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1 TELEPROTEÇÃO EM SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA Vinícius Caldeira Oliveira Orientador: Prof. Carlos Alberto Mohallem Guimarães Departamento de Eletrotécnica (DET) Abstract - Este artigo apresenta os conceitos básicos relacionados ao entendimento e aplicação da teleproteção nos sistemas elétricos de potência e introduz os principais meios de comunicação existentes para tal, assim como os diversos esquemas utilizados como filosofia de teleproteção. Palavras-Chave: Proteção, meios de comunicação, esquemas de teleproteção, seletividade. I. INTRODUÇÃO Com o advento de novas tecnologias e o aumento das potências envolvidas em sistemas elétricos, cada vez mais, necessita-se de meios que permitam a eliminação rápida das falhas ocorridas em linhas de transmissão e equipamentos de potência a elas ligadas. Um canal de comunicação é necessário quando a resposta dos relés de proteção deva ser comparada entre dois ou mais terminais para determinar a localização da falha em um sistema elétrico. Dependendo da situação, existem vários tipos de esquemas de proteção que fazem uso de equipamentos de teleproteção especificamente projetados para esta finalidade. O conjunto dos relés de proteção de uma subestação juntamente com estes equipamentos formam esquemas de teleproteção. Desta maneira, este trabalho visa apresentar os principais esquemas de teleproteção existentes juntamente com os seus meios de comunicação. II. DEFINIÇÃO A TELEPROTEÇÃO é um método de proteção de linha, através de relés de proteção e meios de comunicação, no qual um defeito interno é detectado e determinado comparando-se as condições do sistema nos terminais do circuito protegido, utilizando-se canais de comunicação. III. REQUISITOS BÁSICOS PARA CANAIS DE TELEPROTEÇÃO Os canais usados para transportar os sinais de teleproteção devem operar com alguns requisitos básicos importantes. Os principais são a segurança, a confiabilidade, a seletividade e a rapidez na proteção. Adicionalmente deve-se ter também um tempo de operação condizente com a aplicação desejada. III.1 – SEGURANÇA Requer que o canal nunca forneça um falso sinal de TRIP. Isto significa que o canal deve ser capaz de suportar interferências e ruídos quando um comando não é transmitido. É expresso numericamente, como a probabilidade de um falso comando ser gerado por um ruído de determinada duração. III.2 – CONFIABILIDADE Requer que o canal sempre forneça um sinal de TRIP quando um sinal de comando é recebido. O canal deve ter a capacidade de suportar interferências e ruídos durante a transmissão do comando. Pode ser expresso numericamente como a probabilidade de que um comando transmitido, seja detectado dentro de um tempo especifico. Os ruídos podem interferir no canal TRABALHO DE DIPLOMA - DEZ.01 INSTITUTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA ESCOLA FEDERAL DE ENGENHARIA DE ITAJUBÁ 2 retardando um sinal de comando real ou impedindo o receptor de reconhecer um sinal de comando real como tal. A confiabilidade está estritamente relacionada ao tipo do esquema escolhido para cada linha, de acordo com as características particulares da mesma. Esta escolha depende dos seguintes fatores: • Comprimento da linha; • Tipo de proteção utilizada; • Características do Sistema de Potência (nas regiões adjacentes a linha); • Tempo de desligamento exigido para a linha quando ocorre curto-circuito; • Tipo do canal de comunicação; • Filosofia de cada empresa concessionária. III.3 – SELETIVIDADE E RAPIDEZ NA PROTEÇÃO Quando ocorre uma falha ou defeito em um componente do Sistema Elétrico de Potência, o mesmo deve ser desligado o mais rápido possível, e somente este componente, para que o defeito seja isolado e comprometa a menor parte possível do sistema. O grande problema é a determinação do local de defeito ou curto-circuito pelos relés de proteção, para que se possa desligar somente o componente defeituoso. Na maioria das vezes, esta seletividade é alcançada em detrimento do tempo de atuação da proteção. Alguns esquemas de proteção são inerentemente seletivos, isto é, no momento de atuação, a própria concepção da proteção permite estabelecer a localização do defeito. É o caso das proteções diferenciais que apresentem seletividade e rapidez na atuação. Para o caso de linhas de transmissão, a localização de defeitos pelos relés de proteção torna-se problemática devido a: • Comprimento das linhas; • Curtos-circuitos com elevadas resistências de arco ou de contato; • Imprecisões nos cálculos teóricos de curtos-circuitos e conseqüentemente ajustes nos relés. III.4 – TEMPO DE OPERAÇÃO Um canal de teleproteção deve fornecer um tempo de operação menor possível que ainda mantenha as características de segurança e confiabilidade, isto considerando uma ligação do tipo costa-a-costa, a qual inclui o tempo do transmissor (após aplicação do sinal de chaveamento), o tempo de resposta do receptor, e o tempo de operação dos dispositivos de saída. Estes tempos são específicos dos equipamentos do canal. Para o tempo total, deverá ser considerado tempo de propagação do meio de transmissão, o qual é uma função da largura de banda do canal de comunicação e do próprio meio de transmissão. III.5 – REDUNDÂNCIAS Para aumentar a segurança e confiabilidade, alguns sistemas de teleproteção possuem alternativas de redundância. Estas alternativas podem ser por canais duplos por rotas alternativas, onde se utilizam dois caminhos de comunicação separados ou o uso de canais duplos pelo mesmo meio de comunicação. No caso de rotas alternativas, deve ser levado em consideração os tempos de transmissão envolvidos, pois cada meio de comunicação tem diferentes tempos. Estes tempos são por exemplo, afetados por filtros de RF ou áudio, processos de modulação e demodulação, chaveamento de rotas em sistema de Micro Ondas, etc. Na operação a canais duplos, são usados dois transmissores em cada terminal de transmissão e dois receptores nos terminais de recepção. Na transmissão os sinais de comando são aplicados simultaneamente aos dois transmissores e na recepção, os relés de saída fornecem uma lógica binária AND. Desta forma é necessário o recebimento dos dois sinais para a atuação final da proteção. Os equipamentos envolvidos nesta configuração, devem prever dispositivos que em caso de falha de um dos canais, a lógica de saída de recepção possa ser alterada para a operação com um único canal (lógica OR). III.6 – ALAMES EXTERNOS E INDICAÇÕES Todo esquema de teleproteção deve estar previsto para que haja uma supervisão remota ou local, das condições de operação dos equipamentos dos canais de teleproteção. Esta supervisão é feita por alarmes e indicações fornecidas pelos equipamentos que devem ser no mínimo: � Alarme de transmissão; � Alarme de recepção; � Alarme de equipamento indisponível por teste ou manutenção; 3 � Indicação de transmissão de TRIP (As TRIP); � Indicação de recepção de TRIP (Received TRIP). Estes alarmes e indicações, devidamente configurados, podem ser de grande valia para detectar problemas com as falhas de operação correta dos esquemas de teleproteção. IV. FILOSOFIAS DOS ESQUEMAS DE TELEPROTEÇÃO As partes integrantes de um esquema de teleproteção podem ser divididas em dois grupos distintos. IV.1 – COMUNICAÇÃO São os meios e as formas de transmissão e recepção de sinais, ou seja, informações entre duas mais extremidades de uma linha de transmissão de energia elétrica. IV.2 – LÓGICA PROTETIVA É composta pelos relés e respectivas filosofias de atuações, bem como dos esquemas de abertura e fechamento dos disjuntores associados. Devido aos meios e formas de comunicação e a diversidade as lógicas protetivas, são vários os esquemas de teleproteção utilizados nos sistemas de proteção de linhas detransmissão. V. MEIOS DE COMUNICAÇÃO As grandes distâncias entre as usinas, subestações e centros de despacho de carga somadas a alta confiabilidade exigida no fornecimento de energia elétrica impõe a necessidade da existência de sistemas de comunicações entre estas instalações. Desta forma, destaca-se como sendo de suma importância para a operação de um sistema de potência, a existência de uma infra-estrutura de telecomunicações adequada. Os vários meios de transmissão podem caracterizar diferentes sistemas de comunicações, que podem estar interligados entre si ou não, constituindo uma malha de telecomunicação podendo ser subdivididos: • LINHAS FÍSICAS: - Par de fios; - Fibra Ótica. • RÁDIO: - HF (High Frequency); - VHF (Very High Frequency); - UHF (Ultra High Frequancy); - Micro-Ondas. • CARRIER (Rádio por Linha Física). V.1 – LINHAS FÍSICAS V.1.1 – PAR DE FIOS Constitui basicamente o sistema telefônico local de uma instalação, podendo estar interligado a outra, por meio de cabo de pares telefônicos ou outro meio. Um sistema telefônico interligado por pares de fios ou cabo de pares apresenta as seguintes vantagens e desvantagens: • VANTAGENS: - Econômico para transmissão a curtas distâncias. • DESVANTAGENS: - Baixa capacidade de transmissão (um canal por cada par telefônico); - Alta sensibilidade à indução de surtos e intempéries naturais. Por esses motivos, apresenta baixa qualidade e confiabilidade e normalmente não é utilizado para trafegar sinais de teleproteção. V.1.2 – FIBRA ÓTICA Constitui a transmissão de sinais telefônicos modulados em freqüências correspondentes à faixa de luz, através de fios de fina espessura, constituídos de fibra de vidro. Devido à modulação ser efetuada por altíssima freqüência, por uma única fibra ótica pode trafegar grande quantidade de canais telefônicos. Para aumentar ainda mais essa capacidade de transmissão, utiliza-se os cabos de fibra ótica, compostos por várias fibras. Podem ser observadas as seguintes vantagens e desvantagens da utilização de fibras óticas ao invés de cabos de pares: • VANTAGENS: - Totalmente imune à indução magnética; - Capacidade de transmissão simultânea de grande quantidade de canais. 4 • DESVANTAGENS: - Elevado Custo; - Enlaces curtos (sem repetidor – aproximadamente 30 Km); - Economicamente viável para grande quantidade de canais (acima de 30 canais). Devido a alta qualidade e confiabilidade, em locais onde sejam econômica e tecnicamente viável a instalação de enlaces óticos, os mesmos são ideais para trafegarem sinais de telecomando, teleproteção, etc. V.3 – RÁDIO V.3.1 – HF – HIGH FREQUENCY (3 a 30 MHZ) Utiliza a faixa de freqüência de 3000 a 30000 Khz, através de reflexões na ionosfera terrestre, propiciando com isso comunicações a longas distâncias. Devido à susceptibilidade a ruídos radioelétricos provocados por irradiações solares, apresentam baixa qualidade de transmissão. Por este motivo, este meio é utilizado como última alternativa. V.3.2 – VHF – VARY HIGH FREQUENCY (30 a 300 MHZ) O mecanismo de propagação para esta faixa de freqüência é feito através de ondas diretas, havendo uma boa difração nos obstáculos, o que favorece as comunicações entre estações fixas e móveis. A legislação vigente, a qual estabelece a canalização de freqüências da faixa de VHF, permite a transmissão de apenas uma canal de voz por radiofreqüência. Assim, para se ter duas ou mais comunicações simultâneas dentro de uma mesma área sem que haja interferência, é necessário mais de uma freqüência, o que ocasiona congestionamento do espectro radioelétrico, uma vez que existem vários usuários de freqüências. Esta faixa de freqüência é normalmente utilizada por empresas de energia elétrica nas comunicações de pátio e para a manutenção de linhas de transmissão, onde muitas vezes necessita-se de repetidoras. Apesar de ser possível, não é comum enlaces nesta faixa, trafegando sinais de teleproteção. V.3.3 – UHF – ULTRA HIGH FREQUENCY (300 a 3000 MHZ) E MICRO-ONDAS (3 a 30 GHZ) Nestas faixas de freqüência, a legislação estabelece uma canalização que permite a transmissão de 1 até 160 canais telefônicos por radiofreqüência em diferentes sub-faixas de espectro. Para a propagação dos sinais utiliza-se o espaço aéreo como meio de comunicação com enlaces de aproximadamente 50 Km, necessitando-se de estações repetidoras quando os pontos de interesse estão distantes. Estes sistemas possuem a vantagem de serem independentes do Sistema Elétrico de Potência, porém apresentam infra-estrutura onerosa e são afetados pelas condições atmosféricas. Devido à alta sensibilidade dos receptores e à boa qualidade dos equipamentos em geral, consegue-se alta confiabilidade nestes serviços. V.4 – CARRIER O sistema Carrier ou ondas portadoras em linhas de alta tensão (OPLAT) é constituído pela transmissão de um sinal elétrico de radiofreqüência (30KHz a 300 KHz) de uma subestação para outra, através da própria linha de transmissão que as interliga eletricamente. É o meio de comunicação mais utilizado em esquemas de teleproteção visto o baixo custo que o mesmo apresenta, pois há o aproveitamento da própria linha de transmissão como meio físico para propagação do sinal. • VANTAGENS: - Econômico para a transmissão de pequeno número de canais e longas distâncias; - Alta confiabilidade e qualidade; - Não necessita de repetidoras para transmissão a longas distâncias; - Apresenta baixo custo de manutenção. • DESVANTAGENS: - Susceptível a ruídos das linhas de transmissão; - Espectro de freqüências limitado. VI. ESQUEMAS DE TELEPROTEÇÃO A escolha de um esquema de teleproteção depende de diversos fatores, tais como 5 comprimento da linha, tipo de proteção utilizada, características do sistema, tempo de desligamento requerido para eliminação do defeito, meio e forma de comunicação, filosofia de cada empresa, etc. Geralmente o esquema de teleproteção é escolhido em conjunto com a proteção da linha, pois existem relés mais adequados para um esquema que para outros. O próprio meio de comunicação depende do tipo de proteção, do comprimento da linha e do grau de confiabilidade desejado. Mesmo com o meio de comunicação já escolhido, o modo de operação do mesmo depende do esquema a ser adotado. Assim, apresentaremos aqui os principais esquemas de teleproteção utilizados: � Esquemas de Comparação de Fase; � Esquemas de Transferência de Sinal de TRIP; � Esquemas de Comparação Direcional; � Esquemas de Aceleração ou Prolongamento de Zona. VI.1 – ESQUEMAS DE COMPARAÇÃO DE FASE Este esquema funciona comparando-se o ângulo de fase entre as correntes nos dois terminais da linha protegida. A B F1 F2 Proteção + Teleproteção A Proteção + Teleproteção B Fig. 1 – Representação do esquema de Comparação de Fase Como pode-se ver na figura 1, quando ocorre uma falta dentro do trecho protegido, a corrente se inverte em um dos terminais. Nesse caso, a soma dos sinais em ambas as extremidades produz um sinal contínuo que será o sinal de desligamento. Verifica-se que a proteção só opera para defeitos internos à linha protegida, não havendo retaguarda para curtos externos. Portanto, se uma proteção de comparação de fase for empregada, há necessidade de outros tipos de proteção para maior confiabilidade. Uma outra proteção servirá não só de retaguarda para defeitos externos, como também para uma segunda proteção da linha em questão, sendo absolutamente necessário, pois a proteção de comparação de fase não funciona durante a manutenção do canal de comunicação. A proteção de comparação de fase pode ser utilizada principalmente quando há dificuldades na aplicação de proteção de distância, como nos seguintes casos, por exemplo: � Linhas curtas, com baixaimpedância série; � Linhas onde há possibilidade de alta resistência de defeito; � Linhas onde exige maior velocidade da proteção para defeitos internos. VI.2 – ESQUEMAS DE TRANSFERÊNCIA DE SINAL DE TRIP Nestes esquemas, a informação da existência de sinal de trip pela proteção, em uma das extremidades da linha de transmissão é transmitida através de canal de comunicação a outra extremidade. Dependendo do aproveitamento que se faz do sinal recebido, um dos seguintes esquemas pode ser utilizado: � Transferência Direta de Trip com Subalcance (DUTT); � Transferência de Trip Permissivo com Subalcance (PUTT); � Transferência de Trip Permissivo com Sobrealcance (POTT); � Transferência de Trip Direto (DTT); VI.2.1 – ESQUEMA DE TRANSFERÊNCIA DE TRIP DIRETO COM SUBALCANCE (DUTT) Neste esquema, há necessidade de um transceptor para cada terminal de linha (2 freqüências). Em cada um deles, o trip local não depende da recepção do sinal e, a recepção do sinal desliga diretamente o disjuntor. Por este motivo, a proteção deve ser ajustada com subalcance (proteção de distância) para se ter seletividade. A B F1 F2 F3 21 21 21 21 2121Recep Recep Bobina de Trip do Disjuntor Bobina de Trip do Disjuntor 52/a 52/a Transm Transm A B+ + - - TRANSFERÊNCIA DE TRIP DIRETO COM SUBALCANCE Fig. 2 – Representação do esquema DUTT 6 Para um curto-circuito em F1, há desligamento das duas extremidades da linha pelos respectivos relés de distância (21), sem necessidade da teleproteção. Ocorrerá recepção em cada extremidade da linha, porém o sinal de trip será redundante. Para um curto-circuito em F2, o disjuntor da extremidade B será desligado pela própria proteção de distância. O disjuntor da extremidade A será desligado pela recepção do sinal de transferência de trip. No caso de uma eventual falha do Carrier, o disjuntor em A será desligado pela sua proteção de distância com o tempo de 2ª zona. Para um curto-circuito em F3, o relé em B não atuará pois o defeito está na sua direção contrária. O relé em A atuará na sua 2ª zona apenas se houver falha da proteção da linha adjacente. Como neste esquema, a recepção desliga diretamente o disjuntor, há risco de desligamento intempestivo devido a algum sinal espúrio no canal de comunicação. Portanto, este esquema é pouco utilizado. VI.2.2 – ESQUEMA DE TRANSFERÊNCIA DE TRIP PERMISSIVO COM SUBALCANCE (PUTT) No circuito de desligamento pela recepção é colocada uma supervisão de tal maneira que o trip é efetuado apenas quando ocorrer defeito em direção e alcance, detectado por um elemento de impedância. Isto evita os falsos desligamentos causados pelas recepções espúrias do esquema anterior, aumentando-se a confiabilidade. A B F1 F2 F3 21 21 2121Recep Bobina de Trip do Disjuntor 52/a Transm A+ - Partida Local 21 21 Recep Bobina de Trip do Disjuntor 52/a Transm B + - Partida Local TRANSFERÊNCIA DE TRIP PERMISSIVO COM SUBALCANCE Fig 3 – Representação do esquemas PUTT Este esquema é bastante utilizado pelos fabricantes europeus para linhas de transmissão de comprimentos médios e longos. Para estes dois primeiros casos uma falha no sistema de comunicação não compromete a proteção primária. VI.2.3 – ESQUEMA DE TRANSFERÊNCIA DE TRIP PERMISSIVO COM SOBREALCANCE (POTT) Em linhas curtas, torna-se muito difícil de se ajustar a proteção de distância para 80 ou 85% da linha de transmissão. Neste caso, ao se utilizar um esquema de subalcance, há grande probabilidade de atuação incorreta da própria proteção de distância devido aos erros de medição. Portanto, utiliza-se o esquema POTT para resolver este problema. Todo trip local só será possível coma permissão recebida da outra extremidade da linha. Nestas condições, pode-se ajustar a proteção com sensibilidade suficiente para ultrapassar os limites (em alcance) da própria linha. A B F1 F2 F3 21 21 TRANSFERÊNCIA DE TRIP PERMISSIVO COM SOBREALCANCE Recep Bobina de Trip do Disjuntor 52/a 21 Transm + - 21 Recep Bobina de Trip do Disjuntor 52/a 21 Transm + - 21 Fig. 4 – Representação do esquema POTT O defeito F1 (ou F2) será detectado de imediato pelas proteções das duas extremidades que irão transmitir permissões. Em cada extremidade, a própria atuação e a recepção irão possibilitar o desligamento do disjuntor. Um defeito em F3 será detectado pelo relé em A, mas não pelo relé em B. Assim, não haverá desligamento em A pelo fato de não existir recepção (permissão de B) Observa-se neste caso que uma falha no canal de comunicação compromete a proteção primária. Outro aspecto muito importante é que este esquema pode ser utilizado com Relés de Sobrecorrente Direcionas ao invés dos relés de distância, visto que o ajuste do alcance não é condição preponderante para o esquema, e sim a direção. 7 VI.2.4 – ESQUEMA DE TRANSFERÊNCIA DE TRIP DIRETO (DTT) Neste caso, o sinal de trip de uma extremidade é utilizado para desligamento direto da outra extremidade. Para determinados casos, é inevitável a utilização da transferência direta, apesar do risco de desligamentos indevidos, como no caso de proteção de Reator Shunt diretamente conectado a linha e da proteção de falha de disjuntor, que faz a transferência direta de trip para a outra extremidade da linha. A B TRANSFERÊNCIA DE TRIP DIRETO Transm + Bobina de Trip do Disjuntor 52/a - Recep Bobina de Trip do Disjuntor 52/a + - demais proteções em A Prot. Reator Falha Disjuntor Outras Reator Shunt Fig. 5 – Representação do esquema DTT Neste esquema uma falha no canal de comunicação compromete totalmente a proteção do Reator Shunt. VI.3 – ESQUEMAS DE COMPARAÇÃO DIRECIONAL Nestes esquemas, a informação da direção é transmitida de um terminal para o outro através do canal de comunicação. Dependendo do aproveitamento que se faz do sinal recebido e de como e qual a direção que é detectada por cada terminal, um dos seguintes esquemas pode ser utilizado: � Esquema de comparação direcional com bloqueio; � Esquema de comparação direcional com desbloqueio. VI.3.1 – ESQUEMA DE COMPARAÇÃO DIRECIONAL COM BLOQUEIO (BLOCKING) O principal objetivos deste esquema é evitar que uma informação crucial para a proteção seja transmitida sobre uma linha em defeito. Assim, a transmissão é efetuada sobre a linha apenas para “informar” a outra extremidade que o defeito é externo à linha. A B F1 F2 F3 COMPARAÇÃO DIRECIONAL TIPO BLOCKING Recepção Bobina de Trip do Disjuntor 52/a + - CS P S P S ON-OFF P CS BLOQUEIO DA TRANSMISSÃO S PARTIDA TRANSMISSÃO CARRIER13 ~ 16 ms Fig. 6 – Representação do esquema de comparação direcional “blocking” Os relés de proteção S são conectados de tal maneira a detectar defeitos “para trás”. Quando ocorrer o defeito em F3, a proteção S da extremidade B ativará o Carrier e transmitirá sinal para o bloqueio da outra extremidade. A proteção P na extremidade A detectará também o defeito F3. Porém, seu trip é retardado de 13 a 16 ms para que haja tempo para chegada do sinal de bloqueio. Para curtos-circuitos em F1 e F2, nenhuma proteção S atuará. Mesmo que haja uma eventual atuação de um relé S, a atuação da proteção P bloqueará a transmissão . Após as temporizações CS, os disjuntores serão desligados. Nestes casos, o Carrier não tem influência na proteção. VI.3.2 – ESQUEMA DE COMPARAÇÃO DIRECIONAL COM DESBLOQUEIO (UNBLOCKING) Este esquema é bastante semelhante ao esquema de transferência de disparo permissivo com sobrealcance. A diferença está na lógica de recepção do canal de comunicação, sendo que a utilizada para a transferência de trip é mais segura. A B F1 F2 F3 COMPARAÇÃO DIRECIONAL TIPO UNBLOCKING Bobina de Trip do Disjuntor 52/a + - RECEPÇÃO P P P TRANSMISSÃO CARRIER DO SINAL DE DESBLOQUEIO Fig. 7 – Representação do esquema de comparaçãodirecional “unblocking” Estes dois esquemas são bastante confundidos um com o outro, podendo ser diferenciados da seguinte forma: 8 � Se o contato de trip da proteção é utilizado para a transmissão carrier, o esquema é de transferência de trip. � Se o contato de direção ou elemento de partida da proteção é utilizado, o esquema é de comparação direcional. VI.4 – ESQUEMAS DE ACELERAÇÃO OU PROLONGAMENTO DE ZONA DE PROTEÇÃO DE DISTÂNCIA Nestes tipos de esquemas, no caso de falha do Carrier, as proteções de linha irão atuar normalmente, apenas com atraso no tempo de atuação para defeitos em alguns trechos da linha protegida (2ª zona). A B F1 F2 21 21 21- Trip ou Elemento Direcional21 Recepção Bobina de Trip do Disjuntor 52/a Transmissão A B+ + - ESQUEMA DE PROLONGAMENTO OU ACELARAÇÃO DE ZONA ( 1 ) - Corte da Temporização da 2a. Zona (ACELERAÇÃO) OU ( 2 ) - Aumento do Alcance da 1a. Zona (PROLONGAMENTO) Fig. 8 – Representação do esquema de prolongamento ou aceleração de zona. Para um defeito na linha, pelo menos um dos relés o detecta na 1ª zona. Este relé desliga o respectivo disjuntor e envia um sinal para a outra extremidade da linha. Na extremidade receptora, o sinal é utilizado para uma das duas alternativas: � Cancelar a temporização de 2ª zona. A seguir o relé irá atuar (trip). Este esquema é o chamado Aceleração de Zona. � Prolongar o alcance da 1ª zona. A seguir o relé irá atuar (trip). Este esquema é conhecido como Prolongamento de Zona. O sinal transmitido pela primeira extremidade pode ser um sinal de trip ou de direção. VII. CONCLUSÃO Durante a realização deste trabalho, muito pôde- se aprender com relação ao princípio de funcionamento de esquemas de teleproteção e ainda entender um pouco sobre os meios de comunicações existentes que tornam estes esquemas possíveis. A importância destes tipos de equipamentos aplicados às linhas de transmissão é crucial, pois buscam garantir a seletividade de todo o fornecimento de energia vinculado ao sistema em questão. Enfim, a extensão da teleproteção como um meio de proteção de sistemas elétricos se traduz numa facilidade, ou ainda, numa forma de buscar contornar o problema para a proteção de linhas de transmissão. VIII. AGRADECIMENTOS Agradeço ao Professor Carlos Alberto Mohallem Guimarães cuja orientação e fornecimento de material foi imprescindível para o desenvolvimento deste trabalho. Agradeço também ao aluno Ramon Vilela de Moraes pela fornecimento de bibliografias aqui utilizadas. IX. BIBLIOGRAFIA � L. B. Filho e B. V. dos Santos - Teleproteção, Proteção de Sistemas Elétricos I – Curso de Pós- Graduação/CESE - EFEI, 1994; � J. A. Goris – Conceitos Básicos para Canais de Teleproteção, 1999; � O. V. Candia e M. A. B. Reyes – Teleproteção em Sistemas Elétricos de Potência – Proteção de Sistemas Elétricos, EFEI, 1999. � Whestinghouse Electric Corporation – Applied Protective Relaying – Relay Instrument Division. BIOGRAFIA: Vinícius Caldeira Oliveira Nasceu em Belo Horizonte (MG) em 1978, onde estudou e concluiu o ensino médio no Colégio Municipal Marconi. Ingressou na EFEI em 1996. Durante o período acadêmico foi monitor de E312 e QUI-03 (Química I – Parte prática) e lecionou Química no Curso Elit Pré-Vestibulares. Realizou estágio na SIEMENS LTDA em São Paulo (SP), onde trabalha atualmente.
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