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Discente: Lais de Almeida Feitosa Rocha Curso: Licenciatura em Língua Portuguesa e Literatura de Língua Portuguesa _ Letras II vespertino Professor: Gilberto O apelo (Dalton Trevisan) Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho. Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, até o canário ficou mudo. Não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam. Ficava só, sem o perdão de sua presença, última luz na varanda, a todas as aflições do dia. Sentia falta da pequena briga pelo sal no tomate — meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa. Calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolha? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor. Quem é o remetente? É o narrador-personagem. Quem é o destinatário? A Senhora. Do que fala o texto Apelo de Dalton Trevisan. A crônica tematiza a solidão de um homem em razão da separação da mulher. O leitor toma conhecimento do rompimento pelo relato o narrador-personagem. Percepção da carga de subjetividade ao ler o texto ficcional Inicialmente, ele tem um sentimento de liberdade. À medida que o tempo passa e a casa fica desorganizada ele sente falta da mulher, que desempenhava o papel de mãe e dona de casa, pois o narrador sente mais falta da mulher-objeto do que da amante ou companheira Estrutura do texto Parágrafo 1: O aparente descaso em relação à ausência da Senhora. Parágrafo 2: A saudade, que não é verbalizada, mas aparece no reconhecimento das tarefas que se acumulam e que, antes, eram realizadas pela esposa. Parágrafo 3: A saudade reconhecida de forma indireta e o apelo do homem para que a Senhora volte para casa. Diegese: O texto relata a saudade e os sentimentos de um ser, que ao perder a mulher, cuja, conhecemos somente como “Senhora”, apela para que ela volte. O título, sugere um destinatário, mas não o identifica, e assim continua-se a busca por uma identidade para “Senhora”. A expressividade do texto é criada a medida que cada vez mais a mulher se torna indefinida. O leitor é convidado e induzido a criar possíveis identidades, como esposa ou mãe, mas sem nenhuma certeza, assim como não é dada nenhuma certeza sobre o desaparecimento ou morte da mulher. Deste modo, o leitor precisa supor o motivo de sua ausência. Essa é a escolha do autor, seu estilo para a construção da crônica: a utilização do mistério. O sujeito relata os efeitos que o desaparecimento de Senhora causa em sua vida. Nos primeiros dias não sentiu falta, até que as pequenas coisas vão fazendo-lhe ver a falta que Senhora faz em sua vida, resultando no apelo final: “Venha para casa, Senhora, por favor.” O texto é caracterizado como crônica lírica, pois, a saudade, a nostalgia e a emoção predominam. A figura da Senhora é apresentada por meio do impressionismo usado pelo autor. No lirismo nostálgico, está o predomínio das funções poética e emotiva da linguagem. A função conativa (o vocativo “Senhora”) reitera o título “Apelo”, sugerindo o destinatário, mas não o identificando. O texto ganha expressividade nessa indefinida mulher. Vocábulos “até o canário ficou mudo.” Refere a falta que da e como tudo ficou quieto e silencioso sem a presença da senhora “ última luz na varanda, a todas as aflições do dia.” A senhora era como um refúgio, um apoio emocional em momentos de crise “ bocas raivosas mastigando.” Ele sente falta até dos momentos de discussão que ela tinha e dos momentos de raiva dela Sentido denotativo dos vocábulos esquecido na conversa de esquina: Ele primeiramente não sente falta pois está curtindo a liberdade sem ser cobrado o leite primeira vez coalhou: Ele começa a sentir falta e perceber que ela não está mais ali pois o que era feito por ela antes hoje está sem fazer O texto mostra explicitamente a falta da senhora e a solidão que ele está vivendo por não tela por perto
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