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DIREITO penal

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Prévia do material em texto

Professor Júlio Rabelo 
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 
1 Princípio da Legalidade 
 Tem previsão legal nos artigos 5º, II e XXXIX, da CF, e no 1º do CP. Trata-se de real 
limitação ao poder estatal de interferir na esfera de liberdades individuais. 
 
 O Princípio da Legalidade apresenta como desdobramentos os seguintes Princípios: 
a) Reserva Legal 
 A infração penal somente pode ser criada por lei em sentido estrito, ou seja, lei 
complementar ou ordinária, aprovadas e sancionadas de acordo com o processo legislativo 
respectivo. 
Obs: Medida Provisória. 
 
b) Anterioridade 
 A criação de tipos penais e a cominação de sanções exige lei anterior, proibindo-se a 
retroatividade maléfica. 
 
c) Intervenção Mínima 
 Não se admite a criação da infração penal sem necessidade, em especial quando a 
conduta indesejada pelo meio social pode ser inibida por outros ramos. 
 
d) Taxatividade 
 Dirigido mais ao legislador, exigindo dos tipos penais clareza, não deixando margens de 
dúvida. 
 
2 Princípio da Insignificância ou Bagatela (Implícito) 
 Princípio calcado em valores de Política Criminal, funcionando como causa de exclusão 
da tipicidade, mais precisamente a tipicidade material, desde que preenchidos os requisitos 
mínimos firmados pelo STF: 
* Mínima ofensividade da conduta 
* Ausência de periculosidade social da ação 
* Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento 
* Inexpressividade da lesão jurídica. 
 
3 Princípio da Individualização da Pena (Art. 5º, XLVI, da CF) 
 Esse princípio obsta que os casos criminais sejam lançados na vala comum, sem a 
observância de suas peculiaridades. 
 
4 Princípio da Alteridade (Implícito) 
 Criado por Claus Roxin, proíbe a incriminação de atitude meramente interna do 
agente, já que ninguém pode ser punido por causar mal a si próprio. 
 
5 Princípio da Pessoalidade e Humanidade (Art. 5º, XLV, da CF) 
 Dele resulta a impossibilidade de a pena passar da pessoa do condenado. 
 Em virtude do Princípio da Humanidade, a CF/88 proibiu as penas de caráter perpétuo, 
de trabalhos forçados, de banimento, cruéis e de morte, salvo em caso de guerra declarada. 
 
6 Princípio da Lesividade (Implícito) 
 Exige que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado 
(nullum crimen sine iniura). 
 
7 Princípio da Não Culpabilidade (Art. 5º, LVII, da CF) 
 Atualmente a melhor nomenclatura refere-se a Não Culpabilidade, eis que nossa CF 
não presume que o indivíduo é inocente, e sim que ele só poderá ser considerado culpado 
após o Trânsito em Julgado de Sentença Penal Condenatória. 
 
8. Princípio da Limitação das Penas (Art. 5º, XLVII, da CF) 
 Visa impedir qualquer tentativa de retrocesso quanto à cominação das penas levadas a 
efeito pelo legislador. Lembre-se da alteração promovida pelo “Pacote Anticrime”: 
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 
(quarenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
9. Princípio do Non Bis in Idem (Vedação ao bis in idem) 
 Por força desse princípio, não se admite que o agente do crime seja punido mais de 
uma vez pela prática do mesmo fato. Mais que isso, proíbe-se que uma dada circunstância seja 
valorada em desfavor do réu, mais de uma vez. 
 
10. Princípio da Proporcionalidade 
 Remonta a ideia de que deve haver uma proporção entre a conduta praticada e a 
sanção a ser cominada. Tal princípio exterioriza uma dupla finalidade, pois de um lado veda a 
punição exacerbada, e de outro veda a ausência de punição para as condutas mais lesivas, sob 
pena de consagrar a infraproteção. 
 
TEORIA DA NORMA PENAL 
1 Classificação 
a) Normas penais incriminadoras 
 Função de definir as infrações penais. Possuem dois preceitos: 
a.1) Preceito primário: encarregado de fazer a descrição da conduta. 
a.2) Preceito secundário: cabe a tarefa de individualizar a pena, cominando-a em abstrato. 
 
b) Normas penais não incriminadoras 
 São as que não criam crimes nem cominam penas. Podem ser: 
b.1) Permissivas 
* Justificantes: tem por finalidade afastar a ilicitude (antijuridicidade) da conduta do agente. 
* Exculpantes: se destinam a eliminar a culpabilidade do agente, isentando-o de pena. 
 
b.2) Explicativas ou Interpretativas – são aquelas que visam esclarecer ou explicitar conteúdos. 
 
b.3) Complementares – são as que fornecem princípios gerais para a aplicação da lei penal. 
 
b.4) Integrativas (ou de extensão) – são empregadas para complementar a tipicidade nos 
crimes omissos impróprios, na tentativa e na participação. 
 
c) Completas (perfeitas) 
 São aquelas que não dependem de nenhum tipo de complemento. 
 
d) Incompletas (imperfeitas) 
 Dependem de algum complemento. Podem ser: 
d.1) Tipo Penal Aberto – neste caso, o complemento que da lei é valorativo deve ser dado pelo 
próprio julgador, na aplicação ao caso concreto. 
 
d.2) Lei Penal em Branco – será analisada no tópico abaixo. 
 
2 Lei Penal em Branco 
Normas penais em branco (primariamente remetidas) 
 São aquelas em que há necessidade de complementação para que se possa 
compreender o âmbito de aplicação de seu preceito primário. Podem ser: 
a) Homogêneas – o complemento tem a mesma natureza jurídica e provém do mesmo órgão 
que elaborou a lei penal incriminadora. Subdividem-se em: 
 * Homovitelina – quando a lei incriminadora e seu complemento encontram-se no 
mesmo diploma legal. 
 * Heterovitelina – quando o complemento se encontra alocado em ramo diverso do 
penal. 
 
b) Heterogêneas – o complemento tem natureza jurídica diversa e emana de órgão distinto 
daquele que elaborou a lei penal incriminadora. 
 
Normas penais incompletas ou imperfeitas (secundariamente remetidas) / Lei penal em 
branco inversa ou ao avesso 
 São aquelas que, para saber a sanção imposta pela transgressão de seu preceito 
primário, o legislador nos remete a outro texto de lei. 
 
OBS: O art. 304 do CP é, ao mesmo tempo, considerado uma normal penal em branco, bem 
como uma norma incompleta ou imperfeita. 
 
LEI PENAL NO TEMPO 
1 Tempo do Crime 
 Considera-se praticado o crime no momento da conduta, ainda que outro seja o 
momento do resultado. Reflexo da Teoria da Atividade, adotada pelo Brasil no art. 4º do CP. 
 
1.1 Conflito de Leis Penais no Tempo 
 Como decorrência do Princípio da Legalidade, aplica-se, em regra, a lei penal vigente 
ao tempo da realização do fato criminoso (tempus regit actum). É a chamada Atividade da Lei 
Penal. 
 Tal regra, no entanto, comporta exceção, a qual recebe o nome de Extra-atividade 
(gênero), que possui o seguinte conceito: possibilidade da lei penal, mesmo depois de 
revogada, poder continuar a regular fatos ocorridos durante a sua vigência ou retroagir para 
alcançar aqueles que aconteceram anteriormente à sua entrada em vigor. Tal gênero possui as 
seguintes espécies: 
a) Retroatividade: capacidade que a lei penal tem de ser aplicada a fatos praticados antes da 
sua vigência; 
b) Ultra-atividade: representa a possibilidade de aplicação da lei penal mesmo após a sua 
revogação ou cessação dos efeitos. 
 
 Essa Extratividade se materializa nas hipóteses de Sucessão de Leis Penais, em que 
pode ocorrer qualquer das situações abaixo: 
a) Novatio Legis Incriminadora 
 Uma lei que implementa um fato criminoso no ordenamento jurídico, ou seja, a 
conduta era considerada atípica e, com a nova lei, passou a ser típica. 
 
b) Lex Gravior ou Novatio Legis in Pejus 
 A nova lei que, e de qualquer modo, prejudica o réu. 
Obs: Durante a prática de um crime permanente e continuado, se sobrevém lei mais grave, 
aplica-se esta. Súmula 711 do STF. Tempus Regit Actum. 
 
c) Lex Mitior ou Novatio Legis in Mellius 
 Trata-se da lei que de qualquer modo beneficia o réu. 
 
d) Abolitio Criminis e o Princípio da Continuidade Normativo-Típica 
 É a nova lei que exclui do âmbito do direito penal um fato atéentão considerado 
criminoso. Tem previsão legal no art. 2º, caput, do CP e tem natureza jurídica de causa de 
extinção da punibilidade, conforme art. 107, III, do CP. 
Obs: Qual o juízo responsável pela sua aplicação? 
 
e) Lex Tertia (combinação ou conjugação de leis penais) 
 Tal situação pode ocorrer quando há conflito entre duas leis penais sucessivas no 
tempo, cada qual com partes favoráveis e desfavoráveis ao acusado. 
Obs: Vide Súmula 501 do STJ. 
 
2 Lei Penal Intermediária 
 É aquela que deverá ser aplicada porque beneficia o réu, muito embora não fosse 
vigente na época do fato e nem no momento do julgamento. 
 
3 Leis Penais Intermitentes 
 Encontram previsão legal no art. 3º do CP, trazendo duas hipóteses: 
a) Lei Penal Temporária 
 Instituída por prazo determinado, ou seja, é a lei que criminaliza determinada conduta, 
porém, prefixando no seu texto lapso temporal para a sua vigência. 
 
b) Lei Penal Excepcional 
 Editada em função de algum evento transitório, como estado de guerra, calamidade ou 
de qualquer outra situação de anormalidade, perdurando enquanto persistir a situação que 
proporcionou a sua edição. 
 Tais leis apresentam duas características principais: 
a) Autorrevogabilidade 
 
b) Ultra-atividade 
 
CONCURSO (OU CONFLITO) APARENTE DE NORMAS PENAIS 
1 Conceito 
 Situação em que a um único fato se revela possível, em tese, a aplicação de dois ou 
mais tipos legais, ambos instituídos por leis de igual hierarquia e originárias da mesma fonte de 
produção, e, também, em vigor ao tempo da prática da infração penal. 
 
2 Requisitos 
Três requisitos: Unidade de fato; Pluralidade de leis penais; Vigência simultânea de todas elas. 
 
3 Princípios para a Solução do Conflito 
Princípio da Especialidade 
 A lei especial reproduz, de modo expresso ou não, conteúdo da lei geral, tornando-a 
especial pelo acréscimo de outros elementos. 
 
Princípio da Subsidiariedade 
 Neste caso, a ofensa mais ampla e dotada de maior gravidade, descrita pela lei 
primária, engloba a menos ampla, contida na lei subsidiária, ficando a aplicabilidade desta 
condicionada a não incidência da outra. A relação aqui é de maior ou menor gravidade. 
 
Princípio da Consunção ou Absorção 
 De acordo com tal princípio, o fato mais amplo consome (absorve) os demais fatos 
menos amplos. A lei consuntiva prefere a consumida. Não há um único fato buscando se 
abrigar em uma outra lei, mas uma sucessão de fatos, todos penalmente tipificados, na qual o 
mais amplo consome o menos amplo. 
 
* Hipóteses em que se aplica 
- Crime Progressivo 
 É o que se opera quando o agente, almejando desde o início alcançar o resultado mais 
grave, pratica, mediante a reiteração de atos, crescentes violações ao bem jurídico. 
- Progressão Criminosa 
 Dá-se quando o agente pretende, inicialmente, produzir um resultado e, depois de 
alcançá-lo, opta por prosseguir na prática ilícita e reinicia outra conduta, produzindo um 
evento mais grave. 
- Antefactum impunível 
 São fatos anteriores que estão na linha de desdobramento da ofensa principal. 
- Postfactum impunível 
 Pode ser considerado um exaurimento do crime principal praticado pelo agente e, 
portanto, por ele não pode ser punido. 
 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
1 Lugar do Crime 
 Considera-se praticado tanto no momento da ação quanto do resultado. Reflexo da 
Teoria da Ubiquidade, adotada pelo Brasil no art. 6º do CP. 
 
2 Territorialidade x Extraterritorialidade 
 O CP limita o campo de validade da lei penal com a observância de dois vetores: a 
territorialidade (art. 5º) e a extraterritorialidade (art. 7º). A territorialidade é a regra, mas 
comporta exceções, motivo pelo qual é chamada de Territorialidade Mitigada. 
 
2.1 Territorialidade 
 Aplicação da lei penal brasileira às infrações penais cometidas dentro do território 
nacional. Cuida-se da principal forma de delimitação do espaço geopolítico de aplicação da lei 
penal. Dispõe o art. 5º do CP. 
Território é entendido como todo espaço onde o Brasil exerce a sua soberania. Possui os 
seguintes elementos: 
 
a) Superfície Terrestre (solo e subsolo) 
 
b) Águas territoriais (fluviais, lacustres e marítimas) 
 Mar territorial brasileiro: até 12 milhas marítimas, a partir do litoral brasileiro, onde o 
Estado possui soberania absoluta. 
 
c) Espaço aéreo correspondente 
 Compreende todo o espaço acima do território, inclusive do mar territorial, até a 
atmosfera. 
 
* Território brasileiro por extensão ou equiparação 
Art. 5º, §1º e §2º, do CP. 
 
2.2 Extraterritorialidade 
 É a possibilidade de aplicação da lei brasileira aos crimes cometidos no exterior. Pode 
ser incondicionada ou condicionada. 
a) Incondicionada 
 Não está sujeita a nenhuma condição, a mera prática de um crime no estrangeiro já 
autoriza a incidência da lei penal brasileira. Encontra previsão no art. 7º, I, a, b, c e d do CP, 
bem como no art. 2º da Lei 9.455/97 (Lei de Tortura). 
 
b) Condicionada 
 Nesse caso a lei penal brasileira será subsidiária. Relaciona-se aos crimes indicados no 
art. 7º, II, a, b e c, e §3º, do CP. A aplicação da lei penal brasileira estará sujeita as condições do 
art. 7º, §§2º e 3º, do CP, que são cumulativas. 
 
DISPOSIÇÕES FINAIS 
1. Sentença Penal Estrangeira: Eficácia no Brasil 
 Em razão da soberania da nação, uma sentença estrangeira não pode produzir efeitos 
no Brasil sem a homologação feita por um tribunal pátrio. Necessário que haja a homologação 
desta sentença estrangeira, que compete ao STJ, nos termos do art. 105, I, i, da CF. 
 
2 Contagem de Prazo 
 Em matéria penal os prazos são diferenciados. Os prazos processuais penais seguirão a 
regra do art. 798, §1º, do CPP, não se computando o dia do começo, mas incluindo-se o do 
vencimento. Os prazos penais são improrrogáveis e na sua contagem é incluído o dia do 
começo (Art. 10 do CP). 
 
3 Frações não Computáveis da Pena 
 Nos termos do artigo 11 do CP, as frações de horas não são computadas na fixação da 
pena, sendo simplesmente desprezadas. Mesma coisa ocorre nas penas de multa, 
desprezando-se as frações de real. 
 
4 Legislação Especial 
 As regras gerais são as normas não incriminadoras previstas no Código Penal. Porém, 
caso a lei especial tenha um preceito geral, também disciplinado pelo CP, prevalece a 
orientação da legislação especial. 
 
 
TEORIA GERAL DO CRIME (OU DA INFRAÇÃO PENAL) 
1 Conceito de Crime 
 O conceito de crime pode ser dado sob três critérios ou aspectos: 
 
a) Critério Material 
 É toda ação ou omissão humana que lesa ou expõe a perigo de lesão bens 
jurídicos penalmente tutelados. 
 
b) Critério Formal ou Legal 
 É aquilo que está rotulado em uma norma penal incriminadora, sob a ameaça de 
pena. 
 
b.1) Sistemas Dicotômico e Tricotômico da Infração Penal 
 Se considerarmos que a Infração Penal é gênero, então crimes, delitos e 
contravenções penais são espécies. Alguns países, como Espanha e França, utilizam uma 
divisão tricotômica na classificação das infrações penais, dividindo-a em crimes, delitos 
e contravenções penais, de acordo com a gravidade que apresentem. Porém, a divisão 
mais utilizada pelas legislações penais é a dicotômica ou dualista, a qual nosso Sistema 
Jurídico adotou, conforme art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal, dividindo a 
infração penal em crimes (ou delitos) ou contravenções penais. 
 
* Diferenças Entre Crime e Contravenção Penal 
 Apesar de ontologicamente idênticos, crimes e contravenções possuem algumas 
diferenças trazidas pela própria lei. 
 
a) Quanto à Pena Privativa de Liberdade Imposta 
 Nos termos do que dispõe o art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal e artigos 
5º e 6º do Decreto-lei nº 3.688. 
 
b) Quanto à Espécie de Ação Penal 
 As contravenções são todas perseguidas mediante ação penal pública 
incondicionada, conforme dispõe o art. 17 do Decreto-lei 3.688/41. Os crimes, por suavez, serão, em regra, processados mediante ação penal pública incondicionada, sendo 
de ação penal pública condicionada ou ação penal privada quando a lei dispuser o 
contrário. 
 
c) Quanto à Admissibilidade da Tentativa 
 A Tentativa de crime é punida nos termos do artigo 14, §único, do CP. A Tentativa 
de contravenção, embora possa acontecer no mundo real, não é passível de punição, 
conforme dispõe o art. 4º do Decreto-Lei 3.688/41. 
 
d) Quanto à Extraterritorialidade da Lei Penal Brasileira 
 Presentes os requisitos, é possível a aplicação de lei brasileiro a fato praticado 
fora do território nacional, porém, tal situação somente se aplica aos crimes. Em relação 
as contravenções, é expressa a proibição, conforme art. 2º do Decreto-Lei 3.688/41. 
 
e) Quanto à Competência para processar e julgar 
 O processo e julgamento de crimes será de competência da JF sempre que 
incidirem qualquer das hipóteses do art. 109 da CF, sendo residual a competência da JE. 
Em relação as contravenções, a competência será sempre da JE, conforme inciso IV do 
art. 109 da CF. 
 
f) Quanto ao Limite das Penas 
 Nos termos do artigo 75 do CP, o cumprimento de pena pelo cometimento de 
crimes não ultrapassará os 40 anos. Em relação a contravenção, a duração da pena de 
prisão simples não poderá ser superior a 5 anos, conforme artigo 10 da LCP. 
 
g) Quanto ao Cabimento de Prisão Preventiva ou Temporária 
 A prisão preventiva não pode ser imposta pela prática de contravenção penal, 
pois se restringe a prática de crimes. Já a temporária, somente pode ser aplicada nas 
infrações listadas no rol taxativo da lei 7.960/89, no qual não se incluiu qualquer 
contravenção. 
 
c) Critério Analítico 
 É o que enfoca o crime levando em consideração os elementos estruturais que o 
compõe. 
Fato típico + ilicitude + culpabilidade (Teoria Tripartida do Crime, majoritária no Brasil e 
no Exterior) 
 
FATO TÍPICO 
1 Conceito 
 Segundo Sanchez, “pode ser conceituado como ação ou omissão humana, 
antissocial que, norteada pelo princípio da intervenção mínima, consiste numa conduta 
produtora de um resultado que se subsume ao modelo de conduta proibida pelo Direito 
Penal”. 
 
2 Elementos 
 Do conceito acima exposto, podemos retirar os elementos do Fato Típico: 
Conduta, Resultado, Nexo Causal e Tipicidade. 
 
2.1. Conduta 
2.1.1. Conceito 
Pode ser entendida como um comportamento humano voluntário 
psiquicamente dirigido a um fim (toda conduta é orientada por um querer). 
 
2.1.2. Elementos (Características) 
a) Comportamento voluntário (dirigido a um fim): 
b) Exteriorização da vontade: 
 
2.1.3. Causas de Exclusão da Conduta 
a) Caso fortuito e Força maior 
b) Involuntariedade 
 b.1) Estado de inconsciência completa: Como o sonambulismo, ataque epilético 
e a hipnose. 
 b.2) Movimentos reflexos: É apenas um sintoma de reação automática do 
organismo a um estímulo externo. 
 
c) Coação física irresistível (vis absoluta) 
 Ocorre nas hipóteses em que o agente, em razão da força física externa, é 
impossibilitado de determinar seus movimentos de acordo com a sua vontade. Nesse 
caso, exclui-se a conduta, pois não houve vontade, assim, o fato é atípico. 
 
OBS: Existe também a Coação moral irresistível, havendo, nesse caso, emprego de grave 
ameaça. Nessa, o agente tem a possibilidade de escolha entre cumprir o que determina 
o coator ou sofrer as consequências por ele determinada, o que demonstra que a 
vontade será viciada, não excluindo a conduta, mas sim a culpabilidade, atuando no 
campo da inexigibilidade de conduta diversa. 
 
2.1.4. Formas de conduta 
* Quanto à voluntariedade do agente (Elemento Subjetivo do Tipo) 
➢ Do Crime Doloso 
O artigo 18, I, do CP, anuncia ser doloso o crime quando o agente quis o resultado 
ou assumiu o risco de produzi-lo. 
 
➢ Do Crime Culposo 
O crime culposo, previsto no art. 18, II, do CP, consiste numa conduta voluntária 
que realiza um evento ilícito não querido ou aceito pelo agente, mas que lhe era 
previsível ou excepcionalmente previsto e que podia ser evitado empregasse a cautela 
esperada. 
Tal crime é regido pelo Princípio da Excepcionalidade, motivo pelo qual só há 
crime culposo se houver previsão legal, como se avista no artigo 18, parágrafo único, do 
CP. 
No que diz respeito ao fundamento, prevalece no Brasil de que se trata da 
inobservância do dever objetivo do cuidado. 
• Elementos 
a) Inobservância do dever objetivo de cuidado: 
b) Resultado 
c) Nexo causal: 
 
• Modalidades de Culpa 
a) Negligência 
b) Imprudência 
c) Imperícia 
 
➢ Do Crime Preterdoloso 
É uma espécie de delito qualificado pelo resultado, que possui um fato-base a 
ser praticado com dolo, bem como um evento posterior, que o qualifica, devendo ser 
cometido exclusivamente por culpa. Vide artigo 19 do Código Penal. 
 
* Quanto ao modo de execução 
➢ Crime Comissivo 
 O crime comissivo nada mais é do que a realização (ação) de uma conduta 
desvaliosa proibida pelo tipo penal incriminador, violando um tipo proibitivo. 
 
➢ Crime Omissivo 
 O crime omissivo é a não realização (não fazer) de determinada conduta valiosa 
(comportamento ideal) a que o agente estava juridicamente obrigado e que lhe era 
possível concretizar, violando um tipo mandamental. A norma mandamental pode 
decorrer do próprio tipo penal ou de cláusula geral, perspectiva que faz a doutrina dividir 
os crimes omissivos em próprio (ou puro) e impróprio (impuro ou comissivo por 
omissão). 
a) Crime Omissivo Próprio (ou Puro) 
 Ocorre o descumprimento de norma imperativa, que determina a atuação do 
agente. Existe um dever genérico de agir que não é observado pelo destinatário da 
norma, merece ressaltar que tal dever é dirigido a todos (dever de solidariedade). 
 
b) Crime Omissivo Impróprio (ou Impuro ou Comissivo por Omissão). 
 Em tais hipóteses, não basta a simples abstenção do comportamento, pois o não 
fazer só será penalmente relevante apenas quando o omitente possuir a obrigação de 
agir para impedir a ocorrência do resultado (dever jurídico). Na omissão imprópria a 
norma mandamental decorre de cláusula geral, prevista no art. 13, §2º, do CP. Cumpre 
registrar que a relevância não se resume ao dever de agir, pressupondo-se que o agente 
possa agir para evitar o resultado. 
 
2.2 Resultado 
 É a consequência provocada pela conduta do agente. Da conduta podem advir 
dois resultados: naturalístico (presente em determinadas infrações) e normativo 
(indispensável em qualquer delito). 
 Resultado naturalístico se dá com a modificação no mundo exterior (perceptível 
pelos sentidos) provocada pelo comportamento do agente. De acordo com a exigência 
ou não da modificação exterior pela prática do crime, as infrações penais se dividem em 
material, formal e de mera conduta. 
* Crime Material é aquele em que o tipo penal descreve conduta e resultado 
naturalístico, sendo indispensável a sua ocorrência para haver consumação. 
* Crime Formal (ou de consumação antecipada ou de resultado cortado) é aquele em 
que o tipo penal descreve conduta e resultado, mas este último é dispensável para a 
ocorrência do crime. 
* Crime de Mera Conduta, por sua vez, é aquele em que o tipo penal descreve somente 
a conduta, sem sequer mencionar resultado naturalístico. 
 Já o resultado normativo (ou jurídico) aparece como sendo a lesão ou o perigo 
de lesão ao bem jurídico tutelado. Sob essa ótica, todo crime possui resultado, ainda 
que não provoque modificação no mundo exterior. Quando ao resultado jurídico, os 
crimes classificam-se em crime de dano e de perigo. 
* Crime de dano existe quando a consumação exige efetiva lesão ao bem jurídico 
tutelado. 
* Crime de perigo quando a consumação se contenta com a simples exposição do bem 
jurídico a uma situação de perigo. Em determinadas hipóteses, o perigo advindo da 
conduta é presumido por lei (perigo abstrato), sendo que em outras alei exige a 
comprovação do perigo (perigo concreto). 
 
2.3 Relação de Causalidade ou Nexo Causal 
 Como a maioria doutrinaria entende que o art. 13 do CP diz respeito ao resultado 
naturalístico, o estudo da relação de causalidade tem pertinência apenas aos crimes 
materiais. 
 
2.3.1 Conceito 
 É o vínculo formado entre a conduta praticada por seu agente e o resultado por 
ele produzido. 
 
2.3.2 Teorias 
 
a) Teoria da equivalência dos antecedentes causais ou Teoria da conditio sine qua non: 
Art. 13 do CP. 
Para tal teoria, todo fato sem o qual o resultado não teria ocorrido é causa. Esta 
teoria foi, para a maioria doutrinária, adotada pelo CP. Sabendo que antecedendo um 
resultado temos inúmeros fatos, como saber quais são ou não causas do evento? Deve 
fazer uso do processo hipotético de eliminação, proposto por Thyrén. 
Sofre críticas, pois havendo necessidade dessa regressão em busca de apontar 
todas as causas que contribuíram para o resultado, chegaríamos a uma regressão ad 
infinitum. Porém, a imputação do crime não regressa ao infinito, pois é indispensável a 
CAUSALIDADE PSÍQUICA (se o agente agiu com dolo ou culpa) – evitando a 
responsabilidade penal objetiva. 
 
b) Teoria da causalidade adequada (Art. 13, §1º, do CP) 
 Não basta mais a relação de causa e efeito, devendo analisar previsibilidade do 
resultado diante do comportamento do agente. 
 
2.3.3 Superveniência Causal (Concausas): Absoluta e Relativa Independentes. 
Preexistentes. Concomitante e Superveniente. 
 Concausa é a convergência de uma causa externa à vontade do autor da conduta, 
influindo na produção do resultado naturalístico por ele desejado e posicionando-se 
paralelamente ao seu comportamento. 
 
2.3.3.1 Espécies 
a) Concausas absolutamente independentes 
 São aquelas que não se originam da conduta do agente e, por serem 
independentes, produzem por si só o resultado naturalístico, pois rompem o nexo 
causal. Podem ser preexistente, concomitante ou superveniente. 
 
* Preexistente: É aquela que ocorreu antes da conduta do agente. O resultado 
naturalístico teria ocorrido da mesma forma, mesmo sem o comportamento do agente. 
 
* Concomitante: É a que incide simultaneamente à prática da conduta do agente. 
 
* Superveniente: É a que se concretiza posteriormente à conduta praticada pelo agente. 
 
b) Concausas relativamente independentes 
 São aquelas que somente tem a possibilidade de produzir o resultado se for 
conjugada com a conduta do agente. Também podem ser preexistente, concomitante 
ou superveniente. 
 
* Preexistente: É aquela que já existia antes mesmo do comportamento do agente e, 
quando com ele conjugada, produz o resultado. 
 
* Concomitante: É a causa que numa relação de simultaneidade com a conduta do 
agente e com ela conjugada, também é considerada produtora do resultado. 
 
* Superveniente: É aquela ocorrida posteriormente à conduta do agente, e que com ela 
tem ligação. Vide art. 13, §1º, do CP. 
 
2.4 Tipicidade Penal 
 Para a Teoria Moderna, Tipicidade Penal é a soma do aspecto formal com o 
aspecto material abaixo descrito: 
* Aspecto material – é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico penalmente tutelado 
em razão da prática da conduta legalmente descrita. 
 
ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE 
1 Conceito 
 É a contrariedade entre o fato praticado por alguém e o ordenamento jurídico, 
capaz de lesionar ou expor a perigo de lesão bens jurídicos penalmente relevantes. 
 
2 Causas Excludentes de Ilicitude 
2.1 Legais 
 São as causas que estão previstas em lei, seja na parte geral ou especial do CP, 
sejam em diplomas extravagantes. 
 Vejamos as causas genéricas trazidas pelo artigo 23 do CP: 
 
Estado de Necessidade 
 Encontra previsão legal no artigo 24 do CP. Percebe-se que a noção de estado de 
necessidade remete a ideia de sopesamento de bens diante de uma situação adversa de 
risco de lesão. 
 
➢ Requisitos: 
a) Perigo atual: risco presente, real e iminente, gerado por fator humano, 
comportamento animal ou fato da natureza. 
b) Situação de perigo não criada voluntariamente pelo agente 
c) Salvar direito próprio ou alheio 
d) Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo 
e) Inevitabilidade do comportamento lesivo 
f) Proporcionalidade 
 
Legítima Defesa 
 Encontra previsão no art. 25 do CP, consistente em repelir injusta agressão, atual 
ou iminente, a direito próprio ou alheio, usando moderadamente dos meios 
necessários. 
 
➢ Requisitos 
a) Agressão injusta: toda ação ou omissão humana, consciente e voluntária, que lesa ou 
expõe a perigo de lesão um bem jurídico resguardado pelo ordenamento jurídico. 
b) Agressão atual ou iminente 
c) Uso moderado dos meios necessários 
d) Proteção do direito próprio ou de outrem 
e) Conhecimento da situação de fato justificante 
 
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se 
também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco 
de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019) 
 
 Hipótese incluída pelo Pacote Anticrime, mas que, em termos práticas, não 
configurou alteração substancial no instituto. 
 
Estrito Cumprimento do Dever Legal 
 Encontra previsão no art. 23, III, 1ª parte, do CP, que consiste na prática de um 
fato típico, em razão de o agente cumprir uma obrigação imposta por lei, de natureza 
penal ou não. 
 
 
Exercício Regular de Direito 
 Encontra previsão no art. 23, III, 2ª parte, do CP, e compreende condutas do 
cidadão comum autorizadas pela existência de direito definido em lei. 
 
2.2. Supralegais 
a) Ofendículos 
 Aparato preordenado para a defesa do patrimônio. De acordo com a lição da 
doutrina, enquanto o aparato não é acionado, caracteriza exercício regular de direito; 
ao funcionar, repele agressão injusta, configurando a legítima defesa preordenada. 
 
b) Consentimento do Ofendido 
 Possui os seguintes requisitos: 
a) O dissentimento não pode integrar o tipo penal: 
b) O ofendido tem que ser capaz: 
c) O consentimento deve ser válido: 
d) O bem deve ser disponível: 
e) O bem deve ser próprio: 
f) O consentimento deve ser prévio ou simultâneo à lesão ao bem jurídico: 
g) O consentimento deve ser expresso: 
h) Ciência da situação de fato que autoriza a justificante: 
 
CULPABILIDADE 
 A Culpabilidade é analisada sob 2 vertentes: 
* Elemento do Conceito Analítico do Crime. 
* Elemento Medidor de Aplicação da Pena: vide art. 59 do CP. 
 
1 Conceito 
 É o juízo de reprovação que recai na conduta típica e ilícita que o agente se 
propõe a praticar. 
 
2 Elementos 
a) Imputabilidade 
 Inicialmente, necessário destacar que o CP não define o imputável, definindo 
somente quem é o inimputável, de modo que o conceito de imputável vem por exclusão. 
É a capacidade de imputação, ou seja, possibilidade de se atribuir a alguém a 
responsabilidade pela prática de uma infração penal. E quem são os imputáveis: os 
maiores de 18 anos e o mentalmente são. 
 
* Inimputabilidade 
a) Inimputabilidade em razão de anomalia psíquica 
 Prevista no art. 26 do CP: aquele que por doença mental (qualquer doença 
prevista no CID 10), ou desenvolvimento mental incompleto ou desenvolvimento 
mental retardado. Vemos, assim, que o CP adotou o critério biopsicológico. 
 O art. 26, parágrafo único, prevê a figura do semi imputável. A consequência 
jurídica, no caso, é a condenação do semi imputável, porém, com redução de pena, de 
um a dois terços ou substituição da pena por medida de segurança (98 do CP). 
 
b) Inimputabilidade em razão da idade 
 Previsto no art. 27, por isso o menor de 18 anos não pratica crime. Adotou-se, 
aqui, o critério biológico, levando-se em conta apenas o desenvolvimento mental do 
acusado (idade), havendo uma presunção absoluta de que o menor de 18 anos possui 
desenvolvimentomental incompleto, motivo pelo qual deve ser submetido as 
disposições do ECA. 
 
c) Imputabilidade em razão da embriaguez 
 Intoxicação transitória causada pelo álcool ou substância de efeitos análogos. A 
embriaguez é classificada em espécies e graus: 
Embriaguez não acidental (voluntária ou culposa) 
 
Embriaguez preordenada 
 Nessa hipótese o agente ingere a substância com a finalidade de cometer o ilícito 
penal, incidindo a agravante genérica do art. 62, II, L, do CP. 
Obs: Teoria da Actio Libera in Causa. 
 
Embriaguez patológica 
 Equipara-se ao inimputável, desde que comprovado por perícia, motivo pelo 
qual seu tratamento jurídico será equivalente ao inimputável pelo critério 
biopsicológico, nos termos do art. 26 CP. 
 
Embriaguez acidental 
 Decorre de caso fortuito ou força maior. Quando completa, isenta o agente de 
pena (28, §1º, do CP), se incompleta, não exclui a culpabilidade, mas diminui a pena (28, 
§2º, CP). 
 
b) Potencial Consciência da Ilicitude 
 A possibilidade de o agente ter consciência sobre a ilicitude da sua conduta. 
 
* Erro de Proibição 
 
c) Exigibilidade de Conduta Diversa (conforme o Direito) 
 Para a reprovação social, não basta que o autor do fato lesivo seja imputável e 
tenha possibilidade de lhe conhecer o caráter ilícito, sendo exigível que, nas 
circunstâncias do caso, tivesse a possibilidade de atuar de acordo com o ordenamento 
jurídico. 
 
* Coação Moral Irresistível e Obediência Hierárquica 
 Nos termos do art. 22 do CP: 
 A Coação a que se refere o dispositivo pode ser traduzida como ameaça, 
promessa de realização de um mal, sendo indispensável que seja irresistível, cabendo 
ao coagido somente sucumbir ante a violência moral. 
OBS: Caso a coação seja resistível, não estará afastada a culpabilidade, incidindo, no 
caso, a atenuante do 65, III, c, do CP. 
 
ITER CRIMINIS 
1. Conceito 
 Corresponde às etapas percorridas pelo agente para a prática de um fato previsto em 
lei como infração penal. 
 
2. Fases 
 Inicialmente, merece destaque o fato de que a ação é composta por duas fases: 
interna e externa. A primeira é compreendida pela cogitação. A segunda, por sua vez, se divide 
em outras três: preparação, execução e consumação. 
a) Cogitação – Fase que repousa na mente do agente, nela se formando a ideia de enveredar 
pela empreitada criminosa. Esta fase pode ser dividida em três momentos distintos: 
 a.1) Idealização: o sujeito tem a ideia de cometer uma infração penal; 
 a.2) Deliberação: o agente sopesa as vantagens e desvantagens de seu eventual 
comportamento ilícito; 
 a.3) Resolução: o sujeito decide pelo cometimento da infração penal. 
 
b) Preparação – Corresponde aos atos indispensáveis à prática da infração penal, municiando-
se o agente dos elementos necessários para a concretização da sua conduta ilícita. Tais atos, 
em regra, não são puníveis, nem na forma tentada. Exceção: Artigos 288, 291, etc. 
 
c) Execução – É aquela em que se inicia a agressão ao bem jurídico, por meio da realização do 
núcleo do tipo penal. O agente começa a realizar o verbo constante na definição legal, 
tornando o fato punível. A partir da prática de tais atos, há a incidência do Direito Penal, 
configurando, no mínimo, um crime tentado. 
 
d) Consumação – Assinala o instante da composição plena do fato criminoso, encerrando o Iter 
Criminis, última etapa deste percurso (não necessariamente composto de todas as quatro 
fases). 
 
3. Exaurimento 
 Alguns autores entendem este como sendo uma quinta fase do iter criminis. 
Exaurimento, também chamado de crime exaurido ou crime esgotado, é o delito em que, 
posteriormente à consumação, subsistem efeitos lesivos derivados da conduta do autor. 
Obs: Guarda estreita relação com os delitos formais. 
 
CRIME CONSUMADO 
1. Conceito 
 Segundo o inciso I do art. 14 do CP, diz-se consumado o crime quando nele se reúnem 
todos os elementos da sua definição legal. Ressaltando-se que, conforme a classificação 
doutrinária, cada crime tem a sua particularidade, de modo que nem todos os delitos possuem 
o mesmo instante consumativo. 
 
CRIME TENTADO 
1. Conceito 
 É o início de execução de um crime que somente não se consuma por circunstâncias 
alheias a vontade do agente. 
 
2. Teorias 
a) Teoria subjetiva ou voluntarística: Ocupa-se exclusivamente da vontade do criminoso. O 
sujeito é punido por sua intenção, pois o que importa é o desvalor da ação, sendo irrelevante o 
desvalor do resultado. 
 
b) Teoria objetiva ou realística: A tentativa é punida em face do perigo proporcionado ao bem 
jurídico tutelado. Sopesem-se o desvalor da ação e o desvalor do resultado. Para esta teoria, 
deve existir uma redução de pena em relação ao crime consumado, pois o bem jurídico 
tutelado não foi atingido integralmente. 
 
 Nosso Código adotou, como regra, a Teoria objetiva. Porém, em algumas 
oportunidades, é aceita a Teoria subjetiva, punindo-se a tentativa com as mesmas penas do 
crime consumado, como, por exemplo, nos casos do artigo 352 do CP e artigo 309 da Lei 
4.737/65 (Código Eleitoral). Em virtude de tal situação, alguns doutrinadores lecionam que o 
Código Penal adotou a Teoria objetiva temperada ou moderada. 
 
3. Elementos 
 A tentativa apresenta os seguintes elementos: 
 
1º - Dolo de consumação (ou conduta dolosa): Vontade livre e consciente de querer praticar 
determinada infração penal; 
 
2º - Início da execução do crime: Necessário que se adentre na fase dos chamados atos de 
execução; 
 
3º - Ausência de consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente: Podemos 
entender qualquer fato externo que, de qualquer modo, influencie na interrupção da execução 
que levaria, normalmente, à consumação da infração penal. 
 
4. Formas (Espécies) 
1ª – Tentativa perfeita (ou acabada ou crime falho): Quando o agente esgota todos os meios 
executórios que estavam a sua disposição, e mesmo assim não sobrevém a consumação por 
circunstâncias alheias a sua vontade. 
 
2ª – Tentativa imperfeita (ou inacabada): O agente inicia a execução sem, contudo, utilizar 
todos os meios que tinha ao seu alcance, e o crime não se consuma por circunstâncias alheias 
a sua vontade. 
 
3ª – Tentativa branca ou incruenta: Nesta espécie, o objeto material não é atingido pela 
conduta do agente. 
 
4ª – Tentativa vermelha ou cruenta: Quando o objeto material é atingido pela conduta 
criminosa. 
 
5. Infrações Penais que não Admitem a Tentativa 
 Podemos falar que o crime admite tentativa toda vez que pudermos fracionar o iter 
criminis. Assim, se o agente, percorrendo o iter criminis, der início a execução de um crime que 
não se consuma por circunstâncias alheias a sua vontade, podemos atribuir-lhe o conatus 
(tentativa). Algumas espécies de infração penal, todavia, não admitem tentativa: 
1ª – Crimes culposos, salvo no caso da culpa imprópria. 
2ª – Crimes preterdolosos: 
3ª – Crimes habituais: 
4ª – Crimes unissubsistentes: 
5ª – Crimes omissivos puros: 
6ª – Crimes nos quais a simples prática da tentativa é punida com as mesmas penas do crime 
consumado (Crimes de Atentado ou de Empreendimento): 
7ª – Contravenção Penal. 
 
DA DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ 
1. Conceito 
 Inicialmente, cumpre registrar que ambos são espécies de tentativa abandonada e são 
popularmente conhecidos como “ponte de ouro”. 
 Desistência voluntária (Art. 15, 1ª parte, do CP): O agente, por ato voluntário, 
interrompe o processo executório do crime, abandonando a prática dos demais atos 
necessários e que estavam a sua disposição para a consumação. O pensamento por trás de tal 
ato é: “Posso prosseguir, mas não quero”. Desta feita, o agente responderá pelos atos já 
praticados. Possui como elementos: 
a) O início da execução; 
 
b) A não consumação por circunstâncias inerentes a vontade do agente. 
 
 O Arrependimento eficaz ou resipiscência (Art. 15, 2ª parte,do CP): Ocorre quando 
todos os atos executórios já foram praticados, porém, o agente, decidindo recuar na atividade 
delituosa corrida, desenvolve nova conduta, com o objetivo de impedir a produção do 
resultado (consumação). Possui como elementos: 
a) Esgotamento dos atos executórios; 
 
b) Só tem cabimento nos crimes materiais. 
 
* Distinções e semelhanças entre ambas às espécies: 
Desistência Voluntária Arrependimento Eficaz 
Art. 15, 1ª parte, do CP. Art. 15, 2ª parte, do CP. 
Espécie de tentativa abandonada. Espécie de tentativa abandonada. 
Exige voluntariedade. Exige voluntariedade e eficácia. 
Ocorre durante a execução. Ocorre após a execução. 
O agente abandona seu dolo antes de esgotar os atos executórios. O agente esgota os 
atos executórios, mas consegue impedir o resultado. 
O crime não se consuma por circunstâncias inerentes a vontade do agente. O crime não se 
consuma por circunstâncias inerentes a vontade do agente. 
Pune-se pelos atos já praticados. Pune-se pelos atos já praticados. 
 
 
 
 
 
 
 
DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR 
1. Conceito 
 Prevista no art. 16 do CP e também chamada de ponte de prata, trata-se de causa 
pessoal e obrigatória de diminuição da pena que ocorre quando o responsável pelo crime 
praticado sem violência ou grave ameaça, voluntariamente e até o recebimento da denúncia 
ou queixa, restitui a coisa ou repara o dano provocado pela sua conduta. 
 
2. Requisitos 
a) Natureza do crime: O crime objeto do arrependimento não pode ter sido praticado com 
violência ou grave ameaça à pessoa, independentemente da pena fixada ao delito. 
 
b) Reparação do dano ou Restituição da coisa: Deve ser voluntária, pessoal e integral. 
 
c) Limite temporal: Até o recebimento da denúncia ou da queixa. Caso ocorra depois, o agente 
fará jus a atenuante de pena prevista no art. 65, II, b parte final, do CP. 
 
DO CRIME IMPOSSÍVEL 
1. Conceito 
 Também chamado de quase crime, crime oco ou tentativa inidônea, nos termos do 
artigo 17 do CP, é o que se verifica quando, por ineficácia absoluta do meio ou absoluta 
impropriedade do objeto, jamais ocorrerá a consumação. Nosso CP adotou a teoria objetiva 
temperada ou intermediária, pois a ineficácia do meio e a impropriedade do objeto deve ser 
absolutas para que não haja punição. 
 
2. Espécies (Formas) 
a) Crime impossível por ineficácia absoluta do meio: A palavra meio se refere ao modo de 
execução do crime. Se faz presente quando o meio de execução utilizado pelo agente é, por 
sua natureza ou essência, incapaz de produzir o resultado, por mais reiterado que seja seu 
emprego. 
 
b) Crime impossível por impropriedade absoluta do objeto: A palavra objeto se refere ao 
objeto material do crime, o que sofrerá a conduta delituosa do agente. Ocorre quando a 
pessoa ou coisa que representa o ponto de incidência da ação delituosa não serve à 
consumação do delito. 
 
CONCURSOS DE PESSOAS 
 Em regra, as infrações penais tipificadas em nosso ordenamento jurídico são de 
concurso eventual (ou unissubjetivo), podendo ser executados por uma ou várias pessoas. 
 Temos, excepcionalmente, delitos de concurso necessário (plurissubjetivos), figurando 
como elementar do tipo a pluralidade de agentes. 
1. Conceito 
 Reunião de vários agentes concorrendo, de forma relevante, para a realização do 
mesmo evento, agindo com identidade de propósitos. 
 
2. Requisitos 
 Para a caracterização do concurso, indispensável a presença de quatro requisitos 
cumulativos: 
a) Pluralidade de agentes: 
b) Relevância causal das condutas: 
c) Liame subjetivo entre os agentes: 
d) Identidade de infração: 
 
3. Teorias 
 Temos duas grandes teorias que visam explicar o concurso de pessoas, sendo que 
ambas possuem aplicabilidade, porém uma delas foi expressamente adotada: 
a) Teoria Monista(ou unitária ou igualitária): ainda que praticado por vários agentes, conserva-
se único e indivisível, sem qualquer distinção. 
b) Teoria pluralista: a cada um dos agentes se atribui uma conduta, elemento psicológico e 
resultados específicos, razão pela qual há delitos autônomos. 
 
 O nosso CP adotou a Teoria Monista, conforme se avista no artigo 29 do CP, sendo que 
ao estabelecer exceções nos parágrafos acaba se aproximando de uma outra teoria, 
denominada dualista. 
 
4. Formas de Praticar o Crime Quanto ao Sujeito 
4.1. Autoria 
 Conforme artigo 29 do CP, foi adotada a Teoria Objetivo-Formal, a qual leciona que 
autor é quem realiza a ação nuclear típica e partícipe quem concorre de qualquer forma para o 
crime. 
 
4.2. Autoria Mediata 
 Define-se o autor mediato como sendo o sujeito que, sem realizar diretamente a 
conduta descrita no tipo penal, comete o fato típico por ato de outra pessoa, utilizada como 
seu instrumento. 
 
4.3. Autoria Colateral 
 Verifica-se a autoria colateral quando dois ou mais agentes, um ignorando a 
contribuição do outro, concentram suas condutas para o cometimento da mesma infração 
penal. Nota-se, no caso, a ausência de vínculo subjetivo entre os agentes. 
 O problema surge quando não é possível determinar quem foi o real causador da 
morte, advindo daí a autoria incerta, em que ambos responderão pela tentativa quando não se 
conseguir provar quem foi que efetivamente causou o resultado. 
 
4.4. Coautoria 
 Verifica-se nas hipóteses em que dois ou mais indivíduos, ligados subjetivamente, 
praticam a conduta que caracteriza o delito. Pode ser: 
a) Parcial: quando os coautores se dedicam a atos de execução diversos que, reunidos, 
possibilitam o alcance do resultado. Ex: Um agente exerce ameaça e outro subtrai. 
b) Direta: todos os coautores exercem a mesma conduta. 
 
4.5. Participação 
 Aponta a doutrina que pode ocorrer por via moral ou material. 
 A participação moral se dá por instigação ou induzimento. A participação material, por 
sua vez, ocorre por meio do auxílio ao autor do crime. 
 No que pertine a participação, nossa doutrina entende que foi adotada a teoria da 
acessoriedade limitada, de modo que a punição do partícipe pressupõe apenas a prática de 
fato típico e ilícito, afastando-se a necessidade do agente ser culpável. 
 
5. Punibilidade no Concurso de Pessoas 
 Abstratamente, o autor e o partícipe incorrem na mesma pena, em virtude do disposto 
no art. 29 do CP. A aplicação da pena, todavia, variará tanto sobre os coautores quando sobre 
os partícipes em virtude da culpabilidade demonstrada por cada integrante da empreitada 
criminosa, conforme parte final do citado artigo. 
 Além de tais observações, necessário observar as previsões dos dois parágrafos do 
artigo 29 do CP: 
a) Participação de Menor Importância 
 Previsto no §1º do 29, prevê uma causa de diminuição de pena para o agente que tem 
uma participação de menor importância, o que deve ser aferido exclusivamente no caso 
concreto, com base na teoria da equivalência dos antecedentes causais. 
 
b) Participação Dolosamente Distinta 
 Também chamada de cooperação dolosamente distinta, prevista no §2º, hipótese em 
que há um desvio subjetivo de conduta entre agentes, em que um dos concorrentes do crime 
pretendia integrar ação criminosa menos grave do que aquela efetivamente praticada. Assim 
sendo, o agente que quis praticar crime menos grave responderá nas penas desse crime, 
havendo, contudo, aumento de pena, se o resultado mais grave fosse previsível. 
 
6. Participação Impunível 
 Art. 31 do CP. 
 
CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS 
 Dispõe o art. 30 do CP que: 
 De início, cabe diferenciar circunstâncias, condições e elementares. 
a) Circunstâncias: São elementos que se alojam no entorno do fato, isso é, não integram a 
figura típica primária, mas agregam dados que podem significar o aumento ou diminuição de 
pena. Podem ser objetivas, quando dizem respeito ao fato, ou subjetivas, quando dizer 
respeito ao autor do fato. 
 
b) Condições: São elementos inerentes ao indivíduo, consideradosem relação com os demais, 
e existentes independentemente da prática do crime, como a idade menor de 21 anos, relação 
de parentesco. 
 
c) Elementares: Representam a própria figura criminosa em suas características constituintes, 
fundamentais. 
 
TEORIA DO ERRO 
1. Conceito 
 Falsa percepção da realidade. É a antítese da consciência, pois onde há erro, não há 
consciência, e onde há consciência, não há erro. Assim sendo, o erro vai incidir no estudo da 
consciência, sendo que de acordo com o nosso conceito analítico de crime, temos o estudo da 
consciência em dois substratos: Fato Típico (dentro do dolo, que está dentro da conduta) e 
Culpabilidade (potencial consciência da ilicitude=possibilidade de ter consciência de que 
aquela conduta é contrária ao ordenamento, é proibido). 
 
Erro de Tipo 
1. Conceito 
Cuida-se de ignorância ou erro que recai sobre as elementares, circunstâncias ou qualquer 
dado agregado ao tipo penal. 
 
2. Espécies 
1ª) Erro de Tipo Essencial: Art. 20, caput, do CP. 
 O erro recai sobre os dados principais do tipo penal. Divide-se em duas espécies: 
 
 a) Erro de Tipo Essencial Inevitável, Escusável, Invencível ou Desculpável: É a 
modalidade de erro que não deriva de culpa do agente, ou seja, mesmo que ele tivesse agido 
com cautela e prudência, ainda assim não poderia evitar a falsa percepção da realidade sobre 
os elementos constitutivos do tipo penal. 
 
 b) Erro de Tipo Essencial Evitável, Inescusável, Vencível ou Indesculpável: É a espécie 
de erro que provém da culpa do agente, é dizer, se ele empregasse a cautela e a prudência do 
homem médio poderia evita-lo, uma vez que seria capaz de evitar o erro. 
 
CUIDADO: Os efeitos variam conforme a espécie do erro de tipo. O escusável exclui o dolo e a 
culpa, acarretando na impunidade total do fato. Já o inescusável, exclui o dolo, mas permite a 
punição por crime culposo, se previsto em lei. 
 
2ª) Erro de Tipo Acidental 
 É o que recai sobre dados secundários do tipo penal, sobre dados periféricos. Divide-se 
em cinco espécies: 
 
 a) Erro Sobre o Objeto: Não tem previsão legal. O agente se confunde quanto ao 
objeto material por ele visado, atingindo objeto diverso. Não exclui dolo e nem exclui culpa; 
Não isenta o agente de pena; O agente responde pelo objeto, considerando-se o objeto 
efetivamente atingido, diverso do pretendido. Teoria da Concretização. 
 
 b) Erro Sobre a Pessoa: Art. 20, §3º, do CP. Equivocada representação do objeto 
material pelo agente. Em decorrência do erro, o agente acaba atingindo pessoa diversa. Não 
exclui dolo e nem culpa; Não isenta o agente de pena; O agente será punido considerando as 
qualidades da vítima virtual, ou seja, responde como se tivesse assassinado a pessoa que 
pretendia. Teoria da Equivalência. 
 
 c) Erro na Execução (Aberratio Ictus): Art. 73 do CP. Por acidente ou erro no uso dos 
meios de execução, o agente acaba atingindo pessoa diversa da pretendida. Não exclui dolo e 
nem exclui culpa. Quando o agente atinge somente a pessoa diversa da pretendida (aberratio 
ictus de resultado único), ele será punido considerando-se as qualidades da vítima virtual; 
Teoria da Equivalência. Quando o agente atinge também a pessoa pretendida (aberratio ictus 
de resultado duplo ou unidade complexa), responde pelos crimes, aplicando-se a regra do 
concurso formal, conforme artigo 70 do CP. 
 
 d) Resultado Diverso do Pretendido (Aberratio Criminis): Art. 74 do CP. Por acidente ou 
erro no uso dos meios de execução, o agente atinge bem jurídico distinto daquele que 
pretendia atingir. O agente responde pelo resultado produzido, isto é, diverso do pretendido, 
na forma culposa (desde que haja modalidade culposa no tipo penal). 
CUIDADO: A regra do artigo 74 deve ser afastada quando o resultado pretendido é mais grave 
que o resultado produzido – hipótese em que o agente responderá pelo resultado pretendido 
na forma tentada. 
 
3ª) Erro Provocado por Terceiro: Art. 20, §2º. 
 Estamos diante de um erro induzido. Nesta figura, temos dois personagens, o agente 
provocador e o agente provocado. O erro determinado por terceiro tem como consequência a 
punição do agente provocador, na condição de autor mediato. O agente provocado (autor 
imediato), em regra, não responderá pelo delito, pois foi mero instrumento na mão do agente 
provocador.

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