 
Orientador: Prof. Dr. Tommaso Raso 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
Faculdade de Letras da UFMG 
2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Lucílio, sempre. 
 
 
 
Agradecimentos 
 
Quero agradecer todos aqueles que direta ou indiretamente, contribuíram 
para a realização desta Tese. 
 
Gostaria de agradecer aos professores da UFMG que tanto me ensinaram, em 
especial à Profa. Heliana Mello, pelo seu profissionalismo e seriedade. 
 
Aos membros desta Banca, que prontamente aceitaram o convite, em especial 
à Profa. Lúcia Fulgêncio e ao Prof. Plínio Barbosa pelos preciosos conselhos 
já na fase de qualificação deste trabalho, e também antes. 
 
Aos professores do LABLITA, Profa. Emanuela Cresti e Prof. Massimo 
Moneglia, juntamente com os colegas do laboratório, Alessando e Lorenzo, 
por ter me ajudado durante minha estadia em Florença. 
 
À Capes, pelo suporte financeiro durante os três meses de estágio de 
doutoramento “sanduíche” em Florença, Itália. 
 
A Horácio e ao Prof. César Reis, que me ensinaram como utilizar o Praat e 
como segmentar. 
 
Aos colegas do LEEL, especialmente pela ajuda final: Bárbara, Marcelo e 
Luís, que teve que ler tudo! 
 
A Maryualê, pela ajuda, apoio e amizade. 
 
A Heloisa, por sempre se lembrar. 
 
A Chiara, por ter me considerado, imerecidamente, seu modelo. Que eu não te 
decepcione nunca. 
 
Marco, queria te agradecer pela paciência e compreensão, nos altos e baixos, 
nos feriados, férias e finais de semana em que fiquei trabalhando. E pelo 
suporte técnico. 
 
Um agradecimento especial a minha mãe, que sempre acreditou e torceu para 
que eu chegasse aqui. 
 
E mais do que todos quero agradecer meu orientador, Prof. Tommaso Raso, 
por ter acreditado que eu merecia seu tempo, por tanto ter se dedicado à 
minha formação, ter me apoiado e incentivado. Um obrigado especial por ter 
guiado meus passos e ter tido uma paciência infinita comigo. Por ter sido 
muito mais que um mestre justo e exigente, mas também um amigo 
compreensivo e disponível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“[...] Ho sceso milioni di scale dandoti il braccio 
non già perché con quattr‟occhi forse si vede di più. 
Con te le ho scese perché sapevo che di noi due 
le sole vere pupille, sebbene tanto offuscate, 
erano le tue.” 
Eugenio Montale (Xenia) 
 
RESUMO 
 
 Este trabalho trata das formas pronominais no PB e no vernáculo florentino. A análise 
adota uma metodologia inovadora através do estudo de corpora de fala espontânea: o C-
ORAL-BRASIL para o PB, e o Corpus Stammerjohann e o Corpus per il Confronto 
Diacronico para o florentino. O estudo tem por objetivos: (I) no PB, quantificar e analisar a 
distribuição das formas pronominais cê(s)/ocê(s)/você(s); (II) no vernáculo florentino, 
investigar o uso dos pronomes clíticos de terceira pessoa singular sujeito gl'/e/la/l' em 
conjunto com os verbos essere (ser), fare (fazer), andare (ir) e venire (vir) e fazer um estudo 
diacrônico comparando os resultados dos dois corpora consultados, gravados a uma distância 
de cerca de trinta-quarenta anos um do outro. 
A novidade da pesquisa reside na metodologia adotada: ao invés de inferir o valor clítico ou 
tônico das formas estudadas a partir de uma análise morfossintática, sua tonicidade ou 
atonicidade foi determinada a partir de dados prosódicos. Os pronomes foram analisados 
acusticamente em sua duração e, a partir da forma suprasegmental, foi possível estabelecer 
sua função. O estudo quis observar processos diferentes em duas línguas: no florentino as 
formas clíticas estão plenamente gramaticalizadas, portanto, a partir de sua forma segmental é 
possível estabelecer com certeza sua função. Já no PB a gramaticalização ainda não foi 
completada: uma mesma forma pode ser tônica ou átona e ocupar posições e funções 
diferentes. A comparação entre as duas línguas permite, então, observar o comportamento de 
formas já estabelecidas - aquelas em florentino - e as diferentes distribuições a que estão 
sujeitas as formas cê(s)/ocê(s)/você(s) no PB. A análise acústica efetuada é, portanto, 
determinante para se entender melhor o processo de mudança pelo qual estão passando os 
pronomes de segunda pessoa no PB. No florentino, a análise diacrônica permitiu verificar a 
redução do uso das formas clíticas sujeito no arco de trinta a quarenta anos da qual se fala na 
literatura mas que, até este momento, não foi comprovada com estudos quantitativos. 
Os resultados obtidos indicam: (I) no PB, a confirmação da hipótese inicial de que a forma 
suprasegmental evidencia durações, e portanto funções, diferentes para as mesmas formas; 
(II) no florentino, uma redução significativa do sujeito clítico, anterior à época investigada. 
 
Palavras-chave: linguística de corpus; fala espontânea; análise acústica; cliticização 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 This study investigates pronominal forms in BP and in vernacular Florentine. Our 
analysis adopts an innovative methodology by using spontaneous speech corpora: for BP, 
the C-ORAL-BRASIL, and for Florentine, the Corpus Stammerjohann and the Corpus per 
il Confronto Diacronico. Our study aims to: (I) in BP, quantify and analyze the distribution 
of pronominal forms cê(s)/ocê(s)/você(s); (II) in vernacular Florentine, investigate the 
usage of 3rd person singular clitic pronouns gl'/e/la/l' when used together with the verbs 
essere (to be), fare (to do), andare (to go) and venire (to came) and compare diachronically 
the results of the two analyzed corpora, recorded thirty to forty years apart. This research‟s 
innovative element lies in the methodology we adopted: instead of inferring the clitic or 
tonic value of the studied forms by using morphosyntactic analysis, their tonicity or 
atonicity was determined based on prosodic data. Pronouns‟ duration was acoustically 
analyzed and, based on their suprasegmental form, it was possible to establish their 
function. Our study aimed to observe different processes in two languages: in Florentine, 
clitic forms are fully grammaticalized, so it‟s possible to establish their function based on 
their segmental form. In BP, grammaticalization process is not complete yet: the same 
form can be tonic or atonic and can occupy different functions and positions. Comparison 
between the two languages, therefore, allows us to observe the behavior of well-established 
forms – those in Florentine – and the different distributions of the cê(s)/ocê(s)/você(s) 
forms in BP. Acoustical analysis is, therefore, crucial to a better understanding of the 
changes that are affecting 2nd person pronouns in BP. In Florentine, diachronic analysis 
allows us to verify the reduction in usage of subject clitic forms through a thirty to forty 
years arc that is mentioned in literature but that had not been previously proved by 
quantitative research. 
Results indicate: (I) in BP, the confirmation of our hypothesis that suprasegmental form 
presents different durations and, therefore, different functions for the sameforms; (II) in 
Florentine, a significant reduction of the clitic subject, preceding the investigated period. 
 
Key-words: Corpus linguistics; spontaneous speech; acoustic analysis; cliticization 
 
 
 
 
Sumário 
 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 16 
1.1. Justificativa ................................................................................................................ 16 
1.2. Objetivos .................................................................................................................... 17 
1.3. Hipótese de trabalho .................................................................................................. 20 
2. REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................... 21 
2.1. História do pronome você .......................................................................................... 21 
2.2. Questões abordadas nas propostas ............................................................................. 22 
2.3. Gramaticalização e cliticização ................................................................................. 23 
2.3.1. A forma cê: gramaticalização ou forma fraca? ................................................... 33 
2.3.2. Outras abordagens .............................................................................................. 41 
2.3.3. Síntese das propostas para as formas você(s)/ocê(s)/cê(s) ................................. 60 
2.4. Análise do vernáculo florentino ................................................................................. 61 
2.4.1. Breve história da língua italiana e do vernáculo florentino ................................ 62 
2.4.2. Pronomes pessoais sujeito e terceira pessoa singular no vernáculo florentino .. 67 
2.4.3. A escolha do pronome de terceira pessoa singular ............................................. 73 
2.4.4. O verbo essere (ser) e suas variações semânticas no italiano: motivos da escolha 
 .............................................................................................................................74 
2.4.5. Outros verbos ...................................................................................................... 77 
3. METODOLOGIA: ANÁLISE PARALELA CORPUS-BASED SOBRE DUAS 
LÍNGUAS ................................................................................................................................. 79 
3.1. Análise do PB ............................................................................................................ 79 
3.1.1. Escolha do corpus: descrição do C-ORAL-BRASIL ......................................... 81 
3.1.1.1. Análise do corpus ........................................................................................ 89 
3.1.1.2. Revisão da transcrição ................................................................................. 90 
3.1.1.3. Critérios adotados para a seleção das formas objeto de pesquisa ............... 90 
3.1.1.4. Taxonomia das anotações em tabelas do tipo Excel ................................... 96 
3.1.2. Análise acústica: descrição do método utilizado ................................................ 98 
3.1.2.1. Definição dos critérios de escolha dos enunciados para análise ............... 102 
3.1.2.2. Normalização dos dados............................................................................ 104 
3.1.2.3. O software SGdetector: funcionamento e princípios básicos.................... 104 
3.1.3. Validação estatística ......................................................................................... 106 
3.2. Análise do vernáculo florentino ............................................................................... 107 
3.2.1. O Corpus Stammerjohann: a coleta original .................................................... 107 
3.2.2. O trabalho de remasterização, transcrição e etiquetagem................................. 108 
3.2.3. O Corpus per il Confronto Diacronico: critérios e seleção dos textos ............ 111 
4. RESULTADOS ............................................................................................................... 117 
4.1. Resultados do PB ..................................................................................................... 117 
4.1.1. Primeira varredura do corpus com o software AntConc ................................... 117 
4.1.2. Resultados parciais das formas e ocorrências encontradas .............................. 117 
4.1.3. Resultados da forma você(s) ............................................................................. 127 
4.1.4. Resultados da forma ocê(s)............................................................................... 129 
4.1.5. Resultados da forma cê(s)................................................................................. 132 
4.1.6. Resultados da análise acústica .......................................................................... 136 
4.1.6.1. Função sintática e função informacional ................................................... 141 
4.1.6.1.1. O valor ilocucionário ................................................................................. 142 
4.1.6.1.2. Parentético ................................................................................................. 150 
4.1.6.1.3. As unidades escansionadas........................................................................ 152 
4.1.6.1.4. Tópico........................................................................................................ 157 
4.1.6.1.5. Motivação pragmática ............................................................................... 159 
4.1.7. A marcação da função sintática das formas cê, ocê e você .............................. 164 
4.1.7.1. Forma cê em posição pré-verbal ............................................................... 164 
4.1.7.2. Forma cê em posição pós-verbal ............................................................... 170 
4.1.7.3. Forma ocê em posição pré-verbal ............................................................. 183 
4.1.7.4. Forma ocê em posição pós-verbal ............................................................. 188 
4.1.7.5. Forma você em posição pré-verbal............................................................ 196 
4.1.7.6. Forma você em posição pós-verbal ........................................................... 204 
4.1.8. Validação estatística ......................................................................................... 209 
4.2. Resultados do vernáculo florentino ......................................................................... 213 
4.2.1. Verbo essere ..................................................................................................... 213 
4.2.2. Discussão .......................................................................................................... 220 
4.2.3. Verbos fare, andare e venire ............................................................................ 224 
4.2.3.1. Análise de fa .............................................................................................. 224 
4.2.3.2. Análise de va ............................................................................................. 227 
4.2.3.3. Análise de viene ........................................................................................ 229 
4.2.4. Discussão .......................................................................................................... 231 
5. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 232 
5.1. Conclusões sobre as formas do pronome de segunda pessoa no PB ....................... 232 
5.2. Conclusões sobre os pronomes sujeito no vernáculo florentino ..............................234 
5.3. Conclusões gerais .................................................................................................... 236 
APÊNDICE A: Conteúdos do CD ......................................................................................... 239 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 240 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lista de Tabelas 
Tabela 1 Ocorrências das formas pronominais de segunda pessoa singular 
submetidas a análise acústica......................................................................... 103 
Tabela 2 Ocorrências dos textos analisados em base à sua qualidade acústica............ 103 
Tabela 3 Apresentação das ocorrências e distribuição das formas pronominais de 
segunda pessoa, subdivididas por posições e funções, encontradas no C-
ORAL-BRASIL............................................................................................. 118 
Tabela 4 Total das ocorrências das formas pronominais de segunda pessoa 
excluindo-se os casos de interrupções do enunciado..................................... 120 
Tabela 5 Total das ocorrências das formas pronominais de segunda pessoa 
excluindo-se os casos de retracting............................................................... 120 
Tabela 6 Total das ocorrências das formas pronominais de segunda pessoa 
excluindo-se os casos de interrupção do enunciado e de retracting.............. 121 
Tabela 7 Apresentação das ocorrências e distribuição da forma você(s), encontradas 
no C-ORAL-BRASIL.................................................................................... 127 
Tabela 8 Apresentação das ocorrências e distribuição da forma ocê(s), encontradas 
no C-ORAL-BRASIL.................................................................................... 129 
Tabela 9 Apresentação das ocorrências e distribuição da forma cê(s), encontradas no 
C-ORAL-BRASIL......................................................................................... 132 
Tabela 10 Ocorrências das formas pronominais de segunda pessoa singular 
submetidas a análise acústica......................................................................... 137 
Tabela 11 Resultados das análises acústicas da forma cê em posição pré-verbal no 
corpus C-ORAL-BRASIL.............................................................................. 164 
Tabela 12 Resultados das análises acústicas da forma cê em posição pós-verbal no 
corpus C-ORAL-BRASIL.............................................................................. 170 
Tabela 13 Resultados das análises acústicas da forma ocê em posição pré-verbal no 
corpus C-ORAL-BRASIL.............................................................................. 183 
Tabela 14 Resultados das análises acústicas da forma ocê em posição pós-verbal no 
corpus C-ORAL-BRASIL.............................................................................. 187 
Tabela 15 Resultado das análises acústicas da forma você em posição pré-verbal no 
corpus C-ORAL-BRASIL.............................................................................. 195 
Tabela 16 Resultado das análises acústicas da forma você em posição pós-verbal no 
corpus C-ORAL-BRASIL.............................................................................. 203 
Tabela 17 Formas de expressão do sujeito encontradas nos dois corpora comparados 
em valores absolutos e normalizados............................................................. 213 
Tabela 18 Formas de sujeito duplicado encontradas nos dois corpora comparados em 
termos absolutos e normalizados.................................................................... 219 
Tabela 19 Total dos sujeitos clíticos encontrados nos dois corpora comparados, em 
porcentagem sobre os sujeitos expressos, divididos por faixas etárias.......... 221 
Tabela 20 Dados absolutos de fa nos dois corpora......................................................... 224 
Tabela 21 Dados normalizados por 100.000................................................................... 225 
Tabela 22 Análise das formas de expressão do sujeito dos enunciados com a forma 
verbal fa.......................................................................................................... 226 
Tabela 23 Ocorrências dos sujeitos duplicados com a forma verbal fa.......................... 227 
Tabela 24 Dados dos dois corpora normalizados por 100.000....................................... 228 
Tabela 25 Análise das formas de expressão do sujeito dos enunciados com a forma 
verbal va......................................................................................................... 228 
Tabela 26 Ocorrências dos sujeitos duplicados com a forma verbal va.......................... 229 
Tabela 27 Dados absolutos de viene nos dois corpora................................................... 230 
Tabela 28 Dados dos dois corpora normalizados por 100.000....................................... 230 
Tabela 29 Análise das formas de expressão do sujeito dos enunciados com a forma 
verbal viene.................................................................................................... 230 
Tabela 30 Total dos sujeitos clíticos encontrados nos dois corpora comparados, em 
porcentagem sobre os sujeitos expressos, divididos por faixas etárias.......... 231 
 
 
 
Lista de Figuras 
Figura 1 Imagem da tabela Excel preenchida com os dados sobre a forma cê e sua 
análise.............................................................................................................. 97 
Figura 2 Espectro do pronome “você” segmentado no programa Praat: é possível 
visualizar os formantes, em específico as vogais [o] e [e] e a sibilante não 
vozeada [s] descritas acima............................................................................. 100 
Figura 3 Tela do Praat com segmentação em código ASCII (primeira linha).............. 105 
Figura 4 Abertura do script SGDetector e inserção dos dados para normalização....... 105 
Figura 5 Saída de dados do SGDetector: gráfico e arquivos de texto........................... 106 
Figura 6 Tela do Praat com o texto (bfamcv18-187): é mostrado o espectrograma e 
nas camadas de anotação: o texto, sua segmentação em palavras e em código 
ASCII. É evidenciada a ilocução........................................................ 144 
Figura 7 Tela do Praat com o texto (bpubdl01-90-91): é evidenciado o último 
enunciado, ilocutivo........................................................................................ 145 
Figura 8 Tela do Praat com o texto (bfamcv13-33): é evidenciado o ilocutivo........... 146 
Figura 9 Tela do Praat com o texto (bfamcv03-247): é evidenciado o ilocutivo “é 
ocê”.................................................................................................................. 147 
Figura 10 Tela do Praat com o texto (bpubdl11-241): é evidenciado o ilocutivo 
“pr‟ocê”........................................................................................................... 148 
Figura 11 Tela do Praat com o texto (bpubcv04-61): é assinalada a forma você; o 
ilocutivo é “ e você Hélida”............................................................................ 149 
Figura 12 Tela do Praat com o texto (bfamcv13-261): é evidenciado o parentético 
“com cê”.......................................................................................................... 151 
Figura 13 Tela do Praat com o texto (bfamcv13-261): note-se que foi retirado o 
parentético “com cê”....................................................................................... 152 
Figura 14 Tela do Praat com o texto (bfamcv31-187): é evidenciada a escansão “cê 
acertar direitim”............................................................................................... 153 
Figura 15 Tela do Praat com o texto (bfamcv32-105)....................................................154 
Figura 16 Tela do Praat com o texto (bfammn27-64).................................................... 155 
Figura 17 Tela do Praat com o texto (bpubmn11-24)..................................................... 156 
Figura 18 Tela do Praat com o texto (bfamdl05-185).................................................... 157 
Figura 19 Tela do Praat com o texto (bfammn02-47): é evidenciado o tópico, cê......... 158 
Figura 20 Tela do Praat com o texto (bfammn03-115).................................................. 159 
Figura 21 Tela do Praat com o texto (bfamcv19-27)...................................................... 160 
Figura 22 Tela do Praat com o texto (bfamdl05-282).................................................... 161 
Figura 23 Tela do Praat com o texto (bfamcv20-190). 162 
Figura 24 Tela do Praat com o texto (bfamcv02-335-RUT): é posta em evidência a 
forma cê pré-verbal......................................................................................... 165 
Figura 25 Tela do Praat com o texto (bfamcv18-208-HER): é posta em evidência a 
forma cê pré-verbal......................................................................................... 167 
Figura 26 Tela do Praat com o texto (bfamdl02-45-BAL): é posta em evidência a 
forma cê pré-verbal......................................................................................... 168 
Figura 27 Tela do Praat com o texto (bfamcv05-240-CEL): é posto em evidência o cê 
pós-verbal........................................................................................................ 171 
Figura 28 Tela do Praat com o texto (bfamcv04-453-BRU): é posto em evidência o cê 
sujeito posposto.......................................................................................... 173 
Figura 29 Tela do Praat com o texto (bpubdl04-260-ELI): é posto em evidência o cê 
preposicionado................................................................................................ 174 
Figura 30 Tela do Praat com o texto (bfamcv23-28-DIN): é posto em evidência o cê 
preposicionado..................................................................................... ............ 175 
Figura 31 Tela do Praat com o texto (bfamdl02-247-BAL): é posto em evidência o cê 
preposicionado................................................................................................. 176 
Figura 32 Tela do Praat com o texto (bfammn29-6-JDL): é posto em evidência o cê 
preposicionado................................................................................................ 177 
Figura 33 Tela do Praat com o texto (bfamcv03-215-TON): é posto em evidência o cê 
preposicionado............................................................................................ 178 
Figura 34 Tela do Praat com o texto (bfamcv23-43-DIN): para melhor visualização foi 
inserido somente o trecho da unidade tonal analisada.............................. 180 
Figura 35 Tela do Praat com o texto (bfamcv23-43-DIN) segmentado com a forma 
ocê: para melhor visualização foi inserido somente o trecho da unidade tonal 181 
analisada................................................................................................. 
Figura 36 Tela do Praat com o texto (bfamcv23-43-DIN): foi evidenciada a sílaba 
“cê”.................................................................................................................. 182 
Figura 37 Tela do Praat com o texto (bfamcv21-43-FLA): foi evidenciada a sílaba 
fonética [„se].................................................................................................... 184 
Figura 38 Tela do Praat com o texto (bfamcv23-7-DIN): foi evidenciada a forma 
“ocê”................................................................................................................. 185 
Figura 39 Tela do Praat com o texto (bfamdl03-35-LUZ): foi evidenciada a forma 
“ocê”................................................................................................................. 186 
Figura 40 Tela do Praat com o texto (bfamdl30-68-REN): foi evidenciada a forma 
“ocê”................................................................................................................. 188 
Figura 41 Tela do Praat com o texto (bfamdl19-73-AVI): foi evidenciada a forma 
“ocê”................................................................................................................. 189 
Figura 42 Tela do Praat com o texto (bfamcv02-70-TER): foi evidenciada a forma 
“ocê”................................................................................................................. 190 
Figura 43 Tela do Praat com o texto (bfamcv11-197-ONO): foi evidenciada a forma 
“ocê”................................................................................................................. 192 
Figura 44 Tela do Praat com o texto (bfammn03-102-ALO): foi evidenciada a forma 
“ocê”................................................................................................................. 193 
Figura 45 Tela do Praat com o texto (bfammn03-105-ALO): foi evidenciada a forma 
“ocê”................................................................................................................. 194 
Figura 46 Tela do Praat com o texto (bfamcv19-49-MAE): foi evidenciada a forma 
“você”............................................................................................................... 196 
Figura 47 Tela do Praat com o texto (bfamdl11-70-MAR): foi evidenciada a forma 
“você”............................................................................................................... 197 
Figura 48 Tela do Praat com o texto (bfamdl14-25-CAR): foi evidenciada a forma 
“você”............................................................................................................... 199 
Figura 49 Tela do Praat com o texto (bfammn05-63-CAR): foi evidenciada a sílaba 
[„vse]................................................................................................................ 200 
Figura 50 Tela do Praat com o texto (bfammn12-104-JUN1): foi evidenciada a forma 
“você”............................................................................................................... 202 
Figura 51 Tela do Praat com o texto (bfamdl11-126-MAR): foi evidenciada a forma 
“você”................................................................................................................. 204 
Figura 52 Tela do Praat com o texto (bfammn05-1-CAR): foi evidenciada a forma 
“você”................................................................................................................. 205 
Figura 53 Tela do Praat com o texto (bfammn07-146-NAN): foi evidenciada a forma 
“você”................................................................................................................. 207 
Figura 54 Resultados dos testes de normalidade de [„se] em relação ao enunciado em 
posição pré-verbal.............................................................................................. 209 
Figura 55 Resultados dos testes de normalidade de [„se] em relação ao enunciado em 
posição pós-verbal............................................................................................. 209 
Figura 56 Resultados dos testes de normalidade de [„se] em relação à unidade tonal em 
posição pré-verbal.............................................................................................. 210 
Figura 57 Resultados dos testes de normalidade de [„se] em relação à unidade tonal em 
posição pós-verbal.............................................................................................. 210 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lista de Gráficos 
Gráfico 1 Visualização das porcentagens de uso das formas pronominais de segunda 
pessoa encontradas no C-ORAL-BRASIL..................................................... 119 
Gráfico 2 Visualização das porcentagensde uso das formas pronominais de segunda 
pessoa, singulares e plurais, encontradas no C-ORAL-BRASIL................... 119 
Gráfico 3 Visualização das porcentagens de uso das formas pronominais de segunda 
pessoa, singulares e plurais, excluídos os casos de interrupção do 
enunciado, encontradas no C-ORAL-BRASIL.............................................. 120 
Gráfico 4 Visualização das porcentagens de uso das formas pronominais de segunda 
pessoa, singulares e plurais, excluídos os casos de retracting, encontradas 
no C-ORAL-BRASIL.................................................................................... 121 
Gráfico 5 Visualização das porcentagens de uso das formas pronominais de segunda 
pessoa, singulares e plurais, excluídos os casos de interrupção e de 
retracting, encontradas no C-ORAL-BRASIL.............................................. 122 
Gráfico 6 Exposição sintética das ocorrências das formas pronominais de segunda 
pessoa divididas por posições, extraídas do C-ORAL-BRASIL.................... 123 
Gráfico 7 Visualização das porcentagens de uso das formas pronominais de segunda 
pessoa na posição pré-verbal.......................................................................... 123 
Gráfico 8 Visualização das porcentagens de uso das formas pronominais de segunda 
pessoa na posição pós-verbal......................................................................... 124 
Gráfico 9 Subdivisão em percentual das formas pronominais de segunda pessoa na 
posição pós-verbal.......................................................................................... 124 
Gráfico 10 Subdivisão das formas pronominais de segunda pessoa em isolamento........ 126 
Gráfico 11 Subdivisão das formas pronominais de segunda pessoa em isolamento, em 
termos percentuais.......................................................................................... 126 
Gráfico 12 Visualização das porcentagens de uso das formas pronominais de segunda 
pessoa você(s)................................................................................................. 127 
Gráfico 13 Subdivisão da forma você(s) na posição pós-verbal em termos percentuais. 128 
Gráfico 14 Subdivisão da forma você(s) em isolamento, em termos percentuais............ 129 
Gráfico 15 Visualização das porcentagens de uso das formas pronominais de segunda 
pessoa ocê(s).................................................................................................. 130 
Gráfico 16 Subdivisão da forma ocê(s) na posição pós-verbal em termos percentuais.. 130 
Gráfico 17 Subdivisão da forma ocê(s) em isolamento em unidade tonal, em termos 
percentuais...................................................................................................... 131 
Gráfico 18 Visualização das porcentagens de uso das formas pronominais de segunda 
pessoa cê(s).................................................................................................... 133 
Gráfico 19 Visualização das porcentagens de uso das formas pronominais de segunda 
pessoa cê(s) em posição pré-verbal................................................................ 133 
Gráfico 20 Visualização das porcentagens de uso das formas pronominais de segunda 
pessoa cê(s) como objeto de preposição........................................................ 134 
Gráfico 21 Dados dos informantes: gênero em termos percentuais................................. 137 
Gráfico 22 Dados dos informantes: idade em termos absolutos...................................... 138 
Gráfico 23 Dados dos informantes: escolaridade em termos absolutos........................... 139 
Gráfico 24 Dados dos informantes: origem em termos absolutos.................................... 139 
Gráfico 25 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamcv18-187)................................ 145 
Gráfico 26 Duração das sílabas fonéticas do texto (bpubdl01-90-91)............................. 146 
Gráfico 27 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamcv13-33).................................. 147 
Gráfico 28 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamcv03-247)................................ 148 
Gráfico 29 Duração das sílabas fonéticas do texto (bpubdl11-241)................................. 149 
Gráfico 30 Duração das sílabas fonéticas do texto (bpubcv04-61).................................. 150 
Gráfico 31 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamcv31-187)................................ 153 
Gráfico 32 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamcv32-105)................................ 154 
Gráfico 33 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfammn27-64)................................ 155 
Gráfico 34 Duração das sílabas fonéticas do texto (bpubmn11-24)................................. 156 
Gráfico 35 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamdl05-185)................................ 157 
Gráfico 36 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfammn02-47)................................ 158 
Gráfico 37 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfammn03-115).............................. 159 
Gráfico 38 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamcv19-27).................................. 160 
Gráfico 39 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamdl05-282)................................ 161 
Gráfico 40 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamcv20-190)................................ 162 
Gráfico 41 Porcentagem dos segmentos analisados divididos por formas e posições..... 163 
Gráfico 42 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamcv02-335-RUT)...................... 166 
Gráfico 43 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamcv18-208-HER)...................... 167 
Gráfico 44 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamdl02-45-BAL)......................... 168 
Gráfico 45 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamcv05-240-CEL)...................... 172 
Gráfico 46 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamcv04-453-BRU)...................... 173 
Gráfico 47 Duração das sílabas fonéticas do texto (bpubdl04-260-ELI)......................... 174 
Gráfico 48 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamcv23-28-DIN)......................... 175 
Gráfico 49 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamdl02-247-BAL)....................... 177 
Gráfico 50 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfammn29-6-JDL).......................... 178 
Gráfico 51 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamcv21-43-FLA)......................... 184 
Gráfico 52 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamcv23-7-DIN)........................... 185 
Gráfico 53 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamdl03-35-LUZ)......................... 186 
Gráfico 54 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamdl30-68-REN)......................... 188 
Gráfico 55 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamdl19-73-AVI).......................... 189 
Gráfico 56 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamcv02-70-TER)......................... 171 
Gráfico 57 Duração das sílabas fonéticas do (bfammn03-102-ALO).............................. 193 
Gráfico 58 Duração das sílabas fonéticas do (bfammn03-105-ALO).............................. 194 
Gráfico 59 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamcv19-49-MAE)....................... 196 
Gráfico 60 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamdl11-70-MAR)........................ 198 
Gráfico 61 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamdl14-25-CAR)......................... 199 
Gráfico 62 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfammn05-63-CAR)....................... 201 
Gráfico 63 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfammn12-104-JUN1).................... 203 
Gráfico 64 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfamdl11-126-MAR)...................... 205 
Gráfico 65 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfammn05-1-CAR)......................... 206 
Gráfico 66 Duração das sílabas fonéticas do texto (bfammn07-146-NAN).................... 208 
Gráfico 67 Variação no uso das formas de sujeito clítico, simplese reduplicado, nos 
dois corpora, em valores normalizados......................................................... 216 
Gráfico 68 Variação no uso das formas de expressão do sujeito, nos dois corpora, em 
valores normalizados...................................................................................... 217 
 
 
Lista de Quadros 
Quadro 1 Tabela das médias de intensidade e duração em Ciríaco et al., 2004, p. 
149.................................................................................................................. 42 
Quadro 2 Tabela de ocorrências do corpus de 2002 em PERES, 2006, p. 131........... 53 
Quadro 3 Tabela de ocorrências do corpus de 1982 em PERES, 2006, p. 170........... 56 
Quadro 4 Os pronomes pessoais sujeito em italiano...................................................... 67 
Quadro 5 Os pronomes pessoais sujeito no vernáculo florentino.................................. 68 
Quadro 6 Estrutura do corpus Stammerjohann, com número de palavras e textos para 
cada campo da estrutura................................................................................. 110 
Quadro 7 Estrutura do corpus Corpus per il Confronto Diacronico, com número de 
palavras e textos para cada campo da estrutura.............................................. 112 
Quadro 8 Estrutura do Corpus de Florentinos, com número de palavras e textos para 
cada campo da estrutura................................................................................. 113 
Quadro 9 Comparação em termos percentuais entre o Corpus per il Confronto 
Diacrônico e o Corpus de Florentinos, para cada campo da estrutura.......... 115 
 
 
16 
 
1. INTRODUÇÃO 
1.1. Justificativa 
Este trabalho quer apresentar respostas a questões ainda não solucionadas de maneira 
satisfatória na literatura, ou seja: 1) qual é o real estatuto das formas reduzidas do pronome cê 
no Português do Brasil (doravante PB); 2) quais são os efeitos de quarenta anos de pressão do 
italiano padrão sobre o uso, próprio do vernáculo florentino, das formas de sujeito pronominal 
gl‟/ e/ la/ l‟ . 
Enquanto as respostas à primeira pergunta são muito debatidas na literatura, aquelas 
para a segunda foram rediscutidas somente em tempos recentes, e sem estudos sobre dados 
empíricos. O que se diz é que as formas pronominais reduzidas diminuíram ou até 
desapareceram (GALLI DE‟ PARATESI, 1984; SOBRERO, 1997; BERRUTO, 1997, 2005; 
BINAZZI, 1997, 1998, 2007; CARDINALETTI e MUNARO, 2009). No entanto, essas 
afirmações não foram verificadas em dados quantitativos confiáveis. A ausência deste tipo de 
estudos justifica, portanto, um trabalho diacrônico sobre os pronomes sujeito no florentino. 
Ao contrário, muitas são as hipóteses sobre o estatuto (clítico, fraco ou de outra 
natureza) do pronome cê em PB. Contudo, não foram examinados dados do tipo daqueles 
considerados neste trabalho, ou seja, dados extraídos de um corpus de fala espontânea 
(publicado e verificável) que permita também uma análise fonética. Além disso, não é de 
nosso conhecimento um trabalho sobre as formas cê, ocê e você que tenha partido, assim 
como foi feito aqui, da análise prosódica (ou seja, da averiguação da tonicidade ou 
atonicidade da forma) para depois entender quais posições e funções são compatíveis com o 
estatuto átono ou tônico desta forma. A metodologia original, como será explicada adiante, 
justifica, portanto, um novo trabalho sobre esse tema. 
A presença, em um único trabalho, de dois objetos de pesquisa aparentemente tão 
diferentes se justifica pelas seguintes razões: 
1. o estatuto categorial, ou seja, a qual categoria gramatical pertence a forma cê no 
PB, é objeto de grandes dúvidas por parte dos estudiosos. Frequentemente o sistema 
pronominal de segunda pessoa do singular/plural do PB é descrito como em curso de 
gramaticalização, mas com várias ressalvas. Por outro lado, nesta pesquisa, os pronomes 
sujeito do florentino são apresentados como exemplo de um caso de plena gramaticalização, 
no qual, a partir da forma segmental é possível determinar qual o estatuto, tônico ou clítico, e 
o comportamento, sujeito ou objeto, de tais pronomes. 
17 
 
2. Poder comparar dois casos em que uma forma pronominal reduzida apresenta 
características muito diferentes (e talvez opostas) quanto à relação entre forma segmental e 
estatuto funcional pode esclarecer, a nosso ver, tanto metodologicamente quanto do ponto de 
vista teórico, a análise de ambas as formas, e principalmente aquela do pronome cê; 
3. os dois idiomas (PB e florentino) dispõem agora de corpora comparáveis (também 
diacronicamente no caso do florentino) de fala espontânea. Essa coincidência, ainda rara nos 
estudos linguísticos, abre novas possibilidades sob o aspecto metodológico, tanto para a 
comparação interlínguística quanto para a comparação diacrônica na mesma língua. 
 
1.2. Objetivos 
Os objetivos do trabalho são: 
a) para o PB, o estudo das diferentes formas pronominais (plenas e reduzidas) 
de segunda pessoa você(s)/ocê(s)/cê(s) em seus diferentes usos e contextos, a 
partir de uma definição de seu estatuto de tonicidade ou atonicidade com base 
em parâmetros prosódicos; 
b) para o vernáculo florentino, o exame da situação de alguns pronomes clíticos 
sujeito nos anos de 1960 e de 2000, ou seja, com um intervalo de cerca de 
quarenta anos, que, como mostraremos, são fundamentais na história 
linguística italiana
1
. Em específico, trataremos dos clíticos de terceira pessoa 
do singular, gl‟/ e/ la/ l‟ em concomitância com alguns dos verbos de mais 
alta frequência da língua italiana, como: essere (ser), fare (fazer), andare (ir) 
e venire (vir) no presente do indicativo. 
Como já dito, a situação dessas formas pronominais nas duas línguas é muito 
diferente, permitindo comparar o funcionamento daquelas completamente gramaticalizadas, 
como é o caso do florentino, com aquelas frequentemente descritas (e com muitas conclusões 
diferentes) como em curso de gramaticalização, como é o caso do PB. 
Essa possibilidade é oferecida pela presença de corpora comparáveis: o C-ORAL-
BRASIL (RASO  MELLO, 2012) para o PB, que apresenta a variedade mineira; o C-
ORAL-ROM (CRESTI  MONEGLIA, 2005) para o italiano, na variedade do florentino 
contemporâneo; o Corpus Stammerjohan (1970) remasterizado pelo laboratório LABLITA e 
 
 
1
 Tais anos, como será explicado adiante, são fundamentais para a difusão do italiano padrão, especialmente 
através da escolarização de massa e da mídia, sobretudo aquela televisiva, em oposição aos dialetos (ou no caso 
do florentino, ao vernáculo local). 
18 
 
o Corpus per il Confronto Diacronico (SCARANO, 2005), que cria dois subcorpora 
comparáveis a partir do corpus Stammerjohan e do C-ORAL-ROM
2
. 
O ponto de vista do qual se olham os fenômenos também é original. Isso é 
especialmente evidente para a análise do PB. De fato, no passado, as formas você/ocê/cê 
foram analisadas com base em uma das perspectivas seguintes: 
a) partindo da análise das funções e posições que, segundo métodos introspectivos, 
pareciam possíveis para cada forma e, a partir disso, concluir sobre o estatuto átono ou tônico 
das formas; 
b) analisando corpora não verificáveis (porque não publicados ou não descritos) e 
sempre caracterizados por textos de duas únicas tipologias: narrativas e entrevistas; 
c) analisando sentença preparadas em laboratório. 
 
O presente trabalho, ao contrário, parte da análise suprassegmental das formas. Em 
primeiro lugar, busca-se definir quando estas são átonas e quando são tônicas; somente depois 
são observadas as posições e as funções em que as formas átonas e as formas tônicas podem 
se encontrar. Além disso, o trabalho se baseia em corpora de fala espontânea com ampla 
variação diafásica, capazes, portanto, de documentar o uso real da fala como um todo, e não 
somente de uma fala muito específicacomo aquela monológica ou de entrevistas. Por fim, 
todos os dados analisados são publicados e disponíveis para acesso da comunidade científica. 
Especificando melhor as características dos corpora usados, no momento é importante 
ressaltar que: 
- todos os corpora são balanceados, ou seja, construídos de maneira a serem 
comparáveis entre si, e representativos das respectivas diatopias, seguindo a mesma 
arquitetura baseada também na comparabilidade diafásica; 
- os corpora possuem a transcrição semiortográfica das gravações e a transcrição 
alinhada ao áudio, o que permite a análise acústica dos enunciados de interesse para a 
pesquisa; 
- a unicidade de dois corpora do vernáculo florentino gravados em períodos diversos 
também possibilita um trabalho de tipo diacrônico, do qual não possuímos outros exemplos. 
Dissemos que os corpora são representativos da fala espontânea. Por fala espontânea 
entendemos a fala que é planejada ao mesmo tempo em que é realizada (NENCIONI, 1983). 
A “fala falada”, aquela realmente espontânea, é caracterizada por uma grande acionalidade e 
 
2
 Sobre as características específicas dos corpora consultados e sobre a arquitetura dos corpora da família C-
ORAL-ROM será discutido amplamente adiante. 
19 
 
por valores ilocutivos diversificados, em que a tipologia ilocucionária muda continuamente. 
Isso acontece porque no monólogo, ou mesmo em um diálogo de tipo narrativo, o falante 
desenvolve uma linha discursiva, que pode até ser eventualmente interrompida, mas continua 
em sua macroconstrução semântica. O diálogo do tipo entrevista, portanto, não pode ser 
considerado um texto verdadeiramente dialógico. Na fala acional, quando os interlocutores 
estão fazendo algo enquanto falam, a construção do texto é totalmente imprevisível: o 
planejamento da fala é feito no momento da interação, portanto depende não somente do 
macroplano de um falante, como também do que está acontecendo no ambiente. Por isso sua 
sintaxe é peculiar e as estruturas linguísticas encontradas nas gravações são muito diferentes 
daquelas às quais estamos habituados nos exemplos fictícios e de corpora sem variação 
diafásica geralmente utilizados como exemplificações. Acreditamos que este tipo de fala seja 
mais reveladora do comportamento de formas como, por exemplo, o uso do cê(s) e do ocê(s), 
porque a diafasia diversificada e a espontaneidade propiciam uma maior chance de produção 
de uma linguagem informal. 
 Dos corpora utilizados, o único que não persegue em sua totalidade a linha de plena 
acionalidade é o Corpus Stammerjohann, pelo fato de ter sido gravado em uma época em que, 
seja pela tecnologia, seja pelo tipo de arquitetura de compilação seguida, essa não era a 
preocupação primária
3
. Mas o Corpus per il Confronto Diacronico tenta recuperar o máximo 
de acionalidade presente no Corpus Stammerjohann. 
 
Os objetivos específicos desta pesquisa podem ser divididos em dois grupos. No 
primeiro: 
a. quanto ao PB: 
i. verificar a frequência de ocorrência das formas você(s)/ocê(s)/cê(s) 
utilizadas no corpus e seu contexto de uso; 
ii. avaliar, através da duração e de sua normalização4, a tonicidade e 
atonicidade das várias formas; 
iii. verificar a distribuição das várias formas distinguindo sua 
tonicidade ou atonicidade, tendo como fundamento para essa 
distinção sua forma suprassegmental. Somente a partir desta 
distinção serão atribuídas funções às várias formas; 
 
3
 No parágrafo 3.2.1 detalharemos as especificações do corpus e as características de sua coleta. 
4
 A duração bruta de um segmento acústico não é um bom parâmetro de análise, em específico quando se deseja 
compará-la com outros segmentos. O processo de normalização elimina justamente os condicionamentos 
intrínsecos dos segmentos que impediriam uma comparação confiável. 
20 
 
iv. investigar as diferenças de uso entre falantes de diastratias 
diferentes que possam ser relevantes. 
b. no vernáculo florentino: 
i. verificar a frequência de ocorrência das formas utilizadas como 
expressão de sujeito de terceira pessoa do singular, masculino e 
feminino, gl‟/ e‟/ la/ l‟, em conjunto com os verbos essere (ser), 
fare (fazer), andare (ir) e venire (vir) no presente do indicativo, nos 
dois corpora comparáveis; 
ii. implementar, nos dois corpora, uma análise percentual sobre o uso 
das formas reduzidas; 
iii. comparar, nos dois corpora, a frequência do uso das formas clíticas, 
e indagar sobre a utilização de formas plenas, uso de outros 
pronomes, de sujeitos nominais ou forma zero; 
iv. investigar as diferenças de uso entre falantes de diastratias 
diferentes que possam ser relevantes. 
 
1.3. Hipótese de trabalho 
As hipóteses que são a base desta dupla pesquisa são: 
I. Para o PB: 
a. não é possível afirmar que para uma determinada forma segmental 
corresponda necessariamente uma única forma prosódica (tônica ou 
clítica); 
b. tonicidade ou cliticidade são independentes da forma segmental, como 
demonstram os dados recolhidos em análise acústica. Portanto, somente 
identificando o estatuto prosódico das ocorrências das diferentes formas 
segmentais é possível entender o comportamento dos pronomes. 
II. Para o vernáculo florentino: 
a. os trinta a quarenta anos que separam as gravações dos dois corpora 
representam anos de forte pressão do italiano padrão sobre os dialetos. É, 
portanto, plausível que seja detectável uma diminuição do fenômeno de 
expressão do sujeito, mais especificamente do sujeito clítico. Deve-se, 
contudo, verificar se e em que medida isso realmente aconteceu; 
b. espera-se encontrar uma redução das ocorrências de sujeito clítico e uma 
reconfiguração da expressão do sujeito com formas plenas ou nulas. 
21 
 
2. REVISÃO DA LITERATURA 
2.1. História do pronome você 
Nesta seção será traçado brevemente o percurso histórico das formas 
você(s)/ocê(s)/cê(s) desde sua origem até os dias atuais. 
Em Portugal, no início da monarquia, não havia uma grande distinção na forma de 
tratamento entre o rei e os outros nobres. Somente a partir do século XIII há uma certa 
diferenciação entre o monarca e as outras classes, sendo ele tratado pela forma vós. Outras 
formas surgiram e vós foi, aos poucos, sendo substituído por Vossa + Nome. Não há consenso 
sobre o período exato em que surge essa estrutura, como é o caso de Vossa Mercê
5
. De 
qualquer forma, é de se esclarecer que o tratamento ao rei era indireto, sendo feita referência à 
sua generosidade e poder de concessão de favores, graças, justiça e proteção. 
 Inicialmente a forma Vossa Mercê era a mais utilizada para se dirigir ao monarca, mas 
com o passar do tempo surgiram outras formas como Vossa Senhoria, Vossa Alteza e enfim 
Vossa Majestade (LUZ, 1956; SAID ALI, 1965; COOK, 1997). Por este motivo, o uso de 
Vossa Mercê para tratamento do monarca começou a diminuir, sendo utilizado para outras 
figuras da aristocracia. Em seguida, essa forma passou a ser usada como tratamento para a 
burguesia, baixando cada vez mais na escala social, até ser utilizada como tratamento de 
respeito para qualquer cidadão que não pudesse ser tratado por formas mais nobres, como 
Vossa Senhoria, ou mais íntimas, como tu ou vós. 
A forma Vossa Mercê foi, portanto, suplantando vós, que cai em desuso como 
referência a um único interlocutor até praticamente desaparecer no fim do século XIX 
(LOPES, 2003; LOPES e DUARTE, 2003). Devido à sua frequência de uso, Vossa Mercê 
começou a sofrer uma série de reduções de segmentos e sílabas átonas, em um processo geral 
de redução fonética. Isso deu origem a diferentes variantes como: cê, mecê, mincê, ocê, oncê, 
sucê, suncê, vacê, vainicê, vancê, vansmincê, vassuncê, voncê, vosmecê, vossemecê, 
vosmincê, vossuncê, ucê (NASCENTES, 1956). A forma que se fixou na língua portuguesa 
foi você, transformadaem pronome de tratamento. Algumas das outras ainda se encontram 
nas regiões rurais brasileiras e portuguesas
6
. 
Dentro desse processo de mudança de Vossa Mercê>você, houve um rearranjo da 
estrutura da língua, em específico no sistema pronominal
7
. A forma vós cai em desuso e você 
 
5
 Vejam-se, a esse respeito, Luz (1956), Cintra (1972), Faraco (1996), Said Ali (1965), Nascentes (1956), entre 
outros. 
6
 A esse respeito: Amaral (1976), Said Ali (1969), Coelho (1999), Oliveira (1996), Basto (1931) e Cook (1997). 
7
Veja-se, a esse respeito, Lopes (2003). 
22 
 
é utilizada em português na sua forma plural. Contudo, tendo sido originada de um pronome 
de tratamento, você também faz concordância com a terceira pessoa, havendo uma 
combinação em um só pronome de 2ª e 3ª pessoas. Isso acabou por alterar também o uso dos 
possessivos, determinando a utilização cada vez mais frequente da forma deles para evitar 
ambiguidade. Outro efeito da introdução da forma você no paradigma pronominal foi a perda 
da distinção de pessoa através das desinências verbais e, por consequência, uma necessidade 
cada vez maior do uso do sujeito. 
A partir do início do século XX a forma você(s) apresenta uma distribuição mais 
homogênea, ocupando a posição de sujeito pré-verbal, e expressa além de referência definida, 
também referência indefinida (LOPES, 2002; 2003). Outro aspecto a ser evidenciado é a 
difusão da forma entre as camadas mais populares e seu uso nas relações assimétricas de 
superior para inferior. É de se esclarecer que em Portugal essa forma é, hoje em dia, bastante 
estigmatizada. 
A situação linguística descrita acima foi trazida para o Brasil à época da colonização, 
no século XVI. Naquele tempo, o uso de Vossa Mercê e vós já estava em declínio e a 
simplificação fonética de Vossa Mercê, nas variantes vistas, estava avançada. Os 
colonizadores vinham de todas as partes de Portugal, mas a diferenciação linguística foi 
anulada em solo brasileiro. Como não havia nem escolas, nem imprensa, e a educação ficava 
somente a cargo dos jesuítas, a mudança linguística ocorreu de forma muito mais rápida que 
em Portugal
8
. No início do século XX o uso de você é quase predominante. 
Nas últimas décadas há um amplo uso da forma você, alternada com o tu que, segundo 
alguns autores, está em expansão em algumas regiões do Brasil
9
. 
As formas ocê e cê no Brasil são pouco atestadas nos textos escritos. Contudo, já 
aparecem nas primeiras décadas do século XX (AMARAL, 1976; SALLES, 2001; 
NASCENTES, 1956), sendo registradas pela primeira vez em 1920 como variantes de Vossa 
Mercê (AMARAL, 1976). 
Na próxima seção serão discutidas as abordagens sobre os usos e distribuições atuais 
destas formas. 
 
2.2. Questões abordadas nas propostas 
 As propostas que serão discutidas abaixo apresentam afirmações muitas vezes 
divergentes. Como as hipóteses e conclusões de cada autor serão apresentadas em detalhe, 
 
8
 Estudos sobre este assunto encontram-se em: Menón (2000), Salles (2001), Lopes e Duarte (2003; 2004). 
9
 Veja-se a discussão de Oliveira (2000) e Paredes Silva (2003). 
23 
 
introduziremos aqui algumas contradições que o leitor encontrará, e que são relevantes para as 
finalidades de nossa pesquisa. 
 Em primeiro lugar, há a questão da definição da forma cê. Como se verá adiante, a 
discussão é ampla, pois muitos autores buscam analisar a forma cê tentando, antes de mais 
nada, defini-la. Vitral (1996), Ramos (1997), Vitral e Ramos (2006; 2008), Vitral, Ramos e 
Souza (2007) afirmam que essa partícula seria um clítico ou se encontraria em processo de 
cliticização, estando na etapa de formação de expletivos
10
. Ciríaco, Vitral e Reis (2004) 
afirmam terem confirmado a cliticidade de cê através de testes acústicos em laboratório. Já 
segundo Petersen (2008), a forma cê seria um pronome fraco, segundo a teoria da tripartição 
de Cardinaletti e Starke (1994)
11
. Por outro lado, Barbosa L. P. (2005) diz demonstrar que cê 
seria uma palavra plena. Othero (2013) acredita, por sua parte, que cê seja uma nova forma 
pronominal, nem clítica, nem fraca. A proposta de Peres (2006) é aquela que mais se 
aproxima da nossa, pois ao invés de tentar formular definições, observa os dados de que 
dispõe sem tentar encaixá-los em uma teoria. 
 
2.3. Gramaticalização e cliticização 
Nos próximos parágrafos serão revistas as contribuições que obtiveram maior impacto e 
foram alvo de debates sob o ponto de vista da hipótese da gramaticalização. 
Vitral (1996) correlaciona a forma cê com a noção de gramaticalização
12
. Em uma 
análise sintática sobre a distribuição dessa forma nas diferentes posições, o estudioso afirma 
que a forma cê não pode ocorrer em vários dos ambientes em que as formas você e ocê são 
encontradas, isto é: 
a) como sujeito em posição pós-verbal; 
b) como objeto de verbo ou de preposição; 
c) em posição de tópico; 
d) e focalizado. 
Segundo Vitral (1996), a única posição de cê relacionada no corpus por ele consultado é 
aquela pré-verbal. 
As afirmações de Vitral (1996) baseiam-se em dados de Dutra (1991). Tal estudo não é 
acessível à comunidade científica, assim como seus dados, pois trata-se de um manuscrito de 
 
10
 Adiante será discutida esta questão. 
11
 Adiante será discutida a proposta. 
12
 O conceito de gramaticalização a que se refere Vitral é aquele apresentado em Hopper & Traugott (1993). 
24 
 
“Folha de exemplos”
13
, dos quais não foi possível obter maiores informações como: tipo de 
coleta, informantes, data e local da coleta, se se trata de gravações transcritas ou outro tipo de 
material. É importante ressaltar que, não somente em nosso estudo aqui apresentado, mas em 
outros que serão discutidos adiante, as ocorrências nas diferentes posições enumeradas acima 
foram verificadas em vários corpora, ou admitidas como possíveis por diferentes estudiosos. 
Segundo Vitral (1996), a forma cê representa uma etapa, aquela da cliticização, do 
processo de gramaticalização da forma Vossa Mercê. O estudioso propõe, portanto, o seguinte 
processo, que ainda estaria em curso (VITRAL, 1996, p. 119): 
 
Item com significado lexical: Vossa Mercê > item gramatical: você > 
clítico: cê > afixo flexional. 
 
 A forma Vosmecê é considerada por Vitral (1996) como um estágio intermediário 
entre a primeira e a segunda etapas, enquanto a forma ocê poderia ser um estágio 
intermediário entre a segunda e a terceira etapas. 
 Outro estudo basilar para a análise das formas pronominais de segunda pessoa é 
aquele de Ramos (1997). Com o duplo intuito de testar o processo de cliticização de cê e de 
descrever em uma análise sociolinguística o uso de cê, ocê e você, a estudiosa verifica um 
conjunto de 342 dados extraídos de entrevistas com falantes de Belo Horizonte. Os critérios 
de investigação das formas dividem-se entre internos (função sintática; focalização; tipo de 
referência; tipo de oração em que aparecem; posição em relação ao verbo e topicalização) e 
externos (gênero e idade). Os resultados obtidos são: 
a) a posição de sujeito é a mais recorrente nas três formas, com 94,4% das 
ocorrências; 
b) há uma diminuição no uso da forma você, segundo a faixa etária; a forma ocê teve 
um pequeno aumento; a forma cê é a favorita em todas as faixas etárias mas sem 
aumento; 
c) a forma cê ocorre em 88% dos casos nas construções com topicalização; 
d) a forma cê aparece em posição não-contígua ao verbo somente com advérbios 
curtos como não, já, só; 
 
13
 Segundo quanto consta na bibliografia do autor. 
25 
 
e) há preferência pela forma você quando a oração é interrogativa simples; no caso de 
orações declarativas e interrogativas com estrutura “que que”a forma mais 
utilizada é cê; 
f) não há ocorrências de cê focalizado; 
g) há um aumento na utilização de referência indefinida, pois ela ocorre mais entre os 
jovens, seguidos dos medianos, e menos nos velhos
14
; 
h) no caso de referência definida, jovens e medianos utilizam mais a forma você (67% 
das ocorrências); no caso de referência indefinida a forma por eles preferida é cê 
(56% das ocorrências). Já você é a forma mais utilizada pelos velhos no caso de 
referência indefinida (53% das ocorrências) e cê quando é definida (65% das 
ocorrências); 
i) segundo o arcabouço teórico seguido, a hipótese da cliticização da forma cê é 
confirmada. 
 Em um trabalho conjunto, Vitral e Ramos (1999) rediscutem a gramaticalização da 
forma você. Baseando-se nas teorias de Hopper e Traugott (1991), segundo os quais o 
processo de gramaticalização passa de um item com significado lexical para um item 
gramatical, seguido de um clítico e terminando em um afixo, os estudiosos afirmam examinar 
as mudanças da forma você pelas primeiras três etapas. Citando Hopper e Traugott (1991), os 
autores alegam perda de conteúdo semântico no processo de gramaticalização. Para explicar 
tal argumento são revistos por eles os trabalhos anteriores de Vitral (1996) e especialmente 
aquele de Ramos (1997), dos quais são retirados os dados que indicariam haver tendência à 
especialização das formas cê e você. Como visto nesses estudos, os jovens utilizam cê com 
referência menos definida enquanto os velhos com referência definida. O processo de 
especialização indicaria, segundo os estudiosos, etapas da gramaticalização. A perda de 
autonomia lexical é por eles correlacionada à redução fonológica do item cliticizado, 
passando de duas sílabas no caso de você para uma no caso de cê. A perda de conteúdo 
semântico, por outro lado, é correlacionada à referência não definida como no exemplo abaixo 
(VITRAL e RAMOS, 1999, p. 58): 
 
(1) Cê pode visitar sempre esse local. (= Pode-se visitar sempre esse local.) 
 
 
14
 A terminologia referente às faixas etárias é aquela adotada por Ramos. 
26 
 
Segundo os estudiosos, perda de substância fonética e perda de conteúdo semântico 
induzem à falta de referencialidade de uma das formas: no caso, aquela clítica. Isso levaria 
necessariamente o processo de gramaticalização à sua última etapa, a formação de 
expletivos
15
. Trata-se de itens não-referenciais, ou seja, desprovidos de traços semânticos em 
sua matriz lexical. Os autores explicam que um nome é associável a um determinado “ser”
16
 
fora do enunciado. O mesmo não acontece com os pronomes. Para analisar seu 
comportamento semântico, se faz necessário conhecer o ato de fala de que ele participa. Os 
pronomes pessoais são termos carentes de referência virtual, pois não é possível a eles 
associar algo fora do enunciado, mas caracterizados por referência real no enunciado em que 
aparecem. Os estudiosos afirmam, portanto, que, quando se fala de perda de conteúdo 
semântico, se está falando da perda de traços semânticos que caracterizam a referência virtual. 
Termos que são usados não referencialmente são ditos expletivos. Segundo Vitral e Ramos o 
português não possui itens expletivos. Contudo, seguindo Duarte (1997), há usos expletivos 
de formas pronominais: é o caso do você em posição não temática, como nos exemplos abaixo 
de Vitral e Ramos (1999, p. 61): 
 
(2) Em Kioto você tem aquela confusão nas ruas. 
(3) Em Buenos Aires você tem confeitarias. 
 
 A conclusão dos autores é de que, contrariamente a quanto suposto, não é a forma cê, 
a mais reduzida e clítica, que está sendo usada como expletivo, mas você. Isso configura um 
problema na corrente teoria da gramaticalização, que supõe uma correlação entre perda de 
substância fonética e perda de conteúdo semântico. 
 Em uma obra mais recente, Vitral e Ramos (2006) retomam os estudos anteriores em 
torno do conceito de gramaticalização, que envolvem, além das formas pronominais de 
segunda pessoa, também aquelas de terceira pessoa e itens negativos como não > num. O 
intuito da obra é analisar os fenômenos de cliticização no PB, inclusive através de uma 
discussão sobre a interpolação do pronome se. Para os objetivos da presente pesquisa, a parte 
mais interessante refere-se à abordagem do conceito de gramaticalização aplicado aos 
pronomes de segunda pessoa. 
Os autores novamente propõem que as formas você, ocê e cê se encontrem em um 
processo de gramaticalização: o pronome cê estaria na fase final do processo de cliticização 
 
15
 Para esclarecer: no inglês, termos expletivos são it e there, no francês, il. 
16
 Termo adotado pelos autores. 
27 
 
iniciado com a forma Vossa Mercê. Vitral e Ramos (2006) apontam para alguns problemas na 
afirmação de que a forma cê seja um novo clítico como: 
a) a diminuição da frequência de clíticos em geral no PB; 
b) a possibilidade de aparecimento da forma cê em contextos vedados aos clíticos17 
como em Vitral e Ramos (2006, p. 35): 
 
 (4) Cê foi o culpado. 
 
Contudo, solucionam a questão com as seguintes observações: 
a) apesar de estudos quantitativos mostrarem que a frequência dos clíticos está 
diminuindo no PB falado, a inserção do clítico se indeterminador (se diz isso, se 
pensa aquilo) estaria em expansão. Isto, segundo os autores, corresponderia ao uso 
também de cê como fator de indeterminação
18
. Portanto, concluem, não é o total 
dos clíticos que está diminuindo, mas a frequência dos clíticos acusativos que 
estaria em processo de queda muito forte no PB falado; 
b) no PB parece haver uma tendência ao preenchimento da posição de sujeito; 
c) a forma cê é agramatical nos mesmos contextos e posições em que os outros 
clíticos não são aceitos. Segundo os autores esta agramaticalidade é justificada pela 
natureza clítica da partícula. Vitral e Ramos (2006), utilizando os exemplos de 
Dutra (1991), afirmam que no PB falado não é encontrada a forma clítica nas 
seguintes situações: 
I. topicalizado como em Dutra, 1991, apud 19Vitral e Ramos, 2006, p. 32: 
 
(5) *Cê ele não viu. 
 
II. modificado por advérbio, como em Dutra, 1991, apud Vitral e Ramos, 2006, 
p. 32: 
 
(6) *Só cê tava mentindo. 
 
 
17
 No caso abaixo, por exemplo, o clítico está em início de sentença, fenômeno que segundo os autores é restrito 
a certos contextos. 
18
O exemplo (1) citado anteriormente é característico do fenômeno do uso de cê/se como fator de 
indeterminação. Contudo os autores não citam outros exemplos deste uso. 
19
 Como foi dito anteriormente, não foi possível obter os dados originais de Dutra (1991). 
28 
 
III. sozinho, como resposta a uma pergunta, como em Dutra, 1991, apud Vitral e 
Ramos, 2006, p. 32: 
 
(7) – Quem vai sair? 
– *Cê. 
 
IV. como complemento de preposição, como em Dutra, 1991, apud Vitral e 
Ramos, 2006, p. 32: 
 
(8) Eu falei *pra cê... 
 
V. coordenado com uma forma tônica, como em Dutra, 1991, apud Vitral e 
Ramos, 2006, p. 33: 
 
(9) *Ele e cê podem votar contra. 
 
Gostaríamos de sublinhar que nos próximos parágrafos serão citados exemplos 
encontrados não somente em nosso estudo, mas também em outros que utilizam corpora de 
língua falada, em que a forma cê ocorre justamente como complemento de preposição ou em 
coordenação, o que os autores negam categoricamente em sua obra. 
No capítulo 3 os autores retomam uma análise quantitativa anterior das formas você, 
ocê e cê. Os dados são os mesmos utilizados em Ramos (1997), compostos por entrevistas 
realizadas com 12 informantes de Belo Horizonte de três faixas etárias, para um total de 342 
ocorrências das formas estudadas. Os critérios adotados são: fatores sociais (faixa etária) e 
distribuição sintática. A análise visa verificar se e em quais casos astrês formas coexistem em 
diacronia, e se podem ocorrer nos mesmos contextos, ou se há especialização de um ou outro 
item. O objetivo é verificar, portanto, quais funções sintáticas as formas assumem em um 
determinado estágio da gramaticalização. Os resultados indicariam que cê estaria se 
especializando na função de sujeito sintático. Retomando estudos prévios, os autores 
articulam uma série de argumentações que atestariam a cliticidade de cê como clítico 
fonológico, pois segue a sequência [especificador + núcleo lexicalizado + clítico fonológico], 
e não sintático. De fato: 
I. haveria uma tendência no uso de cê como item preferido para indicar entidade 
com referência [-específica], como abaixo, Vitral e Ramos, 2006, p. 42: 
29 
 
 
(10) Cê pode visitar sempre esse local. 
 
II. a ocorrência da forma cê como adjacente ao complementizador, lexicalmente 
realizado, em interrogativas, evidenciaria sua falta de acento no nível fonológico, 
como em Vitral e Ramos, 2006, p. 48: 
 
(11) Como que cê acha que era o namoro? 
 
III. o fato de que, na forma cê, em 84% dos casos analisados pelos autores, a posição 
favorecida seria contígua ao verbo
20
. Nos casos de posição não contígua os itens 
favoritos são: já (7,4%), só (3,8%), sempre (3,8%) e não (85%), como em Vitral e 
Ramos, 2006, p. 46: 
 
(12) Cê não paga nada. 
 
O capítulo 4 concentra-se sobre as evidências fonéticas da realização da forma cê. É 
descrita a análise acústica de orações que apresentam as formas se, cê e Zé, em três contextos 
distintos
21
: 
I. entre dois segmentos átonos: 
 
A. (1) Como cê falou que a gente devia fazer? 
(2) Como Zé falou que era mesmo? 
(3) Como se falou que a gente devia pronunciar? 
 
II. em início de sentença: 
 
B. (4) Cê sabe de toda a história. 
(5) Zé sabe de toda a história. 
(6) Se sabe de toda a história. 
 
 
20
 Devemos ressaltar que estas porcentagens referem-se somente à forma cê. Faltando aquelas sobre a 
distribuição das formas ocê e você em relação ao verbo, o leitor não possui os meios necessários para saber se 
esses números são relevantes. 
21
 Todos os exemplos são extraídos de Vitral e Ramos, 2006, p. 55. 
30 
 
III. entre dois segmentos tônicos: 
 
C. (7) Quem cê disse que viajou junto? 
(8) Quem Zé disse que viajou junto? 
(9) Quem se disse que foi comigo? 
 
Foram observados os parâmetros de intensidade (I, em decibéis, dB) e duração (D, em 
milésimos de segundo, ms). 
Cinco informantes efetuaram duas leituras das sentenças. Foi extraída a média de D e I 
das leituras, como segue: 
 
 Exemplos de Vitral e Ramos, 2006, p. 56-57: 
 
(13)Como cê falou que a gente devia fazer? 
I: 36 dB D: 137 ms
22
 
 
(14)Como Zé falou que era mesmo? 
I: 41 dB D: 170 ms 
 
(15)Como se falou que a gente devia pronunciar? 
I: 33 dB D: 137 ms 
 
(16)Cê sabe de toda a história. 
I: 20dB D: 122 ms 
 
(17)Zé sabe de toda a história. 
I: 27 dB D: 217 ms 
 
(18) Se sabe de toda a história. 
 I: 18 dB D: 117 ms 
 
(19) Quem cê disse que viajou junto? 
 
22
 Aqui, como nos exemplos seguintes apresentados, estamos adequando a medida exata em ms pois no texto 
original está marcada após vírgula (0,137ms). 
31 
 
 I: 23 dB D: 156ms 
 
(20) Quem Zé disse que viajou junto? 
 I: 26 dB D: 196 ms 
 
(21) Quem se disse que foi comigo? 
 I: 20 dB D: 134 ms 
 
A média dos valores encontrados nos três ambientes é a seguinte: 
 Vitral e Ramos, 2006, p. 57 
 
 (22) SE: I: 23,6 dB 
 D: 129 ms 
 
 (23) CÊ: I: 26,3 dB 
 D: 138 ms 
 
 (24) ZÉ: I: 31,3 dB 
 D: 194 ms 
 
Os autores concluem que cê assemelha-se à forma se, confirmando a hipótese de sua 
cliticidade. 
É reconsiderado, enfim, pelos autores o estudo de Cardinaletti e Starke (1994)
23
. Vitral 
e Ramos (2006) afirmam que a perspectiva de Cardinaletti e Starke (1994), de uma distinção 
em pronomes fracos, fortes e clíticos, faz parte de um processo maior de gramaticalização, 
sugerindo a inclusão de um novo item, o simple clitic, segundo a terminologia de Zwicky 
(1977). Segundo Vitral e Ramos (2006) a forma cê poderia ser inserida na classificação 
apontada por Cardinaletti e Starke (1994) como um clítico, estruturalmente em projeção 
máxima
24
, ou como uma forma fraca. Mas seu parecer é que esta terminologia “não tem 
 
23
 Segundo Cardinaletti e Starke, há três tipos de pronomes: fortes, fracos e clíticos, com domínios sintáticos 
distintos. Segundo essa perspectiva, a classificação se deveria a uma complexa interseção de um conjunto de 
propriedades sintáticas, morfológicas, semânticas e fonéticas. Clíticos e fracos se distiguiriam pelo fato de os 
clíticos poderem ser adjacentes ao verbo, o que não é possível aos pronomes fracos. 
24
 A Teoria X-barra revê as regras de movimento, tentando identificar os princípios comuns a todas as línguas. 
Sem entrar em detalhes, se supõe que todo sintagma seja a projeção máxima de um núcleo, sendo X o sintagma, 
que pode ser nominal, verbal, preposicional e adjetival. A esse respeito: Chomsky (1970); Jackendoff (1977). 
32 
 
nenhum estatuto teórico explicativo” (Vitral e Ramos, 2006, p. 69). pois seria mais proveitoso 
incluir a análise na compreensão geral do processo de cliticização das formas pronominais
25
. 
O capítulo 6 do livro faz uma revisão das análises até aquele momento descritas para 
propor uma nova etapa no processo de gramaticalização que leva do item com significado 
lexical Vossa Mercê até a forma cê. Como visto em estudos anteriores, a hipótese dos autores 
aponta para o reconhecimento de uma nova etapa final: aquela da formação dos expletivos. O 
processo de explicação segue aquele visto anteriormente e as conclusões são de que é 
necessário aceitar essa nova fase do processo de gramaticalização. 
Em outro trabalho, Ramos, Vitral e Souza (2007) analisam a preferência pela posição 
de sujeito por parte dos pronomes reduzidos. Em diacronia, essa posição era ocupada pelas 
formas de tratamento Vossa Mercê assim como Vossa Senhoria e O senhor. A questão que os 
autores debatem é o motivo pelo qual a posição de sujeito seria sede dos processos de 
cliticização. A proposta deles está baseada em uma análise de tipo sintática, com orientação 
teórica gerativista: haveria uma dependência sintática entre a posição de sujeito e o núcleo de 
uma categoria, seja funcional, seja lexical. Os autores conjecturam que o fator responsável 
seja a dissociação entre Número e Caso. 
Exemplificando, quando o pronome é forte, o verbo aparece no plural, enquanto com 
pronome não-forte
26
 o verbo encontra-se na terceira pessoa do singular, sem concordância de 
número, conforme os exemplos extraídos de Ramos, Vitral e Souza, 2007, p. 3
27
: 
 
(1) a. es inventa um bocado de coisa (E42) 
b. os próprios industriais, eles num ampliam (E21) 
 
As etapas da análise de dados dos autores levariam a estabelecer que os contextos que 
favorecem os pronomes fracos caracterizam-se por: 
I. estar numa sentença com o verbo no tempo presente; 
II. possuir aspecto inconcluso; 
III. possuir traços phi de 3ª pessoa, plural e [- específico]. 
 Abaixo os exemplos apresentados por Ramos, Vitral e Souza, 2007, p. 4: 
 
 
25
 É interessante observar que esta menção à teoria de Cardinaletti e Starke, por parte de Vitral e Ramos, 
originará um debate acalorado a partir de um estudo de Petersen (2008). Os dois artigos serão comentados 
adiante. 
26
 Termo adotado no artigo. Não foi explicitado se há uma real diferença entre não-forte e fraco. 
27
 Os autores não esclarecem de onde foram retirados os exemplos abaixo, se de algum corpus, ou de dados de 
introspecção. 
33 
 
(2) a. Eu o fiz [= o que lhe havia prometido] 
b. Eu os fiz [- genérico]

Outros materiais